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Aspectos do trabalho 
psicopedagógico – diagnóstico
Adriana Garcia
Introdução
A psicopedagogia como um campo de atuação em Educação e Saúde busca redirecionar o processo de ensino e
aprendizagem do aluno quando apresenta dificuldades. Refletindo sobre essa afirmativa, como o psicopedagogo
poderá encaminhar soluções para readequar esse processo na escola? Em que ponto do seu trabalho
institucional ele encontrará respostas para as situações de não aprendizagem?
Essas perguntas serão respondidas no texto que apresentamos a seguir. Convidamos você a continuar
descobrindo como é rico o contexto de atuação do profissional psicopedagogo.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer o que é a prática em psicopedagogia institucional, identificando a fase de diagnóstico.
Definição de diagnóstico psicopedagógico
Todo processo de aprendizagem que não segue o fluxo que seria o ideal, de acordo com o que está
convencionado ser adequado para idade/série, ou qualquer outro obstáculo que se interponha entre o sujeito e o
conhecimento, deve ser investigado, por meio de “[...] uma atividade simultaneamente que combina análise
documental, entrevistas com respondentes e informantes, participação direta, observação e introspecção.”
(PORTO, 2011 p. 122). Essa investigação culmina em um resultado que chamamos diagnóstico psicopedagógico
.
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Figura 1 - Investigação diagnóstica dos processos de aprendizagem
Fonte: Shutterstock, 2019.
Mas diferentemente da clínica, em que o diagnóstico é feito apenas para um indivíduo, o diagnóstico institucional
vai investigar como a escola mantém sua relação com o processo de ensino e aprendizagem.
Objetivo do diagnóstico institucional
O psicopedagogo na instituição escolar atua motivado por diversas situações e, de acordo com González (2010, p.
24), o motivo “[...] refere-se a problemas que precisam ser resolvidos, situações suscetíveis de modificar, temas
que devem ser trabalhados ou conflitos a solucionar”. Sobre o assunto Weiss (2012, p. 15) também acrescenta
que “[...] a maioria avassaladora das questões escolares está ligada aos vínculos inadequados com os objetos
escolares, com as situações escolares e com a aprendizagem formal [...]”. A partir dessas e de outras situações, o
profissional psicopedagogo poderá atuar de duas formas na escola:
• como assessor, pessoa externa à instituição que é levado a conhecê-la devido a uma queixa de algo que 
modifica o estado típico de aprendizagem da escola;
• como contratado (ou concursado), atuando para prevenir as dificuldades de aprendizagem, com ações 
que envolvem todos os sujeitos da escola.
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O assessor sempre encontrará a sua frente um problema (queixa) que precisa de uma solução, o psicopedagogo
contratado buscará evitar que problemas se estabeleçam no curso do processo de ensino e aprendizagem e, para
os casos que já estão instalados, irá em busca de soluções.
Assessoria psicopedagógica e o levantamento da hipótese 
diagnóstica
A assessoria psicopedagógica, como visto, partirá da avaliação que poderá envolver todos os personagens que
participam da dinâmica escolar: aluno, família, professores, coordenadores, dentre outros. Essa avaliação será
feita por meio de etapas que englobarão desde entrevistas até a visitação das salas para observação da didática
do professor (sem interferência), recursos utilizados, observação de outros tempos e espaços da escola (como o
recreio, a entrada dos alunos etc.), além de aplicação de alguns testes ou outros recursos, como as provas
projetivas de Jorge Visca (2009).
É importante que o psicopedagogo desenvolva essa investigação lançando mão dos recursos apresentados, mas
também que ele não se esqueça de que é um pesquisador e construtor de seu próprio percurso profissional
podendo acrescentar novas possibilidades a esse percurso.
FIQUE ATENTO
O assessor psicopedagógico também pode ser contratado apenas para analisar se a escola está
levando bem seus processos de ensino e aprendizagem (sem necessariamente ter alguma
queixa), porém, dado ao contexto que observamos na maioria das escolas, essa forma de
atividade ainda não é tão requisitada.
SAIBA MAIS
Leia o livro “Intervenção psicopedagógica na escola” (OLIVEIRA, 2009, p. 98-103) para
conhecer mais sobre a EOCMEA (Entrevista Operativa Centrada na Modalidade de Ensino e
Aprendizagem). Criada por Simone Carlberg, essa é uma das ferramentas que o psicopedagogo
Institucional poderá utilizar para investigação e levantamento da hipótese diagnóstica na
escola.
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Psicopedagogo contratado: a ação preventiva
Partindo do pressuposto de que não existe uma queixa específica de problema de aprendizagem instalada, o
trabalho desse profissional contratado pela instituição visa, em princípio, prevenir ou evitar o aparecimento de
dificuldades que possam alterar o cotidiano da instituição.
Para isso é necessário investigar a escola, “[...] conhecer o contexto, referenciar uma construção histórica e
discernir aspectos, características e relação que compõe o todo, configura-se no que chamamos de processo.”
(OLIVEIRA, 2009 p. 85).
O trabalho do psicopedagogo contratado será o de monitoramento assíduo de processos e rotinas do corpo
escolar (coordenação, professores, família), o acompanhamento das reuniões pedagógicas, avaliações de PPP,
nos planejamentos, reuniões de pais e também na dinâmica de aquisição do conhecimento pelos alunos, para
perceber e/ou antecipar ações que podem prejudicar o processo da aprendizagem.
Diagnóstico: identificação e conhecimento das 
dificuldades de aprendizagem
O psicopedagogo assessor, apesar de manter-se presente na escola, olha a instituição com o distanciamento
necessário para enxergar o que destoa no sistema.
Em sua investigação, o profissional chegará a resultados que muitas vezes não têm relação apenas com o aluno,
pois “[...] a análise e compreensão do contexto referem-se à relação da própria criança com a aprendizagem
(vínculo positivo-negativo), a sua modalidade de aprendizagem, a dinâmica da família a qual pertence.” (SOUSA,
2009 apud OLIVEIRA, 2009 p. 105). Dessa forma, os sintomas que ele deixa transparecer em seu comportamento
ou em seus resultados podem advir de aspectos como:
• falta de preparo teórico ou metodológico do professor;
• desconsideração do indivíduo em suas particularidades e suas modalidades de aprendizagem;
• desorganização familiar e falta de vínculos adequados dentro da família (OLIVEIRA, 2009).
FIQUE ATENTO
Se a escola nunca passou por uma avaliação e fez a contratação do psicopedagogo para seu
quadro de funcionários, nesse caso, mesmo não havendo queixa inicial, poderá haver um
trabalho de avaliação. Após esse trabalho, é possível que se encontrem indícios de dificuldades
de aprendizagem que não foram notados ou que não chegou ao conhecimento da coordenação.
Assim, poderão ser construídas hipóteses diagnósticas e apontadas as providências
necessárias.
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Figura 2 - Onde está o problema?
Fonte: Art3d, Shutterstock, 2019.
Se a queixa é a de que um grupo de alunos não aprende, ou se os pais estão cobrando algo que a escola não
consegue enxergar como sendo sua responsabilidade, o senso comum normalmente busca acusar o professor e
sua prática, mas não é bem assim, por isso é necessário o enquadramento de todas as informações.
Normalmente, pode-se levantar hipóteses cuja natureza pode ser:
• de ordem funcional: desorganização que pode vir da coordenação e segue para os professores e daí para 
os alunos;
• um planejamento de ensino sem base sólida e estudos aprofundados (fatores externos ao indivíduo);
• de origem cultural, relacionados ao modo como a família se estrutura e como esse indivíduo se relaciona 
dentro do complexo familiar, que história ele traz (fatores internos).
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Figura 3 - Diagnóstico: análise de diversos itens
Fonte: anaken2012, Shutterstock, 2019.
Mas, haverá casos também em que as hipóteses apontam problemas internos ou diretamente relacionados ao
aluno, os quais poderão ser classificados como distúrbiosou transtornos de aprendizagem, que podem ser de
ordem sensorial, motora ou intelectual. Esses problemas terão relação intrínseca com as dificuldades que
poderão ser apresentadas pelo aluno para aquisição do conhecimento.
É importante lembrar ainda que não devemos olhar apenas para o que está sendo apresentado como sintoma,
mas sim enxergar o sujeito nas suas possibilidades, suas competências e capacidades (COLOMER; MASOT;
NAVARRO, 2010).
A elaboração de hipóteses
Em um ambiente tão complexo como a escola, é possível compreender que mais de um aspecto pode interferir
na aprendizagem. Ao elencarmos uma ou mais proposições para o que foi avaliado, estamos elaborando um
processo de levantamento de hipóteses. Durante a avaliação são levantadas várias hipóteses e são feitas “[...] as
relações necessárias entre os resultados e as hipóteses iniciais, destacando as hipóteses que foram confirmadas,
identificando as novas hipóteses que surgiram e eliminando as hipóteses não confirmadas.” (BARBOSA, 2001 
 OLIVEIRA, 2009 p. 90).apud
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Figura 4 - Processo de elaboração de hipóteses
Fonte: Lightspring, Shuterstock, 2019.
A dinâmica de relações torna compreensível que o diagnóstico perpasse por mais de um sujeito (coordenação,
professores, família, alunos, outros), por isso podemos levantar mais de uma hipótese durante a avaliação.
Uma vez feita a avaliação da instituição e o levantamento das hipóteses, o assessor psicopedagógico deverá
elaborar o relatório psicopedagógico institucional, também chamado de . Este deveráinforme psicopedagógico
ter uma linguagem clara e concisa, mas também deverá conter informações que tragam à escola um
embasamento de tudo o que foi investigado, os aspectos positivos como também as fragilidades, referenciando
as bases teóricas utilizadas, apontando à escola, no momento da devolutiva, os possíveis encaminhamentos que
deve seguir para iniciar a retomada de um processo saudável de aprendizagem para todos.
A etapa final é a , retorno ao queixoso do que foi observado, estudado e as hipóteses encontradas.devolutiva
Fechamento
Chegamos ao final de mais um tema. Esperamos que tenha ficado claro que o diagnóstico é uma fase crucial do
trabalho psicopedagógico, logo, demanda que o psicopedagogo esteja atualizado em sua formação pessoal e na
busca por novos conhecimentos necessários a sua prática. Ele também deve buscar supervisão de outro
profissional psicopedagogo com maior experiência na área, que o ajudará sempre que necessário nas dúvidas
que podem surgir.
EXEMPLO
É comum que em espaços com grande número de pessoas aconteçam conflitos. Cada um tem
um modo de pensar, uma história de vida, uma relação com a aprendizagem. Valorizar a fala e
a escuta desses sujeitos durante o processo de levantamento de hipóteses não só trará
respostas, mas já é em si uma forma de proceder à prevenção de situações que complicarão a
aprendizagem.
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Referências
BONALS, J.; GONZÁLEZ, A. A demanda de avaliação psicopedagógica. : SÁNCHES-CANO, M.; BONALS, J. (Org.). In
. Porto Alegre: Artmed, 2010.Avaliação psicopedagógica
COLOMER, T.; MASOT, M. T.; NAVARRO, I. A avaliação psicopedagógica. : SÁNCHES-CANO, M.; BONALS, J.In
(Org.). . Porto Alegre: Artmed, 2010.Avaliação psicopedagógica
OLIVEIRA, M. A. C. . 2. ed. Curitiba: IESDE, 2009. Intervenção psicopedagógica na escola
PORTO, O. : teoria, prática e assessoramento psicopedagógico. 4. ed. Rio dePsicopedagogia institucional
Janeiro: Wak, 2011.
VISCA, J. . 2. ed. BuenosTécnicas projetivas psicopedagógicas e pautas gráficas para sua interpretação
Aires: Visca & Visca, 2009.
WEISS, M. L. L. : uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 14. ed.Psicopedagogia clínica
Rio de Janeiro: Lamparina, 2012
	Introdução
	Definição de diagnóstico psicopedagógico
	Investigação diagnóstica dos processos de aprendizagem
	Objetivo do diagnóstico institucional
	Assessoria psicopedagógica e o levantamento da hipótese diagnóstica
	Psicopedagogo contratado: a ação preventiva
	Diagnóstico: identificação e conhecimento das dificuldades de aprendizagem
	Onde está o problema?
	Diagnóstico: análise de diversos itens
	A elaboração de hipóteses
	Processo de elaboração de hipóteses
	Fechamento
	Referências

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