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MAGNÓLIA DA SILVA NOVAES 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSORALUNO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maracás-BA
2022
MAGNÓLIA DA SILVA NOVAES 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maracás-BA
2022
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família pelo amor que dedicam a mim 
Aos meus amigos pelo carinho que dedicam a mim 
À Deus por permitir a existência dessas pessoas em minha vida. 
Agradecimentos 
 
Agradeço primeiramente a Deus por ter me capacitado e abençoado para que eu pudesse realizar esse trabalho, agradeço à minha família que sempre me apoiou em todas as minhas decisões e me ajudaram a chegar onde cheguei, e por fim um agradecimento especial para a minha professora Jaqueline Sampaio Schramm Mota pela orientação e toda a disponibilidade que me foi dedicada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da glória de Deus e a renovação da alma.” 
Johann Sebastian Bach (1685-1750) 
 
RESUMO
 
O objetivo desse trabalho é identificar a importância da afetividade na relação professor-aluno com o intuito de contribuir para o processo ensino-aprendizagem, fazendo com que tenham uma educação de qualidade com alicerce em uma convivência afetiva no processo educativo, tendo como base as situações cotidianas vividas pelo professor dentro de uma sala de aula. No processo metodológico adotamos uma pesquisa de cunho bibliográfico e experiências pessoais vividas como aluno e posteriormente como professor; e identificamos que a prática educativa é de grande significância na formação do educando. Concluímos que a afetividade, se existente na medida certa e nas condições corretas pode contribuir grandemente para uma boa relação, uma boa aula e, consequentemente, um bom desempenho no que se diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem. 
 
 
Palavras-chave: relação professor-aluno; ensino-aprendizagem; afetividade; influência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 	 	 	 	 	 	 	 	 
Introdução..................................................................................................... ....08 
Capítulo I: A relação Professor-Aluno............................................................10 Capítulo II: A influência de uma boa relação entre professor e aluno 
no processo de ensino-aprendizagem..............................................................12 
Capítulo III: A Afetividade..................................................................................16 
Capítulo IV: O Professor Afetivo........................................................................20 
Considerações Finais........................................................................................21 
Referências.......................................................................................................22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O papel do professor dentro da sala de aula é um tema considerado muito importante no que diz respeito ao ensino. A cada dia mais estamos percebendo uma grande valorização na forma como um professor se relaciona com seus alunos, no tipo de ambiente que um professor pode construir, por assim dizer, dentro de uma sala de aula, e baseando-se nessa percepção é que muitos estudam essa valorização com a intenção de desenvolver teorias que possam auxiliar e até ensinar um professor a medir suas atitudes, e que também possam melhorar a qualidade da sua aula, consequentemente trazendo melhorias para o processo de ensino aprendizagem. 
O tema dessa monografia foi escolhido por se tratar de um fato que vivenciamos ao longo da nossa trajetória dentro de uma instituição de ensino, como aluno e como futuro professor. Esse tema é considerado muito importante, já que estamos falando da relação entre um professor e um aluno em um processo interdisciplinar, ou seja, independente da disciplina em que o professor é formado. Nosso objetivo é estudar a necessidade, ou melhor, a importância da existência da afetividade nessa relação professor-aluno e no que podemos contribuir para que o processo de ensino-aprendizagem possa melhorar. Como se trata de um tema muito amplo e que deve ser estudado colocando em pauta os papéis do professor e do aluno, nós iremos tratar mais especificamente do papel do professor, com poucas considerações em relação ao papel do aluno. 
No primeiro capítulo trataremos primeiramente do significado da palavra relação dentro do contexto escolhido, suas características e a importância dessa relação entre um professor e seus alunos. Em seguida, no segundo capítulo, falaremos da influência que tem uma boa relação entre ambos dentro do ambiente escolar e a preocupação que devemos ter para possuir essa boa relação. Já no terceiro capítulo falaremos do que seria a afetividade, de como ela é definida, de como a vemos em nosso meio, caracterizaremos uma aula com a ausência da afetividade, quais as consequências que ela nos traz e o que é necessário ser mudado. No quarto capítulo falaremos do professor afetivo, como deve ser suas atitudes, como ele deve ser visto pelos seus alunos e como ele deve fazer uso da afetividade para melhorar a relação com seus alunos, e consequentemente, o rendimento da sua aula. Por fim concluiremos as nossas percepções sobre a influência da afetividade na relação entre o professor e seus alunos. 
Vamos discutir sobre as atitudes dos professores em relação às situações que o mesmo está sujeito a viver em uma sala de aula e buscar soluções baseadas em nossas experiências e pesquisa bibliográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I: A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO 
 	Para iniciarmos esse capítulo veremos o que significa, segundo o dicionário Michaelis[footnoteRef:1], a palavra relação dentro do contexto existente neste trabalho: [1: Disponível em: < http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=rela%E7%E3o > ] 
Relação: Ligação íntima de coisas ou pessoas; Convivência, frequência social, trato entre pessoas; parentesco. 
Após a definição da palavra relação, responderemos a seguinte pergunta: o que caracteriza uma relação entre um professor e seus alunos? Uma relação entre um professor e seus alunos é caracterizada pelos momentos vividos por ambos dentro do ambiente escolar, onde existe uma interação por parte do professor e por parte dos seus alunos. Mas essa relação não é uma simples relação entre duas pessoas, mas sim uma relação entre educador e educando que tratam sobre conhecimentos, não apenas conhecimentos ligados à escola, mas também conhecimentos que farão parte do desenvolvimento comportamental dos alunos e a agregação de valores, porque nessa relação o professor será, em tempo integral, um grande espelho para seus alunos estando sujeito às observações em todas as suas atitudes e palavras. Por isso, o professor tem que saber que a sua responsabilidade como educador é muito grande e que a sua relação com seus alunos é fundamental. 
Essa relação serve como um alicerce para que o professor possa se sustentar nela e iniciar o processo de ensino-aprendizagem, que nada mais é do que a troca de conhecimentos entre ele e seus alunos. 
Definimos o termo “troca de conhecimentos” por que o professor tem que ter o entendimento de que a sua relação com os alunos não é a mesma que tem uma mãe e um bebê onde você enxerga uma pessoa que não tem absolutamente conhecimento algum sendo comparado, por exemplo, com um papel em branco. Por exemplo: umas das características fundamentais para que o professor saiba se relacionar com os seus alunos é que ele perceba o que seus alunos já trazem de conhecimento prévio, pois todo o conhecimento que os alunos trazem consigo será uma peça chave para que, na hora da troca de conhecimentos ele saiba exatamente o que seus alunos querem dizer ou que já sabem à respeito do assunto referido. 
Durante a regência pudemos vivenciar esses momentos existentes entre nós, professores,e nossos alunos. Pudemos notar também grandes dificuldades que muitas vezes fazem com que o professor não consiga alcançar o seu objetivo que seria ter uma boa aula e consequentemente um bom resultado no processo de ensino-aprendizagem. 
Depois de toda essa explicação sobre a relação entre o professor e seus alunos de uma forma geral, falaremos, no próximo capítulo, sobre uma ferramenta que é fundamental para se ter uma boa relação com os alunos e também a influência que essa boa relação traz no processo de ensino-aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II: A INFLUÊNCIA DE UMA BOA RELAÇÃO ENTRE PROFESSOR E 
ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM. 
 
Como podemos definir uma boa relação entre o professor e seus alunos? Existem, na verdade, várias características que são fundamentais para que uma relação entre um professor e seus alunos possa ser considerada boa. Características como a postura, o modo como um professor direciona a sua pessoa aos seus alunos, o jeito como os seus alunos o veem tanto dentro como fora de uma sala de aula e a habilidade em manusear a disciplina são peças chaves para se ter uma boa relação com os alunos. Mas um dos fatores que mais podem caracterizar uma boa relação entre professores e alunos é saber que, nenhum dos dois estão fazendo nada daquilo que fazem por obrigação, mas sim por boa vontade e respeito um com o outro, e sinceramente, qual professor que não gostaria de ter uma sala em que seus alunos sentissem prazer em participar das suas aulas e aprender a sua disciplina? E qual aluno não gostaria de ter um professor que realmente o fizesse se interessar em aprender o conteúdo apresentado, entender o porquê e o para quê de se aprender? 
Antigamente as relações entre o professor e seus alunos eram muito rígidas, autoritárias, sem questionamento de ordens nem comportamentos por parte dos alunos. O professor mais era um ditador com autoridade máxima do que um orientador ou algo semelhante, talvez por serem outros tempos, tempos em que muitas coisas não eram tão valorizadas como nos tempos de hoje, dentre elas a educação escolar. 
Hoje existem outros métodos para facilitar o processo de ensino aprendizagem, métodos que fazem de um professor não mais um ditador, mas sim um orientador que tem como objetivo fundamental a valorização da autonomia dos alunos. O professor não será mais um mandante que apenas impõe o que deve ser estudado, mas sim um auxiliador, um guia que apenas direciona o aluno para que ele realmente tenha a satisfação de aprender por vontade própria e não por obrigação. 
O professor deve ser um mediador entre o conhecimento e o aluno, deve ser o responsável pela preparação de seus alunos para que eles se sintam como tal, a ponto de terem a capacidade de construírem o conhecimento. 
Veja o que afirma COLL (1996, p. 55): 
 “Os alunos formam seu próprio conhecimento por diferentes meios: por sua participação em experiências diversas, por exploração sistemática do meio físico ou social, ao escutar atentamente um relato ou uma exposição feita por alguém sobre um determinado tema, ao assistir um programa de televisão, ao ler um livro, ao observar os demais e os objetos com certa curiosidade e ao aprender conteúdos escolares propostos por seu professor na escola”. 
 
Baseando-se no que acabou de ser citado podemos perceber que os alunos não constroem o conhecimento de uma maneira uniforme nem de uma única forma, mas sim de várias formas. Porém, o que todas as formas têm em comum é a vontade própria do aluno em aprender, estar sempre ativo no sentido de estar sempre atento ao que acontece ao seu redor, atento àquilo que entra pelos seus ouvidos. 
Então, de acordo com o que COLL cita, podemos perceber a grande influência que uma boa relação entre um professor e seus alunos pode ter. 
Muitos professores, mesmo conhecendo o poder que tem em mãos e sabendo que suas atitudes diante de seus alunos ficarão marcadas para sempre em suas memórias, não fazem questão alguma disso e se impõem sobre os alunos, sem se preocupar se essas marcas deixadas possam gerar nos alunos, ódio, revolta ou falta de interesse em aprender. 
Vejamos o que afirma FREIRE (1996, p. 73): 
"O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca." 
 
Existem vários tipos diferentes de professores no ensino, mas todos têm algo em comum: nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca. O que podemos entender com essa afirmação é que cada professor, independente do que faça, sempre estará na memória dos seus alunos, sendo lembrado pelas suas atitudes e palavras. Então é aqui que percebemos que muitos professores, mesmo tendo a consciência de seus atos, não se importam de como serão lembrados, não só lembrados como pessoas, mas sim como educadores. 
O professor tem que se preocupar mais com a construção da sua relação com seus alunos, pois como já foi dito, será com base nela, que será feita a troca de conhecimentos com os alunos. 
Vejamos o que afirma LIBÂNEO (1994, p.250): 
 
“O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e opiniões mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem, também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades”. 
 
Trata-se de mais uma característica que tem que estar sempre na mente de um professor: o saber ouvir. Só assim o professor terá a capacidade de avaliar seus alunos, de se localizar diante das perguntas e opiniões que são geradas durante a aula. 
Desde o nosso nascimento sempre fizemos parte de um mundo repleto de sentimentos e emoções, e isso é o que faz de nós, seres humanos sensíveis. Vivemos toda a nossa vida nos relacionando com pessoas que fazem com que a sensibilidade esteja sempre em nosso cotidiano, nos fazendo sujeitos a viver assim, acostumados com tudo isso. Mas durante a passagem pela escola, primeiro como aluno, e depois como estagiário, podemos perceber que o ambiente existente dentro da sala de aula foge totalmente do que os alunos, como seres humanos sensíveis, estão acostumados a viver. Existe uma ausência muito grande dos sentimentos e emoções das quais estamos acostumados, o que parece tornar a vivência dentro de uma escola sem graça, e quando falamos de crianças e adolescentes sabemos que, se não há interesse não há aprendizado. 
Se analisarmos as palavras de COLL já citadas acima, poderemos entender e perceber que, para que o aluno aprenda realmente ele tem que ser participativo, explorador, atencioso, ativo, observador. Mas como fazer com que os alunos sejam assim? E a resposta seria: fazer com que eles sejam sensíveis a emoções. 
Desde a montagem do projeto de Estágio Supervisionado referente à regência até a sua aplicação, sempre tivemos uma grande preocupação com o tipo de relação que teríamos que manter com os alunos para ganharmos a confiança deles, e consequentemente, a liberdade para se expressarem, pois só assim acreditávamos que o processo de ensino-aprendizagem seria concretizado com sucesso, pois além de uma relação entre professor e aluno, teríamos uma relação entre amigos. Mas como construir essa relação? 
De acordo com HAYDT (1995, p.87), o diálogo é fator primordial para a construção de uma boa relação entre o professor e seus alunos, veja: 
 
“Na relação professor-aluno, o diálogo é fundamental. A atitude dialógica no processo ensino-aprendizagem é aquela que parte de uma questão problematizada, para desencadear o diálogo, no qual o professor transmite o que sabe, aproveitando os conhecimentos prévios e as experiências, anteriores do aluno. Assim, ambos chegam a umasíntese que elucida, explica ou resolve a situação-problema que desencadeou a discussão”. 
 
Baseando-nos no que foi vivenciado na regência podemos concordar com o que diz HAYDT, pois não existe uma boa relação entre duas pessoas se entre elas não houver diálogo. O ser humano é dependente do diálogo. Por exemplo, um homem pode se apaixonar por uma mulher só por olhar para ela, mas só vai conhecê-la melhor e passar a realmente amá-la quando houver um diálogo entre ambos. Com o professor não é diferente, os alunos podem nos achar simpático, educado, mas só irão nos respeitar quando houver entre nós, professores e alunos, o diálogo. O diálogo é uma das melhores ferramentas para se analisar uma relação, então temos que fazer com que os alunos possam nos analisar e assim, passarem a nos respeitar. Através do diálogo é possível criar o que queremos mostrar com esse trabalho: a afetividade entre o professor e seus alunos, que é exatamente do que trataremos no próximo capítulo. 
CAPÍTULO III: A AFETIVIDADE 
Iremos iniciar esse capítulo fazendo a seguinte pergunta: Qual o significado da palavra afetividade? 
Segundo o dicionário Aurélio: [De afetivo + -(i)dade.] S.f. 1. Qualidade ou caráter de afetivo. 2. Psic. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhado sempre de impressão de dor ou prazer, de satisfação ou de insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou de tristeza. 
A afetividade é um sentimento que faz parte da vida do ser humano, que está presente o tempo todo, é algo bem visto por todos e todos aceitam esse sentimento com gratidão, pois qual a pessoa que não sente afeto por pelo menos uma pessoa? Ou quem não gostaria de ter o afeto das pessoas que estão com você o tempo todo, que fazem parte do seu cotidiano, da sua vida particular? Sendo assim, a afetividade é algo indispensável na sala de aula para que a relação entre o professor e seus alunos seja sólida. A afetividade também é um sentimento cativante, que faz com que as pessoas se aproximem e demonstrem seus sentimentos para com os outros. A afetividade é sinônimo de carinho, respeito, amizade, e no âmbito escolar esse sentimento pode vir a ser a chave para a solução de vários problemas, sejam eles de comportamento, de falta de respeito, de rendimento dos alunos, entre outros que estão presentes dentro de uma aula e que podem com certeza ser resolvidos. 
Observando as palavras de VILARINHO (1979, p. 23): “O aluno se sente valorizado e estuda para corresponder ao afeto do mestre”, podemos perceber a conseqüência de se tratar um aluno com afetividade. Esse ato de afetividade para com os alunos serve como um feedback[footnoteRef:2] onde os alunos passam a sentir a necessidade de corresponder esse sentimento ao professor sendo alunos bons, esforçados e disciplinados. [2: Feedback é o processo de fornecer dados a uma pessoa ajudando-a a melhorar seu desempenho. Disponível em: < http://www.umtoquedemotivacao.com/motivacao/feedback-oque-e-3/ > ] 
Contudo, os professores não estão conseguindo, ou sequer tentando tirar proveito desse sentimento que pode ajudá-lo muito na relação com seus alunos. Não existe a busca do domínio dessa capacidade, a realidade é encarada de uma forma negativa, sendo para o professor apenas um sentimento inútil e que, às vezes na mente do professor, consta como um sentimento não merecido pelos alunos. O professor entra em uma sala de aula já de mau humor, desmotivado, muitas vezes por problemas como a baixa remuneração, muitas vezes por problemas pessoais ou mesmo outros problemas, mas que não tem nada a ver com a aula que será apresentada, e eles não percebem que isso prejudica não só o aluno que não vai conseguir aprender, mas também eles mesmos por terem preparado uma aula e que eles perceberão que esta não terá resultado positivo algum. 
Um fator que pode ser fundamental para fazer com que os alunos se tornem ainda mais determinados dentro da sala de aula é usar a afetividade existente entre ambos como motivação. Olhemos o que enfatiza VILARINHO (1979, p. 18): “Não há aprendizagem sem motivação”. A motivação gerada por essa afetividade será a força mais influente sobre os alunos, será o impulso que faz com que eles trabalhem para que o retorno dado ao professor seja satisfatório, e isso os leva a aprenderem fazendo bem também a eles mesmos. 
Outro fator que é de suma importância nesse contexto é a medição e a distinção da afetividade. O professor tem que saber que a afetividade que ele tem com seus alunos, e vice-versa, tem que ser medida, pois independente da intensidade de afeto que existe entre ambos, estão todos dentro de um ambiente escolar onde o professor tem o papel de ensinar, e o aluno tem o papel de aprender. Isso é algo difícil dos alunos perceberem e saberem distinguir então cabe ao professor deixar bem clara essa intenção. A consideração que se tem com os alunos não pode interferir na avaliação deles de forma alguma, pois o professor tem que ter como um dos principais princípios a justiça e a honestidade, sendo que ele deve fazer uso das ferramentas existentes para a avaliação dos alunos e a afetividade não é uma dessas ferramentas. 
Como foi afirmado no segundo capítulo por HAYDT, e por nós confirmado, o diálogo é uma das ferramentas fundamentais para se ter uma boa relação não só com os alunos, mas com o ser humano de uma forma geral. Essa é a característica mais ausente em uma aula, não existe uma interação sequer entre o professor e seus alunos. Durante a passagem pela escola como alunos tivemos várias experiências com a ausência dessa característica, onde nós entrávamos, sentávamos, líamos, escrevíamos, ouvíamos, e ao final levantávamos e simplesmente saíamos da sala, não existia o diálogo. 
Uma das principais propriedades dessa falta de diálogo entre o professor e seus alunos é a distância que existe entre ambos, mesmo estando dentro do mesmo ambiente estão muito distantes entre si. Essa distância, por conseqüência, produz um clima desagradável dentro da sala de aula, pesado por assim dizer, em que nem ele e muito menos o aluno farão questão de estar naquele ambiente, e como já foi dito através da análise das palavras de COLL, para que o aluno construa o conhecimento ele tem que ser ativo e disposto, o que não acontece pelo fato da existência dessa distância. 
O professor acha que cumpre com a sua obrigação simplesmente por apresentar o conteúdo e explicá-lo. Porém, não se preocupa em perceber como está o entendimento da sala em geral, muito menos o entendimento de cada aluno sobre o que ele está falando naquele momento. Ainda mais, acha que se os alunos não entenderam a matéria a culpa é de qualquer um menos dele, e esse pensamento é o que muitas vezes leva os alunos a se desmotivarem, ou melhor, leva o professor a não tentar despertar nos alunos a motivação, considerando o que afirma VILARINHO (1979) quando ressalta que a motivação tem que ser despertada pelo professor, e ainda complementa: “estudantes motivados aprendem com energia e sucesso, já a falta de motivação pode desestimular a aprendizagem” VILARINHO (1979, p. 19). 
Atualmente, muitos professores acreditam que a forma como repreendem seus alunos, com gritos, ameaças, ofensas e às vezes até punindo-os com suspensões vão fazer surgir neles o medo e o peso na consciência. Mas vejamos o que WERNECK (1999, p. 60) destaca: 
 
“Mas os tempos mudaram e mudaram muito. Hoje, uma suspensão transformou-se num prêmio, seja ela de um dia ou mais. Algumas escolas, mesmo mantendo o sistema de suspensão, são mais esclarecidas, suspendem os alunos de suas atividades didáticas e recreativas, mantendoo em seu recinto através da organização de trabalhos nas bibliotecas ou coordenações, e aproveitam para encaminhá-lo aos serviços de orientação educacional. Nesses casos, o prêmio não é tão grande”. 
 
O professor necessita do conhecimento de que a suspensão ou qualquer outro tipo de repreensão que for dada ao aluno que o distancie da aula, a menos que realmente mostre que as intenções existentessão as de corrigir e ensinar e não de afastar, serão entendidas pelo aluno como um prêmio, e isso infelizmente não trará resultado algum. Essa e outras atitudes necessárias ao professor que trabalha com a afetividade serão tratadas no próximo capítulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV: O PROFESSOR AFETIVO 
 
Neste capítulo iremos falar sobre as características de um professor afetivo, de como as atitudes de um professor que trabalha baseando-se em uma relação afetiva podem resultar em uma ótima relação com seus alunos. 
O professor, antes de qualquer coisa, tem que saber manter uma boa relação particular com cada um de seus alunos demonstrando-lhes confiança, segurança e respeito, conhecê-los a fundo e tratá-los de tal forma que eles percebam que as intenções do professor, apesar de muitas vezes repreendê-los e corrigi-los justamente, também é de querer o bem para cada um deles e que estará sempre disposto a guiá-los em suas trajetórias colaborando de forma decisiva na construção do conhecimento. 
Porém, cabe também ao professor o seguinte legado: é de suma importância que o professor, por maior que seja sua capacidade, seu conhecimento, sua formação, tenha consciência de que ele e seus alunos estão em locais, ângulos opostos. Por outro lado, ele não deve se vangloriar desta hierarquia e muito menos de seu conhecimento, para que haja uma boa convivência entre professor e aluno. 
Como já foi citado no capítulo I, o professor será visto pelos alunos como um espelho, então cabe ao professor tirar proveito dessa análise feita pelos alunos, fazendo com que, através das observações feitas, eles possam enxergar as boas intenções que existem no professor. 
 
 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Podemos perceber, depois de todo esse desenvolvimento, que a relação entre um professor e seus alunos deve ser vista como um dos fatores mais importantes quando se diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem, pois não se trata apenas de uma relação entre dois seres humanos em condições desconsideráveis, mas sim de uma relação entre um educador que deve estar sempre disposto a educar e um educando que deve estar sempre disposto a aprender. São totalmente dependentes um do outro. O professor mesmo estando totalmente disposto a ensinar não conseguirá a menos que os alunos estejam dispostos a aprender, e vice-versa, mas temos que considerar que uma boa parte da disposição dos alunos em aprender vem da forma pela qual eles são tratados, vem da visão que os alunos devem ter sobre a necessidade que se tem de aprender. São coisas que não são tão fáceis de obter, porém totalmente possíveis. 
 	É através dessa percepção que introduzimos o conceito pelo qual foi feito esse trabalho: a afetividade, sempre vista como algo necessário na vida de todo ser humano, e que todos fazem questão de aceitá-la com satisfação. Depois de termos caracterizado o que seria uma relação entre um professor e seus alunos, e também termos visto as características que um professor deve ter para que essa relação seja considerada boa, podemos concluir que a afetividade, se existente na medida certa e nas condições corretas pode contribuir grandemente para uma boa relação, uma boa aula e, consequentemente, um bom desempenho no que se diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem. Servirá para trazer mudanças que são realmente necessárias para melhorias não só de um modo particular, considerando o professor e seus alunos, mas também de um modo geral, considerando não só a escola, mas a rede de ensino com um todo. 
 
REFERÊNCIAS
 
ANTUNES, Celso. Professor bonzinho = aluno difícil. A questão da indisciplina em sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes 2002. 
COLL, C. et al. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 1996. 
FREIRE, 	P. 	D’Ambrosio 	entrevista 	Paulo 	Freire. 	1996. 	Disponível 	em 
http://vello.sites.uol.com.br/entrevista.htm. Acesso em 03 de Agosto de 2011. 
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997. 
HAYDT, Regina Célia. Curso de didática geral. 2a ed. São Paulo: Ática, 1995. 
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez Editora, 1994. 
MASSETO, M. Didática: A aula como centro. São Paulo: FTD. 1996. 
RANGEL, Ana Cristina Souza. Educação matemática e a construção do número pela criança: Uma experiência em diferentes contextos sócios – econômicos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. 
TOMAZ, V. S.; DAVID, M. M. M. S. Interdisciplinaridade e aprendizagem da Matemática em sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. 
VILARINHO, Lúcia Regina Goulart. Didática: Temas Selecionados / Lúcia Regina 
Goulart Vilarinho. – Rio de Janeiro: LCT – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1979. 145 p. 
WERNECK, H. Se você inge que ensina, eu finjo que aprendo. 16 ed. Petrópolis: 
Vozes, 1999. 
 
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