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DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL (LIVRO AULA)

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Maria Clara Cavalcante 
DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL
Termos importantes: 
• DTG – Doença trofoblástica gestacional 
• NTG – Neoplasia trofoblástica gestacional (20-30% 
dos casos de mola podem malignizar) 
DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL (DTG) 
Anomalia proliferativa que acomete as células que 
compõem o tecido trofoblásticoplacentário, cito e 
sinciotrofoblasto 
Conjunto de alterações que têm origem no tecido 
trofoblástico humano 
Compartilham antecedente de gravidez como achado 
comum 
• O BHCG é positivo 
Alteração histológica comum - proliferação anormal do 
epitélio trofoblástico, em formas mais ou menos 
diferenciadas 
• Citotrofoblasto 
• Sinciciotrofoblasto 
• Trofoblasto intermediário 
NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL (NTG) 
Formas histológicas que são capazes de invasão local e 
emissão de metástases 
Malignas 
Termo é mais utilizado nos casos em que não existe o 
diagnóstico anatomopatológico disponível 
CLASSIFICAÇÃO 
Nessa classificação são incluídas malformações das 
vilosidades coriônicas que predispõe o desenvolvimento de 
neoplasias malignas (mola hidatiforme) e as neoplasias 
trofoblásticas gestacionais (coriocarcinoma gestacional, 
tumor trofoblástico do sítio placentário e tumor 
trofoblástico epitelioide) 
 
DTG – Não sei se é maligno ou benigno 
• Se é benigno: Mola completa ou parcial 
NTG – Sei que é maligno, mas não sei o tipo 
• Tenho que realizar biópsia para poder nomear 
MOLA HIDATIFORME 
É uma doença trofoblástica 
• O vilão é a placenta: Ela pode produzir a função 
beta do BHCG e, se produz excessivamente, vai 
ocorrer uma proliferação anormal do trofoblasto 
COMPLETA X PARCIAL 
• Se diferenciam quanto aos aspectos histológicos, 
clínicos e genéticos 
➔ Fatores de risco: 
Menor nível socioeconômico: educação, acesso à saúde, 
qualidade de dieta (baixo consumo de carotenos, e gordura 
animal), características ambientais, maior incidência em 
países asiáticos e latinos 
Paridade (gravidez molar prévia) 
Contracepção oral: 
• Quem usa ACO tem menores chances de 
desenvolverem mola e quem não usa tem maiores 
chances 
Consaguinidade 
Extremos de idade reprodutiva: < 20 anos e > 40 anos 
Gestação molar prévia: 
• 40 x mais frequente 
Dietas hipoproteicas, ricas em carboidratos e ácidos graxos 
MOLA COMPLETA 
Não há desenvolvimento do embrião, membranas e cordão 
umbilical 
Histologicamente tem aspecto de “cacho de uva” 
(macroscópico) 
• Vilosidades alteradas 
• Dilatação hidrópica 
• Formação de cisterna central com líquido 
Sem hemácias fetais na vilosidade coriônica 
Principal característica histológica: 
• Hiperplasia difusa do citotrofoblasto e 
sinciciotrofoblasto 
Aspectos macroscópico e histológico: 
 
Maria Clara Cavalcante 
 
Ponto de vista genético: 
• Cromossomos exclusivamente de origem paterna 
• 46, XX (maioria dos casos) 
 
➔ Como ocorre? O óvulo vazio será fecundado por 
espermatozoide 23,X ocorrendo a duplicação do 
genoma do pai, originando a célula 46XX (cariótipo 
diplode) 
• 5-10% são 46XY e são originadas da fecundação do 
óvulo, que não tem carga genética, por dois 
espermatozoides contendo X e Y 
➔ Evolução 
• 20% evoluem para formas malignas de DTG 
MOLA PARCIAL 
Embrião ou feto malformado + placenta aumentada com 
vesículas 
Microscópio: 
• Vilosidades hidrópicas 
Sugestivo: 
• Inclusão do trofoblasto dentro do estroma (mas 
não é patognomônico) 
A hiperplasia é focal e limitada ao sinciciotrofoblasto 
(maioria) 
➔ Como ocorre? 90% são originadas da fecundação 
de um óvulo considerado normal por 2 
espermatozoides, originando uma célula triploide: 
• 69XXX ou 69XXY 
• Ou seja: fecundação de 1 óvulo por 2 
espermatozóides 
• E os 10%? Serão tetraploides 
90% podem ser diagnosticadas como abortamento 
Evolução: 
• Mais benigna que a completa (5% progridem) 
Aspecto histológico: 
 Tecido trofoblástico normal, 
que varia com o anormal – É uma alteração incompleta 
 
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS DUAS 
TIPO DE 
MOLA 
CARACTERÍSTICAS 
GENÉTICAS E 
PATOLÓGICAS 
 
CARACTERÍSTICAS 
CLÍNICAS 
Completa Diploide (46XX) 
Ausência de 
concepto 
Hiperplasia 
trofoblástica difusa 
(citro e sincício) 
Hidropsia vilosa 
difusa 
 
HCG >100.000 UI/L 
(geralmente) 
São mais comuns 
de resultarem em 
complicações 
clínicas 
Evolução para 
neoplasia de 15-
20% 
Parcial Triploide (69XXX ou 
69XXY) 
Concepto existe, mas 
é malformado 
Hiperplasia focal 
(sincício) 
Hidropsia vilosa focal 
 
HCG < 100.000 UI/L 
(geralmente) 
Complicações 
clínicas são mais 
raras 
Evolução para 
neoplasia <5% 
 
FISIOPATOLOGIA DAS GESTAÇÕES MOLARES 
 
DIAGNÓSTICO 
QUADRO CLÍNICO: 
O quadro típico vai depender da idade gestacional que foi 
feito o diagnóstico 
Sangramento genital - (sinal + comum) associado ou não ao 
atraso menstrual 
 
Maria Clara Cavalcante 
• Cor escura, em pequena quantidade e ocorre por 
volta da 8ª semana 
Eliminação de vesículas - (patognomônico) 
• Apesar de raro (pelo diagnóstico precoce) 
Dor abdominal 
• Pode ser acompanhada do sangramento 
• Geralmente no hipogástrio 
Vômitos - (por causa do aumento do HCG) 
Discordância entre volume uterino e atraso menstrual - 
(AFU bem mais alta que a IG) 
Ausência de movimentação fetal e BCF - (não audível) 
Cistos ovarianos (tecaluteínicos) > 6cm de diâmetro 
• Comuns em mola completa 
• Eles são originados da hiperestimulação ovariana, 
em consequência das concentrações altas de HCG 
DHEG com evolução para eclampsia 
• Em molas completas 
Sinais mais associados a molas volumosas: 
• Sinais de hipertireoidismo (pele úmida, 
taquicardia, tremores) 
• Hiperêmese gravídica 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
Dosagem de BHCG quantitativo 
Ultrassonografia (+ usado) 
• O aspecto ecográfico depende da IG e tamanho 
das vesículas 
• Padrão mais descrito: “Múltiplas áreas anecoicas 
e ecos amorfos – imagem em “flocos de neve” ou 
“cacho de uva” – Mas podem estar ausentes na 
mola parcial ou completa inicial 
• Mola parcial – Alterações podem ser mais sutis ou 
focais, pode-se identificar o feto vivo ou morto. 
Pode achar placenta espessada, hiperecoica e/ou 
presença de imagens císticas, concepto com RCIU 
e malformações estruturais 
Gonadotrofina coriônica (HCG): 
• Glicoproteína 
• Produzida pelo trofoblasto 
• Níveis muito elevados na mola > 100-200 mil (+ 
sugestivo) – Porém, níveis elevados também são 
achados em gravidez gemelar 
 Mola completa – “flocos de neve” 
(endométrio preenchido por tecido placentário, com 
imagens anecoicas e ecomorfos de suspensão) 
Mola 
parcial – Placenta com aumento de tamanho e com pontos 
pretos (a placenta é a cinza e os pontos pretos são as 
“molas”) 
 Presença de cistos tecaluteínicos 
Diagnóstico clínico: 
• Anamnese + especular + toque 
Diagnóstico complementar: 
• USTV ou pélvica + BHCG quantitativo 
Dica de ordem para seguir: 
1. Anamnese 
2. Exame especular (em casos de queixa de 
sangramento e dor) 
3. Exame de toque no colo 
4. USTV 
5. Dosagem de BHCG quantitativo 
CONDUTA: 
Focada no diagnóstico e compensação clínica das 
comorbidades associadas 
Em toda mola hidatiforme devo pedir: 
• Fator RH e tipagem sanguínea 
• Se mãe RH - : Fazer imunoglobulina, pois não sei a 
tipagem da mola 
Anamnese detalhada com exame físico minucioso: Anemia, 
Hipertireoidismo, hiperêmese e DHEG 
Laboratório: Peço de acordo com o quadro da paciente 
• Hemograma, eletrólitos, TSH + T4L, βhCG, Ur, Cr, 
coagulograma, TGO, TGP, Tipagem sanguínea • 
USG Abdome total* e RX tórax 
 
Maria Clara Cavalcante 
Mas afinal, o que fecha o diagnóstico? USTV + BHCG 
quantitativo 
COMPLICAÇÕES: 
Quando fechado o diagnóstico de mola, devo pesquisar 
logo possíveis complicações, como: 
• Crise tireotóxica 
• Pré-eclâmpsia 
• Hiperêmese gravídica 
• Cistos ovarianos 
TRATAMENTO 
➔Esvaziamento molar: 
Antes do esvaziamento deve-se corrigir condições, como 
anemia, tireotoxicose, hipotensão ou hipertensão 
Solicitação de exames laboratoriais (sobretudo dosagem de 
HCG, hemograma, coagulograma, função tireoidiana) 
Em casos de hipertireoidismo, é necessário a administração 
de betabloqueadores antes de esvaziar (prevenir crises 
tireotóxicas) 
Método de eleição para o esvaziamento: Aspiração à 
vácuo 
• Útero pequeno: Pode usar a aspiração manual 
intrauterina 
• Útero maior: Preferência à aspiração elétrica 
Em casos de mola completa é desaconselhado usar 
misoprostol e ocitocina antes da dilatação cervical, porque 
tem risco de embolização trofoblastica e hemorragia 
Passo a passo: 
1. Anestesia 
2. Vela de Hegar para a dilatação 
3. Quando dilatação completa, infundir 10UI de 
ocitocina diluída em 500ML de soro fisiológico 
para causar contração uterina, reduzir o 
sangramento e possibilidade de perfuração uterina 
4. A aspiração a vácuo pode ser completada por 
curetagem (cureta romba ou fenestada) 
5. Manter a infusão de ocitocina por 12h ou até 
cessar o sangramento 
Em casos de mola parcial com feto maior: Indução do 
trabalho de parto e curetagem depois da expulsão 
 Rombas Fenestradas 
Síndrome do desconforto respiratório após o 
esvaziamento: 
É comum após o esvaziamento a sensação de taquicardia, 
taquipneia, ansiedade, alcalose metabólica e confusão 
mental 
Desaparecem cerca de 72h após o suporte 
Histerectomia? Nunca é a 1ª escolha! 
• Alternativa válida para quem já tem a prole 
constituída 
• Reduz o risco de malignidade (em comparação 
com aspiração) 
• Indicação restrita (respaldo só em casos de mola 
parcial com feto grande, hemorragia genital e 
colo desfavorável a indução) 
Preservar os ovários SEMPRE, mesmo na presença de cistos 
tecaliteínicos volumosos 
ATENÇÃO 
Administrar Imunoglobulina anti-D em TODAS as pacientes 
Rh negativas com mola hidatiforme (para evitar a 
aloimunização) 
➔ Quimioterapia profilática: 
É ainda uma controvérsia 
Indicado somente em: 
• Mola hidatiforme de alto risco + impossibilidade 
de dosagem seriada de HCG e acompanhamento 
após esvaziamento – Nelas podem diminuir a 
ocorrência de neoplasia trofoblástica 
Não tem benefícios para pacientes com mola de baixo risco 
Em casos raros, pode causar toxicidade grave e morte 
Quando vou classificar em alto risco? 
• HCG > 100.000 em urina de 24h ou > 40.000 no 
sangue 
• Útero grande para IG 
• Cisto tecaluteinico > 6cm 
• Idade materna > 40 anos 
• Mola de repetição 
• Hipertireoidismo 
• Pré-eclâmpsia com início abaixo de 20 semanas 
• Embolização trofoblástica 
ACOMPANHAMENTO APÓS ESVAZIAMENTO MOLAR 
Dosagem seriada de HCG (devem ser avaliados a cada 15 
dias até se tornarem indetectáveis) e avaliação clínica 
(retorno mensal por pelo menos 6 meses após negativação) 
Sintomas somem rapidamente (sangramento some em 1 
semana) 
Útero e os cistos diminuem para dimensões pré-
gestacionais 
 
Maria Clara Cavalcante 
Os valores de HCG negativam entre 8-10 semanas após o 
esvaziamento 
Obrigatoriamente realizar anticoncepção durante o 
acompanhamento pós-molar (preferência: orais 
combinados e progesterona se contraindicação a 
estrogênio) – Contraindicados: DIU! 
 
MOLA E FETO – COEXISTÊNCIA 
1:22.000 a 100.000 gestações 
Gemelar: mola completa + feto 
Alertar riscos: sangramento, abortamento, óbito fetal, 
prematuridade, DHEG e hipertireoidismo 
60% irão evoluir para abortamento ou óbito fetal e os 40% 
desfecho perinatal favorável 
Diferenças: 
Mola completa + feto normal 
NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL 
Formas malignas da DTG: 
• Mola invasora 
• Coriocarcinoma gestacional 
• Tumor trofoblástico do sítio placentário 
• Tumor trofoblástico epitelioide 
MOLA INVASORA 
Sequela de mola hidatiforme, tenha sido completa ou 
parcial 
Vilosidades molares que invadem profundamente o 
miométrio podendo causar perfuração uterina, hemorragia, 
abdome agudo e infecção 
Metástases são raras - pulmões e estruturas pélvicas 
NTG mais comum após mola hidatiforme 
• 6x mais comum que o coriocarcinoma 
Tratamento de escolha: 
• Quimioterapia 
E a cirurgia? Fica reservada para os casos em que há 
perfuração uterina e resistência a quimioterapia (sem 
metástase) 
• Cirurgia padrão: Histerectomia – mas se houver 
interesse reprodutivo e o tumor pequeno pode 
fazer a ressecção tumoral preservando o útero 
 Imagens do acervo pessoal da Prof. 
Eveline Linhares. 
CORIOCARCINOMA 
Forma muito agressiva de NTG 
Invasão profunda do miométrio e vasos sanguíneos, 
ocasionando hemorragia e necrose 
Disseminação hematogênica rápida e emite metástases 
para: 
• Pulmões, vagina, fígado e SNC 
• Baço, rins, intestino (esses com menos frequência) 
Antecedente gestacional: 
• Pode ser secundário a qualquer tipo de gestação 
(mas está mais relacionado ao passado de mola 
hidatiforme) 
Macroscopicamente: 
• Tumor sólido vermelho-escuro que cresce em 
contato com a cavidade do útero e pode invadir o 
miométrio, se estendendo ao peritônio 
Histológico: 
• É distinguida por ter padrão de citotrofoblasto e 
sinciciotrofoblasto 
 
Maria Clara Cavalcante 
• Sem estroma 
• Invasão vascular do lúmen -> periferia 
Diferenciando da mola hidatiforme e da invasora, NÃO TEM 
VILOSIDADES CORIÔNICAS! 
Alta sensibilidade à quimioterapia e elevada taxa de cura 
(100%, praticamente, em casos não metastáticos) 
Metástase pulmonar do coriocarcinoma 
– É a que mais faz metástase pulmonar 
A importância do raio-x é porque conseguimos ver as 
alterações pulmonares da NTG 
TUMOR TROFOBLÁSTICO DO SÍTIO PLACENTÁRIO 
Raro 
Ausência de vilosidades coriônicas + massas sólidas 
circunscritas ao miométrio + proliferação das células 
trofoblásticas intermediárias do sítio de implantação 
Maioria confinada ao útero 
Metástases não são comuns, mas podem ser achadas nos 
pulmões, encéfalo, fígado 
Pode ter áreas de hemorragia e necrose (menos do que no 
corio) 
Microscopicamente: 
• Predomínio de células trofoblásticas 
intermediárias (mononucleares, com citoplasma 
abundante) que se infiltram em células musculares 
sem destruição do endométrio 
Pouca expressão imuno-histoquímica para HCG, mas tem 
forte marcação para: 
• Hormônio lactogênico da placenta 
• Mel-CAM 
• Ausência de p63 
Padrão de crescimento infiltrativo 
Antecedente gestacional: 
• Gravidez a termo 
• Mola hidatiforme 
• Abortamento 
Pouco sensível à quimioterapia 
Boa resposta à cirurgia 
• Retira a estrutura e manda p/ biópsia 
Histerectomia é uma ótima escolha para quem já tem prole 
consolidada e com doença localizada 
Ressecção segmentar + quimioterapia – Reservada a 
mulheres com desejo reprodutivo 
TUMOR TROFOBLÁSTICO EPITELIÓIDE 
+ Raro ainda 
Formação: 
• Células trofoblásticas intermediárias 
Antecedente gestacional: 
• Mais relacionado a gestações a termo 
Pode coexistir com o corio e com o do sítio placentário 
Macroscópico: 
• Formação bem definida, localizada na parede 
uterina 
• Conteúdo sólido e líquido 
• Discreta hemorragia 
• Pode se estender para o segmento inferior e 
endocérvix 
Microscópico: 
• Células trofoblásticas intermediárias 
mononucleadas (se diferenciam do tumor de sítio 
por serem menores e com menos pleomorfismo 
nuclear, originadas no cório liso) 
Pouco índice de metástase 
BhCG baixo < 2.500 mUI/mL 
• Nos outros tumores é > 80.000 
Forte marcação para p63 
Padrão de crescimento é nodular 
Pouco/não sensível à quimioterapia 
• Indicação de tratamento cirúrgico em casos de 
doença localizada 
SÍTIO 
• BHCG alto 
• + circunscrito no 
endométrio 
• Padrão de 
crescimento 
infiltrativo 
EPITELIÓIDE 
• BHCG baixo 
• Menos circunscrito 
ao endométrio (pode 
estar dentro) 
• Padrão de 
crescimento nodular 
DIAGNÓSTICO 
➔ Critérios diagnóstico:1. Pelo menos 4 valores de βhCG em platô por 3 
semanas (dias 1,7,12 e 21) 
2. Elevação dos níveis de βhCG em pelos menos 10% 
por no mínimo 3 dosagens por 2 semanas (dias 1,7 
e 14) 
3. Diagnóstico histológico de coriocarcinoma 
gestacional no material do esvaziamento molar 
 
Maria Clara Cavalcante 
4. Doença metastática em mulher jovem 
Na maioria dos casos de NTG, é iniciado o tratamento sem 
a necessidade do resultado do histopatológico 
• Biópsia é desaconselhado por causa do risco de 
hemorragia incoercível 
Início do tratamento: 
• Sangramento genital intenso 
• Sangramento gastrointestinal ou intraperitoneal 
• HCG > 20.000 em 4 semanas após o esvaziamento 
molar 
Pensar em NTG quando: 
• Sangramento vaginal anormal após gestação de 
termo ou abortamento, devendo fazer o HCG 
quantitativo 
• Nódulos pulmonares assintomáticos em RX de 
mulheres em idade reprodutiva 
• Coriocarcinoma gestacional em mulheres antes da 
menopausa dom neoplasia metastática de sítio 
primário desconhecido 
ESTADIAMENTO 
Após o diagnóstico 
Feito através da histopatologia (biópsia) + USG abdominal 
total + RX de tórax 
Quanto mais alto o estágio, pior a neoplasia 
Inicialmente, quando se descobre que é NTG, chamo 
TODAS de malignas, mas depois da biópsia devo chamar 
pelo nome 
 
BHCG 
Mulheres podem continuar com altos níveis, tendo passado 
por cirurgia ou quimio desnecessariamente. Nesses casos, 
pensa-se em 3 principais hipóteses diagnósticas: 
➔ BhCG fantasma: 
Falso positivo por interferência nos testes imunométrios 
(pela presença de anticorpos heterofilos no soro da 
paciente) 
Usar outro método 
Urina: negativo 
• Se > 60 
• Pois os heterofilos não são excretados pela urina 
 
➔ Hormônio Luteinizante e BhCG hipofisário 
Reação cruzada 
Utilização de ACHO pode auxiliar no diagnóstico 
A persistência de valores baixos de HCG pode ser associada 
a doença renal 
➔ Doença trofoblástica gestacional quiescente – 
Há BhCG detectável, mas não há doença ativa 
Títulos < 200 mUI/ml por 3 meses + antecedente 
gestacional sem doença maligna ativa 
Devem ser acompanhadas 
TRATAMENTO 
QUIMIOTERAPIA: 
• Doenças metastáticas ou não 
• Elevado índice de cura 
• Após a negativação do HCG, deve-se realizar pelo 
menos 3 ciclos de quimio de consolidação 
• Poliquimioterapia 
• EMA-CO (composto de etoposídeo, metotrexano, 
actinomicina D, ciclofosfamida e vincristina) 
• EP-EMA: Para pacientes quimiorresistentes ou 
recidivantes 
• Por causa dos bons resultados da poliquimio, o 
tratamento cirúrgico da NTG é restrito 
• Histerectomia – Reservada aos casos de 
hemorragia uterina grave, perfuração uterina, 
tumor epitelioide, doença localizada resistente à 
poliquimio e redução da carga tumoral em 
pacientes com prole constituída. 
 
Maria Clara Cavalcante 
 
ABORDAGEM DAS METÁSTASES: 
QT + Radioterapia associada: 
• Diminuir risco de hemorragia 
Craniotomia: 
• Ressecção de foco do tumor resistentes a quimio 
Hepatectomia parcial e embolização seletiva 
Toracotomia ou lobectomia parcial: 
• Foco no pulmão 
Nefrectomia 
• Foco renal 
Ressecção de alça intestinal: 
• Foco intestinal 
ACOMPANHAMENTO APÓS NTG 
Padrão de seguimento de βhCG análogo ao seguimento 
molar, mas com outros intervalos: 
• Quinzenal por 3 meses (a cada 2 semanas) 
• Mensal por 1 ano 
Recidiva após 1 ano é inferior a 1% 
Após primeiro ano de remissão: 
• Seguimento de 6-12 meses 
Duração do seguimento: 
• 2 anos para NTG baixo risco 
• 5 anos para NTG alto risco 
Anticoncepção é obrigatória 
GESTAÇÃO APÓS DTG 
Anticoncepção por 1 a 2 anos se baixo risco ou 5 anos se 
alto risco (com metástase cerebral e hepática) 
Risco de gestação molar em gravidez subsequente é de 1-
2% - Realizar USG precoce para confirmar se é normal 
Gestação subsequente com prognóstico semelhante 
Se intervalo < 6meses: 
• Abortamento, natimorto, risco de perfuração do 
útero, histerectomia 
• Estudos mostram que é IMPORTANTE respeitar o 
prazo de pelo menos 1 ano de anticoncepção para 
a redução dos riscos 
Após término de qualquer gestação por DTG, deve ser 
confirmada a normalização do hCG após 4-6 semanas 
PONTOS-CHAVE 
DTG compreende alterações que são originadas a partir do 
trofoblasto 
A maioria das mulheres pode ser curada, com preservação 
do futuro reprodutivo, mas tem que obedecer: 
• Intervalo 
• Seguimento adequado 
• Uso correto dos ACO 
• Programar a nova gestação 
 
Maria Clara Cavalcante 
Mola completa pode evoluir em 20% para forma maligna e 
a parcial em 5% 
A estabilização ou elevação BhCG durante o 
acompanhamento pós-molar afasta a hipótese de gravidez 
e sugere NTG 
QT associada ou não à cirurgia permite elevada taxa de cura 
da NTG 
Gestação após DTG não apresenta maiores riscos, se 
respeitado o intervalo de no mínimo 6 meses entre o 
término do tratamento quimioterápico e a nova gravidez 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
ZUGAIB, M. Zugaib Obstetrícia, 3ª ed., SP: Manole, 2016. Capítulo 31 – 
DTG 
Aula ministrada pela professora Liana Gomes 
Algumas fotos presentes são do acervo pessoal da professora Eveline 
Linhares

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