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Atlas de Urinálise Professora: Maria Gláucia Aluna: Márcia Gabriela Souza dos Reis Manaus-AM URINÁLISE EXAME DE URINA A análise da urina é usada como método diagnóstico complementar desde o século II. Trata-se de um exame indolor, de simples coleta e resultado rápido, o que a torna muito menos penosa que as análises de sangue, que só podem ser colhidas através de agulhas. O exame sumário da urina pode nos fornecer pistas importantes sobre doenças, principalmente sobre problemas nos rins e nas vias urinárias. A presença de sangue, piócitos (pus), proteínas, glicose e diversas outras substâncias na urina costuma ser uma dica importante para doenças que podem ainda não estar apresentando sinais ou sintomas muito claros. O fato da urina ter uma aparência completamente normal não significa que ela não possa conter alterações. Mesmo a presença de sangue pode ser apenas microscópica, não sendo possível a sua identificação por qualquer outro meio que não através do exame laboratorial da urina. ETAPAS 1° ETAPA: INFORMAÇÕES SOBRE COLETA A urina deve ser coletada em frasco de material inerte, limpo, seco e a prova de vazamento. É recomendado o uso de recipiente descartáveis porque eliminam a possibilidade de contaminação. O paciente deve entregar a urina no laboratório no prazo máximo de 2 horas após a coleta ou então manter a amostra refrigerada. Segundo recomendações da SBPC/ML ( Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial ), a primeira amostra da manhã é ideal para o exame de urina de rotina , por ser mais concentrada garantindo assim a detecção de substâncias químicas e elementos presentes na urina. A região urogenital deve estar limpa , sendo realizada assepsia do local e o primeiro jato de urina deve ser desprezado. Coletar em torno de 50 mililitros de urina do jato médio. Desprezar o restante de urina no vaso sanitário. 2° ETAPA: EXAME FÍSICO Atualmente o exame físico da urina é considerada a segunda etapa do exame e é constituída d observação da características físicas como cor, odor, aspecto e transparência, deposito e densidade. COR: Amarela: urocromo, urubilina e uroeritrina. Amarela Palido: urina muito diluída. Amarelo Âmbar: urina muito concentrada. Marrom: presença de bilirrubina ou biliverdina em grande quantidade. Produtos resultantes da oxidação de hemoglobina e mioglobina, metronifazol e porfirinas. Laranja: excreção de urobilina em grande quantidade ou presença de fenazopirimidina, nitronfurantoína, riboflavina, corantes de alimentos. Rosa: presença de sangue, uratos, porfirina. Vermelho Opaco: presença de sangue em grande quantidade, porfirinas. Vermelho Brilhante: hemoglobina livre, fenotiazina, antraquinona, fenolftaleína, ingestão de beterraba, ingestão de amoras (betacianina). Vermelho Escuro/Marrom: mioglobina. Vermelho Escuro/Púrpura: porfirinas, corantes de alimentos, aminopirina, metildopa, fenotiazona. Preta: Ácido homogentísico, melanina, mioglobina, porfirinas, bilirrubina, fenol, cloroquina, levadopa, metronidazol, metildopa, hidroquinona. Púrpura: sulfato indoxil(klebisella, providência.), ingestão de beterraba, ingestão de amoras(betacianina). Branca: lipúria, leucocitúria intensa, fosfatúria. ASPECTO: O aspecto da urina avalia o grau de transparência da amostra e reflete a quantidade de estruturas do sedimento organizado ou não organizado (ex. células, hemácias, leucócitos, cristais) em suspensão. Em condições normais, as amostras de urina não apresentam alterações de sua transparência. Limpído: Macroscopicamente a amostra de urina não apresenta ou apresenta raras estruturas em suspensão após homogeneização. No exame microscópico do sedimento urinário não se verificam alterações quantitativas nos elementos normais e geralmente não se observam estruturas anormais. Ligeiramente turvo: Macroscopicamente a amostra apresenta pequena quantidade de estruturas em suspensão após homogeneização. No exame microscópico do sedimento urinário se verificam pequenas alterações quantitativas nas estruturas normais, podendo ser observados estruturas anormais. Turvo: Macroscopicamente a amostra apresenta moderada quantidade de elementos em suspensão após homogeneização. Microscopicamente se verificam grandes alterações quantitativas nas estruturas normais e, geralmente, se observam estruturas anormais de valor diagnóstico. Muito turvo: Macroscopicamente a amostra apresenta grande quantidade de elementos em suspensão após homogeneização. No exame microscópico do sedimento urinário se verificam grandes alterações quantitativas nas estruturas normais e geralmente se observam estruturas anormais de valor diagnóstico. Amostra da urina, diferentes coloração e aspectos. 3° ETAPA: EXAME QUÍMICO O exame químico é a terceira etapa do exame de urina sendo atualmente, realizado através de tiras reagente que são tiras plásticas nas quais se encontram fixadas diferentes áreas reagentes . As tiras de reagentes mais utilizadas nos laboratórios são as que disponibilizam dez áreas reagentes as quais permitem as quais permitem a realização de determinação semi-quantitativa de bilirrubina, corpos cetônicos, da densidade, da glicose, de proteínas e urobilinogênio. A realização do exame químico através das tiras reagentes pode oferecer informações sobre a função hepática, função real, metabolismo do carboidratos, infecções do trato urinário e até mesmo sobre o equilíbrio do ácido-básico. pH: a capacidade ou incapacidade dos rins de secretar ou reabsorver ácidos ou bases. Valores altos ou baixos podem indicar cálculos renais ou a presença de microorganismos. Densidade: capacidade de concentração de substâncias sólidas diluídas na urina. Baixa, pode representar uso excessivo de líquido, até diabetes e hipertensão. Já alta densidade pode ser indicativo de desidratação, insuficiência cardíaca etc. Bilirrubina: característica de doenças hepáticas e biliares. Urobilinogênio:indica danos ao fígado e distúrbio hemolíticos. Corpos cetônicos: produtos da metabolização das gorduras, comum durante jejum prolongado e pacientes diabéticos. Glicose: detecção e monitoramento de diabetes. Proteína: relacionada a doença do trato urinário e renal. Sangue: indica hemorragia que atinge o sistema urinário(infecção, cálculo renal etc). Nitrito: infecção bacteriana nos rins ou do trato urinário. Leucócitos: doença do trato urinário e inflamação renal. 4° ETAPA:EXAME MICROSCÓPICO O exame microscópico é a quarta e última etapa do exame de urina. A microscopia do sedimento urinário se constitui, historicamente, no procedimento laboratorial importante e mais utilizado, do exame de urina, no diagnóstico de doenças do trato urinário. É chamado de sedimento urinário qualquer material encontrado em suspensão na urina após homogeneização. O material pode ser constituído de células epiteliais, hemácias, leucócitos, bactérias, cilindros, cristais, grânulos, leveduras, muco e, ainda várias outras estruturas. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO - POP's O POP é um documento que descreve o trabalho a ser executado, pois contém as instruções sequenciais das operações e a frequência de execução, especificando o responsável pela execução, listagem dos equipamentos, peças e materiais utilizados na tarefa. A elaboração do POP deve ser feita por um funcionário treinado, habilitado e qualificado para a execução de sua tarefa. Essa pessoa é quem deve escrever o procedimento, por estar familiarizada com fatores que influenciam seu processo analítico, manuseio da amostra, aplicação e interpretação de seus controles internos e externos, manutenção e operação de equipamentos de sua área. IMAGENS DOS SEDIMENTOS PRESENTES NA URINA CÉLULAS É normal encontrar células epiteliais nas amostras denurina. No entanto, um aumento da quantidade destas células na urina pode indicar problemas de saúde. Enquanto as células escamosas são encontradas na pele, na vagina e nas partes exteriores da uretra, os transitórios estão localizados na bexiga,uréter, e pélvis renal. As células tubulares são encontradas nos nefronios do rim. CELULAS EPITELIAIS ESCAMOSAS CELULAS EPITELIAIS TUBULARES CELULAS DE TRANSIÇÃO HEMÁCIAS A presença de um número aumentado de eritrócitos na urina é denominada hematúria(sangue na urina). Pode ser microscópica ou macroscópica, dependendo de sua intensidade. As hematúrias podem ser transitórias e benignas, mas também podem indicar lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas dos rins ou vias urinárias. CILINDROS São elementos exclusivamente renais compostos por proteínas e moldados principalmente nos túbulos distais dos rins. Por essa razão todas as partículas que estiverem contidas em seu interior são provenientes dos rins. Indivíduos saudáveis, principalmente após exercícios extenuantes, febre ou uso de diuréticos, podem apresentar pequena quantidade de cilindros, geralmente hialinos. Nas doenças renais, apresentam-se em grandes quantidades e em diferentes formas, de acordo com o local da sua formação. Os cilindros podem estar presentes em diferentes doenças: como hemáticos, leococitários, de células epiteliais, granulosos e céreos. CILINDROS LEUCOCITARIOS São cilindros hialinos que contém leucócitos ao seu redor e em seu interior. São indicativos de infecção ou inflamação no interior do néfron tais como: Pielonefrite e Glomerulonefrite. Geralmente ocorre concomitante com leucocitúria e mostra a necessidade de se realizar uma cultura de urina. CILINDROS EPITELIAIS Se diferencia dos leucocitários pela existência do núcleo redondo. São indicativos de lesão tubular. CILINDROS ERITROCITARIOS São cilindros hialinos que contém aglomerados de hemácias ou hemoglobina ao seu redor e em seu interior. Em muitos casos está associado a Glomerulonefrite, lesões glomerulares, tubulares e capilares renais, sendo formados devido ao sangramento no interior dos nefros. Por isso são muito importantes para definir se a lesão é glomerular, uretal, da bexiga, da próstata ou da uretra. CILINDROS CEREOS A presença desses cilindros representam um estágio avançado de evolução natural dos cilindros hialinos patológicos, sendo indicativo de lesão lubular crônica. Possui como característica uma "dobradinha" na cauda. CILINDROS GRANULARES Os cilindros granulosos não são específicos, mas geralmente são patológicos. Podem ser vistos após o exercício ou com simples depleção de volume, e como um aparecimento na NTA, em glomerulonefrites ou na doença tubulointersticial. CILINDROS HIALINOS Esse tipo de cilindro é o mais comum e é formado basicamente pela proteína Tamm-Horsfall. Quando são encontrados até 2 cilindros hialinos na urina normalmente é considerado normal, podendo acontecer devido à prática de atividades físicas extensas, desidratação, calor excessivo ou estresse. No entanto, quando são vistos vários cilindros hialinos, pode ser indicativo de glomerulonefrite, pielonefrite ou doença renal crônica, por exemplo. CRISTAIS Os cristais na urina são geralmente formadas devido a ingestão insuficiente de água, uma dieta rica em proteínas ou alterações no pH da urina. Cristais na urina indica que algo está errado com o sistema urinário. URATOS AMORFOS Presente em urinas com o pH ácido. Numerosos na urina fortemente ácida. Como o ácido úrico, só se apresentam como componentes normais nos carnívoros. Aparecem como sais de urato (sódio, potássio, magnésio e cálcio). Não representam significado clínico. OXALATO DE CÁLCIO Presente em urinas com pH ácido ou neutro. Se grande quantidade de cristais de oxalato de cálcio estiver presente em urina recém-emitida, deve-se suspeitar de processo patológico como intoxicação pelo etilenoglicol, diabetes melitus, doença hepática ou enfermidade renal crônica grave. A ingestão de grande quantidade de vitamina C pode promover o aparecimento desses cristais na urina, pois o ácido oxálico é um derivado da degradação do ácido ascórbico e produz a precipitação de íons de cálcio. Essa precipitação pode dar lugar também a uma diminuição no nível de cálcio sério. ÁCIDO ÚRICO Presente em urinas com o pH ácido. Os estados patológicos em que se encontram aumentados no sangue são: Gota, metabolismo das purinas aumentado, pode ocorrer em enfermidades febris agudas e nefrites crônicas. FOSFATO AMORFO Presente em urinas com pH alcalino ou neutro. Diferencia-se do urato de amorfo pelo pH. Não possui significado clínico. FOSFATO TRIPLO Presente em urina com pH alcalino. Podem ocorrer nos seguintes estados patológicos: pielite crônica, cistite crônica, hipertrofia de próstata e retenção vesical. Aparecem também em urinas normais. CARBONATO DE CÁLCIO Presente em urina com pH alcalino. Não possui significado clínico. FOSFATO DE CÁLCIO Presente em urinas com pH alcalino ou neutro. Não possui significado clínico. CISTINA Presente em urinas com pH ácido. A presença desses cristais tem sempre significado clínico, como sistinose, cistinúria congênita, insuficiente reabsorção renal ou em hepatopatias tóxicas. TIROSINA Presente em urinas com pH ácido ou neutro. Aparecem em enfermidades hepáticas graves ou tirosinose. BACTÉRIAS A suspeita de infecção pode acontecer se bactérias estiverem presentes em amostras recentemente obtidas por coleta de jato médio, particularmente se numerosos leucócitos estiverem também presentes. Normalmente a urina não possui bactérias, mas se a amostra não for colhida nas condições adequadas, pode ocorrer contaminação. Especialmente em mulheres, bactérias e leucócitos na urina podem ser resultados de contaminação com secreções vaginais. LEVEDURAS As células leveduriformes podem ser observadas no sedimento urinário devido à contaminação por secreção vaginal ou ainda por contaminação pela pele ou pelo ambiente. As leveduras estão presentes em secreções vaginais de indivíduos com infecção pelo fungo, frequentemente em pacientes diabéticos e/ou iminosuprimidos. As principais leveduras observadas são Candida SP. Se apresentam como células ovóides, com tamanho de 5 a 7 micra, incolores e refringentes. Muitas vezes apresentam brutamontes, devido à germinação, e psedeuhifas. Na transcrição do resultado a presença de leveduras deve ser relatada da seguinte forma: "Presença de células leveduriformes com aspecto morfológico de Cândida sp. ESPERMATOZOIDES Estas células podem estar presentes tanto já amostra de urina de homens, quanto de mulheres. A presença de espermatozóides em amostras de urina de mulheres não devem ser relatadas, por questões éticas, a não ser quando há solicitação explícita de comprovação de abuso sexual. Em amostras de urina de homens a presença de espermatozóides pode indicar espermatorréia, uma das causas da infertilidade masculina; nesses casos deve-se relatar a presença de espermatozóides. Esses são facilmente reconhecidos pela cabeça oval, com tamanho de 4 a 6 micra, e pela cauda de 40 a 60 micra de comprimento. TRICHOMONAS VAGINALIS O Trichomonas vaginalis é o parasita encontrado com maior frequência em amostras de urina. Por ser protozoário flagelado é facilmente identificado pela sua movimentação rápida e irregular pela lâmina. Porém quando não se move é muito difícil de distingui-lo de um leucócito. O achado de urina geralmente indica contaminação por secreções genitais, sendo uma frequente causa de vaginites e uretrites. Alguns outros parasitas também podem ser encontrados, normalmente resultado de uma contaminação fecal.