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Antonio Henrique Riquelme Ortopedia FRATURAS DE MMII 1) FRATURAS DO ANEL PÉLVICO • Maioria estáveis • Alta energia • O anel pélvico constitui-se dos ilíacos, isquios, púbis • Posteriormente tem a articulação sacroilíacas e anteriormente existe uma articulação tipo sínfise que é a sínfise púbica, que une os 2 ilíacos na linha mediana • Qualquer um desses ossos pode fraturar • Dentro as lesões que são de fundamental importância na traumatologia, existe a fratura em livro aberto a) FRATURA EM LIVRO ABERTO (disjunção da sínfise púbica) → também lesa a articulação sacroilíaca posterior. Lá na região posterior, bem intimamente à articulação sacroilíaca, existe um plexo venoso, cujas microveias também podem ser lesadas e levar a um sangramento retroperitonial significativo. Ao contrário das outras lesões do anel pélvico, essas são lesões instáveis e potencialmente fatais devido a esse sangramento retroperitonial. Quando suspeitado dessa lesão devemos pedir 2 incidências: I) Panorâmica da bacia (bacia AP) -> faz parte da rotina do trauma. Permite ver ilíaco, articulação sacroilíaca, sacro, ísquio, púbis, sínfise púbica, forame obturatório, acetábulo, cabeça do fêmur, colo do fêmur, região trocantérica do fêmur. - Consegue muita informação com essa incidência - Faz com os 2 membros estendidos na mesa de exame e a ampola perpendicular à bacia. - Se não for suficiente para definir diagnóstico e programar terapêutica, pedir outras incidências, mas é sempre o primeiro a ser feito na chegada ao PS. II) Lawenstein (RÃ) → vai ver as mesmas informações da panorâmica, mas com um detalhe melhor do acetábulo, forame obturatório mais nítido. O que muda grosseiramente é a incidência do fêmur = grande trocanter vai sobrepor o colo do fêmur e a cabeça. - Paciente fica em posição de RÃ = flexão do quadril, abdução e rotação interna do quadril - Difícil fazer em paciente politraumatizado, cuja mobilização pode ser dificultada III) INLET → inclinar apicalmente (em direção à cabeça) a ampola em 60º . Ver muito bem a asa do ilíaco inteira, fornecendo detalhes importantes se houver fratura do ilíaco. Denota lesão na asa do sacro, fragmento ósseo na pelve. Não precisa mexer o paciente. IV) OUTLET → inclinação caudal de 45º (em direção ao pé) da ampola. Vê com bastante detalhes a sacroilíaca, o sacro (praticamente inteiro) com detalhes dos forames e do processo espinhoso. OU SEJA, primeiramente se pede a panorâmica da bacia (AP) se houver alterações e não houver informações o suficiente para o diagnóstico e terapêutica pedir outra incidência: (RÃ se quiser ver fêmur em perfil, INLET se quiser ver a asa do ilíaco, OUTLET se o que quer ver melhor é o sacro). V) Incidência do acetábulo: (1) ALAR -> coloca um coxim embaixo do glúteo contralateral (se quer examinar o quadril esquerdo, coloca o coxim embaixo do glúteo direito). Roda o tronco em 45º (semi decúbito lateral). Mostra a coluna posterior acetábulo e o rebordo anterior . (2) OBTURATRIZ → coxim embaixo do glúteo que quer examinar (se quer examinar o quadril esquerdo, coloca o coxim embaixo do glúteo esquerdo). Mostra a coluna anterior e o rebordo posterior. O nome vem de forame obturatório, que aparece claramente nessa incidência. • Uma é basicamente espelho da outra. Realizando uma incidência alar do quadril esquerdo, se mudar ampola e fizer exame do quadril direito, a incidência passa a ser a obturatriz. As fraturas em livro aberto são de altar energia e potencialmente fatais, protocolos: 0) Anamnese e analise do mecanismo do trauma 1) ABCDE -> Antes de cirurgia garantir vias aéreas, ressuscitação volêmica para então se pensar em uma abordagem cirúrgica. (muito comum traumas abdominais e de vias urinárias associadas). 2)Estabilização primária: • A lesão do plexo venoso na articulação sacroilíaca e leva a sangramento retroperitonial significativo ->>> Então tem que ter uma forma de estancar esse sangramento, que se faz “fechando a pelve” → devolver a pelve para sua posição mais anatômica possível, de maneira que se restrinja sua capacidade volumétrica, levando a formação do hematoma e estacando a hemorragia provisoriamente. • Utiliza calções com catraca. Não é disponível em todo lugar, então de improviso pode passar o lençol em volta das asas do ilíaco e amarra na região da sínfise púbica. TRATAMENTO - CIRÚRGICO • Após fazer estabilização primária, garantir VA, ressuscitação volêmica, com o paciente estável clinicamente, precisa garantir a fixação da pelve por uma estabilização cirúrgica da lesão → pode fazer através de fixador externo. Suficiente para manter o paciente estável. • Em um segundo momento, para fazer a fixação interna, precisa reduzir a sínfise e estabilizar a sínfise púbica e a articulação sacroilíaca → placa e parafuso na sínfise púbica, parafuso entre o ilíaco e o sacro. Assim, faz-se uma osteossíntese interna levando a uma estabilização definitiva (imagem da direita, numa incidência OUTLET). 2) OUTRAS FRATURAS • Fratura de ilíaco, sacro, púbis, ísquio, disjunção pequena da sínfise púbica (< 2,5cm) = TRATAMENTO CONSERVADOR. 3) FRATURAS DO ACETÁBULO • Fraturas graves • Alta energia • Levam à artrose pós-traumática precoce - Acetábulo é uma cavidade articular com uma grande superfície de cartilagem articular. - Além de articular com a cabeça do fêmur, também suporta uma grande carga de peso. - Fraturas intra-articulares com desvio devem ser consideradas graves, normalmente ocasionadas por traumatismos de alta energia, e pelo fato do acetábulo ser uma grande superfície articular e ainda suportar uma grande carga de peso → levam a uma artrose pós-traumática precoce. - É preciso tentar mudar a história natural da doença, para tentar minimizar essa complicação. TRATAMENTO Redução anatômica dos fragmentos e uma redução rígida da fratura. A fraturas do acetábulo com desvio devem ser tratadas cirurgicamente e seguindo o princípio das fraturas articulares • Exemplo: fratura grave que não consegue reconstruir adequadamente, fixou a fratura no tanto que foi possível, ainda ficou um grande buraco na articulação, então partiu-se para artroplastia total → porque se sabe que a evolução é uma artrose grave, então a prótese. 3) LUXAÇÃO DO QUADRIL • Cabeça do fêmur desencaixa do acetábulo • Frequentemente traumatismos de alta energia • Muitas vezes tem fraturas associadas → acetábulo e/ou cabeça do fêmur • Praticamente em todos os casos, acontece lesão do nervo ciático Como testa o nervo ciático? - O componente fibular do nervo ciático é responsável pelo movimento de extensão do pé e dos dedos (dorsiflexão e extensão dos dedos) = levanta o pé - Paciente com o pé caído, luxou o quadril e pede para ele erguer o pé e não consegue erguer o pé → lesão do nervo ciático associado. Mecanismo da luxação do quadril • A grande maioria das vezes é POSTERIOR • Traumatismo anterior do joelho, com o joelho em flexão e quadro em flexão → exemplo: paciente sentado no carro que sofre traumatismo do joelho no painel do carro • Paciente chega com essa história de trauma e a postura (foto) de membro encurtado, aduzido e em rotação interna = PATOGNOMÔNICO DE LUXAÇÃO POSTERIOR DE QUADRIL. CONDUTA: Redução incruenta • Colocar o quadril no lugar. • Fazer movimentos contrários aos que levaram à luxação → tracionar, flexão, rotação externa e abdução • Redução difícil de ser realizada -> levar para o centro cirúrgico 4) FRATURA DE FÊMUR PROXIMAL • Fêmur proximal = cabeça do fêmur, colo do fêmur, grande trocânter, pequeno trocânter. A região entre o grande trocânter e o pequeno trocânter é chamada de trans-trocanteriana (inter-trocanteriana). Qualquer região dessa pode fraturar. • JOVENS = alta energia • IDOSOS = osteoporose (fratura patológica). Mais comum. • Colo do fêmur (imagem) • Trans-trocanteriana Paciente idoso, membro encurtado, abduzido, em rotação externa = FRATURA DO FÊMUR PROXIMAL. TRATAMENTO: 1) COLO • JOVENS → OSTEOSSÍNTESE. Sempre tentar salvar o osso e articulação em pacientes jovens. Reduz a fratura para a posição mais anatômica possível e faza fixação (placa, parafuso) • IDOSOS → ARTROPLASTIA - Paciente idoso com alta demanda = melhor opção é artroplastia total - Paciente idoso com baixa demanda física (deambulado domiciliar, acamado, paraplégico) = artroplastia parcial • Quando for necessário fazer artroplastia em paciente jovem (exceção), SEMPRE ARTROPLASTIA TOTAL DO QUADRIL. 2) TRANS-TROCANTERIANA • Surgimento de hastes de fêmur proximal (cefalomedulares) = fica intramedular na diáfise e fixa à cabeça do fêmur • Não diferencia a técnica cirúrgica entre pacientes jovens e idosos, SEMPRE O OBJETIVO É A OSTEOSSÍNTESE, a partir do uso dessas hastes. O princípio é entender que é uma fratura extra-articular, fazendo um alinhamento e depois faz a fixação da fratura, sendo suficiente para consolidar. FRATURAS DE DIÁFISE DE FÊMUR: -Fratura que ocorre entre as metáfises do fêmur -> Olhar a região na imagem de parte de anatomia. -> Na maioria das vezes são fraturas instáveis e que envolvem alta energia. -CUIDADO com TEP (tromboembolismo gorduroso nesse caso) -> Melhor prevenção para isso é estabilização precoce das fraturas Tratamento: -Mandatório ser cirúrgico: Promover alinhamento da fratura (pois é extraarticular), fazendo osteosíntese -> Se NÃO for possível fazer osteosíntese primária, fazer uma estabilização provisória precoce OBS.: Crianças de até 2-3 anos podemos fazer tratamento conservador com gesso pélvico-podolalico FRATURAS DE FÊMUR DISTAL: -Maioria são instáveis e relacionadas com traumas de alta energia Tratamento: -Maioria é tratamento cirúrgico (por serem instáveis – com desvios e/ou intrarticulares associadas) -Tratamento conservador: é raro -> quando não gera desvio. LUXAÇÃO DO JOELHO: É luxação da articulação entre o fêmur e a tíbia -> Tíbia sai do fêmur! -É uma LUXAÇÃO GRAVE! -> Relacionada com trauma de altíssima energia com alto índice de lesão vascular e risco de amputação com evolução > 8h -> Risco de lesão vascular grave porque logo atrás do joelho temos a artéria e veia poplítea. -ligamentos joelho normalmente se rompem aqui. Como proceder? 1)Perguntar que horas aconteceu 2) Se ao fazer a palpação de pulsos distais (pedioso e tibial posterior) não sinto pulso OU se não há perfusão E/OU membro está ficando cianótico = 3) redução da luxação + estabilização com tala -> 4) Vemos o pulso distal de novo, se não tiver pulso fazer estudo vascular com Ecoddopler ou arteriografia. OBS.: sempre relatar no prontuário o tempo da luxação e se tinha presença de pulso distal OU não tinha presença de pulso distal OBS.: Em casos em que vai demorar chegar atendimento especializado e o paciente está com sinais de ausência de pulso/ membro cianótico/ devemos reduzir a luxação OU encaminhar na ambulância imediatamente para serviço especializado. LUXAÇÃO DA PATELA: -Comum associação com esportes = traumas de baixa energia -Mecanismo do trauma: patela luxa para lateral e joelho chega em extensão -Fácil diagnóstico e fácil realização de redução -> Importante após redução manter imobilização relativa por 3 semanas e suspensão de atividades esportivas por 6 semanas -> Se após 6 semanas a patela continuar instável, indicar cirurgia. FRATURA DE PATELA: -Patela é o maior osso sesamoide do corpo (osso que flutuam em um tendão/ligamento/cápsula/partes moles) -> A patela no caso, funciona como uma polia para a musculatura extensora -> Possui dois tendões: polo proximal (tendão quadriciptal) e no polo distal (ligamento patelar) Mecanismos de fratura: Trauma direto: pessoa cai ajoelhada no chão OU quando a pessoa tem um trauma direto na patela – neste último caso a fratura será mais cominutiva/estrelada. Trauma indireto: ocorre por extensão forçada do joelho por ação do músculo quadríceps -> A ação do quadríceps pode levar a fratura de patela (muito comum) E/OU lesão dos ligamentos que sustentam a patela. Raio X da patela: -Exige obrigatoriamente uma incidência perfil -> A incidência AP deixa passar fraturas menores e/ou com pouco desvio Tratamento: -Normalmente é cirúrgico -> na maioria das vezes é uma cercagem/banda de tensão (semelhante ao que fazemos em fraturas de cotovelo). -Tratamento conservador: só tratar assim se não houver desvio ou então desvios menores que 3mm. FRATURAS DA TÍBIA: 1) Fraturas proximais/ fraturas de planalto tibial/ fraturas de platô tibial: -São fraturas graves que acometem região articular -> Normalmente são associados a traumas de alta energia -Principal complicação: artrose pós-traumática precoce Tratamento: cirurgia (redução anatômica + fixação rígida) 2) Fratura da diáfise da tíbia/ fraturas da perna: -Trauma de energia variável, porque a tíbia é basicamente um osso subcutâneo. -> Tem alto índice de fratura exposta. Tratamento: cirúrgico em adultos (tentar osteossintese, promovendo alinhamento anatômico com astes ou fixador); em crianças tratamento conservador OBS.: NÃO realizamos osteossintese na fíbula, apenas na tíbia -> Fíbula só opera em fratura de tornozelo! 3) Fratura do pilão tibial: São fraturas que ocorrem no terço distal da tíbia -> São potencialmente graves porque compromete região articular -Principal sequela: artrose pós-traumática Mecanismo do trauma: -Queda de altura em pé -> Em quedas de altura em pé é comum (de maior incidência para menor): quebra do calcâneo > fratura do pilão tibial > fratura de platô tibial > fratura de vértebras toracolombares. Tratamento: cirúrgico com redução e fixação externa /interna. FRATURAS DA FÍBULA: 1) Fíbula proximal: - Comprometimento da tíbia ou não: tratamento é conservador! -Nestes casos, sempre testar o N. fibular (ramo do N. ciático), porque em fraturas de fíbula proximal é comum ter lesão de N. fibular associado -> Testando nervo fibular: pedir pro paciente fazer dorsiflexão do pé e extensão dos dedos dos pés 2) Díáfise de fíbula: -É a região de terço médio da fíbula -> Não tem grandes complicadores Tratamento é conservador -> Se tem fratura de tíbia associada, operamos a tíbia e não a fíbula! 3) Fíbula distal = tornozelo -Aqui o tratamento deve ser cirúrgico, porque é uma região articular -> Isso quer dizer que aumenta risco de artrose pós traumática precoce -nestes casos, se fraturar a tíbia junto, precisamos operar os dois ossos Obs.: Nessa região, fíbula articula com tíbia e talus FRATURAS DE TORNOZELO: Anatomia do tornozelo: -Temos 3 maléolos: maléolo medial (tíbia), maléolo lateral (fíbula), maléolo posterior - O osso talus trabalha entre os dois maléolos (medial e lateral) -> Esses maléolos funcionam como uma “pinça” por talus, sendo necessário prestar MUITA atenção em fraturas dessa região Fratura trimaleolar: é quando fraturamos so 3 maléolos ao mesmo tempo (medial, lateral e posterior) -> Mecanismo de torção normalmente gera esse tipo de fratura. Mecanismo de trauma: -Normalmente ocorre por torção de tornozelo -> Nesses casos então é comum fratura de qualquer um dos ossos da região por mecanismo de trauma indireto Raio X aqui: sempre solicitar incidência AP Tratamento: -Sempre cirúrgico, porque são fraturas intrarticulares -> Precisamos reconstruir todos os maléolos e os ossos que fazem parte desses maléolos FRATURA DE PÉ: Anatomia do pé em ortopedia: -Antepé: Falanges e metatarsos -Médiopé = tarso: Navicular (= escafoide), 3 ossos cuneiformes, cuboide -Retropé: calcâneo Traumatismos em antepé e médio pé: -Solicitar raio X em AP e oblíquo Traumatismo em retrope: -Solicitar raio X de calcêneo perfil e axial = pedir raio X do pé perfil e axial OBS. Só pedir TC se com raio X mesmo com as incidências adequadas ficar na dúvida se houve fratura ou não. Tratamento de fraturas de pé: Maioria é conservador 1) Fraturas de retropé e médio pé: tratar com imobilização tipo bota (vai da parte proximal do gastrocnêmio até articulação de chopart por pelo menos 4-6 semanas. 2) Fratura de falanges: imobilização por técnica de espica = esparadapagem (amarrar um dedo no outro para imobilizar) por 6 semanas 3) Fraturas de falanges distais: raramente precisa de imobilização (tratamos sem imobilização) FRATURA EXPOSTA -Lesõesgraves, com grande potencial de complicações e que são rotineiras na prática médica diária; -Acomete especialmente adultos jovens; • Primeiro atendimento dos casos de fraturas expostas é fundamental para uma boa evolução e evitar principais complicações e potenciais sequelas das fraturas. Definição clássica: • Fratura na qual o osso ou o seu hematoma entrou em contato com o meio ambiente; Definição moderna: • Lesão de partes moles corto-contusa abaixo do qual há um osso fraturado → importância das partes moles. Pode ocorrer esmagamento, comprometimento da vascularização, microcirculação de músculos. o Essa definição traz mais importância às partes moles com relação ao osso. o Lesão das partes moles pode ter importância tanto quanto às fraturas, a depender do local. -Geralmente são causadas por traumatismos de alta energia: • Importante levar em consideração o osso acometido → por exemplo, fraturas de falanges (comuns em açougueiros, mecânicos, costureiros) → são traumatismos de baixa energia, mas que podem também levar à fratura exposta. • Para ocorrer fratura exposta de fêmur, precisa de um mecanismo de muito mais energia que uma fratura exposta de tíbia → importante para identificar o mecanismo do trauma. Pois quanto maior a cobertura do osso por partes moles, mais difícil de fraturar e mais difícil ocorrer uma fratura exposta → diz respeito à energia do trauma. · Acidente motociclístico representa quase metade dos casos de fratura exposta; · Verifica-se que a imensa maioria ocorre em idades de intensa atividade produtiva (trabalho, esportivo, etc); · Também se vê que fraturas expostas acometem mais homens que mulheres: · Faixa etária dos 11 aos 40. Pico entre 21 e 30. CONSEQUENCIAS 1) Pseudoartrose: Quando o osso não consolida → não ocorre cicatrização da fratura. 2) Osteomielite: Exposição do foco de fratura ao meio ambiente contamina o osso com germes, evoluindo para infecção grave, de difícil tratamento, que muitas vezes não seconsegue a cura. o Osteomielite pode ocorrer conjuntamente com a pseudoartrose: Pseudoartrose infectada. 3) Sequelas funcionais: O membro pode ter uma consolidação viciosa → consolidou mais curto, ou com desvio angular, fratura intraarticular pode evoluir pra rigidez, sequelas estéticas de pele (retração cicatricial - se perto de uma articulação, pode ocorrer rigidez. FRATURA EXPOSTA X FRATURA FECHADA -Em relação à fratura exposta e fratura fechada, a fratura exposta apresenta: • Maior risco de infecção; • Maior taxa de pseudoartrose; • Maior risco de complicações; • Pior prognóstico. CLASSIFICAÇÕES -Servem para diagnóstico, prognóstico e direcionamento do tratamento (tanto especializado como para o atendimento primário): 1. Tcherne; 2. AO; 3. Gustilo e Anderson. Leva em consideração: • Grau de lesão de partes moles; • Tamanho da ferida -> Se a ferida é capaz de ser ou não coberta com retalho. • Padrão da fratura-> Se a fratura é transversa, oblíqua, intra-articular, fratura simples, etc. • Grau de contaminação -> Depende do local em que ocorreu a fratura (por exemplo dentro de uma piscina, em que em tese é mais limpo, ou dentro de uma mangueira, com fezes de animais, muito contaminado). • Tempo de evolução -> Permite dizer se é uma fratura limpa, potencialmente contaminadas, infectadas, etc. (A partir de 8 horas, considerar como infectada). 1) Classificação de Tcherne → não se utiliza tanto -Grau I: lesão de pele de dentro pra fora, mínima contusão da pele, trauma indireto (o osso que rasga a pele). -Grau II: laceração cutânea ou contusão circunferencial, contaminação moderada, trauma direto (algum objeto corto-contuso fez a lesão); -Grau III: extenso dano de partes moles, isquemia, cominuição óssea, síndrome compartimental; -Grau IV: amputações subtotais e totais. 2) Classificação AO de partes moles → AO é uma associação ortopédica -Leva em consideração: • Pele; • Músculo; • Neurovascular. -Cada item varia de 1 a 5. Classificação de Gustillo e Anderson → mais importante e mais completa: 3) Classificação de Gustillo e Anderson TRATAMENTO INICIAL 1) Estabilização hemodinâmica → ABCDE; -Lesões associadas; • Diagnosticar as lesões associadas → seguir o ABCDE (verificar se tem TCE, traumatismo torácico, abdominal); 2) Limpeza da ferida; • A ferida deve ser limpa com soro fisiológico, ringer (cristaloide que estiver disponível); 3) Debridamento: retirar todo o tecido necrótico, com sofrimento vascular. 4) Estabilização da fratura: • Provisória x definitiva; Provisória: imobilizar com talas de atendimento pré-hospitalar. Fazer alinhamento do membro e imobilizar. A imobilização ajuda a diminuir a dor do paciente bem como serve para diminuir o grau de contaminação (após feita a limpeza, cobertura com atadura estéril e imobilização). 5) Antibioticoterapia: • Em fratura exposta, se faz antibioticoterapia → se faz em qualquer grau, porém mudam-se as classes. Escolhe o antibiótico de acordo com o grau da fratura. • Cefalosporina de primeira geração → germes residentes da pele (gram positivos): Injetáveis: cefazolina, cefalotina; Via oral: cefalexina. • Aminoglicosídeos → aumenta espectro de cobertura para gram negativos: Gentamicina, Amicacina, Garamicina; • Penicilina → utilizar se o acidente ocorreu em área rural (cobertura de anaeróbios): Ampicilina, penicilina cristalina; o Se não houver penicilina disponível, utilizar metronidazol. • Cefalosporina de terceira geração → nessa opção, não precisa de penicilina, aminoglicosídeo nem cefalosporina de primeira geração: Ceftriaxone. -Fazer antibioticoterapia com cobertura tríplice na lesão grau III: gram positivos, gram negativos e anaeróbios. -Após não haver mais sinais de infecção, passará à reconstrução das partes moles e do osso; -Encerrado o processo de reconstrução, passa-se para reabilitação: Social e psíquica: às vezes o paciente precisa amputar o membro, é necessário portanto do acompanhamento psicológico (lembrar também de transtorno pós-traumático, etc). CIRURGIA INICIAL -Ambiente estéril; • Centro cirúrgico. -Reparar lesões associadas; -Remover tecidos desvitalizados e/ou corpos estranhos → debridamento; -Irrigação abundante com solução salina: Até o soro sair limpo → não importa a quantidade de soro fisiológico, ringer lactato, soro glicosado ou água destilada; -Estabilizar a fratura; -Second look nas lesões graves. • Após 48 horas, faz uma segunda abordagem, limpando e debridando os tecidos necróticos que haviam deixado dúvida, por conta do risco de contaminação. -A estabilização é feita com fixadores externos ou tração esquelética: • O fixador externo, usado na estabilização provisória, também pode ser utilizado para a estabilização definitiva. • Tração esquelética não se usa mais para estabilização definitiva (apenas provisória), pelo risco de sarcopenia, rigidez nas articulações, etc. Amputação -Indicações absolutas imediatas → são mais literárias e mais claras: • Fraturas expostas da tíbia com lesão vascular (60% dos casos). o Manter o membro pode ocasionar rabdomiólise, síndrome compartimental, insuficiência renal, sepse, choque, falência múltipla de órgãos e morte. o Caso o paciente se negue ao tratamento → assinatura de termo de consentimento; o Quando não há familiares, paciente instável, o médico é responsável → amputar. -Indicações relativas imediatas: decisão muito difícil. Depende do potencial de melhora do paciente. Avisar os pacientes das complicações: dor crônica, encurtamento do membro, claudicação crônica, osteomielite com odor desagradável no membro com dificuldade na vida social. A decisão é do paciente. • Politrauma; • Idade; • Choque. -Indicações tardias: paciente passou por todo tratamento e evolui com alguma das situações a seguir -> amputação. • Sepse incontrolável; • Contraturas graves; • Dor crônica; • Áreas externas insensíveis; • Quando prótese é melhor que o membro. TIMING -Início e duração da antibioticoterapia; -Momento ideal da cirurgia; • Estabilização provisória (fazer quando o paciente se apresenta para o serviço de saúde); • Estabilização definitiva: precisa da convicçãode que não há infecção, tecidos desvitalizados (necrose) e existir cobertura cutânea. -Amputações. • Evolução com síndrome compartimental, rabdomiólise, não deixar entrar em sepse, insuficiência renal, pois pode ser tarde pra fazer a amputação. • Nas tardias, geralmente o paciente pede pra amputar, pela dor, estética, dificuldade em caminhar, etc. Não importa o tempo (se 1, 5 ou 25 anos). TRATAMENTO DEFINITIVO 1) Cirurgia plástica reconstrutora → desde que sem infecção, tecido necrótico; 2) Osteossíntese definitiva da fratura → após o enxerto ou retalho cicatrizar. Após fazer osteossíntese, como na fratura fechada (já que após o fechamento da ferida, a fratura até então exposta, passa a ser fratura fechada); 3) Reabilitação: • Em amputação, reabilitar para o uso da prótese; • Reabilitar em caso de sequelas no membro; • Reabilitar psicossocialmente. CONCLUSÃO -Fratura exposta é uma lesão grave com grande potencial de complicações; -Agir precocemente; -Escolher adequadamente o antibiótico; -Tratamento é osteossíntese, reconstrução e reabilitação do paciente; -Amputação é tratamento!
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