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FERNANDA - CONCURSO DE PESSOAS

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TEORIA JURÍDICA DO DIREITO PENAL
Aluna: Fernanda Domingues Neves Marcuci
Semestre: 1º 
Autoria e participação: conceito e formas de autoria
Concurso de pessoas é a cooperação desenvolvida por vários agentes para o consentimento de uma infração penal. Ou seja, ocorre quando se tem unidade fato e concurso de agentes. Pode ser necessário ou eventual, sendo que aquele não apresenta as dificuldades a serem examinadas. O concurso é necessário nas hipóteses de crimes plurissubjetivos, os quais exigem a presença de duas ou mais pessoas para a sua configuração. Exemplos: quadrilha ou bando, rixa e bigamia. E é eventual nos delitos unissubjetivos, os quais são passíveis de execução por um só agente. Exemplos: homicídio e roubo. A teoria do concurso de pessoas foi desenvolvida sobre os crimes de concurso eventual. Neste caso, exige -se que todos os sujeitos sejam dotados de culpabilidade, algo que não precisa ocorrer nos crimes de concurso necessário.
Discute -se a conduta praticada em concurso constitui um ou vários crimes: 
Teoria pluralística: Segundo a teoria pluralista, a cada pessoa corresponde uma conduta própria. A pluralidade de agentes implica, portanto, a pluralidade de crimes. Tantos quantos forem os agentes tanto serão os crimes praticados.
Teoria dualística: A teoria dualista, por sua vez, consagra dois planos de condutas, um principal, a dos autores e coautores, e um secundário, a dos partícipes.
Teoria monística: Todos aqueles que concorrem para o crime cometem o mesmo crime. É a teoria adotada pelo Código Penal, explicitada no art. 29 “caput”. Segundo a teoria monista não há distinção entre autor e partícipe no sentido que todos cometeram o mesmo crime. Destarte, todos aqueles que tomam parte da infração penal cometem idêntico delito. Há unidade jurídica à custa da convergência objetiva e subjetiva das ações dos agentes.
O nosso Código Penal consagra a teoria monista, os parágrafos do art. 29, contudo, nas palavras de Bitencourt[footnoteRef:0], “A reforma penal mantém a teoria monística, no sentido de que, em regra, todos os intervenientes no fato devem responder pelo mesmo crime (unidade do título de imputação). Adota, porém, a teoria restritiva de autor, fazendo perfeita distinção entre autor e partícipe, que, abstratamente, incorrem na mesma pena cominada ao crime que praticarem. Mas que, concretamente, variará segundo o grau de participação (§§ do art. 29 e art. 31) e a culpabilidade de cada participante. E em relação ao partícipe variará ainda de acordo com a importância causal da sua contribuição.”. ¹ [0: BITENCOURT, Cezar R. TRATADO DE DIREITO PENAL 1 - PARTE GERAL. 27. Ed- São Paulo: Editora Saraiva, 2021.p.277. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555590333/. Acesso em: 20 nov. 2022.
] 
A lei penal vigente adota a teoria monista, mas há exceções, como por exemplo, no caso de aborto consentido, no caso a gestante responde por infração ao art.124 (Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque) e quem realizou o aborto pelo crime do art. 126 (Provocar aborto com o consentimento da gestante), que nesses casos é aplicada a teoria pluralística, que admite que cada um dos concorrentes responda pela sua própria conduta, pois cada um pratica um crime autônomo. De acordo com o STF[footnoteRef:1], nos casos de anencefalia não será crime, pois na ADPF (Arguição de descumprimento de preceito fundamental) 54, que seguiu a linha da Medicina, o feto anencefálico será considerado natimorto cerebral. [1: https://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/04/supremo-decide-por-8-2-que-aborto-de-feto-sem-cerebro-nao-e-crime.html. Acesso em 20 de nov de 2022.] 
O Direito Penal brasileiro adota a teoria da equivalência das condições, que não faz diferença entre a causa e condição na produção do resultado típico. O concurso de pessoas compreende não só a contribuição causal, puramente objetiva, mas também a contribuição subjetiva, pois, como diz Soler, “participar não quer dizer só produzir, mas produzir típica, anti­jurídica e culpavelmente”, um resultado proibido. É indispensável a consciência e vontade de participar, elemento que não necessita revestir-se da qualidade de “acordo prévio”.
Para o reconhecimento do concurso de pessoas, a doutrina aponta quatro requisitos essenciais, sejam eles:
1. Pluralidade de participantes e de condutas, ou seja, exigem-se ao menos duas condutas, uma principal e outra acessória ou duas principais.
2. Relevância causal de cada conduta, ou seja, é preciso que a conduta do agente tenha tido relevância na prática do crime, como por exemplo se alguém empresta uma arma a outra pessoa para a prática de homicídio, e ela utiliza uma faca, aquela conduta não teve importância na prática do delito.
3. Vínculo subjetivo entre os participantes, é preciso que aqueles que tomem parte do crime saibam que estão aderindo ao crime. Mas não se exige o acordo prévio. Ainda, não existe participação culposa em crime doloso e vice-versa.
4. Identidade de infração penal, decorrência da teoria monista, todos aqueles que pratiquem o crime, praticam o mesmo crime.
Identificado o concurso de pessoas, urge definir quem são os autores e quem são os partícipes na infração, conceitos que não encontram unanimidade na doutrina.
No conceito restritivo de autor, seria aquele que realiza a conduta típica descrita na lei. Subdivide-se na teoria objetivo-formal, objetivo-material e do domínio do fato. Para a primeira, destacam se as características exteriores do agir, isso é, a conformidade da ação com a descrição formal do tipo. É autor aquele cujo comportamento se amolda à lei, realizando o verbo nuclear do tipo, e é partícipe aquele que produz qualquer outra contribuição. A segunda teoria, por sua vez, considera a maior importância da contribuição do autor em relação à do partícipe. Ou seja, para este segundo critério, o caso concreto irá dizer, de acordo com a contribuição mais relevante, quem é autor e quem é partícipe.
No conceito extensivo de autor, não há qualquer distinção objetiva entre autoria e participação. A diferença reside em um critério subjetivo: é autor aquele que age com “vontade de autor”, pretendendo o resultado como próprio; e é partícipe aquele que atua com “vontade de partícipe”, pretendendo o resultado como de outrem.
Na Teoria do domínio do fato, também está inserida dentro de um critério restritivo de autor, pois faz a diferença entre autor e partícipe. A teoria do domínio do fato tem a pretensão de sintetizar os aspectos objetivos e subjetivos, impondo-se como uma teoria objetivo-subjetiva. O autor não é apenas aquele que executa a ação típica, mas, também, aquele que possui o domínio final da ação, determinando, inclusive, o seu modo de consumação, execução e interrupção. O âmbito de aplicação dessa teoria restringe-se aos delitos dolosos. A doutrina diverge acerca da adoção, pelo nosso Código Penal, do conceito restritivo de autor ou da teoria do domínio do fato. O certo é que o Código Penal distinguiu a autoria da participação, portanto, restou adotado o critério restritivo de autor, seja pela teoria formal-objetiva, seja pela teoria do domínio do fato. É a teoria mais adotada na atualidade.
Na Autoria mediata, o autor mediato é o sujeito que realiza a conduta típica por meio de outrem. As hipóteses mais comuns decorrem do erro, da coação irresistível e do uso de inimputáveis para a realização do crime. Ex. O médico que utiliza a enfermeira para ministrar substância letal ao seu desafeto é autor mediato. A enfermeira, por sua vez, é autora imediata, mas, por ter incidido em erro, desde que invencível, não responde pelo delito. Cumpre, por fim, referir que o autor mediato deve reunir todos os elementos que o tipo exige com relação ao autor. Impossível, portanto, a ocorrência de autoria mediata em crimes de mão própria, eis que exigem que sejam cometidos pessoalmente pelo agente.
Na Coautoria há a realização conjunta, por duas ou mais pessoas, de uma infração penal, diz que há coautoria. A concepção restritiva exige que os agentespratiquem a conduta descrita na lei; a extensiva demanda que atuem com “vontade de autor”; e, por fim, a teoria do domínio do fato requer que tenham o domínio diretivo sobre a conduta, ou o chamado co-domínio funcional do fato. Salienta Bitencourt que não é necessário um acordo prévio para a configuração da coautoria, basta que haja consciência, a qual constitui o liame psicológico que une a ação de todos.
A participação é a intervenção em um fato alheio, pressupõe, portanto, a existência de um autor principal. O partícipe não pratica a conduta descrita no tipo penal, mas realiza uma atividade secundária que contribui, estimula ou favorece a execução da conduta. A participação pode apresentar-se de diversas formas. A doutrina, porém, atem se a três espécies: instigação, induzimento e auxílio. As primeiras são participações morais. O partícipe age sobre a vontade do autor, quer provocando-o a cometer o delito (induzimento), quer estimulando-o a cometê-lo (instigação propriamente dita). Já o auxílio é a participação material. O partícipe exterioriza a sua contribuição através de um comportamento, de um auxílio.
 Nos crimes culposos, a doutrina aceita a co-autoria, entendendo que os agentes cooperam na causa, na falta de dever de cuidado. Exemplo: duas pessoas jogam uma mesa pela janela e, assim, lesionam uma terceira pessoa. Não se admite, contudo, a participação. Há posição minoritária que sustenta a possibilidade de participação no crime culposo, pois nestes crimes também é possível a identificação da conduta principal. É a teoria adotada na Espanha, mas não no Brasil. Co-autoria e concorrência de culpas: A co-autoria não se confunde com a concorrência de culpas, pois, nesta, os sujeitos não colaboram um com o outro. Exemplo: colisão de veículos. 
 Divergem os doutrinadores acerca da admissibilidade de concurso de pessoas em crimes omissivos. Parece-nos ser possível a co-autoria, desde que haja o vínculo psicológico entre os agentes que deveriam agir (omissivos próprios) – posição de Cezar Roberto Bitencourt - e entre os sujeitos que tinham o dever de agir e de evitar o resultado (omissivos impróprios). Ex. em crime omissivo próprio: Dois sujeitos, de comum acordo, deixam de prestar socorro à pessoa gravemente ferida. Ex. em crime omissivo impróprio: Os pais, em acordo, deixam de alimentar a criança, causando sua morte. O reconhecimento de participação também parece ser viável em ambas as espécies de delito. Ex. em crime omissivo próprio: Paciente instiga médico a não comunicar a existência de uma enfermidade contagiosa à autoridade sanitária. Ex. em crime omissivo impróprio: Sujeito instiga salva-vidas a não prestar socorro a pessoas que se afogam. 
Prevê o art. 30 do Código Penal que as circunstâncias e as condições de caráter pessoal não se comunicam, salvo quando elementares do crime. Assim, a confissão feita (circunstância) e a menoridade (condição) não se transmitem como atenuantes aos co-autores. Na verdade, as circunstâncias de caráter subjetivo jamais se comunicam. O dispositivo legal nada menciona acerca das circunstâncias e condições de caráter objetivo. A doutrina predominante entende que, afastada a aplicação da responsabilidade objetiva, deve o co-autor atuar ao menos com previsibilidade quanto à circunstância que não causou diretamente. Ex. A manda B matar C. B resolve cumprir o mandato empregando “tortura”. A não responderá por homicídio qualificado pela tortura se não pôde prever que B poderia agir de tal modo. Quanto às elementares do delito, em que pese haja previsão legal de sua comunicabilidade, a doutrina entende, também, ser necessário que ingressem na esfera de conhecimento dos participantes. Ex. Um funcionário público é auxiliado por um particular na apropriação de dinheiro da repartição em que trabalha. A condição pessoal do funcionário público é elementar do tipo de peculato e, por isso, deve comunicar-se ao co-autor e partícipe, se ele tiver conhecimento daquela condição pessoal.
	
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BITENCOURT, Cezar R. TRATADO DE DIREITO PENAL 1 - PARTE GERAL. São Paulo: Editora Saraiva, 2021. E-book. ISBN 9786555590333. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555590333/. Acesso em: 20 nov. 2022.

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