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Maria Clara Cavalcante DOENÇAS INFECCIOSAS DO TRATO GENITAL FEMININO Vaginites (candidíase e tricomoníase) e vaginoses (vaginose bacteriana) Cervicites e uretrites Doença inflamatória pélvica (DIP) Úlceras genitais Infecção por HPV VAGINA NORMAL Lactobacillus (gram-positivos) PH ≤ 4,5 É normal toda mulher ter corrimento vaginal – corrimento fisiológico Estrogênio (glicogênio) -> Ação dos lactobacillus -> Glicose + Ácido lático -> Redução do ph O PH depende do estado hormonal da mulher • O estrogênio estimula a deposição de glicogênio nas células vaginais, que será degradado em glicose e ácido lático pelos lactobacillus, resultando no PH ≤ 4,5 Candida albicans e Streptococcus sp. são também tolerantes ao pH ácido. Em mulheres que não tem Lactobacillus, outras bactérias (como Atopobium, Megasphaera) podem estar presentes e produzir o ácido lático CANDIDÍASE Fungo do gênero Candida • Candida albicans – 85-95% - Apenas ela tem a capacidade de dimorfismo (forma habitual -> micélio – mais invasivo) – os mecanismos que impedem isso ainda não são conhecidos, mas estão relacionados ao sistema imune do hospedeiro • Candida glabrata e tropicalis – 5-10% A colonização por fungos parece ser hormônio dependente (rara na infância e pós-menopausa, mais comum na idade reprodutiva – situações que alteram a concentração de hormônios, como gravidez ou uso de anticontraceptivos facilitam a proliferação fúngica), estudos também mostram que há relação ao uso de antibióticos (alteram a flora protetora lactobacilar) Imunidade: Forma comensal – Saprófita (Esporos) -> Forma patogênica (Hifas) • Quando o sistema imune não consegue inibir a proliferação fúngica, fazendo com que haja mudança de forma e aparecimento dos sintomas Fatores desencadeantes: São os que diminuem a imunidade • Diabetes melitus descompensado • Imunossupressão (câncer, HIV) • Tabagismo • Excesso de carboidratos • Higiene ou vestuário inadequados • Outros (Ex: hormônios) Pode facilitar a transmissão por outras IST’s, como HIV. ➔ QUADRO CLÍNICO: • Prurido • Corrimento ESBRANQUIÇADO (fluido e com aspecto de “leite talhado”) • Dor • Disúria • Dispareunia (de introito) ➔ DIAGNÓSTICO: Inspeção vulvar: • Hiperemia vulvar • Edema • Fissura Exame especular: • Grumos na parede do colo ou fluidos Exame a fresco: • Presença de hifas e esporos Bacterioscopia com colocação de gram PH vaginal: • < 4,5 Teste das aminas: • Teste de Whiff: negativo (É o teste do odor) Cultura e biologia molecular ➔ TIPOS: Maria Clara Cavalcante CANDIDÍASE NÃO COMPLICADA • Episódios esporádicos e infrequentes • Sintomas leves a moderados • Candida albicans • Paciente imunocompetente CANDIDÍASE COMPLICADA • Episódios frequentes • Sintomas severos • Candida NÃO albicans • Paciente imunossuprimido ➔ TRATAMENTO Atenção aos fatores desencadeantes, buscar mudanças comportamentais O tratamento deve ser individualizado ➔ Não complicada: Tratamento do parceiro não é recomendado nos episódios simples Tratamento pode ser oral OU vaginal, sendo: Vaginal: • Fenticonazol creme vaginal – 7 dias • Clortrimazol creme vaginal – 7 dias • Miconazol creme vaginal – 14 dias (é o MAIS USADO) • Nistatina creme vaginal – 14 dias Oral: • Fluconazol 150mg, VO, dose única (é o MAIS USADO) • Cetoconazol 200mg, VO, 2x/dia por 5 dias • Itraconazol 100mg, VO, 2x/dia por 1 dia ➔ Complicada: Confirmação diagnóstica Processos alérgico e vaginoses se assemelham com candidíase Candidíase recorrente: 4 ou + episódios ao ano – confirmado por cultura ou bacterioscopia (laboratorialmente) – Tratamento de supressão: Fluconazol 150mg – 1 cápsula, VO, 1x/ semana por 6m Importante tratar o parceiro Tratamento oral ou vaginal: Tratamento é mais prolongado Vaginal: • Miconazol creme vaginal – 14 dias • Nistatina creme vaginal – 14 dias • Ácido bórico 600mg – óvulos vaginais por 7-14 dias Oral: • Fluconazol 150mg, VO, 3 doses em intervalo de 3 dias VAGINOSE BACTERIANA É o desequilíbrio da flora vaginal pela substituição da flora microbiana saudável (lactobacillus) por microbiana variável (bactérias anaeróbias e facultativas) • Gardnerella – Gosta de ambiente básico e, por isso, é a mais frequente • Atopobium • Prevotella • Leptotrichia • Clostridium • Mycoplasmas A relação de vaginose com infecção pelo HPV e lesões intraepiteliais cervicais, aumento nas taxas de infecções pós-cirurgias ginecológicas e aumento em até 6x na taxa de aumento do HIV Pode facilitar a transmissão de C. trachomatis e N. gonorrhoeae Há associação com salpinge e infertilidade tubária Quando está presente no início da gestação, aumenta o risco de parto prematura, aborto espontâneo, baixo peso ao nascer ➔ FATORES DE RISCO: • Raça negra • Múltiplos parceiros • Uso extremo de duchas vaginais • Sexo desprotegido ➔ QUADRO CLÍNICO: • Corrimento de intensidade variável, branco- acinzentado No exame ginecológico, o corrimento pode ser amarelado também • Odor vaginal fétido (Odor de “peixe pobre” ou amoniacal, que piora nas relações sexuais e na menstruação) – As vezes tem queixas só de odor, sem corrimento • Sem sintomas irritativos - NÃO TEM DISÚRIA OU DISPAREUNIA! – Porém, se em associação com outras, pode ter queixas assim, mas isoladamente NÃO! Maria Clara Cavalcante Por que o odor piora nas relações sexuais e menstruação? Por causa da volatização de aminas aromáticas ((putrescina, cadaverina, dimetilamina), que são resultantes do metabolismo das bactérias anaeróbias pela alcalinidade do sangue menstrual ou do sêmen. Ou seja, o sêmen e a menstruação tornam o ambiente alcalino ➔ DIAGNÓSTICO: Critérios de Amsel: Precisa de 3 dos 4 critérios 1. Corrimento vaginal branco-acinzentado homogêneo 2. PH > 4,5 3. Teste das aminas (Whiff): Positivo ou odor após a aplicação de KOH 10% 4. “Células-chave” na bacterioscopia O que são células-chave (“clue cells”)? Células epiteliais recobertas por cocobacilos Gram variáveis Escore de Nugent: Elementos avaliados na bacterioscopia, sendo classificados em escores: • 0-3: Normal • 4-6: Intermediário • 7-10: Vaginose bacteriana ➔ TRATAMENTO: Almeja eliminar os sintomas e restabelecer a flora pela redução dos anaeróbios O tratamento oral e tópico tem a mesma eficácia (ou 1 ou outro) Não é necessário tratar o parceiro Oral: • Metronidazol 500mg, 12/12h – 7 dias OU Tópico: • Metronidazol gel 0,75%, 1 aplicador (5g) por 5-7 noites OU • Clindamicina 2% creme, 1 aplicador (5G) por 7 noites Regimes alternativos: • Clindamicina 300mg, VO, 12/12h por 7 dias • Tinidazol 2g, VO, 2x/dia por 2 dias ➔ INFORMAÇÕES IMPORTANTES: Efeitos colaterais dos imidazólicos: Náuseas, vômitos, cefaleia, insônia, boca seca, tontura Recomendar a abstinência de álcool por 24h após o tratamento e abstenção da atividade sexual ou uso correto de preservativos durante o tratamento (se usar tinidazol, não usar álcool por 72h após) A clindamicina tem base oleosa e pode enfraquecer os preservativos e diafragma até 5 dias após o uso Não usar duchas para aliviar os sintomas Há 30% de casos de recidiva após 3m do término do tratamento Sem conclusões definitivas ao uso de probióticos TRICOMONÍASE É a IST NÃO VIRAL mais comum no mundo Trichomonas vaginalis • Possui 4 flagelos e membrana ondulante, fazendo com que tenha grande mobilidade • A infecção é por via sexual (em raros casos é por outras formas) • Ele adquire nutrientes do meio externo para sobreviver, fagocitando fungos, vírus e bactérias, como Mycoplasma, Neisseria, Clamídia – transportando-os para o trato genitalsuperior e facilitando o surgimento de DIP 1/3 das mulheres são assintomáticas (a infecção pode persistir por meses ou anos) Os homens têm menos sintomas e servem como vetores assintomáticos Nas mulheres infecta, além da vagina e ectocérvice, uretra, bexiga, glândulas de Skenne e Bartholin e endocérvice Após a infecção, raramente o parasita é eliminado, podendo continuar no trato genital ➔ QUADRO CLÍNICO: • Corrimento profuso, amarelado ou amarelo- esverdeado que se exterioriza, com presença de bolhas • Ardor genital • Hiperemia vulvar • Colo com aspecto de morango • Sensação de queimação • Disúria • Dispareunia Os sintomas pioram no período menstrual por causa da elevação do PH e a aquisição de ferro da hemoglobina pelo parasita, aumentando a sua virulência ➔ DIAGNÓSTICO: Clínico (anamnese e exame físico) • Colo em aspecto de “morango” • Corrimento com bolhas Bacterioscopia a fresco • É o método mais usado para o diagnóstico Maria Clara Cavalcante • Visualização de tricomonas • Lâmina de vidro com uma gota de conteúdo vaginal e uma gota de solução salina - o parasita é identificado pela movimentação pendular (uso de solução salina gelada pode imobilizar o T. vaginalis) PH vaginal >4,5 Teste das aminas (Whiff): Positivo – por bactérias anaeróbias associadas a VB Cultura (meio Diamond) • Ótima sensibilidade e especificidade, porém é demorado Biologia molecular Se a colposcopia referir a presença, deve-se encaminhar para a confirmação da presença do parasita ➔ TRATAMENTO: Sempre tratamento oral, não é recomendado o tópico, pois ele não atinge a uretra e as glândulas de Skenne e Bartholin. Recomendado abstinência sexual durante o tratamento Deve-se tratar o parceiro, pois se trata de uma IST, com o mesmo regime (preferencialmente em dose única) Pela alta taxa de recidivas, é recomendada uma reavaliação em 3 meses após o final do tratamento – Pode usar a biologia molecular duas semanas após o tratamento • Metronidazol 2g, VO, dose única • Tinidazol 2g, VO, dose única Alternativo: Metronidazol 500mg, 12/12h por 7 dias CASO CLÍNICO: Você solicitaria a prevenção (colpocitologia oncótica) para paciente com queixa de corrimento vaginal, sendo que o último exame de Papanicolau foi há 4 meses? Não! Não tem indicação de realizar colpocitologia oncótica para o diagnóstico de vaginite ou vaginoses. Pode-se realizar a bacterioscopia a fresco ou com colocação de gram! CERVICITES E URETRITES O colo uterino é revestido por 2 epitélios, escamoso e colunar A ectopia é fisiológica, caracterizada pela presença de epitélio glandular na ectocérvice, fazendo a exposição do colunar, facilitando a aquisição de DST’s Cervicite: Inflamação da mucosa endocervical (epitélio colunar ou glandular), geralmente de causa infecciosa • A maioria é assintomática, descoberta por exames de investigação – essa ausência de sintomas dificulta o diagnóstico e favorece complicações Uretrite: Inflamação da uretra, acompanhada de corrimento • Fatores de risco: idade jovem, fatores socioeconômicos, múltiplos parceiros, uso incorreto e irregular de preservativos Os agentes etiológicos mais comuns são: • Chlamydia trachomatis (gram-negativo) – É o mais frequente! – • Neisseria gonorrhoeae (diplococo gram-negativo) – Acarreta sequelas: Infertilidade, gravidez ectópica, DIP. ➔ QUADRO CLÍNICO: • Colo edemaciado e hiperemiado • Secreção endocervical mucopurulenta (especular) • Colo friável (sangra ao toque) • Sangramento irregular (spotting, sinussoragia) • Mácula rubra • Dispareunia de profundidade • Dor a mobilização do colo (ao toque) • Disúria • Corrimento uretral (nas uretrites) ➔ DIAGNÓSTICO: Anamnese Exame físico (inspeção uretral, especular e toque) Biologia molecular (PCR) Cultura • Meio Thayer Matin – Gonococco • Meio McCoy – Clamídia Imunofluorescência Imunoenzimático Sorologias ➔ COMPLICAÇÕES: Endometrite DIP Desfechos adversos na gestação (gestante e recém-nascido) Maiores chances de aquisição de HIV e câncer cervical ➔ TRATAMENTO: Maria Clara Cavalcante Sempre tratar o parceito! Recomenda-se o tratamento de ambos (neisseria e clamídia) ao se identificar qualquer uma das duas, ou seja: • Azitromicina a 500 mg – 2p, VO, dose única + Ceftriaxona 500mg, IM, dose única Amoxicilina não é efetiva na infecção crônica Clamídia: • Azitromicina 500mg – 2cp (1g) por VO em dose única • Doxiciclina 100mg, 2x/dia por 7 dias Gonococco: • Ceftriaxona 500mg – 1 ampola, IM, dose única • Ciprofloxacino 500mg – 1 cp, VO, dose única Gestantes: Eritromicina 500mg, VO, 6/6h por 7 dias Infecção por Mycoplasma: Doxiciclina 100 mg – 2x/dia por 7 dias DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) É um conjunto de processos inflamatórios da região pélvica por causa da propagação de microrganismos a partir da vagina e do colo do útero, que vão para o endométrio, tubas, peritônio e estruturas adjacentes; Via canalicular – Propagação direta do colo para os órgãos superiores Sintoma obrigatório: • Dor abdominal de intensidade variável ➔ FATORES DE RISCO: • Adolescência • Sexo desprotegido • Múltiplos parceiros • História passada de outras infecções (clamídia, gonococco...) • Uso de DIU – 3-5x maior risco se a paciente tiver cervicite no momento da inserção ➔ ETIOLOGIA: • Chlamydia trachomatis (gram-negativo) – É o mais comum – 60% • Neisseria gonorrhoeae • Mycoplasma • Ureaplasma • Bacteroides fragilis • Prevotella ➔ QUADRO CLÍNICO: Dor pélvica Febre, calafrios Corrimento cervical ou vaginal, coceira, odor Dispareunia (pela inflamação dos ligamentos pélvicos) Sangramento vaginal (spotting ou menstruação com aumento de fluxo e prolongada) Disúria Dor lombar Náuseas e vômitos Diagnósticos diferenciais: Gravidez ectópica, tumor Exames complementares: • Hemograma: Processo inflamatório (leucocitose ou bastonetose) • USTV: Método de escolha para avaliação inicial, que pode mostrar: Espessamento da parede tubária maior que 5 mm (100% de sensibilidade) Septos incompletos intratubários Sinal da roda dentada (corte transversal) (95% a 99% de especificidade) Espessamento e líquido tubário ATO (abscesso tubo-ovariano) -> ATO ➔ DIAGNÓSTICO: É iminentemente clínico! 3 critérios maiores + pelo menos 1 menor OU 1 critério elaborado (específico) MAIORES: Obrigatórios! • Dor em baixo ventre espontânea • Dor à palpação anexial • Dor a mobilização cervical MENORES: Adicionais! • Temperatura oral > 38,3 ºC • Secreção vaginal/cervical anormal • VHS ou PCR aumentados • Isolamento de gonococo ou clamídia endocervical ESPECÍFICOS: por si só, já definem DIP • Evidência histopatológica de endometrite (pela biópsia endometrial) • Abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em estudo de imagem (pela USG endovaginal ou RM) • Laparoscopia com evidência de DIP ➔ TRATAMENTO: Deve-se iniciar o tratamento mesmo antes da confirmação laboratorial e de imagem! Maria Clara Cavalcante Deve ser individualizado! Ficar atento se tem outras ISTs associadas Tratar o parceiro Orientar repouso e hidratação adequada Tratamento ambulatorial: 1ª escolha: • Ceftriaxona 250mg IV, dose única + Azitromicina 1g VO, dose única por 7 dias OU • Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 14 dias Alternativo: • Ciprofloxacino 500mg VO, dose única + Azitromicina 1g VO, dose única + 500mg por 7 dias Quando vou internar? • Impossibilidade de exclusão de emergência cirúrgicas (apendicite) • Gestação • Falha no tratamento oral • Intolerancia ou incapacidade do tratamento oral • Queda no estado geral, náuseas, vômitos e febre alta • Abscesso tubo-ovariano• HIV + • Uso de DIU Tratamento hospitalar: Ceftriaxona 1g EV 12/12h + Metronidazol 500 mg EV 8/8h – SEMPRE EV! Recomendações: Em casos de ATO, devem fazer parte do esquema o metronidazol ou a clindamicina sempre EV e no hospital! ➔ PREVENÇÃO: Mulheres com idade menor ou igual a 25 anos e sexualmente ativas Mulheres com múltiplos parceiros (dois ou mais parceiros por ano) Mulheres cujo parceiro tem múltiplas parceiras Mulheres com novo parceiro sexual (início há menos de 90 dias) Mulheres com parceiro com secreção uretral; Mulheres que apresentarem sinais e sintomas de cervicite ÚLCERAS GENITAIS Lesões genitais localizadas em vulva, vagina ou colo, com perda de tecido e envolvendo a epiderme e a derme Sempre associadas a processo inflamatório Podem estar presentes necrose, sangramento e tecido granulomatoso (mas não é obrigatório) Complicação das úlceras: Aquisição de outras DST’s, como HIV! Sinonímia: Cancro, erosão genital ou ferida genital. Mais de 50% não se consegue fechar o agente etiológico por exames laboratoriais, então é feito mais o diagnóstico SINDRÔMICO que o etiológico! Sempre buscar identificar o agente etiológico (compressão da úlcera em lâmina, raspagem da úlcera) Realizar biópsia em úlceras com mais de 30 dias de evolução O tratamento deve ser iniciado imediatamente, mesmo sem ter os resultados dos exames! É uma emergência ginecológica por causa do sofrimento Hcausado Sempre realizar teste de HIV para pacientes com úlcera genital!!! Podem ser relacionados as DTS’s: • Herpes genital • Sífilis • Cancro mole • Linfogranuloma venéreo • Donovanose Não relacionados as DST’s: • Vasculite autoimune • Traumática • Neoplásica HERPES GENITAL Agente: Herpes simplex vírus É a causa infecciosa mais comum de úlcera! Sintomas: • Pequenas vesículas agrupadas que se rompem e formam vesículas dolorosas Fatores desencadeantes: • Estresse, desnutrição, AIDS, corticoides, neoplasia, quimioterapia Diagnóstico: Maria Clara Cavalcante • Clínico: Ardor, prurido, formigamento e adenomegalia que antecede a erupção cutânea • Laboratorial: Cultura, biópsia, PCR – Comprimir uma lâmina sobre a úlcera e colocar um fixador e fazer o estudo citopatológico • Raramente usa-se biópsia e cultura, pois a sensibilidade diminui com a duração da lesão Tratamento: • A maioria se resolve espontaneamente (nos imunocompetentes) e em imunocomprometidos podem adquirir dimensões enormes e graves • NÃO TEM CURA • O tratamento diminui as manifestações e aumenta o intervalo entre as crises • Primoinfecção: Aciclovir 400mg – 3x/dia por 7-14 dias Valaciclovir 1g – 2x/dia por 7-14 dias Fanciclovir 250mg – 3x/dia por 7-14 dias SÍFILIS Luas, cancro duro e protofissiloma Tem evolução crônica As manifestações clínicas dependem do tempo da doença • Recente: Lesão única (múltipla em raros casos), bordas endurecidas Agente: Treponema pallidum Sintomas: • Úlcera ÚNICA, não dolorosa, com bordas endurecidas (primária) + adenopatia inguinal bilateral Diagnóstico: • Clínico • Sorologia: Treponemico (FTA-abs e teste rápido) e não treponêmico (VDRL: ≥ 1,8) – Pode ser feita em todas as fases da sífilis • Microscopia de campo escuro Estágios: Primária Secundária (não costuma ter ulceração) – condiloma plano Terciária Congênita Tratamento: • Desaparecem entre 21-30 dias sem tratamento • Sífilis primária: Penicilina benzatina (2.400.000UI), metade dessa dosagem em cada nádega, dose única CANCRO MOLE Agente: Cocobacilo gram-negativo Haemophilus ducreyi É pouco frequente Sintomas: • Pequenas pápulas dolorosas que se rompem rapidamente e formam úlceras dolorosas de bordas irregulares + adenopatia inguinal uni ou bilateral • Após essa formação de úlceras há erosão fagedênica que leva a destruição tecidual • Os linfonodos se tornam dolorosos, aumentados, aderidos e formam um “bubão” (abscesso com flutuação) na virilha Incubação: 3-7 dias Diagnóstico: • Clínico, exames bacterioscópico, cultura e biópsia • Raspar superficialmente a úlcera com swab ou espátula em uma lâmina e deixar secar em ar ambiente e encaminhar ao serviço de microscopia Tratamento: • Azitromicina 500mg – 2cp, VO, dose única • Ceftriaxona 500mg – 1 ampola, IM, dose única • Ciprofloxacino 500mg – 1cp, VO, 12/12h por 3 dias LINFOGRANULOMA VENÉREO Linfogranuloma inguinal, mula, bubão ou doença de Nicolas-Favre Agente: Clamídia Sintomas: • Lesão (úlcera indolor) de curta duração -> disseminação linfática (linfonodo regional) Maria Clara Cavalcante Incubação: 3-32 dias Diagnóstico: Clínico, cultura (McCoy), imunofluorescência, PCR Tratamento: • Doxiciclina 100mg – 1cp, VO, 12/12h por 21 dias (1ª escolha) • Azitromicina 500mg – 2cp dose única, VO, 1x/semana por 21 dias DONOVANOSE DST crônica ulcerativa Granuloma venéreo, granuloma tropical ou úlcera venérea crônica Agente: Klebsiella granulomatis (gram-negativa) Incubação: 8d-6m Sintomas: • Lesão nodular em números variados que evolui para úlcera NÃO DOLOROSA! Diagnóstico: • Clínico (lesão NÃO DOLOROSA, sangramento fácil ao contato), histopatológico e citopatológico (corpúsculo de Donovan – confirma o diagnóstico) Tratamento: • Doxiciclina 100mg – 1cp, VO, 12/12h por 21 dias INFECÇÃO POR HPV Papiloma vírus humano (HPV) – Agente de infecção VIRAL mais prevalente no mundo! Baixo risco oncogênico: • 6,11,40,42,43,44 Alto risco oncogênico: • 16,18,31,33,35,39,45,51,52,56,58,59,66 Transmissão: • Relação sexual (mesmo com a camisinha, só tem 60% de proteção) • Fômites • Parto Quadro clínico: Infecção latente: • A maioria das infecções • Apenas detecta o DNA viral por biologia molecular • Desaparece em 2 anos • NÃO EXISTE LESÃO! Lesão subclínica: • A lesão só pode ser identificada por magnificação (colposcopia e citologia) • A lesão NÃO é visível a olho nu • Presença de coilócitos (citopatológico) Lesão clínica: • Lesão VISÍVEL a olho nu • A maioria das lesões são verrucosas Condilomas - Baixo risco oncogênico Câncer de colo uterino – Alto risco oncogênico Diagnóstico: Biologia molecular: • Detectar o vírus • Técnica de detecção do DNA-HPV • NÃO identifica a lesão • Duas ténicas: Captura híbrida e PCR • PCR é padrão-ouro para detectar HPV Citopatologia: • Detecta a lesão • Estudo morfológico das alterações celulares • Podem ter alterações nas células escamosas (L-SIL ou H-SIL) ou nas glandulares • Papanicolau ou meio líquido Colposcopia: • Técnica de magnificação Maria Clara Cavalcante Histopatológico: • Biópsia • Padrão-ouro para a lesão induzida pelo HPV, mas não para o HPV em si Imunohistoquímico: • P16 (NIC 2) Tratamento: Infecção latente: • Conduta expectante Lesão subclínica: • L-SIL: Seguimento até involução – se persistir: imunomodulação, exérese ou destruição • H-SIL: ≤ 24 anos: seguimento, > 24 anos: tratamento Lesão clínica: • Imunomodulação • Exérese • Destruição (cauterização) Prevenção: • Preservativos (60% de proteção) • Colpocitologia oncótica • Vacina Esquema vacinal: Bivalente: • Proteção ao HPV 16 e 18 • Cervarix – 0,1 e 6 meses a partir de 9 anos Tetravalente: • HPV 6,11,16 e 18 • Gardasil – 0,2 e 6m entre 9-45 anos | Meninos: 12- 13 anos e meninas de 9-14 anos: somente 2 doses (0 e 6m) Nonavalente: • HPV 6,11,16,18,31,33,45, 52 e 58 • Gardasil 9 – 0,2 e 6m entre 9-26 anos • Não tem no Brasil
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