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Profª SARA MORGANA FORGERINI Centro Universitário do Vale do Araguaia Julho de 2021 PLANEJAMENTO E CÁLCULO DE CARDÁPIOS A alimentação equilibrada não consiste somente no consumo de alimentos que possuem os nutrientes necessários ao indivíduo, mas sim que essa combinação seja agradável e pertinente ao seu estilo de vida, atendendo suas necessidades nutricionais, culturais, sociais, econômicas e emocionais. Sendo assim, ao planejar cardápios ou planos alimentares, deve-se levar em consideração todos esses aspectos e oportunizar escolhas alimentares saudáveis, que possam englobar e atingir tais necessidades. CARDÁPIO COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL O fator primordial para a garantia da qualidade de vida dos indivíduos é o bom estado de saúde. A alimentação, neste contexto, representa um papel essencial, pois é através dela que o organismo deve receber, em quantidade e qualidade adequadas, todos os nutrientes necessários à manutenção das funções vitais e das atividades de trabalho, lazer e exercício físico. Existem diversos aspectos que influenciam a escolha dos alimentos e a formação dos hábitos alimentares, que podem ser adequados e contribuírem para a conservação do estado de saúde, ou inadequados e favorecerem o surgimento de doenças, especialmente as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Fatores como a escolha dos alimentos pode ser influenciada A escrita do cardápio deve ser clara e objetiva, deixando evidente a técnica de preparo (p. ex., ao citar o prato proteico, a forma de preparo também deve ser escrita: “frango assado”, “frango grelhado”, “frango gratinado”...) COMPOSIÇÃO DO CARDÁPIO O número de refeições que compõem o cardápio pode variar, conforme o público ao qual ele se destina. Ao planejar um cardápio para um indivíduo (plano alimentar), deve-se levar em consideração a rotina diária em relação a horários e disponibilidade para realizar as refeições; porém, o ideal é que seja planejado de 5 a 6 refeições ao dia, com um intervalo de 3 a 4 horas entre uma refeição e outra. Saiba que intervalos muito longos, ou muito curtos podem atrapalhar o metabolismo, além de influenciar na quantidade de alimentos consumidos, que podem colaborar para o ganho de peso. Desjejum (ou café da manhã): considerada uma refeição principal (completa) e deve oferecer todos os macros e alguns micronutrientes, além de fibras alimentares. Esta refeição é fundamental, pois “quebra” o período de jejum da noite e prepara o organismo para as tarefas do dia. Normalmente, composta por café com leite, pão, margarina, frios, fruta. Refeições que podem compor os cardápios: Refeições que podem compor os cardápios: Colação (ou lanche da manhã): É uma pequena refeição, entre o desjejum e o almoço e não precisa ser completa. Seu principal objetivo é evitar um período longo sem alimentos entre o desjejum e o almoço e, caso o desjejum seja mais tarde a colação poderá ser suprimida. Ofereça nesta refeição os seguintes alimentos: fruta, suco natural de frutas, oleaginosas, iogurte, leite, chá. Almoço: Considerada uma refeição principal (completa) e deve oferecer todos os macros e alguns micronutrientes, além de fibras alimentares. Para que seja considerada uma refeição completa precisa constar os alimentos: prato base (arroz e feijão, ou seus substitutos), prato proteico (carnes ou ovos), guarnição, salada e sobremesa (preferencialmente fruta). Refeições que podem compor os cardápios: Refeições que podem compor os cardápios: Lanche da tarde (ou merenda): É uma pequena refeição, entre o almoço e a janta, e não precisa ser completa. Da mesma forma que a colação, seu principal objetivo é evitar um período longo sem alimentos entre o almoço e o jantar. Os alimentos mais oferecidos nesta refeição são: frutas, leite com bolachas, suco com bolachas, vitamina de frutas, chá com bolo. Caso o jantar seja mais tarde (em torno de 21h ou 22h), você pode oferecer dois lanches da tarde. Jantar: Também é uma refeição principal (completa) e deve oferecer todos os macros e alguns micronutrientes, além de fibras alimentares. Para que seja considerada uma refeição completa, o jantar precisa ser composto por: prato base (arroz e feijão, ou seus substitutos), prato proteico (carnes ou ovos), guarnição, salada e sobremesa (preferencialmente fruta). Refeições que podem compor os cardápios: Refeições que podem compor os cardápios: Ceia: refeição tida como pequena, a ser realizada em torno de 1 hora antes do período de sono e não precisa ser completa. Pode ser suprimida, caso o jantar aconteça a partir das 21hs. Os alimentos mais oferecidos nesta refeição são: fruta, iogurte, leite, mingau, chá com bolachas. • Planejar cardápios requer conhecimento técnico e criatividade, pois além de ser atrativo, o cardápio também precisa estimular as práticas alimentares saudáveis nas pessoas. • Para que o planejamento de cardápios ocorra de maneira satisfatória, deve-se observar alguns critérios. • Qualitativo (que garantem a qualidade nutricional do cardápio); • Quantitativo (que respondem ao atendimento das quantidades de energia, de macro e micronutrientes). Como planejar cardápios nutricionalmente adequados? • Definição de objetivos: Manutenção do estado de saúde e peso corporal saudável, redução/restrição de algum componente alimentar (sódio, gorduras, etc), redução/ganho de peso, reeducação alimentar, entre outros. Como planejar cardápios nutricionalmente adequados? Adequação ao público-alvo: Respeitar a definição das necessidades de energia, de macro e micronutrientes visto que uma das finalidades do cardápio é a alimentação saudável. Atender essas necessidades/ recomendações representa um critério quantitativo no planejamento de cardápios. Criatividade: Promover mudanças na rotina. A simples indicação do uso de uma especiaria ou erva aromática em uma preparação, já estimula o consumo de alimentos até então preteridos. Adaptar receitas e substituir alguns ingredientes, proporcionando um toque diferente àquilo que era comum. Trata-se de um critério qualitativo no planejamento de cardápios. Como planejar cardápios nutricionalmente adequados? Atratividade: Corresponde a outro critério qualitativo. Os cardápios devem ser atrativos, agradáveis de se olhar e degustar. Insira várias técnicas de preparo dos alimentos, e atente para uma combinação de cores e texturas, é importante evitar a monotonia e estimular os sentidos (características organolépticas). Além de ser atrativo, o cardápio precisa atender aos quesitos de uma alimentação equilibrada e saudável! Variabilidade de alimentos: Quanto mais diversificar os alimentos que compõem o cardápio, mais haverá oferta de nutrientes. É importante que estimular as pessoas a consumir diversos tipos de alimentos ao longo do dia, objetivando oferecer uma maior quantidade possível de nutrientes que o organismo necessita. A variabilidade de alimentos também é um critério qualitativo na concepção de cardápios. Como planejar cardápios nutricionalmente adequados? Custo: Adequar o plano alimentar às condições socioeconômicas do indivíduo (ou empresa). Não adianta planejar um cardápio com alimentos/preparações onerosos, se o cliente não tem condições de colocá-lo em prática (executar o cardápio). O custo do cardápio sempre deverá ser pertinente à condição financeira do cliente. Este é um critério social. Respeito aos hábitos alimentares regionais: Alimentação faz parte do patrimônio cultural dos povos. A culinária regional precisa ser respeitada e estimulada no planejamento de cardápios. Este é outro critério qualitativo. Como planejar cardápios nutricionalmente adequados? Porcionamento: Refere-se à definição do porcionamento dos alimentos (per capitas) que irão compor o cardápio.Ao definir a quantidade que será ofertada de cada alimento, há uma relação entre o valor nutricional de tais alimentos com os guias alimentares. Nestes guias há a definição do número de porções de cada grupo alimentar que devem ser consumidas, ao longo do dia, para a obtenção de uma alimentação saudável. Representa um critério quantitativo. Número de refeições: Representa um critério qualitativo. Deve-se relacionar diretamente com o metabolismo e a quantidade de alimentos ingeridos. O ideal é colocar um intervalo entre uma refeição e outra, que fique em torno de 3 a 4 horas. Assim, evitamos intervalos muito longos, ou muito curtos, que favorecem o funcionamento do organismo. Quanto maior for o espaço entre as refeições, maior será a quantidade de alimentos ingeridos e/ou maior será o estímulo a “beliscos”, favorecendo o ganho de peso. O cardápio diário deve ter: 5 a 6 refeições, sendo três refeições principais (completas) e duas ou três refeições intermediárias. Como planejar cardápios nutricionalmente adequados? As refeições principais são: desjejum, almoço e jantar. As refeições intermediárias são: colação, lanche da tarde e ceia. Importante observar nas refeições que compõem o cardápio: distribuição coerente das calorias em relação ao VET (valor energético total) proposto, a fim de oportunizar uma melhor adequação das calorias e nutrientes ofertados ao longo do dia. Distribuições percentuais das calorias em relação ao VET: • Café da manhã: 10 a 20% • Colação: 5 a 10% • Almoço: 20 a 30% • Lanche da tarde: 10 a 15% • Jantar: 20 a 30% • Ceia: 5 a 10% Variar as técnicas de preparo e os tipos de alimentos favorece o planejamento de cardápios nutricionalmente adequados e estimula as escolhas alimentares e a aceitação do cardápio. a) Técnicas de preparo/Técnica culinária: evite oferecer o alimento sempre da mesma forma como bife grelhado. Ex.: acebolado, ao sugo, ao molho madeira, ao molho mostarda, na panela, à role, à parmegiana, à milanesa, à cavalo, etc. b) Repetição de alimentos: Evitar a repetição de tipos de alimentos, pois causa monotonia de cores e sabores. Ex., a guarnição ser cenoura refogada e na salada ter cenoura ralada. c) Excesso de alimentos flatulentos: são aqueles que favorecem a formação e gases intestinais e deve-se evitar mais de um tipo na mesma refeição. Ex.: repolho, rabanete, couve, couve-flor, brócolis, ovo, acelga, batata doce, feijões, açúcar, doces. d) Repetição de cores: o cardápio da refeição deverá ser analisado como um todo e a composição de cores precisa ser a mais variada possível, evite os cardápios “monocromáticos” e sua monotonia. É importante observar a sequência correta das etapas de planejamento, pois facilitará o atingimento dos objetivos do cardápio. 1. Conhecer o público alvo (indivíduo ou população) para o qual o cardápio se destina e definir as necessidades de energia. Para isso deve-se utilizar as referências para idade, sexo e tipo de atividade, conforme as equações de predição (fórmulas). 2. Determinar percentuais para os macronutrientes e valores de micronutrientes, conforme as recomendações específicas para o indivíduo ou população. Para a distribuição dos macronutrientes devemos utilizar as recomendações das DRIs (Dietary Reference Intakes), que estipulam: • Carboidratos (45 a 65% do VET) • Proteínas (10 a 35% do VET) • Lipídeos (20 a 35% do VET). Passo a passo para o planejamento eficaz de cardápios 3. Estabelecer o Quadro de Valores Propostos para os macronutrientes (QVP): Passo a passo para o planejamento eficaz de cardápios 4. Planejar o cardápio ao longo do dia (escolha das preparações). Por exemplo: • Café da manhã: café com leite, pão com margarina, mamão. • Colação: 1 maçã. • Almoço: arroz, feijão, frango assado, couve refogada, salada de to�mate e alface, sobremesa: melão picado • Lanche da tarde: vitamina de banana com aveia. • Jantar: arroz, feijão, carne moída ao sugo, cenoura e vagem refo�gadas, salada de agrião com beterraba cozida, sobremesa: goiaba • Ceia: chá com bolachas. Neste planejamento é apropriado colocar as quantidades dos alimentos/ preparações em medidas caseiras (p. ex., 1 xícara, 2 fatias, 1 colher de sopa, etc.) Passo a passo para o planejamento eficaz de cardápios 5. Definir os per capitas (quantidades individuais de cada alimento, em gramas ou mililitros) e calcular o cardápio (Lista de Alimentos). Passo a passo para o planejamento eficaz de cardápios 6. Calcular/definir o Quadro de Valores Encontrados (QVE), conforme os resultados encontrados no cálculo do cardápio (Lista de Alimentos). • Estes valores devem ser comparados com o QVP, ou seja, é preciso atingir os valores que foram propostos com o cardápio planejado. Via de regra, são permitidas diferenças de 50 kcal (a mais ou a menos) em relação ao VET proposto. Quanto aos macronutrientes, são possíveis diferenças de dois pontos percentuais (para mais ou para menos). Passo a passo para o planejamento eficaz de cardápios Exercício • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília, DF, 2005. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília, DF, 2014. • GUIMARÃES, A. F.; GALISA, M. S. Cálculos nutricionais: conceitos e aplicações práticas. São Paulo: M. Books, 2008. • PHILIPPI, S. T. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. São Paulo: Manole, 2008. • PINHEIRO, A. B. V. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. 5 ed. São Paulo: Atheneu, 2004. • SILVA, S. M. C. S.; MARTINEZ, S. Cardápio: guia prático para a elaboração. 3. ed. São Paulo: Roca, 2014. • WARDLAW, G. M.; SMITH, A. M. Nutrição contemporânea. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. Referências Bibliográficas
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