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PEÇA XXXII EXAME DA ORDEM. MEMORIAIS. DIREITO PENAL

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XXXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO– PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL – DIREITO PENAL 
Página 2 
 
*ATENÇÃO: ANTES DE INICIAR A PROVA, VERIFIQUE SE TODOS OS SEUS APARELHOS ELETRÔNICOS FORAM 
ACONDICIONADOS E LACRADOS DENTRO DA EMBALAGEM PRÓPRIA. CASO, A QUALQUER MOMENTO DURANTE A 
REALIZAÇÃO DO EXAME, VOCÊ SEJA FLAGRADO PORTANDO QUAISQUER EQUIPAMENTOS PROIBIDOS PELO EDITAL, SUAS 
PROVAS PODERÃO SER ANULADAS, ACARRETANDO SUA ELIMINAÇÃO DO CERTAME. 
------------------------------------------------------------------------- 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL 
 
Na madrugada do dia 1º de janeiro de 2020, Luiz, nascido em 24 de abril de 1948, estava em sua residência, em 
Porto Alegre, na companhia de seus três filhos e do irmão Igor, nascido em 29 de novembro de 1965, que também 
morava há dois anos no mesmo imóvel. Em determinado momento, um dos filhos de Luiz acionou fogos de artifício, 
no quintal do imóvel, para comemorar a chegada do novo ano. Ocorre que as faíscas atingiram o telhado da casa, 
que começou a pegar fogo. Todos correram para sair pela única e pequena porta da casa, mas Luiz, em razão de sua 
idade e pela dificuldade de locomoção, acabou ficando por último na fila para saída da residência. Percebendo que o 
fogo estava dele se aproximando e que iria atingi-lo em segundos, Luiz desferiu um forte soco na cabeça do irmão, 
que estava em sua frente, conseguindo deixar o imóvel. Igor ficou caído por alguns momentos, mas conseguiu sair da 
casa da família, sangrando em razão do golpe recebido. 
Policiais chegaram ao local do ocorrido, sendo instaurado procedimento para investigar a autoria do crime de 
incêndio e outro procedimento para apurar o crime de lesão corporal. Luiz, verificando as consequências de seus 
atos, imediatamente levou o irmão para unidade de saúde e pagou pelo tratamento médico necessário. Igor 
compareceu em sede policial após ser intimado, narrando o ocorrido, apesar de destacar não ter interesse em ver o 
autor do fato responsabilizado criminalmente. 
Concluídas as investigações em relação ao crime de lesão, os autos foram encaminhados ao Ministério Público, que, 
com base no laudo prévio de lesão corporal de Igor atestando a existência de lesão de natureza leve na cabeça, 
ofereceu denúncia, perante a 5ª Vara Criminal de Porto Alegre/RS, órgão competente, em face de Luiz como incurso 
nas sanções penais do Art. 129, § 9º, do Código Penal. Deixou o órgão acusador de oferecer proposta de suspensão 
condicional do processo com fundamento no Art. 41 da Lei nº 11.340/06, que veda a aplicação dos institutos da Lei 
nº 9.099/95, tendo em vista que aquela lei (Lei nº 11.340/06) estabeleceu nova pena para o delito imputado. 
Após citação e apresentação de resposta à acusação, na qual Luiz demonstrou interesse na aplicação do Art. 89 da 
Lei nº 9.099/95, os fatos foram integralmente confirmados durante a instrução probatória. Igor confirmou a 
agressão, a ajuda posterior do irmão e o desinteresse em responsabilizá-lo. O réu permaneceu em silêncio durante 
seu interrogatório. Em seguida, foi acostado ao procedimento o laudo definitivo de lesão corporal da vítima 
atestando a existência de lesões de natureza leve, assim como a Folha de Antecedentes Criminais de Luiz, que 
registrava uma única condenação, com trânsito em julgado em 10 de dezembro de 2019, pela prática de 
contravenção penal. 
O Ministério Público apresentou a manifestação cabível requerendo a condenação do réu nos termos da denúncia, 
destacando, ainda, a incidência do Art. 61, inciso I, do CP. Em seguida, a defesa técnica de Luiz foi intimada, em 19 de 
janeiro de 2021, terça-feira, para apresentação da medida cabível. 
Considerando apenas as informações expostas, apresente, na condição de advogado(a) de Luiz, a peça jurídica 
cabível, diferente do habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas as teses cabíveis de direito material 
e processual. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para apresentação, devendo segunda a sexta-feira 
serem considerados dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00) 
 
 
Obs.: o(a) examinando(a) deve abordar todas os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo 
à pretensão. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS 
 
Processo... 
 
LUIZ, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, 
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar MEMORIAIS, com base no artigo 403 §3º 
OU artigo 404, parágrafo único, ambos do Código de Processo Penal. 
 
I- DOS FATOS 
 
Luiz foi denunciado pelo Ministério público com incurso na sanção do artigo 129, §9° do Código 
Penal. 
Após citação e apresentação de resposta à acusação, ocorreu a audiência de instrução e julgamento 
e em seguida o Ministério Público apresentou manifestação cabível requerendo a condenação do réu nos 
termos da denúncia, apontando, ainda, para incidência do artigo 61, inciso I, do Código Penal. 
 Nesse contexto, a defesa foi intimada para a apresentação de medida cabível. 
 
II- DO DIREITO 
 
a) Da nulidade pela ausência de representação da vítima 
 
O Ministério Público ofereceu a denúncia contra o réu pela prática do crime descrito no artigo 
129, §9º do Código Penal, sem a manifestação da vítima. No entanto, o crime de lesão corporal leve descrito 
no artigo mencionado é de ação penal pública condicionada à representação, conforme artigo 88 da Lei n° 
9.099 de 1995. 
Desse modo, não poderia o órgão ministerial ter iniciado a ação penal sem a representação de Igor 
que deixou claro em sede policial que não tinha interesse em ver o autor do fato responsabilizado 
criminalmente, faltando, assim, condição de procedibilidade da ação penal, o que enseja a nulidade do 
processo, nos termos do artigo 564, inciso III, alínea “a” ou inciso IV, do código de processo penal. 
Além disso, pela ausência de representação da vítima, incidiu a extinção da punibilidade do agente, 
uma vez que, entre a data do fato (1º de janeiro de 2020) e da intimação para manifestação da defesa (19 de 
janeiro de 2021) passaram-se mais de seis meses sem ocorrer nenhuma manifestação da vítima. Desse modo, 
conforme os artigos 38 do Código de Processo Penal e artigo 107, inciso IV, do Código Penal, operou-se a 
decadência do direito da vítima. 
Assim, pugna-se pelo reconhecimento da nulidade em decorrência da ausência de representação 
da vítima e pela extinção da punibilidade do agente em razão da decadência do direito. 
 
b) Da nulidade pelo não oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo 
 
O Ministério Público não ofereceu proposta de suspensão condicional do processo com 
fundamento no Art. 41 da Lei nº 11.340/06 que veda a aplicação da lei 9.099/95 para os crimes praticados 
com violência doméstica e familiar contra a mulher, tendo em vista que aquela lei (Lei nº 11.340/06) 
estabeleceu nova pena para o delito imputado. 
Entretanto, o crime imputado ao réu não foi cometido no âmbito da violência doméstica e familiar, 
não sendo, portanto aplicável o que dispõe o artigo 41 da Lei n° 11.340/06. Além disso, a vítima é homem, o 
que também afasta a aplicação do mencionado artigo. 
Assim, pugna-se pelo reconhecimento da nulidade pela ausência de oferecimento de proposta de 
suspensão condicional do processo. 
 
c) Da absolvição com base no estado de necessidade 
 
O réu foi denunciado pelo Ministério Público pela prática de lesão corporal leve contra o seu 
irmão, nos termos do artigo 129, §9° do Código Penal. Todavia, a lesão foi praticada enquanto a casa em que 
se encontrava o réu pegava fogo e em razão da sua idade e da sua dificuldade de locomoção, o réu ficou para 
trás e a poucos segundos de ser atingido pelo fogo. Por essa razão, e com intuito de salvar a si mesmo de 
perigo iminente que não tinha provocado, o réu desferiu o soco na cabeça de seu irmão que estavalogo à sua 
frente. 
Desse modo, o réu agiu em estado de necessidade, ao utilizar os meios disponíveis para se salvar, 
não sendo possível exigência de sacrifício, sendo essa uma causa excludente de ilicitude, nos termos do artigo 
23, inciso I e 24, ambos do Código Penal. 
Assim, pugna-se pelo reconhecimento do estado de necessidade do réu, com a consequente 
absolvição com base no artigo 386, inciso VI, do Código de Processo penal. 
 
d) Da pena-base no mínimo legal 
 
Todas as circunstâncias judicias previstas no artigo 59 do código penal são favoráveis ao réu, logo, 
a pena- base deve ser fixada no mínimo legal. 
 
e) Do afastamento da agravante da reincidência 
 
O Ministério Público requereu a condenação do réu com a incidência da agravante da reincidência, 
de acordo com o artigo 61, inciso I do Código Penal pela condenação anterior pela prática de contravenção 
penal. 
Entretanto, a condenação anterior pela prática de contravenção penal não tem o condão de gerar 
reincidência, conforme artigo 63 do Código Penal. Assim, pugna-se pelo afastamento do artigo 61, inciso I, 
do código penal. 
 
f) Da atenuante da idade 
 
Pugna-se pelo reconhecimento da atenuante da idade, prevista no artigo 65, inciso I do Código 
penal, tendo em vista ser o réu maior 70 anos na data da sentença. 
 
g) Da atenuante pela procura em evitar ou minorar as consequências do crime 
 
O réu, verificando as consequências de seus atos, imediatamente levou o seu irmão para unidade 
de saúde e pagou pelo tratamento médico necessário, procurando, desse modo, minorar as consequências do 
seu ato. 
Desse modo, pugna-se pelo reconhecimento da atenuante prevista no artigo 65, inciso, III, alínea 
“b” do Código Penal. 
 
h) Do regime inicial aberto para o cumprimento de pena 
 
O réu foi denunciado pelo crime descrito no artigo 129, §9º do Código Penal que prevê pena de 
detenção de três meses a três anos. Desse modo, se ocorrer condenação, a pena não será superior a quatro anos 
o que implica no cumprimento de pena em regime aberto, conforme artigo 33, §2º, alínea “c” do Código Penal. 
Ademais, o caput do artigo 33 dispõe não ser possível a aplicação de regime fechado para os 
crimes apenados apenas com a detenção, como é o caso do crime imputado ao réu. 
 Assim, diante de eventual condenação, pugna-se pela fixação do regime inicial aberto. 
 
i) Da suspensão condicional da pena 
 
Tendo em vista o quantum de pena a ser aplicado e a primariedade do réu, é possível a concessão 
da suspensão condicional da pena, nos termos do artigo 77 do Código penal. 
 
III- DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer: 
 
a) Nulidade do processo pela falta de representação, nos termos do artigo 564, III, “a”, e inciso 
IV, do Código de Processo Penal; 
b) Extinção da punibilidade do agente em razão da decadência do direito do réu, nos termos do 
artigo 107, inciso IV, do Código Penal e 38 do Código de Processo Penal; 
c) Nulidade do processo pela falta de oferecimento de proposta de suspensão condicional do 
processo; 
d) Absolvição, pelo estado de necessidade, conforme artigo 386, inciso VI, do Código de Processo 
Penal; 
e) Aplicação da pena-base no mínimo legal; 
f) Afastamento da agravante da reincidência; 
g) Reconhecimento das atenuantes do artigo 65 incisos I, e III, alínea “b”, do Código Penal; 
h) Fixação do regime aberto, nos termos do artigo 33, §2°, alínea “c” do Código Penal; 
i) Concessão da suspensão condicional da pena, nos termos do artigo 77 do Código Penal. 
 
 
Nestes termos, pede deferimento 
Local... 25 de janeiro de 2021 
 
 
Advogado... 
OAB... 
 
 
Essa peça foi elaborada com base no caderno de provas disponibilizado pela FGV/OAB e também com base 
no gabarito oficial elaborado pela banca. Ademais, o modelo de estruturação da peça foi aprendido a partir 
das aulas para segunda fase da OAB (penal) do curso CEISC. A partir disso, me propus a resolver e 
compartilhar na plataforma a resolução de todas as provas da segunda fase da OAB em direito penal. Quando 
estava me preparando para a prova, no ano de 2021, senti falta de modelos reais para ter como base, por isso 
a iniciativa. Espero que te ajude! 
Tente mais uma vez!

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