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DOENÇAS INFECCIOSAS DO TRATO GENITAL FEMININO

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Maria Clara Cavalcante 
DOENÇAS INFECCIOSAS DO TRATO GENITAL FEMININO 
Vaginites (candidíase e tricomoníase) e vaginoses (vaginose 
bacteriana) 
Cervicites e uretrites 
Doença inflamatória pélvica (DIP) 
Úlceras genitais 
Infecção por HPV 
VAGINA NORMAL 
Lactobacillus (gram-positivos) 
PH ≤ 4,5 
É normal toda mulher ter corrimento vaginal – corrimento 
fisiológico 
Estrogênio (glicogênio) -> Ação dos lactobacillus -> Glicose 
+ Ácido lático -> Redução do ph 
O PH depende do estado hormonal da mulher 
• O estrogênio estimula a deposição de glicogênio 
nas células vaginais, que será degradado em 
glicose e ácido lático pelos lactobacillus, 
resultando no PH ≤ 4,5 
Candida albicans e Streptococcus sp. são também 
tolerantes ao pH ácido. Em mulheres que não tem 
Lactobacillus, outras bactérias (como Atopobium, 
Megasphaera) podem estar presentes e produzir o ácido 
lático 
CANDIDÍASE 
Fungo do gênero Candida 
• Candida albicans – 85-95% - Apenas ela tem a 
capacidade de dimorfismo (forma habitual -> 
micélio – mais invasivo) – os mecanismos que 
impedem isso ainda não são conhecidos, mas 
estão relacionados ao sistema imune do 
hospedeiro 
• Candida glabrata e tropicalis – 5-10% 
A colonização por fungos parece ser hormônio dependente 
(rara na infância e pós-menopausa, mais comum na idade 
reprodutiva – situações que alteram a concentração de 
hormônios, como gravidez ou uso de anticontraceptivos 
facilitam a proliferação fúngica), estudos também mostram 
que há relação ao uso de antibióticos (alteram a flora 
protetora lactobacilar) 
Imunidade: Forma comensal – Saprófita (Esporos) -> Forma 
patogênica (Hifas) 
• Quando o sistema imune não consegue inibir a 
proliferação fúngica, fazendo com que haja 
mudança de forma e aparecimento dos sintomas 
Fatores desencadeantes: São os que diminuem a 
imunidade 
• Diabetes melitus descompensado 
• Imunossupressão (câncer, HIV) 
• Tabagismo 
• Excesso de carboidratos 
• Higiene ou vestuário inadequados 
• Outros (Ex: hormônios) 
Pode facilitar a transmissão por outras IST’s, como HIV. 
➔ QUADRO CLÍNICO: 
• Prurido 
• Corrimento ESBRANQUIÇADO (fluido e com 
aspecto de “leite talhado”) 
• Dor 
• Disúria 
• Dispareunia (de introito) 
 
➔ DIAGNÓSTICO: 
Inspeção vulvar: 
• Hiperemia vulvar 
• Edema 
• Fissura 
Exame especular: 
• Grumos na parede do colo ou fluidos 
 
Exame a fresco: 
• Presença de hifas e esporos 
Bacterioscopia com colocação de gram 
 
PH vaginal: 
• < 4,5 
Teste das aminas: 
• Teste de Whiff: negativo (É o teste do odor) 
Cultura e biologia molecular 
➔ TIPOS: 
 
Maria Clara Cavalcante 
CANDIDÍASE NÃO 
COMPLICADA 
• Episódios 
esporádicos e 
infrequentes 
• Sintomas leves a 
moderados 
• Candida albicans 
• Paciente 
imunocompetente 
CANDIDÍASE COMPLICADA 
• Episódios 
frequentes 
• Sintomas severos 
• Candida NÃO 
albicans 
• Paciente 
imunossuprimido 
 
➔ TRATAMENTO 
Atenção aos fatores desencadeantes, buscar mudanças 
comportamentais 
O tratamento deve ser individualizado 
➔ Não complicada: 
Tratamento do parceiro não é recomendado nos episódios 
simples 
Tratamento pode ser oral OU vaginal, sendo: 
Vaginal: 
• Fenticonazol creme vaginal – 7 dias 
• Clortrimazol creme vaginal – 7 dias 
• Miconazol creme vaginal – 14 dias (é o MAIS 
USADO) 
• Nistatina creme vaginal – 14 dias 
Oral: 
• Fluconazol 150mg, VO, dose única (é o MAIS 
USADO) 
• Cetoconazol 200mg, VO, 2x/dia por 5 dias 
• Itraconazol 100mg, VO, 2x/dia por 1 dia 
 
➔ Complicada: 
Confirmação diagnóstica 
Processos alérgico e vaginoses se assemelham com 
candidíase 
Candidíase recorrente: 4 ou + episódios ao ano – 
confirmado por cultura ou bacterioscopia 
(laboratorialmente) – Tratamento de supressão: Fluconazol 
150mg – 1 cápsula, VO, 1x/ semana por 6m 
Importante tratar o parceiro 
Tratamento oral ou vaginal: Tratamento é mais prolongado 
Vaginal: 
• Miconazol creme vaginal – 14 dias 
• Nistatina creme vaginal – 14 dias 
• Ácido bórico 600mg – óvulos vaginais por 7-14 dias 
Oral: 
• Fluconazol 150mg, VO, 3 doses em intervalo de 3 
dias 
 
 
 
 
VAGINOSE BACTERIANA 
É o desequilíbrio da flora vaginal pela substituição da flora 
microbiana saudável (lactobacillus) por microbiana variável 
(bactérias anaeróbias e facultativas) 
• Gardnerella – Gosta de ambiente básico e, por 
isso, é a mais frequente 
• Atopobium 
• Prevotella 
• Leptotrichia 
• Clostridium 
• Mycoplasmas 
A relação de vaginose com infecção pelo HPV e lesões 
intraepiteliais cervicais, aumento nas taxas de infecções 
pós-cirurgias ginecológicas e aumento em até 6x na taxa de 
aumento do HIV 
Pode facilitar a transmissão de C. trachomatis e N. 
gonorrhoeae 
Há associação com salpinge e infertilidade tubária 
Quando está presente no início da gestação, aumenta o 
risco de parto prematura, aborto espontâneo, baixo peso 
ao nascer 
➔ FATORES DE RISCO: 
 
• Raça negra 
• Múltiplos parceiros 
• Uso extremo de duchas vaginais 
• Sexo desprotegido 
 
➔ QUADRO CLÍNICO: 
 
• Corrimento de intensidade variável, branco-
acinzentado 
No exame ginecológico, o corrimento pode ser amarelado 
também 
• Odor vaginal fétido (Odor de “peixe pobre” ou 
amoniacal, que piora nas relações sexuais e na 
menstruação) – As vezes tem queixas só de odor, 
sem corrimento 
• Sem sintomas irritativos - NÃO TEM DISÚRIA OU 
DISPAREUNIA! – Porém, se em associação com 
outras, pode ter queixas assim, mas isoladamente 
NÃO! 
 
Maria Clara Cavalcante 
Por que o odor piora nas relações sexuais e menstruação? 
Por causa da volatização de aminas aromáticas ((putrescina, 
cadaverina, dimetilamina), que são resultantes do 
metabolismo das bactérias anaeróbias pela alcalinidade do 
sangue menstrual ou do sêmen. Ou seja, o sêmen e a 
menstruação tornam o ambiente alcalino 
➔ DIAGNÓSTICO: 
Critérios de Amsel: 
Precisa de 3 dos 4 critérios 
1. Corrimento vaginal branco-acinzentado 
homogêneo 
2. PH > 4,5 
3. Teste das aminas (Whiff): Positivo ou odor após a 
aplicação de KOH 10% 
4. “Células-chave” na bacterioscopia 
O que são células-chave (“clue cells”)? Células epiteliais 
recobertas por cocobacilos Gram variáveis 
Escore de Nugent: Elementos avaliados na bacterioscopia, 
sendo classificados em escores: 
• 0-3: Normal 
• 4-6: Intermediário 
• 7-10: Vaginose bacteriana 
 
➔ TRATAMENTO: 
Almeja eliminar os sintomas e restabelecer a flora pela 
redução dos anaeróbios 
O tratamento oral e tópico tem a mesma eficácia (ou 1 ou 
outro) 
Não é necessário tratar o parceiro 
Oral: 
• Metronidazol 500mg, 12/12h – 7 dias OU 
Tópico: 
• Metronidazol gel 0,75%, 1 aplicador (5g) por 5-7 
noites OU 
• Clindamicina 2% creme, 1 aplicador (5G) por 7 
noites 
Regimes alternativos: 
• Clindamicina 300mg, VO, 12/12h por 7 dias 
• Tinidazol 2g, VO, 2x/dia por 2 dias 
➔ INFORMAÇÕES IMPORTANTES: 
Efeitos colaterais dos imidazólicos: Náuseas, vômitos, 
cefaleia, insônia, boca seca, tontura 
Recomendar a abstinência de álcool por 24h após o 
tratamento e abstenção da atividade sexual ou uso correto 
de preservativos durante o tratamento (se usar tinidazol, 
não usar álcool por 72h após) 
A clindamicina tem base oleosa e pode enfraquecer os 
preservativos e diafragma até 5 dias após o uso 
Não usar duchas para aliviar os sintomas 
Há 30% de casos de recidiva após 3m do término do 
tratamento 
Sem conclusões definitivas ao uso de probióticos 
TRICOMONÍASE 
É a IST NÃO VIRAL mais comum no mundo 
Trichomonas vaginalis 
• Possui 4 flagelos e membrana ondulante, fazendo 
com que tenha grande mobilidade 
• A infecção é por via sexual (em raros casos é por 
outras formas) 
• Ele adquire nutrientes do meio externo para 
sobreviver, fagocitando fungos, vírus e bactérias, 
como Mycoplasma, Neisseria, Clamídia – 
transportando-os para o trato genitalsuperior e 
facilitando o surgimento de DIP 
1/3 das mulheres são assintomáticas (a infecção pode 
persistir por meses ou anos) 
Os homens têm menos sintomas e servem como vetores 
assintomáticos 
Nas mulheres infecta, além da vagina e ectocérvice, uretra, 
bexiga, glândulas de Skenne e Bartholin e endocérvice 
Após a infecção, raramente o parasita é eliminado, 
podendo continuar no trato genital 
➔ QUADRO CLÍNICO: 
 
• Corrimento profuso, amarelado ou amarelo-
esverdeado que se exterioriza, com presença de 
bolhas 
• Ardor genital 
• Hiperemia vulvar 
• Colo com aspecto de morango 
• Sensação de queimação 
• Disúria 
• Dispareunia 
Os sintomas pioram no período menstrual por causa da 
elevação do PH e a aquisição de ferro da hemoglobina pelo 
parasita, aumentando a sua virulência 
➔ DIAGNÓSTICO: 
Clínico (anamnese e exame físico) 
• Colo em aspecto de “morango” 
• Corrimento com bolhas 
 Bacterioscopia a fresco 
• É o método mais usado para o diagnóstico 
 
Maria Clara Cavalcante 
• Visualização de tricomonas 
• Lâmina de vidro com uma gota de conteúdo 
vaginal e uma gota de solução salina - o parasita é 
identificado pela movimentação pendular (uso de 
solução salina gelada pode imobilizar o T. 
vaginalis) 
PH vaginal >4,5 
Teste das aminas (Whiff): Positivo – por bactérias 
anaeróbias associadas a VB 
Cultura (meio Diamond) 
• Ótima sensibilidade e especificidade, porém é 
demorado 
Biologia molecular 
Se a colposcopia referir a presença, deve-se encaminhar 
para a confirmação da presença do parasita 
 
 
➔ TRATAMENTO: 
Sempre tratamento oral, não é recomendado o tópico, pois 
ele não atinge a uretra e as glândulas de Skenne e 
Bartholin. 
Recomendado abstinência sexual durante o tratamento 
Deve-se tratar o parceiro, pois se trata de uma IST, com o 
mesmo regime (preferencialmente em dose única) 
Pela alta taxa de recidivas, é recomendada uma reavaliação 
em 3 meses após o final do tratamento – Pode usar a 
biologia molecular duas semanas após o tratamento 
• Metronidazol 2g, VO, dose única 
• Tinidazol 2g, VO, dose única 
Alternativo: Metronidazol 500mg, 12/12h por 7 dias 
CASO CLÍNICO: Você solicitaria a prevenção (colpocitologia 
oncótica) para paciente com queixa de corrimento vaginal, 
sendo que o último exame de Papanicolau foi há 4 meses? 
Não! Não tem indicação de realizar colpocitologia oncótica 
para o diagnóstico de vaginite ou vaginoses. 
Pode-se realizar a bacterioscopia a fresco ou com colocação 
de gram! 
CERVICITES E URETRITES 
O colo uterino é revestido por 2 epitélios, escamoso e 
colunar 
A ectopia é fisiológica, caracterizada pela presença de 
epitélio glandular na ectocérvice, fazendo a exposição do 
colunar, facilitando a aquisição de DST’s 
Cervicite: Inflamação da mucosa endocervical (epitélio 
colunar ou glandular), geralmente de causa infecciosa 
• A maioria é assintomática, descoberta por exames 
de investigação – essa ausência de sintomas 
dificulta o diagnóstico e favorece complicações 
Uretrite: Inflamação da uretra, acompanhada de 
corrimento 
• Fatores de risco: idade jovem, fatores 
socioeconômicos, múltiplos parceiros, uso 
incorreto e irregular de preservativos 
Os agentes etiológicos mais comuns são: 
• Chlamydia trachomatis (gram-negativo) – É o mais 
frequente! – 
• Neisseria gonorrhoeae (diplococo gram-negativo) 
– Acarreta sequelas: Infertilidade, gravidez 
ectópica, DIP. 
 
➔ QUADRO CLÍNICO: 
• Colo edemaciado e hiperemiado 
• Secreção endocervical mucopurulenta (especular) 
• Colo friável (sangra ao toque) 
• Sangramento irregular (spotting, sinussoragia) 
• Mácula rubra 
• Dispareunia de profundidade 
• Dor a mobilização do colo (ao toque) 
• Disúria 
• Corrimento uretral (nas uretrites) 
 
➔ DIAGNÓSTICO: 
Anamnese 
Exame físico (inspeção uretral, especular e toque) 
Biologia molecular (PCR) 
Cultura 
• Meio Thayer Matin – Gonococco 
• Meio McCoy – Clamídia 
Imunofluorescência 
Imunoenzimático 
Sorologias 
➔ COMPLICAÇÕES: 
Endometrite 
DIP 
Desfechos adversos na gestação (gestante e recém-nascido) 
Maiores chances de aquisição de HIV e câncer cervical 
➔ TRATAMENTO: 
 
Maria Clara Cavalcante 
Sempre tratar o parceito! 
Recomenda-se o tratamento de ambos (neisseria e 
clamídia) ao se identificar qualquer uma das duas, ou seja: 
• Azitromicina a 500 mg – 2p, VO, dose única + 
Ceftriaxona 500mg, IM, dose única 
Amoxicilina não é efetiva na infecção crônica 
Clamídia: 
• Azitromicina 500mg – 2cp (1g) por VO em dose 
única 
• Doxiciclina 100mg, 2x/dia por 7 dias 
Gonococco: 
• Ceftriaxona 500mg – 1 ampola, IM, dose única 
• Ciprofloxacino 500mg – 1 cp, VO, dose única 
Gestantes: Eritromicina 500mg, VO, 6/6h por 7 dias 
Infecção por Mycoplasma: Doxiciclina 100 mg – 2x/dia por 
7 dias 
DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) 
É um conjunto de processos inflamatórios da região pélvica 
por causa da propagação de microrganismos a partir da 
vagina e do colo do útero, que vão para o endométrio, 
tubas, peritônio e estruturas adjacentes; 
Via canalicular – Propagação direta do colo para os órgãos 
superiores 
Sintoma obrigatório: 
• Dor abdominal de intensidade variável 
 
➔ FATORES DE RISCO: 
 
• Adolescência 
• Sexo desprotegido 
• Múltiplos parceiros 
• História passada de outras infecções (clamídia, 
gonococco...) 
• Uso de DIU – 3-5x maior risco se a paciente tiver 
cervicite no momento da inserção 
 
➔ ETIOLOGIA: 
• Chlamydia trachomatis (gram-negativo) – É o mais 
comum – 60% 
• Neisseria gonorrhoeae 
• Mycoplasma 
• Ureaplasma 
• Bacteroides fragilis 
• Prevotella 
 
➔ QUADRO CLÍNICO: 
Dor pélvica 
Febre, calafrios 
Corrimento cervical ou vaginal, coceira, odor 
Dispareunia (pela inflamação dos ligamentos pélvicos) 
Sangramento vaginal (spotting ou menstruação com 
aumento de fluxo e prolongada) 
Disúria 
Dor lombar 
Náuseas e vômitos 
Diagnósticos diferenciais: Gravidez ectópica, tumor 
Exames complementares: 
• Hemograma: Processo inflamatório (leucocitose ou 
bastonetose) 
• USTV: Método de escolha para avaliação inicial, 
que pode mostrar: 
Espessamento da parede tubária maior que 5 mm 
(100% de sensibilidade) 
Septos incompletos intratubários 
Sinal da roda dentada (corte transversal) (95% a 
99% de especificidade) 
Espessamento e líquido tubário 
ATO (abscesso tubo-ovariano) 
 -> ATO 
➔ DIAGNÓSTICO: É iminentemente clínico! 
3 critérios maiores + pelo menos 1 menor OU 1 critério 
elaborado (específico) 
MAIORES: Obrigatórios! 
• Dor em baixo ventre espontânea 
• Dor à palpação anexial 
• Dor a mobilização cervical 
MENORES: Adicionais! 
• Temperatura oral > 38,3 ºC 
• Secreção vaginal/cervical anormal 
• VHS ou PCR aumentados 
• Isolamento de gonococo ou clamídia endocervical 
ESPECÍFICOS: por si só, já definem DIP 
• Evidência histopatológica de endometrite (pela 
biópsia endometrial) 
• Abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de 
Douglas em estudo de imagem (pela USG 
endovaginal ou RM) 
• Laparoscopia com evidência de DIP 
➔ TRATAMENTO: 
Deve-se iniciar o tratamento mesmo antes da confirmação 
laboratorial e de imagem! 
 
Maria Clara Cavalcante 
Deve ser individualizado! 
Ficar atento se tem outras ISTs associadas 
Tratar o parceiro 
Orientar repouso e hidratação adequada 
Tratamento ambulatorial: 
1ª escolha: 
• Ceftriaxona 250mg IV, dose única + Azitromicina 
1g VO, dose única por 7 dias OU 
• Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 14 dias 
Alternativo: 
• Ciprofloxacino 500mg VO, dose única + 
Azitromicina 1g VO, dose única + 500mg por 7 dias 
Quando vou internar? 
• Impossibilidade de exclusão de emergência 
cirúrgicas (apendicite) 
• Gestação 
• Falha no tratamento oral 
• Intolerancia ou incapacidade do tratamento oral 
• Queda no estado geral, náuseas, vômitos e febre 
alta 
• Abscesso tubo-ovariano• HIV + 
• Uso de DIU 
Tratamento hospitalar: Ceftriaxona 1g EV 12/12h + 
Metronidazol 500 mg EV 8/8h – SEMPRE EV! 
Recomendações: Em casos de ATO, devem fazer parte do 
esquema o metronidazol ou a clindamicina sempre EV e no 
hospital! 
➔ PREVENÇÃO: 
Mulheres com idade menor ou igual a 25 anos e 
sexualmente ativas 
Mulheres com múltiplos parceiros (dois ou mais parceiros 
por ano) 
Mulheres cujo parceiro tem múltiplas parceiras 
Mulheres com novo parceiro sexual (início há menos de 90 
dias) 
Mulheres com parceiro com secreção uretral; Mulheres que 
apresentarem sinais e sintomas de cervicite 
 
 
 
 
ÚLCERAS GENITAIS 
Lesões genitais localizadas em vulva, vagina ou colo, com 
perda de tecido e envolvendo a epiderme e a derme 
Sempre associadas a processo inflamatório 
Podem estar presentes necrose, sangramento e tecido 
granulomatoso (mas não é obrigatório) 
Complicação das úlceras: Aquisição de outras DST’s, como 
HIV! 
Sinonímia: Cancro, erosão genital ou ferida genital. 
Mais de 50% não se consegue fechar o agente etiológico 
por exames laboratoriais, então é feito mais o diagnóstico 
SINDRÔMICO que o etiológico! 
Sempre buscar identificar o agente etiológico (compressão 
da úlcera em lâmina, raspagem da úlcera) 
Realizar biópsia em úlceras com mais de 30 dias de 
evolução 
O tratamento deve ser iniciado imediatamente, mesmo 
sem ter os resultados dos exames! 
É uma emergência ginecológica por causa do sofrimento 
Hcausado 
Sempre realizar teste de HIV para pacientes com úlcera 
genital!!! 
Podem ser relacionados as DTS’s: 
• Herpes genital 
• Sífilis 
• Cancro mole 
• Linfogranuloma venéreo 
• Donovanose 
Não relacionados as DST’s: 
• Vasculite autoimune 
• Traumática 
• Neoplásica 
 
HERPES GENITAL 
Agente: Herpes simplex vírus 
É a causa infecciosa mais comum de úlcera! 
Sintomas: 
• Pequenas vesículas agrupadas que se rompem e 
formam vesículas dolorosas 
Fatores desencadeantes: 
• Estresse, desnutrição, AIDS, corticoides, neoplasia, 
quimioterapia 
Diagnóstico: 
 
Maria Clara Cavalcante 
• Clínico: Ardor, prurido, formigamento e 
adenomegalia que antecede a erupção cutânea 
• Laboratorial: Cultura, biópsia, PCR – Comprimir 
uma lâmina sobre a úlcera e colocar um fixador e 
fazer o estudo citopatológico 
• Raramente usa-se biópsia e cultura, pois a 
sensibilidade diminui com a duração da lesão 
Tratamento: 
• A maioria se resolve espontaneamente (nos 
imunocompetentes) e em imunocomprometidos 
podem adquirir dimensões enormes e graves 
• NÃO TEM CURA 
• O tratamento diminui as manifestações e aumenta 
o intervalo entre as crises 
• Primoinfecção: 
Aciclovir 400mg – 3x/dia por 7-14 dias 
Valaciclovir 1g – 2x/dia por 7-14 dias 
Fanciclovir 250mg – 3x/dia por 7-14 dias 
SÍFILIS 
Luas, cancro duro e protofissiloma 
Tem evolução crônica 
As manifestações clínicas dependem do tempo da doença 
• Recente: Lesão única (múltipla em raros casos), 
bordas endurecidas 
Agente: Treponema pallidum 
Sintomas: 
• Úlcera ÚNICA, não dolorosa, com bordas 
endurecidas (primária) + adenopatia inguinal 
bilateral 
Diagnóstico: 
• Clínico 
• Sorologia: Treponemico (FTA-abs e teste rápido) e 
não treponêmico (VDRL: ≥ 1,8) – Pode ser feita em 
todas as fases da sífilis 
• Microscopia de campo escuro 
Estágios: 
Primária 
Secundária (não costuma ter ulceração) – condiloma plano 
Terciária 
Congênita 
 
 
Tratamento: 
• Desaparecem entre 21-30 dias sem tratamento 
• Sífilis primária: 
Penicilina benzatina (2.400.000UI), metade dessa 
dosagem em cada nádega, dose única 
CANCRO MOLE 
Agente: Cocobacilo gram-negativo Haemophilus ducreyi 
É pouco frequente 
Sintomas: 
• Pequenas pápulas dolorosas que se rompem 
rapidamente e formam úlceras dolorosas de 
bordas irregulares + adenopatia inguinal uni ou 
bilateral 
• Após essa formação de úlceras há erosão 
fagedênica que leva a destruição tecidual 
• Os linfonodos se tornam dolorosos, aumentados, 
aderidos e formam um “bubão” (abscesso com 
flutuação) na virilha 
Incubação: 3-7 dias 
Diagnóstico: 
• Clínico, exames bacterioscópico, cultura e biópsia 
• Raspar superficialmente a úlcera com swab ou 
espátula em uma lâmina e deixar secar em ar 
ambiente e encaminhar ao serviço de microscopia 
Tratamento: 
• Azitromicina 500mg – 2cp, VO, dose única 
• Ceftriaxona 500mg – 1 ampola, IM, dose única 
• Ciprofloxacino 500mg – 1cp, VO, 12/12h por 3 dias 
LINFOGRANULOMA VENÉREO 
Linfogranuloma inguinal, mula, bubão ou doença de 
Nicolas-Favre 
Agente: Clamídia 
Sintomas: 
• Lesão (úlcera indolor) de curta duração -> 
disseminação linfática (linfonodo regional) 
 
Maria Clara Cavalcante 
Incubação: 3-32 dias 
Diagnóstico: Clínico, cultura (McCoy), imunofluorescência, 
PCR 
Tratamento: 
• Doxiciclina 100mg – 1cp, VO, 12/12h por 21 dias 
(1ª escolha) 
• Azitromicina 500mg – 2cp dose única, VO, 
1x/semana por 21 dias 
 
DONOVANOSE 
DST crônica ulcerativa 
Granuloma venéreo, granuloma tropical ou úlcera venérea 
crônica 
Agente: Klebsiella granulomatis (gram-negativa) 
Incubação: 8d-6m 
Sintomas: 
• Lesão nodular em números variados que evolui 
para úlcera NÃO DOLOROSA! 
Diagnóstico: 
• Clínico (lesão NÃO DOLOROSA, sangramento fácil 
ao contato), histopatológico e citopatológico 
(corpúsculo de Donovan – confirma o diagnóstico) 
Tratamento: 
• Doxiciclina 100mg – 1cp, VO, 12/12h por 21 dias 
INFECÇÃO POR HPV 
Papiloma vírus humano (HPV) – Agente de infecção VIRAL 
mais prevalente no mundo! 
Baixo risco oncogênico: 
• 6,11,40,42,43,44 
Alto risco oncogênico: 
• 16,18,31,33,35,39,45,51,52,56,58,59,66 
Transmissão: 
• Relação sexual (mesmo com a camisinha, só tem 
60% de proteção) 
• Fômites 
• Parto 
Quadro clínico: 
Infecção latente: 
• A maioria das infecções 
• Apenas detecta o DNA viral por biologia molecular 
• Desaparece em 2 anos 
• NÃO EXISTE LESÃO! 
Lesão subclínica: 
• A lesão só pode ser identificada por magnificação 
(colposcopia e citologia) 
• A lesão NÃO é visível a olho nu 
• Presença de coilócitos (citopatológico) 
 
Lesão clínica: 
• Lesão VISÍVEL a olho nu 
• A maioria das lesões são verrucosas 
 
Condilomas - Baixo risco oncogênico 
 Câncer de colo uterino – Alto risco 
oncogênico 
Diagnóstico: 
Biologia molecular: 
• Detectar o vírus 
• Técnica de detecção do DNA-HPV 
• NÃO identifica a lesão 
• Duas ténicas: Captura híbrida e PCR 
• PCR é padrão-ouro para detectar HPV 
 Citopatologia: 
• Detecta a lesão 
• Estudo morfológico das alterações celulares 
• Podem ter alterações nas células escamosas (L-SIL 
ou H-SIL) ou nas glandulares 
• Papanicolau ou meio líquido 
Colposcopia: 
• Técnica de magnificação 
 
Maria Clara Cavalcante 
Histopatológico: 
• Biópsia 
• Padrão-ouro para a lesão induzida pelo HPV, mas 
não para o HPV em si 
Imunohistoquímico: 
• P16 (NIC 2) 
Tratamento: 
Infecção latente: 
• Conduta expectante 
Lesão subclínica: 
• L-SIL: Seguimento até involução – se persistir: 
imunomodulação, exérese ou destruição 
• H-SIL: ≤ 24 anos: seguimento, > 24 anos: 
tratamento 
Lesão clínica: 
• Imunomodulação 
• Exérese 
• Destruição (cauterização) 
Prevenção: 
• Preservativos (60% de proteção) 
• Colpocitologia oncótica 
• Vacina 
Esquema vacinal: 
Bivalente: 
• Proteção ao HPV 16 e 18 
• Cervarix – 0,1 e 6 meses a partir de 9 anos 
Tetravalente: 
• HPV 6,11,16 e 18 
• Gardasil – 0,2 e 6m entre 9-45 anos | Meninos: 12-
13 anos e meninas de 9-14 anos: somente 2 doses 
(0 e 6m) 
Nonavalente: 
• HPV 6,11,16,18,31,33,45, 52 e 58 
• Gardasil 9 – 0,2 e 6m entre 9-26 anos 
• Não tem no Brasil

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