Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AVALIAÇÃO FÍSICA E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO UNIASSELVI-PÓS Autoria: Anne Ribeiro Streb Indaial - 2022 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2022 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. S914a Streb, Anne Ribeiro Avaliação física e prescrição de exercício. / Anne Ribeiro Streb. – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 119 p.; il. ISBN 978-65-5646-368-1 ISBN Digital 978-65-5646-369-8 1. Prescrição do treinamento. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 796 Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Jairo Martins Marcio Kisner Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Princípios Gerais Da Avaliação E Da Prescrição De Exercícios .................................................................................7 CAPÍTULO 2 Medidas E Avaliação ....................................................................39 CAPÍTULO 3 Prescrição Do Treinamento ......................................................81 APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! O livro didático de Avaliação Física e Prescrição de Exercício está organizado em três capítulos, os quais atendem à ementa da disciplina, que preconiza que sejam apresentados conceitos básicos e processos para a avaliação física e prescrição de exercícios físicos para adultos sem diagnóstico médico de doenças. Ao término dos estudos, espera-se que você compreenda a importância da realização de medidas e avaliações, reconhecendo as principais técnicas, instrumentos e testes físicos que são frequentemente utilizados pelos profissionais da área e esteja apto a aplicá-las em sua atuação profissional. Além disso, almeja-se que você também possa construir prescrições de treinamento para capacidades físicas, considerando os princípios e elementos da periodização. A partir da avaliação física, obtém-se um conjunto de informações necessárias para a prescrição. Os princípios para a prescrição de exercícios físicos, que serão apresentados aqui, guiarão você no desenvolvimento de um plano de treinamento individualmente ajustado, cujo objetivo é melhorar a saúde e/ou aptidão física. Para tanto, no Capítulo 1, você aprenderá os princípios gerais na avaliação e prescrição de exercícios, incluindo a avaliação preliminar de saúde e classificação de risco. No Capítulo 2, será dado enfoque aos processos de medir e avaliar, sobretudo acerca das medidas antropométricas, composição corporal e testes físicos para a mensuração da aptidão física. Por fim, o Capítulo 3 contempla assuntos relacionados à prescrição do treinamento para diferentes capacidades físicas, considerando as fases da organização do treinamento, tipos de periodização e estratégias de treinamento. Ao final de cada capítulo, há uma entrevista com um especialista na temática, que contará a você um pouco das experiências práticas que ele já passou e quais são as dicas que podem ajudar os novos profissionais a galgar uma nova trajetória. Ainda, você contará com exercícios de fixação, sugestões de leituras complementares e vídeos explicativos. Bons estudos! CAPÍTULO 1 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • Conceituar termos específi cos para a avaliação física e prescrição de exercício físico. • Avaliar e classifi car preliminarmente riscos para a prática de exercício físico. • Identifi car os elementos e princípios da prescrição de exercício físico. 8 Avaliação Física e Prescrição de Exercício 9 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Este primeiro capítulo será introdutório e servirá de base para que nos aprofundemos na temática de avaliação física e prescrição de exercícios nos próximos. A seguir, alguns conceitos introdutórios, tais como testar, medir, avaliar, recomendar e prescrever, serão detalhados. Ao diferenciá-los, você perceberá como a execução de cada um deles poderá contribuir e otimizar a sua prática profi ssional. Além disso, abordaremos a avaliação preliminar de saúde e classifi cação de risco para a prática de exercícios físicos. A triagem de saúde pré-participação que é feita no primeiro contato com o aluno é um processo extremamente importante, que proporciona informações valiosas acerca do risco e do estado de saúde atual. É essencial que você, profi ssional, obtenha o máximo de informações possíveis a respeito das características do indivíduo, a fi m de maximizar os benefícios e reduzir os riscos. Todas as constatações poderão servir como alicerce para o desenvolvimento de um programa de exercícios efi ciente e seguro. Por fi m, enfatizaremos os elementos e princípios da prescrição de exercícios para indivíduos sem o diagnóstico médico de doenças. Os conceitos, as defi nições e possíveis formas de aplicações serão apresentadas para que você crie novos olhares às possibilidades da práxis de cada um e para cada indivíduo que procurar seu auxílio profi ssional. 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Ao longo dos estudos, você já deve ter se deparado com uma série de palavras que costumam ser utilizadas com o mesmo signifi cado. No entanto, se estudarmos a fundo, cada um desses termos possui conceitos distintos e corriqueiramente são aplicados de forma errônea. Na prática profi ssional na área de Educação Física, existem alguns processos inerentes à nossa atuação, dentre eles: testar, medir, avaliar, recomendar e prescrever. Você sabe qual é a diferença entre eles? É importante que saibamos diferenciar o que cada um desses procedimentos representa, pois os resultados de cada um deles serão determinantes para o planejamento das estratégias de atuação. O Quadro 1 apresenta as diferenças conceituais de testar, medir e avaliar. 10 Avaliação Física e Prescrição de Exercício QUADRO 1 – DIFERENÇAS CONCEITUAIS ENTRE TESTAR, MEDIR E AVALIAR TESTAR MEDIR AVALIAR É o ato de verifi car o desem- penho de uma determinada condição por meio de situações previamente organizadas, cha- madas de testes. É uma das formas de medir e avaliar. É o ato de descrever um fenômeno de forma quantitati- va. Signifi ca atribuir número ou notas. Porém, esse processo não é conclusivo. É o ato de interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter parecer ou julgamento de valores, tendo por base refe- renciais previamente defi nidos. FONTE: A autora. A principal diferença entre medida e avaliação é que a medida abrange o aspecto quantitativo, enquanto a avaliação abrange o aspecto qualitativo. Vejamos um exemplo. O teste de Cooper (COOPER, 1968), também conhecido como teste de 12 minutos ou teste de 2.400 metros, comumente utilizado nos processos seletivos de concurso para militares, objetiva avaliar a aptidão aeróbia dos participantes. O processo de testar engloba a organização e a realização do desse protocolo já criado e validado. Porém, para que se possa atribuir uma classifi cação ao desempenho do participante, é necessário medir a distância percorrida durante os 12 minutos do teste. Com tal metragem, é possível avaliar se o resultado é ou não satisfatório, com base nos valores de referência para a idade e sexo do indivíduo. A partir disso, pode-seclassifi car como apto ou não, de acordo com a pontuação determinada no edital do concurso. Há casos que só medir é o sufi ciente. Isso porque os valores representam algo absoluto, que por si só já informam o sufi ciente daquilo que se quer saber. A medida do perímetro da cintura, por exemplo, quando realizada em momentos distintos, por si só já informa se a pessoa aumentou ou diminuiu os centímetros. Porém, para quantifi car o risco do desenvolvimento de doenças cardiometabólicas, é preciso que se consulte tabelas de referências, de acordo com as características, para determinar se o risco é alto, moderado ou baixo. Recomendar e prescrever também são conceitos que comumente se confundem entre os profi ssionais da nossa área. Recomendações são um conjunto de indicativos que têm como objetivo principal difundir informações gerais, relativas principalmente à saúde pública. O intuito de recomendar a prática de atividade física é reduzir a inatividade física e controlar o ganho excessivo de peso. 11 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 Elas costumam ser criadas em conjunto por órgãos governamentais, como a Organização Mundial da Saúde, que possui um conjunto de recomendações para a prática de atividade física e redução do comportamento sedentário, e é mundialmente conhecida e aceita (WHO, 2020). O nosso país também está organizando um Guia Brasileiro de Atividade Física, que recomendará práticas ativas, considerando algumas peculiaridades da nossa população. Por conseguinte, prescrições são um conjunto de orientações específi cas individuais que objetivam principalmente a melhora da aptidão física e estão ligadas aos objetivos pessoais. É o profi ssional de educação física a pessoa que é capaz de organizar e sistematizar a prescrição de exercícios físicos, pois tem a sua trajetória acadêmica pensada e articulada para a formação de profi ssionais de qualidade para tal. O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2014), por sua vez, apresenta algumas orientações específi cas para a prescrição. QUADRO 2 – SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO DOS CONCEITOS DE RECOMENDAÇÃO E PRESCRIÇÃO FONTE: A autora. RECOMENDAR PRESCREVER Saúde pública Informações gerais Atividade física Controle do peso Inatividade física Organização Mundial de Saúde (OMS) Saúde individual Informações específi cas Exercício físico Objetivos pessoais Aptidão física Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) Outro exemplo em que a diferença entre prescrever e recomendar se aplica é a área da nutrição. Há um Guia alimentar para a população brasileira (BRASIL, 2014) que recomenda o consumo de determinados alimentos de acordo com o grau de processamento e norteia hábitos alimentares saudáveis. Porém, somente o nutricionista, em sua prática profi ssional, conhece os seus pacientes, avalia as necessidades individuais e prescreve um plano alimentar de acordo com as especifi cidades de cada um. 12 Avaliação Física e Prescrição de Exercício Muito embora os termos “atividade física” e “exercício físico” sejam comumente utilizados como sinônimos, é preciso que tenhamos clareza de que eles representam e signifi cam coisas distintas. Abaixo, estão descritas as defi nições de acordo com Caspersen, Powell e Christenson (1985). Atividade física: qualquer movimento corporal produzido pela contração de músculos esqueléticos e que resulte em gasto energético acima dos níveis de repouso. Exercício físico: toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física. A legitimidade da nossa prática e o reconhecimento de valor daquilo que fazemos é produto de como desenvolvemos o nosso dia a dia. Nesse sentido, ter clareza, objetividade e fi dedignidade a aquilo que se propõe e, ainda, conhecimento técnico e científi co garantirá prosperidade ao profi ssional, seja ele de que área for, permitindo que os objetivos almejados sejam de fato alcançados. 3 AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE SAÚDE E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Nesta seção, apresentaremos as diretrizes para a triagem e classifi cação do risco de pré-participação a programas de exercício físico. Antes de iniciar qualquer proposta, o profi ssional de educação física responsável por ela precisa conhecer os candidatos à participação e identifi car possíveis preditores de eventos adversos. Isso porque o exercício físico pode elevar de maneira aguda e transitoriamente o risco de morte cardíaca súbita e de infarto agudo do miocárdio (ACSM, 2007). Tipicamente, tal prática não promove eventos cardiovasculares adversos. No entanto, a maioria das pessoas não está ciente do seu risco de doença cardiovascular ou de outras condições que podem ser afetadas pelo treinamento. A triagem é o primeiro passo importante para garantir uma experiência segura e agradável. Ela permite que sejam identifi cados aqueles que precisam de recursos adicionais antes de fazer uma avaliação de aptidão física e/ou de iniciar um programa de treinamento. Portanto, a avaliação preliminar de saúde consiste em um conjunto de procedimentos avaliativos anteriores à prescrição. 13 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 Os principais objetivos desse procedimento são: • conhecer as principais características sociodemográfi cas, comportamentais e de saúde do indivíduo; • identifi car possíveis contraindicações médicas; • detectar a presença de doenças; • identifi car os principais fatores de risco à saúde. Com essas informações, será possível estabelecer o protocolo de ação para dar sequência ao atendimento desse aluno. 3.1 ANAMNESE A primeira abordagem ao indivíduo que procura um profi ssional de educação física deve ser iniciada no sentido de conhecer o histórico de saúde pessoal, sinais e sintomas de doenças e características do estilo de vida da pessoa. Além disso, as expectativas quanto à prática de exercícios físicos também devem ser verifi cadas. Isso pode se dar por meio de uma anamnese, que é uma fi cha com tais informações. Há inúmeros exemplos de arquivos disponíveis, no entanto, você pode construir a sua da maneira que julgar mais adequado, incluindo o detalhamento que almeja. Além disso, atualmente, é possível fazer esses arquivos digitalmente, por meio de formulários eletrônicos. Isso permitirá, além do acesso remoto, o preenchimento digital e que você acesse facilmente as versões e históricos. Dentre as variáveis que você pode abordar, as informações sociodemográfi cas – tais como nome, sexo, idade, cor da pele, situação conjugal, profi ssão e nível de escolaridade – podem ser úteis. Para o histórico de saúde pessoal, você pode perguntar sobre a data da última consulta médica, diagnóstico de alguma doença, uso de medicação contínua/esporádica, sinais e sintomas específi cos que podem indicar alguma condição patológica, histórico de hospitalizações e lesões e queixas musculoesqueléticas. Já para questões relacionadas ao estilo de vida, o essencial é que você saiba qual é o nível atual de atividade física desse indivíduo, o histórico de prática e um pouco sobre a rotina diária (exemplos: quanto tempo fi ca sentado por dia? Qual é a disponibilidade de horário para o treino?). Além disso, você também pode querer saber sobre hábitos alimentares, sintomas depressivos, estágio de mudança de comportamento e escalas de motivação. Para essas variáveis, existe uma série de instrumentos já validados para tal, os quais darão maior detalhamento e garantirão a fi dedignidade dos resultados encontrados. 14 Avaliação Física e Prescrição de Exercício DESAFIO Procure uma anamnese na internet. Analise-a e destaque os pontos que você julga positivo. Aponte também aquilo que você mudaria (retiraria ou inseriria). Esse exercício, além de familiarizar você com esse tipo de instrumento, estimula a criticidadee a criatividade para aproveitar aquilo que já existe de uma forma otimizada a favor dos seus ideais. Abaixo, você pode conferir dois instrumentos conhecidos e consolidados internacionalmente, que foram propostos pela Sociedade Canadense de Fisiologia do Exercício (CSEP) como ferramentas a serem utilizadas na avaliação preliminar de saúde. No passado, a Sociedade Canadense de Fisiologia do Exercício (CSEP) desenvolveu um questionário de prontidão para a atividade física, amplamente conhecido como PAR-Q, que tinha como objetivo identifi car a necessidade de avaliação por um médico antes do início de um programa de exercício físico. No entanto, no ano de 2017, lançou o Get Active Questionnaire (CESP, 2017), uma ferramenta de pré-triagem baseada em evidências e destinada a rastrear facilmente as pessoas, para que participem com segurança de atividades e exercícios físicos. Ele é acompanhado por um documento de referência que permite que seja tomada uma decisão sobre a necessidade de avaliação médica ou a indicação de um profi ssional qualifi cado antes de se tornar mais fi sicamente ativo. Sua projeção é para que ele seja um instrumento autoaplicado a populações de todas as idades. Sua lógica é a mesma do PAR-Q, em que, caso seja preenchida a resposta afi rmativa em alguma das questões, devem ser conduzidas avaliações complementares. Confi ra o instrumento na íntegra em: http://www.csep.ca/ CMFiles/GAQ_CSEPPATHReadinessForm_2pages.pdf. 15 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 Há outro instrumento, chamado Get Active Questionnaire for pregnancy (CESP, 2019), também desenvolvido pela Sociedade Canadense de Fisiologia do Exercício (CSEP). Ele é um guia para a avaliação da saúde prévia à participação em um programa de exercícios físicos no período pré-natal. A segurança dos programas de exercício pré-natais depende de um nível adequado de reserva fi siológica entre a mãe e o bebê. Essa ferramenta é uma lista de verifi cação e uma prescrição conveniente para ser usada por profi ssionais da saúde para avaliar gestantes que querem entrar em um programa de exercício pré-natal e para o acompanhamento médico contínuo de gestantes que se já exercitam. Você, profi ssional de Educação Física, pode apresentar tal instrumento e solicitar que a participante consulte seu médico e preencha as informações. Isso assegurará a integridade física da participante e regerá a sua conduta profi ssional. Confi ra o instrumento na íntegra em: https://www.csep.ca/ getactivequestionnaire-pregnancy/CSEP-PATH_GAQ_P_Guidelines.pdf. A análise do estado de saúde atual e histórico do aluno é fundamental para conhecer suas potencialidades e limitações. Essas informações ajudarão você, profi ssional, a avaliar o risco e a necessidade de um atestado médico para prosseguir. Uma possível barreira para se tornar fi sicamente ativo é a exigência de triagem de saúde pré-participação para exercícios, que pode envolver uma visita a um profi ssional de saúde e/ou testes diagnósticos adicionais. Ainda que esses possam identifi car doenças cardiovasculares ocultas, o encaminhamento desnecessário pode levar a uma alta taxa de respostas falso-positivas. Tais procedimentos, além de aumentar os custos em saúde na rede pública e privada, podem sobrecarregar o acompanhamento médico de forma desnecessária. Isso não quer dizer que não se deva ter cautela na avaliação preliminar, mas que o processo de triagem de saúde antes da participação de exercícios deve fornecer uma avaliação prudente, no sentido de minimizar barreiras para a adoção de um estilo de vida mais saudável e fi sicamente ativo. As antigas recomendações para esse procedimento indicadas pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2011) estipulavam que as pessoas com risco moderado (ou seja, assintomático, com dois ou mais fatores de risco para doença cardiovascular), deveriam ser submetidas a um exame médico antes 16 Avaliação Física e Prescrição de Exercício de praticar exercícios de intensidade vigorosa. Também recomendavam que as pessoas com alto risco passassem por um teste de esforço e um exame médico antes de iniciar programas de exercícios de intensidade moderada e vigorosa. Porém, o ACSM reformulou as suas recomendações de condutas (RIEBE, 2015). Isso ocorreu devido ao aumento das evidências de que o exercício é seguro para a maioria das pessoas, sendo que os eventos cardiovasculares relacionados ao exercício são frequentemente precedidos por sinais/sintomas de alerta. Além disso, tais riscos diminuem à medida que as pessoas se tornam mais ativas fi sicamente. Por isso, os objetivos do processo de triagem de saúde antes da participação de exercícios passaram a identifi car indivíduos: • que devem receber autorização médica antes de iniciar um programa de exercícios ou aumentar a frequência, intensidade e/ou volume de seu programa atual; • com doença clinicamente signifi cativa, que podem se benefi ciar da participação em um programa de exercícios físicos, de acordo com a orientação médica; • com condições médicas que podem exigir a exclusão de programas de exercícios até que essas condições sejam atenuadas ou mais bem controladas. Essas novas recomendações de conduta enfatizam a importante mensagem de saúde pública da atividade física regular para todos e busca remover barreiras desnecessárias para a adoção e manutenção de um programa de exercício físico e de um estilo de vida mais ativo. Desse modo, Riebe et al. (2015) procuraram simplifi car o processo, eliminando a necessidade de autorização médica e/ou teste de esforço em muitos indivíduos, especialmente quando exercícios de intensidade baixa a moderada são contemplados. Para isso, foram elencadas três variáveis primordiais que ajudarão a guiar a recomendação. São elas: • o nível atual de atividade física do indivíduo; • a presença de sinais ou sintomas e/ou doença cardiovascular, metabólica ou renal conhecida; • a intensidade de exercício desejada. Veja, na Figura 1, um esquema que pode nortear a tomada de decisão de vocês quanto à necessidade de avaliação médica de um aluno que almeja iniciar ou permanecer em um programa de exercício físico, de acordo com as recomendações do ACSM. 17 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 FIGURA 1 – MODELO LÓGICO DE TRIAGEM DE SAÚDE PRÉ-PARTICIPAÇÃO AO EXERCÍCIO FONTE: Adaptada de Riebe et al. (2015). Utilizando esse modelo lógico de triagem, será possível determinar quais indivíduos podem manter-se e/ou iniciar um programa de treinamento de intensidade leve a moderada sem a necessidade de um atestado médico liberando-o para tal atividade. Ainda, apontará a necessidade de interromper a prática e procurar uma equipe médica para a realização de avaliações suplementares e, então, permanecer ou se engajar com a prática de exercícios físicos. É importante lembrar que o risco de eventos cardiovasculares relacionados ao exercício podem ser reduzidos drasticamente pelo zelo de uma prescrição segura e efi caz que: 1) garanta a fase de transição progressiva, em que a duração e a intensidade do exercício são gradualmente aumentadas; 2) defenda 18 Avaliação Física e Prescrição de Exercício procedimentos adequados de aquecimento e resfriamento; 3) promova educação de sinais/sintomas de alerta aos praticantes; 4) incentive os indivíduos sedentários a se envolverem em caminhadas regulares, de modo a tirá-los do estado de sedentarismo; e 5) aconselhe indivíduos fi sicamente inativos a evitar atividade física vigorosa a quase máxima. Quando se fala de doença, frequentemente nos deparamos com os termos sinais e sintomas. No entanto, cada um deles possui conceitos distintos e estão muito relacionados com quem percebe a manifestação clínica. Sinais: alterações do organismo de uma pessoa que podem ser percebidas por meio do exame clínico oumedidas em exames complementares. Exemplos: febre, inchaço e coloração da pele. Sintomas: alterações do organismo relatadas pelo próprio indivíduo, de acordo com sua percepção de sua saúde. Exemplos: dor, sede excessiva e fraqueza. 3.2 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Uma vez conhecida a informação sobre os sinais e sintomas e os fatores de risco, os potenciais participantes podem ser estratifi cados com base na probabilidade de ocorrerem eventos durante a prática de exercícios. A estratifi cação de risco se torna progressivamente mais importante à medida que a prevalência da doença aumenta na população que está sendo avaliada. Do centro do conceito de estratifi cação dos riscos está inerente a preocupação de que os sinais e sintomas representam um nível mais alto de cautela para a tomada de decisões do que os fatores de risco. O ACSM (2011) apresenta um modelo lógico, apresentado na Figura 2, para a estratifi cação dos riscos. 19 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 FIGURA 2 – MODELO LÓGICO DE TRIAGEM PRÉ-PARTICIPAÇÃO DO ACSM PARA A ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO FONTE: Adaptado de ACSM (2011) 20 Avaliação Física e Prescrição de Exercício A recomendações do ASCM para a necessidade ou não da liberação médica devem ser seguidas considerando as variáveis apresentadas. Contudo, a classifi cação de risco pode ser útil para que se aumente a vigília sobre os participantes que apresentam risco moderado. O profi ssional, ao conhecer o aluno, poderá identifi car momentos ou situações que podem exigir cautela com a continuidade da prática de exercício físico. Os benefícios da atividade física superam em muito os possíveis riscos associados na maioria dos indivíduos. Lesões musculoesqueléticas são corriqueiramente vivenciadas e associadas ao exercício. Há, também, uma chance aumentada de eventos cardíacos agudos com exercícios físicos vigorosos não habituais. Entretanto, o risco absoluto de sofrer morte cardíaca súbita ou ataque cardíaco durante o esforço físico é muito pequeno. Evidências volumosas indicam que os prejuízos à saúde estão relacionados em maior magnitude com a manutenção da inatividade física do que ao engajamento na prática (STRAIN, 2020; FRANKLIN, 2014). Ao passo que poucos dados estão disponíveis para sustentar a ideia de que a liberação médica aumenta a segurança durante as sessões de exercício físico. Além disso, não há como aplicar testes de esforço para prevenir ou predizer eventos cardiovasculares em praticantes assintomáticos. A opção pela não liberação para a prática de atividade física deve ser feita quando a anamnese contiver muitos relatos de saúde importantes, quando os instrumentos de prontidão para a prática de exercício físico obtiverem respostas positivas ou quando o risco de eventos cardiovasculares estiver classifi cado como moderado ou alto. Nesses casos, a conduta do profi ssional de educação física deve ser a de não iniciar as atividades até que seja apresentado atestado médico para tal, bem como a construção de um planejamento cauteloso e específi co para o indivíduo. A sua segurança e a dos participantes, tanto física como legal, precisam sempre ser garantidas e priorizadas. É importante destacar que abordamos a avaliação de risco para o ingresso em programas de treinamento, sondando a chance de que ocorram eventos cardiovasculares durante testes de esforço e nas sessões de treinamento. No entanto, é primordial que seja considerada a probabilidade de ocorrer outros eventos adversos, e não só cardiovasculares, inerentes à prática de exercício físico principalmente em populações especiais. Por exemplo, pessoas com diabetes mellitus descompensadas tendem a ter hipoglicemia pós-exercício, pacientes com doença arterial obstrutiva periférica podem sofrer com claudicação intermitente a qualquer momento, pessoas com obesidade facilmente podem lesionar os joelhos, idosos são mais vulneráveis a quedas etc. Por isso, é importante que, na anamnese, seja possível dimensionar a individualidade de cada um e tentar minimizar os riscos e maximizar os benefícios na prescrição. 21 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 Ainda assim, é preciso que o profi ssional e o praticante estejam cientes e aptos para lidar com a adversidade. Você pode conferir no livro ACSM's exercise management for persons with chronic diseases and disabilities, de autoria de Durstine e colaboradores (2016), uma série de informações para cada condição e como essas situações indesejáveis podem ser prevenidas e tratadas. Os autores revisaram a literatura disponível que descrevia os riscos cardiovasculares do teste ergométrico e da participação em programas de exercício físico em indivíduos aparentemente saudáveis. Os dados sugeriram que os riscos de eventos fatais e não fatais durante o teste de esforço máximo raramente ocorrem (<0,8 vezes por 10.000 testes). A incidência de eventos cardiovasculares adversos é extremamente baixa durante o exercício físico de vários tipos e intensidades. Os fatores de risco identifi cados e que aumentam o risco de respostas adversas foram: intensidade vigorosa (≥6 METs), ser do sexo masculino, ausência ou limitação no histórico de atividade física e idade avançada. Para maiores informações, confi ra o estudo na íntegra: GOODMAN, J. M. et al. Evidence-based risk assessment and recommendations for exercise testing and physical activity clearance in apparently healthy individuals. Physiology, nutrition, and metabolism, v. 36, p. S14-S32, 2011. Disponível em: https:// cdnsciencepub.com/doi/10.1139/h11-048?url_ver=Z39.88-2003&rfr_ id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed. Acesso em: 17 set. 2021. 3.3 CONSENTIMENTO PARA TESTES DE APTIDÃO FÍSICA Ainda considerando o primeiro encontro com o indivíduo que almeja iniciar um programa de treinamento, você pode informar a ele a realização de testes de aptidão física, que serão detalhados no próximo capítulo deste livro. Ainda que não seja obrigatória a assinatura de um termo de consentimento para essas 22 Avaliação Física e Prescrição de Exercício avaliações, é amplamente aceito que isso seja feito. Essa pode ser uma garantia útil a você, ao participante e ao estabelecimento onde essas avaliações serão realizadas (por exemplo, na academia). Ele deve ser assinado antes da realização dos testes e medidas. Dentre os aspectos que ele pode abordar, destaca-se: • os objetivos da avaliação; • a fi nalidade e explicação do desenvolvimento do teste; • os riscos e desconfortos inerentes aos testes aplicados e como eles podem ser minimizados; • a informação de que o participante está ciente dos procedimentos e que aceita, por livre e espontânea vontade, a realização; • quais os benefícios esperados dessa avaliação; • deve-se assegurar a confi dencialidade dos resultados e garantir o recebimento de uma cópia; • para crianças e adolescentes, é necessária a autorização formal do responsável legal. Para esse instrumento, você poderá utilizar exemplos de formulários de consentimento informado preexistentes. Mas também é possível que você crie o seu, de acordo com a especifi cidade daquilo que está propondo. Além disso, você pode aproveitar e colocar nesse termo as instruções a serem seguidas pelos alunos antes da realização do teste. A depender do caso, deve haver restrições na ingestão de determinadas bebidas e alimentos, orientações de vestimentas adequadas e uso de medicamentos. Supervisão médica durante o teste de esforço O teste de esforço de indivíduos de alto risco precisa ser supervisionado por um médico previamente treinado para a realização desse procedimento em uma clínica ou espaço adequado. Já para indivíduos de risco moderado, tal presença não é essencial. No entanto, dever-se-á seguir as regras e circunstâncias dos locais, atentar-se para o estado de saúde dos indivíduos e do treinamentoe da experiência da equipe laboratorial. 23 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 1 – Imagine-se recebendo uma pessoa interessada em iniciar um programa de treinamento. Descreva qual seria o roteiro que você estabeleceria para esse primeiro encontro. Justifi que sua resposta. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4 ELEMENTOS E PRINCÍPIOS DA PRESCRIÇÃO Os benefícios do exercício físico já foram amplamente discutidos na literatura nacional e internacional. Uma campanha lançada pelo ACSM em parceria com a Associação Médica Americana (AMA) no ano de 2007 viralizou a expressão “Exercício é remédio”. A ideia era tornar a avaliação e a promoção da atividade física em um padrão de cuidados clínicos e avançar na implementação de estratégias da atividade física baseada em evidência para promoção de saúde, prevenção e tratamento de doenças crônicas. É sabido que o exercício físico complementa e pode substituir, em parte, intervenções médicas tradicionais, além de reduzir ou eliminar a necessidade de medicação. Maiores informações sobre a iniciatica podem ser conferidas no site eletrônico: https://www.exerciseismedicine.org/. Porém, para caracterizar o exercício físico como remédio, é importante destacar a necessidade de se estabelecer dose, ou seja, qualidade e quantidade a ser prescrita. O termo prescrição de exercícios físicos, que se refere ao conjunto de orientações específi cas e individualizadas para o desenvolvimento da aptidão física ganha sentido e destaque. Nesse sentido, para a correta prescrição de exercícios físicos, ACSM sugeriu que sejam considerados seis elementos 24 Avaliação Física e Prescrição de Exercício essenciais, sintetizados pelo acrônimo FITT-VP (ACSM, 2010; ACSM, 2014; GARBER et al., 2011): • F – frequência; • I – intensidade; • T – tempo; • T – tipo; • V – volume; • P – progressão. O FITT-VP deve ser aplicado a cada componente de um programa de exercícios completo, incluindo treinamento aeróbio, de resistência, fl exibilidade e neuromotor. Dentro desse escopo, uma prescrição de exercício deve ser individualizada, levando em consideração o estado de saúde (incluindo condições clínicas), aptidão física, idade, respostas de treinamento desejadas e objetivos individuais. Por exemplo, um programa de treinamento para um maratonista competitivo de 25 anos obviamente será diferente de um paciente de 65 anos que participa de um programa de reabilitação cardíaca. Inclusive, em um grupo aparentemente homogêneo, o planejamento deve ser individualizado para corresponder aos objetivos pessoais, bem como às diferentes respostas ao estímulo do exercício. Assim, todas as recomendações fornecidas pelo ACSM (2014) são apresentadas de uma forma que suporta a personalização para que se faça ajustes individuais de frequência, intensidade, tempo e tipo de atividade, além do volume e da progressão. Agora vejamos a especifi cação de cada um desses elementos. A frequência corresponde à quantidade, ou seja, pode ser expressa em dias na semana (por exemplo, três vezes por semana) e de vezes por dia (por exemplo, duas vezes por dia). Pode depender de diversos fatores, como o tipo de treino que você está aplicando e nível de condicionamento físico do aluno. Usualmente, a frequência de exercícios aeróbios moderados utilizada é de cinco dias por semana ou três vezes por semana para os de intensidade vigorosa. Já para o treinamento de força, a frequência comumente utilizada é de dois a três dias por semana (ACSM, 2010). A intensidade, como o próprio nome sugere, faz menção ao quão intensa será a prática. Ela pode ser mensurada de diferentes formas. No treinamento aeróbio, usualmente adota-se percentual de consumo máximo de oxigênio e de frequência cardíaca de reserva. No treinamento de força, pode-se utilizar escalas de percepção de esforço e equivalentes metabólicos (METs) para tal quantifi cação (ASCM, 2010; BUSHMAN, 2014). 25 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 O tempo refere-se à duração da sua sessão, que pode ser expressa em segundos, minutos ou horas. No treinamento aeróbio, as recomendações atuais são de que as atividades durem mais que 10 minutos ininterruptos, mas permeiam entre 30 e 60 minutos. No entanto, o treino de força pode variar bastante, dependendo da organização. Por exemplo, um treino de corpo todo pode levar até uma hora, enquanto treinar apenas alguns grupamentos musculares é mais rápido (ACSM, 2010). O tipo faz menção ao modo. Além da subdivisão relacionada às capacidades físicas, temos também outras categorias que podem ser desmembradas em cada uma delas. Nas atividades predominantemente aeróbias, podemos correr, caminhar, andar de bicicleta, dançar etc. O treino de força também oferece variedade, como a utilização de faixas elásticas, halteres, máquinas, entre outros (ACSM, 2010). O volume é o produto da frequência, intensidade e tempo. Ao longo de uma semana, por exemplo, pode-se estabelecer um determinado volume de exercício que pode ser manipulado, alterando qualquer um desses componentes. Em uma ocasião hipotética, na qual um aluno seu apresente pouca disponibilidade de horários para treinar, você pode aumentar a intensidade dos exercícios ou adicionar uma sessão extra naquela semana (aumentando a frequência) para poder compensar o tempo reduzido e manter a meta de volume semanal (ACSM, 2014). A progressão está relacionada ao grau de complexidade estabelecido. Signifi ca dizer também que, à medida que um programa de exercícios continua, é preciso fazer ajustes em cada um dos outros componentes do princípio FITT-VP. Dito isso, para continuar a progredir, alterações, preferencialmente relacionadas ao aumento de algum ou todos os componentes do volume, precisam ser realizadas (ACSM, 2014; BUSHMAN, 2018). Veja o vídeo O que devo considerar na prescrição de exercícios físico: conceitos preliminares do FITT-VP. Trata-se de um vídeo curto, em que o professor comenta o conceito de FITT-VP e a aplicabilidade na prescrição de exercício. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=SByMWlC2C_4. 26 Avaliação Física e Prescrição de Exercício O treinamento, além de considerar os elementos supracitados, possui princípios básicos para a sua condução. Inicialmente, Tubino (1984) descreveu cinco princípios, que são: individualidade biológica, adaptação, sobrecarga, reversibilidade, interdependência volume-intensidade. Dantas (1995) atualizou o elenco dos cinco princípios preconizados por Tubino e incluiu mais um princípio, o da especifi cidade. Contudo, todos os seis princípios se inter-relacionam em todas as suas aplicações, como ilustra a Figura 3 abaixo. Essa posição objetivou fornecer orientações aos profi ssionais que prescrevem de forma individualizada exercício físico para adultos aparentemente saudáveis de todas as idades. Essas recomendações também podem ser aplicadas a adultos com certas doenças crônicas ou defi ciências, quando devidamente avaliados. Esse documento substitui a posição do American College of Sports Medicine (ACSM) do ano de 1998. Para maiores informações, confi ra o documento na íntegra: GARBER, C. E. et al. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fi tness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 2, p. 1334-1359, 2011. 27 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 FIGURA 3 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO FONTE: Adaptado de Tubino (1984) e Dantas (1995). • Individualidade biológica A individualidade biológica refere-se aofenômeno que explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam pessoas iguais entre si (TUBINO, 1984). Cada organismo reage aos estímulos recebidos, sejam eles exercício físico ou não, de maneira única, pois possui uma estrutura e formação física e psíquica própria. Características como idade, personalidade, habilidades e destrezas, estilo de vida e o meio ambiente em que estão inseridos modulam os comportamentos e as respostas ocasionadas. Portanto, o treinamento individualizado promove melhores resultados, pois consegue priorizar as características e necessidades de cada um. Grupos homogêneos também facilitam o treinamento coletivo, no entanto, cabe ao profi ssional responsável verifi car as potencialidades, necessidades e fraquezas de cada um dos componentes para que os objetivos do treinamento sejam alcançados. Além disso, cada pessoa tem um teto genético que limita o aperfeiçoamento. Essa é a capacidade biotipológica, que é composta do fenótipo e genótipo. O genótipo é o responsável pelo potencial do indivíduo. Isso inclui fatores como composição corporal, biótipo, altura máxima esperada, força máxima possível, percentual de fi bras musculares dos diferentes tipos, entre outros. Já o fenótipo responde pela evolução das capacidades envolvidas no genótipo. Nele, inclui-se 28 Avaliação Física e Prescrição de Exercício tanto a adaptação ao esforço físico e a treinabilidade das habilidades esportivas quanto a extensão da capacidade de aprendizagem do indivíduo (JUSTINA; MEGLHIORATTI; CALDEIRA, 2012). Ainda assim, o indivíduo precisa ser sempre considerado em sua totalidade, com a junção do genótipo e do fenótipo, dando origem ao somatório das especifi cidades que o caracterizarão. • Adaptação É possível dizer que a adaptação é um dos princípios não só do treinamento, mas também da natureza. Aquelas de cunho biológico, decorrentes da prática esportiva, apresentam-se como alterações dos órgãos e sistemas. É nesse processo que ocorre uma reorganização orgânica e funcional do organismo, frente a exigências internas e externas que ocorrem regularmente. Não se pode esquecer que as adaptações são reversíveis e precisam constantemente ser revalidadas (TUBINO, 1984). A capacidade de adaptação ou “adaptabilidade” é o nome que se dá a diferentes formas de assimilação dos estímulos perante a mesma qualidade e quantidade de exercícios e/ou carga de treinamento. Ela pode ser atribuída à relação entre organismo e ambiente, sob o ponto de vista da predisposição hereditária e genética. O conceito de homeostase pode nos ajudar a compreender esse princípio. Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas que constituem o organismo de um ser vivo e aquilo que existe entre ele e o meio ambiente. A homeostase pode ser quebrada por fatores internos ou externos, como o esforço físico, e sempre que ela é perturbada, o organismo dispara um mecanismo compensatório que procura restabelecer o equilíbrio. Ou seja, todo estímulo provoca reação, acarretando uma resposta adequada e podendo gerar adaptações. Assim, todas elas precisam ser consideradas no planejamento da prescrição de exercícios físicos. Quando falamos em treinamento físico, não devemos pensar em adaptação somente de modo pragmático. É preciso adaptar-se a vários outros fatores, além do fi siológico propriamente dito. Como exemplo disso, podemos citar adaptações emocionais, ambientais e da rotina. Elas podem ocorrer ora para você, como treinador ou professor, ora para o aluno. Imagine a situação de mudança entre os estados do nosso país. Alguém que morava na região Sul e passa a morar na região Norte, por certo deverá estranhar o clima quente. Então, treinar em espaços abertos em horários em que a temperatura costuma estar mais amena talvez seja uma estratégia possível de se fazer para colaborar com as adaptações que ocorrerão. 29 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 • Sobrecarga Para desenvolver qualquer um dos componentes da aptidão física, o organismo deve ser submetido a estímulos mais fortes do que se está normalmente acostumado. O aumento regular e progressivo da carga de trabalho é que possibilitará ganhos nas valências física. A sobrecarga pode ser alcançada mediante aumentos na frequência, intensidade ou duração dos exercícios aeróbios, por exemplo. Os grupos musculares podem ser efetivamente sobrecarregados por meio de aumento da carga de trabalho (quilagem por exemplo), número de repetições, séries ou redução do intervalo. É importante que esse aumento seja quantifi cado. O equilíbrio entre carga aplicada e tempo de recuperação é que garantirá a existência da supercompensação de forma permanente. Esse princípio também remete à ideia de progressão gradual, que é fundamental para qualquer processo de evolução desportiva. Para melhorar a condição funcional do organismo, o programa de treinamento deve prever novos estímulos de maneira progressiva e com regularidade. Se um mesmo nível de esforço é sempre repetido, o organismo se adapta e deixa de evoluir. Ainda assim, o responsável profi ssional deve ter bom senso ao defi nir a sobrecarga que trabalhará com o seu aluno, observando todos os outros princípios do treinamento, respeitando as necessidades e anseios do aluno e, principalmente, os limites éticos do treinamento. • Interdependência volume-intensidade Esse princípio está intimamente ligado ao da sobrecarga, pois o incremento das cargas de trabalho é um dos fatores que melhora a performance (TUBINO, 1984). Esse aumento ocorrerá por conta do volume e da intensidade, que deverão sempre estar adequadas às fases de treinamento, seguindo uma orientação de interdependência entre si. Qualquer tipo de treinamento que produza aumento de volume irá automaticamente induzir queda na intensidade, sendo que o contrário também é verdadeiro. Assim, é indispensável que o profi ssional pondere sua prescrição e não exponha seu aluno a riscos desnecessários e que são passíveis de prevenção. • Reversibilidade Também chamado de princípio da continuidade ou destreinamento, está intimamente ligado ao da adaptação, pois a continuidade ao longo do tempo é primordial para o organismo se adaptar progressivamente (TUBINO, 1984). Esse princípio diz respeito à interrupção do treinamento e os seus efeitos deletérios. Porém, não se pode confundir com o intervalo entre as sessões de treino, já que ela deve ocorrer de modo sufi ciente a permitir a recuperação muscular (entre 24 e 48 horas), ou seja, nem demasiadamente curta e nem exageradamente longa. 30 Avaliação Física e Prescrição de Exercício Os efeitos fi siológicos positivos e os benefícios à saúde advindos do treinamento físico regular são reversíveis. Quando os indivíduos descontinuam o exercício, ocorre o que chamamos de destreinamento: a capacidade de exercício diminui e os benefícios do treinamento são perdidos. Logicamente, esse processo acontece em diferentes magnitudes e velocidades, de acordo com cada indivíduo. Ainda assim, a continuidade é importante, inclusive no treinamento amador e no lazer, e não somente no aspecto fi siológico, mas também no aspecto psicológico, por exemplo, entre outros aspectos cujos fatores podem interferir na prática esportiva. • Especifi cidade O princípio da especifi cidade é aquele que impõe, como ponto essencial, que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos específi cos daquilo que se almeja, em termos de qualidade física interveniente, sistema energético preponderante, segmento corporal e coordenações psicomotoras (DANTAS,1995). As respostas e adaptações fi siológicas e metabólicas do corpo ao treinamento físico são específi cas para o tipo de exercício e para os grupos musculares envolvidos. Assim, exercícios aeróbios desenvolvem resistência aeróbia; exercícios de alongamento desenvolvem amplitude de movimentoarticular e fl exibilidade; e exercícios de força desenvolvem resistência e força musculares, sendo específi cos para os grupos musculares exercitados, tipo, velocidade e intensidade do treinamento. É esse princípio que explica por que um campeão de ciclismo não tem, necessariamente, um grande desempenho em uma corrida ou em uma prova de natação. Então, pensando em uma determinada modalidade, pressupõem-se que o treinamento utilizado para o aprendizado e o desenvolvimento dos respectivos gestos específi cos deva ser priorizado. • A inter-relação dos princípios Como é possível ver na Figura 3, a integração entre esses princípios adquire inestimável importância. Cada um deles tem a sua especifi cidade de relatividade, ainda assim, quando associado aos demais, assume uma importância maior. Podemos certamente concluir que somente com o conhecimento de todos os princípios é possível realizar um treinamento ideal e efi caz. Provavelmente, a excelência em treinamento deve estar acompanhada do profundo saber de todos os princípios aqui comentados e a sua inter-relação, além de mais outros tantos tópicos da prescrição do treinamento, que abordaremos nos próximos capítulos com mais ênfase (TUBINO, 1984). 31 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 Refl ita Esses são os princípios básicos do treinamento já amplamente difundidos na literatura atual. Ainda assim, a prática profi ssional também precisa necessariamente estar pautada em tantos outros princípios, principalmente naqueles que concernem a ética e segurança. Além disso, deve-se considerar a totalidade do indivíduo em questão, prezando pelo seu desenvolvimento global. Ademais, vale ressaltar que a nossa formação está alocada na grande área da saúde. Tendo a saúde um conceito complexo e dinâmico, precisamos considerar a interdisciplinaridade da prática, sabendo que a efetividade daquilo que propomos perpassa por outras tantas esferas de intervenção. A colaboração e a integração entre a nutrição, a medicina, a psicologia, a farmácia são determinantes para a consolidação dos resultados almejados pelo nosso planejamento. Com base nos elementos FITT-VP e nos princípios básicos do treinamento que já vimos até aqui, você já pode ter uma ideia do quão complexo é o processo de prescrição do treinamento. São inúmeras as variáveis que precisam ser consideradas, avaliadas e reavaliadas constantemente. Portanto, é importante que você, profi ssional de educação física, encare isso com seriedade, tenha domínio da temática e esteja sempre pronto para construir novos conceitos e reformular aqueles que você já tinha antes estabelecido. Não se esqueça de que a nossa formação deve ser contínua, visando ao melhoramento e à atualização. Além disso, tenha em mente que a nossa conduta profi ssional e todas as nossas tomadas de decisão precisam ser baseadas em evidências científi cas consolidadas, e não em “achismo”, oportunismo e modismo. 32 Avaliação Física e Prescrição de Exercício 1 – Descreva os elementos do acrônimo FITT-VP. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2 – Pense em uma modalidade desportiva e aplique os princípios básicos do treinamento, exemplifi cando como cada um deles pode ser considerado. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Entrevista com especialista: Jucemar Benedet Possui graduação em Educação Física (Licenciatura Plena) pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialização em Atividade Física e Saúde (UFSC), Mestrado em Nutrição (UFSC) e Doutorado em Educação Física (UFSC). Atualmente, é professor do Departamento de Educação Física da UFSC, atuando no âmbito do ensino, pesquisa e extensão na área de exercício físico para populações especiais e esportes. Atuou como personal trainer por mais de 15 anos, atendendo alunos com diferentes perfi s e distintos objetivos. 1 – Para você, qual é a importância da avaliação preliminar de saúde nos interessados em ingressar em um programa de treinamento? R.: A avaliação preliminar de saúde é a ferramenta de base mais importante que o personal trainer dispõe para iniciar com assertividade o seu trabalho. Nesse contexto, vale muito ter bons 33 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 instrumentos e procedimentos para avaliar o aluno, assim como saber interpretar corretamente as informações antes da prescrição das atividades, principalmente nos ciclos iniciais de treinamento. Como produto de um bom processo avaliativo preliminar, destaco as facilidades para a periodização dos exercícios requeridos pela condição do aluno, convergindo às necessidades fi siológicas com as expectativas individuais, fato extremamente importante para a fi delização dos alunos e estabelecimento do personal trainer no concorrido mercado de trabalho. Adicionalmente, mas não menos importante, permite a prescrição dentro dos limites de segurança, principalmente em populações com comorbidades. Em síntese, um bom processo avaliativo preliminar é determinante para o sucesso das etapas posteriores! 2 – Na prática, como você costuma utilizar os principais elementos e princípios da prescrição do treinamento? R.: Os princípios e elementos da prescrição são os norteadores do processo de treinamento. A capacidade de manipular e organizar essas variáveis determinará o quanto você é capaz de propor atividades com criatividade e centradas nos objetivos do aluno. Dispensa maiores comentários a necessidade de que os princípios e elementos devem ser pensados de forma individualizada e vinculados ao processo avaliativo preliminar. Existem diversas maneiras de se organizar uma periodização, porém é razoável imaginar os princípios do treinamento como alicerces e os elementos como componentes essenciais na prescrição do treinamento. Uma maneira simples e efi caz de organizar o treinamento e, consequentemente, os elementos é a montagem de ciclos de 14 dias (duas semanas) em que o produto das sessões seja somatório, em prol do objetivo do período. Trata-se apenas de uma forma de organização que permite elencar propósitos menores ao longo de ciclos maiores, além de facilitar a reorganização mensal das atividades. Independentemente da identidade que você dispõe e está desenvolvendo para a prescrição de exercícios físicos, jamais desconsidere os princípios e elementos do treinamento na organização das atividades. 34 Avaliação Física e Prescrição de Exercício ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, você viu que: • testar é o ato de verifi car o desempenho de uma determinada condição por meio de situações previamente organizadas chamadas testes; • medir é o ato de descrever um fenômeno de forma quantitativa; • avaliar é o ato de interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter parecer ou julgamento de valores, tendo por base referenciais previamente defi nidos; • recomendações são um conjunto de indicativos que têm como objetivo principal difundir informações gerais, relativas principalmente à saúde pública; • prescrições são um conjunto de orientações específi cas individuais que objetivam principalmente a melhora da aptidão física e estão ligadas aos objetivos pessoais; • atividade física é qualquer movimento corporal produzido pela contração de músculos esqueléticos e que resulte em gasto energético acima dos níveis de repouso; • exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física; • a avaliação preliminar de saúde consisteem um conjunto de procedimentos avaliativos anteriores à prescrição; • a primeira abordagem ao indivíduo que procura um profi ssional de educação física deve ser iniciada com uma sondagem no sentido de conhecer o histórico de saúde pessoal, sinais e sintomas de doenças e características do estilo de vida da pessoa; • a recomendação atual para a necessidade de avaliação médica deve considerar o nível atual de atividade física do indivíduo, a presença de sinais ou sintomas e/ou doença cardiovascular, metabólica ou renal conhecida e a intensidade de exercício desejada; • sinais são alterações do organismo de uma pessoa que podem ser percebidos por meio do exame clínico ou medidas em exames complementares; • sintomas são alterações do organismo relatadas pelo próprio indivíduo, de acordo com sua percepção de sua saúde; • os seis elementos da prescrição do treinamento são frequência, intensidade, tempo, tipo, volume e progressão, sintetizados pelo acrônimo FITT-VP; • os princípios básicos para a prescrição do treinamento são – individualidade biológica, adaptação, sobrecarga, reversibilidade, interdependência volume-intensidade e especifi cidade. 35 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 Ao fi nal, você já é capaz de conceituar termos específi cos para a avaliação física e prescrição de exercício físico. Além disso, sabe avaliar e classifi car preliminarmente riscos para a prática de exercício físico, reduzindo a ênfase na necessidade de avaliação médica como parte do processo de triagem pré- participação em um programa de exercícios progressivo entre pessoas saudáveis. Ademais, está ciente dos cuidados recomendados para os procedimentos do primeiro contato com o aluno. Estudamos também os elementos e princípios para a prescrição de um programa de exercícios físicos não só para a melhora da aptidão física, mas também para a saúde em geral. No próximo capítulo, detalharemos os procedimentos de medidas e avaliações a serem realizados antes da construção de uma prescrição de exercício físico, bem como uma ferramenta para o acompanhamento dos efeitos do treinamento. Até lá! REFERÊNCIAS ACSM. Diretrizes do ACSM para teste de esforço e prescrição. 8. ed. Filadélfi a: Lippincott Williams & Wilkins, 2010. ACSM. Recursos do ACSM para o personal trainer. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. ACSM. ACSM's guidelines for exercise testing and prescription. 9. ed. Filadélfi a: Lippincott Williams & Wilkins, 2014. ACSM. Exercise and acute cardiovascular events: placing the risks into perspective – a scientifi c statement from the American Heart Association Council on Nutrition, Physical Activity, and Metabolism and the Council on Clinical Cardiology. Circulation, v. 115, n. 17, p. 2358-2368, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. BUSHMAN, B. A. Determining the I (Intensity) for a FITT-VP aerobic exercise prescription. ACSM's Health & Fitness Journal, v. 18, n. 3, p. 4-7, 2014. BUSHMAN, B. A. Developing the P (for Progression) in a FITT-VP Exercise Prescription. ACSM's Health & Fitness Journal, v. 22, n. 3, p. 6-9, 2018. 36 Avaliação Física e Prescrição de Exercício CASPERSEN, C. J.; POWELL, K. E.; CHRISTENSON, G. M. Physical activity, exercise, and physical fi tness: defi nitions and distinctions for health-related research. Public health reports, v. 100, n. 2, p. 126, 1985. CESP. Pre-screening for physical activity: get active questionnaire. Ottawa, 2017. Acesso em: 13 maio 2021. Disponível em: https://store.csep.ca/pages/ getactivequestionnaire. Acesso em: 17 set. 2021. CESP. Pre-screen for physical activity in pregnancy: get active questionnaire for pregnancy. Ottawa, 2019. Acesso em: 13 maio 2021. Disponível em: https:// store.csep.ca/pages/pre-screen-for-physical-activity-in-pregnancy-get-active- questionnaire-for-pregnancy. Acesso em: 17 set. 2021. COOPER, K. H. A means of assessing maximal oxygen intake: correlation between fi eld and treadmill testing. Jama, v. 203, n. 3, p. 201-204, 1968. DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 3. ed. Rio de Janeiro: Shape, 1995. DURSTINE, J. L.; MOORE, G. E.; PAINTER, P. L.; ROBERTS, S. O. (ed.). ACSM'S exercise management for persons with chronic diseases and disabilities. 3. ed. Champaign: Human Kinetics, 2016. FRANKLIN, B. A. Preventing exercise-related cardiovascular events: is a medical examination more urgent for physical activity or inactivity? Circulation, v.129, n. 10, p. 1081-1084, 2014. GARBER, C. E. et al. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fi tness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 2, p. 1334-1359, 2011. GOODMAN, J. M.; THOMAS, S. G.; BURR, J. Evidence-based risk assessment and recommendations for exercise testing and physical activity clearance in apparently healthy individuals. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, v. 36, p. S14-S32, 2011. JUSTINA, L. A. D.; MEGLHIORATTI, F. A.; CALDEIRA, A. M. A. A (re) construção de conceitos biológicos na formação inicial de professores e proposição de um modelo explicativo para a relação genótipo e fenótipo. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 14, n. 3, p. 65-84, 2012. 37 PRINCÍPIOS GERAIS DA AVALIAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS Capítulo 1 RIEBE, D. et al. Updating ACSM's. Recommendations for exercise preparticipation health screening. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 47 n.11 p. 2473-9, 2015. STRAIN, T. et al. Use of the prevented fraction for the population to determine deaths averted by existing prevalence of physical activity: a descriptive study. The Lancet Global Health, v. 8, n. 7, p. e920-e930, 2020. TUBINO, M. J. G. Metodologia científi ca do treinamento desportivo. 3. ed. São Paulo: Ibrasa, 1984. WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guidelines on physical activity and sedentary behaviour. Geneva: World Health Organization, 2020. 38 Avaliação Física e Prescrição de Exercício CAPÍTULO 2 MEDIDAS E AVALIAÇÃO A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • Reconhecer testes e medidas para determinado fi m. • Interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter parecer ou julgamento de valores com bases referenciais previamente defi nidas. • Conduzir testes físicos para avaliar a aptidão física. 40 Avaliação Física e Prescrição de Exercício 41 MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Depois de identifi car limitações ou restrições associadas à saúde e determinar os objetivos do aluno com a prática de exercícios, chegou a hora de realizar a avaliação do condicionamento físico. Portanto, este segundo capítulo será destinado para a compreensão das medidas e avaliações que podem ser utilizadas para tal. Para isso, você contará com uma breve contextualização dos conceitos básicos relacionados à cineantropometria, antropometria, validade, reprodutibilidade e objetividade. Ainda, será apresentada a classifi cação dos tipos e formas de avaliação. Além disso, aspectos sobre a validade, reprodutibilidade e especifi cidade e critérios de qualidade de instrumentos serão detalhados. Em um segundo momento, o enfoque será dado às técnicas e instrumentos utilizados no âmbito das medidas e avaliações em educação física, sobretudo acerca das medidas antropométricas e outras medidas de composição corporal. Ademais, serão descritos os testes e procedimentos para a avaliação da aptidão física relacionadas à saúde, sendo abordados componentes da aptidão cardiorrespiratória, força máxima, resistência muscular e fl exibilidade. 2 CONCEITOS Em todas as áreas de atuação dos profi ssionais de educação física, é necessáriaa adoção de estratégias para averiguar se a proposta de trabalho está atingindo os objetivos almejados. Para isso, são consideradas algumas técnicas de medidas e avaliações. Aspectos relacionados às tais técnicas são historicamente antigos, ainda que, com o passar dos anos, as formas e os critérios de avaliação tenham se modernizado e sofrido aperfeiçoamento teórico. Nesse sentido, inúmeros termos relacionados às medidas e avaliações têm surgido, dentre eles: a antropometria e a cineantropometria. A palavra “antropometria” possui origem grega. Assim, anthropo identifi ca “homem” e metry signifi ca “medida”, ou seja, destina- se à medição dos segmentos corporais. A antropometria consiste em procedimentos e processos científi cos para obter medidas dimensionais anatômicas de superfícies, tais como comprimentos, 42 Avaliação Física e Prescrição de Exercício diâmetros, perímetros e dobras cutâneas do corpo humano por meio de equipamentos especializados. Já a palavra “cineantropometria”, também de origem grega, adiciona a derivação de kines, que signifi ca “movimento”, ou seja, destina-se à medição do homem em movimento. Esse termo possui maior amplitude conceitual e, por isso, sugere o uso da medida no estudo do tamanho, da forma, da proporcionalidade, da composição, da maturação e da função geral do corpo humano. A cineantropometria nos auxilia a entender o movimento humano no contexto de crescimento, de atividade física, exercício físico, desempenho e nutrição (PETROSKI, 2011). Outro ponto importante a ser abordado aqui é a avaliação. Esse procedimento pode se dar de diferentes tipos e formas. Cada uma delas possui suas particularidades e cabe ao profi ssional escolher qual tipo de avaliação utilizará. É possível também utilizar os tipos de avaliação de forma combinada, sem ter que escolher entre uma avaliação ou outra. Veja, na Figura 1, os tipos de avaliação. FIGURA 1 – TIPOS DE AVALIAÇÃO FONTE: A autora 43 MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 Além disso, as avaliações podem ser referenciadas por normas ou por critérios e cada uma possui suas características próprias (ROJAS; BARROS, 2003). A avaliação por norma é a referência de avaliação que expressa o comportamento (distribuição) normal da variável sob a análise na população. Como exemplo, temos o IMC. A determinação do estado nutricional como baixo peso, peso normal, sobrepeso e obesidade se dão de acordo com uma faixa já preestabelecida e amplamente aceita pela comunidade. Já a avaliação por critério geralmente é um valor arbitrário, que apresenta um padrão mínimo de desempenho. Essa forma de avaliação frequentemente é utilizada em testes físicos classifi catórios, em que há um mínimo (de repetição e/ ou distância) a ser atingido para poder seguir no processo de seleção. Todos já reconhecemos a necessidade de avaliar os alunos, clientes e/ ou atletas que estão engajados em treinamento físico para que saibamos se o programa tem proporcionado os resultados esperados ou não. Mas você pode se perguntar: e como eu escolho os melhores instrumentos de avaliação? Obviamente, para a seleção do instrumento, você precisa ter delimitado previamente o que quer avaliar para que saiba quais as ferramentas que estão disponíveis para o uso. Para a seleção do instrumento de avaliação ideal, você deve considerar alguns critérios: qualidade do teste, aspectos práticos e pedagógicos e a utilização dos resultados. A qualidade do teste se refere à validade, reprodutibilidade e objetividade. Os aspectos práticos contemplam a viabilidade e a economia do teste, enquanto os pedagógicos se referem à facilidade de entendimento e à motivação. Já a utilização de recursos engloba a especifi cidade e a prescrição (ROJAS; BARROS, 2003). Para maior aprofundamento na temática, sugere-se a leitura do capítulo Medidas, testes e avaliação: conceitos fundamentais, de autoria de Rojas e Barros, do livro Medidas da atividade física, organizado por Barros e Nahas e publicado no ano de 2003. Entre os critérios supracitados, destaca-se a qualidade dos instrumentos que serão utilizados para a avaliação. Um bom teste costuma ter três principais características: ser válido, reprodutível e objetivo. Veja abaixo a descrição de cada um deles, de acordo com Rojas e Barros (2003). 44 Avaliação Física e Prescrição de Exercício • Validade: é o critério que defi ne o grau de precisão e o erro de medida de um determinado teste. Um teste é válido quando ele mede aquilo que se propõe a medir. O ideal é que os testes possuam elevado grau de precisão e, por conseguinte, pequena margem de erro. É importante considerar que há diferentes tipos de validade, tais como lógica ou de face, de conteúdo, de constructo, concorrente e preditiva. • Reprodutibilidade: refl ete a consistência entre as medidas obtidas em duas ou mais aplicações consecutivas do mesmo teste. Um teste, para ser considerado reprodutível, deve apresentar resultados aproximados dessas duas aplicações. Pode-se dizer que quanto maior for a reprodutibilidade do teste, mais estáveis e precisas serão as medidas obtidas. • Objetividade: é um indicador específi co de reprodutibilidade que se refere ao grau de concordância entre diferentes avaliadores durante a administração de um mesmo instrumento de medida. Um teste é objetivo quando produz resultados semelhantes se administrado por diferentes profi ssionais. Há inúmeros fatores que podem infl uenciar a objetividade de um teste, por exemplo a forma como as instruções foram fornecidas ao avaliado e as condutas ou o estado de humor do avaliador no ato da aplicação do teste. Ressalta-se que testes objetivos sofrem pouca interferência da participação do avaliador. Na prática, você deve ter clareza do que quer avaliar. A partir disso, você deverá procurar testes específi cos para tal fi nalidade. Os testes que são validados costumam ser divulgados em formato de artigo científi co e publicados em periódicos de qualidade. Além disso, você pode buscar por referências que já tenham aplicado o instrumento que você está considerando. Isso permitirá a você ter um norte/modelo de como proceder, além de ter resultados semelhantes para comparar com aqueles que coletou. Nesse sentido, recomenda-se que, anteriormente, o profi ssional defi na qual será o tipo de avaliação a ser realizada, como será a sua interpretação e qual o teste ideal a ser utilizado, de acordo com o seu objetivo e a sua aplicabilidade na prática. Os principais objetivos das medidas e da avaliação, na área de atuação do treinador individual, são: acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento dos alunos; avaliar o estado do indivíduo ao iniciar um programa de exercícios; detectar limitações físicas; auxiliar o indivíduo na escolha de uma atividade física que, além de motivá-lo, possa desenvolver aptidões; acompanhar o progresso do indivíduo; e estabelecer e reajustar programa de treinamento. Você deve se lembrar que, no Capítulo 1, estudamos que a prescrição de exercícios tem como objetivo melhorar a aptidão física. Essa, por sua vez, pode englobar componentes de diferentes dimensões. Inicialmente, os exercícios 45 MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 podem estar voltados à saúde, relacionados com a resistência cardiorrespiratória, força/resistência muscular, fl exibilidade e composição corporal. No entanto, também podem envolver habilidades desportivas em que as variáveis, tais como agilidade, equilíbrio, coordenação, potência e velocidade, são valorizadas (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000). A depender da população e do objetivo de cada aluno, o professor pode/deve elencar quais as capacidades que podem/ precisam ser avaliadas. Abaixo, detalharemos como algumas dessas capacidades podem ser avaliadas. A ordem de aplicação dos testes também costuma ser um fator de confusão aos avaliadores, pois há distintas recomendações. O ACSM (2014) sugere que se inicie pelaavaliação da frequência cardíaca e/ou pressão arterial (caso elas sejam feitas), pois esses métodos têm pressupostos relacionados ao estado de repouso. Em seguida, os procedimentos para a determinação da composição corporal podem ser executados. Isso porque eles podem ter seus resultados infl uenciados se executados após um teste de esforço. Ao fi nal, realiza-se as avaliações de aptidão cardiorrespiratória, força e fl exibilidade, respectivamente. Logicamente, essa ordenação só faz sentido se a avaliação acontecer no mesmo dia. 1 – Diferencie os termos antropometria e cineantropometria. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2 – Relacione os itens I, II e III de acordo com o tipo de avaliação a que se referem. I- Consiste no tipo de avaliação feito continuamente ao longo do processo de ensino-aprendizagem. II- Representa o conjunto de todas as avaliações realizadas no fi m de cada unidade do planejamento. III- Avalia as condições iniciais do indivíduo. 46 Avaliação Física e Prescrição de Exercício ( ) Avaliação diagnóstica. ( ) Avaliação formativa. ( ) Avaliação somativa. 3 ANTROPOMETRIA As medidas e avaliações são um universo complexo, sendo possível realizar diferentes tipos de avaliação, entre elas a do crescimento físico. Para tal, recorre- se às medidas antropométricas, que possuem especifi cidades em cada uma delas. Precisaríamos de um livro inteiro muito maior que este para que todas as possibilidades de tais medidas fossem abordadas. Ademais, haveria inúmeros outros detalhamentos que seria oportuno realizar, como a apresentação e caracterização dos instrumentos utilizados nos procedimentos, descrição e análise de pontos anatômicos e outros mais. Como isso não é possível, estudaremos aqui requisitos básicos para a obtenção dessas medidas, mas recomendo fortemente que, caso seja de seu desejo especializar-se nessa temática, utilize mais fontes de conhecimentos, como livros, artigos científi cos, vídeos e cursos indicados ao longo do capítulo para aprofundar-se nessa temática. Há inúmeros protocolos de avaliação antropométrica na literatura e, de acordo com cada autor, a proposta muda. Além disso, cada um deles especifi ca locais e procedimentos distintos. Porém, isso não é um problema, já que inclusive ocorre em várias outras áreas da educação física. No entanto, é preciso que haja clareza de qual será o procedimento adotado, que se cumpra com todos os requisitos e que se aplique a mesma técnica em todas as medidas realizadas (por exemplo, deve-se utilizar a mesma proposta para todas as dobras cutâneas, e não um protocolo diferente para cada uma delas). Existem dois perfi s gerais adotados pela International Society for the Advancement of Kinanthropometry (ISAK) para a avaliação física: o restrito (ou curto) e o completo. O perfi l restrito é composto de 17 variáveis, já o completo inclui mais 25, totalizando 42 medidas. Além da massa corporal e estatura, o perfi l restrito considera dobras cutâneas, perímetros e diâmetros, enquanto o completo inclui também alguns comprimentos (STEWART et al., 2011). Veja, nos Quadros 1 e 2, as variáveis que compões os perfi s supracitados. 47 MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 QUADRO 1 – MEDIDAS INCLUÍDAS NO PERFIL RESTRITO DE AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA PROPOSTO PELA ISAK Básico Dobras cutâneas Perímetros Diâmetros Massa corporal Tríceps Braço relaxado Úmero Estatura Subescapular Braço contraído Fêmur Bíceps Cintura Crista ilíaca Quadril Supraespinhal Panturrilha Abdominal Coxa anterior Panturrilha medial FONTE: A autora QUADRO 2 – MEDIDAS INCLUÍDAS NO PERFIL COMPLETO DE AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA PROPOSTO PELA ISAK Básico Dobras cutâneas Perímetros Comprimentos* Diâmetros Massa corpo- ral Tríceps Cabeça Acromiale –ra- diale Biacromial Estatura Subescapular Pescoço Radiale – stylion Bi-iliocristal Altura sentado Bíceps Braço relaxa- do Midstylion – dactylion Pé Crista ilíaca Braço contraí- do Altura do ilio- spinale Tórax trans- verso Supraespinhal Antebraço Altura do tro- chanterion Tórax antero- posterior Abdominal Punho Trochanterion –tibiale later- ale Úmero Coxa anterior Tórax Altura do tibi- ale laterale Fêmur Panturrilha medial Cintura Tibiale medi- ale –sphyrion tibiale Quadril Coxa Coxa média Panturrilha Tornozelo FONTE: A autora *Observação: os nomes permanecem em inglês, pois correspondem à determinação de pontos específi cos delimitados pela ISAK, não havendo uma tradução literal para o português. 48 Avaliação Física e Prescrição de Exercício A International Society for the Advancement of Kinanthropometry (ISAK) é uma organização de indivíduos que tem dedicado esforços científi cos e profi ssionais relacionados à cineantropometria. Desde 1996, a ISAK propõe, a nível mundial, uma certifi cação que objetiva formar técnicos (cursos de nível 1 e 2) e instrutores (cursos de nível 3) de antropometria, em uma tentativa de padronização de técnicas e pontos de referência para a avaliação das medidas antropométricas. Não é raro que, em artigos científi cos ou até mesmo na prática clínica, seja mencionada e exigida tal certifi cação aos avaliadores. FONTE: <https://www.isak.global/Home/Index>. Neste título, estudaremos as medidas que compõem o perfi l restrito, contidas no Quadro 1, detalhando o protocolo de avaliação de cada uma delas. Antes de descrever cada uma delas, vejamos algumas instruções gerais para a realização de uma avaliação antropométrica: • Treine antes de começar a realizar avaliações. O aprimoramento da técnica será fundamental para garantir a qualidade dos resultados. • Siga estritamente os protocolos, isso ajudará a minimizar os erros sistemáticos. • Prepare um ambiente restrito e climatizado, bem como os instrumentos (veja a calibração) que serão utilizados e a fi cha de avaliação anteriormente. • As especifi cidades do sujeito, do dia da avaliação e variações dos procedimentos-padrão devem ser registrados na folha de avaliação. • Realize duas medidas consecutivas do mesmo segmento. Caso o valor obtido não tenha sido o mesmo, faça uma terceira medida, calcule a média e atribua como valor. • Ao avaliar a mesma pessoa ao longo do tempo, é de suma importância que os procedimentos adotados sejam exatamente os mesmos, inclusive, sendo a avaliação realizada pelo mesmo avaliador. • Registre os dados e forneça sempre uma cópia da avaliação ao avaliado. 49 MEDIDAS E AVALIAÇÃO Capítulo 2 Referências anatômicas Ao programar uma avaliação física, você defi nirá as medidas que deseja obter e preparar o protocolo que aplicará. Em seguida, já com o avaliado, é preciso que você faça marcações de alguns pontos anatômicos no corpo do avaliado. Eles servirão de referência para a realização das medidas em seguida. Para isso, há uma série de dicas e orientações que você deve seguir, que variam de acordo com o autor do protocolo. Portanto, é preciso que você decida qual deles você vai seguir e adote as medidas necessárias. Lembre-se sempre de que a qualidade dos resultados é produto da qualidade do método de avaliação. 3.1 ESTATURA É a distância perpendicular entre os planos transversais que passam pelo vértex (ponto superior da cabeça) e pela base inferior dos pés (solo) (SILVA et al., 2021). É utilizada principalmente com a fi nalidade de acompanhar o crescimento corporal e o desenvolvimento dos indivíduos. Costuma ser o maior indicador do desenvolvimento corporal e do comprimento ósseo e pode também contribuir para o diagnóstico de doenças, do estado nutricional e para a seleção de atletas. Para a mensuração, é possível utilizar estadiômetro com cursor, paquímetro ou fi ta métrica metálica adaptada com hastes. No entanto, as medidas realizadas por esses diferentes
Compartilhar