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Avaliação Física e Prescrição de Exercício

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AVALIAÇÃO FÍSICA E 
PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Anne Ribeiro Streb
Indaial - 2022
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2022
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
S914a
 Streb, Anne Ribeiro
 Avaliação física e prescrição de exercício. / Anne Ribeiro Streb. 
– Indaial: UNIASSELVI, 2022.
 119 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-368-1
 ISBN Digital 978-65-5646-369-8
1. Prescrição do treinamento. - Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo da Vinci.
CDD 796
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Princípios Gerais Da Avaliação E Da Prescrição
De Exercícios .................................................................................7
CAPÍTULO 2
Medidas E Avaliação ....................................................................39
CAPÍTULO 3
Prescrição Do Treinamento ......................................................81
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
O livro didático de Avaliação Física e Prescrição de Exercício está organizado 
em três capítulos, os quais atendem à ementa da disciplina, que preconiza 
que sejam apresentados conceitos básicos e processos para a avaliação física 
e prescrição de exercícios físicos para adultos sem diagnóstico médico de 
doenças. Ao término dos estudos, espera-se que você compreenda a importância 
da realização de medidas e avaliações, reconhecendo as principais técnicas, 
instrumentos e testes físicos que são frequentemente utilizados pelos profissionais 
da área e esteja apto a aplicá-las em sua atuação profissional. 
Além disso, almeja-se que você também possa construir prescrições de 
treinamento para capacidades físicas, considerando os princípios e elementos da 
periodização. A partir da avaliação física, obtém-se um conjunto de informações 
necessárias para a prescrição. Os princípios para a prescrição de exercícios 
físicos, que serão apresentados aqui, guiarão você no desenvolvimento de um 
plano de treinamento individualmente ajustado, cujo objetivo é melhorar a saúde 
e/ou aptidão física.
Para tanto, no Capítulo 1, você aprenderá os princípios gerais na avaliação e 
prescrição de exercícios, incluindo a avaliação preliminar de saúde e classificação 
de risco. No Capítulo 2, será dado enfoque aos processos de medir e avaliar, 
sobretudo acerca das medidas antropométricas, composição corporal e testes 
físicos para a mensuração da aptidão física. Por fim, o Capítulo 3 contempla 
assuntos relacionados à prescrição do treinamento para diferentes capacidades 
físicas, considerando as fases da organização do treinamento, tipos de 
periodização e estratégias de treinamento. 
Ao final de cada capítulo, há uma entrevista com um especialista na temática, 
que contará a você um pouco das experiências práticas que ele já passou e 
quais são as dicas que podem ajudar os novos profissionais a galgar uma nova 
trajetória. Ainda, você contará com exercícios de fixação, sugestões de leituras 
complementares e vídeos explicativos. 
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA 
PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Conceituar termos específi cos para a avaliação física e prescrição de exercício 
físico. 
• Avaliar e classifi car preliminarmente riscos para a prática de exercício físico.
• Identifi car os elementos e princípios da prescrição de exercício físico.
8
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
9
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este primeiro capítulo será introdutório e servirá de base para que nos 
aprofundemos na temática de avaliação física e prescrição de exercícios nos 
próximos. A seguir, alguns conceitos introdutórios, tais como testar, medir, avaliar, 
recomendar e prescrever, serão detalhados. Ao diferenciá-los, você perceberá 
como a execução de cada um deles poderá contribuir e otimizar a sua prática 
profi ssional. 
Além disso, abordaremos a avaliação preliminar de saúde e classifi cação de 
risco para a prática de exercícios físicos. A triagem de saúde pré-participação que 
é feita no primeiro contato com o aluno é um processo extremamente importante, 
que proporciona informações valiosas acerca do risco e do estado de saúde atual. 
É essencial que você, profi ssional, obtenha o máximo de informações possíveis 
a respeito das características do indivíduo, a fi m de maximizar os benefícios e 
reduzir os riscos. Todas as constatações poderão servir como alicerce para o 
desenvolvimento de um programa de exercícios efi ciente e seguro.
Por fi m, enfatizaremos os elementos e princípios da prescrição de exercícios 
para indivíduos sem o diagnóstico médico de doenças. Os conceitos, as defi nições 
e possíveis formas de aplicações serão apresentadas para que você crie novos 
olhares às possibilidades da práxis de cada um e para cada indivíduo que procurar 
seu auxílio profi ssional. 
2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 
Ao longo dos estudos, você já deve ter se deparado com uma série de 
palavras que costumam ser utilizadas com o mesmo signifi cado. No entanto, 
se estudarmos a fundo, cada um desses termos possui conceitos distintos e 
corriqueiramente são aplicados de forma errônea. Na prática profi ssional na 
área de Educação Física, existem alguns processos inerentes à nossa atuação, 
dentre eles: testar, medir, avaliar, recomendar e prescrever. Você sabe qual é 
a diferença entre eles? É importante que saibamos diferenciar o que cada um 
desses procedimentos representa, pois os resultados de cada um deles serão 
determinantes para o planejamento das estratégias de atuação. O Quadro 1 
apresenta as diferenças conceituais de testar, medir e avaliar. 
10
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
QUADRO 1 – DIFERENÇAS CONCEITUAIS ENTRE TESTAR, MEDIR E AVALIAR
TESTAR MEDIR AVALIAR
É o ato de verifi car o desem-
penho de uma determinada 
condição por meio de situações 
previamente organizadas, cha-
madas de testes. É uma das 
formas de medir e avaliar.
É o ato de descrever um 
fenômeno de forma quantitati-
va. Signifi ca atribuir número ou 
notas. Porém, esse processo 
não é conclusivo.
É o ato de interpretar dados 
quantitativos e qualitativos para 
obter parecer ou julgamento de 
valores, tendo por base refe-
renciais previamente defi nidos.
FONTE: A autora.
A principal diferença entre medida e avaliação é que a medida abrange o 
aspecto quantitativo, enquanto a avaliação abrange o aspecto qualitativo. Vejamos 
um exemplo. 
O teste de Cooper (COOPER, 1968), também conhecido como teste de 12 
minutos ou teste de 2.400 metros, comumente utilizado nos processos seletivos 
de concurso para militares, objetiva avaliar a aptidão aeróbia dos participantes. 
O processo de testar engloba a organização e a realização do desse protocolo 
já criado e validado. Porém, para que se possa atribuir uma classifi cação ao 
desempenho do participante, é necessário medir a distância percorrida durante 
os 12 minutos do teste. Com tal metragem, é possível avaliar se o resultado é 
ou não satisfatório, com base nos valores de referência para a idade e sexo do 
indivíduo. A partir disso, pode-seclassifi car como apto ou não, de acordo com a 
pontuação determinada no edital do concurso. 
 Há casos que só medir é o sufi ciente. Isso porque os valores representam 
algo absoluto, que por si só já informam o sufi ciente daquilo que se quer saber. 
A medida do perímetro da cintura, por exemplo, quando realizada em momentos 
distintos, por si só já informa se a pessoa aumentou ou diminuiu os centímetros. 
Porém, para quantifi car o risco do desenvolvimento de doenças cardiometabólicas, 
é preciso que se consulte tabelas de referências, de acordo com as características, 
para determinar se o risco é alto, moderado ou baixo. 
Recomendar e prescrever também são conceitos que comumente se 
confundem entre os profi ssionais da nossa área. Recomendações são um 
conjunto de indicativos que têm como objetivo principal difundir informações 
gerais, relativas principalmente à saúde pública. O intuito de recomendar a prática 
de atividade física é reduzir a inatividade física e controlar o ganho excessivo de 
peso.
11
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
 Elas costumam ser criadas em conjunto por órgãos governamentais, como 
a Organização Mundial da Saúde, que possui um conjunto de recomendações 
para a prática de atividade física e redução do comportamento sedentário, e é 
mundialmente conhecida e aceita (WHO, 2020). O nosso país também está 
organizando um Guia Brasileiro de Atividade Física, que recomendará práticas 
ativas, considerando algumas peculiaridades da nossa população. 
Por conseguinte, prescrições são um conjunto de orientações específi cas 
individuais que objetivam principalmente a melhora da aptidão física e estão 
ligadas aos objetivos pessoais. É o profi ssional de educação física a pessoa que 
é capaz de organizar e sistematizar a prescrição de exercícios físicos, pois tem a 
sua trajetória acadêmica pensada e articulada para a formação de profi ssionais de 
qualidade para tal. O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2014), 
por sua vez, apresenta algumas orientações específi cas para a prescrição. 
QUADRO 2 – SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO DOS 
CONCEITOS DE RECOMENDAÇÃO E PRESCRIÇÃO
FONTE: A autora.
RECOMENDAR PRESCREVER
Saúde pública
Informações gerais
Atividade física
Controle do peso
Inatividade física
Organização Mundial de Saúde (OMS)
Saúde individual
Informações específi cas
Exercício físico
Objetivos pessoais
Aptidão física
Colégio Americano de Medicina do Esporte 
(ACSM)
Outro exemplo em que a diferença entre prescrever e recomendar se aplica 
é a área da nutrição. Há um Guia alimentar para a população brasileira (BRASIL, 
2014) que recomenda o consumo de determinados alimentos de acordo com o 
grau de processamento e norteia hábitos alimentares saudáveis. Porém, somente 
o nutricionista, em sua prática profi ssional, conhece os seus pacientes, avalia 
as necessidades individuais e prescreve um plano alimentar de acordo com as 
especifi cidades de cada um.
12
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
Muito embora os termos “atividade física” e “exercício 
físico” sejam comumente utilizados como sinônimos, é preciso 
que tenhamos clareza de que eles representam e signifi cam coisas 
distintas. Abaixo, estão descritas as defi nições de acordo com 
Caspersen, Powell e Christenson (1985).
Atividade física: qualquer movimento corporal produzido 
pela contração de músculos esqueléticos e que resulte em gasto 
energético acima dos níveis de repouso. 
Exercício físico: toda atividade física planejada, estruturada e 
repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou 
mais componentes da aptidão física.
A legitimidade da nossa prática e o reconhecimento de valor daquilo que 
fazemos é produto de como desenvolvemos o nosso dia a dia. Nesse sentido, 
ter clareza, objetividade e fi dedignidade a aquilo que se propõe e, ainda, 
conhecimento técnico e científi co garantirá prosperidade ao profi ssional, seja ele 
de que área for, permitindo que os objetivos almejados sejam de fato alcançados. 
3 AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE 
SAÚDE E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
Nesta seção, apresentaremos as diretrizes para a triagem e classifi cação do 
risco de pré-participação a programas de exercício físico. Antes de iniciar qualquer 
proposta, o profi ssional de educação física responsável por ela precisa conhecer os 
candidatos à participação e identifi car possíveis preditores de eventos adversos. Isso 
porque o exercício físico pode elevar de maneira aguda e transitoriamente o risco de 
morte cardíaca súbita e de infarto agudo do miocárdio (ACSM, 2007). Tipicamente, 
tal prática não promove eventos cardiovasculares adversos. No entanto, a maioria 
das pessoas não está ciente do seu risco de doença cardiovascular ou de outras 
condições que podem ser afetadas pelo treinamento. 
A triagem é o primeiro passo importante para garantir uma experiência 
segura e agradável. Ela permite que sejam identifi cados aqueles que precisam de 
recursos adicionais antes de fazer uma avaliação de aptidão física e/ou de iniciar 
um programa de treinamento. Portanto, a avaliação preliminar de saúde consiste 
em um conjunto de procedimentos avaliativos anteriores à prescrição. 
13
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
Os principais objetivos desse procedimento são:
• conhecer as principais características sociodemográfi cas, 
comportamentais e de saúde do indivíduo; 
• identifi car possíveis contraindicações médicas; 
• detectar a presença de doenças; 
• identifi car os principais fatores de risco à saúde. 
Com essas informações, será possível estabelecer o protocolo de ação para 
dar sequência ao atendimento desse aluno. 
3.1 ANAMNESE
A primeira abordagem ao indivíduo que procura um profi ssional de educação 
física deve ser iniciada no sentido de conhecer o histórico de saúde pessoal, 
sinais e sintomas de doenças e características do estilo de vida da pessoa. Além 
disso, as expectativas quanto à prática de exercícios físicos também devem ser 
verifi cadas. Isso pode se dar por meio de uma anamnese, que é uma fi cha com 
tais informações. 
Há inúmeros exemplos de arquivos disponíveis, no entanto, você pode 
construir a sua da maneira que julgar mais adequado, incluindo o detalhamento 
que almeja. Além disso, atualmente, é possível fazer esses arquivos digitalmente, 
por meio de formulários eletrônicos. Isso permitirá, além do acesso remoto, o 
preenchimento digital e que você acesse facilmente as versões e históricos. 
Dentre as variáveis que você pode abordar, as informações sociodemográfi cas 
– tais como nome, sexo, idade, cor da pele, situação conjugal, profi ssão e nível 
de escolaridade – podem ser úteis. Para o histórico de saúde pessoal, você pode 
perguntar sobre a data da última consulta médica, diagnóstico de alguma doença, 
uso de medicação contínua/esporádica, sinais e sintomas específi cos que podem 
indicar alguma condição patológica, histórico de hospitalizações e lesões e 
queixas musculoesqueléticas.
Já para questões relacionadas ao estilo de vida, o essencial é que você saiba 
qual é o nível atual de atividade física desse indivíduo, o histórico de prática e um 
pouco sobre a rotina diária (exemplos: quanto tempo fi ca sentado por dia? Qual é 
a disponibilidade de horário para o treino?). Além disso, você também pode querer 
saber sobre hábitos alimentares, sintomas depressivos, estágio de mudança de 
comportamento e escalas de motivação. Para essas variáveis, existe uma série 
de instrumentos já validados para tal, os quais darão maior detalhamento e 
garantirão a fi dedignidade dos resultados encontrados.
14
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
DESAFIO
Procure uma anamnese na internet. Analise-a e destaque os 
pontos que você julga positivo. Aponte também aquilo que você 
mudaria (retiraria ou inseriria). Esse exercício, além de familiarizar 
você com esse tipo de instrumento, estimula a criticidadee a 
criatividade para aproveitar aquilo que já existe de uma forma 
otimizada a favor dos seus ideais.
Abaixo, você pode conferir dois instrumentos conhecidos e consolidados 
internacionalmente, que foram propostos pela Sociedade Canadense de Fisiologia 
do Exercício (CSEP) como ferramentas a serem utilizadas na avaliação preliminar 
de saúde.
No passado, a Sociedade Canadense de Fisiologia do Exercício 
(CSEP) desenvolveu um questionário de prontidão para a atividade 
física, amplamente conhecido como PAR-Q, que tinha como objetivo 
identifi car a necessidade de avaliação por um médico antes do início 
de um programa de exercício físico. No entanto, no ano de 2017, 
lançou o Get Active Questionnaire (CESP, 2017), uma ferramenta de 
pré-triagem baseada em evidências e destinada a rastrear facilmente 
as pessoas, para que participem com segurança de atividades 
e exercícios físicos. Ele é acompanhado por um documento de 
referência que permite que seja tomada uma decisão sobre a 
necessidade de avaliação médica ou a indicação de um profi ssional 
qualifi cado antes de se tornar mais fi sicamente ativo. Sua projeção 
é para que ele seja um instrumento autoaplicado a populações de 
todas as idades. Sua lógica é a mesma do PAR-Q, em que, caso seja 
preenchida a resposta afi rmativa em alguma das questões, devem 
ser conduzidas avaliações complementares.
Confi ra o instrumento na íntegra em: http://www.csep.ca/
CMFiles/GAQ_CSEPPATHReadinessForm_2pages.pdf.
15
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
Há outro instrumento, chamado Get Active Questionnaire for 
pregnancy (CESP, 2019), também desenvolvido pela Sociedade 
Canadense de Fisiologia do Exercício (CSEP). Ele é um guia para 
a avaliação da saúde prévia à participação em um programa de 
exercícios físicos no período pré-natal. A segurança dos programas 
de exercício pré-natais depende de um nível adequado de reserva 
fi siológica entre a mãe e o bebê. Essa ferramenta é uma lista 
de verifi cação e uma prescrição conveniente para ser usada por 
profi ssionais da saúde para avaliar gestantes que querem entrar 
em um programa de exercício pré-natal e para o acompanhamento 
médico contínuo de gestantes que se já exercitam. Você, profi ssional 
de Educação Física, pode apresentar tal instrumento e solicitar que 
a participante consulte seu médico e preencha as informações. 
Isso assegurará a integridade física da participante e regerá a sua 
conduta profi ssional.
Confi ra o instrumento na íntegra em: https://www.csep.ca/
getactivequestionnaire-pregnancy/CSEP-PATH_GAQ_P_Guidelines.pdf.
A análise do estado de saúde atual e histórico do aluno é fundamental para 
conhecer suas potencialidades e limitações. Essas informações ajudarão você, 
profi ssional, a avaliar o risco e a necessidade de um atestado médico para 
prosseguir. Uma possível barreira para se tornar fi sicamente ativo é a exigência 
de triagem de saúde pré-participação para exercícios, que pode envolver uma 
visita a um profi ssional de saúde e/ou testes diagnósticos adicionais. Ainda que 
esses possam identifi car doenças cardiovasculares ocultas, o encaminhamento 
desnecessário pode levar a uma alta taxa de respostas falso-positivas. 
Tais procedimentos, além de aumentar os custos em saúde na rede 
pública e privada, podem sobrecarregar o acompanhamento médico de forma 
desnecessária. Isso não quer dizer que não se deva ter cautela na avaliação 
preliminar, mas que o processo de triagem de saúde antes da participação de 
exercícios deve fornecer uma avaliação prudente, no sentido de minimizar 
barreiras para a adoção de um estilo de vida mais saudável e fi sicamente ativo.
As antigas recomendações para esse procedimento indicadas pelo Colégio 
Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2011) estipulavam que as pessoas 
com risco moderado (ou seja, assintomático, com dois ou mais fatores de risco 
para doença cardiovascular), deveriam ser submetidas a um exame médico antes 
16
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
de praticar exercícios de intensidade vigorosa. Também recomendavam que as 
pessoas com alto risco passassem por um teste de esforço e um exame médico 
antes de iniciar programas de exercícios de intensidade moderada e vigorosa. 
Porém, o ACSM reformulou as suas recomendações de condutas (RIEBE, 
2015). Isso ocorreu devido ao aumento das evidências de que o exercício é 
seguro para a maioria das pessoas, sendo que os eventos cardiovasculares 
relacionados ao exercício são frequentemente precedidos por sinais/sintomas de 
alerta. Além disso, tais riscos diminuem à medida que as pessoas se tornam mais 
ativas fi sicamente. Por isso, os objetivos do processo de triagem de saúde antes 
da participação de exercícios passaram a identifi car indivíduos:
• que devem receber autorização médica antes de iniciar um programa de 
exercícios ou aumentar a frequência, intensidade e/ou volume de seu 
programa atual; 
• com doença clinicamente signifi cativa, que podem se benefi ciar da 
participação em um programa de exercícios físicos, de acordo com a 
orientação médica; 
• com condições médicas que podem exigir a exclusão de programas 
de exercícios até que essas condições sejam atenuadas ou mais bem 
controladas. 
Essas novas recomendações de conduta enfatizam a importante mensagem 
de saúde pública da atividade física regular para todos e busca remover barreiras 
desnecessárias para a adoção e manutenção de um programa de exercício físico 
e de um estilo de vida mais ativo. Desse modo, Riebe et al. (2015) procuraram 
simplifi car o processo, eliminando a necessidade de autorização médica e/ou teste 
de esforço em muitos indivíduos, especialmente quando exercícios de intensidade 
baixa a moderada são contemplados. Para isso, foram elencadas três variáveis 
primordiais que ajudarão a guiar a recomendação. São elas:
• o nível atual de atividade física do indivíduo; 
• a presença de sinais ou sintomas e/ou doença cardiovascular, metabólica 
ou renal conhecida; 
• a intensidade de exercício desejada.
Veja, na Figura 1, um esquema que pode nortear a tomada de decisão 
de vocês quanto à necessidade de avaliação médica de um aluno que almeja 
iniciar ou permanecer em um programa de exercício físico, de acordo com as 
recomendações do ACSM.
17
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
FIGURA 1 – MODELO LÓGICO DE TRIAGEM DE SAÚDE 
PRÉ-PARTICIPAÇÃO AO EXERCÍCIO
FONTE: Adaptada de Riebe et al. (2015).
Utilizando esse modelo lógico de triagem, será possível determinar 
quais indivíduos podem manter-se e/ou iniciar um programa de treinamento 
de intensidade leve a moderada sem a necessidade de um atestado médico 
liberando-o para tal atividade. Ainda, apontará a necessidade de interromper 
a prática e procurar uma equipe médica para a realização de avaliações 
suplementares e, então, permanecer ou se engajar com a prática de exercícios 
físicos. 
É importante lembrar que o risco de eventos cardiovasculares relacionados 
ao exercício podem ser reduzidos drasticamente pelo zelo de uma prescrição 
segura e efi caz que: 1) garanta a fase de transição progressiva, em que a 
duração e a intensidade do exercício são gradualmente aumentadas; 2) defenda 
18
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
procedimentos adequados de aquecimento e resfriamento; 3) promova educação 
de sinais/sintomas de alerta aos praticantes; 4) incentive os indivíduos sedentários 
a se envolverem em caminhadas regulares, de modo a tirá-los do estado de 
sedentarismo; e 5) aconselhe indivíduos fi sicamente inativos a evitar atividade 
física vigorosa a quase máxima.
Quando se fala de doença, frequentemente nos deparamos 
com os termos sinais e sintomas. No entanto, cada um deles possui 
conceitos distintos e estão muito relacionados com quem percebe a 
manifestação clínica.
Sinais: alterações do organismo de uma pessoa que podem 
ser percebidas por meio do exame clínico oumedidas em exames 
complementares. Exemplos: febre, inchaço e coloração da pele.
Sintomas: alterações do organismo relatadas pelo próprio 
indivíduo, de acordo com sua percepção de sua saúde. Exemplos: 
dor, sede excessiva e fraqueza.
3.2 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 
Uma vez conhecida a informação sobre os sinais e sintomas e os fatores 
de risco, os potenciais participantes podem ser estratifi cados com base 
na probabilidade de ocorrerem eventos durante a prática de exercícios. A 
estratifi cação de risco se torna progressivamente mais importante à medida que a 
prevalência da doença aumenta na população que está sendo avaliada. Do centro 
do conceito de estratifi cação dos riscos está inerente a preocupação de que os 
sinais e sintomas representam um nível mais alto de cautela para a tomada de 
decisões do que os fatores de risco. O ACSM (2011) apresenta um modelo lógico, 
apresentado na Figura 2, para a estratifi cação dos riscos.
19
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
FIGURA 2 – MODELO LÓGICO DE TRIAGEM PRÉ-PARTICIPAÇÃO 
DO ACSM PARA A ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
FONTE: Adaptado de ACSM (2011)
20
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
A recomendações do ASCM para a necessidade ou não da liberação 
médica devem ser seguidas considerando as variáveis apresentadas. Contudo, 
a classifi cação de risco pode ser útil para que se aumente a vigília sobre os 
participantes que apresentam risco moderado. O profi ssional, ao conhecer o 
aluno, poderá identifi car momentos ou situações que podem exigir cautela com a 
continuidade da prática de exercício físico.
Os benefícios da atividade física superam em muito os possíveis riscos 
associados na maioria dos indivíduos. Lesões musculoesqueléticas são 
corriqueiramente vivenciadas e associadas ao exercício. Há, também, uma 
chance aumentada de eventos cardíacos agudos com exercícios físicos vigorosos 
não habituais. Entretanto, o risco absoluto de sofrer morte cardíaca súbita ou 
ataque cardíaco durante o esforço físico é muito pequeno. Evidências volumosas 
indicam que os prejuízos à saúde estão relacionados em maior magnitude com 
a manutenção da inatividade física do que ao engajamento na prática (STRAIN, 
2020; FRANKLIN, 2014). Ao passo que poucos dados estão disponíveis para 
sustentar a ideia de que a liberação médica aumenta a segurança durante as 
sessões de exercício físico. 
Além disso, não há como aplicar testes de esforço para prevenir ou predizer 
eventos cardiovasculares em praticantes assintomáticos. A opção pela não 
liberação para a prática de atividade física deve ser feita quando a anamnese 
contiver muitos relatos de saúde importantes, quando os instrumentos de 
prontidão para a prática de exercício físico obtiverem respostas positivas ou 
quando o risco de eventos cardiovasculares estiver classifi cado como moderado 
ou alto. Nesses casos, a conduta do profi ssional de educação física deve ser a de 
não iniciar as atividades até que seja apresentado atestado médico para tal, bem 
como a construção de um planejamento cauteloso e específi co para o indivíduo. A 
sua segurança e a dos participantes, tanto física como legal, precisam sempre ser 
garantidas e priorizadas. 
É importante destacar que abordamos a avaliação de risco para o ingresso 
em programas de treinamento, sondando a chance de que ocorram eventos 
cardiovasculares durante testes de esforço e nas sessões de treinamento. No 
entanto, é primordial que seja considerada a probabilidade de ocorrer outros 
eventos adversos, e não só cardiovasculares, inerentes à prática de exercício 
físico principalmente em populações especiais. Por exemplo, pessoas com 
diabetes mellitus descompensadas tendem a ter hipoglicemia pós-exercício, 
pacientes com doença arterial obstrutiva periférica podem sofrer com claudicação 
intermitente a qualquer momento, pessoas com obesidade facilmente podem 
lesionar os joelhos, idosos são mais vulneráveis a quedas etc. Por isso, é 
importante que, na anamnese, seja possível dimensionar a individualidade de 
cada um e tentar minimizar os riscos e maximizar os benefícios na prescrição. 
21
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
Ainda assim, é preciso que o profi ssional e o praticante estejam cientes e aptos 
para lidar com a adversidade.
Você pode conferir no livro ACSM's exercise management for persons 
with chronic diseases and disabilities, de autoria de Durstine e colaboradores 
(2016), uma série de informações para cada condição e como essas situações 
indesejáveis podem ser prevenidas e tratadas.
Os autores revisaram a literatura disponível que descrevia os 
riscos cardiovasculares do teste ergométrico e da participação 
em programas de exercício físico em indivíduos aparentemente 
saudáveis. Os dados sugeriram que os riscos de eventos fatais e não 
fatais durante o teste de esforço máximo raramente ocorrem (<0,8 
vezes por 10.000 testes). A incidência de eventos cardiovasculares 
adversos é extremamente baixa durante o exercício físico de 
vários tipos e intensidades. Os fatores de risco identifi cados e que 
aumentam o risco de respostas adversas foram: intensidade vigorosa 
(≥6 METs), ser do sexo masculino, ausência ou limitação no histórico 
de atividade física e idade avançada. 
Para maiores informações, confi ra o estudo na íntegra: 
GOODMAN, J. M. et al. Evidence-based risk assessment 
and recommendations for exercise testing and physical activity 
clearance in apparently healthy individuals. Physiology, nutrition, 
and metabolism, v. 36, p. S14-S32, 2011. Disponível em: https://
cdnsciencepub.com/doi/10.1139/h11-048?url_ver=Z39.88-2003&rfr_
id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed. Acesso em: 
17 set. 2021.
3.3 CONSENTIMENTO PARA TESTES 
DE APTIDÃO FÍSICA
Ainda considerando o primeiro encontro com o indivíduo que almeja iniciar 
um programa de treinamento, você pode informar a ele a realização de testes 
de aptidão física, que serão detalhados no próximo capítulo deste livro. Ainda 
que não seja obrigatória a assinatura de um termo de consentimento para essas 
22
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
avaliações, é amplamente aceito que isso seja feito. Essa pode ser uma garantia 
útil a você, ao participante e ao estabelecimento onde essas avaliações serão 
realizadas (por exemplo, na academia). Ele deve ser assinado antes da realização 
dos testes e medidas. Dentre os aspectos que ele pode abordar, destaca-se:
• os objetivos da avaliação; 
• a fi nalidade e explicação do desenvolvimento do teste; 
• os riscos e desconfortos inerentes aos testes aplicados e como eles 
podem ser minimizados; 
• a informação de que o participante está ciente dos procedimentos e que 
aceita, por livre e espontânea vontade, a realização;
• quais os benefícios esperados dessa avaliação; 
• deve-se assegurar a confi dencialidade dos resultados e garantir o 
recebimento de uma cópia;
• para crianças e adolescentes, é necessária a autorização formal do 
responsável legal. 
Para esse instrumento, você poderá utilizar exemplos de formulários de 
consentimento informado preexistentes. Mas também é possível que você crie 
o seu, de acordo com a especifi cidade daquilo que está propondo. Além disso, 
você pode aproveitar e colocar nesse termo as instruções a serem seguidas pelos 
alunos antes da realização do teste. A depender do caso, deve haver restrições 
na ingestão de determinadas bebidas e alimentos, orientações de vestimentas 
adequadas e uso de medicamentos.
Supervisão médica durante o teste de esforço
O teste de esforço de indivíduos de alto risco precisa ser 
supervisionado por um médico previamente treinado para a 
realização desse procedimento em uma clínica ou espaço adequado. 
Já para indivíduos de risco moderado, tal presença não é essencial. 
No entanto, dever-se-á seguir as regras e circunstâncias dos locais, 
atentar-se para o estado de saúde dos indivíduos e do treinamentoe 
da experiência da equipe laboratorial.
23
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
1 – Imagine-se recebendo uma pessoa interessada em iniciar um 
programa de treinamento. Descreva qual seria o roteiro que 
você estabeleceria para esse primeiro encontro. Justifi que sua 
resposta. 
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
4 ELEMENTOS E PRINCÍPIOS DA 
PRESCRIÇÃO
Os benefícios do exercício físico já foram amplamente discutidos na literatura 
nacional e internacional. Uma campanha lançada pelo ACSM em parceria com 
a Associação Médica Americana (AMA) no ano de 2007 viralizou a expressão 
“Exercício é remédio”. A ideia era tornar a avaliação e a promoção da atividade 
física em um padrão de cuidados clínicos e avançar na implementação de 
estratégias da atividade física baseada em evidência para promoção de saúde, 
prevenção e tratamento de doenças crônicas. É sabido que o exercício físico 
complementa e pode substituir, em parte, intervenções médicas tradicionais, além 
de reduzir ou eliminar a necessidade de medicação.
Maiores informações sobre a iniciatica podem ser conferidas no 
site eletrônico: 
https://www.exerciseismedicine.org/.
Porém, para caracterizar o exercício físico como remédio, é importante 
destacar a necessidade de se estabelecer dose, ou seja, qualidade e quantidade 
a ser prescrita. O termo prescrição de exercícios físicos, que se refere ao conjunto 
de orientações específi cas e individualizadas para o desenvolvimento da aptidão 
física ganha sentido e destaque. Nesse sentido, para a correta prescrição 
de exercícios físicos, ACSM sugeriu que sejam considerados seis elementos 
24
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
essenciais, sintetizados pelo acrônimo FITT-VP (ACSM, 2010; ACSM, 2014; 
GARBER et al., 2011):
• F – frequência;
• I – intensidade;
• T – tempo;
• T – tipo;
• V – volume;
• P – progressão. 
O FITT-VP deve ser aplicado a cada componente de um programa de 
exercícios completo, incluindo treinamento aeróbio, de resistência, fl exibilidade 
e neuromotor. Dentro desse escopo, uma prescrição de exercício deve ser 
individualizada, levando em consideração o estado de saúde (incluindo condições 
clínicas), aptidão física, idade, respostas de treinamento desejadas e objetivos 
individuais. Por exemplo, um programa de treinamento para um maratonista 
competitivo de 25 anos obviamente será diferente de um paciente de 65 anos que 
participa de um programa de reabilitação cardíaca. 
Inclusive, em um grupo aparentemente homogêneo, o planejamento deve ser 
individualizado para corresponder aos objetivos pessoais, bem como às diferentes 
respostas ao estímulo do exercício. Assim, todas as recomendações fornecidas 
pelo ACSM (2014) são apresentadas de uma forma que suporta a personalização 
para que se faça ajustes individuais de frequência, intensidade, tempo e tipo de 
atividade, além do volume e da progressão. Agora vejamos a especifi cação de 
cada um desses elementos.
A frequência corresponde à quantidade, ou seja, pode ser expressa em 
dias na semana (por exemplo, três vezes por semana) e de vezes por dia (por 
exemplo, duas vezes por dia). Pode depender de diversos fatores, como o tipo 
de treino que você está aplicando e nível de condicionamento físico do aluno. 
Usualmente, a frequência de exercícios aeróbios moderados utilizada é de cinco 
dias por semana ou três vezes por semana para os de intensidade vigorosa. Já 
para o treinamento de força, a frequência comumente utilizada é de dois a três 
dias por semana (ACSM, 2010). 
A intensidade, como o próprio nome sugere, faz menção ao quão intensa 
será a prática. Ela pode ser mensurada de diferentes formas. No treinamento 
aeróbio, usualmente adota-se percentual de consumo máximo de oxigênio e de 
frequência cardíaca de reserva. No treinamento de força, pode-se utilizar escalas 
de percepção de esforço e equivalentes metabólicos (METs) para tal quantifi cação 
(ASCM, 2010; BUSHMAN, 2014). 
25
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
O tempo refere-se à duração da sua sessão, que pode ser expressa em 
segundos, minutos ou horas. No treinamento aeróbio, as recomendações atuais 
são de que as atividades durem mais que 10 minutos ininterruptos, mas permeiam 
entre 30 e 60 minutos. No entanto, o treino de força pode variar bastante, 
dependendo da organização. Por exemplo, um treino de corpo todo pode levar 
até uma hora, enquanto treinar apenas alguns grupamentos musculares é mais 
rápido (ACSM, 2010). 
O tipo faz menção ao modo. Além da subdivisão relacionada às capacidades 
físicas, temos também outras categorias que podem ser desmembradas em 
cada uma delas. Nas atividades predominantemente aeróbias, podemos correr, 
caminhar, andar de bicicleta, dançar etc. O treino de força também oferece 
variedade, como a utilização de faixas elásticas, halteres, máquinas, entre outros 
(ACSM, 2010). 
O volume é o produto da frequência, intensidade e tempo. Ao longo de uma 
semana, por exemplo, pode-se estabelecer um determinado volume de exercício 
que pode ser manipulado, alterando qualquer um desses componentes. Em 
uma ocasião hipotética, na qual um aluno seu apresente pouca disponibilidade 
de horários para treinar, você pode aumentar a intensidade dos exercícios ou 
adicionar uma sessão extra naquela semana (aumentando a frequência) para 
poder compensar o tempo reduzido e manter a meta de volume semanal (ACSM, 
2014).
A progressão está relacionada ao grau de complexidade estabelecido. 
Signifi ca dizer também que, à medida que um programa de exercícios continua, é 
preciso fazer ajustes em cada um dos outros componentes do princípio FITT-VP. 
Dito isso, para continuar a progredir, alterações, preferencialmente relacionadas 
ao aumento de algum ou todos os componentes do volume, precisam ser 
realizadas (ACSM, 2014; BUSHMAN, 2018).
Veja o vídeo O que devo considerar na prescrição de exercícios 
físico: conceitos preliminares do FITT-VP. Trata-se de um vídeo curto, 
em que o professor comenta o conceito de FITT-VP e a aplicabilidade 
na prescrição de exercício. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=SByMWlC2C_4.
26
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
O treinamento, além de considerar os elementos supracitados, possui 
princípios básicos para a sua condução. Inicialmente, Tubino (1984) descreveu 
cinco princípios, que são: individualidade biológica, adaptação, sobrecarga, 
reversibilidade, interdependência volume-intensidade. Dantas (1995) atualizou o 
elenco dos cinco princípios preconizados por Tubino e incluiu mais um princípio, o 
da especifi cidade. Contudo, todos os seis princípios se inter-relacionam em todas 
as suas aplicações, como ilustra a Figura 3 abaixo.
Essa posição objetivou fornecer orientações aos profi ssionais 
que prescrevem de forma individualizada exercício físico para adultos 
aparentemente saudáveis de todas as idades. Essas recomendações 
também podem ser aplicadas a adultos com certas doenças crônicas 
ou defi ciências, quando devidamente avaliados. Esse documento 
substitui a posição do American College of Sports Medicine (ACSM) 
do ano de 1998. 
Para maiores informações, confi ra o documento na íntegra:
GARBER, C. E. et al. Quantity and quality of exercise for 
developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, 
and neuromotor fi tness in apparently healthy adults: guidance for 
prescribing exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 
2, p. 1334-1359, 2011.
27
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
FIGURA 3 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
FONTE: Adaptado de Tubino (1984) e Dantas (1995).
• Individualidade biológica 
A individualidade biológica refere-se aofenômeno que explica a variabilidade 
entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam pessoas 
iguais entre si (TUBINO, 1984). Cada organismo reage aos estímulos recebidos, 
sejam eles exercício físico ou não, de maneira única, pois possui uma estrutura 
e formação física e psíquica própria. Características como idade, personalidade, 
habilidades e destrezas, estilo de vida e o meio ambiente em que estão 
inseridos modulam os comportamentos e as respostas ocasionadas. Portanto, 
o treinamento individualizado promove melhores resultados, pois consegue 
priorizar as características e necessidades de cada um. Grupos homogêneos 
também facilitam o treinamento coletivo, no entanto, cabe ao profi ssional 
responsável verifi car as potencialidades, necessidades e fraquezas de cada um 
dos componentes para que os objetivos do treinamento sejam alcançados.
Além disso, cada pessoa tem um teto genético que limita o aperfeiçoamento. 
Essa é a capacidade biotipológica, que é composta do fenótipo e genótipo. O 
genótipo é o responsável pelo potencial do indivíduo. Isso inclui fatores como 
composição corporal, biótipo, altura máxima esperada, força máxima possível, 
percentual de fi bras musculares dos diferentes tipos, entre outros. Já o fenótipo 
responde pela evolução das capacidades envolvidas no genótipo. Nele, inclui-se 
28
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
tanto a adaptação ao esforço físico e a treinabilidade das habilidades esportivas 
quanto a extensão da capacidade de aprendizagem do indivíduo (JUSTINA; 
MEGLHIORATTI; CALDEIRA, 2012). Ainda assim, o indivíduo precisa ser sempre 
considerado em sua totalidade, com a junção do genótipo e do fenótipo, dando 
origem ao somatório das especifi cidades que o caracterizarão. 
• Adaptação 
É possível dizer que a adaptação é um dos princípios não só do treinamento, 
mas também da natureza. Aquelas de cunho biológico, decorrentes da prática 
esportiva, apresentam-se como alterações dos órgãos e sistemas. É nesse 
processo que ocorre uma reorganização orgânica e funcional do organismo, 
frente a exigências internas e externas que ocorrem regularmente. Não se pode 
esquecer que as adaptações são reversíveis e precisam constantemente ser 
revalidadas (TUBINO, 1984). 
A capacidade de adaptação ou “adaptabilidade” é o nome que se dá a 
diferentes formas de assimilação dos estímulos perante a mesma qualidade 
e quantidade de exercícios e/ou carga de treinamento. Ela pode ser atribuída 
à relação entre organismo e ambiente, sob o ponto de vista da predisposição 
hereditária e genética. 
O conceito de homeostase pode nos ajudar a compreender esse princípio. 
Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas que 
constituem o organismo de um ser vivo e aquilo que existe entre ele e o meio 
ambiente. A homeostase pode ser quebrada por fatores internos ou externos, 
como o esforço físico, e sempre que ela é perturbada, o organismo dispara um 
mecanismo compensatório que procura restabelecer o equilíbrio. Ou seja, todo 
estímulo provoca reação, acarretando uma resposta adequada e podendo gerar 
adaptações. Assim, todas elas precisam ser consideradas no planejamento da 
prescrição de exercícios físicos. 
Quando falamos em treinamento físico, não devemos pensar em adaptação 
somente de modo pragmático. É preciso adaptar-se a vários outros fatores, além 
do fi siológico propriamente dito. Como exemplo disso, podemos citar adaptações 
emocionais, ambientais e da rotina. Elas podem ocorrer ora para você, como 
treinador ou professor, ora para o aluno. Imagine a situação de mudança entre 
os estados do nosso país. Alguém que morava na região Sul e passa a morar 
na região Norte, por certo deverá estranhar o clima quente. Então, treinar em 
espaços abertos em horários em que a temperatura costuma estar mais amena 
talvez seja uma estratégia possível de se fazer para colaborar com as adaptações 
que ocorrerão. 
29
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
• Sobrecarga
Para desenvolver qualquer um dos componentes da aptidão física, 
o organismo deve ser submetido a estímulos mais fortes do que se está 
normalmente acostumado. O aumento regular e progressivo da carga de trabalho 
é que possibilitará ganhos nas valências física. A sobrecarga pode ser alcançada 
mediante aumentos na frequência, intensidade ou duração dos exercícios aeróbios, 
por exemplo. Os grupos musculares podem ser efetivamente sobrecarregados 
por meio de aumento da carga de trabalho (quilagem por exemplo), número de 
repetições, séries ou redução do intervalo. É importante que esse aumento seja 
quantifi cado. O equilíbrio entre carga aplicada e tempo de recuperação é que 
garantirá a existência da supercompensação de forma permanente.
Esse princípio também remete à ideia de progressão gradual, que é 
fundamental para qualquer processo de evolução desportiva. Para melhorar a 
condição funcional do organismo, o programa de treinamento deve prever novos 
estímulos de maneira progressiva e com regularidade. Se um mesmo nível de 
esforço é sempre repetido, o organismo se adapta e deixa de evoluir. Ainda 
assim, o responsável profi ssional deve ter bom senso ao defi nir a sobrecarga que 
trabalhará com o seu aluno, observando todos os outros princípios do treinamento, 
respeitando as necessidades e anseios do aluno e, principalmente, os limites 
éticos do treinamento. 
• Interdependência volume-intensidade
Esse princípio está intimamente ligado ao da sobrecarga, pois o incremento 
das cargas de trabalho é um dos fatores que melhora a performance (TUBINO, 
1984). Esse aumento ocorrerá por conta do volume e da intensidade, que deverão 
sempre estar adequadas às fases de treinamento, seguindo uma orientação de 
interdependência entre si. Qualquer tipo de treinamento que produza aumento de 
volume irá automaticamente induzir queda na intensidade, sendo que o contrário 
também é verdadeiro. Assim, é indispensável que o profi ssional pondere sua 
prescrição e não exponha seu aluno a riscos desnecessários e que são passíveis 
de prevenção. 
• Reversibilidade
Também chamado de princípio da continuidade ou destreinamento, está 
intimamente ligado ao da adaptação, pois a continuidade ao longo do tempo é 
primordial para o organismo se adaptar progressivamente (TUBINO, 1984). Esse 
princípio diz respeito à interrupção do treinamento e os seus efeitos deletérios. 
Porém, não se pode confundir com o intervalo entre as sessões de treino, já que 
ela deve ocorrer de modo sufi ciente a permitir a recuperação muscular (entre 24 
e 48 horas), ou seja, nem demasiadamente curta e nem exageradamente longa. 
30
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
Os efeitos fi siológicos positivos e os benefícios à saúde advindos do 
treinamento físico regular são reversíveis. Quando os indivíduos descontinuam o 
exercício, ocorre o que chamamos de destreinamento: a capacidade de exercício 
diminui e os benefícios do treinamento são perdidos. Logicamente, esse processo 
acontece em diferentes magnitudes e velocidades, de acordo com cada indivíduo. 
Ainda assim, a continuidade é importante, inclusive no treinamento amador e no 
lazer, e não somente no aspecto fi siológico, mas também no aspecto psicológico, 
por exemplo, entre outros aspectos cujos fatores podem interferir na prática 
esportiva. 
• Especifi cidade 
O princípio da especifi cidade é aquele que impõe, como ponto essencial, 
que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos específi cos daquilo 
que se almeja, em termos de qualidade física interveniente, sistema energético 
preponderante, segmento corporal e coordenações psicomotoras (DANTAS,1995). 
As respostas e adaptações fi siológicas e metabólicas do corpo ao treinamento 
físico são específi cas para o tipo de exercício e para os grupos musculares 
envolvidos. 
Assim, exercícios aeróbios desenvolvem resistência aeróbia; exercícios 
de alongamento desenvolvem amplitude de movimentoarticular e fl exibilidade; 
e exercícios de força desenvolvem resistência e força musculares, sendo 
específi cos para os grupos musculares exercitados, tipo, velocidade e intensidade 
do treinamento. 
É esse princípio que explica por que um campeão de ciclismo não tem, 
necessariamente, um grande desempenho em uma corrida ou em uma prova de 
natação. Então, pensando em uma determinada modalidade, pressupõem-se que 
o treinamento utilizado para o aprendizado e o desenvolvimento dos respectivos 
gestos específi cos deva ser priorizado. 
• A inter-relação dos princípios 
Como é possível ver na Figura 3, a integração entre esses princípios adquire 
inestimável importância. Cada um deles tem a sua especifi cidade de relatividade, 
ainda assim, quando associado aos demais, assume uma importância maior. 
Podemos certamente concluir que somente com o conhecimento de todos os 
princípios é possível realizar um treinamento ideal e efi caz. Provavelmente, a 
excelência em treinamento deve estar acompanhada do profundo saber de todos 
os princípios aqui comentados e a sua inter-relação, além de mais outros tantos 
tópicos da prescrição do treinamento, que abordaremos nos próximos capítulos 
com mais ênfase (TUBINO, 1984). 
31
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
Refl ita 
Esses são os princípios básicos do treinamento já amplamente 
difundidos na literatura atual. Ainda assim, a prática profi ssional 
também precisa necessariamente estar pautada em tantos outros 
princípios, principalmente naqueles que concernem a ética e 
segurança. 
Além disso, deve-se considerar a totalidade do indivíduo em 
questão, prezando pelo seu desenvolvimento global. Ademais, 
vale ressaltar que a nossa formação está alocada na grande 
área da saúde. Tendo a saúde um conceito complexo e dinâmico, 
precisamos considerar a interdisciplinaridade da prática, sabendo 
que a efetividade daquilo que propomos perpassa por outras 
tantas esferas de intervenção. A colaboração e a integração entre a 
nutrição, a medicina, a psicologia, a farmácia são determinantes para 
a consolidação dos resultados almejados pelo nosso planejamento.
Com base nos elementos FITT-VP e nos princípios básicos do treinamento 
que já vimos até aqui, você já pode ter uma ideia do quão complexo é o processo 
de prescrição do treinamento. São inúmeras as variáveis que precisam ser 
consideradas, avaliadas e reavaliadas constantemente. Portanto, é importante 
que você, profi ssional de educação física, encare isso com seriedade, tenha 
domínio da temática e esteja sempre pronto para construir novos conceitos e 
reformular aqueles que você já tinha antes estabelecido. Não se esqueça de que 
a nossa formação deve ser contínua, visando ao melhoramento e à atualização. 
Além disso, tenha em mente que a nossa conduta profi ssional e todas as 
nossas tomadas de decisão precisam ser baseadas em evidências científi cas 
consolidadas, e não em “achismo”, oportunismo e modismo.
32
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
1 – Descreva os elementos do acrônimo FITT-VP.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2 – Pense em uma modalidade desportiva e aplique os princípios 
básicos do treinamento, exemplifi cando como cada um deles 
pode ser considerado. 
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Entrevista com especialista: Jucemar Benedet
Possui graduação em Educação 
Física (Licenciatura Plena) pela 
Universidade Federal de Santa Catarina, 
especialização em Atividade Física e 
Saúde (UFSC), Mestrado em Nutrição 
(UFSC) e Doutorado em Educação Física 
(UFSC). Atualmente, é professor do 
Departamento de Educação Física da 
UFSC, atuando no âmbito do ensino, pesquisa e extensão na área 
de exercício físico para populações especiais e esportes. Atuou 
como personal trainer por mais de 15 anos, atendendo alunos com 
diferentes perfi s e distintos objetivos.
1 – Para você, qual é a importância da avaliação preliminar 
de saúde nos interessados em ingressar em um programa de 
treinamento?
R.: A avaliação preliminar de saúde é a ferramenta de base 
mais importante que o personal trainer dispõe para iniciar com 
assertividade o seu trabalho. Nesse contexto, vale muito ter bons 
33
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
instrumentos e procedimentos para avaliar o aluno, assim como 
saber interpretar corretamente as informações antes da prescrição 
das atividades, principalmente nos ciclos iniciais de treinamento. 
Como produto de um bom processo avaliativo preliminar, destaco 
as facilidades para a periodização dos exercícios requeridos pela 
condição do aluno, convergindo às necessidades fi siológicas com 
as expectativas individuais, fato extremamente importante para a 
fi delização dos alunos e estabelecimento do personal trainer no 
concorrido mercado de trabalho. Adicionalmente, mas não menos 
importante, permite a prescrição dentro dos limites de segurança, 
principalmente em populações com comorbidades. Em síntese, um 
bom processo avaliativo preliminar é determinante para o sucesso 
das etapas posteriores! 
2 – Na prática, como você costuma utilizar os principais 
elementos e princípios da prescrição do treinamento? 
R.: Os princípios e elementos da prescrição são os norteadores 
do processo de treinamento. A capacidade de manipular e organizar 
essas variáveis determinará o quanto você é capaz de propor 
atividades com criatividade e centradas nos objetivos do aluno. 
Dispensa maiores comentários a necessidade de que os princípios e 
elementos devem ser pensados de forma individualizada e vinculados 
ao processo avaliativo preliminar. Existem diversas maneiras de se 
organizar uma periodização, porém é razoável imaginar os princípios 
do treinamento como alicerces e os elementos como componentes 
essenciais na prescrição do treinamento. Uma maneira simples 
e efi caz de organizar o treinamento e, consequentemente, os 
elementos é a montagem de ciclos de 14 dias (duas semanas) em 
que o produto das sessões seja somatório, em prol do objetivo do 
período. Trata-se apenas de uma forma de organização que permite 
elencar propósitos menores ao longo de ciclos maiores, além de 
facilitar a reorganização mensal das atividades. Independentemente 
da identidade que você dispõe e está desenvolvendo para a 
prescrição de exercícios físicos, jamais desconsidere os princípios e 
elementos do treinamento na organização das atividades.
34
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, você viu que: 
• testar é o ato de verifi car o desempenho de uma determinada condição 
por meio de situações previamente organizadas chamadas testes; 
• medir é o ato de descrever um fenômeno de forma quantitativa;
• avaliar é o ato de interpretar dados quantitativos e qualitativos para 
obter parecer ou julgamento de valores, tendo por base referenciais 
previamente defi nidos;
• recomendações são um conjunto de indicativos que têm como objetivo 
principal difundir informações gerais, relativas principalmente à saúde 
pública;
• prescrições são um conjunto de orientações específi cas individuais que 
objetivam principalmente a melhora da aptidão física e estão ligadas aos 
objetivos pessoais;
• atividade física é qualquer movimento corporal produzido pela contração 
de músculos esqueléticos e que resulte em gasto energético acima dos 
níveis de repouso;
• exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva 
que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais 
componentes da aptidão física;
• a avaliação preliminar de saúde consisteem um conjunto de 
procedimentos avaliativos anteriores à prescrição;
• a primeira abordagem ao indivíduo que procura um profi ssional de 
educação física deve ser iniciada com uma sondagem no sentido de 
conhecer o histórico de saúde pessoal, sinais e sintomas de doenças e 
características do estilo de vida da pessoa;
• a recomendação atual para a necessidade de avaliação médica deve 
considerar o nível atual de atividade física do indivíduo, a presença de 
sinais ou sintomas e/ou doença cardiovascular, metabólica ou renal 
conhecida e a intensidade de exercício desejada;
• sinais são alterações do organismo de uma pessoa que podem 
ser percebidos por meio do exame clínico ou medidas em exames 
complementares;
• sintomas são alterações do organismo relatadas pelo próprio indivíduo, 
de acordo com sua percepção de sua saúde;
• os seis elementos da prescrição do treinamento são frequência, 
intensidade, tempo, tipo, volume e progressão, sintetizados pelo 
acrônimo FITT-VP;
• os princípios básicos para a prescrição do treinamento são – 
individualidade biológica, adaptação, sobrecarga, reversibilidade, 
interdependência volume-intensidade e especifi cidade. 
35
PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
 Ao fi nal, você já é capaz de conceituar termos específi cos para a avaliação 
física e prescrição de exercício físico. Além disso, sabe avaliar e classifi car 
preliminarmente riscos para a prática de exercício físico, reduzindo a ênfase 
na necessidade de avaliação médica como parte do processo de triagem pré-
participação em um programa de exercícios progressivo entre pessoas saudáveis. 
Ademais, está ciente dos cuidados recomendados para os procedimentos do 
primeiro contato com o aluno. Estudamos também os elementos e princípios 
para a prescrição de um programa de exercícios físicos não só para a melhora da 
aptidão física, mas também para a saúde em geral. 
No próximo capítulo, detalharemos os procedimentos de medidas e 
avaliações a serem realizados antes da construção de uma prescrição de 
exercício físico, bem como uma ferramenta para o acompanhamento dos efeitos 
do treinamento. 
Até lá! 
REFERÊNCIAS
ACSM. Diretrizes do ACSM para teste de esforço e prescrição. 8. 
ed. Filadélfi a: Lippincott Williams & Wilkins, 2010. 
ACSM. Recursos do ACSM para o personal trainer. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2011.
ACSM. ACSM's guidelines for exercise testing and prescription. 9. ed. 
Filadélfi a: Lippincott Williams & Wilkins, 2014.
ACSM. Exercise and acute cardiovascular events: placing the risks into 
perspective – a scientifi c statement from the American Heart Association Council 
on Nutrition, Physical Activity, and Metabolism and the Council on Clinical 
Cardiology. Circulation, v. 115, n. 17, p. 2358-2368, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. 
ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
BUSHMAN, B. A. Determining the I (Intensity) for a FITT-VP aerobic exercise 
prescription. ACSM's Health & Fitness Journal, v. 18, n. 3, p. 4-7, 2014.
BUSHMAN, B. A. Developing the P (for Progression) in a FITT-VP Exercise 
Prescription. ACSM's Health & Fitness Journal, v. 22, n. 3, p. 6-9, 2018.
36
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
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PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 
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38
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
CAPÍTULO 2
MEDIDAS E AVALIAÇÃO
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Reconhecer testes e medidas para determinado fi m. 
• Interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter parecer ou julgamento 
de valores com bases referenciais previamente defi nidas.
• Conduzir testes físicos para avaliar a aptidão física.
40
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
41
MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Depois de identifi car limitações ou restrições associadas à saúde e 
determinar os objetivos do aluno com a prática de exercícios, chegou a hora de 
realizar a avaliação do condicionamento físico. Portanto, este segundo capítulo 
será destinado para a compreensão das medidas e avaliações que podem ser 
utilizadas para tal. 
Para isso, você contará com uma breve contextualização dos conceitos 
básicos relacionados à cineantropometria, antropometria, validade, 
reprodutibilidade e objetividade. Ainda, será apresentada a classifi cação dos tipos 
e formas de avaliação. Além disso, aspectos sobre a validade, reprodutibilidade e 
especifi cidade e critérios de qualidade de instrumentos serão detalhados. 
Em um segundo momento, o enfoque será dado às técnicas e instrumentos 
utilizados no âmbito das medidas e avaliações em educação física, sobretudo 
acerca das medidas antropométricas e outras medidas de composição corporal. 
Ademais, serão descritos os testes e procedimentos para a avaliação da 
aptidão física relacionadas à saúde, sendo abordados componentes da aptidão 
cardiorrespiratória, força máxima, resistência muscular e fl exibilidade.
2 CONCEITOS 
Em todas as áreas de atuação dos profi ssionais de educação física, é 
necessáriaa adoção de estratégias para averiguar se a proposta de trabalho 
está atingindo os objetivos almejados. Para isso, são consideradas algumas 
técnicas de medidas e avaliações. Aspectos relacionados às tais técnicas são 
historicamente antigos, ainda que, com o passar dos anos, as formas e os critérios 
de avaliação tenham se modernizado e sofrido aperfeiçoamento teórico. Nesse 
sentido, inúmeros termos relacionados às medidas e avaliações têm surgido, 
dentre eles: a antropometria e a cineantropometria. 
A palavra “antropometria” possui origem grega. Assim, anthropo 
identifi ca “homem” e metry signifi ca “medida”, ou seja, destina-
se à medição dos segmentos corporais. A antropometria consiste 
em procedimentos e processos científi cos para obter medidas 
dimensionais anatômicas de superfícies, tais como comprimentos, 
42
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
diâmetros, perímetros e dobras cutâneas do corpo humano por meio 
de equipamentos especializados.
Já a palavra “cineantropometria”, também de origem grega, adiciona a 
derivação de kines, que signifi ca “movimento”, ou seja, destina-se à medição 
do homem em movimento. Esse termo possui maior amplitude conceitual 
e, por isso, sugere o uso da medida no estudo do tamanho, da forma, da 
proporcionalidade, da composição, da maturação e da função geral do corpo 
humano. A cineantropometria nos auxilia a entender o movimento humano no 
contexto de crescimento, de atividade física, exercício físico, desempenho e 
nutrição (PETROSKI, 2011).
Outro ponto importante a ser abordado aqui é a avaliação. Esse procedimento 
pode se dar de diferentes tipos e formas. Cada uma delas possui suas 
particularidades e cabe ao profi ssional escolher qual tipo de avaliação utilizará. É 
possível também utilizar os tipos de avaliação de forma combinada, sem ter que 
escolher entre uma avaliação ou outra. Veja, na Figura 1, os tipos de avaliação. 
FIGURA 1 – TIPOS DE AVALIAÇÃO
FONTE: A autora
43
MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 
Além disso, as avaliações podem ser referenciadas por normas ou por 
critérios e cada uma possui suas características próprias (ROJAS; BARROS, 
2003). A avaliação por norma é a referência de avaliação que expressa o 
comportamento (distribuição) normal da variável sob a análise na população. 
Como exemplo, temos o IMC. A determinação do estado nutricional como baixo 
peso, peso normal, sobrepeso e obesidade se dão de acordo com uma faixa já 
preestabelecida e amplamente aceita pela comunidade. 
Já a avaliação por critério geralmente é um valor arbitrário, que apresenta 
um padrão mínimo de desempenho. Essa forma de avaliação frequentemente é 
utilizada em testes físicos classifi catórios, em que há um mínimo (de repetição e/
ou distância) a ser atingido para poder seguir no processo de seleção. 
Todos já reconhecemos a necessidade de avaliar os alunos, clientes e/
ou atletas que estão engajados em treinamento físico para que saibamos se o 
programa tem proporcionado os resultados esperados ou não. Mas você pode 
se perguntar: e como eu escolho os melhores instrumentos de avaliação? 
Obviamente, para a seleção do instrumento, você precisa ter delimitado 
previamente o que quer avaliar para que saiba quais as ferramentas que estão 
disponíveis para o uso. 
Para a seleção do instrumento de avaliação ideal, você deve considerar 
alguns critérios: qualidade do teste, aspectos práticos e pedagógicos e a utilização 
dos resultados. A qualidade do teste se refere à validade, reprodutibilidade e 
objetividade. Os aspectos práticos contemplam a viabilidade e a economia do 
teste, enquanto os pedagógicos se referem à facilidade de entendimento e à 
motivação. Já a utilização de recursos engloba a especifi cidade e a prescrição 
(ROJAS; BARROS, 2003).
Para maior aprofundamento na temática, sugere-se a leitura 
do capítulo Medidas, testes e avaliação: conceitos fundamentais, 
de autoria de Rojas e Barros, do livro Medidas da atividade física, 
organizado por Barros e Nahas e publicado no ano de 2003. 
Entre os critérios supracitados, destaca-se a qualidade dos instrumentos 
que serão utilizados para a avaliação. Um bom teste costuma ter três principais 
características: ser válido, reprodutível e objetivo. Veja abaixo a descrição de cada 
um deles, de acordo com Rojas e Barros (2003).
 
44
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
• Validade: é o critério que defi ne o grau de precisão e o erro de medida 
de um determinado teste. Um teste é válido quando ele mede aquilo que 
se propõe a medir. O ideal é que os testes possuam elevado grau de 
precisão e, por conseguinte, pequena margem de erro. É importante 
considerar que há diferentes tipos de validade, tais como lógica ou de 
face, de conteúdo, de constructo, concorrente e preditiva.
• Reprodutibilidade: refl ete a consistência entre as medidas obtidas em 
duas ou mais aplicações consecutivas do mesmo teste. Um teste, para 
ser considerado reprodutível, deve apresentar resultados aproximados 
dessas duas aplicações. Pode-se dizer que quanto maior for a 
reprodutibilidade do teste, mais estáveis e precisas serão as medidas 
obtidas.
• Objetividade: é um indicador específi co de reprodutibilidade que se 
refere ao grau de concordância entre diferentes avaliadores durante a 
administração de um mesmo instrumento de medida. Um teste é objetivo 
quando produz resultados semelhantes se administrado por diferentes 
profi ssionais. Há inúmeros fatores que podem infl uenciar a objetividade 
de um teste, por exemplo a forma como as instruções foram fornecidas 
ao avaliado e as condutas ou o estado de humor do avaliador no ato 
da aplicação do teste. Ressalta-se que testes objetivos sofrem pouca 
interferência da participação do avaliador. 
Na prática, você deve ter clareza do que quer avaliar. A partir disso, você 
deverá procurar testes específi cos para tal fi nalidade. Os testes que são validados 
costumam ser divulgados em formato de artigo científi co e publicados em 
periódicos de qualidade. Além disso, você pode buscar por referências que já 
tenham aplicado o instrumento que você está considerando. Isso permitirá a você 
ter um norte/modelo de como proceder, além de ter resultados semelhantes para 
comparar com aqueles que coletou. 
Nesse sentido, recomenda-se que, anteriormente, o profi ssional defi na qual 
será o tipo de avaliação a ser realizada, como será a sua interpretação e qual o 
teste ideal a ser utilizado, de acordo com o seu objetivo e a sua aplicabilidade 
na prática. Os principais objetivos das medidas e da avaliação, na área de 
atuação do treinador individual, são: acompanhar o processo de crescimento e 
desenvolvimento dos alunos; avaliar o estado do indivíduo ao iniciar um programa 
de exercícios; detectar limitações físicas; auxiliar o indivíduo na escolha de uma 
atividade física que, além de motivá-lo, possa desenvolver aptidões; acompanhar 
o progresso do indivíduo; e estabelecer e reajustar programa de treinamento.
Você deve se lembrar que, no Capítulo 1, estudamos que a prescrição de 
exercícios tem como objetivo melhorar a aptidão física. Essa, por sua vez, pode 
englobar componentes de diferentes dimensões. Inicialmente, os exercícios 
45
MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 
podem estar voltados à saúde, relacionados com a resistência cardiorrespiratória, 
força/resistência muscular, fl exibilidade e composição corporal. 
No entanto, também podem envolver habilidades desportivas em que as 
variáveis, tais como agilidade, equilíbrio, coordenação, potência e velocidade, são 
valorizadas (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000). A depender da população e do objetivo 
de cada aluno, o professor pode/deve elencar quais as capacidades que podem/
precisam ser avaliadas. Abaixo, detalharemos como algumas dessas capacidades 
podem ser avaliadas.
A ordem de aplicação dos testes também costuma ser um fator 
de confusão aos avaliadores, pois há distintas recomendações. 
O ACSM (2014) sugere que se inicie pelaavaliação da frequência 
cardíaca e/ou pressão arterial (caso elas sejam feitas), pois esses 
métodos têm pressupostos relacionados ao estado de repouso. 
Em seguida, os procedimentos para a determinação da 
composição corporal podem ser executados. Isso porque eles 
podem ter seus resultados infl uenciados se executados após um 
teste de esforço. Ao fi nal, realiza-se as avaliações de aptidão 
cardiorrespiratória, força e fl exibilidade, respectivamente. 
Logicamente, essa ordenação só faz sentido se a avaliação 
acontecer no mesmo dia.
1 – Diferencie os termos antropometria e cineantropometria. 
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2 – Relacione os itens I, II e III de acordo com o tipo de avaliação a 
que se referem.
I- Consiste no tipo de avaliação feito continuamente ao longo do 
processo de ensino-aprendizagem.
II- Representa o conjunto de todas as avaliações realizadas no fi m de 
cada unidade do planejamento. 
III- Avalia as condições iniciais do indivíduo. 
46
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
( ) Avaliação diagnóstica.
( ) Avaliação formativa.
( ) Avaliação somativa.
3 ANTROPOMETRIA
As medidas e avaliações são um universo complexo, sendo possível realizar 
diferentes tipos de avaliação, entre elas a do crescimento físico. Para tal, recorre-
se às medidas antropométricas, que possuem especifi cidades em cada uma 
delas. Precisaríamos de um livro inteiro muito maior que este para que todas as 
possibilidades de tais medidas fossem abordadas. Ademais, haveria inúmeros 
outros detalhamentos que seria oportuno realizar, como a apresentação e 
caracterização dos instrumentos utilizados nos procedimentos, descrição e análise 
de pontos anatômicos e outros mais. Como isso não é possível, estudaremos aqui 
requisitos básicos para a obtenção dessas medidas, mas recomendo fortemente 
que, caso seja de seu desejo especializar-se nessa temática, utilize mais fontes 
de conhecimentos, como livros, artigos científi cos, vídeos e cursos indicados ao 
longo do capítulo para aprofundar-se nessa temática. 
Há inúmeros protocolos de avaliação antropométrica na literatura e, de 
acordo com cada autor, a proposta muda. Além disso, cada um deles especifi ca 
locais e procedimentos distintos. Porém, isso não é um problema, já que inclusive 
ocorre em várias outras áreas da educação física. No entanto, é preciso que 
haja clareza de qual será o procedimento adotado, que se cumpra com todos os 
requisitos e que se aplique a mesma técnica em todas as medidas realizadas (por 
exemplo, deve-se utilizar a mesma proposta para todas as dobras cutâneas, e 
não um protocolo diferente para cada uma delas). 
Existem dois perfi s gerais adotados pela International Society for the 
Advancement of Kinanthropometry (ISAK) para a avaliação física: o restrito (ou 
curto) e o completo. O perfi l restrito é composto de 17 variáveis, já o completo 
inclui mais 25, totalizando 42 medidas. Além da massa corporal e estatura, o perfi l 
restrito considera dobras cutâneas, perímetros e diâmetros, enquanto o completo 
inclui também alguns comprimentos (STEWART et al., 2011). Veja, nos Quadros 1 
e 2, as variáveis que compões os perfi s supracitados.
47
MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 
QUADRO 1 – MEDIDAS INCLUÍDAS NO PERFIL RESTRITO DE 
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA PROPOSTO PELA ISAK
Básico Dobras cutâneas Perímetros Diâmetros
Massa corporal Tríceps Braço relaxado Úmero 
Estatura Subescapular Braço contraído Fêmur
Bíceps Cintura
Crista ilíaca Quadril 
Supraespinhal Panturrilha
Abdominal
Coxa anterior
Panturrilha medial
FONTE: A autora
QUADRO 2 – MEDIDAS INCLUÍDAS NO PERFIL COMPLETO DE 
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA PROPOSTO PELA ISAK
Básico Dobras cutâneas Perímetros Comprimentos* Diâmetros
Massa corpo-
ral
Tríceps Cabeça 
Acromiale –ra-
diale
Biacromial
Estatura Subescapular Pescoço 
Radiale – 
stylion
Bi-iliocristal
Altura sentado Bíceps
Braço relaxa-
do
Midstylion –
dactylion
Pé
Crista ilíaca
Braço contraí-
do
Altura do ilio-
spinale
Tórax trans-
verso
Supraespinhal Antebraço
Altura do tro-
chanterion
Tórax antero-
posterior
Abdominal Punho
Trochanterion
–tibiale later-
ale
Úmero
Coxa anterior Tórax
Altura do tibi-
ale laterale
Fêmur
Panturrilha 
medial
Cintura
Tibiale medi-
ale –sphyrion 
tibiale
Quadril 
Coxa
Coxa média
Panturrilha
Tornozelo
FONTE: A autora
*Observação: os nomes permanecem em inglês, pois correspondem à determinação 
de pontos específi cos delimitados pela ISAK, não havendo uma tradução literal para o 
português.
48
 Avaliação Física e Prescrição de Exercício
A International Society for the Advancement of Kinanthropometry 
(ISAK) é uma organização de indivíduos que tem dedicado esforços 
científi cos e profi ssionais relacionados à cineantropometria. Desde 
1996, a ISAK propõe, a nível mundial, uma certifi cação que objetiva 
formar técnicos (cursos de nível 1 e 2) e instrutores (cursos de nível 
3) de antropometria, em uma tentativa de padronização de técnicas e 
pontos de referência para a avaliação das medidas antropométricas. 
Não é raro que, em artigos científi cos ou até mesmo na prática 
clínica, seja mencionada e exigida tal certifi cação aos avaliadores. 
FONTE: <https://www.isak.global/Home/Index>. 
Neste título, estudaremos as medidas que compõem o perfi l restrito, contidas 
no Quadro 1, detalhando o protocolo de avaliação de cada uma delas. Antes de 
descrever cada uma delas, vejamos algumas instruções gerais para a realização 
de uma avaliação antropométrica:
• Treine antes de começar a realizar avaliações. O aprimoramento da 
técnica será fundamental para garantir a qualidade dos resultados. 
• Siga estritamente os protocolos, isso ajudará a minimizar os erros 
sistemáticos. 
• Prepare um ambiente restrito e climatizado, bem como os instrumentos 
(veja a calibração) que serão utilizados e a fi cha de avaliação 
anteriormente. 
• As especifi cidades do sujeito, do dia da avaliação e variações dos 
procedimentos-padrão devem ser registrados na folha de avaliação. 
• Realize duas medidas consecutivas do mesmo segmento. Caso o valor 
obtido não tenha sido o mesmo, faça uma terceira medida, calcule a 
média e atribua como valor. 
• Ao avaliar a mesma pessoa ao longo do tempo, é de suma importância 
que os procedimentos adotados sejam exatamente os mesmos, inclusive, 
sendo a avaliação realizada pelo mesmo avaliador. 
• Registre os dados e forneça sempre uma cópia da avaliação ao avaliado.
49
MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 
Referências anatômicas
Ao programar uma avaliação física, você defi nirá as medidas 
que deseja obter e preparar o protocolo que aplicará. Em seguida, já 
com o avaliado, é preciso que você faça marcações de alguns pontos 
anatômicos no corpo do avaliado. Eles servirão de referência para 
a realização das medidas em seguida. Para isso, há uma série de 
dicas e orientações que você deve seguir, que variam de acordo com 
o autor do protocolo. Portanto, é preciso que você decida qual deles 
você vai seguir e adote as medidas necessárias. Lembre-se sempre 
de que a qualidade dos resultados é produto da qualidade do método 
de avaliação.
3.1 ESTATURA
É a distância perpendicular entre os planos transversais que passam pelo 
vértex (ponto superior da cabeça) e pela base inferior dos pés (solo) (SILVA et al., 
2021). É utilizada principalmente com a fi nalidade de acompanhar o crescimento 
corporal e o desenvolvimento dos indivíduos. Costuma ser o maior indicador do 
desenvolvimento corporal e do comprimento ósseo e pode também contribuir para 
o diagnóstico de doenças, do estado nutricional e para a seleção de atletas. Para 
a mensuração, é possível utilizar estadiômetro com cursor, paquímetro ou fi ta 
métrica metálica adaptada com hastes. No entanto, as medidas realizadas por 
esses diferentes

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