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ABORDAGENS-FAMILIARES-EM-DEPENDÊNCIA-QUÍMICA

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2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3 
2 UNIDADE 01........................................................................................ 4 
2.1 Contexto histórico, sociocultural e epidemiológico do consumo de 
drogas no Brasil e no mundo ............................................................................... 4 
2.2 Conceitos relacionados às substâncias psicoativas, ao fenômeno 
do consumo abusivo de drogas psicoativas, aos fatores de risco e de proteção e 
às conseqüências para crianças, adolescentes, família e comunidade. ............ 11 
3 UNIDADE 02...................................................................................... 19 
3.1 Classificações das drogas; características dos usuários; efeitos 
agudos e crônicos; mecanismo de reforço e recompensa; consequências no 
comportamento individual e social e no entorno familiar; riscos do uso na 
adolescência.. .................................................................................................... 19 
4 UNIDADE 03...................................................................................... 41 
4.1 Abordagem com adolescentes sobre o uso de álcool e outras 
drogas............ .................................................................................................... 41 
4.2 Políticas públicas para usuários de álcool e outras drogas e 
Legislação sobre o uso de drogas no Brasil. ..................................................... 46 
4.3 Estratégias para prevenção, tratamento e redução de danos na 
rede de atenção SUS ........................................................................................ 59 
5 REFERÊNCIA.................................................................................... 65 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
 O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor 
e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. 
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos 
ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, 
as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
 A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 UNIDADE 01 
2.1 Contexto histórico, sociocultural e epidemiológico do consumo de 
drogas no Brasil e no mundo 
O consumo de plantas psicoativas reporta-se aos antepassados do homem. 
O assunto polêmico da atualidade é sempre foi um tema corriqueiro na história da 
humanidade. No entanto, a carência de novidade não atenua a polêmica sobre o 
tema. Outrora usada incluso em rituais religiosos, como medicamentos ou 
recreacionalmente, o consumo de quase todas as substâncias psicoativas foi 
impedido no Ocidente, incluindo o álcool nos Estados Unidos, que o conservaram 
na ilegalidade de 1919 a 1933. Logo após a proibição, as drogas ocuparam o nível 
da marginalidade. A natureza farmacológica das substâncias foi aos poucos se 
misturando aos valores sociais, culturais e morais de cada sociedade. Esses, por 
sua vez, vêm produzindo, o relacionamento entre o homem e suas drogas 
(MOREIRA; RIBEIRO, 2002). 
Segundo Escohotado (1996) apud Moreira e Ribeiro (2002), “São as 
atitudes sociais quem determinam quais as drogas admissíveis e atribuem 
qualidades éticas aos produtos químicos”. Eis a força motriz que conduz a disputa 
milenar acerca da legalidade e ilegalidade das drogas, dos seus benefícios e riscos 
e o quanto tal proibição intervém nas liberdades individuais e obram como maneira 
de controle das pessoas pelo Estado. 
Para várias pessoas, drogas são substâncias demoníacas e sua presença 
está fortemente conexa à decomposição dos valores sociais. Tais ideias se 
contrastam com a utilização festivo, religioso e sacramental dos primeiros períodos 
das civilizações. Entre as duas épocas, períodos de experimentação livre, por 
vezes, abençoados pela Ciência, se alternaram com outros marcadamente 
repressivos, ora de maneira mais extensa e sistemática, ora restritos a substâncias 
específicas (MOREIRA; RIBEIRO, 2002). 
As passagens trilhadas até mesmo os tempos contemporâneos são 
compridos e difíceis. No entanto, prosseguem sendo considerados somente a partir 
do presente. Assim, as falhas anteriores e as atitudes historicamente adotadas 
 
5 
 
avançam necessitando de entendimento, deixando de cooperar para a procura de 
recursos mais plausíveis (e menos apaixonadas), em especial por aqueles que 
coexistem diariamente com o problema e compõem a opinião de boa parte do amplo 
público sobre o assunto (MOREIRA; RIBEIRO, 2002). 
 
https://direitodiario.com.br 
Compete ao entendimento histórico despir preconceitos, sejam estes de 
caráter repressivo ou libertário, por meio de uma análise cronológica e comparativa 
adequada de desamparar conceitos maniqueístas, em procura de subsídios que 
aceitem a construção de uma nova consciência coletiva (MOREIRA; RIBEIRO, 
2002). 
A necessidade do homem de se conectar com o divino e seu mundo 
aparentemente mágico, misterioso e assustador fez nascer a figura do curandeiro, 
cuja função era viajar pelo sobrenatural, absorver as impurezas e as enfermidades 
do planeta e apresentar a seu grupo a esperança da vida. Depara-se aí a relação 
entre as primeiras maneiras de religião e o consumo de drogas (McKenna, 1993; 
Escohotado, 1996 apud Moreira; Ribeiro, 2002). 
 
6 
 
A palavra fármaco provém do grego (pharmak) e significa aquilo que o poder 
de transladar as impurezas. A vítima dos sacrifícios oferecidos aos deuses (fosse 
ela vegetal, animal ou humana) era chamada pelos gregos de pharmakós. O 
sustento usado durante as cerimônias de comunhão era chamado de phármakon. 
Essa última palavra calhou a unir a terminologia médica grega e chegou até nossos 
dias com o nome de fármaco, remédio, medicamento. Para os gregos phármakon 
era aquilo que poderia ocasionar o bem ou o mal; a vida ou a morte (Escohotado, 
1996 apud Moreira; Ribeiro, 2002). 
Até o surgimento de Hipócrates não tinha separação entre a técnica médica 
e a magia. Dessa forma tudo aquilo que fosse capaz de mudar os estados de ânimo 
era avaliado milagroso, um sinal do divino. As plantas capazes de proporcionar tal 
resultado ocorreram a ser tratadas pelos sacerdotes como enteógenas, ou seja, 
aquilo que engendra Deus dentro de si, que gera o divino. Essas plantas passaram 
a ser um instrumento essencial para que os curandeiros concretizassem suas 
intervenções lustrais, divinatórias ou de intervenção na realidade, pois para isso era 
necessário que obtivessem estados alterados da consciência. Nas palavras de 
Escohotado, a conjugação desse ato com a música e a dança “produziam um 
frenesi extático, que promovia a liberação do eu, cujo espaço era ocupado por um 
espírito tanto mais redentor, quanto menos se parecesse com a lucidez”. As 
substâncias usadas nesse tipo de ritual eram essencialmente sedativas 
(entorpecentes), como o álcool, o ópio, as plantas anticolinérgicas, o cânhamo e os 
cogumelos (MOREIRA; RIBEIRO, 2002). 
 
O consumo de drogas na antiguidade 
 
 Civilizações do Crescente Fértil 
 
 Para os egípcios, as substâncias psicoativasapresentavam finalidades 
médicas e profanas. As plantas mais consumidas, com ambos os propósitos, eram 
o cânhamo, a mandrágora, a datura e a papoula. Os egípcios distinguiam o 
procedimento de fermentação das frutas pelo menos desde 3000a.C. O ópio, 
 
7 
 
removido dos frutos da papoula, ao lado do vinho e da cerveja eram as substâncias 
mais consumidas (McKenna, 1993; Escohotado, 1996 apud Moreira; Ribeiro, 2002). 
A Mesopotâmia, situada entre os rios Tigre e Eufrates foi ocupada 
consecutivamente pelos sumérios, babilônios e assírios. Foi possivelmente nessa 
região que a cerveja foi produzida pela primeira vez. Os mesopotâmios usavam 
praticamente as mesmas substâncias consumidas pelos egípcios e com os mesmos 
desígnios. De tal modo como no Egito, papoula tinha posição distinta, vista como 
uma fonte de prazer e gozo (Escohotado, 1996 apud Moreira; Ribeiro, 2002). 
 
Civilizações amazônicas 
 
 As civilizações amazônicas consumiam várias plantas alucinógenas, com 
finalidades religiosas. Os pajés, sob o efeito das substâncias, adquiriam poderes 
telepáticos, divinatórios e lustrais. As plantas principais consumidas são ricas em 
dimetiltriptamina (DMT), um alucinógeno LSD-análogo. São elas o yopo 
(Anandenathera peregrina), a jurema (Mimosa hostilis), a epena (Virola theiodora) 
e a chacrona ou rainha (Psychotria viridis) (McKenna, 1993 apud Moreira; Ribeiro, 
2002). 
 Entre essas, merece evidência a ayahuasca, uma bebida preparada a partir 
da chacrona e do cipó do jagube (Banisteriopsis caapi). A ayahuasca é conhecida 
pelas civilizações amazônicas têm pelo menos 2000 anos. Crê-se que os incas 
foram as amplas difusores da planta entre as tribos amazônicas (Shultes et al., 1998 
apud Moreira; Ribeiro, 2002). O consumo continuou vivo entre as tribos indígenas 
até ser sincretizada a rituais cristãos no começo do século XX pelo maranhanse 
Raimundo Irineu Serra, o Mestre Irineu, que passou a chamar a ayahuasca de Santo 
Daime. (Dai-me paz, dai-me saúde, dai-me felicidade) (MOREIRA; RIBEIRO, 2002). 
 
As drogas nas sociedades ocidentais contemporâneas. 
 
 O contato com as substâncias 
 
 
8 
 
No fim da Idade Média, os europeus realizaram sua ampla expansão 
comercial por meio das navegações. A partir deste acontecimento, tornaram a entrar 
em contato com substâncias que utilizaram na Antigüidade e com outras trazidas 
do Novo Mundo. A partir do século XVIII, várias experiências científicas foram 
realizadas com as mesmas. Paulatinamente, umas amplas quantidades de 
medicamentos foram produzidas a partir dos alcalóides destas plantas (MOREIRA; 
RIBEIRO, 2002). 
 
 
Motivações dos movimentos de controle de substâncias psicoativas 
 
Vale à pena citar que têm descordos entre os pesquisadores quanto às 
motivações dos movimentos de controle de substâncias psicoativas. Conforme 
(Carlini-Cotrim, 1992 apud Moreira; Ribeiro, 2002), para o enfoque epidemiológico, 
esboçado acima, estes ciclos podem ser esclarecidos essencialmente pela reação 
da população às alterações epidemiológicas de uso de psicotrópicos. Segundo este 
enfoque, a postura mais liberal em relação às drogas levaria a ampliação do 
consumo pela população. Esta ampliação de consumo ocasionaria como 
consequência um aumento nos danos pessoais e sociais, como maior número de 
acidentes, ampliação de casos de maneira abusiva e dependência de psicotrópicos. 
O que induziria à população a ter uma atitude menos tolerante frente às drogas 
(MOREIRA; RIBEIRO, 2002). 
 “Com o século XIX chega o descobrimento e a comercialização dos 
fármacos, sendo os principais, a morfina e a heroína. A comercialização e venda 
desta última transformou a pequena fábrica de corantes Bayer numa gigantesca 
empresa química. Em 1859 é produzida a cocaína, que pouco tempo depois passou 
a estar presente em mais de uma centena de bebidas de venda livre, entre elas a 
Coca Cola e o famoso vinho de coca Mariani. No início do século XX as drogas 
conhecidas são de venda livre, sem que o fato chame a atenção de juízes ou 
políticos” (Bravo, 2000 apud Moreira; Ribeiro, 2002). Então, de acordo com o ponto 
de vista epidemiológico, o desenvolvimento da indústria química permitindo a 
 
9 
 
ampliação da variedade e disponibilidade das substâncias psicoativas, ligado à 
ausência de controle social teria propiciado uma ampliação descontrolada do uso 
dos psicotrópicos. E os movimentos repressivos consistem o fruto da reação da 
sociedade perante aos prejuízos apresentados pelo uso impróprio das drogas 
(MOREIRA; RIBEIRO, 2002). 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Droga_psicoativa 
Para um outro enfoque, chamado psicossocial, a situação epidemiológica 
não seria suficiente para explicar estes movimentos sociais: “Mais que isso, alguns 
autores, como Craig Reinarman e Harry Levine, indicam que a existência objetiva 
de certos problemas sociais e a formação de movimentos que clamam por sua 
resolução são processos independentes entre si... Portanto, diversos autores 
(Levine, 1978; Pinson, 1985; Sulkunen, 1985 apud Moreira; Ribeiro, 2002) têm se 
dedicado a pesquisar os processos sociais e históricos que têm levado os 
movimentos anti-drogas a praticarem, nas sociedades urbano-industriais, papéis de 
delimitarem fronteiras sociais, de solidificarem estereótipos étnicos e sexuais, de 
fortalecerem sentimentos de nação e classe, de legitimarem ações repressivas e de 
controle”. (Carlini-Cotrim, 1992 apud Moreira; Ribeiro, 2002). 
 
10 
 
Escohotado (1996) apud Moreira; Ribeiro, (2002) relaciona o movimento 
proibicionista na América com dois fatores fundamentais: primeiro, a reação do 
puritanismo nos EUA (que, como os diversos países onde prosperaram os 
movimentos proibicionistas, tem forte influência religiosa protestante) ao avanço da 
imigração - os excessos de cocaína dão início a ser atribuídos aos negros, de 
maconha aos mexicanos e de álcool aos judeus e irlandeses, e segundo, à 
liquidação do estado mínimo, com o recurso da constituição de uma crescente 
burocracia que tenta disciplinar a vida pública. 
Segundo Carlini-Cotrim (1992) apud Moreira; Ribeiro, (2002), “O álcool 
ocorreu cada vez mais a ser o componente que esclarecia tudo o que não ia bem 
na nação norte-americana emergente: pobreza, crime, violência, desestruturação 
familiar, crianças abandonadas, insucessos pessoais e falências financeiras... No 
século XIX, a mudança do álcool em ‘bode expiatório’ da sociedade norte-americana 
constitui, principalmente, a probabilidade de esclarecer os insucessos da ‘América 
Livre’ (Free America). 
Os pesquisadores atribuem motivação semelhante na proibição da 
maconha no Brasil. A ampliação do uso da cannabis entre os séculos XVI e XX no 
Brasil se deu preferencialmente entre negros e índios, pautando-se as esferas 
marginalizadas da sociedade. “Associada aos negros e aos índios, a maconha em 
pouco tempo adquiriu fama. Vinculada a uma idéia de vagabundagem e 
malandragem, a erva tornou-se maldita e a cultura do homem branco criou o 
estigma e o mito ainda predominantes” (Rocco, 1999 apud Moreira; Ribeiro, 2002). 
Assim, associava-se de forma indireta a ideia de vagabundagem e malandragem 
aos negros e índios. Para Adiala (1985) (apud Rocco, 1999 apud Moreira; Ribeiro, 
(2002) “a transformação do uso de drogas em problema público, no Brasil, remonta 
às últimas décadas do século XIX e se articula ao processo de controle da medicina 
por agentes especializados no tratamento de saúde... esta nova medicina passa a 
ser oficial no país, instituindo em sua prática ‘novas técnicas de controle social’, 
como forma de combater as causas dos males do Brasil que eram o clima tropical 
e a miscigenação racial... É nessas circunstâncias que as drogas surgem como um 
problema”. E assim seguem diversos exemplos de “lucros sociais secundários” 
 
11 
 
ocasionados pela intolerância às drogas aos vários países onde progrediu a 
“Ideologia de Temperança”,que excedem em com excesso a problemática dos 
agravos causados pelo uso indevido de substâncias psicoativas em si. 
 
2.2 Conceitos relacionados às substâncias psicoativas, ao fenômeno do 
consumo abusivo de drogas psicoativas, aos fatores de risco e de 
proteção e às conseqüências para crianças, adolescentes, família e 
comunidade. 
 
A dependência química é um grande problema de Saúde Pública, 
alcançando o indivíduo de distintas formas. Ela afeta crianças, adolescentes, 
homens e mulheres de qualquer classe social, sem distinção de sexo, credo ou cor. 
Por causa do seu crescimento, passa a ser banalizada, como se fosse uma 
circunstância corriqueira e cotidiana. Nesse sentido, mudar o comportamento por 
meio de uma droga tornou-se habitual e banal (ALVAREZ, 2014). 
 
Conceito 
 
Drogas são substâncias que causam modificações nas sensações, no grau 
de consciência e no estado emocional dos indivíduos. As mudanças ocasionadas 
por essas substâncias mudam de acordo com as características individuais, 
emocionais e físicas de quem as utiliza, da droga selecionada, da quantidade, 
constância de uso e situações em que é consumida. É qualquer substância natural 
ou sintética, que ingerida, inalada ou administrada, altera as estruturas e funções 
orgânicas, afeta o desempenho e induz à dependência, seja por consumo eventual, 
hábito, vício ou abuso (ALVAREZ, 2014). 
Cerca de 10% das populações dos centros urbanos de todo o mundo usam 
abusivamente substâncias psicoativas, independentemente da idade, sexo, grau de 
instrução e poder aquisitivo. Primeiramente, a droga é consumida como uma fonte 
de prazer e de satisfação momentânea ou como uma maneira de esquecer os 
 
12 
 
problemas da vida. Com o tempo, muitas sujeitos continuam a usa-la com o fim de 
impedir os efeitos indesejáveis de sua abstinência (ALVAREZ, 2014). 
 Uma vez dependentes das drogas, os usuários a incorporam no seu dia-a-
dia, não aceitam restrições, resistem à disciplina e apresentam dificuldade de voltar 
aos estudos ou trabalho. Pesquisa revela que, na maioria das vezes, quando o 
adolescente começa a fazer consumo de drogas é do sexo masculino, tem idade 
maior que 13 anos, frequenta a escola, vive com os familiares e tem um 
relacionamento ruim com estes. Usa drogas, inicialmente, por curiosidade ou como 
um estímulo para o enfrentamento de circunstâncias desagradáveis. As primeiras 
drogas experimentadas são o álcool e o tabaco (ALVAREZ, 2014). 
Usuários de drogas têm determinados aspectos psicológicos comuns. 
Quanto à personalidade, averígua-se fragilidade, ausência de amor próprio, procura 
da autodestruição, depressão, ansiedade e suas co-morbidades. Consomem a 
droga como maneira de atrair a atenção, de transgredir normas estabelecidas, 
desafiar a autoridade posta, dissimular a depressão, passar uma mensagem à 
família e às autoridades, como maneira de participar de um grupo, ou na procura 
pela formação de uma subcultura em busca da legalização do consumo de drogas 
(ALVAREZ, 2014). 
 Fenômenos sociais ocasionam mais gastos com justiça e saúde, 
problemas familiares e notícias na mídia do que o uso abusivo de álcool e outras 
drogas. A dependência psíquica, às vezes física, ocasionada pela droga é capaz de 
modificar os reflexos inatos e/ou alcançados. O consumo de substâncias 
psicotrópicas que modificam o comportamento sempre sucedeu em todos os 
tempos. Ao oposto do que se pensa, não é um episódio novo no repertório humano, 
e sim uma prática milenar e universal, não sendo um fenômeno específico da época 
em que vivemos. Como tornou-se um mercado lucrativo, os responsáveis pelo 
tráfico dessas substâncias vêm preparando drogas mais potentes, levando o 
usuário de forma rápida à dependência (ALVAREZ, 2014). 
 O dependente químico tem dificuldade em conseguir desenvolver suas 
atividades do dia – a - dia sem o uso da droga, pois esta passa a servir como alívio 
para passar com as moléstias da existência e dos conflitos que a compõem. 
 
13 
 
Perante, isso o usuário faz da aquisição da droga seu alvo de vida. Além do mais, 
a quantidade de drogas existentes e a facilidade para a sua obtenção são meios 
que cooperam para essa diferenciação (ALVAREZ, 2014). 
 É na família que os sujeitos começam seus processos de constituição da 
personalidade, a qual é relevante na recuperação do usuário. Calha a ser a ligação 
essencial dele com a sua sociedade, carecendo ser incluída, amparada e cuidada, 
nos serviços de saúde. A família carece ser parceira no tratamento, como rede de 
relação que oferece suporte ao usuário para confrontar-se as dificuldades 
cotidianas, sucedidas das drogas. Compõe-se a base em que se incorporam 
padrões de comportamento, crenças, costumes, experiências e vínculos sociais. O 
núcleo familiar notifica da constituição da personalidade e coopera para a 
concretização do caráter, adoção de noções de ética e solidariedade (ALVAREZ, 
2014). 
Pais, que adotam uma maneira de criação centrado na cordialidade e 
atenção de seus filhos, edificam adaptação positiva e socialização de seus 
elementos. Trata-se de um modo de invenção baseado em relações de 
reciprocidade, correlacionando atitudes e condutas do adolescente para o 
enfrentamento das desventuras, fazendo-o interessar-se pela escola e separando-
o das drogas. A família padece com as experiências pelo consumo de substâncias 
psicoativas de seu familiar usuário. Assim, os serviços de saúde calham a abrange-
lá no tratamento, corroborando o fortalecimento das relações intrafamiliares, das 
interações sócio afetivas, bem como do bem-estar físico, biopsicossocial, emocional 
e espiritual (ALVAREZ, 2014). 
Por bastante tempo os usuários foram tratados como criminosos. 
Recentemente, o Ministério da Saúde brasileiro, ao pôr a política de Atenção 
Integral para Usuários de Álcool e outras Drogas como um investimento no zelo 
psicossocial e comunitária, vem buscando desvincular o usuário do traficante, 
procurando a descriminalização da dependência química. Outra estratégia é investir 
em ações que expandam a entrada do usuário e sua família ao tratamento; também 
busca desmistificar a associação entre o consumo de drogas e o comportamento 
antissocial, por meio da redução de danos e da inclusão social. De tal modo, o uso 
 
14 
 
de substâncias psicoativas lícitas ou ilícitas ocorre a ser um problema de origem 
multifatorial que carece ser discutido no domínio da saúde, mas, ainda, da 
segurança social, justiça e educação (ALVAREZ, 2014). 
 A Política Brasileira de Atenção Integral para Usuários de Álcool e outras 
Drogas sobressai a necessidade de elaborar, implantar e implementar obras para 
atender a população que precisa de atendimento nesse campo por meio do Sistema 
Único de Saúde, descentralizando o atendimento hospitalar e apresentando 
múltiplas oportunidades para o atendimento ao dependente químico. Hoje em dia, 
são apresentadas aos usuários distintas maneiras de tratamento: redução de 
danos, atendimento ambulatorial, internação hospitalar, assistência em um Centro 
de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas (CAPS ad), entre 
outras (ALVAREZ, 2014). 
O enfoque fundamental da política produzida pelo Ministério da Saúde 
brasileiro é ampliar os serviços já inseridos e acolher aos usuários de drogas e suas 
famílias de forma integral por meio do modelo psicossocial, sugerindo diretrizes que 
dirigem as ações dos serviços oferecidos por órgãos públicos e entidades não 
governamentais. Como estratégia primária de acolhimento, foram criados os CAPS 
ad, nos quais os usuários de drogas têm a probabilidade de atenção intensiva, semi-
intensiva ou não intensiva, encontros com grupos semanais, e atenção psicológica, 
médica e de enfermagem. Além disso, existe um suporte da assistência social para 
o usuário e seus familiares (ALVAREZ, 2014). 
 Estudo brasileiro mostra que apenas 31,5% das macro-regiões Norte e Sulno Estado do Espírito Santo auxiliam usuários de drogas em seus ambulatórios. Por 
causa dessa carência, as pessoas de classes menos abastadas são as que mais 
sofrem, quando entrelaçadas nessa circunstância, em razão da insuficiência de 
serviços públicos de atenção à dependência de álcool e outras drogas (ALVAREZ, 
2014). 
 As consequências do consumo de drogas vão além dos danos individuais 
e orgânicos, uma vez que intervêm diretamente no contexto familiar, transformando 
os membros da família em co-dependentes, ocasionando desagregação familiar, 
sofrimento e desolação. Neste sentido, a questão que dirigiu esta pesquisa foi: quais 
 
15 
 
os motivos e as consequências do consumo de drogas para o usuário e sua família? 
A partir desta, o objetivo foi conhecer os motivos e consequências do consumo de 
drogas para o usuário e a família (ALVAREZ, 2014). 
 
Critérios e instrumentos para diagnóstico de dependência química. 
 
Existem dois códigos internacionais vigentes que necessitam ser 
mencionados. O primeiro é uma publicação da Organização Mundial de Saúde 
(OMS) e denomina-se Classificação Internacional de Doenças (CID). Quando 
estava na sua sexta edição (CID-6), perto da década de 50, a Associação 
Psiquiátrica Americana (APA) publicou a primeira edição do Manual diagnóstico e 
estatístico de transtornos mentais (DSM). Desde então ambos sofreram uma série 
de modificações e hoje vigoram a CID-10 (décima edição) e o DSM-V (quinta 
edição). Buscaremos nos conservar atentos aos critérios da CID-10, amplamente 
usada em nosso país (é nossa classificação padrão acolhida pelo Ministério da 
Saúde) e na maior parte do mundo (ALVES, 2015). 
https://cicloceap.com.br 
Uso nocivo 
 
 
16 
 
Compreendendo o conceito do consumo de drogas, têm duas dimensões 
distintas: por um lado, a psicopatologia do consumo (a dependência propriamente 
dita) e o outro é o enfoque sobre todos os problemas que procedem do consumo ou 
da dependência (ALVES, 2015). 
 
Analise a figura abaixo: 
 
 Quadrante Um: Sujeitos que, conforme crescem a gravidade da 
dependência, aumentam as chances de desenvolverem problemas. 
  Quadrante Dois: Condição em que o sujeito, apesar de não see 
dependente, pode expor problemas decorrentes do consumo (beber álcool e dirigir, 
sofrendo acidentes; assistir aula na escola sob efeito de maconha e ser punido, etc.) 
 Quadrante Três: Sujeitos que fazem o consumo de drogas sem expor 
problemas ou dependência. Seu uso é avaliado “de baixo risco”. 
 Quadrante Quatro: Nesse quadrante estão caracterizados casos de 
sujeitos que portam dependência e não apresentam problema. ISSO 
SIMPLESMENTE NÃO EXISTE! (ALVES, 2015). 
 
Critérios da CID-10 para consumo Nocivo de Substâncias O diagnóstico demanda 
que um prejuízo real tenha sido ocasionado à saúde física e mental do usuário 
Padrões nocivos de consumo são repetidamente criticados por outros sujeitos e 
estão conexos a consequências sociais adversas de diversos tipos. Uso nocivo 
não precisa ser diagnosticado se a síndrome de dependência, um distúrbio 
psicótico ou outra maneira específica de distúrbio relacionado com o álcool ou 
drogas estiver presente (ALVES, 2015). 
 
 
 
Critérios da CID-10 para Dependência de Substâncias 
O diagnóstico de dependência deve ser realizado se três ou mais dos seguintes 
critérios são experienciados ou manifestados durante o ano anterior 
 
 
17 
 
 1. Um desejo intenso ou senso de compulsão para consumir a substância. 
 
 2. Dificuldades em dominar o comportamento de consumir a substância em 
termos de início, término ou níveis de consumo. 
 
 3. Estado de abstinência fisiológica, quando o consumo da substância parou ou 
foi diminuído, como evidenciado por: síndrome de abstinência característica para 
a substância, ou o consumo da mesma substância (ou de uma intimamente 
relacionada) com a intenção de aliviar ou fugir os sintomas de abstinência. 
 
4. Evidência de tolerância, de tal maneira que doses crescentes da substância 
psicoativa são requeridas para obter efeitos originalmente produzidos por doses 
mais baixas 
 
 5. Desamparo progressivo de prazeres alternativos em favor do consumo da 
substância psicoativa: ampliação da quantidade de tempo necessário para 
alcançar ou tomar a substância ou recuperar-se de seus efeitos 
 
6. Constância no consumo da substância, a despeito de ênfase clara de 
consequências manifestamente maléficas, tais como prejuízo ao fígado por 
consumo exagerado de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos 
consequentes a ocasiões de consumo exagerado (ALVES, 2015). 
 
Somente lembrando que são precisos pelo menos 03 desses critérios 
permanecerem presentes no último. A maior parte dos pacientes que vai pedir 
auxílio ao Terapeuta, contudo, preencherá com facilidade todos os critérios 
mencionados (ALVES, 2015). 
 
A organização da CID-10 
 
 A CID-10 está aparelhada da seguinte maneira, no caso específico dos 
transtornos mentais e comportamentais devido ao consumo de múltiplas 
substâncias: 
Caracter Um: A letra “F”, que menciona nesse caso o grupo de doenças 
que será descrito (transtornos mentais) 
Caracter Dois: O número “1” sugere o subgrupo de transtornos decorrentes 
do consumo da substância. 
Caracter Três: Número de 0 a 9 que se refere a à Classe da substância 
(por exemplo, F10 é para álcool e F14 é para cocaína) 
 
18 
 
Caracter quatro: Demonstra o transtorno que decorre do consumo daquela 
substância. (por exemplo: F10.2 – Transtorno mental e comportamental devido ao 
consumo de álcool, síndrome de dependência. Ou ainda: F12.5 – Transtorno mental 
e comportamental devido ao uso de maconha, estado psicótica (ALVES, 2015). 
 
F10: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool 
F11: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de opiáceos 
F12: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de 
canabinóides – 
F13: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso desedativos 
e hipnóticos 
 F14: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de cocaína – 
F15: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de outros 
estimulantes, inclusive a cafeína 
F16: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de 
alucinógenos 
F17: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo 
F18: Transtornos mentais e comportamentais devidos de solventes voláteis 
F19: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas 
drogas e ao uso de múltiplas substâncias psicoativas. 
A – (F 1 x.0) Intoxicação aguda 
B – (F 1 x.1) Uso nocivo para a saúde 
C – (F 1 x.2) Síndrome de dependência 
D – (F 1 x.3) Síndrome de abstinência 
E – (F 1 x.4) Síndrome de abstinência com delirium 
F – (F 1 x.5) Transtorno psicótico 
G – (F 1 x.6) Síndrome amnésica 
H – (F 1 x.7) Transtorno psicótico residual ou de instalação tardia 
 I – (F 1 x.8) Outros transtornos mentais ou comportamentais (ALVES, 
2015). 
 
19 
 
3 UNIDADE 02 
3.1 Classificações das drogas; características dos usuários; efeitos agudos 
e crônicos; mecanismo de reforço e recompensa; consequências no 
comportamento individual e social e no entorno familiar; riscos do uso 
na adolescência. 
 
Quais os tipos de drogas que existem e que efeitos elas provocam? 
 
 As drogas atuam no cérebro afetando a atividade mental, nomeando assim 
psicoativas. Elas são de três tipos: (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 Drogas que atenuam a atividade mental, também chamados de 
depressoras. Comprometem o cérebro, fazendo com ele que trabalhe de maneira 
mais pausada. Essas drogas atenuam a atenção, a concentração, a tensão 
emocional e a capacidade intelectual. Exemplos: ansiolíticos (tranquilizantes), 
álcool, inalantes (cola), narcóticos (morfina, heroína) (SILVEIRA; DOERING-
SILVEIRA, 2012). 
 Drogas que crescem a atividade mental são denominadas de 
estimulantes. Comprometem o cérebro, fazendo comque ele funcione de maneira 
mais rápida. Exemplos: cafeína, tabaco, anfetaminas, cocaína e crack. As 
anfetaminas, de tal modo como os outros estimulantes, habituam ser usadas para 
conseguir um estado de euforia, para se conservar desperto por longas ocasiões de 
tempo ou para amenizar o apetite. Podem ser empregadas, apesar, como 
medicação para determinadas doenças (déficit de atenção e outras doenças 
neurológicas) (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 Drogas que transformam a percepção são denominadas de 
substâncias alucinógenas (ou psicodislépticas), gerando alterações no 
funcionamento do cérebro. Exemplos: LSD, ecstasy, maconha e outras substâncias 
provenientes de plantas ou cogumelos (ayahuasca, ibogaína, sálvia, mescalina, 
psilocibina, por exemplo) (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 
20 
 
Várias dessas substâncias psicodislépticas são usadas em ritual religioso, 
e seus usuários lhes conferem atributos específicos de facilitação de contato com a 
dimensão religiosa (sendo, por isso, chamadas substâncias enteógenas). Essas 
mesmas alterações da consciência são avaliadas por indivíduos que as usam em 
contexto recreacional. Embora possam ser maléficas quando usadas por pessoas 
com problemas mentais, tais como psicoses, essas substâncias raramente 
ocasionam dependência. Vários estudos científicos têm identificado potencial 
terapêutico dos psicodisplépticos para muitas doenças (SILVEIRA; DOERING-
SILVEIRA, 2012). 
 
O efeito de uma droga é o mesmo para qualquer pessoa? 
 
Não, os efeitos de uma droga dependem essencialmente de três fatores: 
 da droga; 
 do usuário; 
 do meio ambiente (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 
Cada tipo de droga, com suas características químicas, tende a produzir 
efeitos distintos no organismo. A maneira como uma substância é usada, assim 
como a quantidade consumida e o seu grau de pureza também terão influência no 
efeito (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 
Cada usuário, com suas características biológicas (físicas) e psicológicas, tende 
a apresentam reações variadas sob a ação de drogas. São muito relevantes o 
estado emocional do usuário e suas expectativas com relação à droga no 
momento do uso. O meio ambiente também influencia o tipo de reação que a 
droga pode causar. Dessa forma, o local, os indivíduos e o contexto no qual o uso 
ocorre podem interferir nos efeitos que a droga vai causar. 
 
Por exemplo, um indivíduo ansioso (usuário) que utiliza grande quantidade 
de maconha (droga) em um lugar público (meio ambiente) terá grande chance de 
 
21 
 
se sentir perseguida (“paranoia”). De outra forma, um sujeito que consome maconha 
quando permanece serenamente em sua casa, na companhia de amigos, terá 
mínima possibilidade de exibir reações desagradáveis (SILVEIRA; DOERING-
SILVEIRA, 2012). 
 
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Efeitos do uso das principais substâncias psicoativas e quadros 
clínicos mais frequentemente relacionados ao uso 
 
Os efeitos causados pela utilização de uma substância psicoativa 
dependem de diferentes fatores: tipo e quantidade da substância usada; via de uso 
da substância; características biopsicológicas do usuário; condições ambientais 
onde se oferece o uso da substância. Listamos, contudo, somente como diretrizes 
gerais, os efeitos que mais se integram ao uso de determinadas substâncias 
psicoativas, assim como os quadros clínicos mais comumente analisados 
(SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 
 Álcool 
 
 
22 
 
1. Efeitos: euforia e relaxamento, seguidos de desinibição. Com a 
ampliação da dose, surgem dificuldades ao executar tarefas e redução dos reflexos, 
dificuldade de conservação do equilíbrio e incoordenação motora, seguidos de 
sonolência (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
2. Intoxicação: A intoxicação aguçada pelo álcool pode acompanhar-se 
de transtornos graves dos sentidos, consciência reduzida dos estímulos externos, 
mudanças intensas da coordenação, fala incoerente, diplopia (visão dupla), 
seguidos de náuseas e vômitos. Uma condição de sedação pode evoluir para perda 
de consciência, coma e morte (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
3. Outros problemas acompanhados: vários usuários crônicos de 
álcool têm sobrevida atenuada em decorrência de lesões no aparelho digestivo 
(estômago, fígado e pâncreas), cérebro e coração. As lesões hepáticas 
repetidamente evoluem para cirrose. Hemorragias digestivas e pancreatites são 
razões de morte frequentes. Muitos oferecem quadros degenerativos cerebrais 
(demência alcoólica). Além disso, sujeitos desnutridos ou que incluam deficiência 
de vitamina B1 podem proporcionar Síndrome de Wernicke-Korsakoff, 
caracterizada essencialmente pelo dano da capacidade de reter dados (memorizar), 
repetidamente irreversível. Alterações neuropsicológicas são comuns em usuários 
crônicos (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
4. Problemas clínicos adicionais: arritmias cardíacas; fraqueza 
muscular, por destruição das fibras musculares; neuropatias periféricas; impotência 
sexual. Além disso, a utilização de álcool no período da gravidez está conexo ao 
surgimento da Síndrome do Alcoolismo Fetal (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 
2012). 
5. Abstinência: a Síndrome de Abstinência do Álcool acontece quando 
o sujeito descontinua o uso ou suaviza de maneira abrupta a quantidade 
comumente utilizada. Pode exibir por meio de manifestações leves, com tremores, 
taquicardia e sudorese, ou evoluir para quadros cerebrais graves, seguidos de 
confusão mental, ilusões e alucinações (delirium tremens), que, se não ficarem 
imediatamente combinados, podem evoluir para a morte. 
 
23 
 
 Solventes (lança-perfume, “loló”, cola, gasolina, acetona, tíner, 
aguarrás, éter, benzina, esmalte e tintas) 
1. Efeitos: euforia seguida de sonolência e de alterações da 
sensopercepção (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
2. Intoxicação: a intoxicação aguda por solventes em geral é preciso (15 a 
45 minutos) e pode estar seguida de uma série de sin- 78 Módulo 1 tomas, que 
incluem irritação ocular, fotofobia (hipersensibilidade à luz), diplopia (visão dupla), 
zumbido, irritação de mucosas da faringe, induzindo a sintomas como tosse e 
coriza. Náuseas, vômitos e diarreia também são comuns. O uso de hidrocarbonetos 
fluorados pode levar a arritmias cardíacas. Frequentemente, nos quadros de 
intoxicação, pode-se analisar lentificação de ondas cerebrais no 
eletroencefalograma. Os quadros de superdosagem frequentemente começam de 
maneira abrupta e se caracterizam por depressão respiratória e arritmias cardíacas, 
seguidas de perda da consciência e, em alguns casos, morte súbita. Parece que 
exercícios físicos intensos aumentam o risco de morte súbita conexa ao uso de 
solventes (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
3. Outros problemas associados: Síndrome Cerebral Orgânica (quadro 
de confusão mental, rebaixamento de consciência e desorientação no tempo e no 
espaço, associados a sofrimento cerebral). Além disso, em pessoas que oferecem 
predisposição, a utilização de solventes pode exacerbar ou desencadear quadros 
psiquiátricos como a depressão. Alterações neuropsicológicas são corriqueiros em 
usuários crônicos (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
4. Problemas clínicos adicionais: arritmias cardíacas, especialmente com 
a inalação de aerossóis (hidrocarbonetos fluorados); hepatite tóxica, com provável 
desenvolvimento para insuficiência hepática; insuficiência renal, principalmente 
entre os que abusam de benzeno e tolueno; insuficiência pulmonar transitória após 
a inalação; transtornos gastrintestinais leves e transitórios; anemia aplástica 
(redução da produção das células que compõem o sangue); fraqueza muscular, por 
destruição das fibras musculares; neuropatias periféricas, de maneira induzidas por 
nafta e chumbo presentes na gasolina. Além disso, a facilidade da passagem 
 
24 
 
placentária dos solventes está conexa a malformações(efeito teratogênico) 
(SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 5. Abstinência: a interrupção da utilização de solventes não está 
acompanhada de nenhum quadro de abstinência clinicamente relevante (SILVEIRA; 
DOERING-SILVEIRA, 2012). 
6. Atenção: a utilização de solventes de forma geral é ocasional. A 
utilização frequente e problemático na maioria das vezes acontece em sujeitos com 
problemas psiquiátricos graves ou em circunstâncias de exclusão social. Vem 
crescendo o relato de uso abusivo entre universitários, principalmente entre 
estudantes de Medicina (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 Canabinoides (maconha, haxixe, “skank”) 
 
1. Efeitos: excitação seguida de relaxamento; euforia; distorções na 
avaliação de tempo e espaço, logorreia (falar exageradamente), hiperfagia 
(aumento da fome), alucinações, sobretudo visuais, palidez, taquicardia, hiperemia 
conjuntival (olhos avermelhados), midríase (pupilas dilatadas), boca seca 
(SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
2. Intoxicação: podem gerar com desorientação (altera-se a noção de 
tempo), crises de pânico, leve grau de desconfiança ou ideias paranoides, com 
alguma perda da capacidade de avaliação de situações (juízo crítico). A utilização 
de doses elevadas pode desencadear alucinações, rotineiramente visuais. Também 
pode estar seguida de alterações como tremores finos, discreta queda da 
temperatura corporal, redução na força e no equilíbrio, baixo nível de coordenação 
motora, boca seca e conjuntivas hiperemiadas (olhos avermelhados) (SILVEIRA; 
DOERING-SILVEIRA, 2012). 
3. Outros quadros associados: síndrome amotivacional (apatia, 
pensamento vagaroso e ausência de iniciativa) e transtorno psicótico induzido. A 
presença de déficits cognitivos permanentes, acompanhados da utilização da 
maconha aparentemente, Sobrevém somente em usuários mais jovens 
(adolescentes), quando a utilizam com constância (SILVEIRA; DOERING-
SILVEIRA, 2012). 
 
25 
 
 4. Problemas clínicos adicionais: a probabilidade de aparecimento de 
complicações clínicas sérias com o uso de canabinois é remota. O consumo de 
maconha fumada pode causar quadros de bronquite por um efeito irritante das vias 
respiratórias. A administração aguda de maconha pode induzir à dilatação das vias 
respiratórias, mas a utilização crônica está associada à broncoconstrição e 
consequente aparecimento de quadro asmático. O aumento do ritmo cardíaco e a 
diminuição da capacidade de contração do coração são complicadores entre os 
cardiopatas, podendo levar a irrigação deficiente do músculo cardíaco (angina). O 
uso demasiado de maconha pode induzir à redução da produção de esperma e à 
redução do número de espermatozoides, a uma diminuição da próstata e dos 
testículos, e ao bloqueio da ovulação. Todas essas mudanças tendem a ser 
reversíveis com a interrupção do consumo (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 
2012). 
5. Abstinência: a interrupção do uso repetido de Cannabis pode ocasionar 
fadiga, irritabilidade, insônia e diminuição de apetite. De forma geral, esses sintomas 
são de curta duração e de pequena intensidade (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 
2012). 
 
Estimulantes (cocaína, anfetaminas e drogas correlatas) 
 
 Cocaína (cocaína, “pó”, “brilho”, crack, pasta-base) 
 
1. Efeitos: excitação, euforia, redução do cansaço, irritabilidade, insônia, 
perda do apetite, hipervigilância, logorreia (falar de forma exagerada), agitação 
psicomotora, exacerbação simpatomimética (coração acelerado, febre, pupilas 
dilatadas, suor, hipertensão arterial) (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
2. Intoxicação: pode gerar crise de pânico, crise hipertensiva, convulsões, 
hipertermia (febre) e choque cardiovascular. Os usuários crônicos toleram doses 
muito mais elevadas do que sujeitos com pouco hábito de consumo, de maneira 
que a dose letal é variável e imprevisível. As causas de morte nas intoxicações 
estão mais repetidamente associadas a quadros vasculares do Sistema Nervoso 
 
26 
 
Central (acidente vascular encefálico) e a eventos cardiovasculares (arritmias, 
isquemias e infarto) (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
3. Outros quadros associados: transtorno psicótico induzido por 
substâncias, com alucinações e delírios, transtornos neuropsiquiátricos (em 
usuários crônicos é relevante realizar avaliação das funções cognitivas e, se 
preciso, exames de neuroimagem). As funções cognitivas são analisadas por meio 
de exames neuropsicológicos que repetidas vezes abrangem testes padronizados 
(SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 4. Problemas clínicos adicionais: quadros relacionados ao uso de 
agulhas contaminadas (endocardite, tétano, abscessos, hepatites virais, êmbolos, 
infecção pelo HIV, etc.); comprometimento do septo nasal nos sujeitos que fazem 
utilização por aspiração (forma inalada); o excesso no período da gravidez pode 
desencadear abortos espontâneos, trabalho de parto prematuro e placenta prévia 
(placenta em localização imprópria dentro do útero, promovendo hemorragias e 
abortamento) (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
5. Abstinência: sintomas inespecíficos, cuja remissão acontece em horas 
ou dias após a interrupção da utilização. Podem acontecer reações depressivas 
relevantes, além de fissura intensa (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 
 Anfetaminas e substâncias análogas (anorexígenos, metanfetamina, 
ice, MDMA ou ecstasy) (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 
1. Efeitos: semelhantes aos da cocaína. 
 2. Intoxicação: efeitos cérebro-vasculares, cardíacos e gastrointestinais 
permanecem em meio aos sintomas mais sérios acompanhados com o abuso de 
doses elevadas de anfetaminas. Um continuum de sintomas neurológicos está 
acompanhado a doses gradualmente maiores de anfetamina, desde cãibras até 
convulsões, coma e morte. Os efeitos psíquicos abrangem inquietação, disforia, 
insônia e confusão mental. Substâncias como MDMA e ecstasy podem ocasionar 
síndrome hipertérmica (elevação da temperatura corporal), que pode ser fatal; 
insuficiência hepática ocasionada por hepatite tóxica, que pode ser irreversível; e 
 
27 
 
morte conexa a problemas cardíacos, como fibrilação ventricular (arritmia) 
(SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
3. Outros quadros ligados: parecidos aos quadros descritos para a 
cocaína (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
4. Problemas clínicos adicionais: emagrecimento; a utilização no período 
da gravidez pode originar abortos espontâneos e baixo peso ao nascer (SILVEIRA; 
DOERING-SILVEIRA, 2012). 
5. Abstinência: sintomas inespecíficos, como irritabilidade, hipersonia 
(excesso de sono) e fadiga. 
 Ópio e derivados (opioides e opiáceos). O ópio é adquirido a partir de 
um tipo de papoula originária do Oriente. Substâncias derivadas do ópio são 
chamadas opiáceos (morfina, codeína e heroína), enquanto substâncias 
sintetizadas em laboratório parecidas aos opiáceos são chamadas opioides 
(meperidina, metadona). Apesar que os derivados do ópio sejam medicamentos 
muito usados na medicina, existe grande potencial de abuso e dependência 
(SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 
 1. Efeitos: sensação de prazer extremo, seguida de sonolência e estupor; 
miose (pupilas contraídas) (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
2. Intoxicação: depressão do SNC, diminuição do funcionamento global do 
cérebro (depressão respiratória, hipotensão, sonolência e coma). Os casos de 
superdosagem, que podem acontecer acidentalmente ou em tentativas de suicídio, 
simulam circunstâncias de elevado risco (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
3. Outros quadros conexos: depressão. Em geral o ópio e seus derivados 
não desencadeiam quadros psicóticos, ao oposto da maior parte das outras drogas 
(SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
4. Problemas clínicos adicionais: arritmias cardíacas, úlceras gástricas, 
anemias, alterações das concentrações plasmáticas de elementos químicos 
(principalmente de potássio), pneumonias, tuberculose, broncoespasmose sibilos 
(de maneira especial após a absorção da fumaça de um opiáceo), anormalidades 
do funcionamento sexual, ocasionadas pela diminuição de testosterona, observada 
 
28 
 
durante o uso crônico de opiáceos, podendo continuar por até um mês depois a 
suspensão do uso. Não obstante ainda ser raramente analisado em nosso meio, o 
uso endovenoso de heroína pode levar a problemas clínicos sérios, relacionados 
aos adulterantes achados nas misturas de opiáceos ou a práticas de higiene 
deficientes, conexas ao uso de agulhas (infecção pelo HIV, abscesso e outras 
infecções de pele e músculos; tétano, hepatites, endocardite, infecções dos ossos 
e articulações, alterações de fundo de olho, relacionadas a êmbolos gerados pelos 
adulterantes; insuficiência renal, relacionada a infecções ou adulterantes; flebites e 
abscessos pulmonares) (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
5. Abstinência: os derivados do ópio estão entre as substâncias cuja 
interrupção do uso habitual pode desencadear síndrome de abstinência típica e 
grave. Apesar seja um quadro clinicamente dramático, a abstinência desses 
produtos raramente leva à morte, a menos que o usuário ofereça uma doença 
preexistente grave, como doença cardíaca, por exemplo. O começo e permanência 
do quadro dependem da meia-vida da substância, que seria o tempo que o 
organismo demora para extinguir a substância do sangue. Os sintomas mais 
frequentes abrangem fissura, irritabilidade, insônia, anorexia (inapetência), fadiga, 
lacrimejamento, coriza, fotofobia (sensibilidade excessiva à luz), bocejos, sudorese, 
midríase (pupilas dilatadas), piloereção (pelos elevados), tremor, calafrios, 
disfunção da regulação da temperatura, perturbações gastrointestinais (diarreia 
intensa, dores abdominais, náuseas e vômitos), espasmo e dores musculares, 
retardo psicomotor (lentificação). Sintomas residuais, como insônia, bradicardia 
(pulsação baixa), fissura e disfunção da regulação térmica, podem continuar 
durante meses (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 
 Alucinógenos (LSD, cogumelos, mescalina) 
 
1. Efeitos: similares aos da Cannabis, porém com fenômenos, 
especialmente, alucinatórios intensos e, às vezes, delirantes (SILVEIRA; 
DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 
29 
 
 2. Intoxicação: volta e meia se distingue por um quadro de início rápido, 
em que o sujeito degusta perda de contato com a realidade. É avaliada mais 
repetidas vezes em usuários habituais que fizeram uso de doses maiores que as 
frequentes. O exame do estado mental evidencia alucinações e ilusões francas, 
ansiedade intensa, despersonalização (perda da identidade), ideias paranoides e 
confusão mental. Palpitações, aumento da pressão arterial, hipertermia, sudorese, 
taquicardia, borramento visual podem estar presentes. Os sintomas tendem a 
proporcionar rumo flutuante, com momentos alternados de piora e melhora clínica, 
que podem perdurar até 24 horas (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
 3. Outros quadros associados: transtorno psicótico induzido; episódios 
de “flashbacks”, que seria um quadro autolimitado que pode recorrer 
periodicamente por dias ou semanas após o consumo da droga, nos quais o sujeito 
vivencia sensação de euforia e de desligamento da realidade, repetidas vezes 
acompanhada da presença de ilusões e alucinações visuais, com duração que pode 
alterar de minutos a horas (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 2012). 
4. Problemas clínicos adicionais: a avaliação clínica de usuários crônicos 
de forma rara demonstra alguma alteração que possa ser atribuída diretamente ao 
consumo da droga. O uso no momento da gestação aumenta o risco de anomalias 
congênitas e de abortos espontâneos. 
 5. Abstinência: jamais foi descrito nenhum quadro clinicamente 
significativo de abstinência de alucinógenos (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 
2012). 
 
Uso inadequado de fármacos vendidos sob prescrição médica 
 
 Anticolinérgicos (biperideno–Akineton, trihexafenidil–Artane) 
 
1. Efeitos: sensação de bem-estar, aumento da sociabilidade. 
2. Intoxicação: pode seguir-se de agitação, taquicardia e outros sinais 
anticolinérgicos, como boca seca, dificuldade de engolir, distensão abdominal, 
hipertensão arterial, retenção urinária, fotofobia (hipersensibilidade à luz), bem 
 
30 
 
longe de rash (vermelhidão) garantindo a face e parte elevada do pescoço. O 
usuário pode oferecer sinais de um quadro confusional que, acompanhado à 
síndrome anticolinérgica, coloca o diagnóstico (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 
2012). 
 Barbitúricos (Optalidon, Fiorinal, Gardenal, Tonopan, Nembutal, 
Comital, Pentotal) 
 
1. Efeitos: calma, relaxamento e sonolência. 
2. Intoxicação: sensação de embriaguez alcoólica, desinteresse, midríase 
(pupilas dilatadas), depressão respiratória, coma. 
3. Síndrome de Abstinência: presente, caracterizada por sinais de 
hiperexcitabilidade, como taquicardia, sudorese, hipertensão, aumento da 
assiduidade respiratória, ansiedade. 
4. Atenção: são substâncias muito perigosas se ingeridas em doses 
exageradas ou em associação com álcool. Seu consumo deve se dar com 
indicações precisas e de maneira cautelosa (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 
2012). 
 Benzodiazepínicos (Diazepan, Diempax, Valium, Librium, Lorax, 
Rohypnol, Lexotan). 
1. Efeitos: relaxamento e sedação. 
2. Intoxicação: fala pastosa, redução da coordenação motora, marcha 
instável, confusão mental, bradicardia (pulso lento), dispneia (falta de ar). 
 3. Síndrome de Abstinência: presente, caracterizada por sinais de 
hiperexcitabilidade, como taquicardia, sudorese, hipertensão, elevado da 
assiduidade respiratória, ansiedade. 
4. Atenção: são drogas relativamente seguras em episódios de 
superdosagem, ao oposto dos barbitúricos (SILVEIRA; DOERING-SILVEIRA, 
2012). 
 
Mecanismo de reforço e recompensa 
 
 
31 
 
Em meados do século XIX, determinadas teorias sobre motivação 
asseguravam que o comportamento dependente derivava de “instintos 
subconscientes”. Contudo, nenhuma dessas teorias conseguia explicar 
adequadamente todos os dados envolvidos na dependência de substâncias, 
incluindo os aspectos psicológicos e neurobiológicos. Foi no começo da década de 
40, no século passado, que apareceu uma nova explicação para a dependência, 
envolvendo conceitos tanto da psicologia como da psiquiatria. Essa teoria, chamada 
de “teoria do reforço”, foi testada em laboratórios de pesquisa. Um trabalho pioneiro, 
feito por Spragg, demonstrou que chimpanzés se administravam drogas 
voluntariamente (FORMIGONI, 2017). 
Após receberem repetidas vezes drogas opioides, os chimpanzés 
“solicitavam a droga” ao pesquisador – isto é, adotavam a posição própria para 
receber as injeções da droga, contradizendo o esperado de seus comportamentos 
instintivos programados de acordo com a genética. Isso exacerbou a curiosidade da 
comunidade científica por esse tema (FORMIGONI, 2017). 
Olds e Milner, em 1954, analisaram que ratos com eletrodos (fios elétricos) 
colocados em certas regiões profundas do cérebro “trabalhavam” (isto é, batiam as 
patas em barras, como analisado na figura abaixo) para receber um estímulo 
elétrico naquela região. Eles exibiam o comportamento de “autoestimulação” de 
maneira tão excessiva que, às vezes, deixavam de comer e dormir. Analisou que 
apenas um número restrito de regiões cerebrais desencadeava tais 
comportamentos. As estimulações elétricas nessas regiões também faziam com 
que os animais exibissem comportamentos naturais de consumo de água e comida, 
sugerindo em sensações de recompensa e motivação (FORMIGONI, 2017). 
Os cientistas descobriram que as mesmas regiões cerebrais que 
provocavam “autoestimulação” também são as regiões acionadas pelas drogas de 
abuso (FORMIGONI, 2017). 
As principais vias neurais envolvidas nesse circuito motivacional são 
as vias mesolímbica e mesocortical. 
 
32 
 
As drogas de abuso estimulam as mesmas regiões do cérebro que levam 
autoestimulaçãoelétrica em animais e que são ativadas em circunstâncias 
prazerosas (FORMIGONI, 2017). 
 
Sistema de recompensa cerebral 
 
Cada droga de abuso tem o seu mecanismo de atuação particular, mas 
todas elas operam, direta ou indiretamente, acionando uma mesma região do 
cérebro: o sistema de recompensa cerebral. Esse sistema é composto por circuitos 
neuronais responsáveis pelas ações reforçadas positiva e negativamente. Quando 
nos deparamos com um estímulo prazeroso nosso cérebro lança um sinal (aumento 
de dopamina – importante neurotransmissor do SNC (Sistema Nervoso Central) – 
no núcleo accumbens – região central do sistema de recompensa e relevantes para 
os efeitos das drogas de abuso) (FORMIGONI, 2017). 
Geralmente existe um aumento de dopamina com estímulos prazerosos: 
comida, atividade sexual, estímulos ambientais agradáveis, como admirar uma 
paisagem bonita ou escutar uma música da qual gostamos. As drogas de abuso 
operam no neurônio dopaminérgico (representado na figura abaixo), 
induzindo um avanço brusco e exasperado de dopamina no núcleo 
accumbens, mecanismo comum para praticamente todas as drogas de abuso. 
Esse sinal é reforçador, conexo a sensações de prazer, fazendo com que a procura 
pela droga se torne cada vez mais possível (FORMIGONI, 2017). 
 
 
33 
 
 
Neurônio dopaminérgico da via mesolímbica, que parte da área tegmentar ventral (lado esquerdo da 
figura) e inerva o núcleo accumbens (lado direito da figura). 
 
 
Inúmeras pesquisas demonstraram que as drogas de abuso ou estímulos 
ambientais naturais (comer, beber água, fazer sexo, ouvir uma boa música), 
reconhecidos pelo organismo como prazerosos, causam modificações no cérebro, 
mais exatamente nas substâncias químicas chamadas “neurotransmissores”, 
responsáveis pela comunicação entre os neurônios (FORMIGONI, 2017). 
 As drogas de abuso atuam sobre muitas estruturas do SNC, mas a ação 
sobre o sistema mesolímbico e o sistema mesocortical, que ligados compõem o 
sistema de recompensa cerebral, é de essencial importância (FORMIGONI, 2017). 
O sistema mesolímbico (seta em verde na figura a seguir) é composto por 
projeções dopaminérgicas que partem da área tegmentar ventral e chegam, 
principalmente, ao núcleo accumbens. A área tegmentar ventral é onde se 
encontram os corpos neuronais dopaminárgicos; a mesma também é responsável 
pelas projeções desses neurônios para as demais estruturas do sistema de 
recompensa e o núcleo accumbens é responsável pelo aprendizado e pela 
motivação, bem como pela valorização de cada estímulo. É relevante salientar que 
têm projeções dopaminérgicas para outras estruturas cerebrais, tais como o 
hipocampo, estrutura conexa com aprendizagem e memória espaciais; e a 
amígdala, estrutura responsável pelo processamento do conteúdo emocional de 
estímulos ambientais. O sistema mesolímbico está conexo ao mecanismo de 
tanto com o sistema límbico (associado às emoções) 
como com os principais centros responsáveis pela 
memória (amígdala e hipocampo). 
Sistema de 
recompensa 
cerebral: 
caracterizado por 
seus componentes 
centrais (núcleo 
accumbens , área 
tegmentar ventral e 
córtex pré-frontal) 
e seu envolvimento 
 
34 
 
condicionamento a utilização da substância, bem como à fissura, à memória e às 
emoções unidas ao uso (FORMIGONI, 2017). 
O sistema mesocortical (seta em azul-claro na figura abaixo) é combinado 
pela área tegmentar ventral, pelo córtex pré-frontal, pelo giro do cíngulo e pelo 
córtex orbitofrontal. O córtex pré-frontal é responsável pelos desempenhos 
cognitivos superiores e pelo controle do sequenciamento de atos. O giro do cíngulo, 
por estar situado acima do corpo caloso, tem conexões com várias outras estruturas 
do sistema límbico e tem as seguintes funções: atenção, memória, regulação da 
atividade cognitiva e emocional; o córtex orbitofrontal é responsável pelo controle 
do impulso e da tomada de decisão. Assim, as alterações que acontecem no 
sistema mesocortical em consequência do uso de substâncias psicoativas estão 
relacionadas com os efeitos de substâncias psicoativas, compulsão e perda do 
controle para o consumo de drogas (FORMIGONI, 2017). 
 
 
Representação de um corte sagital médio do encéfalo humano com a marcação das principais áreas 
do sistema de recompensa cerebral. O sistema dopaminérgico mesolímbico está representado pela 
seta em verde e o sistema dopaminérgico mesocortical está representado pela seta em azul-claro 
 
 
Ambos os sistemas, mesolímbico e mesocortical, relacionam-se, 
trabalhando paralelamente entre si e com as demais estruturas cerebrais e 
configuram o sistema de recompensa cerebral (FORMIGONI, 2017). 
A dopamina é o fundamental neurotransmissor presente no sistema de 
recompensa cerebral, entretanto não é o único responsável por sua ação. 
 
35 
 
Neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina, glutamato e o GABA são 
responsáveis pela modulação do SNC e também estão presentes no sistema de 
recompensa (FORMIGONI, 2017). 
 
Aspectos comportamentais relacionados ao consumo de drogas de 
abuso 
 
O termo reforço, muito usado nessa área, refere-se a um estímulo que fará 
com que um determinada conduta ou resposta se reproduza, devido ao prazer que 
causa (reforço positivo), ao “desprazer” ou desconforto que alivia (reforço negativo) 
(FORMIGONI, 2017). 
 Por exemplo: quando você se alimenta de uma comida deliciosa (por 
exemplo, um bombom de chocolate), mesmo não estando com fome, a comida é 
um reforço positivo. Quando você come uma comida de que não gosta, apenas 
porque está com bastantes fome e aquela é a única comida disponível, a comida é 
um reforço negativo, porque alivia uma sensação ruim, de desconforto – a fome 
(FORMIGONI, 2017). 
 Como as drogas de abuso alargam a liberação de dopamina no núcleo 
accumbens, as pessoas podem consumir drogas porque desejam ter uma sensação 
de bem-estar, de alegria (reforço positivo) (FORMIGONI, 2017). 
Mas o uso de drogas também pode ocorrer porque estão tristes, deprimidas 
ou ansiosas e querem suavizar essas sensações ruins – assim, buscam a droga por 
seu poder reforçador negativo. Essa propriedade reforçadora da droga, 
ocasionando prazer ou aliviando sensações ruins (por exemplo, a síndrome de 
abstinência na ausência da droga), eleva a chance da reutilização da droga 
(FORMIGONI, 2017). 
O uso frequente de drogas de abuso causa alterações no SNC que podem 
levar às alterações comportamentais (tolerância e/ou sensibilização). Essas 
alterações comportamentais colaboram para aumentar a “saliência” do incentivo e 
o “desejo de consumir mais drogas” (FORMIGONI, 2017). 
 
36 
 
 Quando uma droga é administrada frequentemente e não provoca mais o 
mesmo efeito, ou é preciso aumentar a dose para ter a mesma sensação, diz-se 
que o sujeito está “tolerante” àquele efeito da droga. Esse fenômeno, a tolerância, 
é rotineiramente achado nos sujeitos que se tornaram dependentes das drogas. 
Isso é relativamente comum com drogas depressoras, como benzodiazepínicos, 
barbitúricos e altas doses de álcool (FORMIGONI, 2017). 
 
 
Lembre-se: 
 Perda de tolerância: após período de abstinência, a tolerância pode ser 
perdida, levando a overdoses acidentais. 
 Reaquisição da tolerância: depois o momento de “perda de tolerância”, 
a reaquisição sucede de forma mais rápida que a aquisição inicial. 
 Síndrome de Abstinência: Na CARÊNCIA da droga, muitas dessas 
adaptações se tornam disfuncionais e podem desencadear uma série de 
sintomas, em geral, contrários aos efeitos agudos da droga e que podem 
ser revertidos pela administração de novas quantidades de droga. As 
adequações conduzem a um novo estado de equilíbrio, mas às custas de 
alterações relevantes em muitos sistemas, que são funcionais SOB a ação 
da droga, mas disfuncionais na ausência da droga. 
 
 
Outras substâncias podem desencadear um efeito contrário ao da 
tolerância –ao oposto de uma diminuição do efeito acontece um ampliação do efeito 
após frequentes administrações. Esse processo é chamado de sensibilização e 
acontece com drogas estimulantes, como anfetamina e cocaína, ou com doses 
baixas de álcool. Sabe-se que a tolerância e a sensibilização estão conexas, pelo 
menos em parte, com a maneira de consumo de droga (intervalo entre as doses e 
via de uso) (FORMIGONI, 2017). 
 
 
37 
 
 Veja no gráfico como podem ser mostradas a tolerância e a sensibilização 
aos efeitos das drogas. 
 
 
Para efeitos (em geral depressores) ocorre 
tolerância, mas para outros (estimulantes da atividade 
locomotora, por exemplo) acontece sensibilização 
 
 
 
A sensibilização pode ser mensurada de maneira comportamental pelo 
ampliação progressivo dos efeitos motores (e locomotores) ocasionados pela 
administração repetida das drogas de abuso (FORMIGONI, 2017). 
 Veja na figura abaixo. 
 
 
 
 
Sensibilização: a mesma dose inicial passa a 
desencadear um efeito inicial maior 
 
 
 
 
Fissura (Craving) 
 
Esse fenômeno é descrito como um desejo urgente e quase incontrolável 
de utilizar a substância, que envolve os pensamentos do usuário de drogas, 
transformando o seu humor e gerando sensações físicas e mudança do seu 
comportamento. Diversos estudos descrevem que a fissura está unida tanto a 
desencadeadores externos (a própria droga, locais ou circunstâncias de uso) como 
internos (humor deprimido, ansiedade). Pesquisas de neuroimagem – por 
 
38 
 
tomografia computadorizada com emissão de fóton único (SPECT), tomografia por 
emissão de pósitron (PET) ou ressonância magnética funcional (FMRI) – avaliaram 
a fissura usando vídeos com imagens conexas à droga e conferiram com vídeos 
neutros e/ou com estímulos eróticos, cenas tristes ou alegres. Analisou-se que, em 
determinadas regiões cerebrais, usuários crônicos de cocaína têm o fluxo 
sanguíneo enfraquecido (avaliado na SPECT), e esse dado é semelhante aos 
analisados em determinadas alterações psiquiátricas, como psicose e mania 
(FORMIGONI, 2017). 
Analisou-se que tanto o uso agudo como o uso crônico de drogas geram 
modificações na função cerebral, e que elas continuam por extenso tempo após a 
remoção da substância. Essas mudanças manifestam-se na atividade metabólica, 
na sensibilidade e quantidade de receptores sinápticos, e na expressão gênica, 
provocando distintas respostas aos estímulos ambientais (FORMIGONI, 2017). 
 
As Classificações das substâncias psicoativas como ponto de partida 
para um processo de ensino-aprendizagem eficiente neste tema 
 
https://observador.pt 
 É possível ponderar as substâncias psicoativas, em termos de 
aprendizagem, como classes de estímulos e, nesse sentido, “as classes de 
 
39 
 
estímulos são formadas com base na similaridade física de atributos comuns ou 
podem ainda ser estabelecidos através de relações arbitrárias entre estímulos” (DE 
ROSE, 1993). 
 Louis Chaloult, em 1971, edificou uma nova classificação de drogas 
toxicomanógenas segundo a performance que desempenham sobre o cérebro. 
A partir da consideração acolhido, e em apertada síntese, as drogas podem 
influenciar o funcionamento do cérebro de três modos: 
a) imprimindo um funcionamento mais acelerado, ou seja, estimulando; 
b) reprimindo a um funcionamento mais vagaroso, ou seja, deprimindo; 
c) confundindo o funcionamento, sem acelerar ou reduzir, ou seja, 
perturbando; 
Os três grupos citados, em outra classificação, de J. Delay, recebem as 
seguintes denominações: 
 a) Drogas psicoanalépticas = drogas estimulantes; 
b) Drogas psicolépticas = drogas depressoras 
c) Drogas psicodislépticas (perturbadoras ou alucinógenas). 
Muito embora a primeira classificação seja a melhor pela simplicidade e 
objetividade, é de bom alvitre que o professor cite ambas porque a segunda vez por 
outra é encontrada, quer na mídia quer em bulários de medicamentos. 
Adiante uma lista classificatória exemplificativa, transformada pelos 
autores, a partir de Chaloult (1971), atualizada e ajustada para a circunstância 
brasileira segundo a toxicologia. 
As Listas mencionadas acenam-se à Portaria nº 344/98 da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. 
 
 A Classificação de Chaloult (1971) adaptada e atualizada segundo a 
Portaria nº 344/98-Anvisa. 
 I – Drogas Estimulantes da atividade do SNC: 
 Anfetaminas – usadas como indutoras da vigília (d-anfetaminas, 
metanfetamina, dexanfetamina, levanfetamina, e todos os seus sais e isômeros – 
Lista A-3); 
 
40 
 
Anfetaminas – usadas como inibidores do apetite (dietilpropiona, 
femproporex, mazindol, anfepramona (dietilpropiona – Lista B-2, sibutramina – Lista 
C-1) 
Cocaína (substância proscrita no Brasil – Lista F– assim também seus 
isômeros) 
Cafeína, estimulantes menores; 
 
 II – Drogas Depressoras da atividade do SNC: 
 Álcool 
Hipnóticos (flunitrazepam, flurazepam,midazolam,nitrazepam, estazolam e 
outros, pertinentes na Lista B-1) 
 b.1 – Barbitúricos (pentobarbital, fenobarbital, alobartibal, e outros – Lista 
B-1) 
 b.2 – Outros (ex. Bromazepam, etc. também elencados na Lista B-1) 
Ansiolíticos (benzodiazepínicos como o diazepan, lorazepan, clonazepan, 
clordiazepóxido, estazolan, - Lista B-1.) 
Narcóticos (opiáceos) 
 d.1 – Naturais (morfina, codeína, concentrado de palha de dormideira, etc. 
Lista A) 
d.2 – Sintéticos (meperidina, metadona, propoxifeno – Lista A) 
 d.3 –Semi-sintéticos (heroína – diacetilmorfina – Lista F1) 
Solventes ou inalantes (cloreto de etila Lista F-2) 
 
 III – Drogas perturbadoras do SNC. 
Alucinógenos propriamente ditos (primários) 
 Sintéticos 
– LSD-25 (Proscrita no Brasil – Lista F2 –). 
- MDMA (ectasy – ou metilenodioxifentilaina – Proscrita no Brasil – Lista 
F2). Naturais 
 2.1 – Derivados da maconha (haxixe, THC) – Proscritos no Brasil – Listas 
E e F2. 
 
41 
 
2.2 – Derivados indólicos (de plantas e cogumelos alguns proscritos no 
Brasil como a mescalina e outros – Lista F2). 
 2.3 – Derivados do peiote (psilocibina – Proscrita no Brasil- Lista F2). 
Alucinógenos secundários: 
 Anticolinérgicos 
– Derivados de plantas (,Claviceps purpúrea, Cannabis sativa, Datura 
suaveolans, proscritos no Brasil - :Lista E). 
- Sintéticos (benactizina – Lista C-1). 
 
4 UNIDADE 03 
4.1 Abordagem com adolescentes sobre o uso de álcool e outras drogas 
 
Os adolescentes são sujeitos entre 12 e 18 anos de idade, segundo o 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no Brasil. Já para a Organização 
Mundial da Saúde (OMS), a adolescência abrange o período dos 10 aos 19 anos 
de idade. Independentemente da categorização adotada, o que é fato a respeito da 
adolescência é que ela se distinguir-se como um momento de ampla vulnerabilidade 
(COSTA, 2019). 
 Isso ocorre porque a curiosidade e a influência de outras pessoas levam os 
adolescentes a se arriscarem e a cometerem vários comportamentos de risco 
prejudiciais para a sua saúde. Os comportamentos mais frequentes entre os 
adolescentes estão o uso de álcool e de outras drogas ilícitas (COSTA, 2019). 
O álcool é uma substância psicotrópica, avaliada a droga lícita mais 
consumida em todo o mundo. As implicações do consumo abusivo dessa substância 
não se limitam aos aspectos psíquicos, mas também aos físicos, intelectuais e 
sociais. Infelizmente, o uso de álcool na maioria das vezes começa na infância e na 
adolescência, no ambiente familiar, sendo a atitude dos pais um dos fatores mais 
influenciadores. 
 
42 
 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) (2017), para a 
avaliação do risco dos adolescentes que consomem álcool é preciso avaliar dois 
aspectos relevantes: a idade de início do consumo de álcool e a maneira de beber. 
Quanto mais cedo o adolescente começar a consumir álcool grandes serão as 
implicações para a sua saúde. Em relação à forma, os adolescentestêm a tendência 
a já começar o uso de maneira abusiva, ocasionada pela imaturidade de reconhecer 
os seus próprios limites (COSTA, 2019). 
 
https://liberdadevidaprime.com.br 
 
Fique Atento! 
 
O uso de álcool é considerado abusivo quando o adolescente ingere mais 
que cinco doses na mesma ocasião. O consumo abusivo não se relaciona com a 
assiduidade com que o adolescente ingere a bebida ou com o tipo. 
 
Em geral, os adolescentes iniciam o uso do álcool por influência do 
ambiente familiar, comunitário e escolar. A relação com o grupo de amigos é de 
 
43 
 
grande impacto, pois a tendência é que adolescentes que usam álcool se 
relacionem com outros adolescentes com os mesmos hábitos. Outros fatores de 
grande influência são a facilidade de acesso ao álcool e a propaganda de bebidas 
alcoólicas, que normalmente apresentam jovens bem-sucedidos, “livres” e sem 
limites (COSTA, 2019). 
No Brasil, existem leis rígidas a respeito da comercialização de álcool para 
adolescentes e em relação às propagandas; no entanto ainda há uma grande 
deficiência na fiscalização. Inclusive o ECA considera uma ação criminosa oferecer, 
vender ou entregar bebidas alcoólicas e outras drogas que geram dependência para 
menores de 18 anos de idade (COSTA, 2019). 
 
Saiba Mais 
 
O uso de álcool por adolescentes tem uma grande influência da cultura. Em 
muitas sociedades, o ato de beber álcool identifica que os indivíduos não são mais 
crianças e que têm comportamentos de adultos. Mas nem todos os adolescentes 
ingerem bebidas alcoólicas. Um estudo foi realizado para determinar quais são os 
principais motivos para a não ingestão do álcool, são eles: 
  medo das consequências; 
  medo da família; 
  influência da religião; 
  sentimento de que álcool e as drogas não são importantes na sua vida 
 
 
O consumo de álcool é um ponto de partida para a prática de alguns 
comportamentos de risco, como, por exemplo, o tabagismo, o uso de drogas ilícitas, 
a prática de sexo desprotegido (sem uso de preservativo), o envolvimento em brigas 
e outras formas de violência, a participação em “rachas” e acidentes de trânsito. 
Nem todo adolescente que ingere bebidas alcoólicas irá usar drogas; porém, 
podemos afirmar que, entre aqueles que usam drogas, a maioria consome álcool. 
Os principais motivos que levam os adolescentes a consumirem álcool são: 
 
44 
 
 
 curiosidade; 
 influência dos amigos; 
 necessidade de aceitação e pertencimento; 
 impulsividade; 
 ansiedade; 
 baixa autoestima; 
 diversão; 
 desejo de desafiar as estruturas familiar e social; 
 sentimento de onipotência (COSTA, 2019). 
 
 As drogas são substâncias psicotrópicas, ou seja, que causam efeitos no 
sistema nervoso. Elas possuem diversas apresentações podendo ser tragadas, 
inaladas, ingeridas e injetadas na corrente sanguínea. Se por um lado elas trazem 
sensações prazerosas, desibinição, euforia, relaxamento, por outro lado elas geram 
dependência, compulsão, prejuízos cognitivos, biológicos e sociais (COSTA, 2019). 
 
Tipos de drogas 
 
 As drogas são classificadas em três tipos diferentes, de acordo com o efeito 
que causam no sistema nervoso. Veja, a seguir, a classificação, os efeitos e os 
exemplos de drogas de cada tipo e que são as mais usadas pelos adolescentes. 
 
 depressoras — causam diminuição do nível de consciência, 
relaxamento corporal e diminuição da atenção e da concentração. Exemplos: álcool, 
morfina, tíner e clorofórmio; 
 estimulantes — causam euforia, agitação e desinibição. Exemplos: 
cocaína, crack, ecstasy e anfetaminas (arrebite); 
 alucinógenas — causam sensação prazerosa acompanhada de 
alucinações visuais e auditivas. Exemplos: maconha, heroína e dietilamida do ácido 
lisérgico (LSD) (COSTA, 2019). 
 
45 
 
São diversos os motivos que levam os adolescentes a experimentaram 
drogas e seguirem utilizando, seja pela influência dos amigos, pelo uso de álcool, 
pela depressão, pela situação de pobreza e por diversas outras vulnerabilidades, 
como ser vítima de violência. A droga funciona como uma fuga da realidade e dos 
problemas. A principal consequência biológica do uso de drogas, por causa da 
dependência que elas causam, é o prejuízo do desenvolvimento cognitivo e, em 
relação aos aspectos sociais, as principais consequências são a evasão escolar, a 
delinquência juvenil, a vitimização por violências, a gravidez na adolescência, entre 
outros (COSTA, 2019). 
 
Prevenção ao uso de álcool e drogas, de violência e de suicídio 
 
Ações isoladas costumam ter uma efetividade menor, por isso, o ideal é que 
seja coloca em prática a atuação multidisciplinar com a família e com a escola. A 
educação em saúde é a principal medida preventiva para conscientizar os 
adolescentes a respeito do uso de álcool e de drogas e sobre as violências e o 
suicídio (COSTA, 2019). 
Para educar o adolescente nesses aspectos é preciso que o profissional 
mantenha uma comunicação clara e com linguagem acessível. O diálogo franco 
deve ser o objetivo e, para isso, o profissional deve deixar de lado todos os 
preconceitos e julgamentos. Somente dessa forma poderá ser criado um vínculo 
seguro e de confiança (COSTA, 2019). 
 O ambiente escolar é considerando um dos ambientes mais 
influenciadores e transformadores na vida dos adolescentes, portanto, é um 
ambiente favorável para o desenvolvimento das ações de educação em saúde. Os 
assuntos que precisam ser abordados com os adolescentes são os seguintes: 
 os efeitos do álcool e das drogas no organismo; 
 as consequências do abuso do álcool e de outras drogas; 
 os comportamentos de risco e como eles prejudicam a saúde dos 
adolescentes; 
 a identificação dos riscos para as violências e o suicídio; 
 
46 
 
 a identificação de outras formas de resolver e de compreender seus 
sofrimentos. 
A família deve ser inserida em todas as etapas do cuidado ao adolescente, 
pois representa um importante fator de proteção. Nos casos em que as relações 
familiares estão desestruturadas ou disfuncionais é necessário olhar atentamente 
para o adolescente que sofre e para a família pois o cuidado à família representará 
uma etapa importante para a superação dos problemas e para a criação de um 
ambiente que promova a vida (COSTA, 2019). 
 
4.2 Políticas públicas para usuários de álcool e outras drogas e Legislação 
sobre o uso de drogas no Brasil. 
Compreende-se por políticas públicas o conjunto de atos coletivas voltadas 
para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que mira 
dar conta de determinada demanda, em várias áreas. É o conjunto de ações 
desencadeadas pelo Estado brasileiro em plano federal, estadual e municipal, com 
vistas ao bem coletivo (SANTOS; OLIVEIRA, 2013). 
 
 
https://cisa.org.br 
 
47 
 
Dentro dos estados modernos, as políticas públicas se transformaram em 
um instrumento primordial na organização da sociedade, pois codificam normas e 
valores sociais e influenciam o comportamento dos sujeitos e contém modelos de 
sociedade. Por tais razões, as políticas públicas são importantes processos na 
construção da sociedade e têm relevantes implicações culturais, legais, morais e 
econômicas (SANTOS; OLIVEIRA, 2013). 
As políticas públicas adquirem uma missão específica à medida que 
procuram solucionar fenômenos distintos. Fala-se de políticas públicas quando se 
menciona, por exemplo, à política da educação de um país, à proteção ambiental, 
à defesa nacional, ou à eficácia na promoção de um programa de capacitação 
(SANTOS; OLIVEIRA, 2013). 
A preparação das políticas públicas abrange diversos atores e níveis de 
decisão, conquanto seja materializada pelos governos. A continuação de atos que 
sucede a criação de uma política pública começa depois a identificação dos 
problemas, a partir do qual nasce a necessidade de oferecer opções viáveis à sua 
resolução. Tais opções são hierarquizadas