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FILME ENCAIXOTANDO HELENA Começamos o filme com uma breve apresentação da vida do personagem principal, ainda quando criança, durante uma festa em sua casa. Em apenas 2 minutos, já podemos perceber que Nicholas é uma criança carente de amor familiar devido a ausência dos pais, uma vez que seu pai é médico e passa o dia trabalhando sem ter tempo para a família (recompensando a mesma com uma vida de luxo) e uma mãe que se mostra indiferente em relação ao filho e sai com outro (s) homen(s) enquanto goza da boa vida dada pelo marido. O lema da família, “A persistência e o trabalho duro, irão te conceder tudo o que quiseres. ” Parece estar bem presente na vida de Nicholas, já que ele vê essa filosofia em seu pai e parece não ter contato com outros tipos de posses e conquistas que não envolvam dinheiro, mesmo o casamento de seus pais não passa de uma transação comercial onde não há amor envolvido. Podemos ver claramente a indiferença da mãe em relação ao filho no diálogo entre duas convidadas da festa: A: De quem é aquele menino? B: É o filho da Mary. A: Curioso. Ela nunca mencionou que tinha filhos. Ao viver em um ambiente como esse, Nicholas, cresceu acreditando que poderia ter tendo tudo com seu trabalho, esforço e dinheiro. Até conhecer Helena... Nosso pequeno Nicholas cresceu, seguiu os passos do pai e se tornou um importante cirurgião. Apesar da falta de laços familiares, Nick tem uma boa vida, é respeitado no hospital onde trabalha, mora em uma bela casa que herdou dos pais e tem uma linda namorada. Mas nem tudo é perfeito e sempre temos problemas, não é mesmo? E para variar, o problema é do sexo feminino e seu nome é Helena. Mas quem diabos é Helena? Helena nada mais é que uma garota independente que sai com vários homens e faz aquilo que quer, cometendo a besteira de brincar com Nick e (indesejada mente) fazer com que ele caísse em um amor platônico por ela. Bizarro? Sim, mas pode ter certeza que acontece. Depois de se apaixonar loucamente por uma mulher que não está nem aí para ele, Nick começa a agir como um “Stalker”, passando a vigiá-la. Com efeito, certo dia, ao ver que a inocente Helena está com outro acompanhante, Nick fica perturbado e decide tentar reconquista-la de uma vez por todas. Em algumas cenas vemos a figura materna “assombrando” Nick e podemos notar o complexo de Édipo, conceituado por Freud, lhe atingindo. Para Freud, o homem quando nasce cria um sentimento de amor/desejo com a figura materna e um sentimento de negação com as “forças externas” que limitam o contato da criança com a mãe, em muitos casos a figura do pai, uma vez que a mãe divide atenção entre os dois, gerando uma disputa por atenção. No caso do filme, a disputa não está totalmente direcionada ao pai, mas sim aos outros amantes de sua mãe, que Nick parece culpar pela ausência de sua mãe durante sua vida. Nick cresceu, passou pela puberdade e seu desejo pela sua mãe parece ter ficado mais forte. - Mas o que é que tem a ver a Helena e a Mãe piriguete dele? Tudo, Nick nutriu um amor pela mãe e transfere isso para a Helena, que tem atitudes parecidas com a de sua mãe, isso explica o porquê de Nick continuar a amar Helena mesmo sendo rejeitado e humilhado pela mesma, e ignora a namorada que faz de tudo por ele. Por mais que Nick já estivesse sofrendo pela indiferença de Helena antes do início do filme, esse sentimento contido parece ter se intensificado logo depois da morte de sua mãe. Os métodos convencionais (flores, cartões, convites para jantar e etc.) parecem não ter funcionado, então, nosso protagonista tem a grande ideia de dar uma festa somente para ter uma desculpa para convidá-la. Ela vai à festa e vemos claramente a indiferença de Helena e a Submissão de Nick, que não consegue nem disfarçar na presença de sua namorada. Durante a festa Nick é humilhado, ignorado, trocado e todas as outras coisas ruins que uma mulher pode fazer e que os cantores sertanejos adoram cantar sobre. Contudo, isso ainda não foi o suficiente para Nick esquecer Helena. No dia seguinte ele consegue fazer com que Helena volte a sua casa. Após ela se irritar com suas atitudes, ela pega suas coisas e vai embora, porem logo que ela sai da casa o inevitável acontece... Helena é atropelada e o carro passa por cima de suas pernas. Nick, sem ter certeza do que fazer, leva Helena para casa, amputa suas duas pernas e passa a cuidar dela lá mesmo. Com isso, Nick se ausenta do trabalho e de seu círculo de amizades para passar o dia cuidando da sua amada, porem mesmo fazendo tudo por ela, Helena continua com seu comportamento hostil em relação a Nicholas. Cada vez mais confuso, Nicholas, inspirado pela estátua da Vênus de Milo (quem mantem uma beleza singular mesmo sem os membros), decide amputar os braços de Helena para que ela se torne ainda mais dependente dele e com isso possa nascer um sentimento em relação a ele. A obsessão do rapaz é tanta, que na primeira cena onde ela aparece amputada dos braços Helena está em uma espécie de altar, dando a entender que ela é superior a ele enaltecendo a relação de subordinação dele em relação a ela. Com Helena totalmente dependente dele, ele consegue aquilo que ele queria: entrar em uma relação de igualdade com ela, uma vez que, depois que ela a conheceu ele passou a ser dependente da atenção dela, agora ela passa a ser dependente dele, criando uma relação de igualdade (pelo menos em sua mente). Esse equilíbrio faz com que ele passe a se ver como homem e comece a se comportar como tal, visto que, apesar de ainda desejar Helena, ela deixa de vê-la como um ser superior independente. Isso faz com que os papeis comecem a se inverter, já que Nick começa a se ver como homem e Helena continua dependente. Tudo que Nick precisava era escutar eu te amo!