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Amamentação ● aleitamento materno: a criança recebe leite humano (direto da mama ou ordenhado) ● aleitamento materno exclusivo: a criança recebe somente leite humano de sua mãe ou ama de leite; ou leite humano ordenhado, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, suplementos minerais ou medicamentos ● aleitamento materno predominante: a fonte predominante de nutrição da criança é o leite humano. No entanto, a criança pode receber água ou bebida à base de água ( água adocicada, chás e infusões ), sucos de frutas, solução de sais de reidratação oral, gotas ou xarope de vitaminas, minerais e medicamentos, e fluidos rituais ( em quantidades limitadas) ● aleitamento materno complementado: a criança recebe leite materno e outros alimentos sólidos, semissólidos ou líquidos, incluindo leites não humanos ● OMS/ Ministério da Saúde: ideal → aleitamento materno de forma exclusiva até os 6 meses de vida e complementar até 24 meses de idade ou mais Anatomia e fisiologia da ama ● desenvolvimento das glândulas mamárias no sexo feminino inicia-se no período puberal e só atinge plenitude caso a mulher engravide e amamente ● início: puberdade → crescimento dos componentes glandulares e da tumescênàa areolar ( telarca) como resposta à atividade ovariana → 2 anos → menarca → aumento do componente de gordura e aplainamento da aréola ● caudas de Spence: projeções axilares das mamas ● mama adulta: composta de 15 a 20 lobos, unidades funcionalmente independentes entre si, que se subdividem em lóbulos em número variável (de 20 a 40 subunidades) ○ lóbulos: compostos por 10 a 100 alvéolos (estruturas acinosas secretoras e saculiformes → células responsáveis pela produção láctea) ○ alvéolos desembocam em dúctulos (reduzidas estruturas ductais) ○ dúctulos se reúnem em duetos maiores ○ duetos maiores fundem-se para formar ductos principais que drenam os lobos ○ seio galactóforo: dilatação na projeção da aréola dos ductos principais → participação do mecanismo de sucção das mamas pelo neonato → exteriorizam-se na pele da papila mamária em pequenos orifícios ○ preenchidas por tecido gorduroso e conjuntivo ● gestação: alterações fisiológicas locais são exuberantes por causa dos altos níveis de esteroides sexuais ● ductos lactíferos proliferam a partir da 3ª semana de gravidez → aumento de tecido glandular, consideravelmente maior em relação ao tecido gorduroso e conjuntivo ● altos níveis de estrógenos placentários → proliferação celular, em especial das estruturas ductais, que não só aumentam em quantidade, como desenvolvem o lúmen em canalículos que não existiam previamente ● outros hormônios que participam: hormônio do crescimento e a insulina ● progesterona: responsável pela diferenciação das células terminais dos dúctulos em células acinosas (alvéolos) ● prolactina: toma essas células acinosas diferenciadas em células maduras, capazes de produzir os diferentes componentes do leite ○ altos níveis durante a gravidez ○ ação é limitada pelos elevados teores circulantes de progesterona e de hormônio lactogênico placentário → ligação com receptores alveolares possui maior afinidade ● 2º trimestre: aumento da prolactina → estimula os processos secretórios dos alvéolos mamários → mamas já possuem capacidade plena de funcionamento ● 3º trimestre: redução dos componentes extraglandulares e o desenvolvimento ainda mais pronunciado das unidades lóbulo-acinosas → mamas atingem capacidade máxima de produção e de secreção de proteínas, lactose e lípides, além de atividade exponencial de determinadas enzimas como a galactosiltransferase e a lactose sintetase ● rede de Haller: veias visíveis pela epiderme ○ desenvolvimento vascular localizado → aumento do volume mamário ● fenômenos vasculares são proeminentes desde o início da gestação → intumescimento e edema localizados ● inervação do tegumento: extremamente abundante e está comprometida com os arcos reflexos neurais envolvidos na lactogênese e na galactocinese ● mudanças na coloração e pigmentação das aréolas mamárias: evidentes já no 1º trimestre ● proteção epitelial é reforçada pelo desenvolvimento das glândulas sebáceas do mamilo (tubérculos de Montgomery) → lubrificar e proteger a pele local, mantendo sua elasticidade Fisiologia da produção e ejeção do leite ● lactogênese: produção e secreção de colostro podem ser observadas a partir do 2º trimestre de gestação ○ não ocorre durante a gravidez em razão do efeito inib itório do estriol, da progesterona e do h orm ô n io lactogênico placentário sobre os efeitos da prolactina nos alvéolos ○ parto + dequitação → níveis circulantes de estrógeno, hormônio lactogênico placentário e progesterona produzidos pela placenta decrescem de forma abrupta → possibilita a ação da prolactina em seus receptores mamários ○ prolactina → diferenciação celular da fase pré-secretória para a fase secretória + estímulo da síntese de RNA para produção de proteínas específicas do leite (caseína, alfalactoalbumina) + indução de enzimas catalisadoras (galactosiltransferase e lactose sintetase) ○ prolactina exerce seus efeitos na mama → modifica a secreção de colostro para leite propriamente dito no período de aproximadamente 72 horas → apojadura ou “descida” do leite ○ níveis de prolactina sobem em picos induzidos pela sucção do recém-nascido ○ menor tempo entre as mamadas → menor será o tempo para o restabelecimento dos níveis de prolactina, mantendo o nível sérico desse hormônio e a produção adequada de leite ● lactopoese e galactocinese ○ lactopoese: conjunto de eventos que visa à manutenção da produção e da ejeção do leite → controladas por arcos reflexos neurais, iniciando-se em terminações nervosas livres no complexo areolopapilar ○ estímulo dessas terminações nervosas → vias aferentes torácicas ( de T4 a T6), com liberação de ocitocina pela hipófise posterior e prolactina pela hipófise anterior ○ ocitocina: estimula as células mioepiteliais que circundam os alvéolos mamários → se contraem causando → excreção láctea (ejeção) + age nas células da musculatura lisa areolar → promove compressão do seio lactóforo e ereção da papila → colabora para ejeção do leite ○ galactocinese: mecanismo que descreve a excreção do leite durante a sucção das mamas pelo neonato ○ situações de desconforto, vergonha, ansiedade e dor provocam inibição imediata do reflexo de ejeção do leite ○ fator inibidor da prolactina: liberação está relacionada ao eixo neuroendócrino e, portanto, sujeita a modificações dependentes de estímulo emocional exógeno ○ quanto maior for o intervalo entre o parto e a primeira sucção das mamas pelo recém-nascido, menores serão o pico inicial e a secreção basal de prolactina, com menor produção láctea ○ orientação: primeira pega não exceda 40 minutos do parto e que a frequência mínima seja por volta de 7 a 8 mamadas por dia ○ aumento dos intervalos entre as mamadas ou a sucção ineficiente → estase láctea e redução do fluxo vascular local → alterações celulares com destruição de tecido mamário e substituição por tecido conjuntivo e gordura → alterações se completam após 3 meses da suspensão do aleitamento, embora boa parte dos tecidos glandulares permaneça até o período climatérico ● composição do leite ○ leite produzido fica armazenado no sistema canalicular das mamas → excretado no momento da sucção ○ colostro: fluido cremoso, amarelado, mais denso que o leite, com composição altamente proteica e com baixo teor de gorduras → excreção dura (em geral) 72 horas mas pode variar de 1 a 7 dias → fácil digestão para o recém-nascido, além de conter grande quantidade de imunoglobulinas e células leucocitárias e epiteliais ○ imunoglobulinas são transportadas do plasma materno para o leite e absorvidas pelo trato gastrointestinal do neonato → protegidas da digestão porque se ligam a inibidores de enzimas proteolíticas ○ leite de transição: após a apojadura → aumento da quantidade de carboidratos egorduras em sua composição, com redução relativa de proteínas + água contribui para 87% do volume de leite produzido e o teor calórico-energético varia de 600 a 750 kcal/dia ○ volume do leite produzido aumenta progressivamente de 500mL/dia, ao fim da 1ª semana, e alcança rapidamente de 1 a 2 L/dia ○ maior parte das gorduras do leite fica depositada nos alvéolos posteriores da mama → necessário que a lactante esvazie completamente cada uma das mamas para garantir que o leite com maior teor de gordura seja ofertado para o recém-nascido ○ teor de lípides no leite matemo é progressivamente maior até o terceiro mês de lactação ○ lactose é o principal carboidrato presente no leite humano ○ em casos de gravidez múltipla: produção de leite aumenta proporcionalmente à nova demanda estabelecida ○ composição do leite é diferente em casos de recém-nascido pré-termo: 20% mais rico em proteínas, 50% mais rico em gorduras, apresenta níveis de imu noglobulina A (IgA) aumentados e possui 15% menos lactose → padrão mais compatível com a imaturidade do sistema digestório dessas crianças ● OMS: prática da amamentação atualmente resguarda a saúde de 6 milhões de crianças a cada ano, prevenindo diarreia e infecções respiratórias agudas, além de ser responsável por um terço da diminuição da fertilidade observada nas últimas décadas ○ crianças que não são amamentadas com leite materno apresentam maior risco de óbito por diarreia (risco 14,2 vezes maior), doenças respiratórias (3,6 vezes) e outros tipos de infecções (2,5 vezes), quando comparadas àquelas que recebem aleitamento materno exclusivo ○ benefícios para a saúde da lactante: menor risco de câncer de mama, tanto antes quanto depois da menopausa; proteção em relação a alguns tipos de neoplasias epiteliais de ovário; rápida perda de peso materno, na vigência de amamentação exclusiva, fato que colabora para a prevenção da obesidade e de comorbidades que com ela caminham ● populações nas quais a amamentação é prolongada e de livre demanda: intervalos intergestacionais são maiores, uma vez que a amenorreia lactacional funciona como método anticoncepcional natural → queda da fertilidade em países em que os índices de aleitamento apresentaram ascensão nos últimos anos ● causas de desmame precoce: queixas de redução ou ausência de leite, rejeição do lactente, trabalho materno, doença materna, dores ao amamentar, problemas na mama e doença da criança ○ trauma mamilar: importante causa de desmame e a sua prevenção é primordial → prevenção feita por meio de orientações sobre as técnicas de amamentação e os cuidados com os mamilos ○ mamilos planos ou invertidos podem dificultar o começo do aleitamento, mas não necessariamente o impedem ○ dor e desconforto para amamentar → reduzir a frequência e o tempo das mamadas → ingurgitamento mamário → piora o quadro doloroso ○ lactantes mais inseguras, ao ouvirem o choro do recém-nascido, ficam tensas, frustradas e ansiosas → pode inibir a produção de ocitocina → dificultar a ejeção do leite → mamas mais ingurgitadas → dificultem a pega adequada ○ quanto maior for a escolaridade, maior será a duração do aleitamento materno ○ mulheres com baixo nível educacional, mães de crianças com baixo peso ao nascer, primíparas, tabagistas e portadoras de alergias têm grande risco de interrupção do aleitamento precocemente ● estratégias para evitar o desmame precoce ○ pré-natal: mulheres devem ser informadas dos benefícios da amamentação e das desvantagens do uso de leites não humanos + orientações quanto às técnicas de amamentação para aumentar a habilidade e confiança das futuras lactantes ○ sucção precoce da mama pode reduzir o risco de hemorragia pós-parto, ao liberar ocitocina, e de icterícia no recém-nascido, por aumentar a motilidade gastrointestinal ○ mães com baixa escolaridade, adolescentes e primíparas constituem categorias de risco para utilização de outros alimentos ○ grupo de alto risco para o desmame precoce: lactantes que apresentam dificuldades físicas e emocionais, incluindo: primíparas, mulheres com trabalho de parto longo ou submetidas a cesárea, multíparas que receberam medicação no trabalho de parto, sobrepeso matemo, mulher com mamilo plano ou invertido e mães de crianças com comportamento pouco ativo nas primeiras 24 horas Técnicas de amamentação ● técnica de preparo das mamas ○ exposição solar e higiene com água ○ evitar o uso de lubrificantes e sabonetes ○ papilas invertidas não protraem, mesmo na vigência de exercícios e manobras ○ papilas pseudoinvertidas podem permanecer protraídas por algum tempo após manipulação ou sucção → exercícios de Hoffman: exercícios de rotação, tração e exteriorização que irão aumentar a flexibilidade e a capacidade de exposição da papila ● técnicas que visam à pega correta ○ primeira mamada deve ocorrer, sempre que possível, na primeira hora pós-parto → pico sérico de prolactina aconteça em sua plenitude e a secreção de ocitocina ocorra de forma apropriada ○ amamentação de livre demanda, ou seja, ao neonato devem ser oferecidas as mamas toda vez que ele desejar ( ou que a lactante assim julgar) ○ tempo das mamadas deverá ser o necessário para o esvaziamento mamário, o que pode variar de poucos minutos a 1 hora ○ entre 7 e 10 dias: frequência das mamadas se torna mais regular - em torno de oito a doze vezes diárias; e o esvaziamento mamário, mais eficiente ○ objetivo: permitir que o recém-nascido abocanhe toda ou boa parte da aréola e posicione a papila na região do palato duro, de forma que as gengivas fiquem na projeção dos seios lactóforos → a formação de pressão negativa pela língua e pelos movimentos de sucção, assim como compressão dos seios galactóforos pela gengiva ○ dificuldades: boca do recém-nascido apreende apenas a papila → impede a formação da pressão negativa e do correto posicionamento da aréola na cavidade oral → lesões mamilares → dor para amamentar, ingurgitamento e maior obstáculo à pega ○ necessário que a postura materna e a do recém-nascido estejam apropriadas e a posição da boca do neonato, correta em relação ao mamilo/mama ○ mamas devem ser alternadas em relação ao lado de início, já que a primeira mama oferecida é sempre esvaziada de maneira mais eficiente, pois a fome do lactente é sempre maior ao início da mamada ○ esvaziamento completo de ao menos uma das mamas a cada mamada é desejável na medida em que assegura a ingestão do leite posterior, rico em lípides ○ cuidados de higiene: lavagem das mãos e das mamas apenas com água, a fim de evitar a retirada da oleosidade das aréolas necessária para manter a integridade da pele ○ posição da lactante: relaxada, confortável, bem apoiada, não curvada para trás, nem para a frente ○ posição da mão na mama: polegar acima da aréola e indicador abaixo da aréola, como um C ○ posição do lactente: todo o corpo deve estar voltado para a mãe, cinturas pélvica e escapular, pescoço e coluna vertebral alinhados. Evitar flexão dos membros entre o corpo da lactante e do lactente ○ posição da boca e da face do lactente: boca centrada em frente ao mamilo, bem aberta; mento encostado na mama e o nariz afastado; lábios evertidos; língua sobre a gengiva inferior ○ sucção: mais rápida no início, diminuindo a frequência progressivamente, com pausas ocasionais, irregular ao fim . As bochechas não se encovam e a deglutição é possível de ser ouvida ○ fim da mamada: o recém-nascido solta espontaneamente a papila ou a lactante pode retirar o complexo areolopapilar, tracionando-o suavemente com os dedos indicador e médio ( nunca afastar o neonato da mama para evitar traumas locais), ou colocar o dedo mínimo entre a boca do lactente e a aréola, com intuito de desfazer a pressão negativa de sucção. Colocar o lactente em posição vertical ou sentado para facilitar a eructação e evitar broncoaspiração ○ lactante deve variar regularmente as posições para que o recém-nascido comprima o mento e a língua em distintos locais da aréola e do mamilo→ evita fissuras, traumas e dor ○ posição sentada (forma tradicional): recém-nascido está de frente para a mãe, de tal maneira que seu abdome encosta no da mãe ○ posição sentada inversa (bola de futebol americano): o corpo do lactente localiza-se abaixo da axila materna, com o ventre apoiado nas costelas da lactante. Apoia- -se o corpo do recém-nascido no braço materno; e a cabeça, na mão ○ posição deitada: a puérpera e o lactente estão deitados de lado, de frente um para o outro. A lactante oferece a mama do lado sobre o qual está deitada ○ lactante não é capaz de amamentar momentânea ou permanentemente → técnica do "copinho": oferecer leite por meio de pequeno recipiente plástico com o recém-nascido sentado ● técnicas de ordenha e armazenamento do leite humano ○ manter boa higiene, lavando bem as mãos e secando-as com toalha limpa ○ uso de máscaras e gorros é dispensável em ambiente domiciliar ○ massagear as mamas em movimentos circulares da base destas em direção ao mamilo ○ estimular os mamilos com movimentos de exteriorização e tração suaves. ○ apoiar uma das mãos sob a mama, retificando os duetos ○ outra mão deve segurar a transição entre a aréola e a mama em formato de "C" (polegar acima e indicador abaixo) ○ realizar movimentos de compressão e tração da mama e aréola até a extração láctea ocorrer ○ desprezar os primeiros jatos, pois eles contêm maior número de bactérias, o que é decorrente da estase do leite nos duetos ○ repetir os movimentos de extração, rodando a posição da mão que comprime para esvaziamento de todas as áreas ○ alternar as mamas até a redução da quantidade de leite extraído ou a cada 5 minutos ○ ao fim do processo: aplicar um pouco do leite nas aréolas. O leite posterior, por ser rico em lípides e imunoglobulinas, mantém a emulsão da pele, além de protegê-la contra contaminações ○ leite ordenhado e colhido com higiene adequada mantém a sua validade por 24 horas, quando guardado na geladeira ○ por 7 dias, no congelador; e 1 mês, no freezer, desde que o congelamento seja imediato ○ evita-se o aquecimento do leite em temperatura superior a 36ºC para que não ocorra a desnaturação das proteínas lácteas ○ uma vez descongelado, não pode ser recongelado ○ banco de leite: centros responsáveis por coleta, armazenamento e distribuição de leite doado ○ recém-nascidos potencialmente receptores: prematuros e recém-nascidos de baixo peso, os portadores de doenças intestinais (infecciosas ou não) e os recém-nascidos com doenças imunológicas e alérgicas ○ distribuição segue indicações prioritárias e só pode ser realizada com prescrição e indicação médicas ○ ordenha é seguida de pasteurização e armazenamento ● indução da lactação e relactação ○ indução da lactação: técnica de estimular essa função em todas as suas etapas em mulheres que não passaram por período gravídico-puerperal recentemente → difundida e utilizada por mães adotivas, desejosas de amamentar seus filhos Intercorrências da amamentação ● mamilos sensíveis e doloridos, ingurgitamento mamário, fissuras, mastites, abscessos, diminuição temporária do leite e ganho inadequado de peso do recém-nascido ○ fatores associados: ansiedade da mãe e da família, alimentação inadequada da mãe, doenças maternas como febre, gripe, anemia, infecções e transtornos mentais, uso de medicamentos que podem interferir na produção do leite materno, ausência de orientação adequada, falta de preparação das mamas no pré-natal, inexistência de alojamento conjunto em maternidades e hospitais, amamentação com técnica inadequada - tempo de sucção insuficiente com consequente esvaziamento incompleto das mamas, o que impede o estímulo à produção adequada do leite, introdução precoce da mamadeira ou alimentação mista ○ principal intercorrência: desmame precoce ○ ganho de peso inadequado do recém-nascido: especial atenção é recomendada para recém-nascidos prematuros, com baixo peso, filhos de mães diabéticas e com malformação da cavidade oral (fenda ou fissura labial e palatina) → podem apresentar fadiga muscular durante a sucção, maior risco de hipoglicemia e dificuldades anatômicas, respectivamente ○ ingurgitamento mamário: geralmente causado pelo esvaziamento insuficiente das mamas ○ produção excessiva de leite ou hipergalactia também pode ocorrer, embora bem mais rara, provavelmente causada pelo desequilíbrio entre a produção e a secreção de dopamina e prolactina ○ fatores de risco para ocorrência: técnica inadequada de esvaziamento, anomalia anatômica dos mamilos, mamas muito pendentes (o que dificulta a retificação e o consequente esvaziamento dos duetos), dificuldades do recém-nascido e questões emocionais maternas ○ surge mais frequentemente no período de apojadura, entre 1 e 5 dias após o parto, devido ao início da produção de leite, ao ajuste entre frequência e duração das mamadas e à demanda do recém-nascido ○ mamas brilhantes, endurecidas e extremamente dolorosas, com distensão dos tecidos e aumento volumétrico evidentes ○ leite flui com dificuldade à expressão manual ○ estiramento dos alvéolos incapacita-os de produzir mais leite → lesão tecidual quando ultrapassa o limite de contenção ○ reação inflamatória com aumento da congestão vascular → altera a conformação anatômica mamária que, com a dor que o acompanha, não permite a pega adequada do mamilo pelo recém-nascido ○ técnica inapropriada de amamentação → lesões ou fissuras mamilares ○ ingurgitamento e fissura contribuem significativamente para o surgimento de mastite ○ tratamento: manter o aleitamento exclusivo sob livre demanda, corrigir as possíveis falhas de técnica de amamentação, iniciar a mamada pela mama sadia, reduzir os intervalos das mamadas, massagear as mamas e ordenhá-las antes das mamadas, para permitir a pega adequada e, ao término, para esvaziar o excesso de leite + evitar compressas e uso de produtos tópicos que, além de não possuírem eficiência comprovada, podem, ainda, causar lesões do tegumento ○ casos mais graves: analgésico e anti-inflamatórios, ocitocina nasal, diuréticos tiazídicos e até inibidores da lactação em dose única (bromocriptina 5 mg ou cabergolina 0,25 mg) para auxiliar nas medidas de esvaziamento mamário ○ mastite: condição inflamatória da mama, que pode ou não ser acompanhada de infecção ○ mastite lactacional ou puerperal: quando ocorre durante o período de aleitamento ○ tratamento não adequado/ atraso para início → abscessos e, eventualmente, para sepse ○ diagnóstico: clínico → queixas de dor mamária localizada, na maioria das vezes unilateral, acompanhada de hiperemia e hipertermia + exame físico geral com febre, mialgia, anorexia, taquicardia e sinais de bacteriemia ou sepse nos quadros de maior gravidade + exame das mamas com edema, infiltração e eritema localizados e mal delimitados + presença de massa endurecida com ponto de flutuação sugere a presença de abscesso ○ principal agente etiológico: Staphylococcus aureus ○ outros agentes etiológicos: Staphylococcus coagulase negativo, estreptococos dos grupos A e B beta-hemolíticos, Escherichia coli, bacteroides e bacilos Gram-negativos ○ bacterioscopia é ferramenta útil para orientar o diagnóstico etiológico e o tratamento nos casos refratários ou com apresentação clínica anômala ○ diagnóstico diferencial: principal é o ingurgitamento mamário pela sua alta frequência ○ tratamento: medidas de suporte + antibioticoterapia → analgesia pode e deve ser instituída com analgésicos comuns (paracetamol ou dipirona), codeína ou anti-inflamatórios não hormonais + dicloxacilina (500 mg), cefalexina (500 mg) ou clindamicina (300 mg) a cada 6 horas durante 10 a 14 dias, ou amoxicilina (800 mg) a cada 8 horas, por via oral + presença de abscesso indica drenagem das lesões ○ galactocele: obstrução de um dos ductos lactíferos, idiopática ou por acúmulo e estase de leite → bloqueio da excreção láctea desse dueto com a formação de cisto de retenção ○ hipogalactia: produção insuficiente de leite materno ● drogasna amamentação ○ imaturidade intestinal pode permitir a passagem de substâncias cuja metabolização hepática e excreção renal ficam comprometidas pela falta de desenvolvimento desses órgãos ○ epitélio alveolar das mamas da lactante contém um número muito maior de poros nos primeiros 2 a 3 dias de puerpério, facilitando a passagem de substâncias Contraindicações para o aleitamento materno ● doenças infecciosas maternas que colocam o RN em risco durante o aleitamento ○ doenças infecciosas maternas, na maioria das vezes, não são contraindicações para o aleitamento ○ mesmo com sepse deve-se manter a amamentação enquanto a mãe recebe antibioticoterapia adequada, desde que haja condições clínicas e que a medicação seja compatível com o aleitamento ○ agente altamente virulento → suspender amamentação pelas primeiras 24h ● HIV e Aids: gestantes HIV-positivo devem ser orientadas quanto aos riscos de transmissão do HIV durante a gestação e a lactação e aconselhadas a não amamentar seus recém-nascidos ● HTLV 1 e 2 (vírus linfotrófico humano de células T): não amamentar se houver sorologia positiva ● hepatites ○ hepatite aguda periparto ou pós-parto: suspensão da amamentação até que a causa da doença seja esclarecida ○ hepatite A: infecção no último trimestre ou durante a amamentação não é uma contraindicação para o aleitamento materno, já que a transmissão vertical e a perinatal são raras ○ hepatite B: não é contraindicação para a amamentação ○ hepatite B: pode ser transmitida verticalmente → recomenda-se o esclarecimento dos potenciais riscos à lactante, que deverá decidir quanto ao aleitamento ● citomegalovírus: não deve amamentar ● herpes-vírus: aleitamento não está contraindicado, mesmo na vigência de infecção ativa, desde que não haja lesões herpéticas nas mamas ● varicela-zóster: se não houver lesões nas mamas, o leite matemo pode ser ordenhado e dado ao recém-nascido assim que ele receber a imunoglobulina + deve-se restabelecer a amamentação quan do a mãe não estiver mais no período de transmissão (crostas nas lesões e sem novas lesões em 72 horas de observação), que geralmente é de 6 a 10 dias após o aparecimento do rash ● sarampo: realizar curto período de isolamento materno em relação ao recém-nascido (72 horas após o início do rash) ● doença de Lyme: ○ se for diagnosticada e tratada durante a gestação: não há necessidade de isolar a mãe de seu recém-nascido ou de outras pessoas ○ se doença for diagnosticada no pós-parto, a mãe e o recém-nascido deverão ser tratados imediatamente, principalmente se houver sintomas como rash ou febre ○ espiroqueta é transmitida pelo leite materno ○ após o início do tratamento, a amamentação pode ser retomada ● tuberculose: leite pode ser ordenhado e oferecido ao recém-nascido por meio de "copinho" ou seringa ○ tratamento da mãe: após ser considerada não bacilífera ( escarro negativo em aproximadamente 2 semanas de tratamento), a amamentação pode ser reiniciada Riscos nutricionais para o aleitamento materno ● galactosemia (deficiência de galactose-1-fosfato-uridiltransferase): o recém-nascido apresenta intolerância a lactose ● fenilcetonúria: elevação dos níveis séricos de fenilalanina decorrente da inabilidade de metabolizar tirosina em fenilalanina ● doenças metabólicas maternas: lactantes com doença de Wilson ( excesso de cobre) não devem amamentar devido ao tratamento com penicilamina (que se liga a cobre, magnésio e ferro), p ois essa substância pode ch egar ao leite humano e, assim, acometer o recém-nascido) ● riscos da dieta materna na amamentação: dietas exclusivamente vegetarianas pode provocar deficiênàa de determinados elementos nutricionais disponíveis somente em proteínas de origem animal ● contraindicações potenciais ao aleitamento materno ○ exposição a metais pesados, como mercúrio, arsênico, cádmio e chumbo, está relacionada a fontes de água, leite bovino e alguns leites de fórmula contaminados ○ exposição ao chumbo: é um metal pesado presente em tintas à base de chumbo e na poluição industrial. A passagem pelo leite humano é consideravelmente menor do que a passagem transplacentária. Se a dosagem sanguínea for < 40 mg/dL, a amamentação será considerada segura ○ exposição ao mercúrio: a contaminação ocorre pela ingestão de peixes e frutos do mar contaminados. A maioria das intoxicações é diagnosticada pelas manifestações n eurológicas clássicas. A am am entação está contraindicada se a mãe for sintomática e tiver níveis de mercúrio mensuráveis no sangue ○ exposição ao cádmio: esse elemento atravessa a placenta e o leite. A contaminação pode ocorrer por exposição industrial ou ingestão de crustáceos contaminados ● inibição da lactação ○ principais indicações: puérperas portadoras de HIV e hepatite C; com doenças graves que necessitem de cuidados intensivos e que as impeçam de exercer atividades básicas de cuidado próprio; raros casos de uso imprescindível de medicações absolutamente incompatíveis com o aleitamento ( drogas antineoplásicas, por exemplo); lesões mamárias extensas em que a excreção láctea não seja possível; e impossibilidade do lactente ( erros inatos do metabolismo e óbito perinatal) ○ técnicas recomendadas: enfaixamento mamário, que deve ser realizado utilizando-se ataduras largas e elásticas, com compressão intensa sobre as mamas, porém sem restrição ou incômodo respiratório mantida por um período de 5 a 10 dias ○ se as técnicas mecânicas não surtirem efeito → bromocriptina (1,25 a 2,5 mg, por via oral, a cada 8 a 12 ho ras, por 10 a 14 dias) ou a cabergolina ( dois comprimidos de 0,5 mg, por via oral, em dose única) → contraindicadas a pacientes hipertensas e cardiopatas Hospital amigo da criança ● intenção de promover o aleitamento materno exclusivo e o aleitamento materno em geral ● "Dez passos para o sucesso do aleitamento materno", definidos pela Unicef em 1989:8 1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, a qual deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe do serviço. 2. Treinar toda a equipe, capacitando-a para implementar essa norma. Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação. 4. Ajudar as mães a iniciarem a amamentação na primeira meia hora após o parto. 5. Mostrar às mães como amamentar e manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos. 6. Não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite matemo, a não ser que tenha indicação clínica. 7. Praticar o alojamento conjunto: permitir que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia. 8. Encorajar a amamentação sob livre demanda. 9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas. 1O. Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à amamentação, para os quais as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.
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