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Metodos e técnicas de pesquisa em educação

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Formação de ProFessores - ead
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métodos e técnicas 
de pesquisa em educação
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Luzia Marta Bellini
Ana Cristina Teodoro da Silva
(ORGANIZADORAS)
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 C. T. d
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 Silva
 (O
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s.)
2
2. ed. - revisada e ampliada
N
0 2
ISBN 978-85-7628-233-4
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM educação
Maringá
2010
editora da universidade estadual de Maringá
	 Reitor	 Prof. Dr. Décio Sperandio
	 Vice-Reitor	 Prof. Dr. Mário Luiz Neves de Azevedo
	 Diretor	da	Eduem	 Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado
	 Editor-Chefe	da	Eduem	 Prof. Dr. Alessandro de Lucca e Braccini
conselho editorial
	 Presidente	 Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado
	 Editor	Associado	 Prof. Dr. Ulysses Cecato
	 Vice-Editor	Associado	 Prof. Dr. Luiz Antonio de Souza
	 Editores	Científicos	 Prof. Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima
 Profa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues
 Profa. Dra. Analete Regina Schelbauer
 Prof. Dr. Antonio Ozai da Silva
 Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim
 Profa. Dra. Eliane Aparecida Sanches Tonolli
 Prof. Dr. Eduardo Augusto Tomanik
 Prof. Dr. Eliezer Rodrigues de Souto
 Prof. Dr. Evaristo Atêncio Paredes
 Profa. Dra. Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso 
 Prof. Dr. João Fábio Bertonha
 Profa. Dra. Larissa Michelle Lara
 Profa. Dra. Luzia Marta Bellini
 Profa. Dra. Maria Cristina Gomes Machado
 Profa. Dra. Maria Suely Pagliarini
 Prof. Dr. Manoel Messias Alves da Silva
 Prof. Dr. Oswaldo Curty da Motta Lima
 Prof. Dr. Raymundo de Lima
 Prof. Dr. Reginaldo Benedito Dias
 Prof. Dr. Ronald José Barth Pinto
 Profa. Dra. Rosilda das Neves Alves
 Profa. Dra. Terezinha Oliveira
 Prof. Dr. Valdeni Soliani Franco
 Profa. Dra. Valéria Soares de Assis
equipe técnica
	 Projeto	Gráfico	e	Design	 Marcos Kazuyoshi Sassaka
 Fluxo	Editorial Edneire Franciscon Jacob
 Mônica Tanamati Hundzinski
 Vania Cristina Scomparin
 Edilson Damasio
 Artes	Gráficas Luciano Wilian da Silva
 Marcos Roberto Andreussi
 Marketing Marcos Cipriano da Silva
 Comercialização Norberto Pereira da Silva
 Paulo Bento da Silva 
 Solange Marly Oshima
Maringá
2010
Formação de ProFessores - ead
métodos e Técnicas 
de Pesquisa em 
educação
Luzia Marta Bellini
Ana Cristina Teodoro da Silva
(ORGANIZADORAS)
2
2. ed. - revisada e ampliada
coleção Formação de professores - ead
	 Apoio	técnico:		 Rosane	Gomes	Carpanese
	 Normalização	e	catalogação:		 Ivani	Baptista	CRB	-	9/331
	 Revisão	Gramatical:		 Annie	Rose	dos	Santos
	 Edição,	Produção	Editorial	e	Capa:		 Carlos	Alexandre	Venancio
	 		 Júnior	Bianchi
	 	 Eliane	Arruda
Dados	Internacionais	de	Catalogação	na	Publicação	(CIP)
Métodos	e	técnicas	de	pesquisa	em	educação	/	Luzia	Marta	Bellini,	Ana	Cristina	
	 Teodoro	da	Silva,	organizadoras.	–	2.ed.	rev.	e	ampliada.	
	 Maringá	:	Eduem,	2010.	
	 158p.:	il.	21cm.	(Coleção	formação	de	professores	-	EAD;	n.	2)
	 ISBN	978-85-7628-233-4
	 1.	Educação	–	Pesquisa	–	Brasil.	2.	Pesquisas	educacionais	–	Brasil.	3.	Pesquisa	
–	Educação	–	Métodos	e	 técnicas.	 I.	Bellini,	 Luzia	Marta,	org.	 II.	Silva,	Ana	Cristina	
Teodoro	da,	org.	
CDD	21.	ed.	001.42
M593
Copyright	©	2010	para	o	autor
Todos	os	direitos	reservados.	Proibida	a	reprodução,	mesmo	parcial,	por	qualquer	processo	
mecânico,	eletrônico,	reprográfico	etc.,	sem	a	autorização,	por	escrito,	do	autor.	Todos	os	direitos	
reservados	desta	edição	2010	para	Eduem.
Endereço	para	correspondência:
eduem - editora da universidade estadual de Maringá
Av.	Colombo,	5790	-	Bloco	40	-	Campus	Universitário
87020-900	-	Maringá	-	Paraná
Fone:	(0xx44)	3261-4103	/	Fax: (0xx44)	3261-1392
http://www.eduem.uem.br	/	eduem@uem.br
3
Sobre os autores
Apresentação da coleção
Apresentação do livro
capÍtulo 1
O primeiro projeto de pesquisa: algumas orientações
Ana Cristina Teodoro da Silva 
capÍtulo 2 
Ética na pesquisa e o lugar do pesquisador no mundo
José de Arimathéia Cordeiro Custódio
capÍtulo 3
O que é iniciação à ciência e à pesquisa? 
Raymundo de Lima
capÍtulo 4
Metodologia, métodos e técnicas de pesquisa em educação: 
princípios básicos
Luzia Marta Bellini
capÍtulo 5
Método, explicação científica e pesquisa acadêmica
Evandro Luis Gomes
> 5
> 7
> 9
> 11
> 25
> 37
> 53
> 67
umárioS
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
4
capÍtulo 6
Orientações para a utilização de entrevistas, questionários, 
tabelas e gráficos em pesquisas educacionais
Patrícia Lessa
capÍtulo 7
Imagens fotográficas como fonte de pesquisas nos campos 
da história e da educação
Henrique M. Silva / Ivana Guilherme Simili
capÍtulo 8
Pesquisa em educação: memória e história oral
Ivana Guilherme Simili / Henrique Manoel da Silva / Patrícia Lessa dos Santos
capÍtulo 9
Pesquisa participante, métodos e técnicas de investigação
Carlos Alberto Mucelin / Luzia Marta Bellini
> 87
> 101
> 117
> 135
5
Ana Cristina Teodoro da Silva
Professora do Departamento de Fundamentos da Educação da 
Universidade Estadual de Maringá. Graduada em História (UEM), Mestre 
em História (UNESP). Doutora em História (UNESP).
Carlos Alberto Mucelin
Professor do Departamento de Matemática da Universidade Tecnológica 
Federal do Paraná – UTFPR. Graduação em Matemática (UNOESTE). Mestre 
em Engenharia de Sistemas Agroindustriais (UNOESTE). Doutor em Ecologia 
de Ambientes Aquáticos Continetais (UEM). Líder do Grupo de Pesquisa em 
Semiótica e Percepção Ambiental – GPSPA.
Evandro Luis Gomes
Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de 
Maringá. Licenciado em Filosofia (1996) pelas Faculdades Claretianas de 
Batatais (SP). Mestre em Filosofia (2002) pela Universidade de São Paulo. 
Doutorando em Filosofia na Universidade Estadual de Campinas. Como 
pesquisador, atua na área de Lógica e Epistemologia, dedicando-se à 
história da Lógica. 
Henrique Manoel de Silva 
Professor do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade 
Estadual de Maringá. Graduado em História (UNESP). Mestre em História 
(UNESP). Doutor em História Cultural pela Universidade Federal de Santa 
Catarina 
Ivana Guilherme Simili
Professora do departamento de Fundamentos da Educação da 
Universidade Estadual de Maringá. Graduada em Hisstória (UNESP). 
Mestre em História (UNESP).Doutora em História Social (UNESP).
obre os autoresS
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
6
José de Arimathéia Cordeiro Custódio
Jornalista do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de 
Londrina. Graduado em Jornalismo e Direito (UEL). Mestre em Letras (UEL). 
Doutor em Letras (UEL).
Luzia Marta Bellini 
Professora Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade 
Estadual de Maringá (UEM). Graduada em Ciências Biológicas (USP). Mestre 
em Educação (UFSCar). Doutora em Psicologia Social (USP).
 
Patricia Lessa dos Santos 
Professora Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade 
Estadual de Maringá. Mestre em Educação (Unicamp). Doutora em História 
(UnB). 
Raymundo de Lima 
Professor do Departamento de Fudamentos da Educação da Universidade 
Estadual de Maringá. Área de Metodologia e Técnica de Pesquisa. 
Graduado em Psicologia. Mestre em Psicologia. Doutor em Educação pela 
Universidade de São Paulo (USP). 
7
A	coleção	Formação	de	Professores	 -	EAD	teve	sua	primeira	edição	publicada	em	
2005,	com	33	 títulos	financiados	pela	Secretaria	de	Educação	a	Distância	(SEED)	do	
Ministério	da	Educação	(MEC)	para	que	os	livros	pudessem	ser	utilizados	como	material	
didático	nos	cursos	de	licenciatura	ofertados	no	âmbito	do	Programa	de	Formação	de	
Professores	(Pró-Licenciatura	1).	A	tiragem	da	primeira	edição	foi	de	2500	exemplares.
A	partir	de	2008,	demos	início	ao	processo	de	organização	e	publicação	da	segunda	
edição	da	coleção,	com	o	acréscimo	de	12	novos	títulos.	A	conclusão	dos	trabalhos	
deverá	ocorrer	somente	no	ano	de	2012,	 tendo	em	vista	que	o	financiamento	para	
esta	edição	seráliberado	gradativamente,	de	acordo	com	o	cronograma	estabelecido	
pela	Diretoria	de	Educação	a	Distância	(DED)	da	Coordenação	de	Aperfeiçoamento	de	
Pessoal	do	Ensino	Superior	(CAPES),	que	é	responsável	pelo	programa	denominado	
Universidade	Aberta	do	Brasil	(UAB).
A	princípio,	serão	impressos	695	exemplares	de	cada	título,	uma	vez	que	os	livros	
da	nova	coleção	serão	utilizados	como	material	didático	para	os	alunos	matriculados	
no	Curso	de	Pedagogia,	Modalidade	de	Educação	a	Distância,	ofertado	pela	Universi-
dade	Estadual	de	Maringá,	no	âmbito	do	Sistema	UAB.
Cada	livro	da	coleção	traz,	em	seu	bojo,	um	objeto	de	reflexão	que	foi	pensado	
para	uma	disciplina	específica	do	curso,	mas	em	nenhum	deles	 seus	organizadores	
e	 autores	 tiveram	a	pretensão	de	dar	 conta	da	 totalidade	das	discussões	 teóricas	 e	
práticas	construídas	historicamente	no	que	se	referem	aos	conteúdos	apresentados.	O	
que	buscamos,	com	cada	um	dos	livros	publicados,	é	abrir	a	possibilidade	da	leitura,	
da	reflexão	e	do	aprofundamento	das	questões	pensadas	como	fundamentais	para	a	
formação	do	Pedagogo	na	atualidade.
Por	isso	mesmo,	esta	coleção	somente	poderia	ser	construída	a	partir	do	esforço	
coletivo	de	professores	das	mais	diversas	áreas	e	departamentos	da	Universidade	Esta-
dual	de	Maringá	(UEM)	e	das	instituições	que	têm	se	colocado	como	parceiras	nesse	
processo.
Neste	sentido,	agradecemos	sinceramente	aos	colegas	da	UEM	e	das	demais	insti-
tuições	que	organizaram	livros	e	ou	escreveram	capítulos	para	os	diversos	livros	desta	
coleção.
Agradecemos,	 ainda,	 à	 administração	 central	da	UEM,	que	por	meio	da	 atuação	
direta	da	Reitoria	e	de	diversas	Pró-Reitorias	não	mediu	esforços	para	que	os	traba-
lhos	 pudessem	 ser	 desenvolvidos	 da	 melhor	 maneira	 possível.	 De	 modo	 bastante	
presentação da ColeçãoA
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
8
específico,	destacamos	o	esforço	da	Reitoria	para	que	os	recursos	para	o	financiamento	
desta	coleção	pudessem	ser	liberados	em	conformidade	com	os	trâmites	burocráticos	
e	com	os	prazos	exíguos	estabelecidos	pelo	Fundo	Nacional	de	Desenvolvimento	da	
Educação	(FNDE).
Internamente	enfatizamos,	ainda,	o	envolvimento	direto	dos	professores	do	De-
partamento	de	 Fundamentos	 da	 Educação	 (DFE),	 vinculado	 ao	Centro	de	Ciências	
Humanas,	 Letras	 e	Artes	 (CCH),	que	no	decorrer	dos	últimos	 anos	 empreenderam	
esforços	para	que	o	curso	de	Pedagogia,	na	modalidade	de	educação	a	distância,	pu-
desse	ser	criado	oficialmente,	o	que	exigiu	um	repensar	do	trabalho	acadêmico	e	uma	
modificação	significativa	da	sistemática	das	atividades	docentes.
No	 tocante	ao	Ministério	da	Educação,	 ressaltamos	o	esforço	empreendido	pela	
Diretoria	 da	 Educação	 a	 Distância	 (DED)	 da	 Coordenação	 de	 Aperfeiçoamento	 de	
Pessoal	 do	 Ensino	 Superior	 (CAPES)	 e	 pela	 Secretaria	 de	 Educação	 de	 Educação	 a	
Distância	(SEED/MEC),	que	em	parceria	com	as	Instituições	de	Ensino	Superior	(IES)	
conseguiram	romper	barreiras	temporais	e	espaciais	para	que	os	convênios	para	a	li-
beração	dos	recursos	fossem	assinados	e	encaminhados	aos	órgãos	competentes	para	
aprovação,	tendo	em	vista	a	ação	direta	e	eficiente	de	um	número	muito	pequeno	de	
pessoas	que	integram	a	Coordenação	Geral	de	Supervisão	e	Fomento	e	a	Coordenação	
Geral	de	Articulação.	
Esperamos	que	a	segunda	edição	da	Coleção	Formação	de	Professores	-	EAD	possa	
contribuir	para	a	formação	dos	alunos	matriculados	no	curso	de	Pedagogia,	bem	como	
de	outros	 cursos	 superiores	 a	distância	de	 todas	 as	 instituições	públicas	de	 ensino	
superior	que	integram	e	ou	possam	integrar	em	um	futuro	próximo	o	Sistema	UAB.
Maria	Luisa	Furlan	Costa
Organizadora da Coleção
9
Este	livro	é	resultado	de	um	trabalho	coletivo	iniciado	em	2005,	quando	saiu	sua	
primeira	versão.	De	2005	a	2009,	a	versão	inicial	foi	utilizada	pelas	turmas	de	Ensino	
a	Distância	do	Curso	Normal	Superior	da	Universidade	Estadual	de	Maringá.	Graças	
ao	 uso	 dos	 alunos	 e	 dos	 tutores,	 a	 primeira	 edição	 pôde	 ser	 repensada.	 Pudemos	
anotar,	durante	as	aulas	no	EAD,	quais	foram	os	acertos,	quais	foram	as	inadequações	
e	corrigi-las.
Desse	modo,	a	segunda	edição	do	livro	Metodologia e Técnicas de Pesquisa em 
Educação,	 de	 2010,	 além	 de	 apresentar	 capítulos	 revisados,	 ganhou	 novos	 textos.	
Esses	capítulos	são	essenciais	para	uma	melhor	compreensão	do	universo	das	investi-
gações	pedagógicas.
O	 livro	Metodologia e Técnicas de Pesquisa em Educação,	 em	 sua	 segunda	
edição,	conta	com	nove	capítulos	e	define	Metodologia	como	uma	disciplina	geral	que	
discute	a	epistemologia,	os	diferentes	métodos	e	o	conjunto	de	técnicas,	ou	métodos	
em	atos,	como	afirmou	Michel	Thiollent.	É	o	campo	de	debate	que	abrange	a	meto-
dologia	como	atividade	filosófica	e	cognitiva.	O	livro	traz	a	noção	de	que	o	estudo	da	
metodologia	é	aquele	que	qualifica	o	estudante	para	examinar	as	teorias,	os	métodos	
e	as	técnicas	de	pesquisa.	
O	campo	dos	estudos	metodológicos	não	é	fácil.	Comporta	o	estudo	de	filosofia	
das	ciências,	dos	diferentes	métodos	e	das	técnicas.	Geralmente,	metodologia	é	com-
preendida	com	a	aplicação	das	normas	e	técnicas,	ou	oposta	a	essa	concepção,	é	vista	
como	o	levantamento	das	tendências	teórico	metodológicas	de	determinados	contex-
tos	históricos.	No	entanto,	metodologia	é	muito	mais	do	que	o	estudo	das	teorias	ou	
das	normas.	Do	século	XIX	ao	século	XXI,	esse	campo	cresceu	em	complexidade	e	em	
produções.	
No	século	XIX,	tivemos	um	marco	histórico,	que	foi	a	inauguração	do	estatuto	epis-
temológico	das	investigações	científicas	com	o	positivismo.	A	oposição	ao	positivismo	
gerou	outros	modos	 de	 pensar	 o	mundo	 e	 seus	 fenômenos,	 como	o	materialismo	
dialético	e	a	 teoria	compreensiva.	Todavia,	o	século	XX	 foi	além	dessas	 três	dimen-
sões	ou	balizas	teóricas.	O	pós-positivismo	ou	o	positivismo	lógico,	o	refutacionismo	
de	Popper,	a	noção	de	paradigma	de	Thomas	Kuhn,	a	 fenomenologia,	a	filosofia	da	
matemática	de	Lakatos	inspirada	na	dialética	de	Hegel	e	Marx	e	pelo	refutacionismo	
de	Popper,	as	provocações	anarquistas	de	Feyrabend	foram	tendências	da	filosofia	das	
presentação do livroA
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
10
ciências	que	envolveram	o	campo	da	Metodologia.	Não	podemos	ignorá-las,	sob	pena	
de	nos	tornamos	anacrônicos.	
No	 século	 XXI,	 os	 debates	 do	 campo	metodológico	 já	 não	 são	 aqueles	 entre	 o	
quantitativo	e	o	qualitativo;	foram	além.	Hoje,	se	orientam	sob	o	signo	da	interdiscipli-
naridade	e	da	integração	de	métodos	para	atender	diferentes	campos	de	estudo,	entre	
eles	o	da	Pedagogia.	Embora	este	livro	não	trate	de	todos	os	detalhes	desses	debates	
e	das	dimensões	particulares	de	cada	método,	ele	anuncia	que	o	mundo	dos	estudos	
metodológicos	é	muito	rico;	pontua	alguns	métodos	e	técnicas	para	a	investigação	em	
educação	e	dá	o	tom	básico	a	um	livro	de	Metodologia:	pensar	e	fazer	são	movimen-
tos	inseparáveis	daqueles	que	pretendem	ver	o	mundo	dos	conhecimentos	da	outra	
forma.	
Luzia	Marta	Bellini
Ana	Cristina	Teodoro	da	Silva
Organizadoras
11
Ana Cristina Teodoro da Silva 
...	fazer	uma	tese	significa	divertir-se,	
e a tese é como porco: nada se desperdiça
Umberto	Eco	(1995,	p.	169).
Este	é	um	texto	elaborado	em	2003	e	2004,	por	meio	da	experiência	de	trabalho	
com	a	graduação	em	cursos	diversos	que,	depois,	foi	atualizado	e	adaptado.	Destaca-
mos	argumentos	importantes	de	autores	reconhecidos	na	discussão	da	metodologia	
da	pesquisa,	acrescidos	de	um	toque	pessoal	que	procura	atender	nossa	necessidade	
específica	e	exemplificar	o	fato	de	que	no	diálogo	com	autores,	na	vivência	do	trabalho	
ocorre	a	criação	e	recriação	de	ideias.1	
O	 objetivo	 é	 auxiliar	 a	 produção	 do	 primeiro	 projeto	 de	 pesquisa	 de	 pequeno	
porte,	já	que	ao	final	do	curso	vocês	terão	que	fazer	um	trabalho	de	conclusão.	Esse	
trabalho,	conhecido	como	TCC	(Trabalho	de	Conclusão	de	Curso)	ou	monografia	defim	de	curso	começa	agora.	O	projeto	a	ser	executado	refere-se	ao	planejamento	do	
trabalho	que	será	executado	no	último	ano.	
Quanto	a	este	capítulo,	a	sugestão	é	que	façam	uma	leitura	cética,	leitura	crítica	e	
de	questionamento.	Uma	boa	forma	de	compreender	o	conteúdo	é	estudar	a	constitui-
ção	do	texto	que	quer	comunicar	o	conteúdo.	Coloquem	perguntas,	observem	em	que	
momentos	a	redação	está	pouco	clara,	provavelmente	são	momentos	que	merecem	ser	
discutidos.
De	início,	faremos	considerações	sobre	porque	pesquisar;	e	a	seguir,	a	exposição	
das	partes	fundamentais	de	um	projeto	de	pesquisa;	concluindo	com	lembretes	sobre	
a	 apresentação,	 a	 redação	e	 a	 ética	no	 trabalho.	Porém,	destacamos	a	 indicação	da	
primeira	página:	 só	 se	aprende	a	 fazer	pesquisa	 fazendo,	nada	 substitui	o	caminho	
1 Sobre a leitura que cria e recria ideias, ver Paulo Freire (1981).
O primeiro projeto de 
pesquisa: algumas 
orientações
1
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
12
próprio	de	cada	pesquisador,	daquele	que	tem	dúvidas,	inquietações,	que	vê	relações	
intrínsecas	entre	seu	trabalho	e	seu	estudo.	Esse	caminho	vocês	estão	construindo,	e	
ele	vai	construir	vocês.
por que pesquisar?
O	pesquisador	é	um	estudante	que	busca	produzir	conhecimento,	com	isso	produz	
também	 autonomia,	 pensamento	 próprio,	 soluções	 próprias	 a	 seu	 contexto.	 Vocês	
podem	ter	boas	noções	sobre	como	fazer	pesquisa	e,	com	isso,	seguir	suas	perguntas	e	
constituir	seu	próprio	caminho	ou,	então,	acreditar	que	pesquisa	é	coisa	para	poucos	
privilegiados	e	seguir	 reproduzindo	um	saber	que	não	sabem	como	foi	 feito;	nesse	
caso,	a	crítica	ao	conhecimento	será,	no	mínimo,	incompleta,	e	até	mesmo	ignorante.
O	ideal	é	que	a	pesquisa	não	seja	para	você	uma	obrigação	ou	uma	nota.	Pesquisa	
pode	 ser	descoberta,	 satisfação.	Descoberta	da	 solução	de	problemas,	 satisfação	de	
perceber	que	a	realidade	é	por	nós	constituída,	com	nossos	instrumentos	e	limites.	Até	
que	ponto	se	podem	utilizar	os	instrumentos	disponíveis	e	até	que	ponto	se	é	limitado	
por	outras	forças	é	questão	que	a	pesquisa	pode	esclarecer.	Por	exemplo,	o	que	pode	
fazer	o	professor	com	os	recursos	de	que	dispõe;	e	o	que	o	professor	não	pode	fazer	
por	conta	de	limitações	de	espaço,	de	salário,	de	currículo	ou	outras	esferas	que	não	
estão	sob	seu	domínio.	Mesmo	o	que	não	se	pode	fazer	deve	ser	esclarecido,	pois	é	
matéria	de	reflexão	e	de	luta	e	de	diálogo	cotidiano.
	A	pesquisa	ajuda	a	compreender	um	tema	de	forma	profunda.	Mais	que	isso,	os	
instrumentos	utilizados	 capacitarão	o	pesquisador	 a	 trabalhar	por	 conta	própria,	 o	
que	 é	 útil	 em	qualquer	 área	 e	 em	qualquer	 atuação.	Ou	 seja,	 você	 aprende	meios	
que	utilizará	em	situações	outras	que	não	apenas	às	do	tema	escolhido,	e	que	não	se	
restringem	ao	trabalho.	Tais	meios	são,	ainda,	instrumentos	de	cidadania,	pois	somos	
inundados	por	pesquisas	no	dia	a	dia	–	pesquisas	de	mercado,	de	intenção	de	voto,	
sobre	o	comportamento	sexual,	sobre	as	habilidades	do	estudante	brasileiro...	–,	para	
saber	de	 seu	alcance	e	questioná-las,	é	necessário	 saber	como	são	 feitas,	 como	são	
usadas	as	técnicas	e	a	exposição	dos	resultados.
Uma	pesquisa	pode	ter	início	quando	se	tem	um	problema,	uma	questão	ou	um	
incômodo.	Pensando	bem,	sempre	se	têm	problemas	no	trabalho,	que	podem	se	trans-
formar	em	caminhos	de	pesquisa.	Ou	questionam-se	rumos,	diretrizes,	leis	que	não	
se	consideram	adequadas.	Caso	não	estejam	claros	os	incômodos,	são	estimuladoras	
as	leituras,	a	participação	em	cursos,	seminários	e	outras	atividades,	com	destaque	à	
efetiva	postura	 reflexiva	nos	estudos.	O	 incômodo	 leva	 à	procura	de	 informação,	 a	
diálogos,	à	procura	de	bibliografia	especializada.
Pedro	Demo	lembra	que	o	“pesquisador	não	somente	é	quem	sabe	acumular	dados	
13
mensurados,	mas	sobretudo	quem	nunca	desiste	de	questionar	a	realidade,	sabendo	
que	qualquer	conhecimento	é	apenas	recorte”	(1996,	p.	20).	O	conhecimento	é	um	
conjunto	muito	amplo,	e	nossa	participação	será,	necessariamente,	em	uma	pequena	
parte,	em	uma	perspectiva.	
Um	trabalho	de	pesquisa	traz	sempre	muita	reflexão	pessoal.	Desde	a	escolha	do	
tema,	é	necessário	propor	caminhos	que	possam	ser	trilhados,	de	acordo	com	a	ma-
turidade	e	capacidade	de	 trabalho	de	cada	um.	Qualquer	pesquisador	sério	poderá	
ratificar	tal	afirmação.	Umberto	Eco	dá	um	exemplo	ilustrativo:	
Pode-se	executar	seriamente	até	uma	coleção	de	figurinhas:	basta	fixar	o	tema,	
os	critérios	de	catalogação,	os	limites	históricos	da	coleção.	Decidindo-se	não	
remontar	além	de	1960,	ótimo,	pois	de	lá	para	cá	as	figurinhas	não	faltam.	Have-
rá	sempre	uma	diferença	entre	essa	coleção	e	o	Museu	do	Louvre,	mas	melhor	
do	que	fazer	um	museu	pouco	sério	é	empenhar-se	a	sério	numa	coleção	de	
figurinhas	de	jogadores	de	futebol	de	1960	a	1970	(ECO,	1995,	p.	4).
Não	se	quer	com	isso	desencorajar	quem	queira	fazer	um	museu.	Entretanto	será	
necessário	dividir	a	tarefa	em	muitos	passos,	e,	com	humildade,	olhar	para	as	próprias	
ferramentas	e	capacidades	para	distinguir	qual	seria	o	primeiro	passo.	Sem	esquecer-
se	de	verificar	se	existem	fontes	para	a	questão	posta	(figurinhas	no	século	XIX	talvez	
sejam	impossíveis).	E,	ainda,	se	os	 instrumentos	para	fazer	a	análise	proposta	estão	
disponíveis.	Nós,	por	exemplo,	não	seríamos	capazes	de	analisar	as	obras	do	Louvre.
Para	fazer	pesquisa	é	necessário	planejamento	(eis	aí	a	importância	do	projeto!),	
e	essa	é	uma	experiência	que	se	leva	para	toda	a	vida,	pois	significa	aprender	a	por	
ordem	nas	ideias.	“Não	importa	tanto	o	tema	da	tese	quanto	a	experiência	de	trabalho	
que	ela	comporta”	(ECO,	1995,	p.	5).	Tudo	o	que	for	feito:	pesquisas	nas	bibliotecas,	
fichamentos,	escritas	e	re-escritas,	conversas	com	professores,	comentários	no	bar...	
tudo	ajudará	a	esculpir	uma	nova	pessoa	–	por	 isso	é	bom	que	seja	bem	feito,	são	
lições	de	formação.
Um	requisito	fundamental	a	um	bom	trabalho	é	que	o	pesquisador	faça	boas	leitu-
ras.	Não	sem	razão	os	cursos	de	Metodologia	da	Pesquisa,	via	de	regra,	são	iniciados	
problematizando	a	análise	de	textos.2	Deve-se	ler	o	máximo	possível,	resguardando	a	
qualidade	da	leitura.	Reflexão	não	combina	com	pressa,	com	cumprir	tabelas	e	horá-
rios.	Vocês	estão	se	formando,	e	o	que	lembrarão	é	menos	o	conteúdo	dos	textos	e	
mais	a	experiência	da	leitura,	o	como	leram,	o	movimento	interior	envolvido,	o	des-
pertar	para	outras	formas	de	pensar	o	mundo.
2 Para refletir a respeito, estudem o capítulo “Diretrizes para a leitura, análise e interpretação de 
textos” de Severino (1986, p. 121-135).
o primeiro projeto de 
pesquisa: algumas 
orientações
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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O	tema	deve	ser	algo	que	apaixone.	É	comum	pensar	qual	o	tema	mais	ou	menos	
trabalhoso.	Tema	difícil	é	aquele	 trabalhado	sem	estímulo,	 sem	gosto.	A	pesquisa	é	
criativa,	 pode	 descobrir	 relações	 novas,	 questionar	 o	 saber	 vigente,	 estabelecer	 co-
nhecimento	novo,	forçar	o	surgimento	de	alternativas.	“Uma	definição	pertinente	de	
pesquisa	poderia	ser:	diálogo inteligente com a realidade,	tomando-o	como	processo	
e	atitude,	e	como	integrante	do	cotidiano”	(DEMO,	1996,	p.	36-7).3	Para	Pedro	Demo,	
a	pesquisa	é	científica	e	educativa,	compõe	o	“processo	emancipatório”	que	constitui	
um	 sujeito	 crítico,	 autocrítico	 e	 participante,	 “capaz	 de	 reagir	 contra	 a	 situação	de	
objeto	e	de	não	cultivar	os	outros	como	objeto”	(DEMO,	1996,	p.	42).4	Tal	processo	
apenas	é	possível	se	estamos	conectados	à	nossa	realidade,	em	uma	rel	ação	que	é	
também	afetiva.
Pesquisa	é	“conquista	lenta	e	progressiva”,	contudo	há	que	se	começar.	Primeiro,	
aprender a aprender,	não	copiar,	não	se	recusar	à	elaboração	pessoal	(DEMO,	1996,	p.	
64).	É	difícil	ocorrer	boa	elaboração	com	meras	cópias,	leituras	ruins,	feitas	pela	meta-
de	ou	número	prévio	de	páginas	estabelecidas.	“É	o	aluno	que	deve	saber	descobrir	o	
que	ler,	quanto	ler,	como	ler,	para	formaro	seu	próprio	juízo.	Sobretudo,	deve	saber	
justificar	quando	e	por	que	julga	‘ter	dado	conta	do	tema’,	sem	empáfias	exaustivas”	
(DEMO,	1996,	p.	67).	A	autocrítica	é	fundamental.	Vocês	estão	constituindo	um	cami-
nho	profissional	(lembrem-se:	toda	professora	deve	ter	postura	de	pesquisadora),	um	
caminho	cidadão,	constituindo	suas	opções	políticas	e	éticas.	Bom	mesmo	é,	ao	final	
de	um	trabalho,	poder	dizer	‘fiz	o	meu	melhor’.
partes básicas do projeto de pesquisa
Projeto	não	pode	ser	confundido	com	o	próprio	trabalho	de	conclusão	de	curso,	
projeto	é	planejamento,	é	o	primeiro	passo	para	que	ocorra	a	pesquisa.	O	projeto	está	
no	início	de	uma	trajetória	de	pesquisa,	o	trabalho	de	conclusão,	de	caráter	monográ-
fico,	será	o	relatório	final	da	trajetória.	Projeto	é	uma	estratégia	que	apresente	o	tema,	
demonstre	sua	importância	e	aponte	um	caminho	pertinente	para	a	resolução	de	um	
problema	levantado.	Não	existem	regras	fixas,	este	texto	não	é	uma	receita	e	não	há	
como	estabelecermos	previamente	o	número	de	páginas	que	deverá	ter.	
Os	 itens	 obrigatórios	 do	 projeto	 sofrem	 pequenas	 variações	 em	 instituições	
3 Demo lembra que a realidade é sempre maior do que conseguimos captar e que há outras 
portas paralelas para a emancipação – a arte, por exemplo. Ainda nesse livro, que se encontra 
na BCE, há um bom comentário sobre a distinção feita entre pesquisa qualitativa e quantitativa 
(1996, p. 20).
4 Poderia ter sido “o primeiro projeto a gente nunca esquece”; seria bonitinho, mas perderia 
em clareza.
15
diferentes.	Mesmo	dentro	de	uma	mesma	instituição,	tais	itens	podem	ser	diferencia-
dos,	de	acordo	com	os	objetivos	a	que	se	propõem	(afinal,	há	pesquisa	de	iniciação	
científica,	de	mestrado,	de	doutorado,	docente	e	outras).	A	bibliografia	sobre	o	tema	
também	não	traz	consenso.	Contudo,	a	análise	concluirá	que	os	elementos	constituin-
tes	dos	diferentes	projetos	de	pesquisa	seguem	uma	estrutura	comum,	com	variações	
de	forma,	partindo-se	sempre	da	apresentação	temática	até	chegar	à	problemática	e	
hipótese.	A	discussão	bibliográfica	é	 sempre	necessária,	 bem	como	a	 justificativa,	 a	
apresentação	de	objetivos,	a	metodologia	a	ser	utilizada,	o	cronograma	e	as	referên-
cias.	Isso	posto,	devem	ser	consideradas	as	seguintes	partes:
•	Título
•	Resumo
•	Palavras-chave
•	Introdução
•	Justificativa
•	Objetivos
•	Metodologia
•	Cronograma
•	Referências
Há	coerência	na	sequência	anterior,	por	exemplo,	primeiro	o	tema	é	apresentado	
na	introdução,	para	depois	ser	justificado.	Não	seria	normal	iniciar	o	texto	justifican-
do.	No	entanto,	o	fato	de	existir	coerência	não	significa	que	o	projeto	deva	ser	escrito	
na	mesma	ordem	em	que	deve	ser	apresentado.	
O	título corresponde	às	primeiras	informações	sobre	a	pesquisa	e	é	redigido	com	
concisão	 e	 clareza,	 dizendo	o	máximo	possível	 do	 trabalho	proposto.	Títulos	 enig-
máticos,	que	não	esclarecem	do	que	trata	o	trabalho,	devem	ser	evitados,	bem	como	
títulos	amplos	demais	(por	exemplo:	“Educação	e	Sociedade”).	O	bom	título	revela	o	
recorte	do	trabalho.
O	título	deve	“criar	as	expectativas	certas”	(BOOTH	et	al.,	2000,	p.	272)	e	introduzir	
os	conceitos-chave.	É	preferível	um	título	claro	e	específico	que	um	aparentemente	
criativo	e	que	não	comunique	o	que	é	a	pesquisa.	Vejam	o	título	deste	capítulo,	não	é	
lá	‘criativo’5,	mas	não	gera	falsas	expectativas,	pretende	dizer	a	que	vem	o	texto.	
O	 resumo	 é	 apresentado	em	um	único	parágrafo,	 sem	 recuo,	 em	espaçamento	
5 Diferenciem hipótese de pressuposto. Hipótese é o que se quer demonstrar; já o pressuposto 
é dado, prévio.
o primeiro projeto de 
pesquisa: algumas 
orientações
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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simples.	Apresenta	o	tema,	a	problemática	e	a	hipótese	de	trabalho,	bem	como	as	fon-
tes,	o	método	a	ser	utilizado,	os	objetivos	que	se	pretende	alcançar.	Tudo	isso	em	mais	
ou	menos	vinte	linhas	(exigência	que	pode	variar	um	pouco).
As	palavras-chave	são	aquelas	que	geram	a	 identidade	do	trabalho,	sem	as	quais	
nem	conseguiríamos	falar	do	que	estamos	fazendo.	Servem	para	guiar	o	leitor	e	para	
catalogar	o	trabalho.	Quais	seriam	as	palavras-chave	deste	capítulo,	por	exemplo?	“Pes-
quisa”	sem	dúvida	seria	uma	delas,	mas	não	apenas,	porque	o	texto	não	trata	da	pes-
quisa	em	geral.	Outra	palavra-chave	seria	“projeto”	e,	talvez,	“iniciação	científica”,	para	
marcar	que	se	discorre	de	um	projeto	de	pesquisa	de	iniciantes.	
Na	introdução	cabe	apresentar	o	tema,	o	problema	a	ser	estudado,	o	fenômeno	
que	se	deseja	analisar,	explicar	o	enfoque,	seus	contornos	e	limites.	Pensem	no	leitor,	
o	objeto	de	investigação	precisa	ser	reconhecido	por	ele.	Apresente	com	clareza,	narre	
como	nasceu	o	problema,	como	se	chegou	a	ele.	Explique	os	conceitos	novos.	
O	espaço	e	o	tempo	da	pesquisa	precisam	estar	claros.	Por	exemplo,	não	se	inves-
tiga	a	educação	especial,	e	sim	uma	proposta	de	trabalho	com	crianças	portadoras	de	
deficiência	auditiva,	de	3	a	6	anos,	em	um	colégio	de	Maringá,	em	2005.	As	opções	
feitas	precisam	ser	justificadas.	Por	que	estudar	necessidades	especiais?	Por	que	porta-
dores	de	deficiência	auditiva?	Por	que	de	3	a	6	anos?	Por	que	a	opção	por	um	colégio	
específico?	Por	que	no	período	proposto?
O	tema	é	abrangente,	a	problemática	indica	a	dificuldade	específica.	Há	que	se	ter	
uma	dificuldade,	uma	pergunta	–	boas	perguntas	são	bons	inícios	para	chegar	a	uma	
problemática	–,	uma	contradição,	um	caminho	a	se	testar.	“Você	terá	um	problema	de	
pesquisa	se e somente se	você	e	seus	leitores	concordarem	que	as	duas	partes,	você	e	
eles,	não	sabem	ou	não	entendem	algo,	mas	que	deveriam	saber	ou	entender”	(BOO-
TH	et	al,	2000,	p.	303).	Procure	identificar	a	questão	que	deve	ser	elucidada.	Há	que	se	
ter	uma	inquietação,	que	vencer	um	desafio.	Fazer	o	projeto	é	sistematizar	um	trabalho	
futuro,	e	esse	momento	traz	muitas	dúvidas,	gera	a	angústia	do	desconhecido,	ainda	
mais	que	a	pesquisa	nasce	de	algo	que	não	se	sabe.	Porém	se	aprende	a	suportar	os	
limites	do	conhecimento.
	Propor	um	bom	problema	é	muito	importante.	Em	algumas	pesquisas,	um	bom	
problema	é	o	melhor	resultado.	Alguns	artigos	publicados	chegam	a	ponto	de	propor	
problemas,	e	não	a	resolvê-los.	Achem	um	problema	que	seja	importante	e	só	prome-
tam	o	que	forem	capazes	de	cumprir.	A	problemática	será,	no	decorrer	da	pesquisa,	
o	guia	para	 a	 estruturação	do	 raciocínio.	Além	disso,	 a	 formulação	da	pergunta	dá	
indícios	do	caminho	metodológico	a	seguir.
Uma	vez	apresentada	a	temática	e	exposto	o	problema,	apresenta-se	uma	hipótese	
de	trabalho	que	corresponde	a	um	ensaio	de	resposta	ao	problema	levantado,	uma	
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suposição.6	A	hipótese	é	sempre	provisória,	pois	ainda	não	foi	demonstrada;	adquirida	
mediante	 a	 leitura,	 observações	 e	 experiências	pessoais.	 Pode	 ganhar	o	 “status”	de	
tese,	se	for	confirmada	após	a	conclusão	da	pesquisa.
A	 hipótese	mostra	 o	 “marco	 teórico	 de	 referência”,	 que	 indica	 as	 orientações	 e	
diretrizes	da	pesquisa	a	 ser	desenvolvida	 (SALOMON,	2001,	p.	218-220),	ou	 seja,	é	
enraizada	no	quadro	teórico	em	que	se	assenta	o	raciocínio.	E	o	quadro	teórico	cir-
cunscreve	a	proposição	do	problema.	Para	Severino,	“o	quadro	teórico	constitui	o	uni-
verso	de	princípios,	categorias	e	conceitos,	formando	sistematicamente	um	conjunto	
logicamente	coerente,	dentro	do	qual	o	trabalho	do	pesquisador	se	fundamenta	e	se	
desenvolve”	(1986,	p.	203).	Severino	alerta	que	o	quadro	teórico	é	uma	diretriz,	uma	
orientação,	mas	não	um	modelo.	
Há	que	se	demonstrar	a	capacidade	de	trabalhar	a	hipótese.	Não	se	pretende	ter	a	
última	palavra,	nem	que	se	inventou	algo	original	e	insuperável,	mas	se	deve	demons-
trar	um	tratamento	adequado	do	tema,	bem	fundamentado,	cercado	de	todos	os	lados,	
o	que	nos	leva	à	justificativa.
Ainda	na	introdução,	contudo,	cabe	colocar	sucintamente	quais	fontes	serão	anali-
sadas,	levando	em	conta	que	elas	devem	ser	adequadas	ao	problema	proposto,	devem	
sersuficientes	e	confiáveis,	já	que	será	no	diálogo	com	essas	fontes	que	se	constituirá	
a	demonstração	da	tese.
Esse	manual	deveria	ter	um	texto	intitulado	“as	fontes	da	pesquisa”.	Todavia	não	
foi	possível.	Mas	a	proposta	de	sua	presença	evidencia	a	importância	da	discussão.	De	
forma	excessivamente	sintética,	o	que	são	as	fontes	de	uma	pesquisa?	Para	responder	a	
isso,	pensem	em	que	se	baseiam	os	pesquisadores	para	fazerem	suas	afirmações,	onde	
foram	buscar	os	dados.	Este	capítulo,	por	exemplo,	tem	como	fonte	a	experiência	de	
ensino	na	graduação	e	o	diálogo	com	a	bibliografia.	
As	 fontes	 de	 uma	 pesquisa	 não	 trazem	 em	 sua	 natureza	 a	 qualidade	 de	 fontes.	
É	 o	 pesquisador	 que,	 ao	 problematizar	 determinado	material,	 dá-lhe	 o	 “status”	 de	
fonte.	Assim,	há	fontes	escritas,	tais	como	documentos	(atas,	leis,	processos);	impres-
sos	( jornais,	revistas,	livros).	Há	fontes	visuais,	como	obras	de	arte,	filmes,	fotografias	
artísticas	ou	jornalísticas.	Há	fontes	sonoras,	como	as	músicas	ou	material	televisivo,	
que	é	sonoro	e	visual.	Algumas	vezes	o	pesquisador	produz	sua	fonte,	como	no	caso	
das	entrevistas.	A	determinação	da	fonte	e	sua	análise	é	uma	questão	metodológica	de	
extrema	importância,	pois	se	sabemos	como	um	trabalho	é	feito,	poderemos	refazê-lo	
ou	criticá-lo.
6 Muito vago? É a angústia do livre arbítrio. Melhor que determinar qual é o “bom” caminho. 
A discussão sobre metodologia será aprofundada no capítulo 4.
o primeiro projeto de 
pesquisa: algumas 
orientações
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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As	 fontes	podem	ser	do	presente	ou	do	passado,	um	fragmento	de	caneca	en-
contrado	em	um	sítio	arqueológico	pode	ter	muito	a	dizer	sobre	uma	coletividade	
que	esteve	naquele	local.	Observem:	foi	usada	originalmente	como	caneca	(ou	te-
ria	sido	como	instrumento	ritualístico?),	há	séculos	ou	milênios.	Mas	hoje,	para	o	
pesquisador,	é	fonte	de	pesquisa,	fala	a	respeito	dos	hábitos	de	sua	coletividade,	da	
tecnologia	disponível	e	outras	relações.	
Sugere-se	que,	ao	optar	por	uma	ou	mais	fontes,	o	pesquisador	procure	traba-
lhos	importantes	que	tenham	dialogado	com	fontes	do	mesmo	tipo,	para,	junto	com	
os	outros	autores-pesquisadores,	pensar	e	discutir	sobre	o	diálogo	com	seu	material.
Muito	mais	poderia	ser	dito	sobre	as	fontes,	mas,	por	ora,	basta	anotar	que,	na	
introdução	do	projeto,	é	necessário	esclarecer	quais	serão	as	fontes	da	pesquisa.
Na	justificativa,	responde-se	qual	a	importância	de	investigar	o	tema	escolhido.	
Vale	a	pena	 trabalhá-lo?	Não	é	um	 tema	óbvio?	Deve-se	mostrar	qual	 a	 relevância	
da	proposta,	que	contribuições	traz	para	a	sociedade,	quais	as	consequências	e	im-
plicações	de	não	 se	 saber	a	 respeito	do	 tema.	Expõe-se	 também	qual	 a	experiên-
cia	do	pesquisador	e	discute-se	a	viabilidade	do	projeto	(no	tempo	disponível,	por	
exemplo).
Deve	ser	discutida	também	qual	a	contribuição	da	proposta	para	o	conhecimento	
científico,	para	o	que	é	necessária	a	revisão	bibliográfica	sobre	o	tema,	procurando	
identificar	o	que	já	se	sabe	a	respeito.	Busca-se	a	consciência	das	matrizes	teóricas	
que	legitimam	o	projeto	e	quais	os	interesses	envolvidos.	Com	a	revisão	bibliográ-
fica,	certo	caminho	pode	ser	reconhecido	como	pertinente	ou	pode	ser	visto	como	
equivocado.	A	discussão	com	a	bibliografia	dá	uma	visão	geral	do	tema,	ajudando	a	
medir	o	tamanho	do	esforço	necessário	para	a	empreitada	em	comparação	com	o	
“tamanho	de	nossas	pernas”.	“Diante	de	circunstâncias	limitantes,	como	tempo	dis-
ponível,	recursos,	instrumentos	empíricos,	é	possível	assumir	o	tema	em	maior	ou	
menor	profundidade”	(DEMO,	1996,	p.	66).	Ou	seja,	não	é	necessário	desistir	por	
conta	de	uma	limitação	de	capacidade	ou	tempo,	e	sim	saber	recortar	os	interesses.
Cada	tema	tem	seus	clássicos	que	precisam	ser	consultados,	porque	não	se	po-
dem	desprezar	os	caminhos	já	trilhados	por	séculos	de	conhecimento	apenas	tendo	
noções	prévias	do	conhecimento	já	existente	que	uma	problemática	pertinente	é	ca-
paz	de	surgir.	A	ausência	de	um	trabalho	muito	importante	na	área	de	estudo	indica	
imaturidade	da	proposta.	É	comum	a	contraposição	a	trabalhos	anteriores,	para	o	
que	a	capacidade	de	abordar	criticamente	a	bibliografia	é	fundamental.	
A	introdução	e	a	justificativa	são	apresentadas	em	forma	de	texto,	o	que	não	é	o	
caso	dos	objetivos,	usualmente	em	tópicos	e	com	os	verbos	no	infinitivo.	No	objeti-
vo	geral,	responde-se	que	meta	se	quer	alcançar,	para	que	se	propõe	o	estudo,	qual	
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seu	sentido,	sua	utilidade,	que	resultados	são	esperados;	nos	objetivos	específicos,	
que	etapas	devem	ser	atingidas	para	solucionar	o	problema,	quais	os	passos	teóricos	
e	práticos.	Quando	cumpridos	os	objetivos	específicos,	o	objetivo	geral	 terá	 sido	
cumprido,	por	consequência.	Ambos,	geral	e	específicos,	são	apresentados	separa-
dos,	porém	na	mesma	página.
Na	metodologia responde-se	como	proceder,	quais	os	passos	da	análise.	A	na-
tureza	do	problema	determina	o	método.	Busca-se	deixar	claro	qual	o	caminho	do	
pensamento	na	apreensão	da	realidade,	qual	a	sistematização	escolhida	para	o	tra-
balho	de	pesquisa.	Nessa	parte	do	projeto,	“aparece	a	tonalidade	ideológica	própria	
do	autor,	que	é	ator”	(DEMO,	1996,	p.	66).	O	método	é	o	procedimento	que	será	
utilizado	para	dialogar	com	as	fontes.	Nele	aparecem	as	fontes	novamente,	e	é	ne-
cessário	discutir	como	serão	abordadas.	A	metodologia	é	a	reflexão	sobre	o	método,	
em	que	procuramos	questionar	se	o	método	escolhido	é	adequado	para	responder	
à	problemática	e	cumprir	os	objetivos.
A	“análise	inspirada”	sempre	discute	o	“como”	fazer“.	A	teoria	expõe	a	discussão	
sobre	concepções	de	ciência	[explicações	parciais	da	realidade].	Método	é	 instru-
mento,	caminho,	procedimento,	e	por	isso	nunca	vem	antes	da	concepção	da	rea-
lidade.	“Para	se	colocar	como	captar,	é	mister	 ter-se	 idéia	do	que	captar”	(DEMO,	
1996,	 p.	 24).	 Todo	projeto	 de	 pesquisa	 sério	 discute	 o	método.	 “Entende-se	 por	
métodos	os	procedimentos	mais	amplos	de	raciocínio,	enquanto	técnicas	são	pro-
cedimentos	mais	restritos	que	operacionalizam	os	métodos,	mediante	emprego	de	
instrumentos	adequados”	(SEVERINO,	1986,	p.	204).
Devem-se	definir	quais	as	fases,	quais	as	estratégias	que	serão	utilizadas;	que	téc-
nicas	serão	usadas	para	a	coleta	e	análise	de	dados	e	para	o	teste	da	hipótese.	Vocês	
já	devem	desconfiar	que	não	há	consenso	sobre	métodos	“bons”	ou	“ruins”,	melho-
res	ou	piores.	Não	há	consenso	nem	mesmo	sobre	quais	são	os	métodos	da	ciência.	
A	discussão	é	extensa	e	intensa	e	vocês	devem	entrar	nela	e	procurar	se	situar.7	
No	cronograma,	visualizamos	a	distribuição	das	atividades	ao	 longo	do	 tempo	
disponível.	 No	 nosso	 caso,	 trabalharemos	 com	 doze	 meses,	 correspondentes	 ao	
tempo	que	vocês	terão	para	fazer	o	trabalho	de	conclusão	de	curso.	Colunas	mos-
tram	os	períodos	e	as	fileiras	indicam	as	tarefas	a	serem	cumpridas.	O	cronograma	
serve	para	avaliar	se	a	pesquisa	é	exequível	e	para	testar	seu	andamento.	
Por	fim,	as	referências, seguindo	as	normas	da	Associação	Brasileira	de	Normas	
Técnicas	(ABNT),	que	serão	trabalhadas	em	capítulo	à	frente.	É	necessário	procurar	
7 Para uma explicação sobre a organização dos materiais nas bibliotecas, é útil ver o capítulo 
“uso de biblioteca e documentação”, em Salomon (2001, p. 289-298).
o primeiro projeto de 
pesquisa: algumas 
orientações
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
20
os	textos	fundamentais	do	tema	a	ser	investigado.	Um	dos	primeiros	passos	da	pes-
quisa	é	procurar	conhecer	a	produção	existente	acerca	do	tema	e	sobre	questões	
afins,	ou	seja,	fazer	o	levantamento	bibliográfico.	As	referências	podem	ser	encon-
tradas	em	bibliotecas,	na	Internet,	junto	aos	professores.	As	pesquisas	são	realizadas	
tendo	em	mãos	nomes	de	autores,	títulos	de	obras	ou	palavras-chave	do	tema.	Além	
de	livros,	há	teses,	monografias	e	periódicos	especializados.	Conversem	com	profes-
sores	que	trabalham	com	o	tema,que	podem	dar	dicas	importantes	e	indicar	auto-
res	especializados	para	uma	nova	consulta	à	biblioteca.	Pensem	se	há	possibilidade	
de	adquirir	aqueles	livros	que,	de	tão	fundamentais,	serão	“companheiros	diários”	
no	trajeto	da	pesquisa.	Dica:	visitas	aos	sebos	de	livros	sempre	oferecem	surpresas	
baratas.
Parte	das	referências	básicas	deve	ser	estudada	já	para	o	projeto.	A	apresentação	
daquelas	que	serão	lidas	no	processo	da	pesquisa	é	indispensável,	em	nosso	caso.	
Portanto,	apresentem	separadamente	as	referências	estudadas	para	compor	o	proje-
to	e	o	levantamento	bibliográfico	que	incorporará	todo	o	material	encontrado	sobre	
o	tema	e	que	poderá	ser	útil	no	processo	de	pesquisa.
	
por últiMo, Mas não Menos iMportante
Não	sem	razão,	os	 textos	anteriores	discutirem	ética	e	ciência.	Booth,	Colomb	
e	Williams,	em	seu	livro	que	tematiza	a	“arte	da	pesquisa”,	associam	a	ética	ao	de-
senvolvimento	 do	 ethos, ou	 caráter,	 e	 elencam	 alguns	 pontos	 que	 merecem	 ser	
lembrados:
-		Os	pesquisadores	éticos	não	roubam,	plagiando	ou	reivindicando	os	resul-
tados	de	outros.
-		Não	mentem,	adulterando	informações	das	fontes	ou	inventando	resultados.
-		Não	destroem	fontes	nem	dados,	pensando	nos	que	virão	depois	deles.
-		Pesquisadores	responsáveis	não	apresentam	dados	cuja	exatidão	têm	moti-
vos	para	questionar.
-		Não	encobrem	objeções	que	não	podem	refutar.
-		Não	ridicularizam	os	pesquisadores	que	têm	pontos	de	vista	contrários	aos	
seus,	nem	deliberadamente	apresentam	esses	pontos	de	vista	de	um	modo	
que	aqueles	pesquisadores	rejeitariam.
-		Não	redigem	seus	relatórios	de	modo	a	dificultar	propositalmente	a	com-
preensão	dos	leitores,	nem	simplificam	demais	o	que	é	legitimamente	com-
plexo	(2000,	p.	326).
Tudo	isso	às	vezes	exige	bastante	disciplina.	Vocês	podem	imaginar	o	quanto	um	
pesquisador	deve	ser	responsável.	Todavia,	dá	orgulho	fazer	um	trabalho	assim.	
A	 apresentação	 do	 projeto	 deve	 ser	 de	 acordo	 com	 as	 normas	 da	 ABNT	 para	
trabalhos	 científicos.	 Cada	 parte	 do	 projeto	 deve	 iniciar	 em	uma	nova	 página.	O	
21
trabalho	deve	ser	digitado	de	acordo	com	as	configurações	presentes	nas	normas,	
que	devem	nortear	também	as	referências	e	citações.8	
Lembrem-se	de	que	sempre	escrevemos	para	alguém,	pensem	no	leitor,	é	uma	boa	
estratégia	de	clareza.	Escrevam	explicando	bem	as	ideias,	é	assim	que	agem	os	grandes	
autores.	Definam	os	termos	utilizados.	Passem	o	texto	para	colegas	lerem	e	utilizem	o	
professor	de	cobaia,	é	necessário	saber	se	estamos	sendo	entendidos,	para	isso,	é	útil	
que	outros	leiam	nossos	textos.	
Textos	raramente	ficam	bons	na	primeira	versão.	É	preciso	reconhecer	que	ler	um	
texto	mais	de	uma	vez	pode	ser	fundamental	e	que	escrever	exige	fazer	e	refazer.	A	
imagem	de	papéis	que	embolamos	e	jogamos	fora	é	normal,	compõe	o	processo.	Vo-
cês	devem	entender	a	necessidade	da	crítica.	Se	alguém	diz	apenas	“legal”	ao	ler	um	
texto,	desconfiem.
É	comum	ouvir:	‘certo,	professora,	entendi	as	partes	do	projeto,	mas	como	escre-
ver?’	 Perguntamo-nos	 como	 responder	 a	 isso,	 pois	 a	 habilidade	de	 leitura	 e	 escrita	
parece	estar	na	raiz	de	tudo	isso.	Por	ora,	conseguimos	responder	que	é	necessário	
valorizar	o	erro,	na	medida	em	que	o	erro	dá	oportunidade	de	superação.	Escrever	
é	trabalhoso,	e	pouca	gente	é	capaz	de	escrever	de	uma	vez,	do	começo	ao	fim,	sem	
hesitar	ou	precisar	revisar.
Enfim,	o	projeto	de	pesquisa	é	o	planejamento	do	caminho,	explicita	as	etapas	de	
trabalho	e	como	será	feito,	o	que	possibilita	pensar	previamente	sobre	a	viabilidade	
do	que	se	propõe	quanto	aos	métodos,	as	técnicas	e	ao	tempo	disponível.	Pode	ser	
alterado	no	decorrer	da	pesquisa,	com	o	surgimento	de	novos	dados	ou	referências	
imprevistas.	Tais	alterações	devem	ser	bem	pensadas	e	discutidas	com	o	orientador.
Projeto	é	 já	um	início	de	trabalho,	o	esforço	de	pensar	(e	sonhar)	o	caminho.	É	
um	preparo	que	demonstra	a	pertinência	da	trilha	a	ser	percorrida.	Projeto	não	traz	
resultados	de	pesquisa,	o	que	só	ocorrerá	com	a	pesquisa	pronta.	No	caso	de	nosso	
curso	(METEP),	vocês	terão	sido	bem	sucedidos	se	aprenderam	a	questionar	como	é	
feita	a	ciência;	se	aprenderam	que	é	necessário	planejar	os	trabalhos	científicos	e	se	
retomarem	essas	orientações	em	seus	trabalhos	de	conclusão	de	curso,	que	é	outro	
momento	da	mesma	história.
8 Regras preciosas sobre quando e como citar são apresentadas por Umberto Eco (1995, p. 121-
127). Mais à frente, trata também das notas de rodapé. O autor é debochado, dizendo coisas do 
tipo: não escolha um orientador por conveniência ou preguiça. Diversos exemplares desse livro 
são encontrados na BCE.
o primeiro projeto de 
pesquisa: algumas 
orientações
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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BOOTH,	Wayne	C.;	COLOMB,	Gregory	G.;	WILLIAMS,	Joseph	M.	A arte da pesquisa.	
Tradução	de	Henrique	A.	Rego	Monteiro.	São	Paulo:	Martins	Fontes,	2000.
DEMO,	Pedro.	Pesquisa:	princípio	científico	e	educativo.	7.	ed.	São	Paulo:	Cortez,	
1996.
ECO,	Umberto.	Como se faz uma tese.	12.	ed.	Tradução	de	Gilson	César	Cardoso	de	
Souza.	São	Paulo:	Perspectiva,	1995.
FREIRE,	Paulo.	Considerações	em	torno	do	ato	de	estudar.	In:	______.	Ação 
cultural para a liberdade e outros escritos.	5.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Paz	e	Terra,	1981.
SALOMON,	Délcio	Vieira.	Como fazer uma monografia.	10.	ed.	São	Paulo:	Martins	
Fontes,	2001.
SEVERINO,	Antônio	Joaquim.	Metodologia do trabalho científico.	14.	ed.	São	
Paulo:	Cortez,	1986.
Referências
1)	 Visitem	algumas	bibliotecas	e	procurem	saber	como	são	organizadas,	que	setores	possuem,	
como	é	feita	a	catalogação	das	obras.
2)	 Procurem	saber	qual	a	diferença	entre	um	periódico	da	grande	imprensa	e	um	periódico	
científico.
3)	 Três	palavras	foram	sublinhadas	no	texto:	intrínsecas,	autonomia	e	emancipação.	Procu-
rem	suas	definições	em	um	bom	dicionário	e	retomem	a	leitura	do	trecho	em	que	foram	
utilizadas,	refletindo	sobre	o	que	querem	dizer.
4)	 Tentem	exemplificar	qual	a	diferença	entre	problema,	questão	e	incômodo.
Proposta de Atividade
23
5)	 Na	escola,	o	que	poderia	ser	fonte	de	pesquisa?	
6)	 Quando	ouvir	falar	em	pesquisa	(na	televisão,	no	jornal,	no	estudo),	procure	saber	qual	a	
fonte	utilizada	e	como	foi	abordada.	Lembre-se	que	um	dos	critérios	do	estudo	científico	é	
divulgar	suas	fontes	e	seus	métodos.
7)	 Sua	cidade	tem	um	sebo	de	livros?	Visite-o	e	veja	o	que	tem	que	diz	respeito	à	Educação.	
Caso	viaje	a	outra	cidade,	procure	visitar	suas	bibliotecas	e	sebos.	
Anotações
o primeiro projeto de 
pesquisa: algumas 
orientações
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
24
Anotações
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José de Arimathéia Cordeiro Custódio
Este	capítulo	começa	e	termina	com	um	conselho.	Conforme	o	que	você,	 leitor,	
entende	por	conhecimento	científico,	ali	estará	sua	ética,	pois	esta	está	subordinada,	
entre	outros,	aos	conceitos	de	ciência	e	conhecimento.
A	ética	na	pesquisa	tem	muito	a	ver	com	a	visão	de	mundo.	O	pesquisador	busca	
a	legitimidade	de	sua	pesquisa	em	algum	fundamento	ético	que	lhe	dá	conforto	inte-
lectual	ou	moral.	É	desse	“lugar”	confortável	que	ele	desenvolve	toda	a	sua	pesquisa.	
Ética,	porém,	é	muito	mais	do	que	seguir	um	conjunto	de	regras	escritas	e	consagradas	
(um	Código).
Ética	–	em	pesquisa	ou	em	qualquer	contexto	–	tem	a	ver	com	diálogo:	é	o	diálogo	
entre	o	pesquisador	e	os	outros	atores	envolvidos	na	pesquisa.	Note	que	não	falamos	
em	“objeto”	de	pesquisa,	como	normalmente	acontece,	porque	nem	sempre	a	pesqui-
sa	é	sobre	um	objeto,	mas	sobre	outras	pessoas.	E	pessoas	nunca	são	objetos	–	nem	de	
pesquisa.	Esse	é	um	ponto	importante	e	bom	início	de	reflexão	ética.
Mas	já	lançamos	vários	pontos	de	reflexão	de	uma	vez.	Vamos	nos	deter	um	pouco	
em	cada	um	dos	aspectos	apresentados.
Quando	se	fala	em	ética,	pensa-se	logo	em	um	conjunto	de	princípios	e	parâmetros	
de	conduta.	De	fato,	a	ética	é	como	um	fundamento,	um	alicerce	assentado	sobre	o	
modo	de	ver	o	mundo.	Ela	é	formada	por	um	conjunto	de	valoresnascidos	dessa	visão	
de	mundo,	e	desse	 fundamento	nascem	condutas,	 leis,	 crenças,	 atitudes,	normas	e	
sanções.
Vamos	dar	um	exemplo	elucidativo:	no	livro	do	Gênesis,	capítulo	4,	versículos	8	a	
10,	encontramos	a	passagem	em	que	Deus	pede	contas	de	Abel	a	Caim,	que	acabou	
de	matar	o	irmão.	Caim	responde	simplesmente:	“Por	acaso	sou	guardião	do	meu	ir-
mão?”.	Podemos	falar	aqui	em	uma	“ética	de	Caim”,	que	despreza	seu	semelhante	com	
tal	intensidade	que	nem	remorso	há	pelo	homicídio.
Uma	sociedade	pautada	pela	“ética	de	Caim”	não	se	importará	com	os	mendigos	nas	
calçadas,	com	as	guerras	no	outro	continente,	com	as	prisões	superlotadas,	com	per-
seguições	religiosas,	nem	mesmo	com	a	pesquisa	experimental	realizada	em	–	outros	
Ética na pesquisa 
e o lugar do 
pesquisador no mundo
2
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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–	seres	humanos.	Placebo	para	estudo	comparativo	em	mulheres	com	AIDS	na	África?	
Ah,	mas	é	lá	na	África!	Tudo	pelo	bem	da	aquisição	de	conhecimento.	Por	que	não	fa-
zer	estudos	em	presidiários,	negros	pobres,	idosos	sem	família	em	asilos	ou	pacientes	
de	hospitais	psiquiátricos?	Chegou	tarde:	 já	fizeram	tudo	isso	em	décadas	passadas,	
e	demorou	a	alguma	voz	vencer	a	ética	de	Caim	e	gritar	contra	essa	prática	antiética.
Infelizmente	a	sociedade	ainda	não	grita	pelo	Abel	de	hoje,	talvez	pelo	motivo	que	
o	Skank	apresentou:	“a	nossa	indignação	é	uma	mosca	sem	asas;	não	atravessa	a	janela	
de	nossas	casas”.	Menos	Caim	e	mais	São	Francisco	de	Assis,	eis	um	bom	fundamento	
ético.
Começa	 a	 se	perceber	 como	a	 ética	 está	 atrelada	 à	 visão	de	mundo.	Em	outras	
palavras,	 tais	 visões	definem	os	 sistemas	econômicos,	educativos,	 jurídicos	e,	 claro,	
científicos.	Qual	 é	o	mais	 importante	Ministro	de	Estado?	Todos	 vão	dizer	 que	 é	o	
da	Fazenda	(ou	Economia),	portanto	estamos	diante	de	uma	sociedade	que	valoriza	
muito	mais	um	orçamento	do	que	um	projeto	pedagógico	ou	o	patrimônio	cultural.	
Algum	leitor	dirá:	ora,	mas	como	levar	adiante	um	bom	projeto	pedagógico	ou	preser-
var	o	patrimônio	cultural	sem	recursos	financeiros?	Pois	é:	esse	já	não	escapa	mais	da	
armadilha	montada	pela	ética	subjacente.
Agora	faça	uma	enquete	e	pergunte	a	algumas	pessoas	se	são	felizes.	A	quem	res-
ponder	negativamente,	pergunte-lhe	por	quê.	Possivelmente	ela	responderá	que	lhe	
“falta”	 alguma	 coisa,	 e	 provavelmente	 vai	 se	 referir	 a	 algum	bem	material,	 ou	 seja,	
algo	a	ver	com	“ter”	ou	“não	ter”.	Logo,	temos	uma	sociedade	que	liga	o	conceito	de	
felicidade	diretamente	ao	conceito	de	“ter”.	E	um	grupo	que	mede	sua	felicidade	pela	
posse	e	propriedade	logicamente	será	consumista.	Haverá	os	que	oferecem	novos	e	
atraentes	 bens	de	 consumo	e	 aqueles	 que	 farão	o	possível	 para	 adquiri-los.	 Sendo	
assim,	que	ética	regula	as	atitudes	desse	grupo?	Quais	valores	estão	sustentando	esta	
sociedade?	Reflita	sobre	isso	e	sobre	sua	própria	visão	de	mundo.
Em	uma	sociedade	como	esta,	até	informação	e	conhecimento	passam	a	ser	pro-
duto	de	vitrine.	Será	que	esse	frenesi	por	aquisição	de	informação	cada	vez	em	maior	
quantidade	e	velocidade	não	é	produto	dessa	visão	de	mundo	do	“ter”?	Quando	foi	
que	a	quantidade	e	velocidade	da	informação	passaram	a	ser	mais	importantes	do	que	
a	qualidade	do	conhecimento?	Pense	a	respeito.
É	uma	 sociedade	que	privilegia	 a	 informação	 em	quantidade	 em	detrimento	da	
formação	de	qualidade	que	gera,	por	exemplo,	os	famosos	trabalhos	acadêmicos	“con-
trol	C,	control	V”.	Em	tempos	de	Internet,	aí	reside	um	perigo.	A	sociedade	industrial	
também	gerou	escolas,	cursos	e	monografias	produzidas	em	escala	e	comercializadas.
É	exatamente	por	esse	motivo	que	afirmamos,	 lá	no	 início,	que	onde	está	a	sua	
visão	de	mundo	e	de	conhecimento,	lá	estará	sua	ética.
27
Mas	dissemos	 também	que	 a	 ética	 é	bem	mais	do	que	uma	antologia	de	 regras	
de	conduta	codificadas;	pois	embora	várias	categorias	tenham	seu	Código	de	Ética	–	
como	médicos,	dentistas,	 jornalistas,	etc.	–	esses	“mandamentos”	não	dão	conta	de	
responder	às	demandas	da	dinâmica	da	prática	profissional.	É	preciso	seguir	a	 lei	e	
observar	as	normas	codificadas,	mas	ter	sempre	em	mente	que	a	ética	é	mais	ampla	e	
profunda.
gente não é objeto
Falemos	agora	do	objeto	e	dos	“atores”	de	uma	pesquisa.
No	próximo	capítulo,	o	leitor	conhecerá	mais	sobre	um	projeto	de	pesquisa	e	sabe-
rá	como	elaborar	um.	Até	lá,	deverá	ter	bem	claro	em	mente	que	tipo	de	conhecimento	
procura	e	em	que	bases	filosóficas	(pois	Filosofia	é	a	base	da	Ética)	irá	buscá-lo.	Por	
isso	é	tão	importante,	ao	iniciar	uma	pesquisa,	ter	clareza	de	objetivos.
Normalmente,	fala-se	em	um	sujeito	(o	pesquisador)	diante	de	um	objeto	de	pes-
quisa.	Seja	qual	for	a	área	de	conhecimento,	sempre	se	fala	em	objeto:	a	intertextua-
lidade	nos	contos	de	Machado	de	Assis	pode	ser	um	objeto	de	pesquisa.	A	utilização	
das	histórias	em	quadrinhos	no	letramento	pode	ser	outro.	A	presença	do	discurso	
religioso	no	jornalismo	científico	é	um	objeto	intrigante.	E	os	mitos	familiares	no	ál-
bum	de	fotografia?	Guardariam	relação	com	os	antigos	mitos	greco-romanos?	Eis	mais	
um.	Já	a	percepção	do	tempo	pelo	homem	medieval	é	outro	válido	objeto	de	pesquisa.	
E	assim	por	diante.
Qual	seria	o	objeto	de	pesquisa	de	um	psicólogo	que	observa	a	hiperatividade	de	
um	grupo	de	crianças?	Lembre-se:	sua	resposta	denuncia	sua	ética,	e	sua	ética	orienta	
seu	comportamento	e	sua	pesquisa.
Se	sua	resposta	foi:	“ora,	o	objeto	de	pesquisa	são	as	crianças”,	nota	zero	para	você.	
Um	equívoco	comum	na	pesquisa	moderna	é	considerar	seres	humanos	como	objeto	
de	pesquisa.	Há	um	nome	para	isso:	desumanização.	E,	como	vimos,	uma	ética	que	
reduz	seres	humanos	a	objetos	de	pesquisa	pode	autorizar	pesquisas	muito	pouco	hu-
manas	–	uma	redundância	proposital,	para	fixar	bem	a	ideia.	Em	outras	palavras:	seres	
humanos	são	sempre	sujeitos	de	pesquisa,	seja	em	que	ponta	dela	estiverem.
Entretanto,	se	você	respondeu	que	o	objeto	da	pesquisa	é	o	comportamento	hipe-
rativo,	você	–	por	um	artifício	intelectual	–	separou	o	objeto	de	estudo	da	pessoa	estu-
dada.	Isso	é	típico	da	ciência	cartesiana	(que	você	deve	ter	visto	no	primeiro	capítulo),	
ou	seja,	uma	ciência	que	entende	que	é	preciso	“separar	em	pedaços”	para	estudar,	
compreender	e	atuar	sobre	o	objeto	–	esse	é	o	conhecimento	do	médico	especialista,	
que	trata	o	ser	humano	por	partes,	ignorando	muitas	vezes	o	conjunto.	Mas	será	possí-
vel	separar	o	comportamento	hiperativo	da	criança	dela	mesma?	Ou	seja,	voltamos	ao	
ética na pesquisa 
e o lugar do 
pesquisador no mundo
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
28
ponto	inicial	da	possível	e	nada	recomendável	desumanização.
Dificilmente,	porém,	você	encontrará	algum	livro	de	metodologia	de	pesquisa	que	
escape	a	essa	visão	de	ciência	cartesiana.	Além	disso,	ela	é	aceita	pela	maioria	da	comu-
nidade	científica	e	acadêmica.	Assim,	tendo	em	mente	esse	alerta	contra	a	desumani-
zação	da	pesquisa	e	da	ciência,	vamos	em	frente,	paralelo	ao	esquema	de	justificativa,	
hipóteses,	objetivos	gerais	 e	específicos,	metodologia,	 etc..	Cabe,	 contudo,	 lembrar	
que	esse	é	mais	um	modelo	baseado	em	determinada	visão	de	mundo	–	mas	não	a	
única	e	verdadeira.
Mas	 voltemos	 aos	 outros	 elementos	 de	 um	projeto	 de	 pesquisa.	 Provavelmente	
você,	pesquisador,	dentro	desse	modelo	de	projeto	de	pesquisa,	tem	mais	facilidade	
em	definir	e	elaborar	um	ou	outro.	Conhecemos	uma	professora	que	adora	fazer	jus-
tificativas	longas	e	rebuscadas.	Muitos	dirão	que	tudo	tem	sentido	apenas	a	partir	das	
hipóteses,	que	serão	ou	não	confirmadas.	Esse,	por	exemplo,	é	um	raciocínio	positi-
vista,	ou	seja,	preocupado	com	resultados.	Diante	da	expectativa	de	um	novo	princípio	
ativo	qualquer,	pergunta-se:	será	que	essa	substância	poderá	se	tornar	um	eficaz	re-
médio	contra	–	digamos	–	a	depressão?	Só	uma	pesquisa	positivista	o	dirá.	Se	for	bem	
sucedida,	a	indústria	transformará	o	conhecimento	científicoem	produto	tecnológico	
e,	por	consequência,	um	bem	de	consumo	–	saúde	para	quem	puder	pagar.	Se	não,	
será	condenada	ao	esquecimento.
Estamos	diante	de	uma	ética	(de	pesquisa)	de	resultados,	sem	falar	na	ética	do	con-
sumo,	a	que	já	nos	referimos.	Dirão	uns:	e	daí	que	para	testar	o	medicamento	usaremos	
placebo	em	cem	pessoas?	Pense	nos	milhões	que	serão	beneficiados.	Apresentamos-lhe	a	
ética	utilitarista.	Ela	lhe	parece	razoável?	Sim,	parece	justo	somente	quando	o	observador	
está	em	uma	posição	confortável.	Agora	imagine	que	você	acabou	de	ver	duas	vans	esco-
lares	caírem	em	um	rio	e	as	portas	só	abrem	por	fora.	Em	uma	estão	15	crianças;	na	outra,	
só	uma:	o	seu	filho.	Não	há	tempo	para	abrir	as	duas.	Você	vai	ser	utilitarista	também?
Para	outros	pesquisadores,	o	importante	não	é	provar	nada,	mas	apenas	descrever	
ou	constatar	uma	situação.	Todavia,	naquela	visão	cartesiana	que	mencionamos,	o	mais	
importante	é	a	metodologia.	Afinal	–	argumenta-se	–	como	saber	se	o	conhecimento	
adquirido	é	confiável	se	não	é	confiável	o	método	que	ajudou	a	chegar	lá?	Pergunta	
sem	saída?	Não	necessariamente,	é	tudo	–	sempre	–	uma	questão	de	visão	das	coisas.
Por	outro	lado,	há	os	pesquisadores	que	partem	de	uma	teoria	“consagrada”.	Essa	
conduta	também	envolve	perigos,	pois	nem	sempre	a	tradição	dá	conta	de	fornecer	os	
conhecimentos	buscados.	Na	verdade,	recomendamos	enfoques	multidisciplinares.	É	
preciso	lembrar	que	uma	teoria	é	igualmente	um	ponto	de	vista,	por	melhor	que	seja.
Tampouco	pode	o	pesquisador	se	ancorar	na	objetividade	de	sua	pesquisa,	juran-
do	por	Deus	que	não	 interfere	nem	um	pouquinho	nos	 resultados.	 A	objetividade	
29
na	pesquisa	é	um	mito,	assim	como	a	objetividade	do	jornalista	que	reporta	um	fato.	
Todo	texto	(verbal	ou	não)	é	uma	leitura	de	mundo.	Certa	vez,	alguns	pesquisadores	
estudavam	algumas	cavernas.	Mas,	de	tanto	entrarem	e	passarem	longos	períodos	lá	
dentro,	fizeram	a	taxa	de	gás	carbônico	naqueles	locais	subir	muito	acima	das	condi-
ções	naturais.	A	diferença	começou	a	agir	sobre	o	ambiente,	alterando-o.
A	simples	presença	do	pesquisador	pode	mudar	tudo,	principalmente	se	ele	carre-
ga	algum	artefato	de	registro,	como	um	gravador	ou	câmera	(fotográfica	ou	de	vídeo),	
no	 caso	de	pesquisa	 com	outros	 seres	 humanos.	Um	 simples	 caderninho	de	notas	
já	 pode	 constranger	 o	 sujeito	 pesquisado.	 A	 possibilidade	 de	 interferência	 só	 pela	
pesquisa	é	chamada	de	paradoxo do pesquisador	ou	paradoxo do observador	 (cf.	
sugestões	de	leitura).
Lembra	do	psicólogo	 estudioso	da	hiperatividade?	 Ele	 fazia	 aquela	pesquisa	 em	
que	não	interfere	no	cenário	sob	hipótese	alguma.	As	crianças	estão	se	batendo?	Ele	
só	observa.	Vai	derrubar	a	estante	em	cima	do	outro?	Só	anota.	Olha	lá,	rachou	a	testa!	
Escreve	no	caderninho.	Parece	cruel?	Pois	é,	 tem	seus	 fundamentos	científicos:	é	o	
pesquisador-observador.	Mas	que	ciência	é	essa?	Essa	é	sua	reflexão.
Ocorre	que,	via	de	regra,	as	metodologias	de	pesquisa,	herdeiras	do	pensamento	
cartesiano	apoiam-se	nas	teorias	objetivistas	ou	subjetivistas.	Ou	seja,	existem	aquelas	
que	dão	importância	suprema	ao	objeto	de	pesquisa	(como	um	documento	histórico),	
considerando	o	sujeito	da	pesquisa	como	um	elemento	neutro.	Outra	corrente	vai	ao	
outro	extremo	e	afirma	categoricamente	que	o	que	se	estuda	se	muda.	É	o	pensamen-
to	 subjetivista,	que	diz	 também	que	 todo	conhecimento	é	um	ponto	de	vista.	Uma	
terceira	vertente	tenta	conciliar	as	anteriores.	Ao	pesquisador	cabe	conscientemente	
escolher	a	sua,	sabendo	que	sobre	essa	escolha	toda	sua	pesquisa	estará	fundamentada	
e,	portanto,	alguns	resultados	podem	até	ser	previstos	de	antemão.
Uma	das	obrigações	irrefutáveis	do	pesquisador	é	retornar	ao	grupo	pesquisado,	
expor	e	discutir	com	ele	os	resultados	de	sua	pesquisa.	Isso	faz	parte	da	humanização,	
porque	do	contrário	seria	considerar	as	pessoas	meros	objetos	de	pesquisa.	Contudo,	
também	é	obrigação	do	pesquisador,	antes	e	no	momento	da	pesquisa,	informar	clara-
mente	o	que	e	porque	está	fazendo.
Agora	imagine	um	pesquisador	de	fenômenos	linguísticos	chegando	a	um	infor-
mante	da	zona	rural	e	dizendo:	“Oi,	vim	ver	e	gravar	como	é	que	o	senhor	fala	os	
plurais	 e	 conjuga	 os	 verbos”.	Obviamente,	 sabendo	 disso,	 o	 sujeito	 vai	 cuidar	 do	
modo	como	fala,	o	que	vai	viciar	irremediavelmente	a	pesquisa.	No	policiamento	da	
própria	 linguagem,	ele	pode	até	provocar	o	fenômeno	da	hipercorreção,	que	seria	
como	dizer	assim:	“Temos	que	jantarmos	logo	que	anoitece”.	Como,	então,	resolver	
esse	paradoxo?	Em	casos	como	a	pesquisa	linguística,	é	preciso	dizer	ao	informante	
ética na pesquisa 
e o lugar do 
pesquisador no mundo
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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que	se	trata	de	uma	pesquisa	linguística,	mas	não	delimitar	o	fenômeno	pesquisado,	e	
utilizar	um	instrumento	bastante	abrangente:	gravar	horas	e	horas	de	conversa	sobre	
todos	os	assuntos	imagináveis.	Foi	assim	que	fizeram	muitos	dos	pesquisadores	em	
Linguística.
uMa proposta bioética
Para	enriquecer	sua	reflexão	sobre	Ética,	sugerimos	ainda	uma	de	suas	vertentes	
mais	atuais:	a	Bioética.
Há	mais	de	uma	década,	no	Brasil,	 tem	se	 falado	em	Bioética.	Normalmente	ela	
aparece	quando	o	assunto	 são	as	novas	 tecnologias	ou	 temas	 ligados	aos	extremos	
da	vida	transgênicos,	reprodução	assistida,	aborto	e	eutanásia.	O	que	é	essa	Bioética?	
Uma	ética	da	vida?
A	Bioética	é	uma	proposta	de	levar	a	Ética	a	um	nível	mais	elevado	ainda,	sob	um	
enfoque	contemporâneo	e,	portanto,	multidisciplinar.	Em	outras	palavras,	trata-se	de	
levar	muito	a	sério	a	ideia	do	“outro”,	e	cultivar	como	fundamentos	éticos	a	tolerância	
e	o	respeito	à	diversidade	–	moral	e	cultural.
A	Bioética	é	 também	uma	proposta	de	uma	visão	crítica	de	mundo	(de	valores)	
em	oposição	a	ideologias	fechadas	e	dogmas.	À	Bioética	não	interessam	divisões,	mas	
somas;	união	de	pensamentos	diferentes.
Ela	se	apresenta	como	uma	grande	possibilidade	aberta	de	resolver	aqueles	mes-
mos	problemas	que	têm	afligido	a	Humanidade	desde	sempre,	como	a	 fome,	a	do-
ença,	 a	 iniquidade,	 a	 injustiça,	o	egoísmo;	assim	como	os	males	mais	novos,	 como	
a	destruição	dos	recursos	naturais,	a	divinização	da	tecnociência,	o	materialismo	e	a	
absolutização	do	relativo.
Um	dos	grandes	méritos	da	Bioética,	sob	esse	ponto	de	vista,	é	provocar	a	reflexão	
de	pensadores	de	todas	as	áreas,	pois	ninguém	pode	se	furtar	de	pensar	sobre	a	vida,	a	
saúde,	o	meio	ambiente,	a	tecnologia	e	as	gerações	futuras.	Somente	exercendo	o	pensa-
mento	o	homem	pode	amadurecer,	e	a	Bioética	oferece	um	caminho	para	o	pensamento.
Abordar	os	novos	problemas	de	forma	contemporânea,	eis	o	que	a	Bioética	pro-
põe.	A	repetição	de	respostas	tradicionais	pode	se	revelar	inadequada	e	é	aí	que	entra	
a	Bioética:	 incentivando	novos	níveis	de	 reflexão	e	discussão	que	possam	conduzir	
a	 soluções	mais	 adequadas.	Não	 se	 está	 desprezando	o	 conhecimento	do	passado.	
Pelo	contrário,	põe-se	a	memória	histórica	como	base	do	caráter	 interdisciplinar	da	
Bioética.
Ao	final,	entre	as	sugestões	de	leitura,	apresentamos	algumas	sobre	Bioética.
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ética na pesquisa 
e o lugar do 
pesquisador no mundo
para Finalizar...
Se	depois	de	toda	esta	reflexão	ainda	pairam	muitas	dúvidas	sobre	a	ética,	não	se	
preocupe.	No	início,	era	mesmo	o	Caos.	Ética	também	é	uma	questão	de	exercício,	
portanto	é	preciso	praticá-la	regular	e	insistentemente.	Também	dissemos	que	Ética	é	
diálogo,	por	isso	um	dos	melhores	exercícios	é	dialogar	com	o	outro,	entendendo	“di-
álogo”	no	sentido	mais	amplo	possível,	isto	é,	conversar	consigo	mesmo,	com	o	outro,	
colocar-se	no	lugar	do	outro,	experimentar	o	que	o	outro	conhece,	e	assim	por	diante.	
O	importante	é	não	agir	sem	reflexão.	Abaixo,	também	deixamos	algumas	sugestões	de	
leitura	para	que	você,	leitor,	dialogue	com	elas.
Ah,	sim,	não	esquecemos	que	prometemos	outro	conselho	ao	final	deste	capítulo.	
E	o	conselho	é	este:	na	dúvida	sobreo	seu	comportamento	ético	em	pesquisa,	siga	
este	–	seja	honesto	sempre:	honesto	consigo	mesmo,	com	seu	próprio	projeto,	com	
seu	objeto	de	pesquisa,	com	seus	parceiros,	com	seus	métodos	e	técnicas,	com	seus	
resultados	e	com	suas	avaliações.	Assim	provavelmente	errará	menos.
ARANHA,	Maria	Lúcia	de	Arruda;	MARTINS,	Maria	Helena	Pires.	Filosofando:	
introdução	à	Filosofia.	São	Paulo:	Moderna,	2000.
BERNARD,	Jean.	A bioética.	São	Paulo:	Ática,	1998.
BRASIL.	Normas	de	pesquisa	envolvendo	seres	humanos	(Resolução	CNS	196/96).	
Bioética,	Brasília,	v.	4,	n.	2,	1996.	Suplemento.
CENCI,	Ângelo	Vitório.	O que é Ética.	Passo	Fundo:	Ed.	do	Autor,	2000.
CHAUÍ,	Marilena.	Convite à Filosofia.	São	Paulo:	Ática,	2000.
GUIMARÃES,	Eduardo	(Org.).	Produção e circulação do conhecimento:	política,	
ciência,	divulgação.	Campinas,	SP:	Pontes,	2003.
MARCONDES	FILHO,	Ciro.	Até que ponto, de fato, nos comunicamos?	São	Paulo:	
Paulus,	2004.
Referências
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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PROTA,	Leonardo;	SIQUEIRA,	José	Eduardo	de;	ZANCANARO,	Lourenço	(Org.).	
Bioética:	estudos	e	reflexões	2.	Londrina:	EDUEL,	2001.
SINGER,	Peter.	Vida Ética.	Rio	de	Janeiro:	Ediouro,	2002.
TARALLO,	Fernando.	A pesquisa sociolingüística.	São	Paulo:	Ática,	1994.
VIEIRA,	Maria	do	Pilar	de	Araújo	et	al.	A pesquisa em História.	São	Paulo:	Ática,	
1998.
Comentários sobre as referências
ARANHA,	Maria	Lúcia	de	Arruda;	MARTINS,	Maria	Helena	Pires.	Filosofando:	 introdução	à	
Filosofia.	São	Paulo:	Moderna,	2000.
	 Ótima	 leitura	 para	 quem	 inicia	 no	 estudo	 do	 pensamento	 filosófico.	 Aborda	 conceitos	
fundamentais	como	conhecimento,	ciência,	moral,	estética,	em	uma	perspectiva	histórica.	
Utiliza	várias	 formas	de	expressão	para	a	 reflexão,	como	textos	 literários	e	histórias	em	
quadrinhos.	Todas	as	unidades	terminam	com	exercícios.
BERNARD,	Jean.	A bioética.	São	Paulo:	Ática,	1998.
	 Panorama	geral	da	Bioética,	sua	relação	com	a	Medicina,	Biologia,	Ética.	Descreve	e	analisa	
essa	proposta,	delimitando	suas	fronteiras	com	a	Filosofia,	História,	Cultura	e	Política.
BRASIL.	Normas	de	pesquisa	envolvendo	seres	humanos	(Resolução	CNS	196/96).	Bioética,	
Brasília,	v.	4,	n.	2,	1996.	Suplemento.
	 Dispositivo	 legal	 que	 regulamenta	 a	 pesquisa	 em	 seres	 humanos	 de	 qualquer	 área	 do	
conhecimento.
CENCI,	Ângelo	Vitório.	O que é Ética.	Passo	Fundo:	Ed.	do	Autor,	2000.
	 Trata	 das	 origens	 da	 ética	 ocidental,	 as	 formas	 do	 saber	 ético,	 especificidades	 da	 ética,	
normais	morais,	jurídicas	e	religiosas,	assim	como	outros	aspectos	referentes	aos	funda-
mentos	éticos,	como	a	universalidade,	a	evolução	e	a	prova	moral	e	ética;	senso	comum,	
responsabilidade	moral,	liberdade,	ideologia	e	limites	da	ética.
CHAUÍ,	Marilena.	Convite à Filosofia.	São	Paulo:	Ática,	2000.
	 Filosofia,	razão,	verdade,	conhecimento,	metafísica,	ciência	e	o	mundo	da	prática	são	al-
guns	dos	grandes	temas	abordados.	Cada	parte	termina	com	exercícios	propostos.	Ques-
tões	como	memória,	imaginação,	linguagem,	cultura,	arte,	ética,	liberdade	e	política	são	
expostas	à	luz	da	Filosofia.
33
GUIMARÃES,	Eduardo	(Org.).	Produção e circulação do conhecimento:	política,	ciência,	
divulgação. Campinas, SP: Pontes, 2003.
	 Livro	que	reúne	uma	série	de	artigos	e	está	dividido	em	três	partes.	A	primeira	(A	ciência	
e	sua	circulação)	e	a	terceira	(Produção	de	conhecimento	e	Estado)	são	úteis.	O	volume	I	
(mesmo	organizador	e	editora)	também	vale	como	leitura	complementar.
MARCONDES	FILHO,	Ciro.	Até que ponto, de fato, nos comunicamos?	São	Paulo:	Paulus,	
2004.
	 Apesar	de	dirigido	mais	às	áreas	de	Comunicação	e	Filosofia,	é	recomendável	às	demais,	
pois	todas	–	direta	ou	indiretamente	–	têm	ligação	com	aquelas	duas.	Traz	na	primeira	par-
te	um	claro	panorama	das	correntes	históricas	de	pensamento	filosófico	(bom	para	quem	
nunca	se	aprofundou	em	Filosofia),	da	Antiguidade	até	nossos	dias.	Na	segunda,	com	base	
na	Filosofia,	discute	se	realmente	o	homem	contemporâneo	comunica.
PROTA,	Leonardo;	SIQUEIRA,	José	Eduardo	de;	ZANCANARO,	Lourenço	(Org.).	Bioética:	es-
tudos	e	reflexões	2.	Londrina:	EDUEL,	2001.
	 Obra	que	reúne	artigos	de	profissionais	de	diversas	áreas	(Medicina,	Enfermagem,	Jornalis-
mo,	Serviço	Social,	Psicologia,	Biologia,	Odontologia)	que	trazem	fundamentos	bioéticos	
aplicados	em	problemas	da	prática	de	cada	um,	somadas	às	 reflexões	filosóficas.	Vários	
trabalhos	foram	apresentados	no	Congresso	Mundial	de	Bioética	(Brasília,	2002).
SINGER,	Peter.	Vida Ética.	Rio	de	Janeiro:	Ediouro,	2002.
	 Polêmico	filósofo	da	atualidade,	o	autor	discute	a	natureza	da	ética	e	aborda	temas	como	
a	fome,	a	riqueza	e	a	moralidade;	pesquisas	com	embrião,	aborto,	eutanásia	e	a	pesquisa	
em	animais,	entre	outros	tópicos.	Singer	contesta,	por	exemplo,	o	especismo	–	a	ideia	de	
que	o	homem,	enquanto	espécie,	tem	o	direito	de	dispor	de	outras	para	seus	propósitos,	
incluindo	a	pesquisa	científica.
TARALLO,	Fernando.	A pesquisa sociolingüística.	São	Paulo:	Ática,	1994.
	 Embora	 voltado	mais	para	 a	pesquisa	 linguística,	 abrange	 aspectos	que	 vão	 além	dessa	
área.	É	nele,	por	exemplo,	que	se	fala	do	“paradoxo	do	observador”.	A	pesquisa	em	Lin-
guística	enfrentou	problemas	semelhantes	aos	de	outras	áreas.
	VIEIRA,	Maria	do	Pilar	de	Araújo	et	al.	A pesquisa em História.	São	Paulo:	Ática,	1998.
	 Semelhantemente,	 apesar	de	 ser	 voltado	mais	 à	pesquisa	histórica,	dá	 lições	 e	provoca	
reflexão	do	pesquisador	ao	questionar	determinadas	posturas	científicas.	Discute	as	fontes	
e	os	passos	da	pesquisa	(incluindo	problematização,	delimitação	do	tema,	etc.)	e	aborda	
até	a	relação	entre	professor-orientador	e	aluno.
ética na pesquisa 
e o lugar do 
pesquisador no mundo
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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1)	 Reúna	recortes	de	jornais	e	revistas	sobre	algum	assunto	que	ganhou	destaque	em	todos	
eles.	Observe	as	manchetes	e	as	fotografias,	se	houver.	Repare	as	semelhanças	e	diferenças	
de	enfoque.	Procure	identificar	as	ideologias	presentes	nos	textos	e	o	fundamento	ético	
por	trás	delas.	Procure	também	identificar	ideologias	ausentes	e,	portanto,	éticas	ausentes.	
Em	um	 segundo	momento,	 estabeleça	 um	diálogo	–	 apresente	 seus	 argumentos	 a	 um	
interlocutor	ou	grupo	e	promova	uma	discussão.	Procure	observar,	nos	argumentos	dos	
outros,	que	ética	os	fundamenta.
2)	 Tente	fazer	o	mesmo	exercício	com	anúncios	publicitários	e	observar	o	que	eles	valorizam	
ou	desvalorizam	em	seus	textos	e	imagens:	corpo	humano;	sentidos	físicos;	cores;	senti-
mento	familiar;	condição	econômica;	prazer;	satisfação	de	desejos.	Depois	tente	expandir	
a	observação	para	novelas,	filmes	e	livros.
3)	 Passeie	pelos	espaços	da	sua	cidade	e	observe	a	organização	das	coisas:	quem	é	privilegia-
do	e	quem	fica	em	segundo	plano.	Pergunte-se	por	quê.	Observe	o	espaço	dedicado	ao	
verde,	aos	animais,	idosos,	pedestres.	Note	as	sinalizações,	as	filas,	as	vitrines,	os	agrupa-
mentos	de	pessoas.	Qual	lógica	e	quais	regras	estão	sob	esta	organização	espacial?
4)	 Pense	sobre	esse	pequeno	problema:	você	atropela	um	cachorro	sem	querer.	Você	o	leva	
ao	veterinário	e	o	devolve	ao	dono,	tratado.	Se	não	socorresse	o	cachorro,	você	provavel-
mente	se	sentiria	mal.	Eis	a	questão	então:	você	o	ajudou	por	ele	(que	sofria)	ou	por	você	
mesmo	(para	evitar	o	mal	estar	da	culpa)?	Ou	sequer	ajudaria?	Que	ética	é	essa?
5)	 Faça	uma	autoavaliação	ética.	Pense	em	que	se	baseiam	suas	decisões	quanto	à	família,	ao	
trabalho,	ao	grupo	social.	Analise	em	que	se	fundamentam	suas	opiniões	sobre	as	grandes	
questões,	como	espiritualidade,	justiça	social,	liberdade,	verdade,	amor,	ciência,	conheci-
mento,	ecologia,	moral,	ética.	Como	você	define	esses	valores?	Será	que	você	é	dogmático	
em	algum(ns)	desse(s)	aspectos?
Proposta de Atividade
1) Cobaias Humanas: Mostra	o	caso	real	ocorrido	em	Tuskgee	(Alabama/EUA),	em	que	cen-
tenas	de	pessoas	sifilíticas,	negras	e	pobres,	tiveram	negado	o	acesso	à	penicilina	porque	
as	autoridades	sanitárias	americanas	queriam	descobrircomo	a	doença	evoluiria	natural-
mente	sem	tratamento.	O	caso	só	foi	denunciado	depois	de	três	décadas,	nos	anos	1970.	
Também	existe	o	livro.
2) Jenipapo:	Filme	brasileiro	com	um	protagonista	americano,	que	faz	o	papel	de	um	jorna-
lista	que	tenta	uma	entrevista	com	um	padre	ligado	ao	movimento	sem-terra.	Como	não	
consegue	a	entrevista,	mas	conhece	o	padre	muito	bem,	ele	inventa	a	entrevista	e	publica,	
o	que	põe	em	perigo	a	vida	do	padre	pelas	mãos	dos	latifundiários.
Sugestões de filmes com problemas éticos:
35
3) Projeto Secreto - Macacos:	Discute	a	pesquisa	em	animais.	Soldado	vai	trabalhar	em	um	
laboratório	do	Exército	americano,	onde	presencia	experiências	com	animais	para	testar	a	
resistência	de	seres	vivos.	Sugestão	para	debate	somado	à	leitura	do	livro	de	Peter	Singer	
(cf.	sugestões	de	leitura).
4) Erin Brockovich, uma Mulher de Talento:	Mulher	descobre	poluição	na	água	consumida	
por	uma	população	e	denuncia	indústria.	Interesses	corporativos	e	públicos	se	confrontam	
enquanto	a	investigação	vai	aos	poucos	mobilizando	a	comunidade.
5) Mera coincidência:	Exemplo	de	construção	de	realidade	com	consequências	éticas.	A	fim	
de	desviar	a	atenção	do	público	de	um	escândalo	envolvendo	o	presidente	norte-america-
no,	uma	equipe	de	profissionais	de	relações	públicas	contrata	um	cineasta	para	criar	uma	
guerra	fictícia.	Mera	coincidência?
6) E a vida continua:	Mostra	os	primeiros	anos	de	pesquisa	sobre	a	AIDS	nos	EUA	e	as	dificul-
dades	em	avançar.	Os	primeiros	debates	foram	marcados	pelos	preconceitos	e	desconhe-
cimento	da	doença	(o	que	naturalmente	gerou	muita	especulação),	além	de	tentativas	de	
isenção	de	responsabilidade	ou	envolvimento	de	algumas	agências	governamentais.
Anotações
ética na pesquisa 
e o lugar do 
pesquisador no mundo
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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Anotações
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Raymundo de Lima
“Como se deve palmilhar a encosta? Sobe e não penses nisto.”
Nietzsche (A gaia ciência)
Um	professor	pede	que	os	alunos	“façam	uma	pesquisa”	junto	à	Internet.	Há	aque-
les	que	simplesmente	recortam	frases	dos	textos	encontrados	na	Internet	e	colam	em	
uma	folha,	como	se	fosse	seu,	muitas	vezes	sem	citar	a	fonte.	Aprendem,	assim,	a	fazer	
plágio1,	e	pensam	que	assim	fazem	pesquisa científica.	
Embora	não	sejam	cúmplices	do	crime	de	plágio,	alunos	e	professores	realizam	um	
duplo	engano:	o	professor,	porque	não	ensinou	a	distinção	entre	pesquisa	informal	
e	pesquisa	científica,	já	que	na	Internet	colhemos	dados,	artigos,	informações	sobre	
diversos	assuntos,	nem	sempre	confiáveis	e	originais;	o	aluno,	porque	deixou	se	levar	
pela	esperteza	aética,	desconsiderando	a	possibilidade	de	facilmente	ser	desmascara-
do	na	sua	falta.	
O	propósito	deste	capítulo	é	dirimir	alguns	equívocos	sobre	o que é pesquisar 
cientificamente,	o que é iniciação científica e qual o seu papel na formação 
universitária	
Bagno	(2005,	p.	17)	entende	que	o	chamado	“levantamento	de	estudos”,	até	pode	
ser	chamado	“pesquisa”,	assim	como	os	pequenos	gestos	que	empreendemos	no	dia-
a-dia:	uma	simples	consulta	no	relógio	para	ver	as	horas,	a	espiada	fora	da	 janela	a	
fim	de	observar	o	tempo,	a	batidinha	na	porta	do	banheiro	para	saber	se	tem	gente	
dentro,	conversar	com	alguém	para	saber	sobre	o	ambiente	de	trabalho,	enfim,	esses	
atos	podem	ser	considerados	pesquisa.	Evidentemente,	são	pesquisas	rudimentares,	
informais,	assistemáticas,	mas,	não	são	pesquisas científicas.	Há	ainda	outros	atos	mais	
elaborados,	 como	os	de	 “pesquisar”	uma	página	do	 jornal	de	 classificados	 em	que	
marcamos	os	anúncios	que	nos	interessam,	ou	sair	pelo	comércio	para	comprar	um	
1 O plágio também é considerado uma grave falta ética ou crime também na pesquisa científica. 
O que é iniciação à 
ciência e à pesquisa? 
3
Métodos e técnicas 
de pesquisa eM 
educação
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televisor	 tomando	o	cuidado	de	anotar	o	 tamanho,	modelo,	marca,	preço,	para	de-
pois	comparar	e	tomar	uma	decisão	nesses	casos,	também	podemos	dizer,	vulgarmen-
te,	que	estamos	fazendo	uma	pesquisa,	mas	também	não	se	trata	de	uma	“pesquisa	
científica”,	porque	não	realizamos	uma	investigação	sistemática,	projetada	e	orientada	
segundo	um	método	para	dar	continuidade	à	produção	do	conhecimento	científico	
acumulado	na	história	da	humanidade.
Existe,	ainda,	a	associação	da	pesquisa	com	enquete,	principalmente	em	época	de	
eleição	política.	 Assim,	um	 jornal,	 revista	ou	 televisão	perguntam	ao	público	 sobre	
algum	assunto	polêmico,	que	deve	 responder	de	modo	 fechado:	 sim	ou	não,	 favo-
rável	ou	desfavorável.	Em	seguida,	essas	respostas	são	transformadas	em	resultados:	
60%	disseram	“sim”,	40%	disseram	“não”.	Portanto,	a	enquete	é	um	tipo	de	pesquisa	
que	procura	averiguar	a	opinião	do	público.	Mas	não	podemos	considerá-la	“científi-
ca”,	salvo	se	for	desenvolvida	de	acordo	com	os	critérios	mencionados	no	parágrafo	
anterior.	
pesquisa: etiMologia e uso
Segundo	Bagno	(2005,	p.	17),	a	palavra	“pesquisa”	veio	até	nós	do	espanhol.	Este,	
por	sua	vez,	herdou-a	do	latim.	Havia	em	latim	o	verbo pesquiro,	que	significava	“pro-
curar;	 buscar	 com	cuidado;	procurar	por	 toda	parte;	 informar;	 inquirir;	 perguntar;	
indagar	bem,	aprofundar	na	busca”.	O	particípio	passado	desse	verbo	latino	era	per-
quisitum. Por	alguma	lei	da	fonética	histórica,	o	primeiro	“r”	se	transformou	em	“s”	na	
passagem	do	latim	para	o	espanhol,	dando	o	verbo pesquisar	que	conhecemos	hoje.	
Perceba	que	os	significados	desse	verbo	em	latim	insistem	na	ideia	de	uma	busca	
feita	com	cuidado e profundidade.	Nada	a	ver,	portanto,	com	atitudes	displicentes	
ou	sem	empenho	de	aprofundar	uma	investigação	cujo	resultado	demanda	uma	ela-
boração	sistemática	ou	metódica.	Desse	modo,	os	trabalhos	superficiais	de	busca	na	
Internet	(levantamento	de	artigos,	livros,	dados	estatísticos,	etc.),	cujo	resultado	é	a	
colagem	de	frases	em	uma	folha,	feitos	só	para	“conseguir	nota”,	não	podem	ser	ca-
racterizados	como	pesquisa	séria,	confiável	ou	científica.	Também	engana	ser	um	texto	
científico	que	faz	uso	de	slogans	e	falácias	ou	estratagemas	argumentativos,	visando	
intencionalmente	a	distorcer	explicações,	conduzir	o	leitor	para	uma	determinada	ide-
ologia	ou	até	aniquilar	um	suposto	adversário,	tornado	inimigo,	desqualificando-o	ou	
difamando-o.	
Especialmente	esse	é	mais	um	problema	das	ciências	humanas	e	sociais,	devido	a	
sua	 fragilidade	científica	e	maior	 interesse	político-ideológico	em	exercer	 influência	
como	 ‘deve	 ser	o	mundo’,	 em	vez	de	 ‘explicar	 como	o	mundo	é’	 (ARENDT,	1972;	
LIMA,	 2005).	No	Brasil,	muitas	 dessas	 pesquisas	 não	 contribuem	para	 o	 progresso	
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científico,	porque	estão	apenas	preocupadas	em	reproduzir	habitus2;	o	defeito	dessas	
“ciências”	ainda	é	o	seu	“abstracionismo	pedagógico”	(AZANHA,	1992)	ou	teoricismo,	
em	vez	de	investigar	a	realidade	concreta	ou	cotidiana	das	pessoas	em	seus	ambientes	
de	 trabalho	 (escola,	 universidade,	 empresa,	 etc.),	 lazer,	 etc.	 Em	 vez	de	 argumentar	
e	 demonstrar	 com	 clareza,	 coerência	 e	 consistência	 suas	 observações	 e	 ideias,	 elas	
tendem	a	se	valer	de	manobras	retóricas,	passando	por	cima,	por	exemplo,	do	alerta	
sobre	os	ídolos3	elaborados	por	F.	Bacon,	no	século	XVII,	que	em	certa	medida	ainda	
devem	ser	observados	na	contemporaneidade.	
Em	resumo,	há	que	considerar	tanto	o	sentido etimológico	da	pesquisa,	bem	como	
o	 seu	uso indiscriminado,	 que	 nem	 sempre	 deve	 ser	 considerado	 como	pesquisa 
científica.	
que signiFica pesquisa cientÍFica? 
	Pesquisar,	no	sentido	mais	amplo,	é	procurar	conhecer	algo	de	forma	sistemática.	
É	fazer	um	trabalho	de	investigação	minucioso	de	um	determinado	problema,	visando	
a	melhorar	o	seu	conhecimento	ou	contribuir	para	o	desenvolvimento	da	ciência.	“A	
pesquisa	é,	simplesmente,	o fundamento de toda e qualquer ciência”	(BAGNO,	2005,	
p.	 18).	 Logo,	um	conhecimento	que	não	 se	baseia	 em	pesquisa	 científica,	que	não	
apresenta	sinais	de	“avanços”	não	pode	ser	considerado

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