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Patologia das Vias urinárias Cistites e neoplasias uroteliais Anatomia do trato urinário ● superior (abdominal): ureteres porção superior e rins ● inferior (pelve): ureteres porção inferior bexiga e uretra Histologia Urotélio: se trata de um epitélio de transição presente nos ureteres, bexiga e uretra. A característica desse epitélio é que ele é estratificado em várias camadas, e é capaz de realizar a distensão se for necessário a última camada é composta por células achatadas (guarda chuva ou cúpula, depois são células com núcleo oval e por fim as mais basais são com núcleo ovalado Histologia do ureter: mucosa (urotélio e tecido conjuntivo) + muscular + serosa Histologia da bexiga: urotélio + lâmina própria + muscular (predominante) + adventícia não tem a presença de mucosa Histologia uretra: epitélio de transição (prostática) + epitélio colunar pseudo-estratificado + epitélio pavimentoso estratificado Cistites ● definição: inflamação da bexiga urinária ○ agentes infecciosos mais comuns: Escherichia coli (80%), Proteus, Klebisela, Enterobacter (fecal) ● epidemiologia: mulheres mais afetadas, homens acima de 55 anos ● risco para o desenvolvimento de pielonefrite através de disseminação retrógrada ● urina: agente estéril, devido aos níveis elevados de anticorpos, ph, atividade antibacteriana, esvaziamento periódico Fatores de risco para desenvolvimento de cistite ● obstrução uretral ● estase urinária (disfunção muscular ou nervosa) ● cateter transuretral/vesical ● cálculos urinários - podem causar obstrução ● neoplasia ● pielonefrite ● malformação congênita ● fístula intestinal ● traumatismo ● gravidez - níveis altos de estrogênio contribuem para a adesão das bactérias ao utotélio Cistite aguda geralmente bom prognóstico, as complicações são raras, com recomendação de fazer hidratação aumentada, os sintomas geralmente desaparecem depois de 3 dias com a antibioticoterapia a cistite aguda recorrente pode se desenvolver em até 25% das mulheres, dentre 6 meses após a infecção a cistite aguda pode ser simples ou complicada ● simples: infecção urinária em mulheres saudáveis, na pré menopausa e não grávida, sem ausência de comorbidade e malformações congênitas ● complicada: em homens, com presença de comorbidades, diálise, cateterismo uretral, stent, cirurgia e etc Patogênese ● geralmente as cistites agudas são causadas pela bactéria Escherichia coli, que possui fator imunogênico adesinas do tipo 1, que auxiliam sua adesão no urotélio da bexiga e fazem a migração do reto para o períneo e vagina ● mulheres mais velhas: baixo nível de estrogênio faz com que haja aumento do ph vaginal, facilitando colonização por bactérias principalmente gram negativos como por exemplo a E.coli Morfologia ● hiperemia da mucosa ● infiltrado neutrofílico, pode ter a presença de exsudato Sintomas ● polaciúria ● dor abdominal baixa, localizada na região da bexiga ou suprapúbica ● disúria Diagnóstico ● clínico ● urina tipo 1 ● urocultura Cistite crônica a cistite crônica é caracterizada quando a infecção/lesão se torna crônica, de forma que a bexiga passa a perder sua capacidade de elasticidade, ficando rígida, espessada e retraída a cistite crônica pode ter outras variações ● cistite cística (metaplásica): ocorre cistos na mucosa, com lesão crônica principalmente na lâmina própria ● cistite poliposa: morfologia semelhante a um carcinoma papilífero, surge em áreas de traumatismo prolongado (cateterismo de demora) ● malacoplaquia: placas (1mm a 3cm) na mucosa de coloração róseo-amarelada e circundadas por um halo hiperêmico → associado a infecção por E.coli e Proteus ● cistite intersticial (síndrome da dor na bexiga): compromete todas as camadas da bexiga, causa fibrosa e leva a retenção urinária, não tem relação com infecção, pode levar a formação de úlcera de Hunner, frequente em mulheres na menopausa ○ etiologia: idiopática mas parece ter relação com reação imunológica Morfologia ● mucosa bem espessada e pode ter presença de úlceras devido as lesões recorrentes ● infiltrado inflamatório predominante mononuclear na mucosa e submucosa Manifestações clínicas ● polaciúria ● disúria ● piúria ● bacteriúria Neoplasias uroteliais obs: neoplasias no ureter são raras, sendo mais comum ocorrer na região da bexiga os tipos de neoplasias de uroteliais existentes compreendem por: ● neoplasias uroteliais de células transicionais (90% dos casos) ● papiloma exofítico ● papiloma invertido ● neoplasias uroteliais papilares de baixo potencial maligno ● cânceres uroteliais papilares de baixo e de alto grau ● carcinoma in situ (carcinoma urotelial não invasivo plano) ○ *** tomar cuidado pois não existe classificação de neoplasia urotelial benigna ● carcinoma misto ● adenocarcinoma ● carcinoma de pequenas células ● sarcomas Características podem ser isoladas, múltiplas representam 90% de todos os tumores primários da bexiga, ureter e da pelve renal epidemiologia: homens, > 50 anos não existe classificação de neoplasia urotelial benigna, considera como mais ou menos agressiva de um tumor anatomicamente lugar comum de ocorrer neoplasia urotelial é no trígono da bexiga - composto pelos dois óstios ureterais e o óstio interno da uretra uma das principais manifestações clínicas é a hematúria, tanto macro quanto micro - mas nem toda hematúria pode ser indicativo de CA Etiopatogênese Diagnóstico ● clínico: exame físico região abdominal, vaginal e retal com presença de massa palpável ● urina tipo 1 ● ultrassom ● cistoscopia - gold standard (considerado um padrão ouro) Tratamento ● ressecção transuretral da bexiga ● cistoscópio com cauterização elétrica ● biópsia para exame histopatológico ● bacilo calmette guerin - BCG Classificação morfológica ● papiloma ● carcinoma in situ ● carcinoma urotelial invasivo: papilar ou plano invasivo Papiloma ● neoplasia não comum na bexiga, com rara recorrência ● epidemiologia: indivíduos jovens Morfologia apresentação de papilas solitárias e pequenas, medindo de 0,5 a 2cm células bem diferenciadas - com características semelhante ao urotélio Carcinoma urotelial Morfologia podem se apresentar de maneira solitária ou múltipla com base de implantação larga, rígida e ligada à parede vesical a lesão pode ser do tipo: ● papilífero - exofítico ● plano/nodular ou séssil carcinoma urotelial de baixo grau carcinoma urotelial de alto grau neoplasia bem diferenciada células atípicas e indiferenciada células pequenas e uniformes células com alta taxa mitótica distribuição papilar predominante tumor papilífero, plano/nodular, séssil ou em combinação raramente faz metástase e com baixo risco de progressão representa 60% dos casos de carcinoma urotelial invasão da parede da bexiga, podendo alcançar a próstata, vesículas seminais, ureteres, vagina e reto Carcinoma in situ Características presença de células malignas em um urotélio plano, começa a ter perda da coesão e a descamação do tecido presença de atipias celulares, com alta atividade metódica, perda de polaridade celular pode progredir para um CA invasivo, que geralmente é o que acontece nos 75% dos casos Carcinoma urotelial invasivo Características pode estar associado ao carcinoma urotelial de alto grau ou de carcinoma in situ se trata de um carcinoma de células uroteliais invasivo geralmente já em estágio avançado Morfologia presença de ninhos, cordões, aglomerados ou de células individuais que surgem da base da lesão multinodular, agressivo, que faz vegetação no lúmen da bexiga e a partir dai se espalha Tratamento ● Ta, Tis e T1 (sem invasão da muscular própria): RTU ou indução de BCG ○ caso tenha resistência BCG pode ser usado Gencitabina (quimioterápico) ● *BCG: metade dos pacientes tratados recorrem em um ano, e muitos desenvolvem doença não responsiva ao BCG → ocorre a sensibilização mas o sistema imune não responde mais ao antígeno específico ● T2, T3 e T4: cistectomia parcial ou total
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