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Materiais, Experimentos e Novas Tecnologias no Ensino de Química

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MATERIAIS, EXPERIMENTOS 
E NOVAS TECNOLOGIAS 
NO ENSINO DE QUÍMICA
Autoria: Luíza Melo de Aguiar Lira
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
L768m
 Lira, Luiza Melo de Aguiar
 Materiais, experimentos e novas tecnologias no ensino de 
Química. / Luiza Melo de Aguiar Lira – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 129 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-453-4
 ISBN Digital 978-65-5646-450-3 
1. Estudo e ensino de Química. - Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo da Vinci.
CDD 540
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
As Tecnologias de Informação e Comunicação e o Ensino de 
Química ............................................................................................ 7
CAPÍTULO 2
Os Recursos Digitais no Ensino de Química ............................ 49
CAPÍTULO 3
Recursos Tecnológicos para o Ensino de Química ................ 89
APRESENTAÇÃO
As tecnologias estão presentes em todas as áreas da vida moderna, até 
mesmo onde nem somos capazes de perceber, como na simples utilização de 
um grampeador de papel. As novas tecnologias de informação e comunicação e 
principalmente a internet trazem consigo possibilidades diversas de se comunicar 
em tempo real, podendo noticiar fatos e informações a qualquer pessoa em 
qualquer lugar.
Na área do ensino, as tecnologias não existem apenas como forma de 
entretenimento e podem ser utilizadas para ampliar as possibilidades dentro e 
fora de sala de aula, desde que seja utilizada de forma cuidadosa e planejada.
Os estudantes de hoje em dia não são os mesmos para os quais o sistema 
de ensino foi construído e exigem dos professores cada vez mais formas de 
inovar a maneira com a qual os conteúdos serão disponibilizados, mais do que 
isso, contextualizados, de forma a transformar a informação em conhecimento.
Já os recursos tecnológicos avançam cada vez mais rápido, trazendo novas 
ferramentas que permitem tornar as aulas mais interessantes e, ao mesmo tempo, 
exigindo que o professor esteja sempre se atualizando em relação ao que há de 
recurso disponível para inovar e melhorar cada vez mais as suas aulas, sejam 
elas presenciais ou de forma remota.
Sendo assim, no primeiro capítulo deste livro, você conhecerá os principais 
conceitos e termos envolvidos com as tecnologias, sua definição, contexto e 
importância para a sociedade e para o ambiente escolar. Em seguida, você 
será apresentado a algumas pesquisas que mostram como as tecnologias são 
utilizadas por professores de química desde os anos 80 até os dias atuais.
Depois, nos Capítulos 2 e 3, você conhecerá recursos que permitirão que você 
aplique esses conhecimentos nas suas aulas, sejam eles recursos específicos 
da química – como aplicativos para construir e nomear moléculas orgânicas, 
simuladores de reações químicas, entre outros – e também recursos que você 
já utiliza no seu dia a dia para lazer e entretenimento – como as redes sociais, 
o Youtube e alguns jogos – que se forem bem aplicados, são valiosíssimos para 
facilitar o ensino de uma disciplina que é considerada difícil pelos alunos, mas que 
pode ser agradável e interessante com a utilização das TICs mais modernas.
Esperamos que ao final desta disciplina você seja capaz de elaborar uma 
aula ou uma sequência didática de química dominando alguns dos princípios 
básicos das TICs, sem a necessidade de ser um especialista em informática, com 
recursos da web 2.0 para seus alunos nativos digitais, tornando o processo do 
ensino e aprendizagem da química mais prazeroso e funcional.
CAPÍTULO 1
AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO E O ENSINO DE QUÍMICA
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Apresentar os principais conceitos e termos envolvendo as TICs, como: nativos 
digitais, web 2.0, entre outros.
 Relatar como a tecnologia tem sido utilizada no ensino de química.
 Interpretar os principais termos envolvendo as TICs.
 Discutir a infl uência das TICs no ensino de química.
8
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
9
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O uso das tecnologias faz parte do cotidiano nas mais diversas áreas da 
vida. Hoje em dia, podemos nos comunicar com pessoas em qualquer lugar do 
mundo através da internet. Além disso, com o celular em mãos, somos capazes de 
acessar informações sobre qualquer assunto do nosso interesse, seja por meio de 
notícias, artigos, vídeos, podcasts e os mais variados recursos que a internet pode 
proporcionar. Todavia, tecnologia não se limita apenas a aparelhos sofi sticados e 
digitais, conforme você vai aprender na primeira seção deste capítulo.
Vamos supor que você queira fazer um bolo, mas não saiba como fazer. 
Antigamente, seria necessário consultar um livro de receitas ou perguntar para 
alguém que soubesse, o que tornava essa experiência limitada aos recursos 
fi sicamente disponíveis. Hoje, em questão de segundos, é possível ter acesso 
a cozinheiros em várias partes do mundo e aprender desde os ingredientes 
necessários até o toque fi nal. Tudo isso com recursos interessantes e estimulantes, 
não se limitando apenas a seguir uma receita por escrito, mas podendo ver um 
vídeo, interagir com profi ssionais ou com outras pessoas que passaram pela 
mesma experiência culinária, relatando seus erros e acertos. Ou seja: a maneira 
de aprender a fazer um bolo não é mais a mesma de décadas passadas. E é 
claro que isso não se aplica só a essa experiência culinária.
A forma de acessar a informação mudou, tornando-se mais ativa. 
Consequentemente, a forma de aprender (e ensinar) também mudou. Para saber 
mais sobre um assunto, você pode buscar a informação que lhe interessa sem a 
necessidade de aprendê-la na escola ou em algum curso. Se você quiser ensinar 
um tema que você tem muito conhecimento, como química, basta escrever o que 
você sabe em um blog ou postar um vídeo no Youtube e em poucos minutos seu 
conteúdo estará disponível para milhões de pessoas. Tudo isso é resultado do 
impacto das TICs na sociedade e também no campo do ensino. Você vai aprender 
mais sobre as TICs nas próximas páginas deste livro.
 Se a maneira de aprender e ensinar atualmente não é a mesma de alguns 
anos atrás, é natural pensar que a sala de aula sofrerá algum impacto consequente 
do avanço das tecnologias. Há anos as tecnologias vêm sendo utilizadas por 
professores como ferramentas para incrementar as aulas presenciais, por meio 
de exibição de slides ou uso de computador para realizar pesquisa, por exemplo. 
Mais recentemente, as tecnologias também têm sido utilizadas para intermediar 
aulas a distância, como é o caso do EAD.
10
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
Além disso, em 2020, com o isolamento social imposto pela pandemia da 
COVID-19, professores e alunos tiveram que se adaptar, de um dia para o outro, 
ao uso da tecnologia para viabilizar a continuidade do ano letivo nos locais onde 
houve o fechamento das escolas. Como será que a pandemia da COVID-19 
impactou arelação entre a tecnologia e o ensino? Versaremos mais sobre isso 
ainda neste capítulo.
Neste capítulo, você aprenderá o que são as tecnologias e suas infl uências 
na sociedade e no ensino; alguns termos específi cos desta área, como 
“nativos digitais” e “web 2.0” e qual a importância de defi nir esses conceitos 
para compreender melhor como utilizar a tecnologia em sala de aula. Por fi m, 
você descobrirá como a tecnologia vem sendo utilizada pelos professores e 
pesquisadores no ensino de química nos últimos anos, antes e depois do início 
da pandemia da COVID-19. Tudo isso vai lhe preparar para que, nos próximos 
capítulos, você aprenda a aplicar as tecnologias na sua prática, para além dos 
usos convencionais que você já conhece. Vamos lá? 
2 O QUE SÃO AS TICS?
Nesta seção, você aprenderá a defi nição de tecnologia e o signifi cado da 
sigla TICs, além de outros conceitos importantes para iniciar os estudos neste 
tema. Além disso, compreenderá a infl uência das tecnologias na sociedade e nas 
salas de aula, conhecendo algumas de suas vantagens e limitações.
2.1 TECNOLOGIA(S)
Você sabe o que é tecnologia? Ao pensar em tecnologia, é comum 
pensar em celulares, tablets, computadores e demais dispositivos 
eletrônicos e modernos, no entanto, tecnologia não é só isso. De acordo 
com a professora e pesquisadora Vani Moreira Kenski, autora do livro 
intitulado Tecnologias e ensino presencial e a distância, a tecnologia é 
defi nida como “conjunto de ferramentas e técnicas que correspondem 
aos usos que lhes destinamos” (KENSKI, 2003, p. 13). Para Kenski 
(2003), tudo que é utilizado na vida cotidiana, como lápis e papel, é 
ferramenta tecnológica. A forma como cada ferramenta é utilizada para realizar 
uma ação é chamada de técnica.
A tecnologia é 
defi nida como 
“conjunto de 
ferramentas e 
técnicas que 
correspondem 
aos usos que lhes 
destinamos”.
11
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
FIGURA 1 – O QUE É TECNOLOGIA
FONTE: A autora
Ou seja, se você é capaz de utilizar um lápis e um papel para escrever uma 
mensagem, você está fazendo uso de uma tecnologia que você já domina e ela 
não tem, necessariamente, relação com o uso de uma máquina. Além disso, a 
própria linguagem é um tipo de tecnologia, que utilizamos recursos como a fala e 
a escrita para estabelecer a comunicação.
A linguagem, enquanto tecnologia, enquadra-se nas “tecnologias 
da inteligência”, que para Kenski (2003) são construções criadas 
pelos seres humanos que possibilitam avançar no conhecimento e 
consequentemente aprender mais. Para a autora, as Tecnologias de 
Comunicação e Informação (TICs) estão articuladas às tecnologias da 
inteligência, por veicularem a informação e a comunicação em todo 
mundo, por meio de ferramentais tais como jornal, sites, rádio, que são 
as mídias.
“tecnologias da 
inteligência”, que 
para Kenski (2003) 
são construções 
criadas pelos seres 
humanos que 
possibilitam avançar 
no conhecimento e 
consequentemente 
aprender mais.
1 As tecnologias foram defi nidas por Kenski (2003) como um 
conjunto de técnicas e ferramentas que correspondem ao uso 
que lhes são destinados. Sendo assim, analise as afi rmações a 
seguir e assinale a alternativa correta. 
12
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
a) ( ) A calculadora é uma tecnologia, pois é um aparelho que 
permite realizar uma conta em segundos.
b) ( ) A matemática é uma tecnologia, pois é composta por um 
conjunto de regras e fórmulas que permite que a humanidade 
avance em seu conhecimento.
c) ( ) A destilação é uma ferramenta que permite a separação de 
dois líquidos em uma mistura homogênea.
d) ( ) São tecnologias: computador, celular e internet.
2 O escritor, poeta e cronista alemão Charles Bukowski (1920 
– 1994), autor de diversos romances, escrevia suas obras 
utilizando uma máquina de escrever desde 1939, quando ganhou 
sua primeira máquina de seu pai. De acordo com os conceitos 
estudados anteriormente, associe os termos utilizando o código a 
seguir.
I- Ferramenta.
II- Técnica.
III- Tecnologia.
( ) A linguagem.
( ) A escrita.
( ) O papel.
( ) A máquina de escrever.
Assinale a seguir a alternativa que contém a sequência correta. 
a) ( ) III – I – II – III. 
b) ( ) III – II – I – I. 
c) ( ) II – III – I – III.
d) ( ) I – II – III – II. 
Você deve estar se perguntando por que ainda não falamos sobre televisores, 
computadores, celulares, rádio, tablets e demais equipamentos utilizados para 
a comunicação. Esses equipamentos são denominados suportes midiáticos
(KENSKI, 2003). De acordo com as defi nições apresentadas anteriormente, seria 
possível dizer que esses equipamentos são as “ferramentas” que possibilitam o 
acesso aos conteúdos midiáticos, que são os textos, fi guras, sons que chegam às 
pessoas como forma de informação.
13
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
No entanto, os suportes midiáticos não são ferramentas como um lápis 
e um papel, por isso, a palavra “ferramentas” está entre aspas. De acordo 
com Kenski (2003) e Leite (2015), a interação das pessoas com os suportes 
midiáticos é diferente da interação com outras ferramentas. Isso ocorre pois há a 
“humanização” desses equipamentos devido ao tipo de interação entre a pessoa 
que está utilizando para receber um conteúdo e a pessoa que está transmitindo 
esse conteúdo por meio de um suporte midiático. Utilizar um celular para acessar 
as redes sociais não é a mesma coisa que utilizar uma colher para comer uma 
sopa. Embora ambos sejam instrumentos utilizados no cotidiano, uma colher 
não permite a interação entre pessoas, ou seja, a comunicação, que o celular 
permite. 
FIGURA 2 – O QUE SÃO TICS
FONTE: A autora
1 Descreva a principal diferença existente entre as ferramentas 
defi nidas por Kenski (2003) e os suportes midiáticos.
De acordo com Kenski (2003, p. 16) “as novas tecnologias de informação 
e comunicação caracterizadas como midiáticas, são, portanto, mais do que 
simples suportes. Elas interferem em nosso modo de pensar, sentir, agir, de nos 
relacionarmos socialmente e adquirirmos conhecimentos. Criam uma nova cultura 
e um novo modelo de sociedade”.
14
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
O avanço das tecnologias, em geral, sempre infl uenciou a 
sociedade. Conforme as novas tecnologias vão surgindo, a sociedade 
vai se moldando e se adaptando às facilidades trazidas por elas, de 
forma que é quase impossível imaginar um mundo sem os aparatos 
tecnológicos que utilizamos desde que nascemos.
Fernandes, Rodrigues e Ferreira (2018) ressaltam a importância 
de compreender que a tecnologia não é “a ciência aplicada” e 
não se resume apenas aos suportes midiáticos já mencionados. 
Para os autores, a tecnologia não se trata apenas da aplicação dos 
conhecimentos científi cos, mas sim do desenvolvimento de soluções 
para problemas da sociedade, como a comunicação. Já a ciência pode 
ser defi nida como a produção de um conhecimento confi ável. Embora 
intimamente ligadas, ciência e tecnologia são conceitos diferentes e 
que não devem ser confundidos.
“as novas 
tecnologias de 
informação e 
comunicação 
caracterizadas 
como midiáticas, 
são, portanto, mais 
do que simples 
suportes. Elas 
interferem em nosso 
modo de pensar, 
sentir, agir, de nos 
relacionarmos 
socialmente 
e adquirirmos 
conhecimentos. 
Criam uma nova 
cultura e um 
novo modelo de 
sociedade”.
Leia o artigo intitulado Elaboração e validação de um instrumento 
de análise sobre o papel do cientista e a natureza da ciência e da 
tecnologia, de Fernandes, Rodrigues e Ferreira que foi publicado na 
revista Investigações em ensino de ciências, em 2018, e pode ser 
encontrado na íntegra no seguinte link: <https://www.if.ufrgs.br/cref/
ojs/index.php/ienci/article/view/1190>.
As tecnologias de informação e comunicação mais modernas, em especial, 
permitem que as pessoas se comuniquem com outras em qualquerlugar do 
planeta, de forma rápida e efi ciente. Se no século XIX, para comunicar uma 
descoberta científi ca, era necessária a comunicação entre os pares através de 
escritos, como cartas e livros, ou aulas para um pequeno grupo de aprendizes, 
hoje em dia, basta publicar na internet e em segundos os cientistas do mundo 
inteiro têm acesso às mais modernas e recentes descobertas. E é claro que esse 
avanço também traz consequências para a educação contemporânea.
Além da diferença na velocidade do acesso à informação, a forma de 
interação dos estudantes com os conteúdos é bem diferente, se compararmos 
o uso de uma ferramenta e de um suporte midiático. Um estudante interagirá 
15
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
com o conteúdo de um livro, que é uma ferramenta, de forma bem diferente da 
sua interação com o mesmo conteúdo em formato de vídeo, que será acessado 
utilizando um suporte midiático. Dessa forma, é necessário que o professor 
conheça as particularidades do uso das TICs dentro do contexto do ensino. 
As TICs são o foco principal desta seção, que estudaremos mais 
detalhadamente no tópico a seguir.
2.2 TECNOLOGIAS DE 
COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO 
(TICs)
As TICs englobam a união entre a área da informática e as telecomunicações. 
De acordo com Leite (2015), os suportes midiáticos englobados como TICs são 
televisão, rádio, celular etc., que são meios de comunicação que facilitam e 
agilizam a difusão da informação.
As TICs mais modernas permitem que estejamos conectados com 
acontecimentos do mundo inteiro apenas com um toque. Televisões noticiam 
fatos quase de forma instantânea. Mais rápida ainda é a comunicação pela 
internet, que pode ser realizada pelo celular a qualquer momento e em qualquer 
lugar, encurtando as distâncias entre quem comunica e quem é comunicado e 
agilizando a velocidade da difusão da informação.
Dessa forma, a população é bombardeada diariamente por milhares de 
informações através dos meios de comunicação aos quais têm acesso. Para 
Kenski (2003), isso confi gura um desafi o para a escola na atualidade, pois os 
estudantes recebem milhares de informações pelos meios digitais. De acordo 
com a autora, essas informações são recebidas pelos estudantes de forma 
acrítica – isto é, sem que o estudante pense a respeito da informação que acaba 
de receber – e cabe à escola o trabalho de ser o espaço crítico quanto ao uso e 
à apropriação dos conteúdos veiculados pelas TICs. É importante lembrar que 
uma das competências e habilidades que se espera dos estudantes de química 
é a formação de pensamento crítico, que é a capacidade de refl etir e atuar na 
sociedade em que vive. Também cabe à escola reconhecer que as TICs interferem 
no modo de agir, interagir e aprender.
Uma característica importante das novas TICs é que elas evoluem com muita 
rapidez e por isso estamos em um constante estado de aprendizagem, que é, 
para Kenski (2003, p. 20), “consequência natural do momento em que vivemos”.
16
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
Você deve lembrar-se de como eram os celulares no início dos anos 90. 
Agora, observe os celulares atuais. Há muitas semelhanças? E diferenças? 
Um usuário de celular dos anos 90 que não se atualizou será capaz de utilizar, 
automaticamente, um celular moderno e atual?
Um celular do início dos anos 90 funcionava apenas para receber e realizar 
ligações. Alguns mais caros e mais modernos contavam com a possibilidade 
de enviar e receber curtas mensagens de texto, chamadas SMS. Os 
celulares atuais, também chamados de smartphones apresentam os 
mais diversos recursos. Por meio de aplicativos, podemos utilizar o 
celular para as chamadas de vídeo, para as informações sobre nossa 
própria saúde (como contador de passos), para aprender um novo 
idioma, para acessar vídeos, ler notícias, jogar jogos e muitas outras 
funções. Estamos sempre aprendendo como utilizar os novos aparatos 
tecnológicos e seus produtos (como aplicativos) e a aprender por meio 
deles.
Estamos sempre 
aprendendo 
como utilizar os 
novos aparatos 
tecnológicos e seus 
produtos (como 
aplicativos) e a 
aprender por meio 
deles.
Para saber mais sobre a evolução dos celulares no Brasil, 
acesse: <https://www.jornalcontabil.com.br/a-evolucao-do-celular-
confira-como-os-aparelhos-mudaram-ate-chegar-ao-modelo-
do-novo-iphone/#:~:text=Nos%20anos%2090%2C%20a%20
tecnologia,d%C3%ADgitos%20e%20alertas%20do%20sistema>.
Por exemplo: uma pessoa que aprendeu a utilizar um computador nos 
anos 90 e não se atualizou quanto às mudanças ocorridas desde então, terá 
difi culdades em utilizar um computador moderno e atual. Essa pessoa terá que 
reaprender como interagir com o computador em si, com os softwares instalados 
e como aprender utilizando esse computador como recurso.
Se por um lado as TICs evoluem rapidamente, por outro lado, os livros 
didáticos modernos não diferem tanto assim dos livros de 20, 30 ou até 40 anos 
atrás. Pode ser que apresentem alguns recursos diferentes, sejam mais coloridos 
ou com atividades mais atuais, mas a estrutura do livro didático permanece a 
mesma há muitos anos. Dessa forma, uma pessoa que aprendeu em um livro 
didático dos anos 2000 não teria difi culdade em utilizar um livro atual com 
conteúdo similar.
17
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
Essa velocidade de evolução é a principal diferença entre as novas TICs 
e as ferramentas tecnológicas que você aprendeu no início deste capítulo. De 
acordo com Kenski (2003, p. 22) “Abrir-se para novas educações – resultantes 
de mudanças estruturais nas formas de ensinar e aprender possibilitadas pela 
atualidade tecnológica – é o desafi o a ser assumido por toda a sociedade”. Sendo 
assim, no próximo tópico, será explorada a relação entre as TICs e o ensino.
2.3 AS TICs E O ENSINO
Você já aprendeu nas seções anteriores que a interação com as TICs 
infl uencia nas diversas áreas da vida. Conforme a ciência avança, novas 
tecnologias vão surgindo e essas novas tecnologias acarretam mudanças nos 
hábitos do indivíduo e da sociedade como um todo. É muito difícil atualmente que 
alguém opte por mandar uma carta a um parente que está em outro continente, 
quando há a possiblidade de mandar um simples e rápido e-mail, pois já estamos 
habituados com a velocidade na comunicação através dos meios digitais.
Pensando em relação à aprendizagem, é improvável que você vá realizar 
uma pesquisa em uma enciclopédia buscando os conteúdos de uma aula química, 
por exemplo. Provavelmente, você utilizará uma ferramenta de busca online, 
como o Google, e, em segundos, terá milhares de resultados que equivalem a 
sua pesquisa. Também é pouco provável que, ao preparar a aula que será dada 
aos seus alunos, você vá até uma biblioteca para acessar um artigo acadêmico, 
folhear arquivos, procurar a revista, o número e volume contendo o assunto sobre 
o qual será a sua aula. Com o computador (ou até mesmo o celular) você pode 
fazer isso em poucos segundos, apenas pesquisando pela palavra-chave e assim 
terá acessos a periódicos em todo o mundo, sem sequer ter a limitação espacial 
que só lhe permitiria ter acesso às revistas existentes naquela biblioteca que seria 
visitada.
Se você, enquanto professor, possivelmente utilizaria as TICs para buscar 
uma informação, por que não esperar esse mesmo comportamento dos seus 
alunos, que são ainda mais conectados à internet que nós mesmos? Por que, 
muitas vezes, o uso das TICs em sala de aula se limita apenas à projeção de 
slides em uma tela? Quais seriam as potencialidades de um uso mais amplo das 
TICs, como forma de obter informação?
 As TICs não são apenas um recurso didático que pode ser utilizado 
pelo professor, são parte integrante e fundamental da vida dos estudantes 
(LEITE, 2019). Portanto, precisam ser exploradas e utilizadas com objetivos bem 
defi nidos e fundamentados. Para o autor, nem todas as experiências envolvendo 
18Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
o uso de TICs são situações educativas inovadoras. Se as TICs forem utilizadas 
de modo simplista, sem um bom preparo e planejamento do professor, elas não 
contribuirão para o ensino de forma signifi cativa.
 Um exemplo do uso simplista de TICs em sala de aula é a utilização de 
um projetor para exibição de slides, de forma meramente ilustrativa. É claro que 
a utilização desse recurso contribui para melhorar a dinâmica em sala de aula, 
pois permite a exibição de imagens que o professor não conseguiria reproduzir 
à mão livre no quadro, além de vídeos e animações. Também agiliza a aula, já 
que o professor não precisa perder tempo escrevendo toda a matéria no quadro 
para os alunos copiarem. Embora seu uso traga vantagens, não é uma forma 
inovadora da utilização das tecnologias, pelo contrário, é uma forma de manter 
a aula expositiva tradicional e ainda mais padronizada, tendo em vista que os 
mesmos slides podem ser exibidos em várias turmas diferentes.
 Para utilizar as TICs no ensino, não basta apenas substituir os recursos 
que já existem por outros recursos tecnológicos que não acrescentem em nada, 
como substituir um livro impresso por um e-book. De acordo com Leite 
(2015), os recursos tecnológicos precisam agregar e contribuir para que 
os alunos adquiram conhecimento. Não adianta pedir que o estudante 
use um equipamento, como o computador, para fazer uma pesquisa 
sobre determinado assunto, que ele apenas irá “copiar e colar” o 
conteúdo para entregar ao professor. É necessário criar estratégias 
para o uso das TICs, de forma que o estudante tenha autonomia e seja 
ativo no processo de adquirir o conhecimento, mas de forma crítica e 
não apenas recebendo conteúdo sem signifi cado para ele.
 Uma possibilidade é fazer com que o aluno pesquise sobre os 
seus interesses que tenham relação com o conteúdo da aula e leve o 
seu aprendizado para a discussão com a turma. Na área da química, 
se o professor pedir para seus alunos pesquisarem o que é um 
acetato de n-butila, provavelmente receberá várias pesquisas iguais 
ou muito semelhantes aos primeiros resultados disponíveis no Google
ao pesquisar esse termo. Porém, se o professor pedir para que cada aluno 
pesquise sobre como obter seu aroma favorito, é possível que alguém traga para 
a discussão o cheiro de banana, dando uma oportunidade para o professor falar 
sobre o acetato de n-butila em um contexto do interesse dos alunos, em uma aula 
sobre ésteres mais rica do que se fosse apenas expositiva.
Também não é função das TICs somente entreter e tornar mais dinâmicas 
as atividades em sala de aula, de forma descompromissada. Mesmo que o aluno 
pareça interessado em utilizar um aplicativo do celular sobre a tabela periódica, 
Os recursos 
tecnológicos 
precisam agregar e 
contribuir para que 
os alunos adquiram 
conhecimento.
É necessário criar 
estratégias para 
o uso das TICs, 
de forma que o 
estudante tenha 
autonomia e seja 
ativo no processo 
de adquirir o 
conhecimento.
19
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
e ele provavelmente estará, se não houver uma estratégia didática envolvida na 
sua utilização, não haverá, somente com o uso do aplicativo, um grande ganho 
no seu aprendizado. É importante que o professor tenha um objetivo pedagógico 
claro para que os recursos utilizados não sejam apenas passatempos na sala de 
aula. Sendo assim, ao planejar o uso de um recurso tecnológico, o professor deve 
se perguntar:
• Por que utilizar as TICs e não um recurso tradicional, como o quadro 
negro? Qual a vantagem do uso das TICs nessa situação?
• Para que utilizar as TICs? Ou seja: com qual objetivo será utilizado um 
recurso tecnológico?
• Quem são as pessoas que terão acesso a esses recursos? Os alunos e 
professores envolvidos no processo já sabem utilizar os equipamentos 
envolvidos?
• Como serão utilizados os dispositivos? Há viabilidade de equipamentos 
para todos os alunos? A escola tem os materiais necessários ou os 
alunos precisarão utilizar seus próprios aparelhos?
Analise o exemplo a seguir: um professor de química de uma escola 
particular deseja realizar uma aula de cinética química utilizando um site que 
simula as reações químicas ocorrendo em diferentes velocidades. Como a escola 
não possui laboratório de química, o uso das TICs é vantajoso, pois permite 
variar as condições de reação química e simular a presença dos alunos em um 
laboratório, ao qual eles não teriam acesso por outros meios. Sendo assim, as 
TICs serão utilizadas pelos alunos através da utilização de um site que permite 
que os próprios estudantes alterem as condições da reação, como concentração 
e temperatura, e verifi quem o que acontece em diferentes situações. Esses 
alunos são estudantes do segundo ano do ensino médio e têm acesso a celulares 
próprios. A escola disponibilizará a internet para que eles possam realizar a 
atividade.
Essa é uma situação na qual o planejamento contempla as perguntas 
mencionadas anteriormente, na qual é possível perceber que o uso das TICs não 
será meramente ilustrativo e contribuirá para a aprendizagem dos alunos tal como 
faria um laboratório, por exemplo.
Leite (2019) aponta algumas difi culdades para a inserção das TICs no ensino. 
Para o autor, a falta de capacitação dos professores para o uso das tecnologias, a 
falta de adaptação dos conteúdos que serão ensinados e as condições de trabalho 
inadequadas são fatores limitantes para a utilização das TICs nas escolas.
20
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
Por sua vez, para Leite (2015), as TICs são instrumentos que 
possibilitam aprender, ensinar e transmitir para outras pessoas os 
conhecimentos adquiridos e acumulados ao longo da história. O papel 
do professor não é mais o de apresentar os conteúdos para seus 
alunos, já que há toda a informação disponível por meio das TICs, 
de fácil acesso e utilizando recursos cada vez mais interessantes, 
como imagens, recursos interativos, podcasts, entre outros. Cabe ao 
professor então utilizar essas tecnologias para ensinar aos seus alunos 
como encontrar a informação que eles precisam e como aplicá-la para resolver as 
situações da sua vida diária e escolar. Afi nal, de que adianta pesquisar e descobrir 
que a reação química ocorre mais rapidamente quanto maior a superfície de 
contato se o aluno não conseguir aplicar esse conhecimento para entender que a 
carne moída estraga mais rápido do que o bife na geladeira?
Cabe ao professor 
então utilizar 
essas tecnologias 
para ensinar 
aos seus alunos 
como encontrar a 
informação que eles 
precisam.
1 As novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) 
permitem que a comunicação ocorra em tempo real, de forma 
praticamente instantânea, seja por meio de computadores, 
celulares e até televisão. Uma vez que isso ocorre, é possível 
pensar que essa forma de comunicação dinâmica e rápida 
infl uencia os diversos setores da sociedade, inclusive a educação. 
Quanto ao uso das TICs no ensino, é correto afi rmar que:
a) ( ) A utilização de qualquer TIC na sala de aula terá uma grande 
infl uência positiva na aprendizagem dos alunos.
b) ( ) São difi culdades relacionadas ao uso das TICs: falta de 
conhecimento do uso de suportes midiáticos pelos estudantes, 
falta de capacitação dos professores, falta de conteúdos de 
qualidade disponível.
c) ( ) Tornar as aulas motivadoras e interessantes é o principal 
objetivo das TICs no ensino, tendo em vista que alunos mais 
motivados aprendem melhor.
d) ( ) É necessário um preparo pedagógico detalhado e cuidadoso 
para que o uso das TICs seja considerado relevante para o ensino 
de uma disciplina.
21
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
Em seu artigo publicado em 2019, Leite afi rma que para que as TICs sejam 
melhor utilizadas para promover o ensino e a aprendizagem, é necessária uma 
equipe multidisciplinar considerando os aspectospedagógicos e técnicos. Para 
isso, deve-se desenvolver o que o autor nomeia como Recursos Didáticos 
Digitais (RDD), que são “ferramentas que permitem a passagem de diversas 
formas de linguagem (textos, imagens, sons etc.), facilitando uma construção do 
conhecimento por parte do aprendiz” (LEITE, 2019, p. 330).
Esses recursos compõe o ambiente e podem ser objetos tecnológicos que 
possam ser reutilizados, tais como equipamentos, objetos, instrumentos, desde 
que sirvam para ensinar algum conteúdo. Os Recursos Didáticos Digitais não são 
componentes meramente ilustrativos e devem ter um papel decisivo na construção 
do conhecimento (LEITE, 2019). Alguns desses RDD serão apresentados no 
Subtópico 4 deste capítulo e nos Capítulos 2 e 3 deste material.
3 NATIVOS DIGITAIS, GERAÇÕES DA 
WEB E A SALA DE AULA
Agora que você já conhece mais sobre as tecnologias, em especial sobre as 
TICs e sua relação com a educação, é possível que você esteja se perguntando: 
será que todas as pessoas aprendem da mesma maneira? Será que todas as 
tecnologias são utilizadas da mesma maneira? É possível que haja diferença na 
forma de interagir com a tecnologia, dependendo da década em que você nasceu? 
E a web, sempre foi do jeito que é hoje? 
Neste subtópico, você aprenderá alguns conceitos que vão lhe ajudar a 
entender melhor como responder a cada uma das perguntas do parágrafo anterior. 
Vamos lá?
3.1 NATIVOS DIGITAIS, IMIGRANTES 
DIGITAIS
Você já deve ter percebido que pessoas de gerações diferentes lidam com a 
tecnologia de maneiras diferentes. De modo geral, as pessoas mais idosas têm mais 
difi culdade e mais resistência em utilizar as novas tecnologias, que são atualizadas 
cada vez mais rapidamente e apresentam cada vez mais recursos. Já as crianças 
costumam aprender rapidamente como utilizar os meios digitais, mesmo quando 
manuseiam equipamentos com os quais nunca tiveram contato antes.
22
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
Para começar a entender o motivo dessa diferença existente entre as 
diferentes gerações, leia a notícia a seguir, que foi publicada no portal eletrônico 
do jornal Correio Braziliense em setembro de 2020. 
Há 70 anos, a televisão foi inaugurada 
no Brasil; relembre a história
A primeira transmissão ocorreu em 18 de 
setembro em 1950 com a TV Tupi, idealizada pelo 
jornalista e empresário Assis Chateubriand
Hoje, a televisão é um item comum na casa dos brasileiros. 
Mas isso só aconteceu porque em 18 de setembro de 1950 nascia 
a primeira emissora de tevê do país com a primeira transmissão 
no Brasil, feita pela Rede Tupi de Televisão, a TV Tupi, a primeira 
estação da América do Sul e a quarta do mundo, de responsabilidade 
do jornalista e empresário Assis Chateubriand, do Diários Associados.
Pioneiro na história da tevê e conhecido no mundo jornalístico, 
empresarial e político, Chatô, como era conhecido, fez da inauguração 
da televisão no Brasil um acontecimento transformador na história 
do país. Se hoje a telinha é paixão nacional, é porque o empresário 
arriscou anos atrás e investiu na importação dos equipamentos para 
a inédita transmissão.
Apesar da televisão ter iniciado as transmissões no país em 
1950, foi apenas duas décadas depois que o televisor chegou de 
forma massiva aos lares brasileiros. Durante esses 70 anos, a forma 
de fazer tevê foi sendo moldada, chegando ao que conhecemos na 
atualidade, com novelas, conteúdos noticiosos e programas variados 
de entretenimento, sempre espalhando os costumes sociais.
Adaptado de: <https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e-
arte/2020/09/4876275-ha-70-anos-a-televisao-foi-inaugurada-no-
brasil-relembre-a-historia.html>. Acesso em: 28 jan. 2021. 
Como você pôde perceber na notícia anterior, foi apenas nos anos 70 que a 
TV chegou nos lares brasileiros. Isso signifi ca que se você nasceu nos anos 90, 
provavelmente está acostumado com a presença da televisão na sua casa e em 
lugares que você frequenta desde a sua infância. Dessa forma, mesmo que você 
compre um aparelho de televisão de um modelo novo e mais atual, você não terá 
23
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
difi culdades para lidar com essa tecnologia, afi nal, você nasceu inserido em um 
mundo no qual a televisão já existia. O mesmo não ocorre com quem nasceu nos 
anos 50, que só foi ter um aparelho de televisão em casa duas décadas depois. 
É claro que essa pessoa é capaz de aprender a manusear uma TV e é esperado 
que aprenda. No entanto, não será tão natural como para alguém que já nasceu 
tendo contato com ela.
O mesmo ocorre com a internet e todas as suas funcionalidades. A internet 
completou 30 anos em 2019 e popularizou-se no Brasil na última década, facilitada 
pelo acesso de celulares à rede internacional de computadores (World Wide Web
ou simplesmente web). De acordo com a pesquisa do IBGE realizada em 2018 e 
publicada no portal de notícias g1.globo.com, a internet é acessada por mais de 
70 por cento dos brasileiros, sendo esse acesso realizado pelo celular em 97 por 
cento dos casos. De acordo com a publicação, o número de usuários com acesso 
à internet cresce a cada ano.
Leia a seguir a notícia da Agência Brasil sobre o número de jovens com 
acesso à internet. 
Brasil tem 24,3 milhões de crianças e 
adolescentes que usam internet
Número equivale a 86% das pessoas entre 9 e 17 anos, diz pesquisa
Cerca de 24,3 milhões de crianças e adolescentes, com 
idade entre 9 e 17 anos, são usuários de internet no Brasil, o que 
corresponde a cerca de 86% do total de pessoas dessa faixa etária no 
país. A informação consta na pesquisa TIC Kids Online Brasil 2018, 
divulgada hoje (17) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 
por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento 
da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e 
Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
“Este percentual é mais alto do que a média da população 
em geral [conectada], que está em torno de 70%. Isso mostra que 
crianças e adolescentes são um público bastante conectado à rede”, 
disse Fabio Senne, coordenador de projetos de pesquisas do Cetic.
br. Segundo ele, há três anos o uso da internet por esse público era 
79%. “Há um incremento constante no percentual de usuários. E isso 
tem a ver também com as faixas etárias. Quando se chega na faixa 
entre 15 e 17 anos, esse percentual é ainda maior que os 86%”.
24
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
Multimídia
Segundo a pesquisa, oito em cada dez crianças e adolescentes 
do país assistem a vídeos, programas, fi lmes ou séries na internet. 
O estudo revelou que o uso da internet para atividades multimídia 
por crianças e adolescentes (83% do total dos entrevistados) é maior 
que a utilização da internet para o envio de mensagens instantâneas 
(77%), que o hábito de jogar sem conexão com outros jogadores 
(60%) ou conectados com outros jogadores (55%) é pouco maior 
que o uso da internet para escutar música (82%).
A internet é mais usada por meio de telefone (93%). Desde 
2014, o uso de telefone celular ultrapassou o uso de computadores 
e Senne acredita que isso deve ainda aumentar. Também vem 
crescendo o uso de internet por meio da televisão (chegando a 
32%, quando em 2014 era acessada por 5% dos entrevistados). A 
pesquisa apontou que em setores mais vulneráveis da população, as 
pessoas tendem a usar a internet exclusivamente por celular, como 
no caso das classes D e E, em que esse tipo de uso exclusivo foi 
apontado por 71% das pessoas.
Educação
Cerca de 74% das crianças e adolescentes utilizam a internet 
para pesquisa em trabalhos escolares. Pouco mais da metade (53%) 
usa a internet para ler ou assistir a notícias, enquanto 66% diz que 
costuma fazer pesquisas na internet por curiosidade ou vontade 
própria.
No entanto, o uso de internet dentro das escolas atinge em 
torno de 40% das crianças e adolescentes do país. “Isso mostra que, 
apesar do uso já atingir 86% das criançase adolescentes, quando 
vamos olhar para a escola, a escola não está sendo um espaço 
prioritário de uso da rede”, disse Senne.
Adaptado de: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/
noticia/2019-09/brasil-tem-243-milhoes-de-criancas-e-adolescentes-
utilizando-internet>. Acesso em: 28 jan. 2021. 
25
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
De acordo com a notícia relatada anteriormente, crianças e jovens com 
acesso à internet correspondem a 86% da população dessa faixa etária. Esse 
percentual é maior do que o percentual da população em geral, que é de 70%. 
Sendo a internet um fenômeno em ascensão a partir dos anos 90, é esperado que 
os jovens nascidos nos anos 2000 e 2010 tenham contato com o uso da internet 
desde a primeira infância, já que nasceram após a sua criação e propagação. Já 
os idosos com acesso à internet na faixa dos 60 anos correspondem a cerca de 
34% da população total na faixa etária, embora esse número cresça a cada ano.
Sendo assim, fi ca clara a diferença que existe em relação ao acesso à 
internet em diferentes gerações. Em 2001, o escritor americano Marc Prensky 
criou os termos “nativos digitais” e “imigrantes digitais” para diferenciar esses dois 
grupos que lidam com a tecnologia de forma tão distinta.
Para Prensky (2001), os nativos digitais são as pessoas que 
nasceram depois da invenção e popularização da internet. De um 
modo geral, essas pessoas nasceram em meio às tecnologias e sequer 
conseguem imaginar um mundo no qual não haja internet. Os imigrantes 
digitais, por sua vez, são aqueles que nasceram antes da internet e, por 
isso, lidam com ela de uma forma diferente dos nativos digitais, já que 
viveram em um mundo no qual a internet ainda não existia.
É evidente que sempre houve uma diferença de gerações entre 
professores e alunos, uma vez que os professores são mais velhos 
que os seus estudantes considerando o ensino básico regular (no caso 
da Educação de Jovens e Adultos, pode ocorrer de os alunos serem 
mais velhos que seus professores, assim como na graduação e na pós-
graduação, mas esses não são o foco dessa publicação). Porém, essa 
diferença de gerações é muito mais acentuada quando há um imigrante digital 
lecionando para um nativo digital, devido à forma com que esses grupos lidam 
com a tecnologia e com o acesso à informação. 
Vamos supor que um nativo digital e um imigrante digital precisem 
montar um móvel simples, considerando que ambos não tenham 
realizado essa tarefa previamente e precisem aprender a montar 
o móvel. Provavelmente o nativo digital vai procurar um tutorial no 
Youtube, com um vídeo explicando e demonstrando o que ele tem que 
fazer. Já um imigrante digital possivelmente vai pensar primeiro em 
ler o manual de instruções ou talvez perguntar para um amigo que já 
tenha montado um móvel anteriormente. É essa diferença na forma de 
raciocinar sobre como obter a informação necessária que faz com que 
haja um “choque” entre essas gerações, principalmente ao se tratar de 
professores e alunos.
Para Prensky 
(2001), os nativos 
digitais são as 
pessoas que 
nasceram depois 
da invenção e 
popularização da 
internet.
Os imigrantes 
digitais, por sua vez, 
são aqueles que 
nasceram antes da 
internet.
É essa diferença na 
forma de raciocinar 
sobre como obter 
a informação 
necessária que 
faz com que haja 
um “choque” entre 
essas gerações, 
principalmente ao se 
tratar de professores 
e alunos.
26
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
É claro que um imigrante digital é capaz de montar um móvel assistindo a um 
vídeo no Youtube, mas provavelmente essa não será a primeira coisa em que ele 
vai pensar quando se deparar com esse problema e fi cará mais confortável com 
um meio mais analógico – isso é, o manual em papel. Para Prensky (2001), esse 
raciocínio funciona de forma similar ao sotaque de um imigrante: ele é capaz de 
falar fl uentemente um outro idioma, mas sem perder as marcas do seu idioma 
de origem. É diferente de um nativo, que fala a língua com naturalidade, sem 
sotaque e dominando as gírias e expressões do local onde nasceu.
FIGURA 3 – IMIGRANTES DIGITAIS E NATIVOS DIGITAIS
FONTE: A autora
De acordo com Leite (2015), os nativos digitais são capazes de obter 
rapidamente uma informação na internet. Se, no passado, as notícias eram 
impressas uma vez por dia no jornal, só sendo atualizadas no dia seguinte, hoje 
em dia, os sites de notícias são atualizados em poucos minutos, dando sempre a 
informação mais atualizada possível. Dessa forma, não é mais necessário esperar 
que a informação seja publicada e chegue até você. Basta acessar a internet e 
buscar a informação mais atual que estiver disponível.
Os nativos digitais também conseguem realizar várias tarefas 
simultaneamente e são acostumados desde a infância com a rapidez imposta 
pelas mídias e pela cultura digitais. Um nativo digital consegue estudar ouvindo 
uma música, estando com várias abas abertas no navegador do computador, cada 
uma com um assunto diferente e ainda checar as novidades das redes sociais. 
Um imigrante digital, em geral, não acompanha esse mesmo ritmo.
São os nativos digitais os alunos que hoje estão na escola, mas não foi 
para eles que o atual sistema de ensino foi designado. E embora as tecnologias 
evoluam de forma cada vez mais rápida, o mesmo não ocorre com o sistema de 
educação, que ainda está preso em práticas muito anteriores aos tempos atuais.
27
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
Atualmente, já temos professores que são nativos digitais (na faixa dos 20 
a 30 anos de idade, aproximadamente), mas que aprenderam com professores 
imigrantes digitais, em um sistema de ensino ultrapassado e possivelmente 
reproduzirão com seus alunos algumas práticas mais antiquadas. Porém, 
com o passar dos anos, todos os professores serão nativos digitais, portanto, 
completamente inseridos nas tecnologias e também na cultura digital. Isso, 
sem sombra de dúvidas, acarretará mudanças no sistema educacional que 
infl uenciarão toda a sociedade.
1 Os termos “imigrantes digitais” e “nativos digitais”, criados 
pelo norte-americano Marc Prensky, são utilizados para se 
referir às pessoas que nasceram antes e depois da internet, 
respectivamente. Esses termos são utilizados para diferenciar as 
gerações de acordo com a forma com que utilizam e se apropriam 
das tecnologias. Sobre a relação entre os nativos digitais e os 
imigrantes digitais com a educação, analise as sentenças a 
seguir.
I- Os nativos digitais têm mais difi culdade em aprender utilizando as 
tecnologias, pois utilizam muitas ferramentas simultaneamente.
II- Os imigrantes digitais são capazes de aprender e ensinar utilizando 
as ferramentas tecnológicas, mas sua forma de raciocínio é 
diferente dos nativos digitais.
III- Os nativos digitais, como nasceram na época da internet, 
mal conseguem imaginar o mundo sem a existência da rede 
internacional de computadores.
Marque a seguir a alternativa que corresponde às sentenças 
verdadeiras:
a) ( ) Todas as sentenças são verdadeiras.
b) ( ) Apenas a sentença II é verdadeira. 
c) ( ) Apenas as afi rmações I e III são verdadeiras.
d) ( ) Apenas as afi rmações II e III são verdadeiras. 
28
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
3.2 AS GERAÇÕES DA WEB
 Antes de apresentar as gerações da web, é importante defi nir que as 
palavras internet e web não são sinônimas. A internet é a rede que conecta os 
computadores e dispositivos pelo mundo, a rede de computadores; e a web é uma 
parte da internet, que pode ser acessada pelo uso de um navegador. Com o avanço 
da tecnologia, houve também o aprimoramento da web, fazendo com que a forma 
de acessar a informação passasse por uma transformação que revolucionou a 
maneira de utilizar a web. Isso ocorreu de forma tão signifi cativa que a web foi 
dividida em “gerações”, de acordo com as funcionalidades disponíveis em cada 
época.Nesta seção, você conhecerá mais sobre a web 1.0 e a web 2.0. Há autores 
que defendem a existência da web 3.0 e até 4.0, porém, estas não serão o foco 
deste capítulo, já que a maior parte da utilização da rede está contemplada pelo 
uso da web 2.0.
Pesquise os termos web 3.0 e web 4.0 e analise as semelhanças 
e diferenças existentes em relação às gerações 1.0 e 2.0 da web. Em 
seguida, durante a pesquisa, verifi que a relação de ambas com a 
educação, em especial, com o ensino de química.
• Web 1.0
A primeira geração da web é defi nida como web 1.0, que surgiu em torno 
de 1990 (LATORRE, 2018). Nessa geração da web, só era possível consumir 
o conteúdo disponível na rede, sem que houvesse qualquer interação com ela 
(LEITE, 2015). Para publicar algum conteúdo na web 1.0, era necessário um 
amplo conhecimento de informática, que possibilitaria a interação com a rede de 
forma profi ssional e não por qualquer usuário.
Toda a informação disponível na web 1.0 era unidirecional, ou seja, 
partia de quem publicava para quem recebia, mas não fazia o sentido contrário. 
Funcionava, analogamente, como um jornal ou revista, que você lê, mas não 
interage com os autores que publicaram as matérias. Para Latorre (2018), é como 
se fosse uma loja com muitas vitrines, na qual você pode comprar produtos, mas 
não pode mudar a disposição das peças ou experimentá-las.
29
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
É importante ressaltar que o que diferencia as gerações da web 
não é a tecnologia envolvida, mas sim a forma de percepção e utilização 
das informações disponíveis. É claro que desde 1990, quando a web 1.0 
surgiu, houve um grande desenvolvimento tecnológico, mas isso não é 
o que determina sua defi nição (LATORRE, 2018). 
• Web 2.0
Em 2004, surgiu a web 2.0, termo criado por Tim O’Reilly para se 
referir à segunda geração da web, com características bem diferentes da geração 
anterior (LATORRE, 2018). A grande mudança que ocorreu nessa geração da 
web foi a possibilidade de o usuário interagir com o autor da informação. Para 
Leite (2015), a web 2.0 colocou o usuário no controle. Ou seja, se na 
web 1.0 o usuário fi cava passivo diante da informação, na web 2.0 este 
usuário pode discutir o conteúdo, expressar sua opinião e comunicar-
se não só com quem publicou a informação, mas também com os 
demais usuários. Dessa forma, a web 2.0 dá voz para o usuário, sem 
a necessidade de passar pelo fi ltro das agências de notícias (no caso 
de um fato reportado) ou pelos seus pares (no caso de um trabalho 
científi co, por exemplo). São exemplos de ferramentas da web 2.0: 
• Blogs: foi na web 2.0 que surgiram os blogs, que são sites nos quais 
qualquer usuário pode publicar algo, sem que haja necessidade de um 
conhecimento aprofundado em informática. Se isso é, por um lado, uma 
vantagem, pois torna a publicação na internet acessível para qualquer 
usuário, por outro lado, é uma desvantagem, já que qualquer conteúdo 
pode ser publicado sem revisão, sem ética e até sem veracidade.
• Redes sociais: também é a partir da web 2.0 que surgem as redes 
sociais, cuja premissa é exatamente a interação entre os usuários. Nas 
redes sociais, o usuário publica um conteúdo para os seus “seguidores”, 
que podem ser conhecidos ou não. Esses seguidores interagem com 
o conteúdo publicado por meio de curtidas e comentários e também 
podem propagar os conteúdos por meio de compartilhamentos.
• Wikipédia: outra importante e revolucionária ferramenta da web 2.0 é a 
Wikipédia. Ela é uma enciclopédia colaborativa na qual são os próprios 
usuários que publicam as defi nições, conceitos e demais conteúdos 
que existem por lá. Costuma ser bastante consultada por alunos e 
professores quando querem buscar uma informação rápida sobre 
determinado assunto. Porém, por ser uma ferramenta colaborativa, seus 
conteúdos podem não ser muito confi áveis do ponto de vista científi co, 
não sendo uma boa ferramenta para ser utilizada como referência para 
elaboração de trabalhos acadêmicos, assim como os blogs e as redes 
sociais.
O que diferencia as 
gerações da web 
não é a tecnologia 
envolvida, mas 
sim a forma de 
percepção e 
utilização das 
informações 
disponíveis.
A grande mudança 
que ocorreu nessa 
geração da web foi 
a possibilidade de 
o usuário interagir 
com o autor da 
informação.
30
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
FIGURA 4 – AS GERAÇÕES DA WEB
FONTE: A autora
A web 2.0 impactou signifi cativamente os meios de comunicação tradicionais, 
principalmente aqueles que não souberam se adaptar a uma nova dinâmica de 
acesso à informação. De acordo com Leite (2015), os meios de comunicação 
tradicionais transmitem a informação que foi selecionada por uma série de chefes 
de programação, que decidem o que será produzido de conteúdo e disponibilizam 
este conteúdo para a população em geral, de forma passiva. Já a internet é um 
meio ativo de acesso à informação. Isso é, o usuário precisa buscar o conteúdo 
que deseja acessar e é ele que decide quando e de que forma acessará esse 
conteúdo.
Os impactos dessa mudança também podem ser percebidos nas salas de 
aula, já que qualquer conteúdo abordado pelo professor é facilmente encontrado 
na web em segundos, por qualquer estudante. Imagine uma aula tradicional de 
modelos atômicos. O professor utilizaria o livro didático e o quadro negro para 
explicar os modelos atômicos propostos por Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr. 
Para compreender esses conteúdos, é necessário que os alunos tenham algum 
nível de abstração para imaginar os átomos e a evolução dos modelos para outros 
mais modernos. Isso não é uma tarefa fácil de ser realizada em uma aula de 50 
minutos, utilizando apenas os recursos mencionados. No entanto, para os nativos 
digitais, que têm acesso a qualquer conteúdo em questão de segundos, não é 
preciso prestar atenção no que o professor está dizendo. Na hora de realizar as 
suas tarefas, basta digitar “modelos atômicos” em um buscador e todo o conteúdo 
da aula estará à disposição deles, instantaneamente. Sendo assim, por que os 
alunos irão se interessar pela aula se podem assistir a vídeos no Youtube com 
mais recursos visuais e na hora que eles quiserem? Qual é, então, o papel do 
professor nesse processo de ensino e aprendizagem se não o de expor o 
conteúdo para seus alunos?
31
AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
 Embora as informações estejam amplamente disponíveis na 
internet, isso não é o sufi ciente para que o aprendizado se concretize. 
Mesmo que o aluno fosse capaz de memorizar todo o conteúdo de 
uma prova ou que ela pudesse ser realizada com consulta, isso não 
signifi caria dizer que o estudante aprendeu o conteúdo. O acúmulo 
de informações sem signifi cado não é conhecimento. É importante desenvolver 
o senso crítico sobre as informações recebidas, checar as fontes e verifi car a 
veracidade sobre das informações.
Enquanto professor, é mais importante ensinar para os alunos como utilizar 
uma informação do que fazer com que a informação chegue a esses alunos de 
forma isolada, já que isso eles podem pesquisar sozinhos com auxílio da internet. 
Assim, é possível utilizar o potencial da web 2.0 para enriquecer o conhecimento 
dos alunos, estimular a curiosidade, autonomia e pensamento crítico, que são 
competências esperadas para o ensino de química.
O acúmulo de 
informações sem 
signifi cado não é 
conhecimento.
1 Desde o surgimento da internet, os usuários já tiveram diversas 
formas de utilizá-la para a comunicação, que foram evoluindo com 
o passar dos anos até chegar na que temos hoje. Inicialmente, só 
era possível comunicar-se com outro usuário através de e-mails, 
depois vieram os mensageiros instantâneos e as redes sociais. 
Chamamos de “gerações da web” as fases que apresentam 
marcos específi cos dessa evolução. Sobre as gerações da web, 
analise as sentenças a seguir:
I- As gerações da web são classifi cadas deacordo com a evolução 
tecnológica ocorrida após 2004.
II- Para publicar uma notícia em um blog, não é necessário 
conhecimento técnico sobre o assunto abordado.
III- A web 2.0 trouxe mudanças importantes na forma como as 
pessoas recebem as informações, inclusive infl uenciando os 
meios de comunicação tradicionais.
IV- A Wikipédia, por ser uma enciclopédia colaborativa, é sempre uma 
fonte segura e confi ável de informação, sendo inclusive utilizada 
como referência em artigos científi cos.
Estão corretas as sentenças:
a) ( ) I, II e III.
b) ( ) II, IV.
c) ( ) I, III, IV.
d) ( ) Apenas III. 
32
 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
2 A web 2.0 é considerada uma evolução da web 1.0 em relação à 
forma como a web é utilizada pelos usuários, sendo a informação 
transmitida de forma unilateral ou participativa, de acordo com 
cada geração.
Relacione as gerações da web com os termos a seguir:
I- Web 1.0
II- Web 2.0
( ) Sites de notícias
( ) Animações
( ) Redes sociais
( ) E-mails
( ) Enciclopédia colaborativa
Assinale a seguir a alternativa que corresponde com a sequência 
correta. 
a) ( ) I – I – II – I – II. 
b) ( ) I – II – II – I – I. 
c) ( ) II – I – I – II – II.
d) ( ) II – II – I – II – I.
4 TECNOLOGIAS APLICADAS AO 
ENSINO
No Subtópico 2.3 deste capítulo, você conheceu a relação entre o ensino e 
as TICs. No entanto, é necessário lembrar que o ensino de química tem as suas 
particularidades. Dessa forma, nesta seção você conhecerá algumas pesquisas 
que envolvem o uso das TICs nas práticas docentes em sala de aula e também 
em aulas remotas.
É indiscutível que o ano de 2020 trouxe uma mudança signifi cativa na forma 
como a tecnologia se relaciona com a sala de aula, já que uma das consequências 
do isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19 foi o fechamento das 
escolas em todo o país. Por essa razão, professores e alunos tiveram como 
desafi o a adaptação repentina das suas práticas escolares ao ensino remoto, que 
passaram a ser mediadas pela tecnologia em grande parte dos casos. Leia na 
reportagem a seguir os relatos de algumas experiências. 
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AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
Professores precisaram mudar práticas e rotinas 
pedagógicas por causa do novo coronavírus
Para quem trabalha com ensino, a pandemia demandou muito 
mais do que trocar a lousa por computador. Foi preciso se 
reinventar para acompanhar o desenvolvimento dos alunos
Quase que de repente tudo parou. Para evitar a disseminação de 
um vírus tão perigoso, aulas e atividades escolares presenciais foram 
suspensas. O quadro e o piloto foram substituídos por computadores 
e celulares. A sala de aula deu lugar a cômodos domésticos. Livros 
e cadernos foram trocados por aplicativos. A pandemia da Covid-19 
exigiu dos professores uma imensa capacidade de adaptação. 
Obrigados a se reinventarem, eles foram em busca de outras formas 
de abordagem dos conteúdos de suas disciplinas, sobretudo por 
meios virtuais.
O professor Marcelo Ataíde, 32 anos, que atua como professor 
há dez anos em Recife, relata alguns pontos positivos trazidos 
pela pandemia: “Como professor de biologia eu trabalho muito 
com imagens e sempre gostei de produzir slides, fazer projeções, 
mas me limitava ao pen drive e não sabia usar a nuvem. Por isso, 
uma das principais vantagens foi justamente a imersão obrigatória 
no meio virtual, que nos fez conhecer novas formas de transmitir 
conhecimento”, avalia.
Uma pesquisa do Instituto Crescer, divulgada no segundo 
semestre do ano passado, aponta que 46% dos educadores não 
sabem avaliar se os alunos estão realmente aprendendo com as 
aulas on-line. A professora Jéssica Azevedo Rozendo, 29, entende 
bem essa dúvida. Ela conta que para garantir um ensino efi caz 
buscou tutoriais na internet e pegou dicas com colegas de profi ssão. 
Para deixar as aulas mais atrativas, a docente passou a usar 
plataformas de aprendizado baseadas em jogos, como o Kahoots, 
e de produção textual, como o Google Docs. “Tivemos que fazer 
uma série de adaptações e incerteza foi a palavra que mais marcou 
essa pandemia. Esse momento serviu para sacolejar e ver que eu 
precisava me reinventar para oferecer o meu melhor para meus 
alunos. Tive que aprender, didatizar e, então, ensinar”, comenta.
Ao longo da pandemia do coronavírus o processo de ensino 
e aprendizagem passou por várias transformações. As maneiras 
habituais de lecionar foram revistas. No entanto, a avalanche 
de informações do mundo contemporâneo tornou mais difícil a 
missão dos docentes de encontrar solução que melhor atendesse à 
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 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
necessidade não planejada de ensinar além dos muros da escola. 
Apesar de a maioria dos docentes usarem com frequência as 
tecnologias em seu cotidiano, conhecer e dominar novas ferramentas 
e metodologias para adaptar as aulas a um novo formato tornou essa 
relação mais delicada.
Um dos primeiros desafi os do professor de física Ítallo Costa foi 
aprender, em tempo recorde, a usar novas tecnologias para adaptar 
as aulas ao ensino remoto. Ele conta que, até então, o computador 
era usado basicamente para exibir animações, vídeos, entre outros. 
“Tive que pesquisar bastante sobre ferramentas digitais e descobri 
que existem muitas limitações para os professores de exatas, 
especifi camente, visto que muitas não ‘entendem’ bem a linguagem 
matemática”, disse.
O professor de geografi a Matheus Felisberto, 21 anos, faz uma 
crítica aos cursos de licenciatura e afi rma que eles não preparam 
os docentes para novas modalidades de ensino. Para Matheus, 
quem superou as difi culdades impostas pela pandemia mostrou que 
está qualifi cado para essa nova educação. “Temos uma camada de 
antigos professores que olhavam para o ensino a distância, o ensino 
híbrido, as videoaulas e falavam que não valiam a pena. De repente, 
você encontra todos precisando entrar no universo do audiovisual e 
tendo que se adaptar a falar na frente da câmera, editar vídeo, mexer 
com iluminação. Essa inter-relação entre a educação e o audiovisual 
veio para fi car”, acredita.
Voltando aos dados da pesquisa realizada pelo Instituto Crescer, 
61% dos professores afi rmam ter aprendido sozinhos a utilizar 
as tecnologias digitais. Dados como esses reforçam a afi rmação 
do doutor em educação Jacinto dos Santos de que os docentes 
estão criando e recriando durante a pandemia novas estratégias 
associadas aos usos das novas tecnologias digitais para auxiliar na 
prática de ensino remoto. 
“As tecnologias se reinventam, mas não as práticas didático-
pedagógicas. Práticas são ações que aliadas às teorias nos ajudam 
a pensar meios de como alcançar a melhor ou a mais adequada 
didatização de um conteúdo. O que mais está sendo procurado 
hoje, discutido em nosso meio, é uma prática didático-pedagógica 
que melhor possa ser ajustada a esse aparato tecnológico que 
estamos tendo oportunidade hoje de fazer uso”, comenta Santos, 
que é coordenador do Programa de Mestrado Profi ssional em Letras 
(Profl etras) da Universidade de Pernambuco (UPE), campus Mata 
Norte.
Na percepção do especialista, a maior difi culdade enfrentada 
pelos professores no último ano foi a operacionalização das 
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AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
plataformas digitais. “Por falta de uma formação inicial, tivemos que 
fazer tudo de uma forma apressada. O que as escolas precisam 
fazer é dar condições de trabalho ao professor porque infelizmente 
as práticas que estamos desenvolvendo dependem agora desses 
recursos. O professor sozinho poderá não dar conta e precisará de 
apoio para que cada vez mais seu poder criativo, inovador e inventivo 
se desenvolva”, acrescenta o doutor em educação.
Adaptado de: <https://www.folhape.com.br/noticias/sem-
foto-professores-precisaram-mudar-praticas-e-rotinas-
pedagogicas/169170/>. Acesso em: 28 jan. 2021. 
Após a leitura da reportagem,é possível perceber que as mudanças que 
ocorreram em relação ao uso das tecnologias pelos professores após a pandemia 
da COVID-19 são uma tendência para os próximos anos na educação. O aumento 
e a reformulação no uso das tecnologias pelos professores já eram esperados 
devido ao avanço das tecnologias e à necessidade de tornar a escola mais atrativa 
para os “nativos digitais”. A pandemia, no entanto, acelerou esse processo, dada 
a necessidade de adaptar-se urgentemente a esta nova realidade, fora das salas 
de aula, mas ainda ministrando aulas para seus alunos. 
Por essa razão, o Subtópico 4 está dividido em outros dois subtópicos 
distintos: no Subtópico 4.1, você compreenderá como as tecnologias vinham 
sendo utilizadas pelos professores de química antes da pandemia da COVID-19; 
no Subtópico 4.2, serão apresentadas as mudanças que ocorreram na utilização 
dessas tecnologias e os possíveis desdobramentos para o campo do ensino de 
química e sua relação com as tecnologias a partir do ano de 2020.
4.1 AS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE 
QUÍMICA ANTES DA PANDEMIA DA 
COVID-19
Assim como a física e a matemática, mencionadas na reportagem supracitada, 
o ensino de química também tem suas limitações devido a sua linguagem. 
Não é possível representar uma molécula orgânica em sua fórmula estrutural, 
por exemplo, sem utilizar programas específi cos no computador. Tampouco é 
simples representar uma reação química ou uma equação para resolver uma 
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 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
questão de estequiometria. Por essa razão, não são todos os recursos digitais 
que possibilitam e facilitam o ensino da química com a utilização da tecnologia. É 
necessário que o professor esteja atento para essa questão quando for escolher 
o recurso com o qual deseja trabalhar com seus alunos.
Mesmo nas aulas presenciais tradicionais e expositivas, os alunos relatam 
difi culdade de compreensão do conteúdo, muitas vezes, por não conseguirem 
“enxergar” átomos, moléculas e demais componentes submicroscópicos 
estudados pela química. Nesse sentido, utilizar a tecnologia é uma ótima 
estratégias, pois há a possibilidade de utilizar simulações, animações, modelos 
tridimensionais e outros recursos que seriam inviáveis em uma aula tradicional na 
qual utiliza-se apenas o quadro e o giz. No entanto, ainda há alguma resistência 
dos professores em adotar esses recursos, seja por falta de conhecimento dos 
programas e aplicativos disponíveis (como simuladores virtuais) ou por falta de 
intimidade com a tecnologia. 
Para compreender melhor a relação entre os professores de química 
e as tecnologias, o professor e pesquisador da Universidade Federal Rural 
de Pernambuco, Bruno Silva Leite, realizou em 2019 um levantamento no 
qual pesquisou sobre publicações disponíveis a respeito do uso das TICs no 
ensino de química nos últimos 30 anos. Leite realizou uma busca no Google
Acadêmico, utilizando palavras-chave relevantes no campo do ensino de química 
relacionadas com as TICs. São elas: vídeo, computador e dispositivos móveis. 
Foram verifi cados trabalhos publicados entre 1988 e 2018.
Experimente utilizar o Google Acadêmico (www.scholar.google.
com.br) com as palavras-chave mencionadas anteriormente. Verifi que 
os artigos encontrados e veja alguns trabalhos que o autor citou no 
estudo que está descrito neste capítulo. Você estará utilizando uma 
TIC para a sua busca e para enriquecer o seu conhecimento sobre a 
área.
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AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
• Computadores
A pesquisa de Leite (2019) mostrou que desde os anos 90 já era possível 
encontrar relatos de professores de química utilizando computadores como 
ferramenta para despertar o interesse dos alunos e enriquecer suas aulas. No 
exemplo mencionado pelo autor do artigo, os computadores foram utilizados 
em 1996 como um recurso de realidade virtual para que os alunos pudessem 
“enxergar” e “manusear” o átomo. O uso de simuladores foi citado em um trabalho 
de 1998, relatado por Leite (2019) e é até hoje um recurso válido e interessante 
para quando não há a possibilidade de levar os alunos para laboratórios de 
química, sendo um recurso que será explorado nos Capítulos 2 e 3 deste material.
 O uso de simuladores também foi mencionado pelo professor e 
pesquisador Marcelo Giordan (1999) em seu artigo denominado O papel da 
experimentação no ensino de ciências, publicado na revista Química Nova na 
Escola, que é uma importante revista dentro da área de ensino de química. Cabe 
ressaltar a importância desse trabalho, que até janeiro de 2021 tinha 809 citações, 
de acordo com o Google Acadêmico. Além dessa publicação, Giordan tem outros 
trabalhos publicados na área de ensino de química e tecnologia.
 No artigo, Giordan (1999) aborda a simulação de fenômenos químicos 
através da utilização de modelos físicos, tais como a utilização de bolas e 
varetas para simular uma ligação química em uma cadeia carbônica, de forma 
a facilitar a compreensão do aluno pela utilização de um modelo macroscópico 
análogo ao que ocorre de forma submicroscópica. O autor não se limita 
aos modelos físicos e menciona, há mais de 20 anos, a utilização de 
simulações computadorizadas como potenciais facilitadoras do processo 
de ensino-aprendizagem na química. Para Giordan (1999, p. 47), “as 
simulações computacionais podem ser orquestradamente articuladas 
com atividades de ensino, sendo, portanto, mais um instrumento de 
mediação entre o sujeito, seu mundo e o conhecimento científi co”.
 Leite (2019) observou que o uso dos computadores no ensino 
foi menos citado em trabalhos mais atuais (de menos de 10 anos para 
cá). O autor atribuiu isso à naturalização do uso do computador nas 
atividades pedagógicas, fi cando em segundo plano em relação ao uso 
de outras TICs, principalmente quando comparado com os dispositivos 
móveis (tablets e celulares). Não é mais necessário, por exemplo, citar 
em um artigo publicado que foi utilizado um computador para acessar a internet 
e pesquisar a bibliografi a disponível, pois isso fi ca implícito no atual contexto das 
TICs (não se espera que um pesquisador, em 2020, vá a uma biblioteca folhear 
exemplares de revistas, a não ser que esse seja o escopo da sua pesquisa – o 
que não ocorre na maioria dos casos). É necessário, porém, que um pesquisador 
“as simulações 
computacionais 
podem ser 
orquestradamente 
articuladas com 
atividades de 
ensino, sendo, 
portanto, mais um 
instrumento de 
mediação entre o 
sujeito, seu mundo 
e o conhecimento 
científi co”.
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 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
atual relate em qual base de dados sua pesquisa foi realizada, mencionando 
sempre as palavras-chave pesquisadas para que outro pesquisador seja capaz 
de realizar uma pesquisa semelhante.
• Vídeos
O uso dos vídeos como recurso pedagógico até 2019 foi considerado como 
uma forma de ilustrar situações e proporcionar experiências “fora” da sala de aula, 
sendo também um recurso que motiva a aprendizagem. No entanto, a utilização 
de vídeos requer planejamento dos professores para que eles sejam utilizados de 
forma consciente e crítica e não meramente ilustrativa, como já foi abordado no 
Subtópico 2.3 deste capítulo.
Leite (2019) verifi cou que nos últimos 30 anos houve um aumento na 
quantidade de relatos de professores que utilizam vídeos em sala de aula. Esse 
aumento pode ter ocorrido principalmente pela ampla disponibilidade de vídeos 
na internet desde o surgimento do Youtube, que passou a existir a partir de 2005. 
Até então, para utilizar um vídeo em sala de aula, era necessário que o professor 
tivesse o conteúdo em fi ta VHS ou em DVD, o que difi cultava o acesso dos 
professores aos materiais audiovisuais.
Cabe lembrar que a utilização de vídeos em sala de aula exige uma estrutura 
por parte da escola, para disponibilizar televisão (no caso de fi tas VHS ou DVD) 
ou projetor (no caso de vídeos da internet) para exibir o vídeo paratodos os 
alunos.
• Dispositivos móveis
Os trabalhos relacionados ao uso de dispositivos móveis, tais como tablets
e smartphones, só foram contemplados a partir de 2007, por ser uma tecnologia 
relativamente recente. O autor destaca que o número de artigos encontrados com 
a utilização de dispositivos móveis a partir de então foi muito elevado, mostrando 
o impacto que estes aparelhos têm no ensino e aprendizagem. Para Leite (2019), 
o uso desses dispositivos quebra as barreiras do aprendizado apenas na escola, 
já que com o celular conectado à internet o aluno pode acessar qualquer conteúdo 
de qualquer lugar e em qualquer momento.
Os professores podem utilizar os dispositivos móveis em sala de aula para 
solicitar que os estudantes realizem uma pesquisa na internet ou para que utilizem 
algum aplicativo previamente instalado, como jogos. A limitação para o uso de 
dispositivos móveis nas salas de aula é a necessidade de que cada aluno tenha 
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AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
o seu aparelho, leve-o para a escola no dia da aula, com bateria sufi ciente e, em 
geral, com acesso à internet, que pode ser disponibilizada pela escola ou podem 
ser utilizados os pacotes de dados de cada estudante.
A pesquisa de Leite (2019) não relata a utilização de projetores e exibição 
de slides como uma forma de utilização das tecnologias em sala de aula, porém, 
sabemos que é um recurso amplamente utilizado pelos professores em escolas 
que disponibilizam o equipamento. A vantagem desse recurso é que o professor 
pode incrementar sua aula com imagens, vídeos e animações que não seriam 
possíveis utilizando somente o quadro e o giz. Por sua vez, a desvantagem é 
tornar a aula monótona, já que muitas vezes é preciso que as luzes sejam 
apagadas para que os alunos consigam enxergar a projeção.
Os principais RDD (Recursos Didáticos Digitais, explicados no Subtópico 2.3 
deste capítulo) mencionados foram os vídeos, os computadores e os dispositivos 
móveis, considerando o cenário anterior à pandemia de COVID-19. Esses 
recursos tinham como objetivo principal enriquecer as aulas, proporcionando 
um material mais rico e inovador; e estimular o interesse dos alunos para os 
conteúdos estudados. Porém, desde março de 2020, a forma de utilização desses 
dispositivos no Brasil não é mais a mesma, conforme será discutido no Subtópico 
4.2.
1 A utilização de vídeos no ensino fi cou mais popular a partir 
de 2005, com a chegada do Youtube, graças à infi nidade de 
conteúdo disponível no site. É possível encontrar vídeos sobre 
experimentos, simulações, aulas expositivas de professores de 
todo o Brasil, músicas e paródias, além de outros conteúdos 
audiovisuais, publicados por estudantes, professores, escolas, 
universidades ou qualquer usuário que tenha uma conta nessa 
rede.
Sobre a utilização de vídeos no ensino, assinale a seguir a alternativa 
correta. 
a) ( ) Os vídeos sempre foram um recurso amplamente utilizado 
pelos professores de química devido à facilidade de encontrar 
conteúdo dessa disciplina no formato audiovisual, mesmo antes 
da chegada da internet.
b) ( ) Os vídeos contribuem para o ensino de química por serem 
uma metodologia diferenciada, que faz com que os alunos 
se interessem pelo assunto pela mera exibição do conteúdo 
audiovisual.
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 Materiais, eXp. e noVas tec. no ensino de Química
c) ( ) A utilização de vídeos, se bem planejada, pode facilitar a 
aprendizagem de reações químicas através da demonstração de 
uma reação fi lmada em laboratório, quando não é possível levar 
os alunos para esse ambiente.
d) ( ) Os nativos digitais não têm interesse em assistir vídeos 
exibidos pelo professor em sala de aula, pois têm acesso ao 
mesmo conteúdo em suas casas, não precisando da explicação 
do professor para entender o conteúdo. 
4.2 AS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE 
QUÍMICA DURANTE A PANDEMIA DA 
COVID-19
No tópico anterior versamos sobre o uso das tecnologias no ensino de 
química dentro das salas de aula, trazendo uma pesquisa publicada em 2019, 
antes do início do isolamento social e consequente fechamento das escolas 
públicas e particulares em todo o país durante o ano de 2020. Até então, os 
recursos utilizados pelos professores tinham como objetivo aumentar o interesse 
dos alunos, mostrar para eles a importância da química, ilustrar situações que 
não seriam possíveis sem o auxílio das tecnologias, realizar simulações, entre 
outros.
Com o início da pandemia da COVID-19, o uso dessas tecnologias não 
é mais para enriquecer as aulas tradicionais ou para fazer com que os alunos 
se interessem mais pela química, que usualmente é apontada como 
uma disciplina na qual os estudantes têm difi culdades, dado o caráter 
abstrato de sua natureza.
Com o isolamento social, o papel das TICs passa a ser o de 
intermediar e viabilizar a troca entre professores e alunos, seja de 
forma síncrona ou de forma assíncrona.
• Atividades síncronas: baseiam-se no modelo tradicional de educação 
formal – isso é, o professor explica em tempo real os conteúdos para 
uma plateia de estudantes conectados, utilizando aplicativos de reuniões, 
como o Google Meet.
• Atividades assíncronas: são atividades que não ocorrem em tempo 
real. Podem ser realizadas por meio de vídeos gravados, materiais 
Com o isolamento 
social, o papel das 
TICs passa a ser 
o de intermediar 
e viabilizar a troca 
entre professores e 
alunos.
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AS TEC. DE INFO. E COM. E O ENSINO DE QUÍMICA Capítulo 1 
disponibilizados em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) ou 
plataformas digitais (como o Google Classroom), leitura de textos, entre 
outros. Nas atividades assíncronas, cada estudante realiza suas tarefas 
no seu tempo, sem a necessidade da mediação do professor ou tutor em 
tempo real.
Se, anteriormente, a internet era utilizada pelos estudantes e também pelos 
professores como forma de pesquisar conteúdos, nesse contexto, ela passa a 
ser a principal forma de interação entre alunos, professores e seus colegas. Essa 
interação pode ocorrer por meio de redes sociais, aplicativos de mensagens 
instantâneas, reuniões virtuais, e-mails, entre outros.
Para compreender a utilização da internet nesse contexto, as pesquisadoras 
gaúchas Raquel Fiori e Mara Elisângela Goi fi zeram uma pesquisa sobre o ensino 
de química em plataformas digitais durante o isolamento social imposto pela 
pandemia da COVID-19, que foi publicada na edição especial sobre esse assunto 
da Revista Thema, em 2020.
• Plataformas digitais: são plataformas de ensino a distância, que 
apresentam recursos variados voltados para a educação, como o Google 
Classroom, o Moodle e os AVAs (Ambientes Virtuais de Aprendizagem) 
das universidades. São utilizados para cursos on-line, para disponibilizar 
o material em formato de texto, vídeo, áudio, dependendo dos recursos 
disponíveis em cada plataforma.
Nessa pesquisa, as autoras avaliaram o quanto os alunos foram capazes de 
aprender os conteúdos de química do segundo ano do ensino médio, de forma on-
line, utilizando plataformas digitais, sem a mediação presencial dos professores 
de química. O professor selecionava os conteúdos e disponibilizava para os 
estudantes por meio da plataforma digital, nesse caso, o Google Classroom, que 
é uma plataforma gratuita e de fácil utilização.
O estudo realizado por Fiori e Goi (2020) foi do tipo descritivo exploratório e 
foi realizado com alunos de uma escola particular do Rio Grande do Sul. Embora 
seja o estudo de um caso particular, essa pesquisa serve para ilustrar um exemplo 
do ensino remoto nos tempos de pandemia. Porém, seus resultados não devem 
ser generalizados, pois têm infl uência do contexto no qual essa pesquisa ocorreu 
– a cidade, os estudantes, o tipo de escola etc.
É necessário destacar que a utilização das tecnologias nesse contexto 
não ocorre devido a uma evolução natural da relação entre o ensino e as TICs, 
mas sim à necessidade emergencial de solucionar a questão

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