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Dimensões Conceituais Sobre Humanização em Serviços de Saúde Ao ser humano: O amor não se toca, não se vê e não se ouve, simplesmente se sente. O amor é uma emoção forte que nos leva a ver o mundo com um outro olhar. Aquilo que a sociedade chama de solidariedade, de sentimento de partilha, de colaboração. Uma questão importante que se coloca hoje nos serviços de saúde, essencialmente nos serviços não hospitalares, ou seja, nas unidades básicas de saúde, postos de saúde ou centros de saúde é a questão das redes de serviços de saúde como grandes redes de conversações. Uma das técnicas de conversa aí aplicadas e hoje intensamente discutidas é o acolhimento dialogado, isto é, uma técnica de conversa passível de ser realizada por qualquer profissional, em qualquer momento do atendimento. O acolhimento-diálogo, no sentido mais amplo possível, corresponde àquele componente das conversas que se dão nos serviços em que identificamos, elaboramos e negociamos as necessidades das pessoas que podem vir a ser satisfeitas. Importante salientar que o acolhimento dialogado seria uma técnica de conversa de apoio ao processo de conhecimento das necessidades humanas básicas, fundadas em certas disposições ético- cognitivas das pessoas. E as redes de trabalho em saúde podem também ser pensadas como redes de trabalho afetivo, no sentido de que o essencial nelas é, de fato, a criação e a manipulação de afetos humanos. Discutir e procurar soluções, procurar saídas possíveis para o atendimento das necessidades das pessoas será sempre um caminho na atenção básica. As nossas necessidades nos são sempre imediatamente transparentes e não estão definitivamente definidas, e sempre têm sido objeto de um debate interminável, em que o que se discute e refaz sem cessar é a nossa própria humanidade Outro ponto importante a se discutir aqui está em função de um paralelo que podemos fazer: o que se passa num encontro usuário-profissional de saúde, por exemplo, quando este encontro é positivo? Corresponde à chamada relação de empatia, que é considerada essencial para a adequada realização do trabalho em saúde e que poderá levar à criação do vínculo. O vínculo se dá em função da relação de confiança estabelecida entre usuário-profissional de saúde. Conquistar a confiança não é apenas uma experiência de alegria, mas de uma relação de potência capaz de sustentar as dificuldades maiores que virão posteriormente, na continuidade dos atendimentos às pessoas atendidas nos serviços de saúde. De novo, pensemos na relação usuário-profissional de saúde: o momento da confiança é aquele em que mesmo nas diferenças entre as pessoas: uma parte procura ajuda e a outra parte oferece apoio. Ora, o apoio na queda não se faz por um "ter pena de", mas por um "sofrer com", "um estar junto de". Amparar o outro "na queda", não para evitar que caia nem que finja que a queda não existe; amparar o outro na queda é confiar na potência, é desejar que o outro reaja e se recupere, que se fortaleça naquilo que está em desequilíbrio em sua saúde. Por fim, e da perspectiva de humanização: as nossas redes de trabalho afetivo (os profissionais de saúde) têm, de fato, contribuído para que a população tenha valorizado suas potências, seus melhores valores, suas melhores condições? Devemos estar aptos a reconhecer se uma Unidade Básica de Saúde, por exemplo, capacita, habilita, instrumentaliza mental e efetivamente os indivíduos, de forma tal a ampliar suas capacidades de interação, de formação de comunidade, de aumento de suas potencialidades em prol da saúde individual e coletiva. Acreditamos que a compreensão dos conceitos: redes de serviços de saúde, redes de conversações, acolhimento dialogado, necessidades humanas básicas, redes de trabalho em saúde, redes de trabalho afetivo, empatia, relação de confiança usuário-profissional de saúde, relação de potência contribuam para que você consiga entender, como pode se dar, na prática, o processo de humanização em serviços de saúde. Como os profissionais podem amparar as pessoas nas suas dificuldades em saúde. Este Texto Complementar faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem.
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