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PDF da Aula 07 (estudos cult )

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Processos de imigração para o Brasil
APRESENTAÇÃO
O Brasil vivenciou diversos tipos de imigração ao longo de sua história, porém, foi no século 
XIX que processos subsidiados pelo Governo Imperial foram iniciados. Nesse período, o país 
passou por diversas transformações, sobretudo em relação à produção agrícola. O café se tornou 
o principal produto de exportação, e conforme a escravidão perdia força, tanto Governo quanto 
latifundiários precisavam encontrar uma solução para esse problema.
A política de imigração foi desenvolvida para resolver essa questão da mão de obra, mas atingiu 
o país em vários níveis. O principal grupo de imigrantes era branco, o que se tornou o embrião 
da eugenia vivida no século XX, além de o choque cultural ter produzido uma amálgama que 
alicerçou a construção da nação brasileira.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre os modelos imigratórios brasileiros 
desenvolvidos no século XIX. A chegada de europeus foi massiva após a década de 1850, 
quando a questão da abolição se tornou mais presente. Além disso, serão abordados os destinos 
principais desses imigrantes e como ocorreram as adaptações no Brasil.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever o sentido dos diferentes fluxos imigratórios no Brasil.•
Explicar o modelo de imigração no Brasil.•
Identificar a condição dos imigrantes e as suas influências na formação econômica e 
cultural do Brasil.
•
DESAFIO
O texto do suíço Thomas Davatz, imigrante no período do sistema de parcerias ocorrido em São 
Paulo, discute a experiência e apresenta as diferentes nuances sobre esse período de imigração 
no Brasil. Ele expressa o seu ponto de vista e agrega fatos para o estudo sobre esse momento da 
história brasileira. 
Suponha que você é um professor de História do Brasil no Ensino Médio e seus alunos elegeram 
os textos de Thomas Davatz para estudar a imigração.
Elabore duas estratégias de ensino a partir do material fonte, levando em consideração pontos de 
análise do discurso do autor, como suas adjetivações e sua maneira de descrever o evento. 
INFOGRÁFICO
No século XIX, o Brasil recebeu um grande número de europeus que imigraram a partir de 
políticas do Estado brasileiro. Além dos portugueses, que permaneceram atravessando o 
Atlântico mesmo com a Independência em 1822, os alemães e os italianos foram os principais 
povos que construíram as chamadas colônias no Sul e, também, ocuparam as lavouras e cidades 
do Sudeste. 
Neste Infográfico, você verá a distribuição desses imigrantes que chegaram no século XIX. 
CONTEÚDO DO LIVRO
O processo de imigração no século XIX atingiu com força as Américas. Brasil, Estados Unidos 
e Argentina foram um dos principais países que receberam estrangeiros em busca de uma nova 
vida.
No caso brasileiro, durante o período colonial, portugueses, ingleses, franceses, holandeses e 
espanhóis migraram por diversos motivos. Porém, uma política específica para a imigração 
ocorreu apenas dos oitocentos em diante.
No capítulo, Processos de imigração para o Brasil, da obra História do Brasil Império, base 
teórica desta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre os desdobramentos políticos da 
chegada dos europeus, os diferentes tipos de imigração e as consequências social e cultural para 
a sociedade brasileira. 
Boa leitura.
HISTÓRIA DO 
BRASIL IMPÉRIO
Ana Carolina Machado de Souza
Processos de imigração 
para o Brasil
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever o sentido dos diferentes fluxos imigratórios no Brasil.
 � Explicar o modelo de imigração no Brasil.
 � Identificar a condição dos imigrantes e suas influências na formação 
econômica e cultural do Brasil.
Introdução
O Brasil passou por profundas turbulências políticas no século XIX: 
foi de colônia a sede do Império Português, tornou-se independente, 
foi reinado por dois imperadores e alguns regentes, teve duas cons-
tituições, viu a República ser proclamada e dois militares ocuparem a 
presidência. Viveu revoltas internas, uma guerra contra os países vizinhos 
e problemas diplomáticos. No âmbito social, a escravidão acabou de 
maneira paulatina, o trabalho mudou de perspectiva, mas as estruturas 
políticas e sociais pouco mudaram, e é nesse momento que a chegada 
de imigrantes aumentou exponencialmente. 
Neste capítulo, você aprenderá sobre a história da imigração no Brasil 
no século XIX, como quais foram as políticas de incentivo, os principais 
objetivos e as consequências da chegada de europeus para compor a 
sociedade brasileira. E, ainda, abordaremos a questão legislativa, pois havia 
diversos interesses sobre a vinda de imigrantes, seja para trabalharem nas 
lavouras, seja como parte de uma ideia civilizatória. 
1 Sentido dos diferentes fluxos 
imigratórios no Brasil
Inicialmente, é importante enfatizar que as políticas imigratórias em geral 
estudadas estão relacionadas ao contexto do século XIX, porém o Brasil rece-
beu muitos estrangeiros desde o início da colonização, sobretudo portugueses. 
Por 300 anos, a colônia também sofreu invasões dos franceses e holandeses, 
além das brigas nas fronteiras com os espanhóis e do sequestro de africanos 
para serem escravizados. Apesar disso, foi no período oitocentista que o país 
criou medidas públicas para atrair mão de obra estrangeira livre — tudo mudou 
com a chegada da Família Real em 1808, quando grupos de suíços, alemães, 
italianos, sírio-libaneses, entre outros, buscaram o Brasil como alternativa 
viável para se estabelecerem definitivamente.
Entre os citados, a maioria foi composta pelos alemães e italianos, sobretudo 
pelo fato de seus países não terem nenhuma colônia na América. Havia um 
receio de estimular a vinda de espanhóis, por exemplo, e eles se unirem com 
os vizinhos, abalando, assim, a já frágil unidade nacional brasileira. 
Alemães
A Alemanha se tornou um país unificado apenas em 1871, visto que, até esse 
momento, a região era dividida entre duas hegemonias: a Prússia e o Império 
Austro-Húngaro, que se reuniram a partir de esforços diplomáticos e guerras 
contra os países vizinhos. Isso significa que, durante o século XIX, a sociedade 
alemã passou por muita instabilidade política. Outro ponto importante reside 
no fato que, no final do século XVIII, ocorrera, na Inglaterra, a Revolução 
Industrial, e, na França, a Revolução Francesa e o Império Napoleônico, 
eventos que mudaram o mapa europeu durante algumas décadas. O discurso 
nacionalista e capitalista que surgira naquele momento crescera rapidamente, 
atingindo vários povos europeus. A Prússia, que era dominante, viu que a 
união seria benéfica, para que os germânicos não fossem engolidos pelas 
políticas expansionistas, além do desejo de entrar na disputa neocolonialista, 
dominada pela Inglaterra e pela Bélgica. Dessa forma, quando falamos que os 
“alemães” vieram para o Brasil na década de 1820, trata-se de uma forma de 
facilitar a compreensão sobre o assunto, haja vista que não existia Alemanha 
como estado até aquele momento. 
Processos de imigração para o Brasil2
A maioria dos alemães que vieram ao Brasil se estabeleceu na região Sul. 
Em 1824, o país recebeu os primeiros navios com alemães, que tinham como 
objetivo povoar o extremo Sul, fazendo morada na região do Vale do Rio dos 
Sinos, no atual estado do Rio Grande do Sul, na qual:
[...] os imigrantes desenvolveram explorações relativamente independentes da 
economia central, dedicando-se quase que exclusivamente à produção agrícola 
em pequenas propriedades. Estes novos núcleos de povoamento visavam [...] 
o suprimento de bens alimentares para o mercado interno (MAGALHÃES, 
1993, p. 10).
Estas foram as primeiras tentativas realizadas no Primeiro Império (1822–
1831), mas, como veremos mais à frente, os suíços já haviam se estabelecido 
no Rio de Janeiro. 
O Sul do Brasil era uma região muito instável para amonarquia, sobretudo no pe-
ríodo colonial e em parte do Império. As fronteiras com as colônias espanholas eram 
muito disputadas, causando conflitos constantes. Após o Tratado de Madrid, em 1750, 
quando os limites territoriais entre os países ibéricos foram redefinidos, a busca pela 
ocupação do local se tornou uma preocupação geral do governo. Durante o século 
XIX, disputas independentistas e separatistas assolaram o Brasil, aumentando ainda 
mais a necessidade de povoamento. 
As primeiras colônias de alemães buscavam o povoamento e se baseavam 
na economia de subsistência. Até 1850, quando o processo de imigração se 
tornou massivo, o número de estrangeiros já havia aumentado considera-
velmente na região, inclusive em Santa Catarina. De 1824 a 1919, 117.789 
alemães aportaram no Brasil, sendo 48.037 somente no Rio Grande do Sul. 
E, apesar de o número ser reduzido em comparação ao dos italianos, a concen-
tração de alemães no Sul mostra a regionalidade das políticas de imigração. 
Os estrangeiros recebiam lotes de terra, em locais inóspitos, e começavam a 
3Processos de imigração para o Brasil
vida com a obrigação de exercerem alguma atividade agrícola que servisse 
para o abastecimento regional. Diferentemente dos proprietários nacionais, 
eles não podiam adquirir escravos, levando-os a dividir toda a produção entre 
eles e com o estado, que ficava com algumas partes, além dos impostos.
Até 1850, quando houve uma mudança nos incentivos, o Sul foi o único 
lugar que manteve o processo de imigração, ainda que fossem poucos os que 
chegavam. Na Europa, os problemas enfrentados pelos imigrantes, sobretudo 
no Sudeste, fizeram com que alguns governos proibissem a propaganda e a 
viagem para o Brasil, mesmo assim, um pequeno contingente de alemães 
conseguiu se estabelecer por aqui. 
Italianos
O processo imigratório dos italianos, que vieram em massa para o Brasil, 
sobretudo a partir de 1880, teve um contexto parecido com o dos alemães. 
A Itália se unificou apenas em 1871, pois, até então, a Península Itálica era 
composta por repúblicas, reinos e ducados independentes, afetados direta-
mente pelos movimentos expansionistas de Napoleão e pelas resoluções do 
Congresso de Viena, de 1815.
Desde a década de 1830, o Norte e o Sul italianos lutavam pela hegemonia 
no processo de unificação, ou seja, a instabilidade política foi um dos fatores 
que auxiliaram aquela sociedade a decidir pela vinda ao Brasil. Havia uma 
propaganda constante de que o país era um local de oportunidades (Figura 1). 
Muitos imigrantes italianos já tinham escolhido os Estados Unidos como 
novo lar e prosperaram, sobretudo nas grandes cidades e na Marcha para 
o Oeste. Aqui, o discurso exaltava as fazendas de café, o “ouro negro”, por 
meio das quais os estrangeiros poderiam enriquecer ou conseguir um pedaço 
de terra para plantar e viver do próprio trabalho. Foi assim que os italianos 
formaram o maior contingente de imigrantes que vieram ao Brasil, após os 
portugueses e os africanos, levando em consideração que estes imigraram de 
maneira compulsória.
Processos de imigração para o Brasil4
Figura 1. Propaganda para imigração italiana ao Brasil — Império 
do Brasil.
Fonte: Wikimedia (2009, documento on-line).
Entre 1884 e 1923, cerca de 1.331.158 italianos se estabeleceram no país, 
a maioria vinda das regiões de Veneza, da Campânia e da Calábria, ou seja, 
tanto do Norte quanto do Sul da Península. No Brasil, aqueles que se deslo-
caram até o Rio Grande do Sul e Santa Catarina tinham o objetivo de povoar 
e construir pequenas propriedades, como os alemães. Contudo, o destino 
mudou nos últimos anos da escravidão. Até 1886, cerca de 40 mil imigrantes 
foram para São Paulo, porém, em 2 anos, até 1888, esse número passou para 
mais de 120 mil, isso porque o café paulista atingira seu auge, o que ajudou 
a aumentar os centros urbanos, nos quais muitos italianos se estabeleceram, 
além de sírio-libaneses, espanhóis e portugueses. Porém, até o início do século 
XX, os italianos foram majoritariamente para as lavouras. 
5Processos de imigração para o Brasil
2 Modelos de imigração no Brasil
Na Carta Régia de 2 de maio de 1818, Dom João VI (1767–1826) outorgou a 
vinda de suíços com a intenção de se estabelecer no estado do Rio de Janeiro. 
A solicitação foi feita pelo cantão de Friburgo, na Suíça, como ficou conhecida 
a região habitada pelos europeus aqui no Brasil. O documento atesta o início 
da política de imigração sob subsídio do governo, embora tenha mudado 
algumas vezes ao longo do século XIX.
Essa tentativa do governo colonial não deu certo. No Rio de Janeiro e, 
sobretudo, em São Paulo, havia muitas críticas em relação ao financiamento 
da imigração, pois a elite reivindicava maior destaque aos programas eco-
nômicos locais, desejando melhores créditos para que pudessem expandir 
as fazendas, solidificar suas posições como políticos e conseguir adquirir 
ainda mais escravos. Outro ponto consistiu na falta de organização da própria 
monarquia, que não pensou na manutenção dos estrangeiros. De início, a 
ajuda se deu para o deslocamento dos suíços, mas questões como posse de 
terras, cumprimento de contratos e até mesmo treinamento dos novatos não 
foram instituídas. A escravidão ainda era a forma mais barata de mão de obra, 
e a estrutura escravista era comum aos fazendeiros, que não conseguiam se 
adaptar às demandas vindas dos imigrantes (HOLANDA, 2004). 
Com a independência, pouco mudou na política de imigração, já que Dom 
Pedro I (1798–1834) seguiu o que era feito. A formação de “colônias” com 
europeus ganhou espaço nesse momento, com os objetivos descritos ante-
riormente. Como era pouco povoado, o Sul precisava ser ocupado, para que 
não ocorressem mais disputas acerca do território. Ainda que o açúcar não 
tivesse mais a força de antes, representava o principal produto de exportação 
do país. Porém, os latifúndios de café, que estavam no Sudeste, cresciam, e os 
fazendeiros queriam maior incentivo para o próprio desenvolvimento agrário. 
A ideia de doarem pedaços de terra para estrangeiros cultivarem não era bem 
aceita. E a pressão política de paulistas e cariocas, sobretudo, fez com que o 
governo brasileiro paralisasse o financiamento da imigração com a função 
de colonização. 
Processos de imigração para o Brasil6
O fim da política de imigração iniciada com a Carta Régia de 1818 também se deu por 
vias legislativas. A Lei do Orçamento, aprovada em 15 de dezembro de 1830, suprimiu 
as verbas destinadas à colonização estrangeira no país. Todas as leis e constituições 
brasileiras estão on-line e você pode acessá-las pelo site da Câmara dos Deputados. 
Por quase 20 anos, o país não retomou qualquer tentativa de incentivar a 
imigração. Com o início do Segundo Império (1840–1889), mudanças tanto 
na legislação quanto na necessidade econômica atingiram as políticas de 
imigração. Em 1841, foi instituído o Parlamentarismo no Brasil como uma 
das formas para remediar os problemas causados no Período Regencial (1831–
1840). O Golpe da Maioridade foi possível após uma série de debates entre 
os deputados, mas trazia algumas questões imediatas. Primeiro, Dom Pedro 
II (1825–1891) tinha 14 anos quando assumiu o trono, o que significava ser o 
chefe do Executivo e, também, do Poder Moderador, já que a Constituição em 
vigor era a de 1824, a qual, aprovada por seu pai, estabelecia a centralização 
da organização política nas mãos do Imperador. 
Para viabilizar uma nova liderança que tivesse experiência política, o Con-
gresso se dividiu em vários Ministérios. De forma extraoficial, os ministros 
civis assumiam funções diversas, sobretudo as que conduziam o Estado. Foi 
apenas com a Lei 523 de 20 de julho de 1847 que se criou o cargo de Presidente 
do Conselho de Ministros, estabelecendo o Parlamentarismo no Brasil.
Como não houve uma reforma constitucional, não ocorreu uma mudança no sistema 
político brasileiro, e sim a institucionalização de uma nova divisão dos poderes, dimi-
nuindoa influência do Poder Moderador. Esse evento alavancou a carreira política de 
muitos representantes regionais, que assumiram cargos no Congresso. Para entender 
mais sobre o assunto, confira a obra Brasil: uma biografia, de Schwarcz e Starling (2015). 
7Processos de imigração para o Brasil
A partir de 1847, o governo voltou a sistematizar processos imigratórios. 
O interesse da iniciativa privada de São Paulo foi fundamental para a retomada 
desse caminho. Mesmo que no Sul do país as colônias se formassem desde 1840, 
com o incentivo regional, tudo mudou depois de 1848, quando se deu início 
ao primeiro modelo de fato de imigração no país, o de Colônias de Parceria.
Colônias de Parceria
Esse modelo consistia no financiamento privado para a vinda de imigrantes, 
com o suporte do governo, com a possibilidade de adquirirem um espaço de 
terra para cultivar seus próprios produtos quando terminassem de pagar o em-
préstimo feito pelos fazendeiros, isto é, estes custeavam a vinda dos europeus, 
seu deslocamento interno e a acomodação. Em troca, os estrangeiros deveriam 
pagar esse valor com o trabalho, estabelecendo um vínculo de parceria com 
o latifundiário. Porém, a realidade foi bem diferente. O primeiro conflito se 
deu por causa das diferenças culturais em relação ao trabalho, visto que os 
europeus contestavam o tratamento que recebiam, pois precisavam obedecer 
às regras da fazenda, como toque de recolher e limites no acesso à terra. 
Em suma, viam-se como escravos, e não como trabalhadores livres, momento 
em que se deu o choque cultural. Como diz Costa (1999, p. 219): 
As exigências do trato, o tipo de produção e rendimento da cultura do café 
resultavam pouco propícios aos colonos dentro daquele sistema. Recusavam-se 
eles a formar um cafezal, pois a derrubada da mata e os trabalhos necessários 
ao preparo da terra, assim como o tempo de espera, que antecedia o perío-
do de produtividade da planta, eram por demais cansativos e muito pouco 
rendosos para um colono recém-chegado, sobre o qual pesavam encargos 
financeiros numerosos.
Os fazendeiros estavam acostumados a lidar com a mão de obra como 
se fosse propriedade. O escravo tinha toda a sua humanidade anulada e era 
tratado como produto. Aos europeus, foi vendida a ideia de que prosperariam 
na terra do café, no produto mais requisitado internacionalmente, em um 
país com uma extensão territorial gigante e muito fértil. O clima favorecia 
a abundância e muitos dos imigrantes fugiam da fome e da miséria, motivo 
pelo qual aceitavam os contratos pouco favoráveis. Porém, os conflitos com os 
latifundiários se tornaram muito frequentes, a ponto de explodirem motins e 
revoltas em vários pontos de São Paulo e do Rio de Janeiro (HOLANDA, 2004).
Processos de imigração para o Brasil8
Em 1848, o senador Nicolau Campos Vergueiro (1778–1859) conseguiu o aval da Pro-
víncia de São Paulo para trazer suíços e alemães para trabalharem nas suas fazendas 
de café no Oeste Paulista. Após 1850, alguns anos depois da chegada dos colonos, 
estes perceberam a falta de infraestrutura e de diálogo com os seus chefes. Foi assim 
que ocorreu o famoso motim da Fazenda Ibicaba, no qual os estrangeiros fugiram e 
deixaram seus locais de trabalho. O incidente causou consequências diplomáticas, com 
a Alemanha e a Itália, que, posteriormente, proibiram qualquer propaganda sobre a 
imigração brasileira para a população.
Enquanto o governo federal desejava que os europeus fizessem parte do 
processo civilizatório da população brasileira, a condição de trabalho dos 
imigrantes chamou a atenção dos governos de seus países de origem, que, pela 
falta de cumprimento do prometido, proibiram a vinda de seus cidadãos para o 
Brasil. Como consequência da falta de organização, tanto dos governos federal 
e provincial quanto dos fazendeiros, o sistema de parcerias foi finalizado, 
ocasionando mais uma interrupção ao programa de imigração; porém, essa 
situação não durou muito tempo.
Imigração subvencionada
O que mudou a política em relação à vinda de estrangeiros foi a iminência 
da abolição e a nova lei de terras. Em 1850, foram aprovadas a Lei de Terras 
e a Lei Eusébio de Queirós. A primeira regulamentava a questão da posse 
territorial, beneficiando os grandes latifúndios, contexto em que todo espaço 
sem escritura válida seria apropriado pelo estado e, para comprovar a posse, 
todo proprietário deveria pagar um imposto. Assim, quem tinha um pequeno 
lote, mas não tinha condições de pagar essa nova taxa, o perdia. A partir desse 
momento, a maioria da população brasileira não conseguiu mais adquirir seu 
próprio terreno, assim como os estrangeiros, que já não tinham mais como 
promessa a possibilidade de um lote de terra. 
9Processos de imigração para o Brasil
Já a lei Eusébio de Queirós proibia o tráfico de escravos para o Brasil, can-
celando a fonte de mão de obra da maioria dos trabalhos braçais das lavouras. 
O preço dos negros escravizados subiu consideravelmente, pois o comércio 
interno ainda existia, embora não houvesse mais a sua reposição. Uma das 
ideias surgidas nesse momento foi a de empregar a população brasileira ociosa, 
a despeito de uma resistência geral, como por conta de não acreditarem no 
potencial dessa mão de obra por não estarem acostumados a trabalhar na lida. 
Além disso, o fato de a maioria dos brasileiros não poder se tornar proprietária 
em virtude da legislação fazia com que a vida no campo fosse menos desejada. 
Na primeira oportunidade, muitos migravam para os centros urbanos. 
Como os fazendeiros começaram a defender a imigração, pois precisavam 
de funcionários na lavoura, surgiu outro modelo, a Imigração Subvencionada. 
Em 1871, foi aprovada na província de São Paulo uma lei que consentia o 
uso de dinheiro público para custear a vinda dos estrangeiros. Ficava a cargo 
do Império o subsídio das passagens e do deslocamento da população até as 
fazendas, e, aos empregadores, a formulação dos contratos, que tinham os 
direitos e deveres do imigrante. Esse foi um caminho sem volta, pois, em 1884, 
em São Paulo, os impostos para a compra de escravos subiram, tornando a 
imigração a maneira mais barata de custear o plantio e as colheitas nas fazendas. 
São Paulo se tornou o centro de absorção desse povo, em sua maioria 
italianos. Em 1871, foi criada a Associação Auxiliadora da Colonização, que 
organizava os interesses da elite paulista com as autoridades provinciais. 
A maior autonomia tanto da iniciativa privada quanto dos governos ajudou no 
estabelecimento do novo processo de imigração, aspecto perceptível a partir 
da proliferação de associações relacionadas ao assunto. 
Em 1886, surgiu a Sociedade Promotora da Imigração (Figura 2), em São 
Paulo, mesmo lugar que recebeu a Hospedaria dos Imigrantes, no bairro do 
Brás, na região central da capital, na qual os estrangeiros eram examinados 
por médicos, vacinados ou entravam em quarentena caso necessário. Depois 
disso, eram encaminhados para a Agência Oficial de Colonização e Trabalho, 
que, pelo nome, já indicava os dois rumos principais que tinham no Brasil: 
a lavoura, sobretudo no interior paulista; e as colônias, que ficavam majori-
tariamente no Sul. 
Processos de imigração para o Brasil10
Figura 2. Imigrantes europeus posando para fotografia no pátio central da Hospedaria dos 
Imigrantes de São Paulo (c.1890).
Fonte: Gaensly (1890, documento on-line). 
Até a década de 1930, grupos de imigrantes vieram sistematicamente para 
o Brasil. Ainda nas duas últimas décadas do século XIX, os sírio-libaneses 
aportaram em Santos e rumaram para São Paulo, porém a maioria permaneceu 
nos centros urbanos. O crescimento da cidade, financiado pelo dinheiro do 
café, ajudou na expansão comercial dos povos oriundos do Oriente Médio. 
Os imigrantes foram fundamentais para a economia do país, pois, além de 
assumirem o trabalho agrícola no campo, ocuparam territórios de fronteira, 
desenvolveram a produção voltada para o mercado interno e auxiliaram no 
estabelecimentodas atividades comerciais e industriais das cidades. Contudo, 
a contribuição desses imigrantes também foi cultural e social, pois, ao chegaram 
com suas tradições, línguas, rituais e religiões, misturados aos dos brasileiros, 
formaram novas práticas e representações culturais. 
11Processos de imigração para o Brasil
3 Condição dos imigrantes e suas influências 
na formação econômica e cultural do Brasil
A vinda de europeus não representou um processo simples, tanto na questão 
política quanto no assentamento desses estrangeiros, nos quais foram imbuídas 
as funções de povoar, de substituir a mão de obra escrava e até mesmo de 
ajudar na “civilização” social do Brasil. E este é um tópico importante, pois 
a questão da eugenia se fez presente como política de estado desde o século 
o XIX de maneira direta e indireta. 
Imigrante ideal
No século XIX, os discursos de superioridade racial ganharam espaço com 
o avanço científico. A Origem das Espécies, publicada em 1859 por Charles 
Darwin (1809–1882), revolucionou a maneira de enxergar os seres vivos. Porém, 
a teoria da evolução atingiu diferentes áreas de conhecimento, inclusive as 
humanidades. O biólogo e antropólogo inglês Herbert Spencer (1820–1903) 
cunhou o conceito de darwinismo social, definindo que a evolução também 
ocorria na sociedade e que os povos estariam em diferentes etapas de civili-
zação. Nessa linha de pensamento, os brasileiros seriam “menos evoluídos” 
do que os europeus, por exemplo, sobretudo na questão do trabalho. 
As justificativas para a imigração variavam, sendo a eugenia uma delas. 
Alguns cientistas acreditavam que as “raças puras” eram mais saudáveis, 
o que corroboraria o discurso supremacista perante os mestiços. Vale destacar 
que os negros não eram vistos como civilizados o suficiente, ou seja, apenas 
os brancos europeus tinham alcançado um grau mais alto nesse aspecto. 
No Brasil, a linha eugenista adquiriu adeptos ainda no século XIX. Um dos 
contribuidores para isso foi o diplomata e filósofo francês Arthur de Gobineau 
(1816–1882), que veio para cá em algumas missões científicas e escreveu o 
artigo L’émigration au Bresil (A imigração no Brasil), publicado em 1874, 
no qual é apresentada a teoria de que o país seria extinto em até 200 anos por 
causa da mestiçagem, pois ela, de maneira geral, enfraquecia não somente a 
saúde da população, como também degenerava os costumes. 
Esse pensamento sobre o ócio e a falta de comprometimento da população 
brasileira era comum naquela época. Mesmo que a eugenia como proposta 
estatal tenha se consolidado apenas nas primeiras décadas do século XX, 
estava enraizada nesses conceitos criados anteriormente. O “branqueamento” 
do povo brasileiro, composto por muitos negros, foi uma das formas de jus-
tificar a imigração europeia. Somado a isso, esses estrangeiros trariam o 
Processos de imigração para o Brasil12
exemplo civilizatório, a ética do trabalho, que fortaleceria a cultura nacional, 
acelerando o progresso do país, um dos motivos da seletividade do incentivo. 
Alguns povos, como os asiáticos, sofriam preconceitos e isolamento, algo 
que aconteceu constantemente com a comunidade japonesa que começou a 
chegar no país em 1908. 
Em 1875, foi publicado o relatório intitulado Theses sobre a Colonização do Brasil, redigido 
pelo jornalista João Cardoso de Menezes e Souza (1827–1915) para ser apresentado ao 
Ministério de Agricultura, Commercio e Obras Públicas. Nele, o autor apresentava os 
ganhos sociais e econômicos da imigração, pelo valor que eles imbuiriam na sociedade 
brasileira. O documento está acessível gratuitamente na Biblioteca Digital do Senado 
Federal. 
Debate cultural
A carga cultural desses imigrantes foi absorvida de maneira distinta em cada 
local. Nas colônias alemãs e italianas no Sul do país, os traços pangermanistas e 
nacionalistas estavam presentes, manifestando-se a partir da criação de escolas 
bilíngues ou apenas com o idioma estrangeiro, com a fundação de igrejas 
luteranas (no caso alemão) e rituais típicos das suas regiões. As comunidades 
enxergaram nesse aspecto “congregacionalista” uma forma de prosperarem. 
No campo, as técnicas agrícolas e pecuárias ajudaram no crescimento das 
produções locais, o que foi fundamental para o sucesso da empreitada. 
No Sudeste, sobretudo nas capitais e nas cidades adjacentes, o povoamento 
feito por italianos, sírio-libaneses, espanhóis e portugueses criou um melting pot 
cultural, influências que iam desde a língua, contribuindo para a construção de 
sotaques e gírias, passando pela alimentação e atingindo até mesmo a estética, 
como os exemplos arquitetônicos e urbanísticos que se desenvolveram depois. 
Como dito anteriormente, as primeiras experiências foram problemáticas 
para os imigrantes a ponto de as viagens serem proibidas pelos governos 
locais. Porém, assim como outros países americanos, o Brasil se beneficiou 
com a vinda dos imigrantes, pois o amálgama cultural auxiliou na própria 
consolidação da identidade nacional. Mesmo assim, é importante salientar as 
diversas disputas de poder que ocorreram naquele momento e posteriormente. 
13Processos de imigração para o Brasil
O programa instituído pelo governo e naqueles moldes solidificou a posição 
marginalizada do negro na sociedade. Com a abolição da escravatura em 13 de 
maio de 1888, a população escravizada já era escassa, isto é, havia um grande 
número de negros livres por causa das leis aprovadas desde 1850, assim como 
por políticas de alforria, como na Guerra do Paraguai, e por organizações 
abolicionistas organizadas com o foco de libertar os escravizados. Mas, ainda 
que livres, eles não tinham direito à cidadania plena, pois, mesmo o Brasil 
não aprovando leis segregacionistas como nos Estados Unidos, a exclusão do 
negro era social, política, econômica e cultural.
Os europeus que vieram para cá traziam consigo o preconceito racial en-
raizado, da mesma forma que os brasileiros nativos brancos tinham após três 
séculos de um regime compulsório e desumano. Muitas colônias e comunidades 
de imigrantes não aceitavam a convivência com a população negra, salvo em 
questões comerciais. A desigualdade social fica ainda mais perceptível quando, 
décadas após a Proclamação da República em 1889, famílias de imigrantes 
conseguiram prosperar e enriquecer, enquanto boa parte dos brasileiros se 
manteve à margem da sociedade.
Para entender melhor a relação entre brancos e negros no Brasil no contexto da 
imigração, confira a obra: Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites 
século XIX, de Azevedo (2004). 
Entre os grupos de estrangeiros que vieram para o Brasil, além dos por-
tugueses, os italianos foram os que se adaptaram mais facilmente, sobretudo 
pela proximidade da língua e dos costumes, haja vista que sua população era, 
em sua maioria, católica. Sua valorização se fez presente a ponto de que, até 
hoje, a ancestralidade é disputada, tanto no aspecto cultural quanto burocrático, 
como na emissão de cidadanias italianas.
De modo geral, o processo de imigração no Brasil foi complexo e pouco 
organizado no nível federal. A chegada dos estrangeiros subsidiados pelo go-
verno ocorreu a partir de um esforço massivo de fazendeiros e da elite política 
de certas províncias por diversos objetivos, seja na questão da ocupação das 
terras, seja no trabalho agrícola. É importante destacar que as regiões Norte 
e Nordeste não receberam o mesmo número de imigrantes do Sul e Sudeste 
Processos de imigração para o Brasil14
porque o eixo político e econômico, principalmente, havia se deslocado para 
esses locais. Os engenhos ainda eram produtivos e se mantiveram assim 
por décadas, mas era inegável o avanço exponencial das fazendas de café, 
transformando esse produto no carro-chefe da exportação brasileira. Além 
disso, os problemas nas fronteiras com a Argentina, o Uruguai e até mesmo o 
Paraguai fizeram com que a monarquia enfatizasse a ocupação desses locais. 
Mesmo assim, conflitos internos foram constantes,muitos dos quais com uma 
intenção separatista. 
AZEVEDO, C. M. M. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites século 
XIX. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2004. 
COSTA, E. V. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: UNESP, 1999.
GAENSLY, G. Imigrantes europeus posando para fotografia no pátio central da Hospedaria 
dos Imigrantes de São Paulo. São Paulo: Fundação Patrimônio da Energia de São Paulo - 
Memorial do Imigrante, c1890. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/f/f0/Imigrantes_no_p%C3%A1tio_central_da_Hospedaria_dos_Imigran-
tes_de_S%C3%A3o_Paulo_2.jpg. Disponível em: 16 jul. 2020.
HOLANDA, S. B. (org.). História geral da civilização brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 2004. (O Brasil Monárquico: Reações e Transações, t. 2, v. 5).
MAGALHÃES, M. D. B. Alemanha, mãe-pátria distante: utopia pangermanista no sul do 
Brasil. 1993. Tese (Doutorado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, 
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1993.
WIKIMEDIA. Manifesto emigrazione San Paolo Brasile. 2009. Disponível em: https://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Manifesto_Emigrazione_San_Paolo_Brasile.jpg. 
Acesso em: 16 jul. 2020.
Leituras recomendadas
ALVES, D. B. Cartas de imigrantes como fonte para o historiador: Rio de Janeiro – 
Turíngia (1852-1853). Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 23, n. 45, p. 155–184, 2003.
DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil (1850). São Paulo: Livraria Martins, 1941. 
GONÇALVES, P. C. Escravos e imigrantes são o que importam: fornecimento e controle 
da mão-de-obra para a economia agroexportadora Oitocentista. Almanack, Guarulhos, 
n. 17, p. 397–361, 2017.
15Processos de imigração para o Brasil
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
GONÇALVES, P. C. Mercadores de braços: riqueza e acumulação na organização da emi-
gração europeia para o Novo Mundo. 1999. Tese (Doutorado em História) – Programa 
de Pós-Graduação em História Econômica, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências 
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
LIMA, A. B. A imigração para o Império do Brasil: um olhar sobre os discursos acerca 
dos imigrantes estrangeiros no século XIX. Revista Acadêmica Licencia & Acturas, Ivoti, 
v. 5, n. 2, p. 26–36, 2017.
PÉREZ MELÉNDEZ, J. J. Reconsiderando a política de colonização no Brasil Imperial: 
os anos da Regência e o mundo externo. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 34, 
n. 68, p. 35–60, 2014.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2015.
SOUZA, J. C. M. Theses sobre a colonização do Brazil. Rio de Janeiro: Typographia 
Nacional, 1875. 
Processos de imigração para o Brasil16
DICA DO PROFESSOR
A imigração no Brasil, no século XIX, foi um dos processos fundamentais para a construção da 
identidade nacional, além de apresentar características comuns aos processos históricos vividos 
no final dos oitocentos.
Contudo, o Brasil não foi o único país das Américas a receber um grande contingente de 
europeus. Estados Unidos, Argentina, México, entre outros, também povoaram e abriram suas 
portas para os estrangeiros.
Nesta Dica do Professor, você verá as diferenças entre os projetos imigratórios do Brasil e dos 
Estados Unidos. A comparação é importante para se entender os caminhos tomados pelos dois 
países e como ocorreu a organização de ambos.
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EXERCÍCIOS
1) "Os representantes da grande lavoura, desejosos de obterem braços que viessem 
substituir os negros, não aprovavam a política colonizadora levada a efeito pelo 
Governo Imperial. A oposição entre a orientação do poder central, que via o 
problema da colonização dentro do âmbito nacional, e os interesses dos fazendeiros 
de café se manifestaram várias vezes. O Governo visava a intensificar a imigração de 
povoamento, possibilitando ao colono o acesso à terra. Ponderava que só assim se 
conseguiria um tipo de imigração de efeitos realmente civilizadores. Esse sistema era 
o único capaz de atrair imigrantes. Os cafeicultores, por outro lado, queriam braços 
para as suas lavouras."
Na região de São Paulo, o senador Nicolau Vergueiro, no final da década de 1840, 
recebeu a outorga por parte do Governo da província para estabelecer um programa 
de imigração.
Assinale a alternativa que apresenta essa prática de imigração:
No interior de São Paulo, Vergueiro estabeleceu o sistema de parceria, a partir do qual A) 
visava a trazer os imigrantes sem muitos custos.
B) Vergueiro decidiu pelo sistema subvencionado, pois o Governo bancaria boa parte dos 
custos da viagem e da instalação dos europeus.
C) A melhor forma encontrada por Vergueiro foi o sistema diplomático, pois instituía alianças 
vantajosas ao Brasil com a Europa.
D) O sistema de capitanias foi o primeiro projeto político de imigração e foi retomado por 
Vergueiro na intenção de otimizar a colheita do café.
E) Tanto Vergueiro quanto os latifundiários sulistas optaram pelo sistema de colonato, 
retomando a experiência romana da antiguidade.
2) No final do século XVIII, o continente Europeu passou por transformações 
importantes, como a Revolução Industrial e as Revoluções burguesas. Os centros 
urbanos cresceram exponencialmente. Cidades como Londres, Paris e Viena foram 
povoadas, mas sem ordenação. Boa parte do povo vivia em condições insalubres, 
tornando-se foco de epidemias virais. As transformações nos países europeus, 
portanto, impulsionaram a população a buscar a América.
Qual grupo de imigrantes veio ao Brasil a partir das políticas de imigração?
A) Após a independência, os portugueses necessitavam de programas de imigração para se 
instalarem no Brasil e se mantiveram como o maior grupo de europeus aqui.
B) Desde o século XVI os africanos chegaram de forma massiva ao Brasil. Acredita-se que 
cerca de 4 milhões atravessaram o Atlântico, o que não foi diferente no século XIX.
C) No século XIX, os italianos imigraram para o Brasil com o intuito de prosperarem. 
Ocuparam tanto a região Sul como a Sudeste, formando o maior grupo a se beneficiar da 
política de imigração.
D) As constantes guerras e conflitos na região do Oriente Médio fizeram com que sírio-
libaneses procurassem novos locais para se refugiarem. Dessa forma, esse povo decidiu 
imigrar ao Brasil.
E) Assim como os portugueses, os espanhóis ocupam o Brasil desde o início da colonização, 
sobretudo nas regiões de fronteira com suas antigas colônias. A partir do século XIX, eles 
vieram com as políticas imigratórias.
3) Sobre o contexto político italiano no século XIX:
"Na primeira metade do século XIX, a península itálica continuava, em boa medida, 
no mesmo quadro de fragmentação e divisão que a havia caracterizado nos séculos 
anteriores (...). Em termos políticos, houve a restauração e a reformatação da 
situação pré-napoleônica. O Sul da Itália foi reunido no Reino das Duas Sicílias, com 
um rei da família Bourbon, enquanto o Papa recuperava seus antigos territórios, os 
quais compreendiam quatro províncias: Emília-Romanha, Roma, Marcas e Úmbria 
(...)."
Os europeus que decidiram imigrar ao Brasil tinham diferentes contextos e 
necessidades. No caso dos italianos, eles passaram por um processo parecido que 
influenciou diretamente a ida para a América. Assinale qual evento histórico 
influenciou no contexto acima:
A) Depois do domínio napoleônico, o Congresso de Viena foi um acordo firmado entre os 
países no intuito de facilitar o acesso de europeus aos países americanos, sobretudo Brasil 
e Estados Unidos.
B) Tanto aAlemanha quanto a Itália não eram países unificados até 1871. Isso influenciou 
diretamente na busca desse povo por outros países na intenção de prosperarem.
C) Os países europeus vivenciaram a Revolução de 1848, que foi um movimento de 
contestação aos problemas econômicos e sociais desenvolvidos após a Revolução 
Industrial.
D) A Guerra franco-prussiana alterou o mapa europeu, atingindo as regiões da Prússia, França 
e da Península Itálica, que ainda não eram unificadas e passavam por crises políticas.
E) A partir de 1799, quando Napoleão Bonaparte deu o Golpe do 18 Brumário, ele começou a 
sua expansão territorial, obrigando italianos, alemães e ingleses a buscarem a América 
como alternativa.
4) A vinda dos imigrantes tinha uma alta carga econômica embutida, mas justificativas 
de cunho social e cultural também surgiram na época. A eugenia, movimento que 
visava ao aprimoramento racial, era embasado em conceitos e ideias criados no 
século XIX. Nesse momento, as diferenças raciais ganharam uma justificativa 
científica. No Brasil, no início do século XX, políticas sanitaristas e eugenistas 
caminhavam juntas a ponto de surgir a ideia do "branqueamento social", que 
ganhou força a partir da vinda dos imigrantes.
Dentre as teorias a seguir, qual é a que mais se encaixa nas discussões acerca da 
importância do povoamento europeu do Brasil?
A) A teoria da miscigenação teve início no século XIX, ganhou força nos primeiros anos da 
República e foi ocasionada pela imigração de brancos europeus.
B) A teoria evolucionista de Charles Darwin atingiu as ciências naturais e históricas e 
embasou as políticas imigratórias para o Brasil.
C) A teoria positivista de Auguste Comte baseou empiricamente os estudos políticos acerca 
da imigração.
D) A teoria Naturalista não foi apenas utilizada pelos intelectuais que cunharam os conceitos 
sobre a imigração, mas também por escritores.
E) O darwinismo social de Spencer aliou a evolução de Darwin com as ideias de inferioridade 
racial e justificou a importância de mais europeus no Brasil.
5) "A retomada dos esforços para atrair imigrantes ocorreu a partir de 1871 (...). A 
iniciativa partiu do governo provincial, o que mostra claramente as ligações entre a 
elite política de São Paulo e os fazendeiros de café e como, dadas as grandes somas 
envolvidas, o Governo já dispunha de uma sólida base financeira. Uma lei provincial 
de março de 1871 autorizou para as despesas de viagem. Começava assim a 
imigração subvencionada para São Paulo. Ao longo dos anos, a subvenção variou, 
incluindo a hospedagem por oito dias na capital, em um prédio construído pelo 
governo, e o transporte para as fazendas. A Hospedaria de Imigrantes do Brás, 
completada em 1888, em substituição à velha Hospedaria do Bom Retiro, foi 
edificada por iniciativa do presidente da província, Antônio de Queirós Teles. O 
prédio até hoje existente tinha capacidade para abrigar cerca de 4 mil pessoas."
A partir dessa leitura e seu conhecimento sobre o tema, diga qual evento, dentre 
aqueles que impulsionaram a política de imigração, foi o mais importante:
A) A Guerra do Paraguai (1865-1870) atingiu a população escrava, exigindo mais mão de 
obra para as lavouras.
B) As leis abolicionistas deram tempo para os escravocratas se organizarem, sendo a política 
de imigração uma das alternativas.
C) Com o Golpe da Maioridade, Dom Pedro II se tornou Imperador e assinou as leis que 
instituíram as políticas de imigração.
D) A Revolução Farroupilha escancarou a necessidade de povoamento da região Sul, 
estimulando a vinda de imigrantes para o Brasil.
E) A implantação das ferrovias foi parte do processo de imigração, pois a maioria dos 
trabalhadores era europeus, sobretudo ingleses.
NA PRÁTICA
Uma das questões fundamentais no processo imigratório brasileiro foi a escravidão que, no final 
do século XIX, já era muito criticada. Com a possibilidade de perder a principal mão de obra, os 
latifundiários viram na imigração uma saída economicamente viável.
Uma situação comum em sala de aula é os professores se depararem com a necessidade de 
comparar os dois processos. Apesar de ser uma metodologia de ensino comum, essa comparação 
pode soar muito injusta, haja vista que foram diametralmente diferentes. 
Na Prática, você verá como Pedro abordou a escravidão (até 1888) e a imigração (até cerca de 
1930) em sala de aula. Seu exemplo é uma forma de construir a argumentação acerca dessa 
temática de forma mais coerente.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Ibicaba revisitada outra vez: espaço, escravidão e trabalho livre no Oeste paulista
A fazenda Ibicaba se tornou célebre pela importância na atividade agrícola paulista e pelas 
mudanças impostas em relação ao uso da mão de obra livre. Neste link, você confere o artigo de 
Felipe Landim Ribeiro Mendes sobre esse espaço.
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Entre amor livre e fome, a vida na colônia Cecília, uma malsucedida experiência 
anarquista do Brasil
Além das tradições sociais e culturais, as diversas manifestações políticas que surgiram na 
Europa no período das imigrações, como socialismo, anarquismo, etc., vieram para o Brasil com 
os imigrantes. A colônia Cecília foi um exemplo dessa pluralidade de pensamento. Saiba mais 
sobre ela neste link.
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Acervo e pesquisa
Neste link, você acessa o acervo digital do Museu da Imigração de São Paulo, que tem uma série 
de documentos escritos e fotográficos sobre a chegada dos imigrantes do século XIX em diante.
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Imigração e ocupação em Campinas do final do século XIX ao início do século XX
As cidades que receberam muitos imigrantes, como São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, 
tiveram sua organização social modificada sensivelmente. Neste link, você acessa uma 
dissertação que discute como os italianos ocuparam o interior de São Paulo.
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Imigrantes ou refugiados?
Apesar de as políticas de imigração do século XIX não existirem mais, a chegada de 
estrangeiros ainda ocorre no Brasil. Assista, neste link, ao documentário de curta-metragem 
sobre a situação de muçulmanos no Brasil, feito pelo Centro de Estudos Latino-Americanos 
sobre Comunicação e Cultura (Celacc) da Universidade de São Paulo.
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