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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Me. Nilton Rogério Marcondes GUIA DA DISCIPLINA 2022 1 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. CONCEITOS BÁSICOS EM FINANÇAS Neste texto vamos conhecer a área de finanças, suas funções e todo o funcionamento do mercado financeiro. 1.1. Conceitos Básicos e Áreas de Atuação Todas as decisões de negócio envolvem um componente financeiro. Este fato obriga os executivos de qualquer área, inclusive aqueles que atuam em setores tidos como não financeiros a terem conhecimentos que lhes permitam transitar com algum conforto nesta área. No mundo atual é impossível fazer carreira em negócios sem uma base segura em administração financeira. Nem sempre esta função teve a importância que tem nos dias de hoje. Inicialmente voltada para os aspectos legais nas fusões e aquisições empresariais e nas diversas formas de levantar capitais vem evoluindo desde então para uma posição extremamente sofisticada na empresa moderna. 1.2. Histórico Nos anos 30, época de grandes crises financeiras é natural que estivesse voltada para falências e concordatas. Passado este turbilhão, volta-se para a regulamentação do mercado de títulos com intuito de evitar novos desastres. Neste período começam a tomar forma melhores controles internos e métodos mais sofisticados de preparação de relatórios financeiros que retratassem com maior fidelidade a posição financeira das empresas. Nos anos 50 o foco muda para o valor das empresas e a melhor forma de escolher investimentos em ativos e financiamentos para maximizar o valor das empresas. Vinte anos depois, na década de 70, o foco volta-se para administração do capital de giro e a obtenção de melhor forma de controlar os ativos buscando melhores métodos de manutenção dos registros financeiros e análise dos relatórios. A partir dos anos 90 testemunhamos uma grande expansão da Administração Financeira buscando prever com maior acuidade a utilização de recursos cada vez mais escassos buscando investimentos mais eficazes com menores riscos. Técnicas de simulação mais sofisticadas utilizando Tecnologia da Informação que permitam decisões mais seguras. 2 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O século XXI traz consigo a comunicação instantânea, a rede mundial e computadores. Este novo ambiente conduz a administração das finanças das empresas a um novo patamar de decisões real time e on line disponibilizando fundos e investimentos nos pontos mais distantes do planeta e tempo real. 1.3. Funções Principais do Administrador Financeiro Apesar de não participar diretamente das decisões operacionais é o Administrador Financeiro, quem – em última análise – fornece os recursos necessários para materializar as atividades operacionais. Para isto, as empresas possuem uma função dedicada exclusivamente à gestão dos assuntos financeiros. O Organograma abaixo ilustra a estrutura típica da Função Financeira em uma empresa de grande porte. 1.4. Funções Principais da Administração Financeira As funções principais da Administração Financeira são: Planejamento, controle e análise financeira: consiste em determinar o nível de capital necessário para a operação adequada da empresa. Para tanto busca reduzir as operações da empresa a dados financeiros que permitam uma análise adequada das atividades. Decisões de investimentos: consiste na escolha da destinação dos recursos para aplicá-los a curto prazo – em ativos circulantes – ou e investimentos não correntes – 3 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância realizável a longo prazo ou ativos permanentes tendo em vista a relação apropriada entre risco e retorno dos investimentos. Decisões de financiamento: em determinadas situações as operações da empresa necessitam a obtenção de recursos financeiros a curto ou longo prazo que satisfaçam estas necessidades dentro do perfil de endividamento mais adequado à estrutura da empresa. Geração de previsões financeiras para uso da alta administração: projeções que demonstrem as necessidades e excedentes de caixa através do tempo. Estas informações são essenciais para decisões de produção, comercialização e investimentos. 1.5. O Sistema Financeiro Nacional O Sistema Financeiro Nacional – SFN – tem por finalidade intermediar os fluxos de recursos entre os diversos participantes do mercado financeiro. Foi criado pela Lei 4595 de 31 de dezembro de 1964 com a seguinte constituição: • Conselho Monetário Nacional; • Banco Central do Brasil; • Banco do Brasil S/A; • Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico; (este nome seria mais tarde trocado para Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES) • Demais instituições financeiras públicas e privadas. Posteriormente, com a Lei 6385 de 7 de dezembro de 1976 o Sistema Financeiro Nacional foi completado com a criação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. O Conselho Monetário Nacional, o Banco Central do Brasil, o Banco do Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e a Comissão de Valores Mobiliários são as chamadas Autoridades Monetárias e têm a função de regular e fiscalizar o mercado. 1.6. Autoridades Monetárias Conselho Monetário Nacional: é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional. Sua competência é definida pelo art. 4o da Lei 4595/64. É um órgão normativo, não tendo, portanto, funções executivas sendo o responsável pela regulamentação das diretrizes de 4 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância política monetária, creditícia e cambial (art. 3o incisos I a VII e art. 4o incisos I a XXXI e par. 1o a 7o), o Ministro da Fazenda é presidente do CMN. Banco Central do Brasil: o Banco Central do Brasil (BACEN) tem – entre outras – as seguintes atribuições (art. 10o): • Emitir moeda dentro dos limites autorizados pelo Conselho Monetário • Nacional; • Executar os serviços do meio-circulante; • Determinar o recolhimento dos depósitos à vista e de outros títulos contábeis das instituições financeiras; • Receber os recolhimentos compulsórios e os depósitos voluntários à vista das instituições financeiras; • Realizar operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras; • Controlar o crédito sob todas as formas; • Efetuar o controle dos capitais estrangeiros; • Ser o depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estrangeira e de • Direitos Especiais de Saque; • Fiscalizar as instituições financeiras; • Conceder autorização de funcionamento, instalação, transformação, fusão e incorporação de instituições financeiras. Comissão de Valores Mobiliários: de acordo com o art. 8o da lei 6385/76 a Comissão de Valores Mobiliários disciplina e fiscaliza o mercado de capitais. Banco do Brasil: o Banco do Brasil S/A é essencialmente um banco múltiplo participando normalmente do mercado financeiro. Além disto, o art. 19 da lei 4595/64 especifica que o Banco do Brasil também agirá como instrumento da execução da política creditícia e financeira do Governo Federal. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: definido no par. 2o do art. 22 da lei 4595/64 como o principal instrumento da execução da política de investimentos do Governo Federal. 5 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1.7. Instituições Financeiras A lei 4595/64 divide as instituições financeiras em públicas e privadas. Segundo o art. 22 as Instituições Financeiras Públicas são os órgãos auxiliares da execução da política de crédito do Governo Federal. As Instituições Públicas terão suasatividades reguladas pelo CMN ao qual deverão submeter seus programas de recursos e aplicações. Por outro lado, as instituições financeiras privadas deverão ser constituídas unicamente sob a forma de sociedade anônima sendo a totalidade de seu capital com direito a voto sob a forma de ações nominativas. No entanto, esta norma não se aplica às cooperativas de crédito. As instituições financeiras podem se apresentar sob os seguintes tipos: Bancos Comerciais: formam a base de todo sistema financeiro. Representam os intermediadores financeiros cujo objetivo principal é levantar os recursos necessários para financiar as operações a curto e médio prazo de pessoas físicas e jurídicas. Prestam também uma variedade de serviços como cobrança de títulos e recebimento de tributos. Realizam também operações de câmbio. Caixa Econômica: É essencialmente uma instituição com objetivos sociais que concedem empréstimos e financiamentos a programas e projetos habitacionais, assistência social, saúde, educação e outros de cunho semelhante. Além destas operações também agem como bancos comercias. São parte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo e do Sistema Financeiro da Habitação. A Caixa Econômica Federal é a administradora dos Recursos do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Bancos de Investimento: são basicamente intermediadores de fundos de médio e longo prazo para financiamento de capital fixo ou de giro. Não podem captar recursos através de depósitos, mas apenas através de CDB’s – Certificados de Depósito Bancário – ou venda e cotas de fundos de investimento. Sociedades de Arrendamento Mercantil: são as companhias empresas de leasing. Seus recursos são captados principalmente através de empréstimos ao médio e longo prazo e financiam as operações de arrendamento mercantil. 6 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1.8. Outras considerações Não podemos encerrar esta discussão sem mencionar instituições que apesar de não serem consideradas como instituições financeiras têm uma atividade importante no mercado financeiro. São elas: Empresas de factoring – empresas especializadas na cessão de créditos a vencer representados por duplicatas de vendas mercantis ou de prestação de serviços. Não confundir com desconto bancário. Nesta operação as duplicatas são compradas pela empresa de factoring. As empresas de factoring são regulamentadas pelo Código Comercial e não pelo Banco Central. Apenas são consideradas agentes financeiros aquelas entidades que captam recursos no mercado para então investi-los. As empresas de factoring utilizam-se de capital próprio para suas operações – não captando, portanto, recursos no mercado. Por este motivo não são considerados como agentes financeiros e suas operações são, em realidade, operações mercantis. Bolsas de Valores – são instituições sem fins lucrativos formadas pelas corretoras de valores onde as ações são negociadas. Apesar desta definição no Brasil temos em operação apenas a Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA Administradoras de Cartão de Crédito – podem ser consideradas como empresas de intermediação entre o varejista e o consumidor. 1.9. O Banco Central do Brasil Instituído pela Lei no. 4.595 de 31 de dezembro de 1964, O Banco Central do Brasil é uma autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional, sendo vinculada ao ministério da Fazenda. É o executor central do Sistema Financeiro Nacional, responsável pela fiscalização e cumprimento das disposições que regulam o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional de acordo com as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como os demais bancos centrais do mundo é a principal autoridade monetária. 7 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1.10. Histórico e Evolução Antes da criação do Banco Central o papel de autoridade monetária do Brasil era desempenhado pela SUMOC – Superintendência da Moeda e Crédito, pelo Banco do Brasil e pelo Tesouro Nacional. A SUMOC, órgão criado em 1945 era responsável pelo controle monetário além da preparação de um banco central, sendo também responsável por determinar as reservas obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas de redesconto e assistência financeira da liquidez, e juros sobre depósitos bancários. A ele cabia, também, supervisionar a atuação dos bancos comerciais, orientar a política cambial e representar o País junto a organismos internacionais. O Banco do Brasil era em realidade o banco do governo, controlando as operações de comércio exterior, recebimento dos depósitos voluptuários e compulsórios dos bancos comerciais e as operações de câmbio em nome de empresas públicas e do Tesouro Nacional, de acordo com as normas da SUMOC. Por seu turno, o Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda. A criação do Banco Central foi o ponto de partida para o realinhamento das instituições financeiras brasileiras. Este realinhamento teve início com o aparelhamento do Banco Central para desempenhar o papel de “bancos dos bancos”. Em 1985 teve início o reordenamento financeiro governamental com a separação das contas e das funções do Banco Central, Banco do Brasil e Tesouro Nacional. Em 1986 foi extinta a chamada “conta movimento” e o fornecimento de recursos pelo Banco do Brasil passou a ser claramente identificado nos orçamentos de ambos os bancos, eliminando-se, destarte, os suprimentos automáticos de fundos pelo Banco do Brasil, suprimentos estes que prejudicavam as operações do BACEN. Este processo de reordenamento prosseguiu até 1988 quando as funções monetárias foram transferidas progressivamente do Banco do Brasil para o Banco Central. As funções que não eram ligadas a ele como as relacionadas ao fomento e à administração da dívida pública federal foram transferidas para o Tesouro Nacional. 8 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A Constituição de 1988 definiu a competência exclusiva da União de emitir moeda além da exigência da aprovação prévia do Senado Federal, após arguição pública, dos nomes indicados para ocupar os cargos de presidente e diretores do órgão. No mesmo corpo legal, ficou proibida a concessão direta ou indireta de empréstimos ao Tesouro Nacional. O artigo 192 da Constituição prevê a elaboração da Lei Complementar do Sistema Financeiro Nacional que deverá substituir a Lei 4.595/64 e redefinir atribuições e estrutura do Banco Central. 1.11. Competências São seguintes as competências do Banco Central do Brasil: • Emitir moeda (papel moeda e moeda metálica); • Executar serviços de meio circulante; • Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais; • Realizar operações de redesconto e empréstimos de assistência à liquidez às instituições financeiras; • Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis. • Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e venda de títulos públicos federais; • Autorizar, normatizar, fiscalizar e intervir nas instituições financeiras; e, • Controlar o fluxo de capitais estrangeiros, garantindo o correto funcionamento do mercado cambial. 1.12. Mercado Financeiro Mercado Financeiro é onde acontece a intermediação entre investidores e tomadores. • Investidores: são os agentes superavitários que desejam investir seus recursos. • Tomadores: são os agentes deficitários que vêm ao mercado em busca de financiamento. 9 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O mercado financeiro se divide em: • Mercado monetário; • Mercado de crédito; • Mercado decapitais; • Mercado de Câmbio. 1.13. Mercado Monetário No mercado monetário acontecem normalmente as operações de curto e curtíssimo prazo. Além destas operações cabe a este mercado atender às necessidades de caixa dos agentes econômicos e intermediadores financeiros. É neste mercado que as autoridades monetárias regulam a liquidez geral do sistema através da negociação de títulos emitidos pelo Banco Central. Caso seja necessário reduzir a liquidez do mercado, o governo aumenta o volume do depósito compulsório – que é o depósito obrigatório feito pelos bancos no Banco Central. Outra estratégia de política monetária para reduzir o excesso de moeda em circulação consiste na venda títulos públicos os quais uma vez adquiridos pelos agentes financeiros reduzem a liquidez do mercado. Aqui também são negociados títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional – Notas do Tesouro Nacional – NTN e Letras do Tesouro Nacional – LTN. Também são negociados títulos emitidos pelos Estados e Municípios e por instituições privadas – CDI – Certificado de Depósitos Interbancários e CDB – Certificado de Depósito Bancário. Dois conceitos extremamente importantes são os conceitos de Meios de Pagamento e Base monetária, mencionados diariamente pelos jornais. Abaixo tentamos dar uma explicação simples para estes termos. Meios de pagamento: – ou oferta da moeda – é o estoque de moeda disponível para uso da coletividade – por coletividade entenda-se o setor privado não bancário – a qualquer momento. Objetiva-se desta forma medir a liquidez do mercado – que são as necessidades dos agentes do setor privado não bancário para satisfazer suas transações com bens e serviços. 10 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O saldo dos meios de pagamento é composto pelo saldo de moeda em poder do público mais o saldo dos depósitos à vista. Este conceito também é chamado de M1. No entanto outros conceitos podem ser utilizados como abaixo: • M2 = M1 + títulos públicos federais, estaduais e municipais em poder do público, fundos de aplicação financeira e de renda fixa de curto prazo e depósitos especiais remunerados. • M3 = M2 + depósitos em caderneta de poupança. • M4 = M3 + depósitos a prazo e títulos privados (letras de câmbio e letras imobiliárias) (Nota: esta é a classificação de Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos. Carmo Lopes e Rossetti adotam uma classificação um pouco diferente). Base monetária: é o total de moeda em poder do público mais as reservas dos bancos comerciais. Reservas dos bancos comerciais são a soma do caixa dos bancos comerciais mais os depósitos destes bancos no Banco Central sejam eles voluntários ou compulsórios. (A Base Monetária representa o Passivo da Autoridade Monetária.) 1.14. Mercado de Crédito A função básica do mercado de crédito é suprir as necessidades de crédito a curto e médio prazo tanto das pessoas físicas quanto jurídicas. Os créditos de um modo geral são financiamentos para capital de giro – pessoas jurídicas – e financiamentos de bens e serviços – pessoas físicas. Os recursos negociados originam-se nos depósitos captados pelas instituições financeiras, repasse de linhas de crédito – nacionais e estrangeiras – e recursos próprios das instituições financeiras. As operações mais comuns são as seguintes: 1. Empréstimos para capital de giro: 2. Conta garantida; 3. Adiantamento de contrato de câmbio; 4. Repasses de recursos externos (Resolução 2.770); 5. Financiamento de importações; 6. Financiamento de serviços e bens de consumo duráveis. 11 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1.15. Mercado de Capitais O mercado de capitais atende às necessidades de financiamento a médio e, principalmente, a longo prazo dos agentes produtores. A maior parte dos financiamentos destina-se a capital fixo e se originam normalmente de agentes financeiros não bancários. Os principais meios de financiamento são: • Ações; • Debêntures; • Notas promissórias (commercial papers). De um modo geral as ações e as debêntures são negociadas inicialmente no mercado primário. Neste mercado os títulos são emitidos pelas empresas e obtêm novos recursos para satisfazer suas necessidades. No mercado secundário estes títulos são transacionados entre os proprietários dos mesmos sem que o resultado das transações seja destinado às empresas emissoras. Os recursos pertencem aos próprios investidores que negociam estes títulos – ações e títulos de crédito – nas bolsas de valores. 1.16. Mercado de câmbio As negociações com moeda estrangeira são realizadas por empresas que mantenham operações de comércio internacional ou que captam recursos no exterior, além das instituições financeiras autorizadas a operar com câmbio. As instituições que realizam operações de câmbio devem ser autorizadas pelo Banco Central, que controla e autoriza estas operações. A legislação brasileira não permite operações em moedas estrangeira no Brasil. Assim, as moedas estrangeiras recebidas devem ser vendidas aos agentes de câmbio quando do recebimento e os importadores devem trocar o valor em moeda local pelo equivalente em moeda estrangeira para efetuar seus pagamentos no exterior. Esta sistemática aplica-se também a outros tipos de operações que envolvam moeda estrangeira – investimentos, empréstimos, financiamentos, pagamentos de juros, remessa de dividendos, viagens internacionais etc. 12 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Nesta aula conhecemos a área de finanças, suas funções e todo o funcionamento do mercado financeiro. 13 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. OBJETIVO DAS EMPRESAS, RISCO E RETORNO Neste texto vamos estudar o objetivo das empresas, as atividades empresariais, retorno e riscos dos investimentos e vamos fazer um breve estudo sobre regime de caixa e regime de competência. 2.1. Objetivo das empresas A maioria dos estudantes acreditam que o objetivo das empresas é o lucro. Na realidade o lucro é apenas um meio. O objetivo real das empresas é a maximização de seu valor à longo prazo – daí o lucro ser um meio e não o fim. Os investimentos são feitos com a expectativa de um retorno aliado com os riscos assumidos. Este retorno deve ser alcançado através da produção de resultados econômicos e financeiros – lucros e caixa – adequados por um extenso período de tempo. A contabilidade define esta situação através do Postulado da Continuidade que considera a empresa como sendo uma entidade em continuidade, ou de forma simplificada, considera a empresa como sendo um empreendimento que foi realizado com a finalidade de manter-se em funcionamento. 2.2. Atividades empresariais De um modo geral podemos agrupar as atividades de uma empresa como a seguir: Atividades operacionais: são aquelas executadas para preencher a finalidade da empresa visando obter um retorno adequado para os investimentos feitos pelos proprietários. Estas atividades geralmente refletem-se no Demonstrativo Resultado do Exercício (DRE) e geram o resultado operacional. Atividades de investimento: este grupo inclui as operações de aplicações de recursos para dar continuidade à empresa e permitir seu funcionamento. Estas aplicações referem-se normalmente às contas do Ativo Circulante ou Permanente de acordo com o prazo destes investimentos. Atividades de Financiamento: são reflexo da forma que a empresa decidiu financiar seus investimentos (Ativos): financiamento de terceiros (Exigível) ou financiamento próprio (Patrimônio Líquido). 14 Administração Financeirae Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Já deve ter ficado evidente que as atividades operacionais refletem-se na DRE, as operações de investimento e de financiamento, no Balanço: aquelas no Ativo e estas no Passivo. 2.3. Regime de Competência e regime de Caixa Enquanto o Contador trabalha com o Regime de Competência o Administrador Financeiro trabalha em regime de Caixa. No Regime de Caixa, a Receita e a Despesa são reconhecidas – registradas – apenas quando realizadas, ou seja, no efetivo recebimento ou pagamento. Assim, quando apuramos o Lucro, o valor obtido é palpável e tangível e deve estar todo na gaveta da caixa registradora do feliz proprietário da empresa. Por seu turno no Regime da Competência a Receita e as Despesas são reconhecidas quando incorridas, independente do recebimento efetivo. Com isto o Lucro é o resultado puro e simples da contraposição de receitas e despesas incorridas no mesmo período independente do recebimento de uma e do pagamento da outra. 2.4. Retorno de um Investimento Todos os investimentos são efetuados na expectativa de um retorno. Por retorno devemos entender um valor ganho por um investimento: o valor do lucro e dos ganhos de capital gerados por um investimento. Os investidores têm consciência que retorno e risco caminham sempre juntos, assim, definem o que chamamos de retorno exigido que é o retorno necessário para convencer uma pessoa a realizar um investimento. 2.5. Retorno O retorno é uma função direta do risco, ou seja, o retorno varia na razão direta do risco. A primeira variável a ser examinada em qualquer investimento é o retorno. 15 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Retorno é o resultado – ganho ou perda – de qualquer investimento em um período. O que estamos dizendo é que um investimento qualquer muda de valor no decorrer do tempo, seja um aumento ou uma redução no seu valor. O retorno de um investimento normalmente é medido sob a forma de porcentagem e não em valores monetários. Exprime a variação do valor do investimento acrescido de qualquer retorno em caixa que este tenha rendido no período. Assim, podemos exprimir esta variação como a seguir: Onde: I0 = Investimento inicial (no tempo 0); I1 = Valor final do investimento (investimento no tempo t); Ct = Lucro corrente do (fluxo de caixa, dividendos ou juros) recebido do investimento no tempo t; t = Taxa de retorno do investimento durante o tempo t. Veja um exemplo de cálculo do retorno de um investimento. Observe que o retorno está intimamente ligado aos valores de mercado do investimento através do tempo. A empresa Sebastião Pereira & Noras Ltda., decidiu investir na compra de ações. Assim, em janeiro de 200X adquiriu um lote de ações da Companhia A por R$22.000,00. Ao final do semestre as ações estavam cotadas a R$23.730,00. No mês de junho a empresa recebeu 800,00 em dividendos. Na mesma época adquiriram também um lote de ações da Companhia B por R$14.000,00, que ao final do semestre valiam apenas R$12.750,00, A Companhia B, no entanto recebeu R$3.000,00 de dividendos. Qual investimento teve melhor rentabilidade? Um grande diferencial a ser observado nos exemplos citados acima, é que os valores recebidos em dividendos foram primordiais para o estabelecimento dos 16 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância percentuais de rentabilidade. No caso A, houve uma valorização das ações, acontecendo o inverso na situação do Caso B. Apesar disso, os valores recebidos em dividendos foram primordiais para o estabelecimento de uma melhor rentabilidade no caso da empresa B. 2.6. Risco O risco é a incerteza que o retorno realizado seja diferente do retorno esperado. Como as decisões financeiras são tomadas no presente e os resultados ocorrem no futuro, o risco é parte integrante de todas as decisões financeiras. Determinados investimentos apresentam resultados maiores que outros. Os resultados menores estão relacionados a riscos menores. Os executivos financeiros, de um modo geral, preferem riscos mais baixos, mesmo que isto represente retornos menores. Este raciocínio é lógico, se considerarmos que os recursos investidos por eles pertencem aos investidores e, por conseguinte, precisam ser protegidos. O risco de uma carteira de investimento pode ser dividido como abaixo: 2.7. Risco sistêmico De acordo com Securato (1999, pag. 142), o risco sistêmico é também conhecido como risco conjuntural, não-diversificável ou risco de mercado. Consiste no risco a que estamos sujeitos em função das variações da conjuntura econômica, política e social. 2.8. Risco não sistêmico O risco não sistêmico relaciona-se a um empreendimento ou a um setor da economia; este risco é diversificável. A forma de medir o risco não-sistemático é se baseando no desvio-padrão dos retornos do papel em questão. A forma mais eficaz de se evitar o risco não-sistemático é através da diversificação de portfólio. 17 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo William Sharpe – professor da Universidade de Stanford, e Prêmio Nobel de Economia de 1990 – somente o risco sistêmico (β) paga o prêmio. O risco não sistêmico é diversificável e por este motivo não paga o prêmio. 2.9. Avaliação do Risco Podemos analisar o risco empregando a análise de sensibilidade e a distribuição de probabilidades para verificar o comportamento dos retornos. Desta forma podemos ter uma visão do nível de risco embutido em um determinado ativo. Na análise de sensibilidade utilizamos uma quantidade de estimativas de retornos possíveis para analisar a variabilidade entre os resultados. Normalmente estimamos uma possibilidade pessimista (pior), a mais provável (esperada) e uma otimista (melhor), associadas a um determinado ativo. O risco será medido pelo intervalo obtido pela subtração entre o resultado otimista e o pessimista. A empresa XYZ tem duas alternativas de investimento: A e B. Ambos exigem um desembolso inicial de caixa de R$30 000 e ambos têm a taxa de retorno mais provável de 15%. Para avaliar o risco de cada um destes ativos a administração fez estimativas pessimistas e otimistas dos resultados associados a cada um deles: Ativo A Ativo B Investimento Inicial R$30.000 R$30.000 Taxa anual de retorno Pessimista 8% 4% Mais provável 12% 12% Otimista 16% 20% Intervalo 8 16 O ativo A parece ser menos arriscado do que B uma vez que seu intervalo (8 pontos porcentuais) é menor do que o de B (16 pontos porcentuais). Assim, apesar dos dois ativos apresentarem o mesmo retorno mais provável, o ativo B aparenta um risco maior e o administrador financeiro – avesso ao risco – iria preferir o primeiro. 18 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Apesar de este método ser muito simples, dá ao administrador uma visão global do comportamento esperado dos investimentos, que serve para uma avaliação bruta dos resultados. 2.10. Distribuição de Probabilidades Outro modelo que pode ser utilizado para avaliação de risco é a distribuição de probabilidades. Neste modelo relacionamos probabilidades de acontecimento a cada um dos retornos projetados. A probabilidade de um dado resultado é na realidade sua chance de ocorrer. Um retorno com a probabilidade de 100% é uma certeza. No caso da XYZ estas probabilidades de ocorrência – em ambos os investimentos – são respectivamente de 25%, 50% e 25% para os retornos pessimista, maisprovável e otimista. Observe que a soma das probabilidades deve ser sempre 100%, ou seja, as probabilidades devem cobrir todas as alternativas consideradas. O retorno esperado, ou retorno médio (μ) seria a média de todos os retornos, levando-se em conta as probabilidades de cada um destes retornos. Assim, o retorno esperado do ativo A é: O retorno médio ou retorno esperado seria 12%. 2.11. O Desvio Padrão como medida de risco A forma mais aceita de determinar o risco de um determinado investimento é calcular os desvios dos retornos em relação a um retorno médio esperado (ver acima). Supomos inicialmente que todos os valores envolvidos têm uma distribuição normal. Assim sendo, podemos medir a volatilidade dos retornos para cada projeto em relação ao retorno esperado, ou retorno médio. O desvio padrão dos retornos prováveis de um investimento em relação ao investimento médio é a medida de risco do investimento. Veja a seguir como é feito o cálculo do Desvio Padrão de um investimento. 19 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Vamos calcular o desvio padrão dos dois investimentos planejados pela XYZ. O investimento que apresentar um desvio padrão menor deverá ser o escolhido, uma vez que terá um risco menor. Sem qualquer dúvida o investimento A deverá ser escolhido, uma vez que seu desvio padrão é menor. Neste texto estudamos os objetivos das empresas, as atividades empresariais, onde vimos as atividades operacionais, atividades de investimentos e atividades de financiamentos, estugamos o retorno e riscos dos investimentos e falamos sobre regime de caixa e regime de competência. Até o próximo texto! 20 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. ANALISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS Nesta aula estudaremos a análise dos demonstrativos financeiros, vamos falar sobre a analise horizontal e vertical e a analise através dos índices. 3.1. ANALISE HORIZONTAL E VERTICAL A análise dos Demonstrativos Contábeis nasce da necessidade, principalmente dos financiadores, de determinar a situação econômico-financeira das empresas tomadoras de empréstimos, para se decidirem pela concessão ou não de financiamentos, bem como para determinar os níveis de garantias necessárias para suportar as operações financeiras. Internamente, esta ferramenta é utilizada pela direção das empresas para analisar o desempenho e indicar possíveis pontos fracos ou oportunidades. Serve também para suportar decisões de investimentos ou programas de crescimento. Os acionistas utilizam- se destas análises para determinar a rentabilidade e o valor da empresa, de modo que possam escolher adequadamente onde irão investir. 3.2. ANÁLISE HORIZONTAL Nesta análise, buscamos acompanhar a evolução das várias contas dos demonstrativos contábeis ao longo do tempo. Colocamos os relatórios lado a lado e comparamos os valores e a forma com que evoluem de um período para outro. Normalmente, toma-se por base o relatório do exercício mais antigo – base 100 – e calcula-se a evolução percentual dos demais períodos em relação a este período base. A análise horizontal tem por finalidade verificar o comportamento do patrimônio e do resultado da entidade. É utilizada para avaliar a relação, ao longo do tempo, de cada conta das Demonstrações Contábeis entre, no mínimo, dois períodos. Os valores da Demonstração Contábil de data mais remota são tidos como base, enquanto os valores dos anos mais recentes são expressos em percentagem, em relação ao valor do ano anterior. O objetivo da análise horizontal é permitir o exame da evolução histórica dos valores que compõem o patrimônio da empresa. Vale ressaltar que para aplicação da técnica de análise horizontal, faz-se necessário posicionar todas as demonstrações contábeis para a 21 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância moeda de uma mesma data (último ano), ou seja, se estamos examinando valores de três exercícios sociais seguidos, como 2012, 2013 e 2014, deve-se corrigir (inflacionar ou deflacionar) os valores de 1012 e 2013 para que o efeito inflacionário sofrido (se houver) por estes valores seja eliminado, permitindo a análise de valores reais em uma mesma data. Tradicionalmente, na análise horizontal tomamos o primeiro exercício como base 100 e estabelecemos a evolução dos demais exercícios comparativamente a essa base inicial. Por exemplo, se uma empresa no ano de 20X1 teve um ativo total de $ 2.560.000, este valor representará a base 100. Se no ano de 20X2 o valor do ativo teve um pequeno decréscimo para $ 2.350.000, teremos neste ano um índice de 91,8, ou seja, 91,8% em relação ao valor de ativo de 20X1. Se em 20X3 o ativo total registrar um valor de $ 3.480.000 teremos então um índice de 135,9, ou seja, 135,9 % em relação ao valor do ativo de X1. Percebe-se que os anos de X2 e X3 estão sendo comparados sempre com a base (X1), o que permite a visualização histórica da evolução do saldo das contas, como o ativo em nosso exemplo. Para o cálculo do índice, utilizamos a seguinte fórmula: 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 = ( valor data valor base ) − 1 𝑥 100 Segue abaixo um exemplo de cálculo: Conta ou Grupo Saldo do ano anterior – R$ Saldo do ano atual – R$ Cálculo Variação % Caixa 10.000 15.000 [(15.000/10.000)-1] x 100 + 50,0% Fornecedores 20.000 16.000 [(16.000/20.000)-1] x 100 - 20,0% Vendas 100.000 115.000 [(115.000/100.000)- 1] x 100 + 15,0% Lucro Operacional 15.000 13.000 [(13.000/15.000)-1] x 100 - 13,0% A análise horizontal por si só não faz muito sentido, pois não se mostra muito conclusiva com relação a identificação das causas das evoluções demonstradas pela série 22 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância de valores analisados, devendo sempre que possível ser empregada em conjunto com a análise vertical”. 3.3. ANÁLISE VERTICAL Por outro lado, na análise vertical, nosso objetivo é examinar a importância relativa de cada conta dentro do total para que tenhamos uma visão da importância de cada uma delas nos períodos sob análise. A análise comparativa dos balanços patrimoniais em valores expressos em moeda corrente, contribuiu significativamente para que a utilização dos informes contábeis no processo decisório das organizações se desenvolvesse. Entretanto, foi necessário aperfeiçoar a comparação dos valores dessas demonstrações, razão pela qual foi desenvolvida a análise comparativa dos balanços patrimoniais em valores relativos, ou em percentagens. 3.4. O Balanço Patrimonial em Percentagens Consiste na redução dos balanços patrimoniais à uma grandeza uniforme, de modo que em qualquer balanço patrimonial em percentagens o ATIVO TOTAL tem o mesmo valor de 100. A igualdade dos dois lados do balanço se mantém, pois, a soma do passivo com o patrimônio líquido tem o mesmo valor de 100. Este procedimento permite a comparação de todos os balanços patrimoniais em percentagens, tanto os elaborados pela mesma empresa em datas diferentes, como os elaborados por empresas diferentes, independentemente dos tamanhos, setores de atividade, data ou moeda em que estão expressos. Isto se torna possível na medida em que as percentagens refletem as proporções e características existentes nos balanços originais, independentemente da data ou moeda, mas que foram reduzidos a uma grandeza uniforme permitindo a comparação. 3.5. Utilidade do Balanço Patrimonial em Percentagens O balanço patrimonial em percentagens proporciona uma nítida visão de como se distribuemos investimentos de capital no ativo, evidenciando a proporção de cada conta ou grupo de conta no seu total. Informa também a composição das origens de capitais, com a importância de cada conta ou grupo de contas, que figura no passivo ou no patrimônio líquido. 23 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Trata-se de informação preliminar importante que serve de base para orientar as conclusões nas demais etapas da análise. Evidencia de forma simples e objetiva os efeitos no balanço patrimonial determinados pela gestão e pelas características inerentes ao tipo de atividade praticada pela empresa, no que se refere a composição dos capitais. Por exemplo, a maioria das empresas de transportes tem uma preponderância manifesta de investimento no imobilizado em relação aos demais grupos do ativo. Nas empresas que se dedicam ao transporte urbano de passageiros, que normalmente vendem suas passagens à vista, é provável que o ativo circulante não contenha a conta de valores a receber de clientes, reduzindo com isto sua importância. Em empresas deste tipo é comum apurar-se um valor de ativo permanente que seja igual ou maior que o patrimônio líquido. Por isso, utilizam com frequência operações especiais de financiamento visando obter recursos para formar sua frota de veículos. Também através do exame da composição do ativo podemos perceber a característica da gerência da entidade, como no caso de empresas conservadoras, que no correr do tempo destinaram parcela preponderante dos recursos havidos para investir em aplicações financeiras como forma de manter o valor de seu ativo. Existem organizações que chegam a ter mais de 50% do ativo investidos desta forma. Esta situação deve ser avaliada com cuidado para evitar erros de apreciação. Outro aspecto importante revelado pela análise das percentagens é a participação de cada tipo de capital no conjunto dos recursos utilizados. O balanço patrimonial em percentagens, na medida em que revela a importância de cada conta no conjunto dos valores patrimoniais, evita a confusão muitas vezes cometida, entre grandeza e solidez de uma empresa, como segue: Empresa “X”- Estoque de mercadorias no valor de $ 10 mil Empresa “Y”- Estoque de mercadorias no valor de $ 100 milhões. A princípio, pode-se pensar que a empresa “Y” tem maior solidez do que a empresa “X”. Isto pode estar incorreto, pois para um julgamento mais seguro é conveniente examinar o montante das existências em comparação com os demais valores dos respectivos balanços patrimoniais. 24 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O Balanço patrimonial em percentagens proporciona ainda as seguintes vantagens: a) maior clareza na análise comparativa devido a redução dos balanços patrimoniais em valores absolutos a uma grandeza uniforme, comparável; b) possibilidade de comparação entre quaisquer balanços patrimoniais em percentagens como se exemplifica abaixo: • balanços patrimoniais em percentagens de anos diferentes de uma mesma empresa; • balanços patrimoniais em percentagens de empresas diferentes, independentemente do seu ramo de atividade; c) possibilidade de elaboração de um balanço patrimonial em percentagens d) consolidado de um setor de atividades, estabelecendo, assim, os valores típicos que servem de base de comparação para as empresas do ramo; e) possibilidade de elaboração do balanço patrimonial em percentagens do período, na tabela de análise dos balanços patrimoniais, estabelecendo os valores típicos internos da empresa como base de comparação para as percentagens de cada ano; f) evidenciação das contas de maior importância no conjunto de valores, evitando, deste modo, interpretações errôneas decorrentes do exame dos valores absolutos; g) possibilidade de elaboração de um gráfico que representa a situação h) patrimonial e financeira da empresa. Pelo exposto, concluímos que o balanço patrimonial em percentagens constituísse num instrumento muito importante para a análise comparativa, que proporciona elementos de grande valor para realizar apreciações e julgamentos adequados com relação a situação financeira das empresas em geral. 3.6. Elaboração do Balanço Patrimonial em Percentagens Conforme exposto, a elaboração do balanço patrimonial em percentagens consiste no cálculo da relação percentual de cada conta do balanço patrimonial, com o ativo total do respectivo ano. Para demonstrar a forma de elaboração do balanço em percentagens, utilizamos o exemplo da empresa “ALFA” que possui os seguintes valores ativos em seus balanços de 20X1 e 20X2: 25 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ATIVO 20X1 (R$) AV (%) 20X2 (R$) AV (%) (X2 – X1) (R$) (X2 – X1) AV(%) Disponibilidades 10.000 10,0 15.000 11,8 5.000 1,8 Clientes 25.000 25,0 26.000 20,5 1.000 (4,5) Estoques 25.000 25,0 28.000 22,0 3.000 (3,0) Ativo Circulante 60.000 60,0 69.000 54,3 9.000 (5,7) Realiz. L. Prazo 2.000 2,0 8.000 6,3 6.000 4,3 Permanente 38.000 38,0 50.000 39,4 12.000 1,4 Ativo N. Circul. 40.000 40,0 58.000 45,7 18.000 5,7 Ativo Total 100.000 100,0 127.000 100,0 27.000 0,0 PASSIVO + PATR. LÍQUIDO 20X1 (R$) AV (%) 20X2 (R$) AV (%) (X2 – X1) (R$) (X2 – X1) AV(%) Fornecedores 25.000 25,0 21.000 16,5 -4.000 -8,5 Empr. a Pagar 10.000 10,0 18.000 14,2 8.000 4,2 Salários a Pagar 5.000 5,0 8.000 6,3 3.000 1,3 Passivo circulan. 40.000 40,0 47.000 37,0 7.000 -3,0 Exig. Longo Prz 6.000 6,0 7.000 5,5 1.000 -0,5 Passivo N. Circ. 6.000 6,0 7.000 5,5 1.000 -0,5 Patrim. Líquido 54.000 54,0 73.000 57,5 19.000 3,5 P.Total + PL 100.000 100,0 127.000 100,0 27.000 0,0 Para elaborar a tabela acima, utilizou-se as seguintes fórmulas: a) Coluna AV(%) Tomamos o saldo da conta desejada, dividindo-o pelo valor do Ativo Total e multiplicando-se o resultado por 100, obtendo-se então o percentual desta conta em relação ao Ativo Total. Exemplo: Conta Disponibilidades em 20X2 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎 15.000 =×100 = 11,8% 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 127.000 Conclusão: Por este cálculo, concluímos que ao final de X2 as disponibilidades representavam 11,8% do Ativo total da empresa. 26 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância a) Colunas de diferenças: a.1) (X2-X1) em $ - Esta coluna visa mostrar o aumento ou redução do saldo das contas de um ano para outro. Se o resultado da subtração for positivo, significa que o saldo aumentou, mas se o resultado da subtração for negativo, é sinal que o saldo da conta diminuiu. Exemplo: Conta Disponibilidades Saldo em 20X2: $ 15.000, Saldo em 20X1: $ 10.000, logo; X2 - X1 ==> 15.000 - 10.000 = 5.000, o que demonstra que de X1 para X2 o saldo da conta Disponibilidades da Cia Alfa teve um acréscimo de $ 5.000. a.2) (X2 - X1) em % - Esta coluna tem o objetivo de mostrar o aumento ou a redução da conta na sua participação em relação ao Ativo Total. Assim como no item b.1) se o resultado da subtração for positivo, é sinal que aumentou a participação relativa da conta no total, mas se o resultado da subtração for negativo, significa que a participação em relação ao Ativo Total diminuiu. Exemplo: Conta de Clientes Participação em 20X1: 25,0; Participação em 20X2: 20,5 X2 - X1 ==> 20,5 - 25,0 = - 4,5 ==> (4,5); o que demonstra que a participação da conta clientes em relação ao Ativo Total de X1 para X2 teve uma redução de 4,5%, mesmo que o seu valor absoluto tenha aumentado de $ 25.000 para $ 26.000, como mostrao balanço da Cia Alfa. 3.7. Análise por Índices A Matemática nos ensina que Índice é uma relação entre duas grandezas. Assim, a análise de Demonstrativos Financeiros com a utilização de índices ou coeficientes consiste basicamente no estudo comparativo dos valores para determinar a eficácia operacional da empresa. De uma maneira geral, a análise por índices serve para medir o estado geral da empresa, uma vez que, através desta, pode-se formar uma ideia bastante clara do comportamento financeiro, seu endividamento e suas operações. 27 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Nas análises comparativas, os índices obtidos nos demonstrativos financeiros da empresa examinada são comparados com índices do ramo ou uma evolução temporal destes índices. Existem empresas especializadas em publicar índices setoriais para comparação. Estes índices são uma média dos índices das principais empresas do ramo e servem perfeitamente para balizar os resultados obtidos. 3.8. Classificação dos Índices A seguir, os principais grupos de índices - apesar de existirem outros grupos, vamos nos restringir a apenas estes. • Índices de Estrutura de Capital • Índices de Liquidez • Índices de Rentabilidade • Índices de Operações 3.9. Índices de Estrutura de Capital Já vimos que os Passivos são as fontes de financiamento e que os Ativos são as aplicações destes financiamentos. O Passivo é a soma dos Capitais Próprios (Patrimônio Líquido) e Capitais de Terceiros (Exigíveis em Curto e em Longo Prazo). Assim: FONTES DE RECURSOS = capitais próprios + capitais de terceiros Estes índices nos mostram como a empresa financia seus ativos – se com capital próprio ou de terceiros. No primeiro caso, ela estaria a salvo de flutuações de mercado, uma vez que não depende de capitais externos para seu financiamento. No segundo, está exposta a uma série de variações externas, tais como taxas de juro e disponibilidade de capitais, o que a torna mais exposta. É interessante também observar que, caso a empresa tenha uma grande concentração de financiamentos em curto prazo, as pequenas reversões de mercado terão um impacto significativo sobre ela. Uma concentração em longo prazo permite rever as tendências e alterar a rota. Índice de Participação do Capital de Terceiros PCT = Total do Exigível / Patrimônio Líquido Também chamado de Grau de Endividamento, este índice mede a relação entre o financiamento próprio e o financiamento de terceiros. Indica o nível de dependência da empresa dos capitais externos. 28 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Índice de Endividamento IE = Total do Exigível / Total do Ativo Este índice mostra o percentual dos Ativos, que é financiado por capitais externos. Naturalmente, quanto menor for este índice, menor será a dependência da empresa em relação ao mercado. Grau de Imobilização do Patrimônio Líquido IPL = Ativo Permanente / Patrimônio Liquido Observe que este índice é calculado sobre o Ativo Permanente. Indica-nos quanto do Patrimônio Líquido está sendo dirigido para aquisição de Permanente, o que poderá prejudicar a própria liquidez da empresa. Ou seja, este índice nos indica quanto está sendo investido no giro dos negócios. 29 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. ANÁLISE POR ÍNDICES: ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ROTAÇÃO Introdução A maioria das pessoas acredita que o prejuízo é o causador da falência. Naturalmente, uma empresa com prejuízos seguidos por um longo tempo terá um problema de fluxo de caixa e, eventualmente, tornar-se incapaz de solver seus compromissos, o que irá conduzi-la à falência. Assim, o que realmente causa à bancarrota é a incapacidade de saldar os compromissos, ou seja, a falta de liquidez. Por seu turno, os índices de rotação relacionam-se com o giro dos ativos. Medem a eficácia da empresa em gerir seus ativos em curto prazo. Todos nós sabemos que o dinheiro varia de valor com o tempo, ou seja, com o decorrer do tempo, irá render o valor definido pelo tempo em que foi empregado e a taxa de juro que foi negociada entre as partes. Assim, é importante que os ativos girem de forma a se transformarem em caixa o mais rápido possível, para que possam então ser investidos. 4.1. Índices de Liquidez Estes índices têm a ver com a capacidade da empresa de honrar seus compromissos, ou seja, sua capacidade de pagamento. 4.1.1. Liquidez Geral LG = (Ativo Circulante + Realizável em Logo Prazo) / (Passivo Circulante + Exigível em Longo Prazo). Este índice leva em consideração todos os ativos da empresa, sem considerar seu prazo de maturação, comparando estes ativos com todas as suas obrigações, também sem considerar seus prazos. Ou seja, este índice mede a capacidade geral da empresa de saldar seus compromissos. É importante, no entanto, levar em conta que poderá haver um grande descasamento de prazos, o que irá conduzir o índice a conclusões errôneas. 4.1.2. Liquidez Corrente LC = Ativo Circulante / Passivo Circulante Neste caso, estamos comparando duas grandezas mais próximas, ou seja, os prazos estão mais próximos – estamos comparando ativos com prazo de maturação semelhante 30 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ao prazo de vencimento dos passivos. Estamos medindo a capacidade que a empresa tem de saldar seus compromissos em curto prazo. 4.1.3. Liquidez Seca LS = (Ativo Circulante – Estoques) / Passivo Circulante Nesse caso estamos subtraindo os Estoques do total dos ativos circulantes, isto porque, apesar de os Estoques serem parte integrante do Ativo Circulante, devemos levar em conta que normalmente é o de realização mais lenta, pois, na melhor das hipóteses, ainda deverá ser vendido – transformado em contas a receber – para então transformar-se em caixa. Assim, tomando uma posição mais conservadora, excluímos os Estoques, para então calcularmos uma nova posição de liquidez. 4.2. Índices Operacionais Prazo médio de recebimento (prazo médio de contas a receber) PMR = (Duplicatas a receber X 365) / Vendas NOTA: usamos 365 dias caso queiramos fazer o cálculo sobre o ano civil. Caso seja usado o ano comercial, o valor é 360 dias. Não podemos deixar de observar que o saldo da Conta Duplicatas a receber representa o saldo das contas em aberto dos clientes no encerramento do período contábil; assim, será mais representativo se utilizarmos o saldo médio de duplicatas a receber. Neste caso, utilizamos uma média aritmética simples entre o saldo inicial e o saldo final do ano corrente: Saldo médio = (Saldo inicial do exercício + saldo final do exercício) / 2 Este índice nos mostra o tempo médio em que as duplicatas são recebidas. É um índice importante, quando comparado com o prazo normal de vendas; serve para medir também a eficácia do departamento de cobrança. Outra ferramenta importante para mensurar a eficácia do departamento de cobrança é a análise do Contas a Receber por idade – accounts receivable age analysis - que nos dá uma visão global dos recebíveis da empresa de acordo com sua idade. 31 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Um excelente instrumento de análise e controle dos recebíveis é a Análise do Contas a Receber por idades ou Age Analysis. Este relatório nos mostra a composição de nosso Contas a Receber sob o ponto de vista do prazo de vencimento. Prazo Médio de Pagamentos PMP = Fornecedores x 365 / Compras Como no caso anterior, vamos calcular o saldo médio da conta de Fornecedores: Saldo Médio = (Saldo Inicial de Fornecedores +Saldo final de Fornecedores) / 2 Devemos observar que o saldo da conta de Compras normalmente não é indicado nos balanços, assim devemos utilizar a seguinte fórmula para obtê-lo: Compras = (Custo das Mercadorias Vendidas) + (Estoque final) – (Estoque inicial) Este índice indica o prazo médio em que os fornecedores são pagos. Prazo Médio de estoques PME = Estoques X 365 / CMV Vamos utilizar o saldo médio dos estoques: Saldo médio = (Estoque inicial + estoque final) / 2 32 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. ANÁLISE POR ÍNDICES: ÍNDICES DE RENTABILIDADE E RETORNO Introdução Até este momento, preocupamo-nos apenas com a liquidez, gestão dos ativos, e financiamento das operações; não nos detivemos em analisar a rentabilidade. Termo rentabilidade pode ser analisado sob duas ópticas diferentes: a do gestor e a do investidor. O gestor está preocupado em analisar o resultado de suas políticas de marketing e venda, ou seja, a lucratividade de suas vendas. Por outro lado, o investidor deseja conhecer o retorno de seu investimento. 5.1. Índices de Rentabilidade A demonstração contábil principal é sem dúvida o balanço. É uma visão do patrimônio da empresa em um dado momento, e composta de Ativo e Passivo. O Ativo é formado pelos Bens e Direitos da empresa. O Passivo é composto pelas Exigibilidades e o Patrimônio Líquido. As Exigibilidades representam as obrigações da empresa, enquanto o Patrimônio Líquido – também chamado, com mais propriedade de Patrimônio dos Acionistas – é constituído pelo Capital Social. Os Resultados Acumulados representam os recursos dos proprietários investidos na empresa. Também conhecidos como índices econômicos, na maioria dos casos são extraídos da análise vertical da Demonstração de Resultado do Exercício. Sua finalidade é determinar o resultado das vendas efetuadas de forma a que se possa mensurar o quanto se está ganhando nas vendas. 5.1.1. Margem Bruta Margem Bruta = Lucro Bruto / Vendas Líquidas Também denominado de mark up, a relação entre o lucro bruto e as vendas líquidas, a margem bruta é inversamente proporcional ao custo das vendas – ou seja, uma margem maior significa um custo de vendas mais baixo. Nota: Vendas líquidas: vendas brutas, menos impostos sobre vendas, devoluções e descontos comerciais. 33 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5.1.2. Margem Operacional Margem operacional = Lucro operacional / Vendas líquidas. O Lucro operacional tem uma importância muito significativa, uma vez que é o resultado das operações da empresa, ou seja, é o resultado de sua atividade principal. Este índice indica o percentual restante das vendas após a dedução do custo de vendas e das despesas operacionais. 5.1.3. Giro dos Ativos GA = Vendas líquidas / Ativo Total Este índice mede a eficiência dos ativos. Revela a capacidade da empresa em produzir vendas com sua base de ativos. 5.1.4. Lucro por Ação LPA = Lucro após o imposto de renda / Número de ações O Lucro Após o Imposto de Renda é aquele que está à disposição da Assembleia Geral para distribuição entre os acionistas e indica qual o ganho de cada ação após a dedução do Imposto de Renda. 5.1.5. Índices de Retorno Os investidores veem a empresa como um investimento, e, na realidade, desejam medir qual retorno vêm obtendo deste investimento – o Retorno do Investimento RI, ou - usando a denominação mais utilizada - Return on Investment, o conhecido ROI. A receita da empresa resulta diretamente da combinação de seus ativos. Assim, estoques, recebíveis, imobilizado e todos os ativos irão produzir as receitas e, consequentemente, os lucros. A ideia é medir qual o retorno – lucro – que é obtido com a estrutura de ativos – investimentos. 5.1.6. A Fórmula da Dupont Desenvolvida pela Dupont Corporation, esta abordagem trabalha ao mesmo tempo os Índices de Balanço e os Índices de Rentabilidade. Relaciona a rentabilidade sobre as vendas com o retorno dos ativos que já descrevemos acima. Existem algumas variações entre os autores quanto qual o resultado a ser utilizado – alguns preferem o lucro líquido e outros preferem o lucro operacional. Vamos utilizar, neste trabalho, o lucro operacional antes dos juros, por ser mais representativo, já que não 34 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância inclui resultados estranhos às operações, tais como receitas e despesas financeiras e resultados não operacionais. ROI = MARGEM LÍQUIDA X GIRO DO ATIVO TOTAL Já conhecemos estas duas fórmulas; o que a Dupont fez foi relacionar estes dois índices de forma a obter o Retorno do Investimento. Assim substituindo, temos: ROI = (Lucro operacional x Vendas líquidas) / Vendas líquidas Ativos O resultado de uma empresa depende da margem e do retorno sobre os ativos – dependendo do ramo, o resultado será obtido através da margem ou do retorno sobre os ativos. O resultado de uma empresa depende da margem e do retorno sobre os ativos - dependendo do ramo, o resultado será obtido através da margem ou do retorno sobre os ativos. Neste texto você conheceu a análise dos demonstrativos financeiros, a analise horizontal e vertical e por fim, a analise através dos índices. Segue a seguir uma tabela com as formulas dos índices. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS - TABELA DE INDICADORES classe Índice Fórmula Indica Interpretação Liquidez corrente ILC = AC / PC Medequantoa empresa possui ($) no Ativo Circulante para cada $1,00 de dívida. Quanto maior, melhor Liquidez Seca ILS = (AC - Estoques) / PC Mede a capacidade da empresa em atender suas obrigações a curto prazo, sendo que para isso ainda lhe sobre os estoques. Quanto maior, melhor Liquidez Imediata ILI = (Dispon.+ Aplic.Temp.) / PC Mede quantas unidades monetárias ($) a empresa possui Imediatamente para cada $1,00 de dívida de curto prazo. Quanto maior, melhor Liquidez Geral ILG = (AC + RLP) / (PC + ELP) Mede quantas unidades monetárias ($) a empresa possui para liquidar cada $1,00 de passivo com terceiros. Quanto maior, melhor Prazo Médio de estocagem PME = (Estoque médio x 360) / CMV Mede o tempo necessário para a renovação dos estoques da empresa, a quantidade de dias necessários para o ressuprimento dos produtos Normalmente quanto menor melhor, é preciso conhecer o segmento alvo, ramo de atuação e atividade da empresa. Giro de Estoque GE = 360 / PME Mede quantas vezes os estoques giram durante o ano. Devido a Normalmente quanto menor melhor, é preciso conhecer o segmento alvo, ramo de atuação e atividade da empresa. 35 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância especificidades, devemos compará-lo com empresas do mesmo setor. Prazo Médio de Pagto PMP=(Duplic.Pagar_x_360) Compr.Anual Mede o tempo médio com o qual a empresa paga suas dívidas a prazo. Depende de outras abordagens comparativas a serem feitas com cobranças e estocagem. Depende do ramo de atuação e atividade Giro de Pagto. GP = 360 / PMP Mede quantas vezes em média a empresa pagou suas duplicatas durante o ano Depende de outras abordagens comparativas a serem feitas com cobranças e estocagem. Depende do ramo de atuação e atividade Prazo Médio de Cobrança PMC = Duplic x 360 / Vendas Ano Mede o tempo médio que a empresa leva para receber suas duplicatas. Depende de outras abordagens comparativas a serem feitas com cobranças e estocagem. Depende do ramo de atuação e atividade Giro de Cobrança GC = 360 / PMC Mede quantas vezes em média a empresa recebeu suas duplicatasdurante o ano Depende de outras abordagens comparativas a serem feitas com cobranças e estocagem. Depende do ramo de atuação e atividade Giro do Ativo Total GAT = Vendas / Total do Ativo Mede a eficiência da empresa em usar seus ativos para gerar vendas. Ou também, quanto a empresa vendeu para cada $ 1,00 de Ativo. Quanto maior melhor Folga de Caixa FC = (PME + PMC) - PMP Mede o tempo médio que a empresa possui entre as entradas e saídas de Caixa para a realização do Fluxo de Pagamentos. Se positivo, indica aperto, ou seja, paga suas obrigações antes das vendas; se negativo, mostra o tempo de folga para administração. Capital 3ºs Passivo Total RCT/PT = (PC + ELP) / Pass.Total Mede a porcentagem que o endividamento com 3ºs representa sobre o Passivo Total da empresa Quanto menor melhor Capital 3ºs Capital Próprio RCT/CP = (PC + ELP) / PL Mede a porcentagem que o endividamento com 3ºs representa sobre os fundos próprios da empresa Quanto menor melhor Grau de imobilização do PL GIPL = Ativo Permanente / PL Mede a porcentagem dos recursos próprios que se encontram imobilizados Depende de outras abordagens Normalmente, quanto menor melhor comparativas. Cobertura de Juros CJ = Lucro antes dos Juros e IR / Despesas com Juros Ano Mede a capacidade que a empresa de efetuar os pagamentos de juros contratuais. Quanto maior, melhor Endividamento Geral EG = (PC + ELP) / Ativo Total Mede a proporção total dos ativos financiados pelos credores da empresa. Quanto menor, melhor Composição do Endividamento CE = PC / (PC + ELP) Mede o percentual do endividamento de curto prazo relativamente ao total de endividamento com 3ºs. Quanto menor, melhor Retorno Sobre o Ativo ROA = Lucro Líquido / Total do Ativo Mede a capacidade do Ativo em gerar lucros independente da forma com que os ativos foram financiados. Indica quanto cada $1,00 investido gerou de Lucro. Quanto maior, melhor Retorno Sobre o PL ROE = Lucro Líquido / Patrim.Líquido Mede o retorno dos recursos aplicados pelos proprietários, ou seja, mede quanto cada $1,00 Quanto maior, melhor 36 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância investido na empresa gerou de Lucro para o Patrimônio Líquido. Margem Bruta MB = Lucro Bruto / Vendas Mede o Lucro gerado pelas vendas após a empresa ter apropriado o CMV. Mede a porcentagem que cada $1,00 vendido gerou de lucro bruto. Quanto maior, melhor Margem Operacional MO = Lucro Operacional / Vendas Mede a porcentagem ou Lucro gerado pelas vendas após a empresa descontar custos e despesas operacionais. Quanto maior, melhor Margem Líquida ML = Lucro Líquido / Vendas Mede a porcentagem que cada $1,00 vendido gerou de Lucro após descontar TODOS os custos e despesas. Quanto maior, melhor Cálculo do CMV CMV = Est Inic + Compras - Est Final Mede a porcentagem que cada $1,00 vendido gerou de Lucro após descontar TODOS os custos e despesas. Sem considerações específicas. Calcula qualquer dos fatores participantes da fórmula. 37 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. ANALISE DE INVESTIMENTOS Nesta aula vamos conhecer a análise de investimentos, vamos falar sobre a VPL – valor presente líquido, a TIR – Taxa interna de retorno e Payback. A análise de investimentos envolve decisões de aplicação de recursos com prazos longos (maiores que um ano), com o objetivo de propiciar retorno adequado aos proprietários desse capital. Orçamento de capital é um processo que envolve a seleção de projetos de investimento e a quantificação dos recursos a serem empregados e busca responder a questões como: O projeto vai se pagar? O projeto vai aumentar a riqueza dos acionistas ou vai diminuí-la? Esta é a melhor alternativa de investimentos? Vamos ver como responder a algumas destas questões. 6.1. Decisão De Investimentos: Valor Presente Líquido (Vpl) Uma das técnicas, um pouco mais sofisticada, para análise de investimentos, usualmente utilizada pelas empresas é o valor presente líquido, pelo qual se leva em conta o valor do dinheiro no tempo. 6.1.1. Valor Presente Líquido O valor presente líquido (VPL), também denominado de valor atual líquido (VAL) ou, ainda, net present value (NPV) "... é a representação de um saldo hipotético (positivo, nulo ou negativo) dos valores envolvidos no empreendimento, transladados equivalentemente para o instante inicial e comparados, no mesmo instante, com uma aplicação financeira em que os mesmos valores são aplicados a uma taxa mínima de atratividade, durante um prazo igual à vida útil do empreendimento". O valor presente líquido é obtido subtraindo-se o investimento inicial de um projeto do valor presente de suas entradas de caixa, descontados a uma taxa igual ao custo de capital da empresa. O valor presente líquido (VPL) é a diferença entre o valor de mercado de um investimento e seu custo. Como calcular o VPL através de uma calculadora financeira HP 12c: 38 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Investimento Inicial = R$ 50.000 Taxa de mínima de atratividade = 10% Fluxo 1 – 30.000 2 – 30.000 3 – 20.000 4 – 15.000 5 – 25.000 Digite tecle 50.000 CHS g Cfo 30.000 g CFj 30.000 g CFj 20.000 g CFj 15.000 g CFj 25.000 g CFj Digite 10 e tecle i. Após alimentar a calculadora com os dados, tecle f e depois NPV (net present value) ou valor presente líquido, que será igual a R$ 42.860,65. O cálculo matemático que ocorre de fato é o seguinte: Onde, FC significa o fluxo de caixa de cada período, o i é a taxa de desconto escolhida e j = 1. Assim o que estamos vendo é cada fluxo de caixa ser dividido pela taxa de desconto elevada ao seu respectivo período, visto que os juros, neste caso, são compostos. Critérios de decisão Se VPL > 0, o projeto deverá ser aceito. Se VPL < 0, o projeto deverá ser rejeitado. Se VPL = 0, é indiferente aceitar ou rejeitar o projeto. Se o VPL for positivo, isto indicará que o investimento é viável, se negativo, inviável e, se igual a zero, indiferente. O método de valor atual líquido, por adotar um fluxo de caixa descontado, permite a análise do fluxo de caixa em função da real magnitude de cada fluxo de caixa (valor aquisitivo da moeda) em valor atual. Apresentaremos alguns exemplos que permitirão que, com o uso de uma calculadora financeira, você entenda o processo. No exemplo que vamos apresentar, adotaremos arbitrariamente a taxa de 15% a.a., que será considerada a taxa mínima de atratividade. 39 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Vamos considerar um investimento em uma máquina no valor de $10.000,00 com vida útil de 5 anos, valor residual de $1.250,00 e cujos produtos gerarão receitas líquidas futuras anuais de $3.750,00. Para calcular o VPL proceda da seguinte forma: VPL=3.750,00/(1+15%)1+3.750,00/(1+15%)2+3.750,00/(1+15%)3+3.750,00/(1 +15%)4+5.000,00/(1+15%)5 – 10.000,00 Como interpretar o resultado, no valor de $3.192,05? Simples: considerando a taxa de 15% a.a., o investimento em questão, além de reembolsar os $10.000,00 investidos, gerou uma sobra, cujo valor presente líquido é igual a $3.192,05. O cálculo do Valor Presente Líquido – VPL, leva em conta o valor do dinheiro no tempo. Portanto, todas as entradas e saídas de caixa são tratadas no tempo presente. O VPL de um investimento é igual ao valor presente do fluxo de caixa líquido do projeto em análise, descontado pelo custo médio ponderado de capital.6.2. Decisão de Investimentos: Payback Payback é o período de tempo necessário para que as entradas de caixa do projeto se igualem ao valor a ser investido, ou seja, o tempo de recuperação do investimento realizado. Se levarmos em consideração que quanto maior o horizonte temporal, maiores são as incertezas, é natural que as empresas procurem diminuir seus riscos optando por projetos que tenham um retorno do capital dentro de um período de tempo razoável. Consiste em calcular o número de períodos necessários para que se recupere um investimento feito, para que se possa analisar se o tempo é aceitável em relação ao risco do negócio. 40 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O método do payback é um dos métodos mais simples de avaliação. Este método compara o tempo necessário para recuperar o investimento, com o tempo máximo tolerado pela empresa para recuperar o investimento. O payback é o indicador do nível de risco de um projeto de investimento. Se o fluxo de caixa do payback for constante, podemos calcular o payback facilmente através da seguinte fórmula: Exemplo: Uma empresa que faz instalação de TV a cabo tem uma oportunidade de ampliação de mais um veículo. A empresa teria um lucro líquido de R$2.000,00 por mês com esse veículo. O custo do investimento será de R$35.000,00, valor do carro mais modificações necessárias (instalação de escadas, luminárias e ferramentas). Qual o payback desse investimento? Solução: Deve-se fazer uma tabela na qual se vai abatendo o valor do investimento até que o investimento seja pago: Lucro Saldo Hoje 0 (35.000,00) 1º mês 2000 (33.000,00) 2º mês 2000 (31.000,00) 3º mês 2000 (29.000,00) 4º mês 2000 (27.000,00) 5º mês 2000 (25.000,00) 6º mês 2000 (23.000,00) 7º mês 2000 (21.000,00) 41 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8º mês 2000 (19.000,00) 9º mês 2000 (17.000,00) 10º 2000 (15.000,00) 11º 2000 (13.000,00) 12º 2000 (11.000,00) 13º 2000 (9.000,00) 14º 2000 (7.000,00) 15º 2000 (5.000,00) 16º 2000 (3.000,00) 17º 2000 (1.000,00) 18º 2000 1.000,00 19º 2000 3.000,00 Como temos fluxo de caixa constante, podemos utilizar a fórmula dada: Resposta: O payback será entre o 17º e o 18º mês, por conservadorismo, será considerado o arredondamento para cima, ou seja, pior. Então a resposta é 18 meses. Embora tenha cálculo simples e muito utilizado por leigos, possui limitações: • Não considera o valor do dinheiro no tempo. Para isso deve ser calculado o payback descontado; • Não existe fundamentação econômico-financeira para sua utilização; • Não informa o lucro; • Não considera a rentabilidade do investimento, ou seja, no caso acima, não sabemos qual o lucro que esse investimento retornará, nem se ele será superior a uma aplicação financeira. Então o payback deve ser utilizado como forma complementar de análise, para considerar apenas os riscos. 42 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Observação: No caso citado da empresa que instala TV a cabo, o payback servirá não para medir rentabilidade, mas medir os riscos e fornecer subsídios para o gestor responder às seguintes perguntas: • O payback é de 18 meses. O contrato com a empresa de TV a cabo é superior a esse período? • Pois se for menor, corre-se o risco do contrato acabar antes do investimento retornar e a empresa não ter o que fazer com o carro. • Mesmo o contrato tendo mais que 18 meses, existe alguma cláusula que possibilite o mesmo ser encerrado pela empresa de TV a cabo? Em caso afirmativo, existe alguma multa? • Nesse caso a análise é para se saber se essa multa a ser recebida é suficiente para terminar o retorno do investimento. • Mesmo o contrato tendo mais de 18 meses, a empresa contratante costuma honrar seus contratos? Pois, se ela rompê-lo, não teremos o retorno do investimento. No caso de lançamento de produtos, deve-se prever se a demanda vai continuar constante, senão o cálculo do payback pode estar errado. 6.3. DECISÃO DE INVESTIMENTOS: A Taxa Interna de Retorno – TIR A taxa interna de retorno é um dos principais métodos de análise de investimentos. No MS Excel, é representado por TIR e nas calculadoras financeiras por “IRR” (do inglês internal rate return). A Taxa Interna de Retorno – TIR é a taxa “i” que se iguala as entradas de caixa ao valor a ser investido em um projeto. Em outras palavras, é a taxa que iguala o VPL de um projeto a zero. Um aspecto que deve ser considerado é que a utilização exclusiva da TIR como ferramenta de análise pode levar ao equívoco de se aceitar projetos que não remuneram adequadamente o capital investido, por isso deve ser uma ferramenta complementar à análise de investimentos. A taxa interna de retorno (TIR) é muito utilizada para avaliação da viabilidade de projetos, daí o nome Taxa Interna de Retorno, porém é pelo mesmo critério que se calcula 43 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância a taxa de juros quando temos um fluxo irregular, ou seja, parcelas desiguais ou períodos desiguais, quando não podemos mais usar as funções financeiras normais (por exemplo: VP, PMT, VF etc.). A diferença básica entre o cálculo da TIR e do VPL é que o VPL tem seus valores expressos em valores monetários e a TIR em percentuais. Então, a vantagem da TIR é que ela pode ser comparada às taxas de juros pagas pelos bancos, para se saber se é vantajoso o projeto de investimento ou se é mais viável simplesmente investir num fundo qualquer de um banco. TIR é a taxa que mede o retorno do investimento. Retornando todas as parcelas (entradas e saídas) de um fluxo de caixa para o “momento zero” (hoje) e igualando ao valor presente. Fórmula: Onde: ECj = entradas de caixa de ordem j. SCj = saídas de caixa de ordem j. Desta forma, queremos encontrar uma taxa de juros em que o valor presente líquido seja zero. Exemplo: Um indivíduo está avaliando se é viável comprar um táxi para trabalhar. O táxi custa com todos os impostos/licenças R$ 40.000,00. Os resultados por ano, considerando receita menos impostos/depreciação, são: 1º ano: R$7.500,00; 2º ano: R$10.000,00; 3º ano: R$10.000,00; 4º ano: R$8.000,00; e 5º ano: R$7.000,00. Ao final do 5º ano, o carro será vendido por R$9.000,00. Sabendo- se que uma aplicação financeira rende 12% ao ano, a compra do táxi é viável? 44 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Agora é calcular a TIR. Mas não vamos ficar preocupados, esse cálculo só é possível fazer com uma calculadora financeira ou científica ou então um computador. Não vamos “fazer na mão” essas contas. Antes do advento dessas calculadoras, a determinação da TIR era feita com uma tabela em que seu valor era aproximado. Uma calculadora financeira faz esse cálculo por tentativa e erro, ou seja, vai jogando valores de TIR até que um faça a equação ficar igual a zero. Por esse motivo é que, ao digitar os cálculos em uma calculadora financeira, ela demorará alguns segundos para dar o resultado. No caso de computadores é o mesmo processo, porém, como sua capacidade de cálculo é muito alta, não é possível perceber essa demora. Vamos calcular a TIR utilizando o Excel: Primeiro passo, fazendo a tabela: 45 Administração Financeira e Orçamentária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Note que no 5º ano são somados os valores do resultado do ano (7.000) mais o valor da venda do carro (9.000). Além disso, o investimento deve
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