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IMAGEM E CONSTRUÇÃO SOCIAL AULA 4 Profª Sionelly Leite da Silva Lucena 2 CONVERSA INICIAL Olá! Para se entender ainda mais sobre o processo de construção da imagem, nesta aula, vamos relacioná-la à sua construção individual. Em um primeiro momento, vamos entender um pouco mais sobre o que se chama de percepção visual, pelas leis da Gestalt: afinal, de que forma nossos olhos veem, reconhecem e configuram sentido às imagens? E como percebemos os interesses visuais em meio a tantas informações que nos rodeiam? Vamos falar também sobre os gêneros da fotografia e, por fim, conhecer trabalhos de grandes fotógrafos, nacionais e internacionais, relacionando seus olhares e suas linguagens à construção social. Avante! CONTEXTUALIZANDO Para perceber as informações que estão a nossa volta, usamos o que chamamos de sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. Sem essas sensações, nosso corpo não conseguiria assimilar as informações e partir para as interpretações do que lhe é posto como interesse. A escola Gestalt traz diversas experiências e estudos sobre a percepção, e é sobre isso que vamos abordar nesta aula. Afinal, imagens nos cercam e elas precisam ser não apenas apreciadas, mas contextualizadas enquanto estímulo perceptivo. É importante, inclusive, diferenciarmos uma imagem publicitária de uma jornalística, pois existem valores e finalidades diferentes, cada uma com sua intenção. Pesquisa Os temas dessa aula são: 1. Percepção visual; 2. Gêneros fotográficos; 3. Grandes nomes da fotografia I; 4. Grandes nomes da fotografia II. TEMA 1 – PERCEPÇÃO VISUAL Por percepção podemos entender o ato de se receber informação através dos sentidos, que são a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato. Perceber é 3 estar diante de algo. Assim, a percepção visual seria a recepção de informação pelo sentido da visão. Sendo resultante de um estímulo – que é externo – a percepção, enquanto ato óptico-físico, é semelhante para todos os humanos, já que as diferenças fisiológicas dos órgãos visuais afetam somente o resultado da percepção, e não da interpretação. As dissemelhanças, assim, se dão ao nível de cultura, educação, inteligência e faixa etária, ou seja, à interpretação, não à visualização em si. Pensando nessas sensações sensoriais, no início do século XX, na Alemanha, surgiu a escola Gestalt conhecida pelos estudos da psicologia da forma ou psicologia da percepção, com os trabalhos de três principais nomes: Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886- 1941). Até então vigorava a ideia de que percebemos uma figura com base em seus elementos e partes componentes, que a compreendemos por associação com experiências passadas. Em contraposição, os psicólogos da Gestalt defendiam que a percepção não é o resultado da soma de sensações ópticas, mas um processo de apreensão do que é imediato e unificado, em razão de uma necessidade interna (mental) de organização. Conforme a Gestalt, primeiro visualizamos a sala de aula, para depois identificarmos os elementos isolados, como os livros, o quadro-negro, os alunos, a professora etc. Crédito: ESB Professional/Shutterstock. A Gestalt afirma também que vemos as coisas sempre dentro de um contexto de relações, como mostram os efeitos de ilusão óptica. Na Figura 1, por exemplo, vemos as linhas oblíquas como se não estivessem paralelas. Isso também acontece nas linhas completamente paralelas na Figura 2, que parecem 4 inclinadas. Na Figura 3, alcançamos a sensação de movimento na imagem estática, em virtude da relação dos elementos que as constituem. Figura 1 – Vemos linhas oblíquas inclinadas, mas elas estão paralelas Figura 2 – Vemos linhas inclinadas, mas elas estão paralelas Figura 3 – Sensação de movimento em imagem estática Crédito: Tristan3d/Shutterstock. Em princípio, de acordo com a teoria da Gestalt, vemos as coisas dentro de relações. A primeira sensação é a da forma, que é unificada, pois não 5 vemos partes isoladas, mas o todo. Com base em experimentos, psicólogos da Gestalt propuseram diversas leis de percepção que são comuns à maioria das pessoas. São elas: • Unificação: as unidades são as partes de um todo. Elas são percebidas por meio de relações entre os elementos que as constituem. Crédito: Korhan Karacan/Shutterstock. • Segregação: é quando a percepção se dá por diferenças de estimulação (exemplo, por contraste) no campo visual ou na configuração do objeto e os elementos precisam se contrapor para fazer sentido. Crédito: Oleg_Serkiz/Shutterstock. • Fechamento: quando a percepção se dá na junção dos elementos fundamentada nos princípios de harmonia, ordem e equilíbrio. Memória visual e repertório cultural são importantes para a leitura da imagem. 6 • Continuação: o olhar precisa de coerência para completar o sentido da imagem. Há fatores de proximidade e semelhança que, geralmente ajudam a promover e reforçar a unificação ou movimento da figura. Se os elementos de uma composição possuem harmonia do início ao fim, pode- se dizer que ele possui continuidade. • Proximidade: quando há continuidade de elementos numa ordem estrutural definida. Quando há elementos próximos uns dos outros, eles tendem a ser vistos juntos e, por conseguinte, a constituírem unidades. Crédito: chanafoto/Shutterstock. • Semelhança: a igualdade desperta a tendência de se construir unidades e estabelecer agrupamentos de partes semelhantes. Em condições iguais aos estímulos mais semelhantes entre si – por cor, peso, tamanho, forma, 7 textura, brilho etc. – terão maior tendência a constituírem unidades ou agrupamentos. • Pregnância da forma: qualquer padrão de estímulo tende a ser visto de tal modo que a estrutura resultante é tão simples quanto o permitam as condições dadas. Ou seja, quanto mais harmônica for a organização visual da forma, e consequentemente mais rápida e fácil for a compreensão da leitura, maior será o índice de pregnância. A Gestalt, no entanto, trata apenas da percepção enquanto ato óptico- físico, ou seja, da apropriação de uma imagem a partir da relação entre o fator perceptivo e o objeto/a cena. A percepção, no sentido de absorção ocular, seria a especificidade dessa escola. O que podemos e devemos lembrar é de que, além dessa recepção da imagem, temos diversas teorias da percepção, além de outras categorias que qualificam a imagem em seu sentido interpretativo, subjetivo, social e cultural. Sobre esses aspectos, debateremos mais à frente. TEMA 2 – GÊNEROS FOTOGRÁFICOS Podemos classificar as fotografias em diferentes gêneros. No entanto, alguns autores desconfiam de tais classificações, que podem variar com denominações um tanto quanto genéricas. Essas classificações normalmente são nomeadas por seus temas ou áreas de atuação. Vamos às mais conhecidas: 1. Fotojornalismo: imagens destinadas a veículos midiáticos e noticiosos, como jornais e revistas. Trabalham com o factual, o flagrante, imagens que têm repercussão de notícia. No fotojornalismo, há subdivisões por editoriais: 8 o Fotografias sociais: política, economia, negócios e fatos gerais da cidade, do estado e do país; o Fotografia de esportes: eventos esportivos; o Fotografias culturais: trabalham as cores e as formas de maneira mais poética, em razão do tema que aborda. Têm mais liberdade de expressão plástica-artística; o Fotografias policiais: acidentes, morte, marginais em flagrante ou detidos etc.; o Ensaio: tem plena liberdade artística. Aqui, o olhar do fotógrafo é protagonista e busca uma poetização de algum assunto que lhe é familiar. 2. Fotografia documental: diferentemente do fotojornalismo, que trabalha com o factual e o flagrante, o trabalho fotodocumental exige mais tempopara documentação e é um trabalho atemporal. 3. Fotografia científica: para análise e documentação científica. Auxilia os cientistas e estudiosos no meio científico. 4. Fotografia publicitária: tem por objetivo persuadir, por isso é uma imagem completamente planejada em seus detalhes para afeto e efeito no público. 5. Fotografia de retrato: rosto ou algo que transmita a identidade do personagem retratado. 6. Fotografia de moda: tem o objetivo da difusão comercial de vestuário, adereços, acessórios, produtos de beleza etc. 7. Fotomontagens: é a arte de manipular, alterar ou misturar várias imagens. 8. Fotografia amadora: fotos de viagem, por exemplo, sem fins artísticos ou comerciais. A revista norte-americana Popular Photography, de grande tiragem e difusão mundial, estabelece as seguintes classificações para a fotografia: animais; esporte; viagem; artística/fine art; retrato/família; natureza; imagem digital; moda; fotojornalismo; humor. Já a World Press Photo classifica em: spot news; general news; esporte e ação; esportes (features); contemporaneidade; vida; natureza; retrato; entretenimento; pessoas. Saiba mais Veja as fotos que já foram premiadas pelo a World Press Photo: <https://www.bol.uol.com.br/fotos/2013/05/17/veja-as-fotos-que-ja-foram- 9 premiadas-pelo-world-press-photo.htm?mode=list&foto=158>. Acesso em: 23 jan. 2020. Sem os gêneros e suas classificações, as imagens podem ficar propensas a confusões de leitura e recepção. Colocadas em etiquetas diferentes, a mesma imagem pode ter interpretações diferentes. A barreira entre uma classificação e outra pode ser sensível. Quando se trata de uma imagem jornalística, ou seja, quando uma imagem é etiquetada assim, o leitor tende a visualizar a imagem como se ela fosse real, crendo automaticamente que aquilo que está vendo (no jornal/na revista) de fato aconteceu. Uma posição declarativa seria a mudança ou atitude social que o fotógrafo esperaria do leitor de sua imagem. Diferentemente de uma imagem publicitária, que tem em sua essência o envolvimento e o jogo de sedução com o leitor da imagem. Fotojornalismo ou fotografia publicitária? Dependendo do gênero, ou etiqueta, a interpretação da fotografia pode variar. TEMA 3 – GRANDES NOMES DA FOTOGRAFIA I A fotografia, segundo Harold Evans (1981, p. 7), possui misteriosa riqueza que transcende todas as suas limitações, fazendo com que as nossas impressões dos acontecimentos mais significativos e complexos possam ser permanentemente amoldadas por uma única foto jornalística. É também por meio da imagem fotográfica que momentos marcantes da história são contados. Parte desses acontecimentos que fizeram parte da cobertura jornalística do século XX e XXI é repleta de sinônimos trágicos e, consequentemente, por imagens representativas de dor. Participar de grandes momentos históricos e eternizá-los em uma imagem é uma façanha para poucos. Como exemplo, temos o registro de Malcolm Browne, em 1963, de um monge que ateou fogo ao próprio corpo, em protesto à suposta perseguição aos budistas pelo governo vietnamita. Saiba mais A premiada foto de um monge em chamas no Vietnã. Malcolm Browne, 1963. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ultimas- noticias/efe/2012/08/28/fotografo-que-registrou-monge-ateando-fogo-no- corpo-no-vietna-morre-nos-eua.htm>. Acesso em: 23 jan. 2020. 10 Outro exemplo de expressão fotográfica, simbólica e uma figura mundial, é a imagem do grande cogumelo de fumaça provocado pela Bomba de Hiroshima, símbolo de destruição da Segunda Guerra Mundial, que trouxe à tona o poderio bélico e a capacidade humana de destruição em massa. Fotos como essa se transformam em símbolo e, com elas, a sociedade aprende a ver é o cotidiano, as gentilezas e as aberrações do ser humano. Sobre a importância da imagem, Humberto (2000) nos lembra que: [...] ela [a fotografia] se torna parte integrante de um depósito de referências residuais de uma época. Assumindo um papel relevante como transmissores de conhecimento, ela é, então, um bem público, cabendo à comunidade o direito de exigir que sua produção ocorra dentro dos melhores padrões de competência e honestidade, principalmente por decorrer de um ato de decisão estritamente individual. (Humberto, 2000, p. 69) Na imagem a seguir, você pode ver a nuvem de cogumelo sobre Hiroshima (esquerda) após a queda da bomba atômica Little Boy; e Nagasaki (direita), após o lançamento de Fat Man – 1945. Em razão de seu poder de comunicação, à imagem é atribuída mais que uma mera ilustração do real: ela provoca reflexão, estreita laços e distâncias entre as pessoas, além de aproximar pessoas de contextos diferentes dos de suas realidades. Fotografia, sendo arte e documento, traz um quê de individualidade no olhar, ao mesmo tempo que lança imagens de representação social. Neste caso – e na visão de quem a produz –, a fotografia age como mediadora, um ponto de reflexo e reflexão. Uma das características da fotografia jornalística, assim, é refletir os conceitos da época, ao mesmo tempo que constrói e desconstrói olhares. Um grande nome da fotografia brasileira e da história visual brasileira é Evandro Teixeira. Nascido na cidade baiana de Santa Inês, em 1935, iniciou 11 sua carreira jornalística em 1958, em O Diário de Notícias, em Salvador. Depois, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, trabalhando para o Diário da Noite (do grupo dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand) e para o JB durante quase 50 anos. Entre seus grandes registros, estão a cobertura da chegada do general Castello Branco ao Forte de Copacabana durante o golpe militar de 1964 e a repressão ao movimento estudantil no Rio de Janeiro, em 1968, além de cobertura de diversos Jogos Olímpicos e Copas do Mundo. É autor do livro 68: destinos. Passeata dos 100 mil (2008), série fotográfica sobre 100 integrantes que participaram da passeata na Cinelândia, Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1968, em protesto à Ditadura Militar naquele ano, fotografada 40 anos mais tarde. Fonte: Teixeira, 1968. Um dos grandes nomes do fotodocumentarismo mundial é, com certeza, o de James Nachtwey. Nachtwey decidiu ser fotógrafo nos anos 1970, após ter contato com imagens de guerras, especialmente as do Vietnã, que, sem muita censura, mostravam o que acontecia no pequeno país da Ásia, divergindo imageticamente do que os políticos e militares pronunciavam sobre a guerra. “Ela era injusta e cruel", diz Nachtwey em depoimento em um documentário sobre seu trabalho, o War Photographer (2001). O documentário começa com uma famosa frase proferida pelo fotógrafo de guerra Robert Capa (1913-1954): "Se suas fotos não estão boas o suficiente, é porque você não está perto o suficiente". Com uma microcâmera filmadora acoplada à câmera fotográfica de Nachtwey, o documentário mostra, com proximidade, algumas cenas que o fotógrafo presenciou no momento do 12 clique. Com isso, proporciona ao espectador uma imersão de como é estar em lugares tão miseráveis. A postura profissional de Nachtwey também é comentada no documentário. Afinal, as situações exigem um comportamento ético, uma vez que lida com a dor dos outros. Naturalmente, discute a postura dos profissionais de imagem e a forma como elas são produzidas e conduzidas até serem publicadas em jornais, revistas e livros. Em depoimento extremamente sensível, Nachtwey ressalta como as fotografias podem ajudar a sociedade a refletir, a se imaginar no lugar dos personagens fotografados. Sugere, inclusive, que todas as pessoas deveriam ajudar um país em guerra para sentirem, verdadeiramente, a indiferença com que tratam pessoas e comunidades longe de sua realidade. Na obra Inferno (1999), Nachtwey pretende discutir a fotografia de guerra e suas consequências e repercussões na sociedade. O livro traz cerca de 400 imagens– de países como Romênia, Somália, Índia, Sudão, Bósnia, Ruanda, Zaire, Chechênia e Kosovo – de pessoas em estado de penúria, algumas somente em pele e osso. O nome do livro não foi escolhido sem justa causa: é o que a visão das imagens sugere. Fonte: James Nachtwey, 1993. Outro grande nome conhecido como um dos mais importantes fotodocumentaristas mundiais em atuação é o do o brasileiro Sebastião Salgado, que traz como tema em grande parte de seus registros a denúncia social. O fotógrafo alcançou a marca de mais de dez livros publicados, trazendo fotografias em preto e branco de paisagens e fenômenos de diversos lugares do mundo, desde países africanos, asiáticos a latino-americanos, sendo seu 13 trabalho conhecido em grande parte do mundo. Apoiando diversas causas das minorias, seu trabalho rende críticas que advertem a exploração visual dos desfavorecidos, como também o oposto, sobre sua coragem em encarar situações difíceis de olhar e sentir. Saiba mais Confira artigo que analisa criticamente o trabalho de Sebastião Salgado. Disponível em: <https://www.e- publicacoes.uerj.br/index.php/contemporanea/article/view/17069>. Acesso em: 23 jan. 2020. No repertório de Salgado, há fotos de personagens com olhares denunciadores. Estão famintos. Há imagens de homens, mulheres e crianças andando em meio à miséria, mostrando que a morte por fome faz parte do dia a dia, infelizmente. Os retratos mostram miséria, pobreza, violência, um traço da realidade em que se encontram os fotografados. Para alguns pensadores, como Susan Sontag (2003), a imagem fotográfica pode representar a banalização dos contextos que registra, quando lançada ao acaso, sem fins de discussão social, ou sem propor uma reflexão séria, o que pode causar um efeito anestésico no leitor da imagem que, de tanto ver, acaba não se afetando pelo medo. Mas, para Salgado, o registro deve nos provocar, nos fazer refletir para fazermos do mundo um lugar melhor. TEMA 4 – GRANDES NOMES DA FOTOGRAFIA II Praticamente todos os grandes nomes da moda e da arte do século XX já passaram pelas lentes de Richard Avedon. O nova-iorquino já fotografou personalidades como Coco Chanel, Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor, Pablo Picasso e outros nomes tão grandes quanto esses. Referência para os fotógrafos de moda, Richard Avedon nasceu em 1923, em Nova York. Entrou para o mundo da moda em 1944 pelas mãos de Alexey Brodovitch, diretor de arte da revista Harper's Baazar. Avedon também trabalhou para a revista Vogue, além de ter grande contribuição para o filme Cinderela em Paris (1957), inspirado nos bastidores das publicações de moda e que conta com as fotografias de Avedon. Considerado um dos principais responsáveis pela expansão da indústria da moda, influenciou gerações de fotógrafos de moda. 14 Uma imagem célebre é a Dovima com elefantes (1955), em que uma modelo, vestindo um traje de noite da marca Dior, posa com elefantes de um circo. Fonte: Cirque d’Hiver, Paris, agosto de 1955. Por sua vez, descrito pelo jornal The New York Times como o “Fellini da fotografia”, David LaChapelle mistura o belo e o bizarro em seu trabalho único. Crítico e irônico, LaChapelle abusa das cores carregadas e os cenários kitsch, fotografando artistas como Björk, Eminem, Madonna, Elton John, Gisele Bündchen, Moby, Hanson, Paris Hilton, Leonardo DiCaprio, Hillary Clinton entre outras centenas de celebridades. Fonte: David LaChapelle. LaChapelle conseguiu o seu primeiro trabalho profissional como fotógrafo na revista Interview, pela mão do seu fundador, ninguém menos que Andy Warhol. Seu estilo único também está presente em diversos videoclipes, como da Madonna, Christina Aguilera e Jennifer Lopez. 15 Saiba mais David LaChapelle. Disponível em: <http://home.davidlachapelle.com/>. Acesso em: 23 jan. 2020. Um grande nome da fotografia publicitária brasileira é o de Francisco Afonso de Albuquerque, mais conhecido como Chico Albuquerque. Nascido na capital cearense em 1917, o fotógrafo foi um dos pioneiros da fotografia de publicidade no Brasil. Chico foi responsável pela primeira campanha publicitária ilustrada feita por um brasileiro, lançada em 1949 para a empresa Johnson & Johnson de São Paulo, campanha assinada pela agência J.W. Thompson. Entre as décadas de 1950 e 1970, trabalhou intensamente com propaganda e campanhas comissionadas, atendendo a clientes de setores como indústria automobilística, moda, alimentos e arquitetura. Fonte: Revista O Cruzeiro, 1958. Outro nome importante é Anna-Lou Leibovitz ou, como é popularmente conhecida, Annie Leibowitz. A fotógrafa americana, nascida em Connecticut, tem imagens belas, impactantes e importantes. Não à toa, artistas, músicos, políticos e editoras de moda se renderam às imagens e ao seu senso estético. Leibovitz iniciou seus trabalhos para a conceituada revista Rolling Stone, em 1969, quando a revista ainda era uma pequena publicação de São Francisco, na Califórnia, sob o comando do editor Jann Wenner. A fotógrafa ficou famosa por fotos como a de John Lennon nu abraçado a Yoko Ono, imagem feita horas antes de o ex-Beatle ser assassinado; também saiu em turnê com a banda Rolling Stones, uma das experiências mais marcantes de Annie, pois Mick Jagger e Keith Richards eram considerados os bad boys da música. Annie 16 acabou fazendo um excelente trabalho, com registros de momentos inéditos dos integrantes da banda. Saiba mais Annie Leibovitz. Disponível em: <https://fhox.com.br/portfolio/moda/as- caracteristicas-marcantes-e-o-toque-magico-de-annie-leibovitz/>. Acesso em: 23 jan. 2020 TROCANDO IDEIAS Gostou de conhecer os trabalhos desses grandes fotógrafos? Esse é só o começo da lista. Sugerimos o livro Imagens da Fotografia Brasileira (2000), da crítica fotográfica Simonetta Persichetti, para ficar ainda mais por dentro das formas de compor imagens, além aumentar a bagagem cultural. NA PRÁTICA Agora é a sua vez de desenvolver o seu olhar e a sua linguagem fotográfica. Proponha um tema a ser desenvolvido como pauta jornalística e faça um ensaio fotográfico. Especifique a técnica e justifique suas escolhas, técnicas e estéticas. SÍNTESE Percebeu a vastidão de imagens e suas possibilidades de percepção? De uma cena podem resultar diversos tipos de registros fotográficos, a fim de serem interpretados. E quanto mais você conhecer os elementos visuais, maior será sua bagagem cultural. Por isso, discutimos a percepção visual, a fim de entender de que forma nos interessamos pelos assuntos visuais; além de grandes nomes da fotografia, que, através das lentes, propuseram ideais e conceitos. 17 REFERÊNCIAS EVANS, H. Testemunha ocular: 25 anos através das melhores fotos jornalísticas. São Paulo: Abril, 1981. HUMBERTO, L. Fotografia, a poética do banal. Brasília:UNB, s.d. NACHTWEY, J. Inferno. Londres: Phaidon, 1999. PERSICHETTI, S. Imagens da fotografia brasileira. São Paulo: SENAC, 2000. SONTAG, S. Sobre fotografia. Tradução de Rubens Figueiredo. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2004.