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1 ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

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Conceitos básicos sobre alimentação saudável
Aquilo que se come e 
bebe não é somente 
uma questão de escolha 
individual. A pobreza, a 
exclusão social e a 
qualidade da informação disponível frustram ou, pelo 
menos, restringem a escolha de uma alimentação mais 
adequada e saudável. E o que se come e se bebe é 
ainda, em grande parte, uma questão familiar e social. Em 
geral, contrariamente ao que se possa imaginar, as 
escolhas alimentares são determinadas não tanto pela 
preferência e pelos hábitos, mas muito mais pelo sistema 
de produção e de abastecimento de alimentos. (BRASIL, 
2006) O termo “sistema alimentar” refere-se ao conjunto 
de processos que incluem agricultura, pecuária, 
produção, processamento, distribuição, importação e 
exportação, publicidade, abastecimento, comercialização, 
preparação e consumo de alimentos e bebidas. Os 
sistemas alimentares são profundamente influenciados 
pelas condições naturais do clima e solo, pela história, pela 
cultura e pelas políticas e práticas econômicas e 
comerciais. Esses são fatores ambientais fundamentais 
que afetam a saúde de todos. Se esses sistemas 
produzem alimentos que são inadequados ou inseguros 
e que aumentam os riscos de doenças, eles precisam 
ser mudados. É aqui que se manifesta, com maior 
propriedade, o papel do Estado no que se refere à 
proteção da saúde da população, que deve ser garantida 
por meio de suas funções regulatórias e mediadoras das 
políticas públicas setoriais. O Estado, por intermédio de 
suas políticas públicas, tem a responsabilidade de 
fomentar mudanças socioambientais, em nível coletivo, 
para favorecer as escolhas saudáveis em nível individual 
ou familiar. A responsabilidade compartilhada entre 
sociedade, setor produtivo privado e setor público é o 
caminho para a construção de modos de vida que 
tenham como objetivo central a promoção da saúde e a 
prevenção das doenças. Assim, é pressuposto de a 
promoção da alimentação saudável ampliar e fomentar 
a autonomia decisória dos indivíduos e grupos, por meio 
do acesso à informação para a escolha e adoção de 
práticas alimentares (e de vida) saudáveis. (BRASIL, 2006) 
Uma alternativa de ação para a alimentação saudável 
deve favorecer, por exemplo, o deslocamento do 
consumo de alimentos pouco saudáveis para alimentos 
mais saudáveis, respeitando a identidade cultural-alimentar 
das populações ou comunidades. As proibições ou 
limitações impostas devem ser evitadas, a não ser que 
façam parte de orientações individualizadas e 
particularizadas do aconselhamento nutricional de pessoas 
portadoras de doenças ou distúrbios nutricionais 
específicos, devidamente fundamentadas e esclarecidas. 
Por outro lado, supervalorizar ou mistificar determinados 
alimentos em função de suas características nutricionais 
ou funcionais também não deve constituir a prática da 
promoção da alimentação saudável. Alimentos 
nutricionalmente ricos devem ser valorizados e entrarão 
naturalmente na dieta adotada, sem que se precise 
mistificar uma ou mais de suas características, tendência 
está muito explorada pela propaganda e publicidade de 
alimentos funcionais e complementos nutricionais. 
(TEIXEIRA et al, 2013) A formação dos hábitos 
alimentares se processa de modo gradual, principalmente 
durante a primeira infância; é necessário que as 
mudanças de hábitos inadequados sejam alcançadas no 
tempo adequado, sob orientação correta. Não se deve 
esquecer que, nesse processo, também estão envolvidos 
valores culturais, sociais, afetivos/ emocionais e 
comportamentais, que precisam ser cuidadosamente 
integrados às propostas de mudanças. (PONTES et al, 
2009).
Alimentação e nutrição: qual a diferença?
Para entendermos 
melhor essa diferença, 
vamos começar com o 
significado da palavra 
alimentação. A 
alimentação é um ato voluntário e consciente. Ela 
depende totalmente da vontade do indivíduo e é o 
homem quem escolhe o alimento para o seu consumo. 
A alimentação está relacionada com as práticas 
alimentares, que envolvem opções e decisões quanto à 
quantidade; o tipo de alimento que comemos; quais os 
que consideramos comestíveis ou aceitáveis para nosso 
padrão de consumo; a forma como adquirimos, 
conservamos e preparamos os alimentos; além dos 
horários, do local e com quem realizamos nossas 
refeições (BRASIL, 2007). A nutrição é um ato 
involuntário, uma etapa sobre a qual o indivíduo não tem 
controle. Começa quando o alimento é levado à boca. A 
partir desse momento, o sistema digestório entra em 
ação, ou seja, a boca, o estômago, o intestino e outros 
órgãos desse sistema começam a trabalhar em 
processos que vão desde a trituração dos alimentos até 
a absorção dos nutrientes, que são os componentes dos 
alimentos que consumimos e são muito importantes para 
a nossa saúde (BRASIL, 2007). De acordo com a Lei 
citada por Silva & Bocaletto (2010) são quatro os 
princípios desta: Quantidade, Qualidade, Harmonia e 
Adequação. A Lei da Quantidade aponta que os alimentos 
devem ser suficientes para satisfazer as necessidades 
energéticas e nutricionais do organismo e mantê-lo em 
equilíbrio. Assim cada indivíduo necessita de quantidades 
específicas de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, 
vitaminas, minerais e de água para manter suas funções 
orgânicas e 8 atividades diárias. Isto depende do sexo, da 
idade, do estado fisiológico e da atividade física. Tanto o 
excesso quanto a falta serão prejudiciais ao organismo. 
Portanto é necessária muita atenção às quantidades 
individuais. A Lei da Qualidade mostra que a alimentação 
deve ser completa em sua composição e que forneça 
ao organismo todos os nutrientes que ele necessita. Os 
nutrientes são essenciais para formação, crescimento e 
manutenção de um corpo saudável ao longo da vida, 
assim como para uma possível recuperação quando 
necessário. As refeições devem ser variadas, oferecendo 
todos os grupos de nutrientes para o bom 
funcionamento do corpo. A saúde do nosso organismo 
depende da qualidade e não da quantidade do que 
fornecermos para que ele tenha ou não um bom 
desempenho. A Lei da Harmonia fala que é preciso ter 
um equilíbrio entre os todos os nutrientes que 
necessitamos. Não é porque um nutriente é bom que 
devemos consumi-lo em grande quantidade. É necessária 
uma relação de equilíbrio na composição da alimentação 
de modo a evitar os excessos ou deficiências de 
nutrientes. O nosso organismo aproveita corretamente 
os nutrientes quando estes se encontram em 
proporções adequadas. Assim, é importante haver um 
equilíbrio entre eles, pois as substâncias não agem 
isoladamente, mas sim em conjunto. Por exemplo, a 
relação entre a ingestão de carboidratos, proteínas e 
gorduras, deve estar em harmonia. A Lei da Adequação 
mostra que a alimentação deve se adequada às 
necessidades de cada organismo, respeitando as 
características de cada indivíduo. É necessário considerar 
os ciclos da vida: infância, adolescência, adulto e idoso; o 
estado fisiológico: gestação, lactação; o estado de saúde: 
presença ou ausência de doenças; os hábitos 
alimentares: deficiência de nutrientes; as condições 
socioeconômicas e culturais: acesso aos alimentos (SILVA 
& BOCALETTO, 2010). 
• Sistema digestório 
 
 
 
 
 
 
 
O sistema digestório humano é constituído pelo 
trato digestório e os órgãos anexos. O trato digestório é 
um tubo muscular oco que se estende da cavidade bucal 
ao ânus, onde o alimento passa, para ser digerido e 
absorvido. As estruturas do trato digestório incluem: boca, 
faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino 
grosso, reto e ânus (TORTORA; NIELSEN, 2013). Os 
órgãos que fazem parte do sistema digestivo são 
especialmente adaptados para que estas exigências 
sejam cumpridas. Dessa forma, suas funções são as de 
preensão, mastigação, deglutição, digestão e absorção 
dos alimentos e a expulsão dos resíduos, eliminadossob 
a forma de fezes (OLIVEIRA, 2017). Os órgãos anexos 
que também auxiliam no processo digestivo são: os 
dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado, vesícula 
biliar e o pâncreas. Os órgãos anexos nunca entram em 
contato direto com o alimento, pois produzem ou 
armazenam secreções que passam para o trato 
gastrintestinal, ajudando na decomposição química do 
alimento (TORTORA; NIELSEN, 2013). 
• Nutrientes 
Os nutrientes são componentes dos alimentos 
que consumimos e estão divididos em macronutrientes 
(carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes 
(vitaminas e minerais). 
• Macronutrientes 
Os carboidratos são moléculas importantes para a 
saúde humana, uma vez que os disponíveis são a 
principal fonte e energia para o organismo, enquanto que 
os carboidratos não disponíveis, além de fornecerem 
energia (4kcal/g), podem apresentar benefícios locais e 
sistêmicos, alguns relacionados à produção de Ácidos 
Graxos de Cadeia Curta (AGCC). Quanto ao aspecto 
químico, o termo carboidrato sugere uma composição 
geral, Cn H2 On. (TOBARUELA, 2016) Tipos de alimentos 
que possuem Carboidratos: Batata, pão, arroz, farinha, 
massas, cereais em geral. 
Os lipídeos fazem parte das biomoléculas, são 
compostos químicos orgânicos que ocorrem nos seres 
vivos. São insolúveis em água, porém são solúveis em 
outros solventes orgânicos como o álcool, querosene, 
éter e benzina. Os lipídeos podem ser divididos em 
quatro tipos, sendo eles: triglicerídeos, cerídeos, 
esteroides e fosfolipídios (RIBEIRO, 2019). Os triglicerídeos 
são as gorduras e os óleos. São formados pelo glicerol 
(álcool), nesta forma, pode ser de origem animal, como 
gordura do tecido adiposo do boi, porco e do homem. 
Também apresenta origem vegetal, como manteigas de 
cacau e coco (RIBEIRO, 2019). 
As proteínas são macromoléculas que existem 
abundantemente de formas variadas nas células. São 
formadas por cadeias polipeptídicas da combinação de 
aminoácidos e desempenham um papel fundamental no 
corpo humano, tendo funções construtoras e 
reparadoras do organismo, além de participar da 
formação dos hormônios, enzimas e anticorpos. Devido 
a esta importância, o conhecimento de sua função é 
fundamental para compreender os processos biológicos 
dos seres vivos (SANTOS et al, 2018). 
→ MICRONUTRIENTES 
Os micronutrientes desempenham um papel 
importante na produção de energia, na síntese da 
hemoglobina, na manutenção da saúde óssea, na função 
imunológica e na proteção do organismo contra os danos 
oxidativos (provocados pelos radicais livres de oxigénio, 
entre outros). Ajudam ainda na síntese e reparação do 
tecido muscular durante a recuperação do exercício e 
de lesões. As adaptações bioquímicas ao treino 
aumentam as necessidades de micronutrientes. O 
exercício pode também aumentar o equilíbrio entre a 
síntese e a degradação proteica e a perda desses 
micronutrientes pelo organismo. Como resultado, uma 
maior ingestão de micronutrientes pode ser necessária 
para responder ao aumento das necessidades para a 
construção, reparação e manutenção da massa isenta 
de gordura nos atletas. As vitaminas e os minerais mais 
comuns e que são mais relevantes nas dietas dos atletas 
são o cálcio e a vitamina D, o complexo de vitaminas B, 
o ferro, o zinco e o magnésio, assim como alguns 
antioxidantes, como as vitaminas C e E, os betacarotenos 
e o selénio. Os atletas com risco elevado de desnutrição 
em micronutrientes são os que restringem o consumo 
de energia ou que têm práticas extremas de perda de 
peso, eliminando um ou mais dos grupos alimentares da 
sua dieta ou que consomem dietas desequilibradas e 
pouco densas em micronutrientes. São estes atletas que 
podem beneficiar com um suplemento multivitamínico e 
mineral diário, não se verificando melhorias no 
desempenho em atletas que consumam, normalmente, 
dietas nutricionalmente adequadas (MINDERICO, 2016). 
Vitaminas para uma alimentação saudável
As vitaminas são divididas em dois grupos: hidrossolúveis 
e lipossolúveis. 
→ VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS: Essas vitaminas tendem a 
ser absorvidas pela difusão simples quando ingeridas 
em grande quantidade e por processos mediados 
por carreador quando ingeridas em quantidades 
menores. Elas são distribuídas nas fases aquosas da 
célula (p. ex., o citoplasma e o espaço da matriz 
mitocondrial) e são cofatores ou cossubstratos 
essenciais das enzimas envolvidas em vários 
aspectos do metabolismo. A maior parte não é 
armazenada em quantidades apreciáveis, fazendo do 
seu consumo regular uma necessidade. As vitaminas 
hidrossolúveis são levadas pelos transportadores e 
excretadas na urina (MAHAN et al, 2013). São elas a 
vitamina C e as vitaminas do complexo B. 
→ VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS: As vitaminas lipossolúveis 
são solúveis em lipídios ou solventes orgânicos. Nos 
alimentos, encontram-se geralmente associadas aos 
lipídios e podem ser armazenadas em quantidades 
moderadas no fígado. São lipossolúveis as vitaminas 
A, D, E e K (MARTINS et al, 2019). 
• Vitamina A 
A vitamina A é um micronutriente encontrado em 
fontes de origem animal (retinol) e vegetal (provitamina 
A). Como o organismo humano não é capaz de produzir 
vitamina A, esse micronutriente deve introduzido nas 
refeições e pode ser obtido nos alimentos. Entre os 
alimentos de origem animal, as principais fontes são: leite 
humano, fígado, gema de ovo e leite. A provitamina A é 
encontrada em vegetais folhosos verdes (como 
espinafre, couve, beldroega, bertalha e mostarda), 
vegetais amarelos (como abóbora e cenoura) e frutas 
amarelo-a laranjadas (como manga, caju, goiaba, mamão 
e caqui), além de óleos e frutas oleaginosas (buriti, 
pupunha, dendê e pequi) que são as mais ricas fontes de 
provitamina A (PIGNITTER et al, 2016). Atuando em 
diferentes funções no organismo humano, a vitamina A 
exerce ações na acuidade visual, na atividade imunológica 
e na proliferação/diferenciação celular. As deficiências 
primárias de vitamina A resultam das ingestões 
inadequadas de vitamina A pré-formada ou de 
carotenoides pró- vitamina A. As deficiências secundárias 
podem resultar da má absorção causada pela gordura 
dietética insuficiente, insuficiência biliar ou pancreática, 
transporte prejudicado por abetalipoproteinemia, 
hepatopatia, desnutrição proteico-calórica ou deficiência 
de zinco. Um dos primeiros sinais de deficiência de 
vitamina A é a visão prejudicada pela perda dos 
pigmentos visuais. Esse quadro manifesta-se clinicamente 
como cegueira noturna ou nictalopia (MAHAN, et al, 2013). 
• Vitamina B1 (Tiamina) 
Desempenha importante papel no metabolismo de 
carboidratos e na função neural. A vitamina deve ser 
ativada pela fosforilação em tiamina trifosfato ou 
cocarboxilase, que serve como uma coenzima no 
metabolismo de energia e na síntese de pentoses. É 
absorvida no intestino delgado proximal por transporte 
ativo (em doses baixas) e por difusão passiva em doses 
elevadas (> 5 mg/dia). O transporte ativo é inibido pelo 
consumo de álcool, que interfere no transporte da 
vitamina, e pela deficiência de folato, que interfere com 
a replicação dos enterócitos. A absorção da mucosa de 
tiamina é acoplada à sua fosforilação em tiamina difosfato 
(ThDP); a ThDP ativada é transportada para o fígado pela 
circulação portal (MAHAN et al, 2013). A tiamina é 
fosforilada em muitos tecidos pelas cineses específicas 
em ésteres de difosfato e trifosfato. Cada um desses 
ésteres pode ser catabolizado por uma fosforilase para 
produzir ThMP. Pequenas quantidades de cerca de 20 
outros metabólitos excretórios também são produzidos 
e excretados na urina. Atua como coenzima para vários 
complexos de enzimas desidrogenases essenciais para 
metabolismo de piruvato e de outros α-cetoácidos. A 
tiamina é essencial para a descarboxilação oxidativa dos 
α-cetoácidos, inclusive para a conversão oxidativa do 
piruvatoem acetil CoA, que entra no ciclo (TCA) ou ciclo 
de Krebs para gerar energia. Ela também é necessária 
para a conversão de α- cetoglutarato e 2-
cetocarboxilatos, derivados dos aminoácidos metionina, 
treonina, leucina, isoleucina e valina. A ThDP também atua 
como coenzima para a transcetolase, que catalisa as 
reações de troca de fragmentos de dois carbonos na 
oxidação da glicose pelo desvio da hexose monofosfato 
(RAYMOND et al, 2013) A tiamina está amplamente 
distribuída em muitos alimentos, mas em pequenas 
quantidades. As fontes mais ricas são o levedo e o fígado; 
entretanto, os grãos integrais são a fonte mais 
importante da vitamina (MAHAN et al, 2013). 
• Vitamina B2 (Riboflavina) 
É essencial para o metabolismo dos carboidratos, 
aminoácidos e lipídios e assegura a proteção antioxidante. 
Ela realiza essas funções como as coenzimas flavina 
adenina dinucleotídeo (FAD) e flavina adenina 
mononucleotídeo (FMN). É absorvida na forma livre por 
um processo mediado por carreador no intestino delgado 
proximal. Como a maioria dos alimentos contém a 
vitamina nas suas formas de coenzima, FMN e FAD, a 
absorção ocorre somente após a clivagem hidrolítica da 
riboflavina livre de seus vários complexos de 
flavoproteínas pelas várias fosfatases. A absorção da 
riboflavina é um processo mediado por carreador que 
requer ATP. A captação de riboflavina livre pela mucosa 
depende da sua fosforilação em FMN (RAYMOND et al, 
2013) A riboflavina é convertida em suas formas de 
coenzima pela fosforilação dependente de ATP para 
produzir riboflavina-5- fosfato, ou FMN, pela enzima 
flavoquinase. A maior parte da FMN é então convertida 
em FAD pela FAD pirofosforilase. Ambos os passos são 
regulados pelos hormônios tireoidianos, 
adrenocorticotrófico e aldosterona. Encontra-se 
amplamente distribuída nos alimentos na forma ligada às 
proteínas como FMN e FAD. Os vegetais folhosos verdes 
são ricos nessa vitamina; contudo, as carnes e os laticínios 
são suas principais fontes (MAHAN et al, 2013). A 
deficiência de riboflavina manifesta-se após vários meses 
de privação da vitamina. Os sintomas iniciais incluem 
fotofobia, lacrimejamento, queimação e coceira dos 
olhos, perda da acuidade visual e da sensibilidade e 
queimação dos lábios, boca e língua. Sintomas mais 
avançados incluem fissuras labiais (queilose) rachaduras na 
pele nos cantos da boca (estomatite angular). Pode se 
manifestar como uma erupção gordurosa da pele nas 
dobras nasolabiais, escroto ou vulva, língua magenta e 
inflamada, crescimento excessivo de capilares ao redor 
da córnea do olho e neuropatia periférica (MAHAN et al, 
2013). 
• Vitamina B3 (Niacina) 
Niacina é o termo genérico para nicotinamida (Nam) 
e ácido nicotínico (NA). Ela atua como componente das 
coenzimas do nucleotídeo de piridina, a nicotinamida 
adenina dinucleotídeo (NADH) e NADPH, que são 
essenciais em todas as células para a produção de 
energia e para o metabolismo. A NAD e a NADPH são as 
formas reduzidas de NAD e NADP, elas contêm um íon 
de hidrogênio (MAHAN et al, 2013). A niacina pode ser 
sintetizada a partir do aminoácido essencial triptofano. A 
síntese de NAD e NADPH ocorre a partir do ácido 
quinolínico, um metabólito essencial do aminoácido 
triptofano. A conversão do triptofano em niacina 
depende de fatores tais como a quantidade de triptofano 
e niacina ingeridos e o estado nutricional de piridoxina 
(B6); portanto, o corpo deve ter concentrações 
adequadas de riboflavina e uma menor quantidade de 
vitamina B6. As coenzimas NAD e NADPH são os 
carreadores de elétrons mais centrais das células, 
desempenhando importante papel como cossubstratos 
de mais de 200 enzimas para o metabolismo de 
carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos. Em geral, NAD 
e NADPH facilitam o transporte de hidrogênio pela 
transferência de dois elétrons, que usam o íon hidrogênio 
(H+) como carreador, mas desempenham papéis muito 
diferentes no metabolismo. A niacina pode desempenhar 
um papel importante nos mecanismos de reparação de 
DNA e de estabilidade genética (RAYMOND et al, 2013). 
• Vitamina B6 (Piridoxina) 
Funciona como coenzima no metabolismo dos 
aminoácidos, estando relacionada com a síntese de 
neurotransmissores e gliconeogênese (produção de 
glicose com base em substâncias não carboidratos). É 
importante na prevenção contra doenças cardíacas, e 
também ajuda a manter o funcionamento adequado do 
sistema nervoso e do sistema imune (SANTOS, 2020) A 
deficiência dessa vitamina pode desencadear: inflamações 
na cavidade bucal e na língua, irritabilidade, e confusão 
mental. A deficiência mais grave dela pode causar anemia 
normocítica e normocrômica (em que o tamanho e a 
concentração das células estão preservados). A vitamina 
B pode ser encontrada em alimentos de origem animal 
e vegetal, sendo observada sua presença em: levedura 
de cerveja, cereais integrais, soja, castanhas, vísceras 
(como o fígado), e carne de galinha (SANTOS, 2020). 
• Vitamina B12 
Participa como cofator para enzimas relacionadas, 
por exemplo, com o metabolismo de aminoácidos e 
ácidos graxos. Essa vitamina também está associada com 
a produção dos ácidos nucleicos e das hemácias e com 
a absorção do ácido fólico. A deficiência de B12, que 
normalmente está relacionada a problemas de saúde que 
levam a uma má absorção desse nutriente, pode causar 
insuficiência pancreática, complicações hematológicas e 
neurológicas, perda de dentes, e anemia perniciosa — 
típica dessa falta. Essa vitamina é conseguida via ingestão 
de alimentos de origem animal, tais como: peixes, 
mariscos, carnes, leite e derivados. Vegetarianos restritos 
podem apresentar deficiência dela, uma vez que não é 
produzida pelos vegetais (SANTOS, 2020). 
• Vitamina C 
É um micronutriente essencial com várias funções 
biológicas importantes, sendo cofator para a biossíntese 
do colágeno, cartinina, neurotransmissores e também de 
hormônios peptídicos. Uma dieta rica em alimentos fonte 
de vitamina C baseia-se em frutas cítricas/ácidas ou seus 
sucos (acerola, laranja, abacaxi, caju, goiaba, manga, 
maracujá, limão), frutas vermelhas, pimentões verdes e 
vermelhos, tomate, brócolis e vegetais folhosos, como o 
espinafre. As recomendações mais recentes de vitamina 
C, de acordo com a National Academy of Sciences, são 
de 75mg para mulheres e 90mg para homens, sendo 
que fumantes podem requerer 35mg extras. O consumo 
máximo tolerado pelo organismo diariamente é de 2.000 
mg (QUADROS, 2016). A vitamina C também é um 
agente redutor forte, devido à sua facilidade em doar 
elétrons, com propriedades antioxidantes importantes. Ela 
pode inativar uma grande variedade de espécies reativas 
de minimizar os danos para os tecidos do corpo. Dentre 
outros efeitos, reduz os sintomas das gripes e resfriados, 
acelerando o processo de recuperação e tem um efeito 
anticatabólico. Esse efeito anticatabólico tem importância 
fundamental para os praticantes de musculação 
(QUADROS, 2016). A vitamina C controla uma substância 
produzida pelo organismo denominada cortisol. Esse é 
um hormônio liberado, quando uma pessoa entra em 
estresse e também quando elevados esforços físicos são 
realizados, como um treinamento pesado. Esse hormônio 
é antagonista à testosterona. De fato, a liberação de 
cortisol suprime a testosterona natural produzida em 
nosso organismo. Inicia-se então, uma disputa entre esses 
dois hormônios; enquanto o cortisol tem um efeito 
catabólico, a testosterona tem um efeito anabólico. Ela 
também é conhecida para regenerar outros 
antioxidantes, tais como vitamina E, glutationa, de volta 
para o seu estado de redutor. Assim, ocorre a 
manutenção de uma rede equilibrada de antioxidantes 
(QUADROS, 2016). 
• Vitamina D 
A vitamina D é adquirida, nos seres humanos, 
através da produção de 7- dehidrocolesterol, pró-
vitamina D3, na pele, pela absorção de radiaçãoUVB, e 
por ingestão alimentar (leite, óleo de fígado de bacalhau 
e peixes gordos, como salmão e sardinha). A pele provê 
de 80 a 100% das necessidades de vitamina D, a qual é 
estocada na gordura corporal em períodos de maior 
exposição solar. A vitamina D é importante para a saúde 
óssea, sistema imune, cardiovascular e reprodutivo. Além 
disso, pesquisas recentes verificaram a expressão de 
receptores de vitamina D em diversos tecidos e órgãos, 
como fígado, pâncreas, cérebro, pulmão, mamas, pele, 
músculos e tecido adiposo (FERRERINI & MACEDO, 2015). 
A suficiência de vitamina D [25(OH)D ≥30 ng/ml] parece 
estar relacionada, dependendo da população estudada, a: 
melhor desempenho físico (aeróbico e anaeróbico); 
melhor recuperação muscular; menor percentual de 
gordura corporal, incluindo menor quantidade de gordura 
abdominal; maior quantidade de massa magra; melhor 
função vascular; menores níveis de PTH; menor 
incidência de Síndrome Metabólica; melhor perfil lipídico; 
melhor resposta imunológica; maior tolerância à glicose; 
menor incidência de anemia. Dada a importância de níveis 
suficientes de vitamina D para a saúde do ser humano, 
de forma geral, também é essencial destacar alguns dos 
fatores de relacionados à deficiência desse nutriente 
como: idade, sexo, etnia, exposição solar, IMC, percentual 
de gordura, prática de exercícios físicos, ingestão de 
fontes de cálcio e vitamina D, consumo de suplementos 
de cálcio e vitamina D, sazonalidade, diabetes e 
hipertensão (FERRERINI & MACEDO, 2015). 
• Vitamina E 
Micronutriente antioxidante comumente encontrado 
na alimentação usual, cujas recomendações dietéticas 
variam de acordo com a idade, sexo, lactação e outros 
fatores (SOARES et al, 2019). É absorvida na porção 
superior do intestino delgado por difusão dependente de 
micelas, e o seu uso depende da presença de gordura 
dietética e das funções biliar e pancreática adequadas. As 
formas esterificadas da vitamina E, encontradas nos 
suplementos, são mais estáveis, podendo ser absorvidas 
somente após a hidrólise pelas esterases na mucosa 
duodenal. Contudo, os ésteres de α-tocoferol natural e 
sintético são igualmente digeridos. A absorção da 
vitamina E é altamente variável, e as eficiências variam 
de 20 a 70%. A vitamina E absorvida é incorporada nos 
quilomícrons e transportada na circulação geral pela linfa. 
A vitamina E distribuída para o fígado é incorporada nas 
VLDLs através da proteína de transporte específica para 
a vitamina E. No plasma, o tocoferol é também distribuído 
entre a LDL e as HDLs, protegendo as lipoproteínas da 
oxidação (MAHAN et al, 2013). A vitamina E é o 
antioxidante lipossolúvel mais importante na célula. 
Localizada na porção lipídica das membranas celulares, 
ela protege os fosfolipídios insaturados da membrana da 
degradação oxidativa das espécies de oxigênio altamente 
reativas e de outros radicais livres. A vitamina E realiza 
essa função por meio da sua capacidade de reduzir tais 
radicais em metabólitos não prejudiciais por meio da 
doação de um hidrogênio. Esse processo é chamado de 
bloqueio do radical livre. Os alvos da deficiência são os 
sistemas neuromuscular, vascular e reprodutor. A 
deficiência de vitamina E, que pode levar de 5 a 10 anos 
para se desenvolver, manifestasse clinicamente com 
perda de reflexos tendíneos profundos, prejuízo da 
sensação de posição e vibratória, alterações no equilíbrio 
e coordenação, fraqueza muscular e distúrbios visuais 
(MAHAN et al, 2013). Os óleos vegetais são as melhores 
fontes, sendo o α- e γ-tocoferol as formas nos alimentos 
mais comuns. Quase dois terços da vitamina E, na dieta 
típica dos norte-americanos, são fornecidos pelos óleos 
de saladas, margarinas e manteigas, aproximadamente 11% 
por frutas e vegetais e cerca de 7% por grãos e seus 
derivados (MAHAN et al, 2013). 
• Vitamina K 
A vitamina K está presente em alimentos de origem 
animal e vegetal. Dentre as formas da vitamina K – estão 
a Filoquinona (vitamina K1), forma predominante, presente 
nos vegetais, sendo os óleos vegetais e as hortaliças, 
prementemente as de folhas verde escuras suas fontes 
mais significativas, aDihidrofiloquinona (dK), formada 
durante a hidrogenação industrial de óleos vegetais, a 
Menaquinona (vitamina K2), sintetizada por bactérias, 
presente em produtos animais e alimentos fermentados 
e a Menadiona (vitamina K3) que é um composto 
sintético a ser convertido em K2 no intestino. Esta 
vitamina participa do processo de coagulação sanguínea 
e do metabolismo ósseo, por meio da ativação da 
osteocalcina (MIRANDA, 2017) Vitamina K é essencial para 
a carboxilação pós-translacional dos resíduos do ácido 
glutâmico em proteínas para formar resíduos de 
carboxiglutamato (GLA); os resíduos ligam-se ao cálcio. 
No processo de geração de resíduos, a vitamina K é 
oxidada para um epóxido. Ela é restaurada para a sua 
forma de hidroquinona pela enzima epóxido redutase. 
Esse processo é conhecido como o ciclo da vitamina K. 
O ciclo de vitamina K pode ser interrompido por 
fármacos semelhantes a cumarina, como a warfarina e o 
dicumarol, que servem de base para suas atividades 
anticoagulantes. Pacientes utilizando essas medicações 
anticoagulantes não precisam eliminar a vitamina K de 
suas dietas, porém, devem manter um nível consistente 
da ingestão dessa vitamina (MAHAN et al, 2013). 
Alimentação nos ciclos de vida
Na infância, a alimentação adequada é 
fundamental para garantir o crescimento e o 
desenvolvimento normal da criança, mantendo, assim, a 
saúde. Isso é muito importante, principalmente entre os 
pré-escolares, pois eles se constituem em um dos 
grupos populacionais que mais necessitam de 
atendimento, em função de estarem em intenso 
processo de crescimento e de serem vulneráveis às 
doenças. (BRASIL, 2007) As práticas alimentares no 
primeiro ano de vida são muito importantes na formação 
dos hábitos alimentares da criança. Nos primeiros seis 
meses, espera-se que a criança receba exclusivamente 
o leite materno ou retarde o máximo possível o 
consumo de novos alimentos. A partir dos seis meses de 
vida, outros alimentos devem ser acrescentados 
paulatinamente na alimentação da criança, pois só o leite 
materno não satisfaz mais as necessidades de nutrientes 
da criança. Nessa etapa, são recomendados duas papas 
de fruta e duas papas salgadas ao dia. O leite materno 
pode ser oferecido nos intervalos das refeições principais. 
(BRASIL, 2009). 
• Pré-escolar 
 
A fase pré-escolar 
compreende a faixa 
etária dos 2 aos 6 
anos de idade e, 
durante esta fase, 
os padrões alimentares se encontram em 
desenvolvimento, sendo necessário um incentivo para 
que refeições saudáveis sejam realizadas (COSTA et al., 
2014). No decorrer da fase pré-escolar são evidenciadas 
as características do desenvolvimento infantil e devido a 
isto, são necessários cuidados específicos com a 
alimentação, como a atenção à quantidade, qualidade, 
variedade e regularidade das refeições. (SANTIAGO, 
2016) Moraes (2014), afirma que as preferências 
alimentares, durante a idade pré escolar, ditam a escolha 
alimentar e a família demonstra-se fundamental neste 
importante momento da formação das crianças, visto 
que é comprovadamente influente sobre as decisões das 
mesmas. Estas preferências alimentares são 
determinadas através de consequências fisiológicas da 
ingestão, da repetição da oferta dos alimentos e do 
âmbito social em que a criança está inserida (SILVA et 
al, 2016) Viana et al, (2008) validam as afirmações dos 
outros autores, afirmando que os padrões e predileções 
alimentares das crianças são formados, muito 
particularmente, através da observação do 
comportamento alimentar dos pais. A quantidade e 
frequência com que as crianças se alimentam, bem como 
a sua preferência por alimentos de determinado tipo, 
dependem da observação dos mesmos padrõesno 
âmbito familiar, principalmente na mãe. 
• Escolar 
A fase escolar, que 
compreende a faixa 
etária dos 7 aos 10 
anos de idade, há 
uma modificação no 
hábito alimentar da criança, por influência do meio em 
que ela passa a conviver e de sua maior autonomia. A 
inserção do escolar em um novo contexto social se torna 
decisiva para a criação de novos hábitos e 
comportamentos alimentares, demonstrando a 
importância não apenas da família, mas a partir deste 
momento, do ambiente escolar (BRASIL, 2012). A fase 
escolar é aquela em que os hábitos e comportamentos 
começam a se moldar de forma mais independente e a 
criança fica suscetível à diversas influências em seus 
padrões alimentares. (ROSSI et al, 2019). Porém, mesmo 
com a independência e os novos comportamentos 
alimentares adquiridos fora de casa, os hábitos 
alimentares do ambiente familiar permanecem 
influenciando as práticas alimentares dos escolares 
(BRASIL, 2012). Segundo Spinelli, et al. (2013), através de 
seu estudo que, entre as crianças na fase escolar, o 
consumo de frutas e hortaliças é considerado inadequado 
e há um aumento constante no consumo de 
ultraprocessados como biscoitos recheados, 
refrigerantes, doces e salgadinhos. No ambiente escolar 
há um grande consumo de alimentos com alta densidade 
energética e baixo valor nutricional e a oferta de 
guloseimas, frituras e o acesso às máquinas ou locais de 
venda de alimentos e bebidas no ambiente escolar 
demonstram-se associados positivamente à ocorrência 
da obesidade (ROSSI, et al., 2019). Algumas complicações 
como dificuldades alimentares ou transtornos podem 
surgir em crianças durante estas duas fases da vida. Em 
crianças na fase escolar, as prevalências de sobrepeso 
constituem uma condição nutricional em ascendência e 
esta condição representa um reflexo das mudanças nos 
hábitos alimentares (PEDRAZA, et al., 2017). 
• Adolescência 
Momento em 
que a velocidade 
de crescimento 
é realmente 
aumentada, o 
adolescente ganha em período de tempo curto cerca de 
20% de sua altura adulta e 50% de seu peso. Esse 
período também é chamado de estirão do crescimento 
e ocorre em idades diferentes para cada indivíduo. Em 
geral as meninas maturam mais cedo que os meninos. 
Na fase pré-puberal (aquela que antecede a maturação 
sexual) os meninos e as meninas tendem a ser igual na 
gordura corporal 15-19%. Já na fase puberal (onde a 
capacidade de reprodução já foi atingida) e adulta as 
meninas tendem a ter maior gordura corporal cerca de 
22-26% contra 15-18% nos meninos. Já os meninos 
ganham na puberdade duas vezes mais tecido magro 
que as meninas. Mais uma vez as curvas de crescimento 
devem ser utilizadas para o monitoramento do 
crescimento do adolescente. O adolescente passa por 
um desenvolvimento cognitivo e emocional que pode ser 
dividido em: inicial, intermediário e final. O aconselhamento 
nutricional deve ser diferente dependendo da fase em 
que o adolescente está. Na fase inicial o adolescente 
apresenta as seguintes características: é preocupado 
com a sua imagem corporal, ele confia e respeita os 
adultos e é ansioso quanto a sua relação com os colegas. 
São desejosos em fazer ou experimentar qualquer coisa 
que melhore sua imagem corporal de maneira rápida. 
Trabalhos educativos nessa fase devem ser de curto 
prazo (MAHAN et al, 2005). O adolescente na fase 
intermediária é muito influenciado pelo grupo de colegas, 
desconfia dos adultos, tem a independência como algo 
muito importante e experimenta um desenvolvimento 
cognitivo significante. Nessa fase o adolescente escutará 
mais os amigos que a própria família; estão se tornando 
mais responsáveis pelo que consomem. O impulso para 
a independência faz com que tenham repulsa pelos 
hábitos alimentares da família. A orientação alimentar 
deve ser focada para os cuidados que se deve ter ao 
alimentar-se fora de casa. A fase final é aquela em que o 
adolescente já estabeleceu sua imagem corporal, pensa 
no futuro e faz planos, está mais independente, está 
desenvolvendo intimidade e relações permanentes. Nessa 
fase, já estão preocupados com sua saúde geral, assim 
os aconselhamentos nutricionais devem ser em longo 
prazo e devem ser acompanhadas de um fundamento 
lógico. Eles gostam de tomar suas próprias decisões, mas 
estão abertos a informações fornecidas pelos 
profissionais da saúde (MAHAN et al, 2005). 
• Adultos 
A alimentação na fase 
adulta é voltada para 
uma nutrição 
defensiva, isto é, uma 
nutrição que enfatiza 
fazer escolhas de 
alimentos saudáveis para promover o bem-estar e 
prover os sistemas orgânicos de maneira que tenham 
um funcionamento ótimo durante o envelhecimento. É 
uma nutrição baseada no consumo de frutas, hortaliças, 
grãos integrais, nozes, leguminosas, peixes, ovos e aves. 
O consumo de carne vermelha deve ser limitado. As 
gorduras saudáveis, que devem ser ingeridas (ácido 
graxo ômega 3 e ômega 6), são encontradas nos óleos 
vegetais, oliva e nos peixes de água fria; e as não 
saudáveis, saturadas e trans, como gorduras de origem 
animal (manteiga, carnes gordurosas), e as gorduras de 
origem vegetal que sofrem saturação (margarina, 
recheio de bolachas), devem ser evitadas. Uma dieta de 
base predominantemente vegetal, aliada a exercícios 
físicos bem dosados pode ter um impacto positivo sobre 
o envelhecimento pela redução do risco de doença 
cardiovascular, obesidade, câncer e diabetes (MAHAN et 
al, 2005). 
 
• Idoso 
A qualidade do 
envelhecimento é 
determinada pela vida 
pregressa do 
indivíduo: é nessa hora 
que avaliamos 
realmente o que fomos. A necessidade nutricional, além 
de levar em conta o sexo e a idade, deve se ater na 
atividade física do idoso, de extrema importância nessa 
hora. Algumas alterações no paladar, olfato, trato 
gastrintestinal deve ser considerado, pois afetarão 
diretamente no hábito alimentar do idoso. Energia - As 
necessidades energéticas vão diminuindo com o passar 
dos anos, a massa muscular (consumidora de energia) 
diminui, a gordura corporal tende a aumentar modificando 
assim a composição corporal do idoso. Limitações nos 
movimentos também ocorrem, já que a flexibilidade 
diminui e o equilíbrio também fica comprometido. O peso 
corporal deve ser controlado, pois se sabe que tanto a 
obesidade como o baixo peso para idosos apresentam 
riscos iguais para desenvolvimentos de patologias. O 
quadro abaixo sugere o IMC (Índice de Massa Corporal) 
por idade. 
→ Índice de massa corporal / idade 
 
Hidratação
• Água 
A hidratação, 
bem como a 
alimentação, é 
um pilar da 
saúde do ser 
humano, mas 
muitas vezes não lhe é dada a devida importância, 
principalmente com temperaturas mais baixas, sendo 
priorizada mais facilmente em climas quentes 
(BERGERON, 2015). O aumento do interesse para com a 
hidratação ganha clara relevância nos atletas, pois no 
decorrer da atividade física, o suor é o mecanismo de 
libertação do calor gerado intrinsecamente e através dele 
é perdido não só água, mas também minerais como o 
sódio e o potássio (DESBROW et al, 2014). A taxa de 
sudoração é bastante variável, quer entre pessoas, quer 
entre desportos diferentes. Dentro dos fatores que 
afetam esta taxa podemos incluir a roupa usada, a 
temperatura, a humidade do ambiente onde se realiza o 
exercício e fatores pessoais desde peso, eficiência 
metabólica e aclimatização. Em população sedentária, os 
valores de referência de ingestão dietética (Dietary 
Reference Intakes - DRI’s) para consumo de água (não 
considerando a contida em alimentos) para rapazes e 
raparigas entre os 9-13 anos é de 1,8L e 1,6L, 
respetivamente e aumenta para 2,6L para rapazes entre 
os 14-18 anos e para 1,8L para raparigas entre os 14- 18 
anos. No entanto, facilmente se compreende que os 
atletas necessitam de quantidades de água superiores a 
estes valores, dependendo do gasto durante a atividadefísica e de fatores climáticos durante a prática da mesma. 
A perda de suor muitas vezes não pode ser prevenida, 
sendo a reposição dos níveis perdidos a estratégia 
principal e de extrema importância na recuperação 
(BELVAL et al, 2019). A hidratação pode ser inadequada 
tanto por défice como por excesso e, em ambos os 
casos, pode ter sérias consequências para a performance 
e, a partir de certo ponto, também para a saúde. 
Sintomas como sede, irritabilidade, desconforto 
generalizado acompanhado de dores de cabeça, náuseas, 
vómitos, distúrbios intestinais, fadiga, fraqueza, tonturas e 
arrepios são sintomas de desidratação típicos (NUCCIO 
et al, 2017) .
 
 
 
Consequências da má alimentação
A má alimentação 
muitas vezes é 
decorrente de 
uma rotina longa e 
cansativa de 
trabalho, 
comprometendo 
todas as pessoas que não tem tempo para realizar todas 
as refeições diárias. A alimentação influencia na saúde, no 
trabalho, nos estudos e na vida social de todos os 
indivíduos, uma alimentação adequada aumenta a 
resistência a doenças, retardam o envelhecimento, e 
asseguram bem-estar físico, social e mental. A pessoa 
que se alimenta de forma inadequada pode apresentar 
vários sintomas, como desânimo, cansaço, fraqueza, 
irritação, falta de disposição, e apresentar algumas 
patologias. Com uma vida corrida muita gente opta por 
comidas prontas, congeladas, salgados, lanches e 
refrigerantes, que são alimentos ricos em gorduras e 
carboidratos refinados, muitas vezes são alimentos 
industrializados que tem alto teor de sódio, com isso 
diminui a ingesta de nutrientes importantes para o bom 
funcionamento do organismo (MULLER; GIMENO, 2015). 
A alimentação é uma necessidade do corpo, por isso 
deve ser rica em alimentos saudáveis, que possam 
fornecer todos os nutrientes necessários para suprir a 
cadeia alimentar do ser humano. Quando isso não 
acontece algumas patologias podem desenvolver, sendo 
mais comum a hipertensão, obesidade e o diabetes 
(PEIXOTO et al., 2014). 
• Diabetes 
O diabetes é uma doença crônica no qual ocorre 
elevação nos níveis de açúcar no sangue, e deficiência 
na produção de insulina, quando não diagnosticado a 
tempo traz complicações e pode comprometer vários 
órgãos e sistemas do corpo. Quando os níveis de glicose 
estão acima do normal acontece uma hiperglicemia, 
quando os níveis estão abaixo do normal o indivíduo pode 
sofrer uma hipoglicemia (COSTA; BRITO; LESSA, 2014). 
O número de diabéticos tem aumentado em todo 
mundo, decorrente de uma alimentação inadequada por 
parte da população, muitos convivem com a patologia 
sem saber das complicações que pode acarretar como 
cegueira, insuficiência renal, aterosclerose, infarto do 
miocárdio, isquemia cerebral, amputação de 
extremidades, vulnerabilidade a infecções e cicatrização 
difícil (COSTA; BRITO; LESSA, 2014). A doença está 
associada ao sedentarismo, obesidade, stress, colesterol 
e triglicerídeos no sangue, e pode ser controlada com 
medicamentos, exercícios físicos, alimentação equilibrada 
e controle rígido dos níveis de açúcar no sangue 
(FREITAS et al., 2015). 
• Hipertensão 
Atualmente as doenças crônicas não transmissíveis 
(DCNT) apresentam elevados índices de mortalidade, 
dentre elas as doenças cardiovasculares, as respiratórias 
crônicas, câncer e diabetes sendo estas as responsáveis 
pela maior parte da carga de doenças que acometem os 
indivíduos, que estão diretamente associadas ao processo 
de globalização vivenciado no Brasil e no mundo 
(BERNAL et al, 2016). Segundo o Sistema de Informações 
sobre Mortalidade (SIM), até o mês de julho de 2015, as 
doenças cardiovasculares haviam sido a principal causa 
para as DCNT, com representação de 50,3% dos óbitos 
declarados (BRASIL, 2015). Corroborando com o SIM, a 
pesquisa nacional por amostra de domicílio realizada em 
2008, revela que na medida em que a idade avança, 
aumentam as doenças crônicas de tal modo que 79,1% 
dos brasileiros de 65 anos ou mais, relatam ser 
portadores de um grupo de doze doenças crônicas, que 
em primeiro lugar encontra-se a Hipertensão Arterial 
Sistêmica (HAS) (MENDES, 2012). Estimativas do 
Ministério da Saúde, afirmam que a HAS apresenta uma 
abrangência global e sua prevalência atinge a um bilhão 
de indivíduos, quando não controlada permanece como 
importante problema de saúde acarretando 
aproximadamente 7,1 milhões de mortes ao ano no 
mundo (BARRETO; REINERS; MARCON, 2014). 
➢ Prevenção e Tratamento 
Vários estudos comprovam que existem, 
basicamente, duas abordagens terapêuticas para a 
hipertensão arterial: o tratamento baseado em 
modificações do estilo de vida (MEV): perda de peso, 
incentivo às atividades físicas, alimentação saudável, etc. 
E o tratamento medicamentoso. A adoção de hábitos de 
vida saudáveis é parte fundamental da prevenção de 
hipertensão e do manejo daqueles com HAS (BROO-ME, 
2010). Para o tratamento da HAS, é importante que seja 
considerado não apenas a adesão no uso dos fármacos 
de maneira adequada, mas também é fundamental a 
mudança nos hábitos e estilo de vida, com envolvimento 
dos serviços de saúde, profissionais, família e do próprio 
indivíduo. Os serviços de saúde devem estar pautados 
em ações com embasamento cientifico e metodológico, 
com a capacidade de garantir a qualidade no atendimento 
e cuidado dos indivíduos (PERTENCE; MELEIROS, 2010). 
No tocante ao contexto das ferramentas básicas da 
qualidade (FBQ) no setor saúde, a qualidade envolve 
todos os atores do processo de cuidado, de modo que 
seja elevado o padrão da assistência a partir dos 
constantes aperfeiçoamentos da prática, oportunizando 
reflexos positivos na saúde dos envolvidos (GALDINO et 
al., 2016). Prevenir e tratar a hipertensão arterial envolve 
ensinamentos para o conhecimento da doença, de suas 
inter-relações, de suas complicações e implica, na maioria 
das vezes, a necessidade da introdução de mudanças de 
hábitos de vida. As mudanças no estilo de vida são 
entusiasticamente recomendadas na prevenção primária 
da HAS, notadamente nos indivíduos com PA limítrofe 
(SILVA, 2010). 
➢ Síndrome Metabólica 
A síndrome metabólica tem despertado atenção da 
comunidade científica e profissional, não somente pelo 
impacto de cada um dos respectivos componentes, mas, 
principalmente, pela alta prevalência dos fatores de risco 
cardiovascular. Estimativa mundial refere prevalência 
entre 20 e 25% na população adulta. No Brasil, a 
prevalência varia em torno de 9% na população adulta e 
idosa, associada com variáveis sociodemográficas (idade, 
escolaridade, situação conjugal e moradia), 
comportamentais (autopercepção de saúde) e de 
comorbidades (acidente vascular encefálico, excesso de 
peso, depressão), de formas diferentes entre os sexos 
(RAMIRES et al, 2018) Essa condição de saúde tem sido 
amplamente estudada por pesquisadores, com variados 
critérios e definições existentes para diagnóstico, 
particularidades e prevalência nos grupos populacionais e 
etários, com a finalidade de discutir a acurácia dos 
pressupostos desta e possíveis parâmetros que podem 
estar relacionados, como circunferência do pescoço e 
presença da acantose nigricans (ÁVILA et al, 2014) Essa 
síndrome foi descrita de forma oficial e pioneira por 
Gerald Reaven, em 1988, e recebeu a denominação de 
Síndrome X, que agregava resistência à insulina, 
hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes mellitus, não 
incluída a obesidade, considerada atualmente um dos 
fatores patogênicos basais. Apontam-se outros conceitos 
empregados para caracterizá-la, como síndrome da 
resistência à insulina, síndrome do novo mundo, 
síndrome plurimetabólica, quarteto da morte e síndrome 
dislipidêmica da obesidade (FÉLIX et al, 2019) Do mesmo 
modo, em relação à definição, o conceito síndrome 
metabólica, atualmente aceito, ainda não se apresenta 
uniforme na literatura de saúde, nacionale internacional, 
na qual se evidencia a acepção de doença ou distúrbio, 
mesmo que publicações difundam a compreensão de 
que se trata de um conjunto de fatores de risco 
cardiovasculares. Logo, destaca-se lacuna no 
conhecimento quanto à ideia de que uma definição mais 
ampla para o conceito síndrome metabólica facilitaria o 
desenvolvimento do cuidado na prática, no ensino e na 
pesquisa, por meio de abordagens inovadoras, nestas 
inserido o cuidado de enfermagem (SCHLAICH et al, 
2014). No contexto da enfermagem, refere-se que os 
fatores de risco que compõem a síndrome 
correspondem ao campo de atuação da disciplina, como 
a mensuração da circunferência abdominal, da pressão 
arterial e avaliação de parâmetros laboratoriais, de modo 
a configurar como um fenômeno de enfermagem, para 
o qual pesquisas devem ser desenvolvidas para 
apresentar novos e relevantes conhecimentos, como a 
análise do conceito e aplicabilidade como respostas 
humanas aos hábitos de vida inadequados. Portanto, 
desenvolveu-se este estudo com objetivo de analisar o 
conceito síndrome metabólica e identificar respectivos 
atributos essenciais, antecedentes e consequentes no 
contexto da enfermagem (FÉLIX et al, 2018). 
Obesidade
A prevalência de 
excesso de peso e 
obesidade está 
aumentando em um 
ritmo alarmante em 
muitos países. Em âmbito mundial, entre 1980 e 2014, a 
proporção de obesos mais que duplicou. O aumento da 
prevalência de obesidade encontra explicações nas 
mudanças comportamentais ocorridas nas últimas 
décadas, sobretudo devido à alimentação inadequada e 
ao sedentarismo (WHO, 2015). O Brasil, as estimativas de 
prevalência de obesidade, segundo o Sistema de 
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças 
Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) (BRASIL, 
2017). Uma alimentação não saudável e exercício físico 
insuficiente são os principais fatores de risco para a 
obesidade. Indicadores que medem a frequência de 
atividade física, tanto no lazer como no trabalho, e o 
sedentarismo (horas assistidas de televisão por dia) são 
importantes para avaliar o estilo de vida das pessoas. 
Vários estudos nacionais e internacionais têm evidenciado 
uma associação entre horas de televisão assistidas e o 
excesso de peso e a obesidade na população em geral. 
O aumento da prevalência de obesidade em diversos 
países também pode ser explicado por um maior 
consumo de alimentos não saudáveis, constituindo uma 
categoria de alimentação chamada fast-food (OYEBODE 
et al, 2014). A obesidade está muito relacionada a diversas 
doenças crônicas. O maior risco é para diabetes mellitus. 
No Brasil, a prevalência de diabetes em adultos com peso 
normal/baixo peso é de 5,4%, e na população com 
obesidade é mais que o dobro (14,0%). Vários estudos 
mostram que a obesidade também aumenta o risco de 
hipertensão arterial. Diversos tipos de câncer, como o 
colorretal, também apresentam forte associação com a 
obesidade (BAHIA et al, 2012). O monitoramento da 
prevalência de obesidade na população brasileira é de 
grande necessidade para se entender os padrões de 
risco e os fatores associados nos segmentos 
populacionais mais vulneráveis, para subsidiar políticas 
públicas de prevenção da obesidade desde a infância e 
para a promoção de hábitos saudáveis na sociedade 
brasileira (FERREIRA et al, 2019). 
• Sedentarismo e alimentação 
inadequada como fatores causadores da 
obesidade 
Fisiologicamente, a obesidade é uma condição 
corporal caracterizada pelo excesso de tecido adiposo no 
organismo. Já é de consenso na literatura que a 
obesidade se trata de uma doença resultante de um 
desequilíbrio nutricional provocado por um balanço 
energético positivo que se dá, por sua vez, na medida 
em que o sujeito ingere mais energia do que é capaz de 
gastar. Assim, tem-se um acúmulo de energia que, por 
ação do hormônio insulina, é convertida a gordura. Tendo 
em vista esta dinâmica fisiológica, a literatura científica 
aponta que o desenvolvimento de obesidade está 
fortemente associado ao “estilo de vida”, mais 
especificamente, no que se refere à prática de atividade 
física e alimentação. Nesse sentido, sabe-se que quanto 
mais ativo é o “estilo de vida” de uma pessoa, menor é 
a probabilidade desta se tornar um sujeito obeso. E 
quanto mais rica é a alimentação de um sujeito em 
açúcares, lipídeos e alimentos industrializados, também 
são maiores as chances deste sujeito tornar-se obeso 
(MENDONÇA, 2010). 
• Obesidade e doenças cardiovasculares 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 
observa-se um aumento recente na carga de doenças 
cardiovasculares, principalmente em países de baixa e 
média rendas (WHO, 2011), reflexo do aumento da 
expectativa de vida e, consequentemente, do maior 
tempo de exposição aos fatores risco para as doenças 
crônicas não transmissíveis (DCNT) (WHO, 2014). As 
doenças cardiovasculares são atualmente a principal 
causa de morte nos países em desenvolvimento, e 
espera-se que continue sendo a causa de mortalidade 
mais importante no mundo durante a próxima década 
(GBD, 2013). Doenças cardiovasculares são a principal 
causa de morte no mundo, segundo a Organização 
Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 17,7 milhões de 
pessoas faleceram por doenças cardiovasculares em 
2015, isso representa 31% de todas as mortes em nível 
global. Somente no Brasil, de acordo com a Sociedade 
Brasileira de Cardiologia (SBC), calcula-se que 349 mil 
pessoas morreram em decorrência de doenças do 
coração no ano de 2016. Obter uma melhor 
compreensão sobre o funcionamento do Sistema 
Circulatório Humano (SCH) é de vital importância para o 
avanço das pesquisas que buscam desenvolver 
tratamentos para as diversas cardiopatias existentes 
(RODRIGUES, 2019). Estudos apontam elevada prevalência 
de doenças cardiovasculares decorrentes principalmente 
às mudanças relacionadas ao padrão alimentar, mais 
particularmente ao elevado consumo de carboidratos 
refinados e gorduras saturadas, sedentarismo e 
crescimento econômico progressivo da industrialização, 
o que não se configurou de forma distinta no presente 
estudo (TESTON et al, 2016). A associação entre a 
longevidade e o aumento de doenças crônicas é 
conhecida na literatura e os resultados da Pesquisa 
Nacional de Saúde (PNS) apontam para uma maior 
morbidade por doenças cardiovasculares em indivíduos 
mais velhos. Segundo a PNS, em 2013 a prevalência das 
doenças cardiovasculares na população adulta brasileira 
(≥ 18 anos) era de 4,2%, apresentando um gradiente 
crescente nos grupos de maior idade da população, 
sendo a prevalência de DCV entre idosos de 11,4% 
(THEME, 2015). 
• Dez passos para uma alimentação 
adequada e saudável 
Os dez passos, listados a seguir, são uma forma 
simples de orientar a população sobre uma alimentação 
saudável. 
1. passo: Fazer de alimentos in natura ou minimamente 
processados a base da alimentação. 
Em grande variedade e predominantemente de origem 
vegetal, alimentos in natura ou minimamente 
processados são a base ideal para uma alimentação 
nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente 
apropriada e promotora de um sistema alimentar 
socialmente e ambientalmente sustentável. Variedade 
significa alimentos de todos os tipos – grãos, raízes, 
tubérculos, farinhas, legumes, verduras, frutas, castanhas, 
leite, ovos e carnes – e variedade dentro de cada tipo – 
feijão, arroz, milho, batata, mandioca, tomate, abóbora, 
laranja, banana, frango, peixes etc. 
2. passo: Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas 
quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar 
preparações culinárias. 
Utilizados com moderação em preparações culinárias 
com base em alimentos in natura ou minimamente 
processados, óleos, gorduras, sal e açúcar contribuem 
para diversificar e tornar mais saborosa a alimentação 
sem torná-la nutricionalmente desbalanceada. 
3.passo: Limitar o consumo de alimentos processados. 
Os ingredientes e métodos usados na fabricação de 
alimentos processados – como conservas de legumes, 
compota de frutas, pães e queijos – alteram de modo 
desfavorável a composição nutricional dos alimentos dos 
quais derivam. Em pequenas quantidades, podem ser 
consumidos como ingredientes de preparações culinárias 
ou parte de refeições baseadas em alimentos in natura 
ou minimamente processados. 
4. passo: Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados . 
Devido a seus ingredientes, alimentos ultraprocessados – 
como biscoitos recheados, “salgadinhos de pacote”, 
refrigerantes e “macarrão instantâneo” – são 
nutricionalmente desbalanceados. Por conta de sua 
formulação e apresentação, tendem a ser consumidos 
em excesso e a substituir alimentos in natura ou 
minimamente processados. Suas formas de produção, 
distribuição, comercialização e consumo afetam de modo 
desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente. 
5. passo: Comer com regularidade e atenção, em ambientes 
apropriados e, sempre que possível, com companhia. 
Procure fazer suas refeições em horários semelhantes 
todos os dias e evite “beliscar” nos intervalos entre as 
refeições. Coma sempre devagar e desfrute o que está 
comendo, sem se envolver em outra atividade. Procure 
comer em locais limpos, confortáveis e tranquilos e onde 
não haja estímulos para o consumo de quantidades 
ilimitadas de alimento. Sempre que possível, coma em 
companhia, com familiares, amigos ou colegas de trabalho 
ou escola. A companhia nas refeições favorece o comer 
com regularidade e atenção, combina com ambientes 
apropriados e amplia o desfrute da alimentação. 
Compartilhe também as atividades domésticas que 
antecedem ou sucedem o consumo das refeições. 
6. passo: Fazer compras em locais que ofertem variedades 
de alimentos in natura ou minimamente processados. 
Procure fazer compras de alimentos em mercados, feiras 
livres e feiras de produtores e outros locais que 
comercializam variedades de alimentos in natura ou 
minimamente processados. Prefira legumes, verduras e 
frutas da estação e cultivados localmente. Sempre que 
possível, adquira alimentos orgânicos e de base 
agroecológica, de preferência diretamente dos 
produtores. 
7. passo: Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades 
culinárias. 
Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-
las e partilhá-las, principalmente com crianças e jovens, 
sem distinção de gênero. Se você não tem habilidades 
culinárias – e isso vale para homens e mulheres –, 
procure adquiri-las. Para isso, converse com as pessoas 
que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e 
colegas, leia livros, consulte a internet, eventualmente 
faça cursos e comece a cozinhar! 
8. passo: Planejar o uso do tempo para dar à alimentação 
o espaço que ela merece. 
Planeje as compras de alimentos, organize a despensa 
doméstica e defina com antecedência o cardápio da 
semana. Dívida com os membros de sua família a 
responsabilidade por todas as atividades domésticas 
relacionadas ao preparo de refeições. Faça da 
preparação de refeições e do ato de comer momentos 
privilegiados de convivência e prazer. Reavalie como você 
tem usado o seu tempo e identifique quais atividades 
poderiam ceder espaço para a alimentação. 
9. passo: Dar preferência, quando fora de casa, a locais 
que servem refeições feitas na hora . 
No dia a dia, procure locais que servem refeições feitas 
na hora e a preço justo. Restaurantes de comida a quilo 
podem ser boas opções, assim como refeitórios que 
servem comida caseira em escolas ou no local de 
trabalho. Evite redes de fast-food. 
10. passo: Ser crítico quanto a informações, orientações e 
mensagens sobre alimentação veiculadas em 
propagandas comerciais. 
Lembre-se de que a função essencial da publicidade é 
aumentar a venda de produtos, e não informar ou, 
menos ainda, educar as pessoas. Avalie com crítica o que 
você lê, vê e ouve sobre alimentação em propagandas 
comerciais e estimule outras pessoas, particularmente 
crianças e jovens, a fazerem o mesmo. 
Óleos, gorduras, sal e açúcar
Utilize óleos, 
gorduras, sal e 
açúcar em 
pequenas 
quantidades ao 
temperar e 
cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. Desde 
que utilizados com moderação em preparações culinárias 
com base em alimentos in natura ou minimamente 
processados, os óleos, as gorduras, o sal e o açúcar 
contribuem para diversificar e tornar mais saborosa a 
alimentação sem que fique nutricionalmente 
desbalanceada. Óleos vegetais (como os de soja, milho, 
girassol ou oliva), gorduras (como a manteiga e a gordura 
de coco), sal e açúcar são produtos alimentícios 
fabricados pela indústria com a extração de substâncias 
presentes em alimentos in natura ou, no caso do sal, 
presentes na natureza. Esses produtos são utilizados 
pelas pessoas, nas cozinhas de suas casas ou em 
refeitórios e restaurantes, para temperar e cozinhar 
alimentos in natura ou minimamente processados e para 
criar preparações culinárias variadas e agradáveis ao 
paladar. Raramente são consumidos na ausência daqueles 
alimentos. Óleos ou gorduras, por exemplo, são utilizados 
para cozinhar arroz e feijão, para refogar legumes, 
verduras e carnes, para fritar ovos e tubérculos e no 
preparo de caldos e sopas. Óleos são também 
adicionados em saladas de verduras e legumes como 
forma de tempero. O sal é usado como tempero em 
todas essas preparações. Ele também é usado no 
preparo culinário de conservas de legumes feitas em 
casa e é adicionado à massa de farinha de trigo e água 
usada no preparo culinário de tortas e pães caseiros. O 
açúcar de mesa é utilizado para criar doces caseiros à 
base de frutas, leite e ovos e para fazer bolos e tortas à 
base de farinhas. Óleos, gorduras, sal e açúcar não 
substituem alimentos in natura ou minimamente 
processados (BRASIL, 2014). 
• Por que óleos, gorduras, sal e açúcar 
devem ser utilizados em pequenas 
quantidades em preparações 
culinárias? 
Óleos, gorduras, sal e açúcar são produtos 
alimentícios com alto teor de nutrientes cujo consumo 
pode ser prejudicial à saúde: gorduras saturadas 
(presentes em óleos e gorduras, em particular nessas 
últimas), sódio (componente básico do sal de cozinha) e 
açúcar livre (presente no açúcar de mesa). O consumo 
excessivo de sódio e de gorduras saturadas aumenta o 
risco de doenças do coração, enquanto o consumo 
excessivo de açúcar aumenta o risco de cárie dental, de 
obesidade e de várias outras doenças crônicas. Além 
disso, óleos, gorduras e açúcar têm elevada quantidade 
de calorias por grama. Óleos e gorduras têm 6 vezes 
mais calorias por grama do que grãos cozidos e 20 vezes 
mais do que legumes e verduras após cozimento. O 
açúcar tem 5 a 10 vezes mais calorias por grama do que 
a maioria das frutas. Entretanto, dado que o sal, óleos, 
gorduras e açúcar são produtos usados para temperar 
e cozinhar alimentos, seu impacto sobre a qualidade 
nutricional da alimentação dependerá essencialmente da 
quantidade utilizada nas preparações culinárias. É verdade 
que esses produtos tendem a ser bastante acessíveis, 
tanto porque podem ser estocados por muito tempo, 
como porque, em geral, não são caros. Isso pode 
favorecer o uso excessivo. Mas, utilizados com 
moderação e apropriadamente combinados com 
alimentos in natura ou minimamente processados, 
permitem a criação de preparações culinárias variadas, 
saborosas e ainda nutricionalmente balanceadas (BRASIL, 
2014). Alimentos in natura ou minimamente processados 
e preparações culinárias feitas com base nesses 
alimentos e no uso de óleos, gorduras, sal e açúcar 
propiciam aos brasileiros uma alimentação de qualidade 
nutricional bastante superior à que seria propiciada por 
alimentos processados ou ultra processados, aos quais se 
referem as duas próximas recomendações (BRASIL,2014). 
Tipos de processamento de alimentos: alimentos processados e ultraprocessados
Segundo o Guia, 
os alimentos in 
natura ou 
minimamente 
processados são 
aqueles obtidos 
diretamente de plantas ou de animais, adquiridos para 
consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração 
após deixarem a natureza ou que foram submetidos a 
alterações mínimas. Exemplos incluem grãos secos, 
polidos e empacotados ou moídos na forma de farinhas, 
raízes e tubérculos lavados, cortes de carne resfriados 
ou congelados e leite pasteurizado. Alimentos 
processados são produtos fabricados essencialmente 
com a adição de sal ou açúcar a um alimento in natura 
ou minimamente processado, como legumes em 
conserva, frutas em calda, queijos e pães. Alimentos 
ultraprocessados são produtos cuja fabricação envolve 
diversas etapas e técnicas de processamento e vários 
ingredientes, muitos deles de uso exclusivamente 
industrial. Exemplos incluem refrigerantes, biscoitos 
recheados, “salgadinhos de pacote” e “macarrão 
instantâneo” (BRASIL, 2014). Em 2016, Monteiro et al. 
(2016) publicaram uma versão revisava e atualizada da 
classificação de alimentos apresentada na segunda edição 
do Guia Alimentar e a denominaram NOVA. Nessa 
classificação são considerados alimentos do grupo in 
natura as verduras e frutas, por exemplo; minimamente 
processados, a farinha de trigo e frutas secas; 
ingredientes culinários, o sal, açúcar, óleos; alimentos 
processados, as conservas, pães, queijos; alimentos 
ultraprocessados, os refrigerantes e salgadinhos de 
pacotes. Apesar do Guia Alimentar conter exemplos de 
alimentos dos grupos, há dificuldades para se entender 
com clareza a classificação de certos alimentos, gerando 
duvidas ao público ao qual o Guia se destina (MENEGASSI 
et al., 2017). Segundo a classificação NOVA (MONTEIRO 
et al., 2016), alimentos processados são produtos 
fabricados com adição de sal e açúcar e eventualmente 
óleo, vinagre podendo conter até dois a três ingredientes 
além do alimento in natura ou minimamente processados. 
O processo de fabricação desses produtos pode 
envolver vários métodos de preservação e cocção. As 
conservas de hortaliças, de cereais ou leguminosas, são 
exemplos de alimentos processados, também faz parte 
desse grupo às castanhas adicionadas de sal ou açúcar, 
frutas em caldas, carnes salgadas, peixe conservas de 
óleo ou água e sal, queijos e pães (BRASIL, 2014). Ainda, 
no que diz respeito ao grupo de alimentos processados, 
um milho em lata, mesmo que não fabricado com adição 
de sal (ou seja, só cozido e enlatado) é considerado um 
alimento processado, segundo a NOVA (MONTEIRO et 
al., 2016) e isso pode gerar certa confusão. Para 
esclarecer essa confusão, algumas empresas têm 
elaborado informes técnicos com a finalidade de mostrar 
que seus produtos enlatados (sem adição de sal, apenas 
cozidos a vapor e enlatados) não deveriam ser 
classificados como alimentos processados (BONDUELLE, 
2017). Há alimentos processados que por conterem uma 
lista de ingredientes extensa, com aditivos alimentares, 
podem ser considerados alimentos ultraprocessados. 
Devido essa adição de aditivos alimentares para 
conservar, realçar sabor, intensificar a cor e aumentar a 
vida útil de prateleira, isso pode ser prejudicial à saúde, 
desencadeando doenças crônicas não transmissíveis as 
(DCNT) (BRASIL, 2018). A tecnologia do processamento 
de alimentos, os processamentos pelos quais passam os 
alimentos podem envolver várias combinações de 
procedimentos nas matérias-primas para se obter o 
produto desejado. Cada operação e modificação do 
alimento envolvem efeitos específicos, formando um 
processo de combinações e operações envolvendo 
várias etapas do processamento do alimento até chegar 
ao produto fina (SILVA, 2018) Ainda, segundo algumas 
entidades como o Instituto de Tecnologia de Alimentos 
(ITAL, 2018), alimentos processados são aqueles 
modificados doestado original por meio de um 
processamento para diversas finalidades, não importando 
se o produto contém um ou mais de cinco ingredientes, 
desde que sejam aprovados pelas autoridades 
regulatórias e sejam seguros para a fabricação e 
consumo. Alimentos ultraprocessados são 
nutricionalmente desbalanceados, ricos em gorduras ou 
açúcares e em muitas vezes, simultaneamente ricos em 
gorduras e açúcares. É comum que apresentem alto 
teor de sódio, baixo teor de fibras e frequentemente são 
fabricados com gorduras resistentes à oxidação, mas que 
tendem a obstruir as artérias. Por conta de sua 
formulação e apresentação, tendem a ser consumidos 
em excesso e a substituir alimentos in natura ou 
minimamente processados. O consumo excessivo desse 
tipo de alimento está associado a doenças do coração, 
obesidade, e outras doenças crônicas como a 
hipertensão e certos tipos de câncer (BRASIL, 2014). Para 
expandir o conhecimento da população em relação aos 
alimentos do grupo processados, seria importante que 
esses alimentos fossem incluídos em futuras edições de 
atualização do Guia Alimentar. Atualmente podemos dizer 
que o grupo dos alimentos processados podem ter 
ingredientes típicos e atípicos, diferenciando muito um 
alimento do outro, já que pode mudar muito a 
composição desses alimentos. Diante do exposto as 
empresas do ramo da alimentação estão modificando 
seus produtos e até elaborando materiais para informar 
seus consumidores sobre a forma de produção e/ou 
processamento de alimentos (SILVA, 2018). Esse é o caso 
de um informe técnico elaborado por uma empresa 
(BONDUELLE, 2017) explicando que apesar de seus 
produtos serem vendidos enlatados, alguns deles não 
contêm, necessariamente, sal para conservá-los, não 
sendo classificados, portanto, como alimentos 
processados. Nesse caso, esses alimentos são enlatados 
apenas com água do cozimento. Essa empresa 
demonstrou que alimentos enlatados não precisam ter 
adição de sal para conservar o produto e que a conserva 
pode se dar pelo próprio processamento de esterilização. 
O pão é um alimento classificado como processado, 
segundo o Guia Alimentar (2014) e a classificação NOVA 
(2016). Porém, esse alimento, hoje em dia, quando 
produzido na indústria, pode apresentar uma grande lista 
de ingredientes e aditivos alimentares muito grande, o 
que permitiria classificá-lo como um produto 
ultraprocessados. 
Alimentos funcionais
As propriedades 
funcionais dos 
alimentos têm sido 
abordadas durante 
séculos em todo o 
mundo com o objetivo de prevenir doenças, onde os 
alimentos funcionais frequentemente são referidos como 
“produtos naturais de saúde” ou “alimentos saudáveis” 
(BROWN et al., 2018). A descrição dos alimentos funcionais 
relaciona estes produtos com suas propriedades 
nutritivas e também com os efeitos metabólicos e 
fisiológicos trazendo benefícios a saúde (REIS et al., 2016). 
No entanto, ainda não um consenso mundial concreto 
sobre a definição de alimentos funcionais e o Codex 
Alimentarius não possui uma definição oficial. O Japão foi 
um dos pioneiros a buscar mais informações sobre as 
propriedades funcionais dos alimentos e a sua associação 
com uma dieta equilibrada, lançando na década de 80 
uma categoria para os alimentos que apresentavam 
benefícios a saúde, denominados por “Foods for 
Specified Health Use” (Alimentos para uso específico de 
saúde) (PASCOAL et al., 2016). O Brasil foi o país pioneiro 
na América Latina a criar uma legislação específica sobre 
alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde, 
através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA) para que os alimentos que apresentassem tais 
propriedades, fossem inseridos no mercado com 
alegações no rótulo. As Resoluções da Diretoria Colegiada 
(RDC) que regulamentam os alimentos funcionais são as 
RDC n°16/99; n°17/99; n° 18/99 e n° 19/99, cuja essência 
retrata sobre os alimentos com alegações de 
propriedades nutricionaise/ou saúde (PASCOAL et al., 
2016). Assim, mediante ao atendimento da legislação 
vigente, para obtenção de registro no país como 
alimento funcional, o produto deverá comprovar a 
alegação de propriedades funcional ou de saúde com 
base no consumo previsto ou recomendado pelo 
fabricante, na finalidade e condições de uso, valor 
nutricional e quando for o caso através de evidência (s) científica (s). Embora a legislação brasileira apresente normas 
específica para os alimentos com efeitos potencialmente benéficos à saúde, esta não possui uma definição para os 
alimentos funcionais, apenas define as alegações que podem ser utilizadas para um determinado alimento e/ou ingrediente, 
ou seja, poderá ser feita uma menção que afirme, sugira ou implique que o produto possua propriedades de benefício à 
saúde (PASCOAL et al., 2016). Os efeitos benéficos associados ao consumo de alimentos funcionais e nutracêuticos, tais 
como a cenoura, o alho, o abacate, a berinjela, o brócolis, a castanha do Pará, o salmão, a sardinha, a soja, os probióticos, 
o tomate, a linhaça, a aveia, o Goji Berry e a alcachofra e suas substâncias ativas isolados vêm sendo relatado em diferentes 
estudos na prevenção da incidência de doenças como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, manutenção do 
peso corporal, aceleração da velocidade de reação do sistema imunológico e diversos tipos de câncer (CAVAZIM e 
FREITAS, 2018). Nas últimas décadas o perfil de consumo da população vem mudando em função da busca de qualidade 
de vida, que apresenta uma associação com os hábitos alimentares e aumento da expectativa de vida. Mesmo havendo 
esta preocupação em relação aos hábitos alimentares e aumento da expectativa de vida, a incidência de doenças crônicas 
não transmissíveis (DCNT) como: obesidade, diabetes, câncer, hipertensão e doenças cardíacas, ainda é bastante 
significativa, onde o fator determinante destas pode estar relacionado a alimentação. O risco de desenvolvimento das 
DCNT amplia-se com o consumo insuficiente de frutas e vegetais, além do processo de industrialização e aumento da 
oferta e consumo de alimentos de altos valores energéticos (SOUZA, 2017; VAZ e BENNEMANN, 2018). Estima-se que o 
consumo de frutas e vegetais corresponda a menos da metade do recomendado, onde nota-se desconhecimento da 
população sobre a importância destes alimentos (MURICI et al., 2015). Diante deste cenário, os alimentos com alegações 
de propriedades benéficas à saúde têm ganhado cada vez maior amplitude de divulgação, em função de afetar uma ou 
mais funções fisiológicas do organismo, melhorando o estado de bem-estar físico e psicológico do indivíduo (CAVAZIM e 
FREITAS, 2018).

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