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FICHAMENTO O SETTING

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CENTRO PSICOLÓGICO DE PRÁTICA APLICADA – CPPA 
Curso de Psicologia da ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LATINO AMERICANA 
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA
 
FICHAMENTO
Aluno(a): Fabiana de Oliveira Almeida
Professor(a): Talita Vendrame Oliveira
Período: 9 termo Estágio: Supervisionado Específico
Curso: Psicologia
1) Referência:
O Setting: A criação de um novo espaço. ZIMERMAN, D. E. Manual de Técnica Psicanalítica, uma re-visão- Porto Alegre: Artmed, 2004. Pag.66 a 72
2) Citações principais do texto:
Toda terapia psicanalítica deve se processar em um ambiente especial, tanto do ponto de vista físico quanto de uma atmosfera emocional apropriada para a efetivação de continuadas e prolongadas experiências emocionais, em uma situação rara, única e singular. Tudo isso configura a formação de um setting.( ZIMERMAN, 2004. p.66)
Assim, o setting resulta de uma conjunção de regras, atitudes e combinações, tanto as contidas no “contrato analítico” (conforme descrito no capítulo anterior) como também aquelas que vão se definindo durante a evolução da análise, como os dias e horários das sessões, os honorários com a respectiva modalidade de pagamento, o plano de férias, etc.( ZIMERMAN, 2004. p.66)
(...) Destarte, o setting, por si mesmo, funciona como um importante fator terapêutico psicanalítico, pela criação de um novo espaço que possibilita ao paciente reproduzir, no vínculo transferencial, seus aspectos infantis e, a um mesmo tempo, poder usar a sua parte adulta para ajudar o crescimento daquelas partes infantis, possivelmente frágeis e algo desamparadas. Igualmente o enquadre age como modelo de um provável novo funcionamento parental, no interior do psiquismo do paciente, que consiste na criação, pelo analista, de uma atmosfera de trabalho, a um mesmo tempo de muita firmeza (é diferente de rigidez) no indispensável cumprimento e na preservação das combinações feitas, juntamente com uma atitude de acolhimento, respeito e empatia. (ZIMERMAN, 2004. p.67).
Em se tratando de pacientes muito regressivos, como é o caso de crianças autistas, F. Tustin (1981) sugere que o setting analítico deve ser visto como uma incubadora, na qual o “prematuro psicológico” possa encontrar as gratificações básicas – calor, compreensão, amor e paz – que a criança ainda não realizou, porquanto, desde o nascer, ela ainda não teve as condições ambientais mínimas para satisfazê-las. Trata-se de pacientes que necessitam da presença viva de um objeto externo (no caso, o terapeuta) que, tal como um “útero psicológico”, acolha, aqueça, proteja e estimule a criança e que, da mesma forma como uma “pele psíquica”, mantenha unidas as partes do self que ainda estão dispersas e desunidas. (ZIMERMAN, 2004. p.67).
(...) o “princípio da incerteza”, uma concepção de Heisenberg que postula o fato de que o observador muda a realidade observada, conforme for o seu estado mental durante uma determinada situação, a exemplo do que se passa na física subatômica, na qual uma mesma energia em um dado momento é “onda” e em outro é “partícula”. Nesse contexto, analista e analisando fazem parte da realidade psíquica que está sendo observada e, portanto, ambos são agentes da modificação da realidade exterior à medida que modificam as respectivas realidades interiores. (ZIMERMAN, 2004. p.67).
(...) O enquadre, conforme já destacado, formado com o paciente, vai muito além de uma mera medida prática, resumida a uma série de combinações que possibilitem a realização do tratamento analítico. Pelo contrário, há muitas particularidades invisíveis – sutilezas, armadilhas, transgressões, a pessoa real do analista como um novo modelo de identificação, etc. – que tanto podem agir de uma forma terapeuticamente positiva quanto negativa, conforme for o manejo técnico do terapeuta. Seguem, enumeradas, algumas das características que me parecem ser sobremodo relevantes na prática clínica:
1-De uma maneira geral, o setting analítico é o mesmo para qualquer tipo de paciente; no entanto, no caso de crianças autistas ou qualquer outro paciente que esteja protegido por uma densa cápsula autística, como já foi acentuado, é possível que o profissional seja mais ativo, aceite algumas mudanças em relação às medidas habituais, interaja mais com os familiares e tenha a liberdade para criar algumas formas de aproximação, incentivo e comunicação não unicamente verbal. (ZIMERMAN, 2004. p.67).
(...) 2-O fato de o paciente com autismo psicógeno estar à espera de que seus vazios sejam preenchidos e que o setting funcione como uma verdadeira incubadora ou “útero” psicológico” não significa que o analista deva se comportar como uma “mãe substituta”, mas, sim, com uma nova condição de maternagem, que permita, por meio de sua atividade analítica, a suplementação de falhas e vazios originais, assim possibilitando a internalização de uma figura materna suficientemente boa, que sempre lhe faltou. (ZIMERMAN, 2004. p.67).
3-Uma vez instituído, o setting deverá ser preservado ao máximo. ( ZIMERMAN, 2004. p.67).
(...) 4- A vantagem de preservar ao máximo o enquadre combinado encontra respaldo em argumentos analíticos como o de estabelecer o aporte da realidade exterior (a qual, comumente, está muito prejudicada nos pacientes severamente regredidos, visto que eles ainda funcionam muito mais no “princípio do prazer” do que no da “realidade”), com as suas inevitáveis privações e frustrações, próprias da vida real. (ZIMERMAN, 2004. p.68).
5-Assim, as regras do setting ajudam a prover uma necessária delimitação entre o “eu” e “os outros”, por meio de desfazer a indiscriminação e indiferenciação e, portanto, facilitando a obtenção das capacidades adultas de diferenciação, separação e individuação. (ZIMERMAN, 2004. p.68).
6-Igualmente, as regras que foram instituídas no enquadre auxiliam a definir a noção de limites, limitações, lugares e diferenças que provavelmente estão algo borradas pela influência da onipotência e onisciência, próprias da parte psicótica da personalidade, segundo Bion (1967), a qual sempre existe em qualquer paciente. (ZIMERMAN, 2004. p.68).
7-Neste contexto, o enquadre auxilia a desfazer as fantasias daquele analisando que, de alguma forma, sempre está em busca de uma ilusória simetria – pela qual ele busca a mesma hierarquia de lugar e de papéis que o analista tem – e de uma similaridade, ou seja, a crença do paciente de que ele tem uma igualdade nos valores, funções e capacidades do seu analista. (ZIMERMAN, 2004. p.68).
8. Da mesma forma como pode haver um desvirtuamento do enquadre em decorrência de uma excessiva rigidez do analista, também não podemos ignorar os inconvenientes, por vezes graves, que decorrem de uma exagerada permissividade na aplicação e na indispensável preservação – da essência – das condições normativas que foram combinadas no contrato, e se essas não foram claramente definidas, torna-se ainda mais sério o erro técnico. (ZIMERMAN, 2004. p.68).
9-Deve ficar claro que, como seres humanos, não deve existir uma distinção entre analista e paciente, porém, na situação analítica, é fundamental que os direitos, deveres, papéis, lugares a serem ocupados, atribuições e funções a serem desempenhadas por cada um do par analítico devem, necessariamente, ser diferenciados; caso contrário, haverá um clima de confusão, que age como um caldo de cultura para que a terapia analítica fracasse. (ZIMERMAN, 2004. p.68).
10-A propósito, é corrente a idéia de que o analista deve ser “humano”, o que, obviamente, é inquestionável. No entanto, uma grande parte das pessoas (inclusive, muitos terapeutas) confunde a condição de ser uma pessoa humana com a de não frustrar os pacientes, atender todos os pedidos dele, não lhe provocar dores, etc., como se isso fosse uma “desumanidade”. Creio que, do ponto de vista psicanalítico, há um significativo equívoco nessa crença, pois é imperioso estabelecer uma nítida distinção entre o que é ser um analista “bom” (frustra adequadamente, quando necessário) e “bonzinho” (nunca frustra). (ZIMERMAN,2004. p.68).
11-Assim, no caso do terapeuta “bonzinho”, ele não só não saberá provocar eventuais frustrações a certos pedidos e expectativas do paciente como também não terá condições de colocar limites e definir limitações, nem propiciar a possibilidade de analisar sentimentos difíceis (mergulhar na depressão do paciente ou nas suas partes psicóticas, etc.) e, tampouco, despertará o lado adulto do paciente que deve aprender a enfrentar as dificuldades, no lugar de fugir delas por meio de diferentes táticas de evitação e de fuga, o que perpetua o estado de onipotência, ou, ainda, a de usar o recurso de acionar a que outros enfrentem as dificuldades por ele, o que vai reforçar a condição de criança dependente. (ZIMERMAN, 2004. p.68).
12-Também devemos considerar o fato de que o analista, que evita ao máximo frustrar o paciente em seus pedidos por mudanças nas combinações do setting, chegando a ponto de fazer alguns sacrifícios pessoais, pode estar encobrindo uma atitude sedutora a serviço de seu narcisismo ou o seu medo diante de uma possível revolta e rejeição por parte do analisando. Além disso, também acresce o inconveniente de um reforço no paciente, de uma falsa concepção de que a frustração é sempre má e que deve ser evitada, assim como também a de que o analista deve ser poupado de suas cargas de avidez; nesses casos, o enquadre corre o risco de ficar estruturado em uma busca única de gratificações recíprocas, o que desvirtua a essencialidade do processo analítico. (ZIMERMAN, 2004. p.68).
13-Em contrapartida, outras vezes pode ocorrer o inverso, isto é, o analista cria exagerados obstáculos para atender certos pedidos dos pacientes, por mais justos e inofensivos que sejam (por exemplo, mudar a hora de uma sessão para uma outra possível, em uma mesma semana, pois aquele horário coincide com um exame que deve prestar...), de sorte a repetir uma provável conduta similar a que o paciente, quando criança pequena, teve com os pais. Trata-se de pacientes que, desde pequeninos, foram condicionados pelos pais a ganhar as coisas com muito choro, luta, promessas, formações reativas e prováveis humilhações, de modo que uma atitude análoga por parte do analista pode incrementar no paciente a crença de que para que ele consiga ganhar algo, deve ser como prêmio pelo sofrimento, ou merecimento pelo seu esforço, ou por um bom comportamento. (ZIMERMAN, 2004. p.69).
14-Em outras palavras, o controle sádico, inconsciente, por parte do analista (não é a mesma coisa que impor frustrações necessárias) pode levá-lo a utilizar frustrações e privações severas e desnecessárias, podendo ele pensar que está acertadamente obedecendo à regra da abstinência e que Freud se orgulharia dele. (ZIMERMAN, 2004. p.69).
15-É relevante que o analista reconheça que é unicamente sofrendo as inevitáveis frustrações impostas pelo setting, desde que essas não sejam exageradamente excessivas, escassas, incoerentes e injustas, que o analisando (tal como no passado evolutivo da criança com seus educadores) pode desenvolver a, fundamental, capacidade para pensar e simbolizar. (ZIMERMAN, 2004. p.69).
16-Pode-se dizer que a função mais nobre do setting consiste na criação de um novo espaço onde o analisando terá a oportunidade de reexperimentar com o seu analista a vivência de antigas, e decisivamente marcantes, experiências emocionais conflituosas que foram malcompreendidas, atendidas e significadas pelos pais do passado e, por conseguinte, malsolucionadas pela criança de ontem, que habita a mente do paciente adulto de hoje. (ZIMERMAN, 2004. p.69).
17-Como exemplo trivial, recordo de um paciente que se mostrava algo apático e conformado em sua vida profissional monótona, em flagrante contraste com a evidência de notórias capacidades, e que não conseguia expressar um mínimo de sentimento mais rancoroso em relação a mim, embora a sua vida exterior estivesse sendo pautada por emoções muito rancorosas e vingativas que ele retinha, mas que se expressavam por uma retocolite ulcerativa. Tal situação persistiu até que ele lembrou-se de um violento tapa na boca que, quando menino, ao pronunciar um desaforo raivoso, levou do pai para aprender a “respeitar os mais velhos”. Isso permitiu que analisássemos o quanto persistia nele uma significação de perigo diante de qualquer sensação raivosa, de sorte que as reprimiu todas, inclusive as construtivas. Por meio de um trabalho analítico de ressignificação dessas experiências emocionais, o paciente foi resgatando a capacidade de fazer um bom uso da agressividade sadia. (ZIMERMAN, 2004. p.69).
18-Esse exemplo também serve para ilustrar que a capacidade de o analista sobreviver a possíveis ataques dos pacientes (agressivos, eróticos, narcisistas, perversos...) constitui-se em um dos fatores mais importantes do clima emocional do setting. (ZIMERMAN, 2004. p.69). 
19- Levando-se em conta que virtualmente todo paciente é, pelo menos em parte, um sujeito que passou toda a sua vida sujeitado a uma série de mandamentos, sob a forma de expectativas, ordens e ameaças, as quais, em certas épocas, provieram do meio exterior, mas que agora estão sedimentadas no interior de seu psiquismo, acredito que dificilmente haverá uma experiência mais fascinante do que aquela que ele está revivendo com o seu analista fortes emoções, os aspectos agressivosdestrutivos incluídos, e que os resultados podem ser bem diferentes daqueles que imaginava e aos quais ele já estava condicionado. (ZIMERMAN, 2004. p.69).
20-A importância disso decorre do fato de que, apesar de todos os sentimentos, atos e verbalizações, significados pelos pacientes como proibidos e perigosos, o setting mantémse inalterado. O analista não está destruído, nem deprimido, tampouco colérico, não revida nem retalia, não apela para a medicação quando essa não está indicada e, muito menos, para uma hospitalização, não o encaminha para outro terapeuta, sequer modificou o seu estado de humor habitual e ainda se mostra compreensivo e o auxilia a dar um novo significado, um nome, proporcionando-lhe, ainda, extrair um aprendizado com a experiência que, de forma tão sofrida, ele reexperimentou no campo analítico, tanto diretamente, na transferência com o analista, ou, simplesmente, por meio da verbalização, carregada de afetos, de experiências antigas, fato que, mais do que uma simples catarse, possibilitará a realização de novos significados, com outros sentimentos em torno daquelas recordações traumáticas. (ZIMERMAN, 2004. p.70).
21-Às vezes, por razões distintas, o enquadre instituído sofre algumas transgressões, em grau maior ou menor, porém o importante é que o analista sinta que está com o controle da situação, e que possa voltar à situação original, sempre que julgar necessário. Em situações mais extremas, o setting pode ficar desvirtuado a um tamanho tal que cabe a expressão perversão do setting, em cujo caso formamse diversos tipos de conluios inconscientes e até, por vezes, conscientes, sendo o mais freqüente deles aquele que foi determinado pela recíproca necessidade de sedução, para agradar e ser agradado, um “faz-de-conta” que a análise está evoluindo quando ela pode estar totalmente estagnada, além daqueles casos mais graves do ponto de vista de uma terapia analítica séria, nos quais há uma quebra de ética e uma total perversão analítica, sob a forma de envolvimento erótico, negócios em comum, programas duvidosos fora do enquadre, etc. (ZIMERMAN, 2004. p.70).
22-Uma forma nada rara de perversão do setting é aquela na qual determinados pacientes, mais comumente por parte dos narcisistas de “pele grossa” (ver o capítulo referente aos transtornos do narcisismo), tentam, e muitas vezes conseguem, efetivar uma mudança de lugares e de papéis que, normalmente, o analista e o paciente devem desempenhar. (ZIMERMAN, 2004. p.70).
23-Um ponto importante em relação à preservação do setting é o que diz respeito à inclusão, ou não, de parâmetros por parte do analista. O termo “parâmetro” foi cunhado por Eissler (1953), com o qual ele reafirmou a sua posição de que tudo aquiloque transgredia o enquadre (dentro do rigor de sua época) deveria ser considerado um parâmetro. (ZIMERMAN, 2004. p.70).
24-Relativamente às combinações formais que devem reger o setting, perdura uma polêmica, inclusive no seio próprio da IPA, quanto ao número de sessões mínimas, para que o tratamento possa ser considerado uma “análise de verdade. (ZIMERMAN, 2004. p.71).
25-Assim, a aludida “flexibilidade”, no significado positivo dessa palavra, está sendo cada vez mais necessária, até pela incontestável razão de que, em todo mundo psicanalítico, existe uma crise na demanda de pacientes, e não só nos consultórios dos analistas mais jovens, e não só no Brasil... Dessa forma, a clara evidência de um certo esvaziamento dos consultórios está obrigando os analistas a repensarem o problema do modelo tradicional de quatro ou cinco sessões semanais, de modo a não se prender rigidamente nesse número mínimo e, em seu lugar, pensar, prioritariamente, em como viabilizar um espaço de análise de acordo com as necessidades de cada paciente em particular. (ZIMERMAN, 2004. p.71).
26-Algo equivalente poderia ser dito quanto à possibilidade de serem feitas mais de uma sessão em um mesmo dia; a obrigatoriedade, ou não, do uso do divã, etc. Penso que, indo muito além desses aspectos exteriores, o fundamental é o fato de que o setting, levado a sério, comporta-se, por si só, com uma importante função de “continente”, em que o paciente sabe que conquistou um espaço sagrado, unicamente seu, que será contido nas suas angústias, entendido (é diferente de “atendido”) em suas necessidades, desejos e demandas, respeitado no ritmo de análise que ele é capaz e respirará uma atmosfera de calor e paz, não obstante a possibilidade de que esteja em plena transferência negativa, caso já tenha se desenvolvido uma “aliança terapêutica” entre o par analítico. (ZIMERMAN, 2004. p.71).
27-O campo analítico deve ser regido por algumas regras técnicas que foram originalmente legadas por Freud e que, embora conservem muito da sua essência, sofreram profundas transformações, razão por que decidi que cabe um capítulo específico – o sexto – para abordar especificamente esse tema de especial relevância para a prática analítica. (ZIMERMAN, 2004. p.71).
3) Comentários
O texto apresenta a conceituação do setting terapêutico e suas funções terapêuticas, o que é de grande contribuição na aprendizagem do terapeuta.
O analista precisa saber o conceito do setting e todas as suas funções terapêuticas para que possa fazer um trabalho efetivo.
4) Resumo
A idéia central do texto, gira em torno do Setting, o autor começa conceitualizando sobre a criação de um novo espaço tanto físico, quanto de uma atmosfera emocional, que propicie ao paciente uma experiência em que possa se estabelecer uma situação emocional única, rara e singular, definindo esse conceito como sendo a soma do processo psicanalítico de todos os procedimentos que irão se organizar e normatizar esses processos.
“O setting é um novo espaço, muitíssimo especial, que está sendo conquistado pelo paciente, no qual ele concede ao seu analista uma nova oportunidade de poder reviver com esse – à espera de outros significados e soluções – as antigas e penosas experiências afetivas que foram mal solucionadas em seu passado remoto”
(ZIMERMAN, 2004).
Ou seja, uma aliança entre analista e analisando, resultante de uma combinação de regras, tanto aquelas que estão contidas no contrato analítico, quanto aquelas que irão aparecendo durante a evolução da análise, tais como: dias e horários estabelecidos, honorários e até mesmo um plano de férias, sendo importante aqui frisar que não deverá ser uma imposição somente do analista, e sim um acordo junto ao paciente, que também deverá participar como uma construção, pois estas poderão sofrer alterações variáveis pertencentes ao próprio setting que compõem esse campo analítico. O autor também destaca a relevância desse setting, como uma função muito ativa e determinante na evolução da análise, por servir como sendo um cenário de reprodução de velhas e novas experiências e não como uma mera situação formal e passiva que possa atropelar os princípios básicos de confiança, regulamentação e estabilidade, que possam cumprir com as combinações prévias e com uma certa flexibilidade.Anotar
Esse novo espaço, deverá possibilitar ao paciente a reprodução de vínculos transferenciais, tanto em seus aspectos infantis, quanto sua parte adulta que irá ajudar no crescimento e fortalecimento dessas partes frágieis e
infantis.
O analista frente a esse paciente deverá criar uma atmosfera que proporcione o acolhimento, o respeito e a empatia, assim como ao mesmo
tempo trabalhar com esse paciente com muita firmeza, e não com rigidez.
Zimerman (2004), apud F. Tustin (1981), a firma que se tratando de pacientes muito regressivos, como por exemplo o caso de crianças autistas, sugere que o setting terapêutico, deverá ser visto por este como uma incubadora, que irá acolher o “prematuro psicológico” para que este possa encontrar as gra tificações básicas como: o calor, a compreensão, o amor e a paz, que esta criança ainda não realizou, ou se satisfez por algum motivo desde o nascer.
Destacando que antes o analista em seu enquadre se comportava como um mero observador neutro, que se atentava somente em entender, decodificar e interpretar o material trazido pelo paciente. E que ao contrário, hoje em dia é consensual que o terapeuta desenvolva j unto ao paciente a partir de suas estruturas psíquicas, ideologias psicanalíticas e interpretações, atribuídas de sua personalidade e modo de ser, enfim sua “Pessoa Real” auxiliando o rumo da terapia.
Zimerman (2004), destaca que as funções terapêuticas do setting, vão muito além de uma medida prática, que há muitas particularidades invisíveis, sutilezas, armadilhas, transgressões a pessoa real do analista, como um novo modelo de identificação, podendo agir de uma forma positiva ou negativa, que irá depender no manejo técnico deste terapeuta, apresentandomalgumas características relevantes a essa prática: 
 o setting é o me smo para qualquer tipo de paciente, se
diferenciando um pouco no caso de crianças autistas ou outro paciente que esteja protegido por uma densa cápsula autística, o analista se portará de forma mais ativa que o habitual, e reflexível a algumas mudanças habituais, criando formas de aproximação.
Ao paciente com autismo psicógeno, espera que o settin
Dessa forma, analista e analisando fazem parte da realidade psíquica que esta sendo observada, portanto ambos são agentes da modificação da realidade exterior á medida que modificam as respectivas realidades interiores.
Algumas das características que são relevantes na pratica clinica são:
1. O setting é o mesmo para qualquer paciente, exceto por exemplo no caso de crianças autistas, sendo assim o terapeuta precisa ser mais ativo e aceite algumas mudanças em relação as medidas habituais.
2. O fato do paciente com autismo necessitar de um setting que funcione como um “útero psicológico” não significa que o analista deva se comportar como uma “mãe substituta”, mas sim como uma nova condição de maternagem que permita a suplementação de falhas e vaziosoriginais.
3. Uma vez instituído, o setting deverá ser preservado ao máximo.
4. A vantagem de preservar ao máximo o enquadre combinado vem como forma de estabelecer o aporte da realidade exterior, com suas inevitáveis privações e frustrações, próprias da vida real.
5. As regras do setting ajudam a promover uma necessária delimitação entre o eu e os outros
6. As regras que forem instituídas no enquadre auxiliam a definir a noção de limites, limitações, lugares e diferenças.
7. Neste contexto o enquadre auxilia a desfazer a fantasia daquele analisando que sempre esta em busca de uma ilusória simetria.
8. Pode haver um desvirtuamento em decorrência de uma exagerada rigidez do analista.
9. Não deve existir uma distinção entre analista e paciente, porém deve ser levado em consideração os direitos, deveres, papeis, lugares a serem ocupados e funções a serem desempenhadas devem ser diferenciados.
10. É recorrente a ideia de que o analista precisa “ser humano” a ponto de não frustrar o paciente, porém há um equivoco nessa crença, pois é imperioso estabelecer uma nítida distinção entre o que é ser o analista “bom” (frustra adequadamente, quando necessário) e “bonzinho” (nunca frustra).
11. Sendo assim, o terapeuta “bonzinho” não terá condições de colocar limites e definir limitações, nem propiciar a possibilidade de analisar sentimentos difíceis.
12. O analista que evita frustrar o paciente em seus pedidos por mudanças nas combinações do setting, pode estar encobrindo uma atitude sedutora a serviço de seu narcisismo, também acresce o inconveniente de um reforço no paciente, de uma falsa concepção de que a frustação é sempre má e que deve ser evitada, nesses casos o enquadre corre o risco de ficar estruturado em uma busca única de gratificações reciprocas, o que desvirtua a essencialidade do processo analítico.
13. Outras vezes pode ocorrer o inverso, o analista criar exagerados obstáculos para atender certos pedidos dos pacientes.
14. O controle sádico, inconsciente, por parte do analista pode levá-lo a utilizar as frustrações e privações severas e desnecessárias, podendo ele pensar que esta obedecendo a regra da abstinência e que Freud se orgulharia dele.
15. O analista precisa reconhecer que sofrendo as inevitáveis frustrações impostas pelo setting, desde que essas não sejam exageradamente excessivas, que o analisando pode desenvolver a fundamental, capacidade para pensar e simbolizar.
16. Pode-se dizer dizer que a função mais nobre do setting consiste na criação de um novo espaço onde o analisando terá a oportunidade de reexperimentar com o seu analista a vivência de antigas, e decisivamente marcantes, experiências emocionais conflituosas que foram malcompreendidas, atendidas e significadas pelos pais do passado e, por conseguinte, malsolucionadas pela criança de ontem, que habita a mente do paciente adulto de hoje.
17. Isso permitiu que analisássemos o quanto persistia nele uma significação de perigo diante de qualquer sensação raivosa, de sorte que as reprimiu todas, inclusive as construtivas. Por meio de um trabalho analítico de ressignificação dessas experiências emocionais, o paciente foi resgatando a capacidade de fazer um bom uso da agressividade sadia.
18. Esse exemplo também serve para ilustrar que a capacidade de o analista sobreviver a possíveis ataques dos pacientes (agressivos, eróticos, narcisistas, perversos...) constitui-se em um dos fatores mais importantes do clima emocional do setting. 
19. Levando-se em conta que virtualmente todo paciente é, pelo menos em parte, um sujeito que passou toda a sua vida sujeitado a uma série de mandamentos, sob a forma de expectativas, ordens e ameaças, as quais, em certas épocas, provieram do meio exterior, mas que agora estão sedimentadas no interior de seu psiquismo, acredito que dificilmente haverá uma experiência mais fascinante do que aquela que ele está revivendo com o seu analista fortes emoções, os aspectos agressivosdestrutivos incluídos, e que os resultados podem ser bem diferentes daqueles que imaginava e aos quais ele já estava condicionado.
20. A importância disso decorre do fato de que, apesar de todos os sentimentos, atos e verbalizações, significados pelos pacientes como proibidos e perigosos, o setting mantémse inalterado.
21. Às vezes, por razões distintas, o enquadre instituído sofre algumas transgressões, em grau maior ou menor, porém o importante é que o analista sinta que está com o controle da situação, e que possa voltar à situação original, sempre que julgar necessário
22. Uma forma nada rara de perversão do setting é aquela na qual determinados pacientes, mais comumente por parte dos narcisistas de “pele grossa” (ver o capítulo referente aos transtornos do narcisismo), tentam, e muitas vezes conseguem, efetivar uma mudança de lugares e de papéis que, normalmente, o analista e o paciente devem desempenhar.
23. Um ponto importante em relação à preservação do setting é o que diz respeito à inclusão, ou não, de parâmetros por parte do analista.
24. Relativamente às combinações formais que devem reger o setting, perdura uma polêmica, inclusive no seio próprio da IPA, quanto ao número de sessões mínimas, para que o tratamento possa ser considerado uma “análise de verdade”.
25. Assim, a aludida “flexibilidade”, no significado positivo dessa palavra, está sendo cada vez mais necessária, até pela incontestável razão de que, em todo mundo psicanalítico, existe uma crise na demanda de pacientes, e não só nos consultórios dos analistas mais jovens, e não só no Brasil... Dessa forma, a clara evidência de um certo esvaziamento dos consultórios está obrigando os analistas a repensarem o problema do modelo tradicional de quatro ou cinco sessões semanais, de modo a não se prender rigidamente nesse número mínimo e, em seu lugar, pensar, prioritariamente, em como viabilizar um espaço de análise de acordo com as necessidades de cada paciente em particular. 
26. Algo equivalente poderia ser dito quanto à possibilidade de serem feitas mais de uma sessão em um mesmo dia; a obrigatoriedade, ou não, do uso do divã, etc. Penso que, indo muito além desses aspectos exteriores, o fundamental é o fato de que o setting, levado a sério, comporta-se, por si só, com uma importante função de “continente”, em que o paciente sabe que conquistou um espaço sagrado, unicamente seu, que será contido nas suas angústias, entendido (é diferente de “atendido”) em suas necessidades, desejos e demandas, respeitado no ritmo de análise que ele é capaz e respirará uma atmosfera de calor e paz, não obstante a possibilidade de que esteja em plena transferência negativa, caso já tenha se desenvolvido uma “aliança terapêutica” entre o par analítico. 
27. O campo analítico deve ser regido por algumas regras técnicas que foram originalmente legadas por Freud e que, embora conservem muito da sua essência, sofreram profundas transformações, razão por que decidi que cabe um capítulo específico – o sexto – para abordar especificamente esse tema de especial relevância para a prática analítica.
5) Contribuições Pessoais (Aprendizado)
O texto: O Setting foi de grande aprendizado, pois contribuiu para o meu entendimento do conceito e do funcionamento do setting terapêutico, trazendo assim grande contribuição pessoal, pois foi possivel aprender como lidar e agir com determinadas ocorrências que podem surgir durante os atendimento e dessa forma, o texto conseguiu também servir como uma orientação.
6) Questionamentos
Sem questionamentos.
Data: 18/ 05/2022.

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