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II CONGRESSO VIRTUAL Anais 2022 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CIÊNCIA É 10! Anais do II Congresso Ciência é Dez Especialização em Ensino de Ciências nos anos finais do Ensino Fundamental – Ciência é Dez! UFABC Evento online – 26 de junho de 2021 Equipe organizadora Mirian Pacheco Silva Albrecht Daniel Scodeler Raimundo Mirtes Ribeiro Junior José Adriano Silva de Oliveira Katia Cristina Mistro Prioli Angélica Satiko Koga Apoio Técnico Comissão científica Ana Beatriz Carollo Rocha Lima Cláudio Wagner Locatelli Elizângela Fernandes dos Santos Juliana Hanna Leite El Ottra Priscila Reina Siliano da Silva Euza Maria de Paiva Gomes Julio César Gomes Comissão de Logística Katia Franklin Albertina Camila Cristina Mastrangi Goes Taís Rondello Bonatti Vicente de Paulo Morais Junior Comissão de Arte e Cultura Simone Santoro Romano Aline de Souza Medeiros Caroline Lins Ribeiro Ferreira Antônio Sérgio Rejane Steidel Mirtes Ribeiro Junior Telma Temoteo 1 SUMÁRIO PARTE 1 ................................................................................................................... 10 Mesa redonda .......................................................................................................... 10 Mesa redonda: pesquisa narrativa ......................................................................... 11 A pesquisa narrativa no curso de especialização em ensino de ciências – anos finais do ensino fundamental “ciência é 10!” .......................................................... 11 Pesquisa narrativa e C10: caminhos e possibilidades ........................................... 14 Pesquisa narrativa e o “ciência é 10” ..................................................................... 18 Palestra..................................................................................................................... 24 Formação de professores e o ensino de ciências através da plataforma digital “khan academy”...................................................................................................... 25 Micro-organismos e imunologia: uma abordagem científica na sala de aula ......... 28 Oficina ...................................................................................................................... 31 Narrativização: a relação da imagem e da escrita no contexto digital .................... 32 Inclusão digital, metodologias ativas e a educação para cidadania ....................... 35 PARTE 2 ................................................................................................................... 43 Resumos .................................................................................................................. 43 Eixo ambiente .......................................................................................................... 44 Conscientização dos impactos ambientais causados pelo lixo.................................. 45 Educação ambiental na escola: narrativa sobre uma atividade colaborativa e reflexiva para o ensino de ciências ............................................................................ 46 Educação ambiental, o lixo e a reciclagem na escola: escola ativa e vida sustentável .................................................................................................................................. 47 Roteiro de estudo investigativo para alunos privados de liberdade do ensino fundamental anos finais ............................................................................................. 48 Publicidade e consciência ambiental: a prática docente em debate .......................... 49 qual a relação existente entre a pegada ecológica, consumismo exagerado e consequente escassez de recursos naturais? ........................................................... 50 2 Uma narrativa sobre o projeto “minhoca amiga” ........................................................ 51 Elaboração de mapa conceitual na aprendizagem e conscientização social sobre hpv e vacina ..................................................................................................................... 53 A reciclagem do microplástico como projeto no ambiente escolar ............................ 54 Mata ciliar como proteção do solo em trecho do rio paraíba do sul como motivação para o ensino por investigação .................................................................................. 54 Aquecimento global: o que tenho a ver com isso? .................................................... 55 Aspirador de pó de garrafa pet: uma experiência prática junto aos alunos do ensino fundamental ............................................................................................................... 56 Lixo eletrônico: análise e reflexões dos impactos socioambientais realizados por estudantes do 9º ano de uma escola pública da periferia da zona sul da cidade de São Paulo .................................................................................................................. 57 “No mundo do efeito estufa”: jogo de tabuleiro digital como estratégia de ensino em aulas a distância em turmas do 7º ano do ensino fundamental ii .............................. 58 Efeito estufa: mocinho ou vilão? ................................................................................ 59 Impactos causados pelo acúmulo de lixo no planeta terra ........................................ 60 Era meu, agora é nosso! ........................................................................................... 62 Uma visão transdisciplinar do resíduo jogado fora .................................................... 62 A utilização dos mapas conceituais como estratégia de avaliação no ensino de ciências...................................................................................................................... 63 Análise de atividade experimental e investigativa no ensino interdisciplinar de ciências: despoluição de rio ....................................................................................... 64 Terrário como atividade investigativa ........................................................................ 65 Pancs como alternativa alimentar, ensinando nutrição com o coração. .................... 66 O estudo das catástrofes ambientais como estratégia para promover a escrita científica nos anos finais do ensino fundamental ...................................................... 67 Como a utilização das metodologias ativas podem colaborar para a compreensão de conceitos relacionadas às forças gravitacionais pelos alunos dos anos finais do ensino fundamental. .................................................................................................. 68 Abordagens investigativas sobre o efeito estufa na educação básica ....................... 69 Lixo, luxo luz: medidas sustentáveis e empreendedoras inseridas no contexto educacional ............................................................................................................... 70 O jogo de tabuleiro “fotossíntese” como ferramenta de superação da cegueira botânica ..................................................................................................................... 72 3 Potejamento em canteiro de hortaliças: a ciência como cultura na educação ambiental de jovens, adultos e idosos ....................................................................... 73 Vamos falar sobre transgênicos? .............................................................................. 74 Transformação dos resíduos: uma abordagem investigativa no ensino de ciências . 75 A relação do ensino de ciências e a importância dos jogos de tabuleiros em turmas do 8º ano do ensino fundamental II ........................................................................... 76 Mudanças climáticas: seus impactos e suas relaçõescom o dia-a-dia do estudante .................................................................................................................................. 77 Plantando um futuro melhor para o nosso planeta .................................................... 78 O fenômeno efeito estufa: conceitos e práxis aplicados em atividades na sala de aula .................................................................................................................................. 79 O uso da arte no ensino de ciências: estratégia para superação da “cegueira botânica” .................................................................................................................... 80 Modelos híbridos para ensino de ciências por investigação: possibilidades e desafios .................................................................................................................................. 81 Semear, empreendedorismo, plantio e cultivo de horta em casa, uma abordagem pedagógica no ensino de ciências ............................................................................. 82 Artes e ciências: uma abordagem interdisciplinar nos anos iniciais do ensino fundamental sobre efeito estufa, aquecimento global e uso da água ........................ 83 Alfabetização científica à partir de projeto de iniciação científica júnior para a “caravana da ciência” ................................................................................................ 84 Espaço virtual de aprendizagem reflexiva sobre temas relevantes da área ambiental .................................................................................................................................. 86 Educação ambiental em tempos de pandemia .......................................................... 87 A problemática das zoonoses e animais sinantrópicos: suas consequências na biodiversidade e comunidade urbana ........................................................................ 88 Dia D na escola em prol da sensibilização ambiental: passos para um futuro sustentável ................................................................................................................ 89 Como orientar e conscientizar a pegada ecológica dos alunos do ensinos fundamental dos anos finais da escola pública ......................................................... 90 As lendas, salvando o planeta: rpg na atividade de ensino de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental ................................................................................... 91 Narrativa sobre o ensino de ciências e a utilização de atividade investigativa para o estudo da avifauna .................................................................................................... 92 Desenvolvimento sustentável .................................................................................... 93 4 Robótica sustentável como ferramenta para o desenvolvimento da educação ambiental ................................................................................................................... 94 Análise de atividade experimental e investigativa no ensino interdisciplinar de ciências: despoluição de rio ....................................................................................... 95 Unidades de conservação: uma proposta de estudo de caso da ee juréia-itatins ..... 97 Pegada ecológica - reflexões e ações em múltiplas esferas ..................................... 98 Narrativa no ensino de ciências sobre a conscientização da importância dos manguezais ............................................................................................................... 99 Eixo tecnologia ...................................................................................................... 101 O ensino híbrido como ferramenta de aprendizagem no ensino fundamental e médio ................................................................................................................................ 102 Narrativas sobre a abordagem da gestão sustentável de resíduos tecnológicos no ensino de ciências ................................................................................................... 103 O uso do modelo tpack na planificação de aulas de ciências – elaboração e aplicação de um modelo de plano de aula em turmas do 6° ano do ensino fundamental de uma escola da rede estadual de são paulo ................................... 104 Narrativa sobre o universo midiático no ensino de ciências no contexto educacional atual ......................................................................................................................... 105 Nanociência de baixo custo: práticas no ensino de ciências por investigação e o pensamento computacional ..................................................................................... 106 A formação de professores que ensinam ciências: narrativa sobre a construção de sequência de ensino investigativo ........................................................................... 107 O ensino-aprendizagem de ciências a partir de metodologias ativas com o uso de tecnologias digitais de informação e comunicação (tdic) ......................................... 108 Estudo de caso em aulas de ciência e o desenvolvimento do pensamento crítico dos estudantes ............................................................................................................... 109 Narrativa sobre o uso de materiais de baixo custo em propostas de ensino de física por investigação ...................................................................................................... 110 As possíveis influências do 5g na saúde humana ................................................... 111 Eixo universo ......................................................................................................... 113 Análise da atividade de investigação: mudança de estado físico da parafina como subsídio para elaboração de uma sequência didática sobre interações intermoleculares ...................................................................................................... 114 5 É possível o ensino de cosmologia já nos anos iniciais? ........................................ 114 Identificação de erros conceituais de astronomia – uma sequência didática .......... 116 Uso da realidade aumentada como ferramenta de aprendizagem significativa no ensino de ciências do 7º ano: tópicos de astronomia .............................................. 117 Ensino por investigação como motivação para a realização da XXIV OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica) ................................................................ 118 O desenvolvimento da fluência leitora e escritora nas aulas de ciências ................ 119 A produção de um jogo de tabuleiro para o ensino de astronomia .......................... 120 Será que os alunos sabem investigar as mudanças de estados físicos da matéria? ................................................................................................................................ 121 Ensino de forma de energia para alunos do 9° ano com a demonstração da produção de biogás a partir da construção de um mini biodigestor ......................... 122 Memórias de uma atividade investigativa sobre as transformações químicas na cozinha e o ensino híbrido ....................................................................................... 123 Práticas investigativas para o ensino dos conceitos de matéria e transformações dos estados físicos ......................................................................................................... 124 A terra no universo: aprendendo com a gamificação e a criação de summaês....... 125 Eixo vida ................................................................................................................. 127 Projetoescolar com alunos do 9º ano do ensino fundamental sobre efeitos das drogas no organismo ............................................................................................... 128 Oikos-home: uma abordagem pedagógica para o ensino de ecologia .................... 129 A evolução e a diversidade das espécies com base na atuação da seleção natural e mutação genética. ................................................................................................... 130 Ambiente extraescolar e suas contribuições na aprendizagem da evolução biológica no ensino de ciências .............................................................................................. 131 Aprendizagem de ciências através de jogos ........................................................... 132 Narrativa sobre a abordagem do uso e cultivo de plantas medicinais no currículo do ensino fundamental ................................................................................................. 133 A responsabilidade masculina na contracepção ...................................................... 134 Narração reflexiva sobre a aplicação da atividade investigativa teia alimentar ....... 135 A sexualidade na aula de ciências: uma abordagem investigativa .......................... 137 6 Eventos científicos estudantis (ece) como estratégia de ensino de ciências naturais em escola da rede municipal da cidade de são paulo ............................................. 137 O ensino de ciências na perspectiva de uma educação antirracista e decolonial ... 138 Práticas investigativas: a microbiologia presente nos ambientes escolares ............ 140 Ordem evolutiva hipotética do grilo: a construção de uma proposta de sequência didática para 9º anos ............................................................................................... 141 Sexualidade humana e o espaço escolar como um ambiente de aprendizagem e reflexão .................................................................................................................... 142 Tabelas nutricionais como recurso didático no processo ensino aprendizagem para os anos finais do ensino fundamental ii: transversalidade no currículo sobre educação alimentar e nutricional (ean) .................................................................... 143 Utilização do jogo “sobreviva, se puder!” como estratégia didática no ensino de ciências.................................................................................................................... 144 A importância do ensino de zoologia nas aulas de biologia: concepções dos discentes sobre insetos e polinização ..................................................................... 145 Elaboração de mapa conceitual na aprendizagem e conscientização social sobre hpv e vacina ................................................................................................................... 146 O mundo dos microrganismos: uma abordagem pedagógica no ensino de ciências ................................................................................................................................ 147 O ensino da sexualidade para uma turma do 8º ano do ensino fundamental ii ....... 148 Quando o corpo fala: políticas de gênero, identidade e diversidade sexual no “cis”tema educacional .............................................................................................. 149 Metodologias ativas no ensino de microbiologia no ensino fundamental ................ 151 A experimentação e vivenciação da sexualidade, gênero e comportamentos sexuais na educação infantil: um ambiente não neutro ........................................................ 152 A fotossíntese sob a perspectiva de abordagens investigativas no ensino de ciências ................................................................................................................................ 153 Integração da pessoa com transtorno do espectro autista através do ensino de práticas investigativas no ensino de ciências. ......................................................... 153 O ensino da fotossíntese pelo processo de investigação, por uma turma do sétimo ano de uma escola municipal de São Paulo ............................................................ 155 A extração do dna do morango por uma turma do 2º ano do ensino médio ............ 156 Identidade de gênero e diversidade sexual na escola ............................................. 157 A percepção do grupo das plantas pelos alunos do Ensino fundamental ............... 158 7 Para além da anatomia: conversas sobre educação sexual em uma escola pública do município de tremembé - sp ............................................................................... 159 Sexualidade: prática para o conhecimento como educação emancipatória com uma turma do 7º ano do ensino fundamental II ............................................................... 160 Integração da pessoa com transtorno do espectro autista através do ensino de práticas investigativas no ensino de ciências. ......................................................... 162 Aducação sexual em sala de aula: desafios e possibilidades para a prática docente ................................................................................................................................ 163 A compreensão de uma turma do 9 º ano do ensino fundamental II, sobre as diferenças físicas devido as heranças genéticas e sua contribuição para uma educação antirracista. ............................................................................................. 164 No solo há vida? uma investigação sobre os microrganismos para alunos do ensino fundamental II .......................................................................................................... 165 A sexualidade humana discutida em sala de aula ................................................... 167 O uso de substâncias psicoativas: perspectivas de adolescentes de uma escola pública de são josé dos campos - SP ...................................................................... 168 Axtração e identificação de compostos vegetais de plantas medicinais por alunos do ensino fundamental II, de uma escola da rede pública de guarulhos – SP. ............ 169 A sexualidade: sensações e descobertas – o cuidado com o corpo em transformação - vivências escolares na perspectiva de uma professora dos anos finais do ensino fundamental. ............................................................................................................ 170 Análise comparativa sobre abordagem de ensino de ciências por investigação na rede pública estadual e municipal de São Paulo. .................................................... 171 Como o ensino de ciências pode contribuir na utilização de alimentos e ervas medicinais como recurso fitoterápico entre os jovens no ambiente escolar ............ 172 8 APRESENTAÇÃO O Curso de Especialização em Ensino de Ciências nos anos finais do Ensino Fundamental - Ciência é 10! tem a intencionalidade de oferecer ferramentas que contribuam para uma ação dinâmica do professor no enfrentamento dos desafios postos no cotidiano de suas escolas e de suas salas de aula, de forma conectada à realidade da nossa sociedade tecnológica e globalizada. Para socializar e aprimorar as discussões sobre a investigação no ensino de Ciências como uma das possibilidades de um ensino inovador, realizamos o II Congresso Virtual do C10 no dia 26 de junho, das 9h00 às 19h00. A sua programação contou com palestras, oficinas e a apresentação de pôsteres dos cursistas sobre o seu projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A ideia foi promover a socialização desses projetos e aprimorar as discussões a respeito da Investigação no Ensino de Ciências como uma das possibilidades de um ensino inovador.Equipe C10! 9 PROGRAMAÇÃO GERAL 08:30 - Credenciamento 09:00 - Abertura 09:15 - Atividade Cultural 09:30 - Mesa Redonda: Pesquisa Narrativa 10:45 - Intervalo 11:00 - Apresentação de Pôsteres - Sessões Simultâneas (Eixos: Vida, Ambiente,Tecnologia e Universo). 13:00 - Sarau Arte & Cultura 14:00 - Palestras Temáticas Simultâneas 15:00 - Oficinas Simultâneas 15:45 - Intervalo 16:00 - Apresentação de Pôsteres - Sessões Simultâneas (Eixos: Vida, Ambiente,Tecnologia e Universo). 18:00 a 18:30 - Encerramento/Atividade Cultural 10 PARTE I MESA REDONDA 11 MESA REDONDA: PESQUISA NARRATIVA Este congresso tem sua realização no âmbito do Curso de Especialização em Ensino De Ciências – Anos Finais do Ensino Fundamental “Ciência É 10!” A oferta do curso é realizada pela Universidade Federal do ABC, em parceria com Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior – Capes e com Polos em Bragança, Campinas, Diadema, Guarulhos, Peruíbe, São José dos Campos e São Paulo. Na mesa-redonda “Pesquisa Narrativa” discutiremos possíveis caminhos que sustentam a opção pela realização do trabalho final de curso, com foco na pesquisa narrativa conectada às proposições do Curso de Especialização “Ciência é 10”. Provocações e reflexões permearão as apresentações visando pensar sobre os desafios e possibilidades para a construção da pesquisa proposta, na perspectiva da abordagem experiencial como procedimento tanto de investigação quanto de formação e autoformação. A PESQUISA NARRATIVA NO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL “CIÊNCIA É 10!”1 Mirian Pacheco Silva Albrecht 2 Acesse a apresentação deste trabalho. Daremos início à mesa-redonda do II Congresso Virtual “Ciência é 10!”. Nesta mesa-redonda vamos falar sobre Pesquisa Narrativa. Para falar sobre esse tema foi convidado o professor Vicente e a professora Tatiana. O professor Vicente, quando nasceu, recebeu o nome de Vicente Paulo de Morais Junior. Ele cresceu em um ambiente inspirador, estudou muito e se tornou Pedagogo e professor de História e Matemática. Não satisfeito, ele continuou seus estudos e fez mestrado e doutorado em Educação. Atualmente é diretor de escola da rede pública paulista, professor universitário em cursos de Licenciatura e professor orientador e tutor em cursos EaD na Universidade Federal do ABC. A professora Tatiana Pinedal teve uma infância recheada de histórias. Ela sempre gostou de estudar e ensinar, por isso, se tornou 1 Transcrição da apresentação na mesa redonda apresentada no II Congresso Virtual “Ciência é 10”. 2 Coordenadora do Especialização em Ensino de Ciências – Anos finais do Ensino Fundamental “Ciência é 10!”. Universidade Federal do ABC. mirian.pacheco@ufabc.edu.br 12 Pedagoga, Psicopedagoga clínica, mestre em Educação e atualmente é doutoranda em Educação, Arte e História da Cultura. Tem experiência na Gestão e experiência na docência e na Educação Básica e no Ensino Superior. Quando eu fui convidada para coordenar o Curso de Especialização em Ensino De Ciências – Anos Finais do Ensino Fundamental “Ciência É 10!” fiquei muito motivada. Eu percebi que o procedimento de pesquisa norteador dos trabalhos de conclusão do curso seria a pesquisa narrativa. Confesso que eu desejava isso há muito tempo. Desde o início da minha atuação como professora, que ocorreu na década de 1990, quando eu atuava como professora no Ensino Fundamental, eu percebia que a prática na teoria é outra. Ou seja, eu percebia que na escola onde eu trabalhava, eu aprendia a ser professora a partir da troca de experiências com as outras professoras. Mesmo sendo formada no Magistério, eu me deparava com situações que eu nunca tinha estudado e nem vivido enquanto era aluna. O cotidiano escolar sempre me surpreendia e ainda continua surpreendendo. Havia fatos e coisas que não estavam na literatura, mas que funcionavam muito bem na minha prática. Eu ficava imaginando e me perguntando sobre o porque a universidade era tão distante da escola. Esse era o meu maior dilema. O tempo passou, na ânsia de buscar respostas eu terminei o curso de Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, fiz Especialização em Educação Sexual, Mestrado em Ensino de Ciências e Doutorado em Educação, sempre em busca de respostas sobre como promover uma Educação com mais qualidade. No doutorado eu comecei a encontrar pistas para as respostas que eu buscava. Durante o meu doutorado eu conheci o texto “O Narrador” de Walter Benjamim e as coisas começaram a fazer sentido para mim. Para o Benjamin (1985) “contar histórias sempre foi a arte de contá-las de novo, e ela se perde quando as histórias não são mais conservadas”. Eu conto está história para falar sobre a importância da pesquisa narrativa neste curso de especialização no qual nós estamos envolvidos. Nós que somos professoras e professores, somos pessoas produtivas de histórias. Histórias que possuem atravessamentos, histórias que carregam significados, histórias que também são atravessadas pelas histórias de outras pessoas. Histórias ímpares e singulares. Histórias riquíssimas, nossas histórias. Histórias que vão ao encontro das nossas vivências e se tornam experiências para nós. Experiências no sentido daquilo que nos toca, daquilo que nos motiva a 13 continuar. Experiência no sentido proposto por Jorge Larrosa (2002). Histórias, experiências e vivências que não sendo narradas correm o risco de ficarem restritas a um pequeno grupo ou, até mesmo ficarem guardadas apenas nas nossas lembranças. São as histórias do nosso cotidiano. Por isso eu digo que quanto mais produzirmos histórias, mais chances teremos de produzir pesquisas narrativas. Quanto mais pesquisas narrativas, mais conhecimentos produziremos e mais aproximaremos a escola e a universidade, por meio de um conhecimento experienciado. Isso significa que nós mesmo estudaremos as nossas práticas. Ao narrar a experiência, eu posso ressignificá-la a partir das leituras teóricas que eu faço, ou seja, eu posso dar um novo significado para as minhas experiências. E é por isso que faz muito sentido a proposta de realização da pesquisa narrativa neste curso de especialização. As experiências que são vivenciadas pelas e pelos cursistas podem ser pesquisadas por elas e eles mesmos. Nós que estamos na escola e na universidade estamos produzindo experiências e temos o compromisso de narrá-las e de pesquisá-las. REFERÊNCIAS LARROSA, J. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. In: Revista Brasileira de Educação. No 19, Jan/Fev/Mar/Abr, 2002. BENJAMIN, W. Obras escolhidas 1 - Magia e Técnica, Arte e Política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1985. 14 PESQUISA NARRATIVA E C10: CAMINHOS E POSSIBILIDADES Vicente de Paulo Morais Junior Acesse a apresentação deste trabalho. INTRODUÇÃO No 2º semestre de 2020 a Universidade Aberta do Brasil (UAB)/CAPES em parceria com a Universidade Federal do ABC (UFABC) dão início a mais uma edição do processo de formação continuada para professores das redes públicas e privadas de ensino através do curso de especialização em ciências nos Anos Finais do Ensino Fundamental – “Ciência é 10!” (C10). O “Ciência é 10!” traz consigo experiências bem sucedidas em edições anteriores e em diferentes regiões do país. Na edição 2020/2021, sob a coordenação da Profa. Dra. Mirian Pacheco Silva Albrecht, entre atividades propostas na plataforma moodle e orientações de tutores e orientadores de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi proposto o II Congresso Virtual do C10 em junho/2021. Deve-se, por oportuno, destacar que os encontroscom cursistas e até mesmo o congresso foi realizado de forma remota em virtude do momento pandêmico que o país, e o mundo, viviam à época em virtude da COVID- 19. Para além da proposta elementar do congresso de discutir, refletir, propor e tantos outros verbos que podem conectar-se a um congresso acadêmico, o II Congresso Virtual do C10 também teve a sensibilidade de orientar e até mesmo ofertar caminhos e possibilidades aos cursistas no processo de construção do TCC. Registra-se que no momento do II Congresso Virtual do C10 os cursistas e seus respectivos orientadores finalizaram e postaram na plataforma moodle C10, o Projeto de pesquisa. Conforme o projeto pedagógico do curso de especialização C10, uma das exigências na construção do TCC é trilhar os caminhos da pesquisa narrativa. Desta forma, compôs a programação do II Congresso Virtual do C10 a Mesa redonda: Pesquisa narrativa e o “Ciência é 10” com a participação da Profa. Dra. Mirian Pacheco Silva Albrecht, Prof. Dr. Vicente de Paulo Morais Junior e a Profa. Ms. Thatiana Pineda. O objetivo da mesa redonda foi discutir possíveis caminhos 15 que pudessem sustentar a opção pela construção do TCC com foco na pesquisa narrativa conectada ao C10 a partir de provocações, reflexões e proposições. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para além de traços e características da pesquisa narrativa, Clandinin e Conelly apresentam uma “conexão entre narrativa e vida” (2011, p.32). Essa conexão pode ter como interface a pesquisa narrativa que, através de histórias vividas e contadas, associada a caminhos metodológicos de pesquisa e conversão do captado em campo em texto, permitem uma forma de compreender experiências (2011, p.51). Os autores consideram experiências como as histórias que as pessoas vivem e ao contar e narrar tais histórias estas se reafirmam e ganham materialidade no registro em texto. Assim, o pesquisador que faz uso da pesquisa narrativa terá o interesse na experiência vivida e as repercussões e produtos dessa experiência (2011, p.23). Existe ainda outro aspecto relevante, como característica da pesquisa narrativa, abordado pelos autores: a categorização da pesquisa narrativa descritiva e a explicativa. Os autores mencionam que na narrativa descritiva, o objetivo é produzir uma descrição sistemática das interpretações de narrativas individuais ou de grupos que apresentam eventos sequenciais em suas vidas. Já a explicativa, o objetivo é estabelecer conexões entre eventos e situações significativas, indicando relação de efeito-causa (2011, p.161-2). Josso completa a discussão mencionando que As narrativas de formação permitem distinguir: experiências coletivamente partilhadas em nossas convivências socioculturais e experiências individuais; experiências únicas e experiências em série. A experiência implica a pessoa na sua globalidade de ser psicossomático e sociocultural, isto é, ela comporta sempre as dimensões sensíveis, afetivas e conscienciais. (2010, p.49) A autora ainda menciona que Vivemos uma infinidade de transações, de vivências; essas vivências atingem o status de experiências a partir do momento que fazemos certo trabalho reflexivo sobre o que se passou e sobre o que foi observado, percebido e sentido. (2010, p.48) Assim, a partir do recorte das obras supra citadas, Clandinin e Conelly (2011) 16 e Josso (2010) foram a estrutura para a segunda parte da Mesa redonda: Pesquisa narrativa e o C10 do II Congresso Virtual Ciência é 10. METODOLOGIA Mesmo com um caminho significativo já trilhado na pesquisa científica no país, a pesquisa narrativa ainda não se configura como temática e/ou linha de pesquisa que dispõe de vasto material bibliográfico a disposição de pesquisadores, seja em obras originais ou em traduções. Na segunda parte da Mesa redonda: Pesquisa narrativa e o “Ciência é 10” optou-se por apresentar um recorte das discussões propostas por F. M. Connely e D. J. Clandinin na obra “Pesquisa Narrativa: experiência e história em pesquisa qualitativa” (2011) e ainda as discussões de Marie-Christine Josso a partir da obra “Experiências de vida e formação” (2010). Clandinin e Conelly (2011) apresentam (e remodelam) traços, características e possibilidades da e para a pesquisa narrativa. Já Josso (2010) enfatiza a importância das “narrativas de vida” e ainda as histórias de vida como metodologia de pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Como o objetivo da mesa redonda foi discutir possíveis caminhos, que pudessem sustentar e/ou auxiliar os cursistas na construção do TCC com foco na pesquisa narrativa conectada ao C10, assim os resultados são esperados. Pretende- se à partir das proposições da mesa redonda: alinhar a construção do TCC entre orientadores e orientandos; oferecer um suporte teórico para compor o TCC; propor possíveis caminhos metodológicos à partir de Clandinin e Conelly (2011) e Josso (2010); apresentar possibilidades do elo entre o Projeto de Pesquisa e o TCC. CONSIDERAÇÕES FINAIS Compondo o II Congresso Virtual C10, a Mesa redonda: pesquisa narrativa e C10, em especial a segunda parte da mesa (“Pesquisa narrativa e C10: caminhos e possibilidades”) proporcionou aos cursistas do curso de especialização em ciências nos Anos Finais do Ensino Fundamental – “Ciência é 10!” (UAB/CAPES/UFABC) uma manhã de reflexões onde houve a possibilidade de olhar para trás e ver os caminhos já percorridos no projeto de pesquisa, e futuro TCC; observar o presente e 17 em parceria com os orientadores de TCC adequar-se (ou não!) aos referenciais teóricos metodológicos apresentados; e ainda olhar para o futuro e vislumbrar possíveis caminhos a serem seguidos na pesquisa que vem sendo realizada. REFERÊNCIAS CONNELY, F. M. e CLANDININ, D. J. Pesquisa Narrativa: experiência e história em pesquisa qualitativa. Uberlândia: EDUFU, 2011. JOSSO, Marie-Christine. Experiências de vida e formação. 2. ed. rev. e amp. São Paulo/Natal: EDUFRN, 2010. 18 PESQUISA NARRATIVA E O “CIÊNCIA É 10” Thatiana F. Guedes Pinedal 3 Acesse a apresentação deste trabalho. INTRODUÇÃO Este texto é resultado do tema apresentado em palestra no II Congresso C10 (Ciência é 10), em 2021, por plataforma online, para alunos do curso da Universidade Federal do ABC. No convite a proposta foi de abordar sobre a pesquisa narrativa na Educação para todos os inscritos no evento e, principalmente, para os alunos do C10 que estavam em fase de desenvolvimento do trabalho de conclusão do curso. De acordo com informes da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o C10 [...] é uma iniciativa da CAPES que integra o programa Ciência na Escola, do MEC, MCTIC e CNPq. Trata-se de um curso de especialização para professores graduados que estão atuando no sistema público de ensino e dando aulas nos anos finais do Ensino Fundamental, ou seja, do 6º ao 9º ano. É realizado na modalidade de ensino a distância (EaD), com garantia da CAPES e certificação do MEC, junto com as Instituições Públicas de Ensino parceiras. (CAPES, 2020). Instigados a pesquisarem sobre suas próprias práticas no trabalho de conclusão, a pesquisa narrativa foi uma proposta de diálogo, registro e reflexão para os alunos que já atuavam na docência. O momento foi apresentado em mesa redonda por especialistas da área que desenvolveram pesquisas com narrativas de diferentes formatos, fazendo durante o evento, aproximações metodológicas e dos respectivos referenciais. Uma das apresentações que será relatada neste trabalho, foi dividida em quatro momentos, sendo eles: 1. Ao que se refere a pesquisa narrativa abordada; 2. Exposição de experiências com narrativas em pesquisas; 3. O pesquisador como 3 Pedagoga, Psicopedagoga Clínica, Mestre em Educação e Doutorandaem Educação, Arte e História da Cultura, Universidade Presbiteriana Mackenzie, th.pineda@gmail.com. mailto:th.pineda@gmail.com 19 narrador e; 4. Recorte de referenciais teóricos que tratam sobre o tema. Toda apresentação foi norteada pela problematização levantada pela coordenação e professores do curso, de como os alunos poderiam narrar suas próprias práticas docentes nas pesquisas, considerando ainda as normatizações da instituição e todo diálogo proposto ao longo do curso. Desta forma, o objetivo principal das abordagens feitas foi de contribuir com princípios básicos da pesquisa com narrativas, mais especificamente na Educação, para assim, incentivá-los a avançarem nos estudos metodológicos e a experimentarem a escrita de suas próprias narrativas como forma de reflexão da prática. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A pesquisa narrativa tem sido cada vez mais presente nos estudos científicos, seja na Educação quanto em áreas da Saúde e Humanas em geral. Sugere-se que esse formato de pesquisa seja uma das formas que mais permite captar experiências de um grupo pequeno de indivíduos ou até mesmo de um único envolvido. A narrativa permite um maior aprofundamento do fenômeno e uma melhor captação de dados. Compreende-se também, que dentro do fenômeno, a narrativa tem a possibilidade de trazer à tona as experiências nas histórias vivenciadas do personagem. De acordo com Oliveira (2011), as narrativas estão presentes em ações formativas nos cursos iniciais e continuados, também como método de investigação e intervenção, tal como em estudos que abordam sobre diferentes aspectos do professor. Dentre contribuições da narrativa para o campo de pesquisa na Educação, Oliveira (2011) destaca inclusive, que traz à memória emoções, sejam elas positivas ou negativas, de vivências importantes na docência como papel autoformador, permitindo a reflexão pedagógica compreendendo causas e consequências de suas ações ou de acontecimentos; um processo de ação, reflexão e nova ação. Ao dialogarmos sobre narrativas, convém diferenciarmos verbos que normalmente estão entrelaçados ao seu conceito, são eles: narrar, observar, intervir e analisar. Ao consultarmos tais verbos no Dicionário Online de Português (2021), narrar é “expôr as sequências de um fato ou acontecimento real ou imaginário, oralmente ou por escrito, contar, historiar, relatar”. Já por observar, na mesma fonte, é “espiar, analisar de modo sorrateiro [...] empírica e cientificamente”. Sobre intervir, 20 nos traz a palavra interceder e, por analisar, dentre as definições, apresenta que é “retirar os componentes presentes num todo [...] averiguar, estudar ou explorar alguma coisa de maneira minuciosa”. Trazer tais definições nos permite visualizarmos o quanto cada uma delas se faz presente na escrita das narrativas, uma vez que nela, pretende-se expôr fatos observados com rigor científico, podendo ou não intervir neles, de maneira aprofundada nos estudos. Clandinin e Connely (2000, p. 20), afirmam que a pesquisa narrativa é “[...] uma forma de entender a experiência”. Já Oliveira (2011), acrescenta que Em síntese, a narrativa permite, a partir da reflexão que a envolve, construir o conhecimento sobre a docência em uma visão mais ampla, mais profunda, pois nela está o sentimento, a significação, o sentido das histórias trazido por meio da voz, das narrativas de seus protagonistas, os professores (OLIVEIRA, 2011, p. 300). Ambos os autores nos levam a compreender que as pesquisas narrativas na Educação ganham cada vez mais olhares e espaço pela sua dimensão na reflexão das experiências, das ações para novas ações e que, inclusive, a reflexão não acontece posterior à escrita, mas no próprio momento dela. O “escrever sobre a sua própria prática” está inserido nos diálogos sobre narrativa e, uma das pesquisas que também tem sido contemplada na área, é a pesquisa autonarrativa. Sobre ela, Pellanda e Boetcher (2017, p. 69) afirmam que “[...] ao narrarmos a nossa vida, vamos inventando e configurando o estilo de existir que escolhemos para nós, alimentando nossa autonomia para conduzirmos nossa vida”. Na pesquisa autonarrativa o pesquisador passa a ser um narrador participativo e não somente observador; ele é o personagem da experiência narrada. Para isso, o pesquisador precisa se atentar durante todo tempo da escrita, pois antecede à ela uma organização minuciosa dos dados coletados frente ao foco e objetivos de estudo, assim como da análise crítica final da narrativa. Saber para quem o pesquisador está olhando no momento da autonarrativa é um momento contínuo de reflexão; é de fato desbruçar-se em si, no seu próprio espelho, nas suas práticas e seus conhecimentos. A narrativa na pesquisa não é somente descrever uma vivência, envolve nela uma análise crítica, com embasamento teórico. DESENVOLVIMENTO 21 O ponto de partida para compreendermos a pesquisa narrativa foi de que tudo que transcorre em um tempo e em um espaço, pode ser narrado considerando os fatos e os personagens do fenômeno estudado. Por sabermos que a narrativa se constitui em diferentes moldes, neste evento, tratamos sobre a narrativa escrita. Mediante a explanação inicial, deu-se sequência na apresentação aos fatores essenciais de uma narrativa na pesquisa: tempo, espaço, fatos e personagem. Entende-se que o tempo seja cronológico, resultando em uma organização lógica no texto. Este tempo precisa estar bem marcado, como por exemplo, um pesquisador que escreve sobre seu momento de docência em uma determinada turma que lecionou no ano de 2010, ou seja, este tempo, quando aconteceu, deve ser demarcado. Quanto ao espaço, trata-se do lócus da pesquisa, ou seja, onde ocorreu o fenômeno, seja ele real ou sugerido. Este fator da narrativa, assim como o tempo, deve estar claro no texto para o leitor. Retornemos o exemplo do parágrafo anterior do pesquisador que escreveu sobre a sua turma de 2010. Onde era a escola que lecionou? Pública ou particular? Quais outros dados o pesquisador pode descrever para situar o leitor deste espaço da narrativa? Vamos imaginar que essa turma de 2010 foi um 8º ano, em uma escola pública da rede estadual de ensino de São Paulo, localizada na região oeste da cidade. Assim, conseguimos visualizar melhor onde se deu essa narrativa. Outros dados podem complementar ainda mais o cenário desde que seja relevante para o estudo. Os fatos de uma narrativa devem ser descritos a partir da seguinte interrogação: o quê aconteceu nesse fenômeno? O pesquisador precisa escrever de forma concisa e coerente todas as experiências significativas para o trabalho, neste caso da pesquisa científica, o que de fato ocorreu. Vemos uma diferença entre escrever os fatos ocorridos e as hipóteses levantadas do que poderiam acontecer. Neste evento, as narrativas contemplaram essa vertente específica para que a reflexão ocorresse do real. Tratamos então do tempo, do espaço e do fato, resta esclarecermos o que compreendemos sobre personagem na narrativa. A questão aqui é “quem” faz parte desse texto, ou seja, os envolvidos centrais da pesquisa. Compreendermos a partir de exemplos pode ser bastante significativo, vejamos: o pesquisador escreve sua narrativa sobre seu tempo de docente em uma turma específica que lecionou em 2010 (tempo); este, declara que esta turma é de 8º ano e foi de uma escola pública da rede estadual de ensino de São Paulo, localizada na região oeste da cidade 22 (espaço); ele descreve o que ocorreu nas aulas quanto às suas práticas no laboratório de Ciências (fatos) e; por fim, o pesquisador apresenta que ele mesmo é o personagem principal da narrativa ao ter como objetivo refletir sobre a prática docente no laboratório de Ciências enquanto ele estava como professor. Todos esses fatores presentes na narrativa só podem ser descritos a partir deuma organização prévia de instrumento(s) de coleta de dados feita de forma minuciosa pelo pesquisador. Não necessariamente, precisa-se de um único instrumento, mas todos que sejam essenciais para se atingir os objetivos da pesquisa. Os instrumentos podem ser documentos, fotos, gravações, portifólios, materiais didáticos, entrevistas, questionários, dentre outros que, a abordagem metodológica, contemplará. Todos os dados devem ser ordenados de forma cronológica afim de se apresentar uma estrutura coerente no texto de começo, meio e fim, assim como do leitor compreender o passado, o presente e o futuro da pesquisa. O rigor na escrita foi outra abordagem no evento para que os alunos se atentassem de que, apesar da linguagem informal de uma narrativa, o fato de ser um trabalho acadêmico científico, exigia uma atenção diferenciada desde os termos utilizados às revisões ortográficas e gramaticais. A análise da narrativa foi abordada de maneira singular abordando a proposta da pesquisa autonarrativa. Visto que a proposta principal de trabalho para a conclusão de curso era que os alunos refletissem sobre a própria prática enquanto docentes, a pesquisa como narrador participativo, foi uma sugestão de que ampliassem os estudos a respeito. Por fim, alguns exemplos de pesquisas na Educação envolvendo narrativas, vivenciadas pela palestrante e pesquisadora, foram compartilhados com os ouvintes. Foram eles: pesquisas com narrativas de professores polivalentes e alunos do curso de Pedagogia a partir de cartas escritas, outras com abordagens históricas sobre a experiência docente e feminização do magistérios, entrevistas orais com transcrições, depoimentos de crianças sobre recados aos professores pós- pandemia, narrativas em relatórios de estágios de observação no curso de graduação, dentre outros. REFERÊNCIAS CLANDININ, D. J.; CONNELLY, F. M. Narrative inquiry: experience and story in qualitative research. San Francisco: Jossey-Bass, 2000. 23 OLIVEIRA, Rosa Maria Anunciato de. Narrativas: contribuições para a formação de professores, para as práticas pedagógicas e para a pesquisa em educação. R. Educ. Públ., v. 20, n. 43, p. 289-305, mai/ago. 2011. PELLANDA, N. M. C.; BOETTCHER, D. M. O esgotamento do paradigma clássico e a emergência da Complexidade.In: PELLANDA, N. M. P.; BOETTCHER, D.; MEIRA, M. P. (Org.). Viver/conhecer na perspectiva da complexidade - Experiências de pesquisa. 1. ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2017. https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/educacao- a-distancia/uab/mais-sobre-o-sistema-uab/cursos-nacionais-do-sistema- universidade-aberta-do-brasil/ciencia-e-10 https://www.dicio.com.br/analisar/ https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/educacao-a-distancia/uab/mais-sobre-o-sistema-uab/cursos-nacionais-do-sistema-universidade-aberta-do-brasil/ciencia-e-10 https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/educacao-a-distancia/uab/mais-sobre-o-sistema-uab/cursos-nacionais-do-sistema-universidade-aberta-do-brasil/ciencia-e-10 https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/educacao-a-distancia/uab/mais-sobre-o-sistema-uab/cursos-nacionais-do-sistema-universidade-aberta-do-brasil/ciencia-e-10 https://www.dicio.com.br/analisar/ 24 PALESTRAS 25 FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O ENSINO DE CIÊNCIAS ATRAVÉS DA PLATAFORMA DIGITAL “KHAN ACADEMY” Claudio Wagner Locatelli 4 ; Leonardo André Testoni 5 INTRODUÇÃO Atualmente, estamos em mundo tecnológico e vários aspectos devem ser considerados nesse contexto. Dois nos chamam a atenção, e estão intimamente ligados: a Formação de Professores e a utilização de Plataformas Digitais, em especial para o Ensino de Ciências. Na utilização de plataformas digitais de ensino, os professores podem potencializar suas aulas, de uma forma diferenciada, podendo atingir os estudantes de uma forma em que a metodologia tradicional, muitas vezes focada em aulas muito expositivas e conhecimento centrado apenas no professor, não alcança mais. Os docentes, de uma certa forma, podem perceber melhor as possíveis dificuldades apresentadas pelos alunos, orientando-os de acordo com suas necessidades individuais. Nesse contexto, o professor passa de mero transmissor de conhecimento, para um papel de mediador, orientador ou facilitador na construção do pensamento (BACICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015). FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Formação de Professores, tema tão amplamente divulgado na atualidade, nasce, em contexto nacional, na necessidade de instrumentalizar professores da educação básica, diante da massificação do ensino, em meados dos anos 50, do século passado (REZENDE PINTO et al., 2011). A discussão sobre a profissionalização do magistério traz a problemática dos saberes dos bons professores, para conseguir cumprir sua função laboral de maneira significativa. A realidade das salas de aula na época citada, trazia à tona a necessidade de um docente mais crítico e autônomo, que pudesse transitar entre diferentes tipos de conflitos de natureza sociocognitiva (TESTONI; ABIB; AZEVEDO, 2017). 4 Doutorando em Ensino e História das Ciências e Matemática,UFABC, claudio.locatelli@ufabc.edu.br 5 Professor da UNIFESP. Doutor em Educação, leonardo.testoni@unifesp.br 26 Assim, a formação docente começa a entrar em foco das pesquisas educacionais e seu caráter técnico, no qual o professor é considerado um mero aplicador dos manuais pedagógicos, formado em uma graduação complementar ao bacharelado, dá espaço para um profissional mais reflexivo, capaz de atuar nas incertezas e imponderabilidades da sala de aula (KINSELLA, 2010). Nessa linha, parte-se da premissa que o professor é capaz de se desenvolver e aprender novas habilidades em sua profissão, muito longe da visão, quase hagiográfica, de um docente munido de dons advindos do nascimento, em uma visão próxima de um sacerdócio. Assim, a análise dessa aprendizagem docente remete-nos ao desenvolvimento dos saberes próprios da profissão, como proposto, por exemplo, por Tardif (2012). Para o autor, o trabalho docente ancora-se em quatro vertentes: saberes relativos à disciplina lecionada, às ciências da educação, aos currículos e propostas, além da própria experiência profissional. Dessa forma, a formação de professores deve ser compreendida como uma área fundamental, capaz de aprimorar conhecimentos e saberes, visando à evolução docente, focando, sempre, na produção de metodologias e abordagens mais significativas para a educação. Ainda no âmbito da educação, relatada há pouco, um projeto de personalização que realmente atenda aos estudantes requer que eles, junto com o professor, possam delinear seu processo de aprendizagem, selecionando recursos que mais se aproximam de sua melhor maneira de aprender. Aspectos como o ritmo, o lugar e o modo como aprendem são relevantes quando se reflete sobre a personalização do ensino (BACICH, TANZI NETO; TREVISANI, 2015) Segundo Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), no modelo proposto pelo Clayton Christensen Institute, o ensino híbrido é um programa de educação formal, no qual um aluno aprende por meio do ensino on-line, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, o lugar, o modo e/ou o ritmo do estudo, e por meio do ensino presencial, na escola. É importante que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma colaborativa, com foco no compartilhamento de experiências e na construção do conhecimento por meio das interações com o grupo. Dentre a diversidade de plataformas digitais existentes para o Ensino de Ciências, optamos pela “Khan Academy”, por ter um acesso gratuito e universal. A organização sem fins lucrativos Khan Academy, criada em2006 por Salman 27 Khan, apresenta um conjunto de recursos educacionais on-line que considera conteúdos específicos, estratégias de ensino e elementos da aprendizagem sócio- emocional na promoção de um ambiente virtual, que possibilita ao professor o planejamento, bem como o acompanhamento de atividades educativas, por meio da análise de dados de desempenho dos estudantes (LOCATELLI et al, 2020). Conforme informações disponibilizadas no site da instituição, a plataforma faz uso de aspectos da inteligência artificial para que os dois níveis de usuários, professor e estudante, possam utilizar de listas de exercícios, videoaulas e artigos sobre diversos conteúdos, com a intenção promover e acompanhar a aprendizagem (pessoal, do outro e ainda o coletivo) e propiciar o desenvolvimento da autonomia (LOCATELLI; TESTONI, 2021). Na Khan Academy, dois conceitos são amplamente divulgados: habilidades e domínio. Esses conceitos estruturam o que é chamado, pelos desenvolvedores, de mapa do conhecimento. Não encontramos no site definições explícitas para esses conceitos, mas, de uma forma preliminar, identificamos relações próximas entre as habilidades exibidas pelo programa com aquelas publicadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Assim como, a ação de domínio nos parece uma resposta do sistema de inteligência, que categoriza os acertos e os erros em níveis de apropriação dessas habilidades pelo usuário. Já o mapa do conhecimento, nesse contexto, pareceu-nos ser todos os possíveis cruzamentos dessas habilidades com as atividades de domínio (LOCATELLI; TESTONI, 2021). CONSIDERAÇÕES FINAIS Todo conhecimento novo causa um desconforto, pois fugimos da própria rotina para enfrentar novos desafios. A realidade da educação, das salas de aula, dos alunos e professores, da comunidade escolar como um todo é bem diferente da educação de 50 anos atrás, pois temos um mundo mais conectado. Atualmente, vivemos em um mundo globalizado e tecnológico, mas o que observamos é que, apesar da sociedade ter passado por transformações e o mundo por muitas mudanças, a metodologia utilizada em diversas escolas ainda é a mesma. Crianças e jovens estão cada vez mais conectados às tecnologias digitais, configurando-se como uma geração que estabelece novas relações com o conhecimento e que, portanto, requer que transformações aconteçam na escola. 28 As tecnologias digitais modificam o ambiente no qual estão inseridas, transformando e criando novas relações entre os envolvidos no processo de aprendizagem : professor, estudantes e conteúdos (LOCATELLI et al, 2020). REFERÊNCIAS BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F.M. (Orgs.). Ensino Híbrido - Personalização e tecnologia na Educação. Porto Alegre : Penso, 2015. KINSELLA, E. A.. The art of reflective practice in health and social care: Reflections on the legacy of Donald Schön. Reflective Practice, v. 11, n. 4, p. 565-575, 2010. LOCATELLI, C. W.; KOGA, T. L.; PRADO, E. A.; TESTONI, L. A.; LOCATELLI, S. W. Khan Academy Platform and Mathematics education: what the research says. Research, Society and Development, v. 9, n. 10, p. e4899108801, 2020. LOCATELLI, C.W.; TESTONI, L.A. Formação de Professores e o Ensino de Ciências através da plataforma digital "Khan Academy". II Congresso - Ciência é 10 - UFABC - UAB/CAPES. Youtube. 26 de junho de 2021. Disponível em: https://youtu.be/2kqV-_fAE-U. Acesso em 10 de agosto de 2021. REZENDE PINTO, J.M. de; AMARAL, N.C.; CASTRO, J. A. de. O financiamento do ensino médio no Brasil: de uma escola boa para poucos à massificação barata da rede pública. Educação & Sociedade, v. 32, p. 639-665, 2011. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Editora Vozes Limitada, 2012. TESTONI, L. A.; ABIB, M.L.V.S. ; AZEVEDO, M.N. de. Processos criativos didáticos no estágio de futuros professores de física. Ensino & Pesquisa, 2017. MICRO-ORGANISMOS E IMUNOLOGIA: UMA ABORDAGEM CIENTÍFICA NA SALA DE AULA Priscila Reina Siliano da Silva 6 . 66 Professora Doutora Orientadora do Curso de Pós-graduação Lato Sensu - Especialização em Ensino de Ciências – Anos finais do Ensino Fundamental “Ciência é Dez”, da Universidade Federal do ABC 29 A Microbiologia é a Ciência que estuda os micro-organismos, dentre eles os vírus, bactérias e fungos microscópicos. A Imunologia é a Ciência que estuda as diversas formas de defesa do organismo. Estas duas Ciências se unem quando nos deparamos com uma doença infeciosa: como a resposta imunológica vai combater o micro-organismo patogênico? Em uma realidade pandêmica, a importância destas áreas foi amplamente divulgada e a necessidade constante de atualização e aprimoramento nos temas é essencial. O Ensino de Ciências, principalmente no Ensino Fundamental, é de extrema importância no entendimento e divulgação sobre a Microbiologia e a Imunologia: é o início da construção de conhecimentos sobre o assunto e, por isso, os temas abordados devem ser bem embasados para a formação de uma base sólida para conhecimentos futuros. Assim a palestra que foi ministrada pela autora deste resumo, visou mostrar qual enfoque deve ser adotado no Ensino Fundamental, em Microbiologia e a Imunologia, e quais temas são prioritários na abordagem e como esta abordagem deve ser iniciada. Durante a palestra foi reafirmada a importância de se estudar vírus, bactérias e fungos, e sugestões de trabalhos foram citadas, como por exemplo, trabalhar um tema por vez, com aulas teóricas e práticas. Nas práticas, foi abordado o uso de meios de cultura sintéticos e caseiros e, também, a análise da atividade microbiana no cotidiano do aluno (na alimentação, nas doenças, no ambiente). Em Imunologia, foi citado a importância de frisar os conhecimentos gerais da defesa imunológica reforçando, neste momento, o assunto vacina. Os alunos-cursistas, ouvintes da palestra, foram muito receptivos ao assunto, perguntando e interagindo em todos os momentos. Muitos compartilharam as experiências vivenciadas em sala de aula, enriquecendo desta maneira, o conhecimento de todos sobre os assuntos. Concluindo, a palestra, ministrada em 60 minutos, foi de grande proveito para todos: para a palestrante que conseguiu mostrar algumas sugestões para discussão dos assuntos, como também para os alunos-cursistas, que gostaram das sugestões e mostraram sua vivência em sala de aula, desafios, limitações e previsões futuras. Estas Ciências não podem ser negligenciadas na educação. Percebemos, na Pandemia vivenciada nesta geração, o quão são importantes e não somente na sala de aula: estas Ciências precisam ser divulgadas para toda uma sociedade, elas contribuem de maneira ímpar para o estabelecimento de entendimentos e soluções para a saúde pública mundial. 30 31 OFICINAS 32 NARRATIVIZAÇÃO: A RELAÇÃO DA IMAGEM E DA ESCRITA NO CONTEXTO DIGITAL Elizângela Fernandes dos Santos 7 Acesse a apresentação deste trabalho. INTRODUÇÃO A preferência pelo formato da pesquisa narrativa no Curso de Especialização Ciência é 10 - ofertado pela Universidade Federal do ABC (2020-2022)- motivou uma discussão sobre texto imagético e texto verbal. Isso porque a construção/elaboração dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) desta especialização, se deu em um momento em que o contexto digital, em virtude da Pandemia do Covid-19, trouxe à tona não apenas a importância de um letramento digital por parte dos professores cursistas, como também, urgência do desenvolvimento do pensamento narrativo, ou seja, o desenvolvimento mais verticalizado para os sujeitos de uma comunidade escolar. Por isso, colocar a relação entre imagem e escrita significa realçar o caráter social e histórico (pandemia Covid-19),implica investigar um uso motivador dos conhecimentos de mundo de sujeitos; da capacidade de se reportar a experiências sociais destes. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Acreditar, portanto, nessa relação, é considerar que a imagem não só carrega consigo o objetivo de transmitir informações, mas, principalmente, a capacidade de mediar (transformar) a relação homem e a realidade social (ORLANDI, 1988). Ademais, é sustentar a discussão de que o desenvolvimento do pensamento narrativo é uma capacidade do exercício de mobilização. É colocar a capacidade de sujeitos dialogarem com discursos (FIORIN, 2008). Logo a relação entre imagem, escrita e desenvolvimento do pensamento narrativo não é se interessar apenas por aquilo que os sujeitos dizem, através da linguagem verbal, mas também o que fizeram dizer e fazer (BRUNER, 1997). Assim, o contexto digital é mais que um suporte, mas, abertura para sujeitos organizarem para si e para os outros suas experiências, seus conhecimentos, seja através de planos de aula disponíveis em 7 Especialização Ciência é 10!, UFABC, lelizz@hotmail.com.br. mailto:lelizz@hotmail.com.br 33 diferentes sites, seja quando se recorre à plataforma GOOGLE para selecionar uma imagem que integrará o texto de TCC dos alunos da especialização Ciência é 10! DESENVOLVIMENTO Não é por acaso que a imagem é uma das mais antigas formas de relação do homem. Ela circula em nossa sociedade, ora como expressão de uma cultura ou ideologia, ora como revelação de uma relação com o outro, com a sociedade, a fim de instaurar novas leituras, registrar novas formas que resultam nas mais diversas imagens. Entretanto, mais que um resultado de ação criativa (cores, dimensões), a imagem também é fruto do comportamento humano diante de um ponto de vista. Talvez, isso explica o interesse de historiadores, antropólogos, sociólogos e educadores em discutir o que está por “trás” da imagem e, mais, em usá-la como proposta de construção do conhecimento. Logo, não apenas o caráter decodificador da imagem; como busca de entendimento do pensamento do autor ou como extração de informações, mas sim, como um texto, logo, propulsora de sentidos evocados a partir do mundo do leitor, pois “não existe interpretação desconectada do mundo [cognitivo e sociocultural] em que se vive” (ROSSI, 2009, p. 19). Por isso, relacionar imagem e escrita, é um convite à atividade interpretativa. É convidar a posição de leitor de sujeitos, é destacar a capacidade de ler, problematizar, negociar de sujeitos. A despeito dessa consideração da posição de leitor, Joly (1996) aposta que a leitura da imagem é possibilitar ao leitor-produtor de TCC’s, no caso, os estudantes da especialização Ciência é 10!, a capacidade de explorar a própria constituição social-histórica do sujeito-cursista, ou seja, de desenvolver o pensamento narrativo e relacioná-lo com a materialidade verbal. Deste modo, através da materialidade linguística é possível identificar a preferência do leitor da imagem em se relacionar com o evento narrado (seleção de títulos ou subtítulos do TCC); é a noção sobre a passagem do tempo (unir as situações que sobressaltaram aos olhos dos professores-cursistas, como por exemplo, através dos conteúdos escolares (Ambiente, Vida, Universo, Tecnologia); mas também, é tecer comentários, avaliações e julgamentos ( unir ou desconsiderar teorias). Deste modo, o contexto digital é o espaço para retroalimentação. É o espaço necessário para a constituição necessária para os desdobramentos do desenvolvimento do pensamento narrativo. É o espaço em que 34 sujeitos criam/relacionam situações; as contam, as organizam, enfim, desenvolvem- se. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir desta breve discussão, se propôs relacionar a relação entre a imagem e a escrita no contexto digital, levando em consideração à condição de observador, narrador e/ou personagem. Assim, pela leitura de imagem e a materialidade linguística o “privado torna-se público” (BRUNER, 1997, p.69), e o desenvolvimento do pensamento narrativo acontece. REFERÊNCIAS BRUNER, Jerome. Atos de significação. Tradução de S. Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. FIORIN, José Luiz. Em busca do sentido: estudos discursivos. São Paulo: Contexto, 2008. JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Tradução de Mariana Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1996. ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. Campinas, SP: Cortez, 1988. ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam: leitura da arte na escola. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2009. 35 INCLUSÃO DIGITAL, METODOLOGIAS ATIVAS E A EDUCAÇÃO PARA CIDADANIA Rejane Steidel 8 ; Antônio Sérgio Alves de Almeida Júnior 9 Acesse a apresentação deste trabalho. INTRODUÇÃO O processo de inclusão digital em paralelo com a educação para a cidadania tem sido atualmente um dos pontos de estaque e debate no meio educacional. As formações do cidadão autônomo e consciente de seu papel e sua função social convergem para as demandas tecnológicas presentes em nosso dia a dia. Frente as eventuais necessidades de adequação aos recursos e ferramentas tecnológicas disponíveis, a escola, sendo o principal responsável pela formação educacional e social do indivíduo, atua de forma decisiva no processo da inclusão digital e na formação para a cidadania. Neste sentido, essa oficina visou à conscientização e inserção tecnológica do professor como agente colaborador no processo da inclusão digital atrelado as metodologias ativas e as ferramentas online disponíveis para o ensino remoto. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Os novos tempos requerem novas exigências na atuação profissional, e consequentemente, novos saberes pedagógicos. A formação de professores é contínua, ele deve estar sempre em busca de se qualificar e desenvolver durante todo tempo. Segundo Almeida, “o ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas, através de contato com seus semelhantes e do domínio sobre o meio em que vive” (1987, p. 9). Sendo assim sempre buscando o seu desenvolvimento metodológico, pedagógico, teórico, através de pesquisas e reflexões sobre sua prática docente e com intuito de sempre estar buscando a melhoria. De acordo com Teixeira (2018, p. 52): Os próprios alunos podem, por meio da observação, identificar situações que merecem um tratamento investigativo. Vale destacar a importância de não se fabulizar um problema e sim explorar 8 Docente, Faculdade Única de Contagem - Minas Gerais, rejane.steidel@gmail.com 9 Docente, Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – campus Arinos – Minas Gerais, antonio.almeida@ifnmg.edu.br 36 situações reais. Pode ser um problema na comunidade, um conteúdo curricular em que os alunos encontram mais dificuldade ou até mesmo um problema social que vem sendo destaque nas mídias. Assim, “as metodologias ativas procuram criar situações de aprendizagem em que os aprendizes fazem coisas, são pontos de partida para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de reelaboração de novas práticas” (MORAN, 2015, p. 18). Vale destacar que viabiliza a inclusão do aluno no processo de ensino e aprendizagem, o aluno sai de um agente passivo e torna-se um membro ativo na construção do saber por meio de incentivos sobre o conhecimento e análise de problemas. “Intenciona-se, com sua aplicação, favorecer a autonomia do estudante, despertar a curiosidade e estimular tomadas de decisões individuais e coletivas, advindas das atividades essenciais da prática social e nos contextos do estudante” (CAMAS; BRITO, 2017, p.314). Nas palavras de Dewey (1950), Freire (2009),Rogers (1973), Novack (1999), entre outros, enfatizam, há muito tempo, a proeminência de suplantar a educação bancária, tradicional e a aprendizagem no aluno, compreendendo-o, impulsionando- o e avençando com ele. As tecnologias ampliam as possibilidades de pesquisa online, de trazer materiais importantes e atualizados para o grupo, de comunicar-nos com outros professores, alunos e pessoas interessantes, de ser coautores, “remixadores” de conteúdos e de difundir nossos projetos e atividades, individuais, grupais e institucionais muito além das fronteiras físicas do prédio (MORAN, 2015, p. 25). Para tanto é necessário “reconhecer que o uso da tecnologia potencializa a ação de todos os sujeitos” (SUNAGA; CARVALHO, 2015, p. 141). Pois, conforme Morin (2003, p. 102), precisamos “preparar as mentes para responder aos desafios que a crescente complexidade dos problemas impõe ao conhecimento humano”. Assim, educar para a vida passa a ser um marco onde o professor, passa a acompanhar essas mudanças tendo como foco mudar sua visão fragmentada e aprender com o todo, buscando caminhos alternativos para uma ação docente significativa preocupada com o futuro da humanidade e todas as suas formas de vida no planeta, ver o educando como ser pleno, completo e com potencialidades a serem desenvolvidas. 37 DESENVOLVIMENTO A oficina foi ministrada de forma remota utilizando a ferramenta do Google Meet no II Congresso Virtual Ciência é 10! contanto com a participação de 40 professores de todas as áreas da ciência (biologia, física, química e matemática) matriculados no curso de especialização em Ensino da Ciência nos anos finais do Ensino Fundamental ligados a Universidade Federal do ABC (UFABC), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Ministério da Educação (MEC). Iniciamos a oficina com uma provocação sobre o cenário atual do país e do Mundo sobre a pandemia e como ela afetou nosso cotidiano em todos os âmbitos, onde alguns professores puderam falar sobre o assunto e assim, logo após isso, abrimos espaço para que demonstrassem o que eles esperam para o amanhã ou até mesmo para o próximo semestre. Essa dinâmica foi realizada através do Mentimeter (plataforma online para criação e compartilhamento de apresentações de slides com interatividade e outros recursos como nuvem de palavras e questionários, que podem ser compartilhadas via Internet com seu público) pelo artificio da nuvem de palavras. Adiante falamos sobre o cenário atual envolvendo as tecnologias que estão ao nosso redor e colocamos um vídeo (Convergência – é hora do movimento) através do Youtube pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=ZFkFGLWoCak. Assim, podemos chegar até as tecnologias da educação e mostrar que já estamos no futuro, o futuro já está entre nós. Com a introdução das tecnologias na educação temos um perfil novo de alunos que estão em nossas salas de aula e assim, fizemos um perfil geral de um aluno hoje através da explanação em slides. Além disso, fizemos um comparativo também do perfil do professor hoje, aquele que se utiliza das práticas tradicionais ou aquele que trabalha com estratégias das metodologias ativas. Assim, pudemos demonstrar e defender o lado das metodologias ativas através do que o aluno pretende hoje em sala de aula e pelo seu cotidiano com as propostas que as metodologias ativas apresentam. Colocamos conceitos das metodologias ativas e destacamos os principais autores que as defendem; logo após, mostramos um quadro que demonstrava algumas estratégias de ensino e aprendizagem envolvidas com as metodologias ativas e abrimos para discussão https://www.youtube.com/watch?v=ZFkFGLWoCak 38 entre os oficineiros, para mostrar que muitos já utilizam de práticas das metodologias ativas e não tinha identificado tal estratégia com o seu nome específico. Após essas discussões, nós oficineiros pudemos mostrar as mais diversas plataformas online disponíveis e gratuitas para que os professores pudessem aplicar muitas dessas estratégias de ensino e aprendizagem das metodologias ativas nesse momento remoto, diante da situação de pandemia no Mundo. Demonstramos o Mentimeter (https://www.mentimeter.com/) aproveitando que já utilizamos com os professores no início da oficina, o Kahoot! (https://kahoot.com/), o WordWall (https://wordwall.net/pt), o Padlet (https://padlet.com/dashboard), o Sutori (https://www.sutori.com/dashboard), o Mindmeister (https://www.mindmeister.com/pt), o Educolori ( https://www.educolorir.com/crosswordgenerator.php) e o Nearpod (https://nearpod.com/). Para finalizar, pedimos para os professores acessarem a página inicial do Mentimeter, utilizada no início da oficina, para responder à pergunta “O que esperar da educação pós-pandemia?”. Assim, todos juntos pudemos refletir sobre as perspetivas da educação após a pandemia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Diante das explanações realizadas na oficina, foi nítida a participação dos professores usando o microfone e o chat disponível pelo Google Meet. Os professores falaram inicialmente sobre suas angústias por conta da pandemia correlacionando com a vida pessoal, família e ao trabalho como professor. Como professores, eles falaram sobre a diferença de ministrar as aulas de forma remota, das dificuldades próprias em entender/usar as novas ferramentas para ministrar as aulas e dos alunos, pois muitos não tem acesso de maneira recorrente de internet e de um computador ou tablet para acompanhar as aulas. Diante da discussão aberta, foi confeccionado uma nuvem de palavras (Figura 1) através do Mentimeter, onde eles colocaram palavras sobre “O que eu espero para o próximo semestre?”. Assim, nós oficineiros pudemos analisar as palavras e discutir o sentimento de cada uma delas com a participação ativa também dos professores. Figura 1 – Nuvem de palavras confeccionada pelos professores participantes da oficina https://www.mentimeter.com/ https://kahoot.com/ https://wordwall.net/pt https://padlet.com/dashboard https://www.sutori.com/dashboard https://www.mindmeister.com/pt https://www.educolorir.com/crosswordgenerator.php https://nearpod.com/ 39 sobre o que se esperar para o próximo semestre diante da pandemia na educação. Fonte: Elaborado pelos autores através da plataforma Mentimeter Após as discussões sobre a parte teórica, pudemos demonstrar e discutir junto com os demais professores sobre as estratégias de ensino e aprendizagem, onde podemos constatar que muitos professores já utilizavam destas estratégias, porém não se deixava claro a classificação da estratégia e os objetivos propostos para a atividade aplicada não era explanada para os seus próprios alunos. Diante disso, os próprios professores perceberam e relataram da importância de explanar aos seus alunos os objetivos para aquela atividade proposta e do planejamento correto para a criação de atividades frente as estratégias das metodologias ativas. Abaixo segue um print da tela (Figura 2) da sala do Google Meet mostrando um esquema com as estratégias de ensino e aprendizagem no momento de demonstração. Figura 2 – Tela da sala do Google Meet no momento de explanação sobre as estratégias de ensino e aprendizagem 40 Fonte: Elaborado pelos autores através da plataforma do Google Meet Ao final da oficina foi solicitado aos professores que eles acessassem a plataforma do Mentimeter, a mesma do início da oficina, para responderem a mais um questionamento e forma mais uma nova nuvem de palavras (Figura 3). Figura 3 – Nuvem de palavras confeccionada pelos professores participantes da oficina sobre o que se esperar da educação pós-pandemia. Fonte: Elaborado pelos autores através da plataforma Mentimeter De maneira geral, pudemos
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