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Geografia Econômica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra.Vivian Fiori
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
5
• Introdução
• O que é globalização da economia? 
• Algumas Concepções Sobre Globalização
• A Integração Econômica e a Divisão Territorial do Trabalho
• Os Meios de Transportes Globais e a Multilocalização da Indústria
• A Formação de Redes no Mundo
• Considerações Finais
Discutir o atual processo de globalização econômica e a divisão territorial do 
trabalho. Evidenciar a formação de redes no espaço geográfico no atual processo 
de globalização.
Como na unidade anterior, a leitura do texto teórico e a realização das atividades de 
sistematização e de aprofundamento bem como o uso dos materiais complementares são 
fundamentais para o acompanhamento do conteúdo a ser desenvolvido. 
Para que os exemplos e discussões teóricas fiquem mais claros, é importante conhecer 
os materiais complementares que auxiliam a compreensão dos conceitos básicos sobre 
globalização da economia e divisão territorial do trabalho que serão desenvolvidos.
É essencial conhecer os processos e conceitos inerentes à globalização da economia, 
as situações existentes atualmente, as novas formas de produzir, o sistema financeiro e 
o uso das técnicas. 
Sendo assim, leia atentamente o texto, assista ao vídeo proposto e procure compreender 
as diferentes concepções sobre globalização econômica, as situações do capitalismo 
financeiro, a integração produtiva e a evolução das técnicas que permitiram que o mundo 
fosse cada vez mais integrado.
Globalização e Divisão Territorial 
do Trabalho
6
Unidade: Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
Contextualização
Existem diferentes concepções sobre globalização da economia. Em geral, os setores do 
mundo econômico analisam esse processo como algo positivo, evidenciando a possibilidade 
de integração econômica, do uso de novas tecnologias informacionais, da circulação de 
mercadorias em nível global, do acirramento e disputa entre as grandes empresas como algo 
saudável para o capitalismo, para os países e também para a população em geral. 
Conforme explica François Chesnais:
Tanto mais que, no tocante ao “progresso técnico”, a globalização 
é quase invariavelmente apresentada como um processo benéfico e 
necessário. Os relatórios oficiais admitem que a globalização decerto 
tem alguns inconvenientes, acompanhados de vantagens que têm 
dificuldade em definir. Mesmo assim, é preciso que a sociedade 
se adapte (esta é a palavra chave, que hoje vale como palavra-de-
ordem) às novas exigências e obrigações, e sobretudo que descarte 
qualquer ideia de procurar orientar, dominar, controlar, canalizar 
esse novo processo. Com efeito, a globalização é a expressão das 
“forças de mercado”, por fim liberadas (pelo menos parcialmente, 
pois a grande tarefa da liberalização está longe de ser concluída) 
dos entraves nefastos erguidos durante meio século. De resto, para 
os turiferários da globalização, a necessária adaptação pressupõe 
que a liberalização e a desregulamentação sejam levadas a cabo, 
que as empresas tenham absoluta liberdade de movimentos e que 
todos os campos da vida social, sem exceção, sejam submetidos 
à valorização do capital privado. Este é o tema central do recente 
estudo da OCDE sobre a questão do emprego.
(CHESNAIS, 1996, p.25).
Isso se dá mediante relatórios oficiais de órgãos como a Organização Mundial do 
Comércio (OMC), que, em princípio, têm o papel de definir globalmente alguns parâmetros 
do comércio internacional. 
Há também os setores produtivos e do sistema financeiro, sobretudo as grandes corporações 
econômicas, cujos representantes acabam tendo um papel de formadores de opinião, pois 
participam de encontros e seminários sobre economia, dão depoimentos às mídias televisiva 
e impressa, escrevem artigos para grandes jornais e revistas vinculados ao mundo econômico 
e, portanto, criam uma psicosfera favorável à globalização econômica, como se ela fosse, de 
fato, benéfica para todos os países, territórios e populações. 
São os turiferários da globalização, como afirma Chesnais, seus bajuladores.
Entretanto, cabe desvendar esse processo mostrando suas benesses, mas também as 
situações perversas da globalização econômica, tais como: o desemprego; a exploração do 
trabalhador com a flexibilidade nas formas de trabalho; a mais-valia globalizada; a falência de 
países enquanto o sistema financeiro ganha muito, especulando nas Bolsas de Valores, entre 
outras situações.
Leia com atenção o texto teórico da disciplina para compreender melhor este processo 
chamado de globalização da economia. 
7
Introdução
Nesta unidade, vamos tratar da globalização da economia, evidenciando algumas concepções 
sobre esta temática e também mostrando algumas situações da divisão territorial do trabalho, 
do avanço das técnicas e da formação de redes no mundo atual que implicam em novas formas 
e usos do território.
O que é globalização da economia?
A globalização da economia refere-se a um processo em andamento, intensificado no final 
do século XX, que une o sistema econômico mundial operado, principalmente, por atores 
sociais de grandes empresas multinacionais, grandes conglomerados produtivos e do sistema 
financeiro, no atual período do meio técnico-científico-informacional, no qual se fundem 
ciência, conhecimento, técnica e informação a serviço do mundo econômico.
Para alguns autores, desde as grandes navegações, no final do século XV, com a posterior 
colonização do Novo Mundo (continente americano) pelos europeus, o mundo econômico foi 
se tornando mais global.
Contudo, só com os avanços técnicos do período técnico-científico, principalmente após o 
século XIX, a unificação do mundo econômico foi se realizando mais plenamente. 
Alguns autores, como Fernand Braudel, chamam esse período de “economia mundo”, com 
a expansão capitalista, que se faz com apoio das técnicas, e também com as normas sociais e 
do Estado, que vão se coadunando com as práticas e formas de existência capitalista; práticas 
capitalistas que ultrapassam a simples visão de economia de mercado, da compra e oferta e 
chegam a um arsenal de manipulações, adaptações e estratégias que levam à formação de 
monopólios e oligopólios das empresas, formação de centros de comandos e de riqueza, de 
comércio à longa distância etc. 
Para outros autores, a globalização ocorreu mais concretamente após a Segunda Guerra 
Mundial (1939-1945), período no qual houve uma ampla elaboração de um comércio 
internacional cada vez mais integrado pelo sistema financeiro, pela circulação de mercadorias 
com padrões globais e pela unicidade técnica, de normas e tecnologias, acelerados a partir dos 
anos 1980-1990. 
Embora a globalização seja de ordem econômica, não podemos dissociá-la das dimensões 
políticas e sociais. A globalização econômica é um processo que tem unificado o sistema-
mundo, do ponto de vista financeiro, por meio de mecanismos globais de produção e circulação 
de mercadorias que são compradas, por exemplo, antes mesmo de serem produzidas. 
No período pós-Segunda Guerra Mundial, foram criadas instituições como o Banco Mundial, 
o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização para Cooperação do Desenvolvimento 
Econômico (OCDE), a Organização Mundial do Comércio (OMC) etc., que são representativas 
desse mundo econômico global.
8
Unidade: Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
Como explica Milton Santos, há alguns fatores importantes para compreender o que é globalização.
Só que a globalização não é apenas a existência desse novo 
sistema de técnicas. Ela é também o resultado das ações que 
asseguram a emergência de um mercado dito global, responsável 
pelo essencial dos processos políticos atualmente eficazes. Os 
fatores que contribuem para explicar a arquitetura da globalização 
atual são: a unicidade da técnica, a convergência dos momentos, 
a cognoscibilidadedo planeta e a existência de um motor único 
na história, representado pela mais-valia globalizada. Um mercado 
global utilizando esse sistema de técnicas avançadas resulta nessa 
globalização perversa. Isso poderia ser diferente se seu uso político 
fosse outro.
(SANTOS, 2001, p. 12).
A unicidade técnica refere-se tanto aos objetos técnicos, que vão se tornando 
universais, quanto às normas técnicas. Um exemplo típico de normas técnicas são as 
definidas pelo sistema financeiro para operar na Bolsa de Valores; trata-se de normas 
técnicas universais. 
A unicidade técnica pode ser entendida, também, pelo viés do conjunto de técnicas 
materializado nos objetos técnicos que são usados pelas grandes corporações mundiais. 
Na medida em que uma empresa não tem esse objeto, sua tecnologia é considerada 
atrasada, obsoleta para competir com as outras empresas. 
As técnicas coexistem e são, muitas vezes, de períodos diferentes. Um exemplo, hoje, 
tornado comum nas empresas são os computadores, os quais, a cada momento, sofrem 
uma inovação, e já existem variados tipos e com diversas funções. São objetos sistêmicos, 
dependem de energia e também da rede de internet. Será que uma empresa atual resiste 
às inovações? É possível, no mundo corporativo das grandes empresas, uma máquina de 
datilografar coexistir com um computador? Certamente não! 
Assim, a partir desse objeto técnico (o computador), surgiram transformações significativas 
no mundo do trabalho, que permitiram alterar as formas de trabalho e acelerar a produção e 
a transmissão de informações por meio da internet.
Como afirma Milton Santos (2006), o mundo de hoje é cada vez mais informacional, 
já que os objetos técnicos já contêm informação. Os robôs (figura 1), por exemplo, 
atualmente têm um papel, na linha de produção das grandes indústrias, como montador 
de uma parte da produção. O robô possui informação dentro de si sobre como proceder 
na indústria, mas precisa ser operado pelo homem. Isso é técnica informacional a serviço 
do aumento da produtividade! 
Antes as técnicas eram locais; cada povo dispunha de um arsenal de técnicas e de objetos 
que eram peculiares de uma determinada cultura e lugar, em geral mediados pelo que havia no 
meio, na natureza. E hoje, essas técnicas são universais, cada vez mais artificiais, e permitem 
a “unificação” do mundo e ações globais. 
9
Figura 1: Robôs em Linha de Produção de Indústria Automobilística
Já a mais-valia globalizada diz respeito à exploração do trabalho, que agora é tornada o 
motor único da economia global e integrada. Tal expressão é usada por Milton Santos, que 
assim explica:
Havia, com o imperialismo, diversos motores, cada qual com sua 
força e alcance próprios: o motor francês, o motor inglês, o motor 
alemão, o motor português, o belga, o espanhol etc., que eram 
todos motores do capitalismo, mas empurravam as máquinas e 
os homens segundo ritmos diferentes, modalidades diferentes, 
combinações diferentes. Hoje haveria um motor único que é, 
exatamente, a mencionada mais-valia universal. Esta tornou-
se possível porque a partir de agora a produção se dá à escala 
mundial, por intermédio de empresas mundiais, que competem 
entre si segundo uma concorrência extremamente feroz, como 
jamais existiu. As que resistem e sobrevivem são aquelas que obtêm 
a mais-valia maior, permitindo-se, assim, continuar a proceder e 
a competir.
(SANTOS, 2001, p. 15). 
Assim, há, nesse processo, a globalização do produto (mercadoria), por meio de sua 
produção, circulação, crédito e consumo, captado pelo sistema financeiro através de ações na 
Bolsa de Valores.
A Bolsa de Valores é o local onde são negociadas as ações e os investimentos das empresas 
e ela tornou-se o ícone do capitalismo financeiro.
Houve um tempo em que prevalecia o capitalismo produtivo industrial, com a produção 
industrial criando determinados produtos. Atualmente ganha força o capitalismo financeiro 
mediante o mercado financeiro (ações, títulos, derivativos etc.) que age coordenadamente e 
globalmente. 
Fonte: iStock/Getty Images
10
Unidade: Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
Ações das empresas são compradas e vendidas num mercado extremamente especulativo. 
Mas o que eles produzem? Concretamente, nada! O sistema financeiro apenas especula, 
vende, compra, investe ou não em empresas, mercadorias e países.
Mas com suas ações, esses atores sociais do mercado financeiro acabam sendo os agentes 
fundamentais da globalização da economia, pois, por meio dessas ações, podem valorizar ou 
desvalorizar empresas, negócios e até países inteiros. 
Essas situações e a presença do capitalismo financeiro tornaram-se mais comuns a partir 
do século XX, com aliança cada vez maior do capital industrial (produtivo) com os sistemas 
bancário e de crédito. 
Ao mesmo tempo, ocorreu o fortalecimento do sistema de empréstimos e financiamentos 
bem como de diversificados produtos no meio financeiro, tais como: seguros (de carro, de 
vida, de produtos em geral e da circulação de mercadorias), empréstimos, ações, entre 
tantas outras. O que seria do sistema produtivo, da circulação e das vendas de mercadorias 
sem empréstimos? Sem crédito?
Esse sistema financeiro é dependente da nova evolução dos meios de informação, que lhe 
permitem integrar o mundo com o uso da internet e das inovações informacionais existentes 
no mundo atual. Esse é o caso do sistema bancário integrado, que permite que se aplique 
dinheiro de um lugar em outro, a grandes distâncias. Sem a internet e as redes de telefonia, 
seria impossível integrar o mercado financeiro em tempo real e em escala global. 
Para dar um exemplo prático, o preço das commodities é negociado em escala global. 
As commodities (termo inglês para mercadoria) são mercadorias com pequena alteração 
ou grau de industrialização, tais como produtos agrícolas e minerais, entre elas a soja, o 
minério de ferro etc., que tenham grande importância na economia internacional.
Tais produtos negociados em commodities vão ter cotação e ser negociados globalmente, 
mediante ações nas Bolsas de Valores, que estão integradas mundialmente através dos sistemas 
financeiro e informacional pela internet e rede de telefonia celular. 
Há correlação entre o preço das mercadorias, definido pelas negociações, e a valorização 
das empresas que produzem ou comercializam essas mercadorias. De modo que, se o preço 
do petróleo subiu, as ações da Petrobras deverão subir também. Assim, há uma relação direta 
entre as ações e a valorização ou não das empresas, e de suas mercadorias. 
Uma mercadoria vendida globalmente circula conforme algumas normas definidas pelo 
mercado internacional. Pagam-se, por exemplo, seguros que podem aumentar conforme os 
riscos por onde passam essas mercadorias. 
Além disso, a competitividade entre as empresas acirra a busca por mais conhecimento 
científico, tecnológico e de flexibilidade nas formas de trabalho, passando de um sistema 
fordista para uma acumulação flexível.
11
 Para saber mais
Flexibilidade no Trabalho
Por sua vez, a produção flexível, longe da rigidez do fordismo, apoia-se na 
flexibilidade organizacional do trabalho, das formas de contratação do trabalho, 
dos produtos e padrões de consumo. Agilidade e eficiência nas tomadas de 
decisão constituem princípios básicos para a luta pela concorrência. Cada vez 
mais se estreita o tempo para tomar decisões, exigindo mais rapidez de resposta 
por parte das instituições públicas e privadas.
O aumento da competição e a limitação das margens de lucro impõem contratos 
de trabalho mais flexíveis. Há forte tendência para a subconcentração de serviços 
como forma de escapar do custo de oscilação do mercado. Verifica-se em todo 
o mundo capitalista o rápido crescimento de economias “subterrâneas” ou 
“informais.
Como consequência, essa política econômica flexível tem resultado em 
desemprego, postos de trabalho mal remunerados, retrocesso do poder sindical, 
destruição de antigas habilidades e construçãode novas, além do aumento da 
capacidade de fabricação de uma variedade de artigos em pequenos lotes a preços 
mais baixos e com rápidos giros de estoques. Houve também a fllexibilização 
do processo de produção, capacitando as empresas a responder às diferentes 
necessidades do consumidor num mercado instável e fugaz.
(Fonte: Texto literal extraído de CHOSSUDOVSKY, Michel. A globalização da pobreza: impactos das reformas do FMI e do Banco 
Mundial. São Paulo: Moderna, 1999, p. 46).
12
Unidade: Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
Algumas Concepções Sobre Globalização
A globalização nos é apresentada pelos atores do mercado e, às vezes, também pela 
mídia e pelo mundo acadêmico, como uma forma de progresso das relações econômicas 
internacionais. 
Observe a afirmação, a seguir, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico (OCDE), que congrega a maioria dos países desenvolvidos e/ou com alta produção 
econômica do mundo.
Num mundo caracterizado pela multiplicação de novas tecnologias, a globalização 
e a intensa concorrência que se exerce em nível nacional e internacional, quando 
“os efeitos benéficos potenciais são talvez até maiores do que os que resultaram da 
abertura das economias depois da Segunda Guerra Mundial”, é essencial a adaptação 
aos modos de produção e intercâmbio que estão surgindo.
(OCDE apud CHESNAIS, 1996, p.25).
Para a OCDE, é necessário que os países se adaptem à globalização, tornando seus efeitos 
benéficos. Contudo, a globalização também é perversa, como afirma Milton Santos (2001), 
já que as inovações no campo das técnicas e informação atendem mais aos interesses dos 
atores hegemônicos do que da população em geral. É o dinheiro da tirania e o globalitarismo 
que podem aprofundar ainda mais as desigualdades espaciais. 
O sociólogo Manuel Castells evidencia as grandes diferenças de desenvolvimento desigual 
pelo mundo, com a inserção de diferentes lugares neste processo global:
[...] testemunhamos a integração global dos mercados financeiros; o desenvolvimento 
da região do Pacífico asiático como o novo centro industrial dominante; a difícil 
unificação econômica da Europa; o surgimento de uma economia regional na 
América do Norte; a diversificação, depois a desintegração, do ex-Terceiro Mundo; 
a transformação gradual da Rússia e da antiga área de influência soviética nas 
economias de mercado; a incorporação de preciosos segmentos de economias do 
mundo inteiro em um sistema interdependente que funciona como uma unidade 
em tempo real. Devido a essas tendências, houve também a acentuação de um 
desenvolvimento desigual, desta vez não apenas entre o Norte e o Sul, mas entre os 
segmentos e territórios dinâmicos das sociedades em todos os lugares e aqueles que 
correm o risco de tornar-se não pertinentes sob a perspectiva da lógica do sistema. 
Na verdade, observamos a liberação paralela de forças produtivas consideráveis da 
revolução informacional e a consolidação de buracos negros de miséria humana na 
economia global, quer em Burkina Faso, South Bronx, Kamagasi, Chiapas, quer em 
La Courneuve.
(CASTELLS, 1999, p. 22).
O autor evidencia que existem diferentes condições nessa inserção dos países e regiões do 
mundo nesse processo de integração global, opondo-se o crescimento econômico de alguns 
países da Ásia do Pacífico, caso da China, ao de países de extrema pobreza, que ainda hoje 
vão mudando como novos nomes - caso do Sudão do Sul, por exemplo.
O discurso da mídia, de algumas universidades e de alguns segmentos dos setores do sistema 
financeiro enaltece a globalização, mas é importante distinguir as mazelas desse processo e 
evitar ficar encantado por algo que nem sempre é benéfico a todas as classes sociais nem a 
todos os lugares do mundo. 
13
A Integração Econômica e a Divisão Territorial do Trabalho
A integração econômica, atualmente, faz-se, por exemplo, a partir da formação de 
oligopólios, ou seja, poucas empresas detêm o mercado de um determinado produto, num 
processo de fusão e aquisições que as conduzem à maior capacidade de internacionalização. 
Como nos explica Chesnais sobre a oligopolização,
A taxa de concentração mundial dá uma primeira aproximação do 
número de rivais oligopolistas em sentido próprio, isto é, aqueles 
que efetivamente são capazes de sustentar uma concorrência 
“global”, atuando simultaneamente em seu próprio mercado, nos 
mercados dos rivais e em outros 
(CHESNAIS, 1996, p. 93).
Para disputar novos mercados, as empresas utilizam-se de estratégias de marketing e 
publicidade em busca tanto de novos consumidores quanto de novas técnicas e tecnologias 
que possibilitem ampliar seus ganhos.
Além disso, inúmeros setores novos ganham relevância neste período global, levando o 
próprio conhecimento a se tornar uma mercadoria-chave e envolvendo, por exemplo, setores 
de biotecnologia, robótica, descobertas de remédios para a cura de algumas doenças ou, até 
mesmo, desenvolvimento de novos programas de computadores que ampliam a possibilidade 
de produção e de produtividade. 
Assim afirma Chossudovsky (1999, p. 47): “A descoberta de um remédio contra a Aids ou 
o desenvolvimento de programas gráficos usados em computadores podem render mais do 
que a venda de toneladas de chapas de aço.”
Todavia há concentração dessas novidades em alguns territórios, principalmente nos países 
desenvolvidos, embora não exclusivamente neles, criando uma divisão territorial do trabalho. 
 Para saber mais
Divisão Territorial do Trabalho
Divisão territorial do trabalho concerne ao papel que certos países ou territórios 
têm em relação à produção econômica. Desse modo, alguns se tornam, por 
exemplo, produtores de café enquanto outros produzem conhecimento atrelado 
à biotecnologia. Não se trata, apenas, da diferença entre países desenvolvidos 
e subdesenvolvidos, mas sim de um conceito que observa a divisão de trabalho 
existente no mundo a partir de uma análise territorial, não estando circunscrito 
apenas ao país, ao Estado-Nação. 
Assim, podemos usar esta expressão mesmo no nível interno de cada país. Há, 
portanto, uma divisão territorial do trabalho no Brasil, no estado do Pará etc.
14
Unidade: Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
Os Meios de Transportes Globais e a Multilocalização da Indústria
Um aspecto fundamental que possibilitou a integração econômica foi o advento de novas 
revoluções técnicas informacionais e de transportes, ampliando a fluidez no território. Segundo 
Milton Santos:
A principal mudança é o aumento exponencial da fluidez do 
território, graças aos progressos nos transportes, nas comunicações 
e na produção e uso das informações. Outra mudança vem da 
importância das corporações, no processo econômico e social, 
como únicas empresas capazes de utilizar plenamente as novas 
condições infraestruturais e supraestruturais, na totalidade do 
território, e cujo equipamento moderno lhes permite dispor de 
vantagem comparativa fundamental, a que Martin Lu (1984, p. 
18) chama de “unificação do espaço de decisão”.
(SANTOS, 2008, p.126).
Como afirma o autor, essas inovações das infraestruturas e equipamentos relacionados 
aos meios de transporte não atendem a todos os atores sociais, mesmo dentro do mundo 
econômico. Portanto, existe uma seletividade nos usos, não sendo possível colocar, no 
mesmo patamar, um grande conglomerado empresarial e uma pequena empresa só de 
escala local. 
Há uma circularidade dialética entre os objetos que são criados e o território. Exemplifica-se: 
de um lado criam-se supernavios (pós-panamax); por outro lado, isso requer portos modernos 
que atendam às condições de atracamento dos supernavios, levando à prevalência da circulação 
de mercadorias em relação à produção. 
Então, o território precisa se adequar às necessidades da circulação de mercadorias em nível 
global, situação que leva a rearranjos dos espaços portuários para atender aos atores sociais 
do setor, buscando-se a modernização dos portos.
Após a Segunda Guerra Mundial(1939-1945) e, sobretudo, no final do século XX, novas 
técnicas foram incorporadas aos meios de transporte, principalmente no modal marítimo, que 
permitiram o transporte de mercadorias de maneira cada vez mais rápida e eficiente. Com os 
navios cada vez maiores e com objetos técnicos, como o contêiner, por exemplo, levaram a 
circulação de mercadorias a um novo patamar de transações econômicas.
O contêiner surgiu na Segunda Guerra Mundial e passou a ser usado como transporte de 
mercadorias com o crescimento do comércio marítimo mundial, adaptando-se ao transporte 
de carga. 
Existem vários tipos de contêiner para transporte tanto de carga sólida como de líquida, 
de produtos refrigerados e de gases. Este objeto técnico promove a interface intermodal, ou 
seja, o transporte entre diferentes tipos de modalidade: o ferroviário, o marítimo e rodoviário. 
Como explica o geógrafo Marco Antonio Gomes:
15
As determinações trazidas pela presença do contêiner influíram 
fundamentalmente na construção dos navios. As possibilidades de 
ganhos de escala significativos permitiram a introdução de navios 
de contêineres, por sua vez cada vez maiores, nas rotas de maior 
volume de carga, colocando navios menores como ‘alimentadores’. 
As rotas entre Estados Unidos, Ásia e Europa, no sentido leste-
oeste, ganharam preponderância sobre as rotas norte-sul, que 
ligam mercados menos importantes. As alterações na dinâmica 
portuária foram profundas. Criaram-se navios de tal porte que 
estes não conseguem mais transpor canais, como o de Suez e 
o do Panamá. Assim, as rotas passaram a ser concentradas em 
eixos transoceânicos, sendo alimentadas por meio de uma frota 
de navios menores, que atendem portos de menor volume. Surge 
assim a figura do “hub port”, ou porto concentrador de cargas. 
As rotas de alimentação às rotas transoceânicas são chamadas 
“feeder”, ou seja, alimentadoras.
(GOMES, 2013, p. 40).
Inovações como o rastreamento da carga, a criação da figura do Operador de Transporte 
Multimodal (OTM), os portêineres (equipamentos usados para carga e descarga de contêineres), 
entre outras, transformaram a maneira pela qual a mercadoria circula pelo mundo (ver figura 2).
Figura 2: Contêineres e Portêneires – Porto de Lisboa, Portugal
O OTM é o responsável pelo transporte multimodal de cargas a partir de um único contrato, 
utilizando duas ou mais modalidades de transporte, como, por exemplo, ferroviário-marítimo 
ou rodoviário-marítimo, e cuidando da circulação da mercadoria da origem até o destino final.
O transporte marítimo envolve a escala global, pois o transporte de mercadorias, atualmente, 
dentro do processo de globalização, induz à existência de relações globais e 80% do comércio 
internacional é marítimo (MONIÉ, 2010). 
Um produto proveniente da China, exportado pelo porto de Xangai, é uma mercadoria 
tornada global, que circula pelo mundo. Assim também, de outras partes do mundo, chegam 
mercadorias à China. Por outro lado, nem todos os portos marítimos têm o mesmo papel na 
Divisão Territorial do Trabalho (divisão e papel de cada território mundial em relação ao que 
se produz). 
Fonte: Vivian Fiori, 2011
16
Unidade: Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
Alguns portos têm um papel estratégico e um nível hierárquico superior em relação a outros 
mais regionais ou locais (vide tabela 1). Tal hierarquia pode se estabelecer, por exemplo, 
mediante indicador e/ou variável de movimentação de produtos, em toneladas ou em TEU, 
medida usada para transporte em contêiner, conforme exemplo da tabela 1. Leia atentamente 
a tabela a seguir:
Tabela 1: Movimentação Mundial de Contêineres - 2011
Porto Países Movimentação TEU Total Mundial %
1. Xangai China 31.700.000 5,53
2. Cingapura Cingapura 29.937.700 5,23
3. Hong Kong China 24.404.000 4,26
4. Shenzen China 22.569.800 3,94
5. Busan Coreia do Sul 16.184.706 2,83
6. Ningbo China 14.686.200 2,56
7. Guanzhou China 14.400.000 2,51
8. Qingdao China 13.020.000 2,27
9. Dubai Emirados Árabes 13.000.000 2,27
10. Roterdã Países Baixos 11.900.000 2,08
Brasil
Santos Brasil 2.985.417 0,52
Demais portos do Brasil Brasil 4.919.657 0,86
Fonte: Review of Maritime Transport 2012, UNCTAD/ANTAQ, dados 2011. Organizado por Marco Antônio Gomes, 2013. Adaptado por Vivian Fiori, 2015.
Observando a tabela 1, verifica-se a centralidade da China no comércio internacional relativo 
a produtos transportados por contêineres. Assim, identifica-se que, embora global, nem todos 
estão no mesmo nível, ou seja, há uma hierarquia de portos e de cidades portuárias no mundo.
Então, volume transportado é uma variável, um indicador que nos ajuda a entender um 
pouco mais o transporte marítimo global. 
Contudo há outras variáveis e elementos que precisam ser considerados neste caso para 
tornar um porto mais inserido no mundo global. São eles: a quantidade de lugares com os quais 
ele negocia; as rotas de navegação em que ele está inserido; tipos e produtos comercializados; 
tamanho dos navios que podem atracar; a capacidade técnica dos objetos inseridos no porto etc.
 Aprofundando o Tema
Transporte Marítimo e a Escala Geográfica
Um estudo de transporte marítimo pode envolver a escala global, mas, ao mesmo 
tempo, pode haver outro estudo sobre portos marítimos que envolvam também a 
escala local. Usando o exemplo do Porto de Suape, situado em Pernambuco, um 
porto moderno brasileiro, considerando-se os moldes de sistemas técnicos mais 
avançados. Nesse sentido, o Porto de Suape está inserido na escala global, mas o 
porto tem também relação com as cidades do seu entorno. Ou seja, a relação do 
porto com a cidade é local e regional. Alguns trabalhadores são locais, o impacto 
da chegada de mercadorias, do trânsito, do barulho faz parte da escala local. Os 
sistemas de objetos (porto, armazenagem etc.) são locais. 
Dessa forma, entender se um fenômeno é local, regional, nacional ou global 
dependerá da ótica por meio da qual o estamos analisando. Além disso, muitas 
vezes, as escalas imbricam-se como nos exemplos citados sobre transporte 
marítimo, entre o local e o global.
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Como afirma Frederic Monié, existe uma hierarquia portuária:
No topo da hierarquia, as rotas marítimas, que ligam América do 
Norte, Ásia Oriental e União Europeia, concentram os maiores 
operadores globais que usam navios gigantes e servem um grupo 
seleto de portos grandes e modernos. Nessas rotas, alguns hubs, 
como Cingapura, Dubai, Algeciras, Colon – redistribuem os 
contêineres para rotas regionais que articulam os grandes centros 
econômicos às regiões de menor peso no mapa econômico mundial, 
como a América do Sul. Enfim, rotas e portos locais garantem a 
algumas áreas periféricas um acesso mínimo ao espaço global dos 
fluxos. Mas, os dispositivos logísticos seriam incompletos sem a 
incorporação dos acessos terrestres. Os ganhos de produtividade nas 
rotas marítimas e na interface portuária não podem ser aniquilados 
em ferrovias e rodovias cuja precariedade ou saturação prejudicam 
o conjunto do sistema.
(MONIÉ, 2010, p. 305). 
As empresas responsáveis pelo transporte marítimo conteinerizado, ou não, formam cada 
vez mais conglomerados que foram se fundindo por meio de novas aquisições, formando 
grandes oligopólios do transporte marítimo, caso da Hamburg Sud e Maersk, que também 
atuam no Brasil.
Com a integração produtiva permitida pelas novas revoluções do sistema de informações 
e de transporte, estes cada vez mais integrados, ocorre a multilocalização das indústrias e dos 
processos produtivos. Esse processo ocorre desde a fabricação até a montagem dos produtos, 
considerando-se a divisão territorial do trabalho. 
As peças para a montagem de uma mercadoria podem ser fabricadas em um país ou mais; 
a montagem ser feita em outro; a gestão da empresa pode estar em um outro; e, assim, 
sucessivamente, até a mercadoria ser montada, por fim, em outro país ou região do mundo. 
Há também os setores de marketing e publicidade, que buscam “vender” essa mercadoria, através,por exemplo, de peças de propaganda e publicidade a fim de torná-la mais um ícone do mercado. 
Em cena, também, estão os atores do sistema financeiro, que participam do processo desde 
a produção, por meio de empréstimos, seguros etc., até a circulação e venda das mercadorias, 
através do crédito, por exemplo. 
Desse modo, aliam-se atores do capitalismo produtivo, do sistema financeiro, do marketing 
e da propaganda, dos meios de transporte, das empresas comerciais, integrando a economia. 
Assim, há integração da produção, do consumo, do transporte e da distribuição de 
mercadorias em todas as escalas, criando alguns centros mais competitivos, que farão a gestão 
dos negócios dessas empresas, geralmente situadas nas grandes metrópoles do mundo e com 
a produção espalhada por vários territórios do mundo, ou seja, multilocalizada. 
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Unidade: Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
A Formação de Redes no Mundo
Podemos tratar do conceito de “rede” aplicando-o a diferentes situações globais, desde as 
redes sociais até as redes de infraestrutura mais convencionais.
Para Milton Santos, rede é:
[...] toda infraestrutura, permitindo o transporte de matéria, de 
energia ou de informação, e que se inscreve sobre um território 
onde se caracteriza pela topologia dos seus pontos de acesso ou 
pontos terminais, seus arcos de transmissão, seus nós de bifurcação 
ou de comunicação.
(SANTOS, 2006, p. 176).
Cada vez mais existem pessoas que se utilizam das redes sociais vinculadas à internet 
para a compra e venda de mercadorias, tanto em sites de compras de comércio eletrônico 
(e-commerce) especializados em diversificados tipos de produtos como também nas redes 
sociais usadas para vender e propagar negócios. 
Uma forma mais recente de compra on-line são as compras coletivas, que têm crescido 
bastante. São produtos de serviços, tais como restaurantes e teatros, até serviços de beleza, 
vestuários, hotéis etc. São serviços de compras em sites coletivos, nos quais se compra uma 
mercadoria ou serviço pelo mesmo preço, do mesmo fornecedor e com descontos, mas o 
pagamento é individual. 
Manuel Castells dá ênfase ao sistema de comunicação propiciado pelas novas redes sociais 
e aos usos de diferentes tipos:
Simultaneamente, as atividades criminosas e organizações ao 
estilo da máfia de todo o mundo também se tornaram globais 
e informacionais, propiciando os meios para o encorajamento 
de hiperatividade mental e desejo proibido, juntamente com 
toda e qualquer forma de negócio ilícito procurado por nossas 
sociedades, de armas sofisticadas à carne humana. Além disso, 
um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma 
língua universal digital tanto está promovendo a integração 
global da produção e distribuição de palavras, sons e imagens de 
nossa cultura como personalizando-os ao gosto das entidades e 
humores dos indivíduos. As redes interativas de computadores 
estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais 
de comunicação, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo 
moldadas por ela.
(CASTELLS, 1999, p. 22). 
As redes podem ser espaços de fluxos de informação usados por diferentes atores sociais, 
incluindo-se os ilegais. Há muito contrabando de mercadorias ilegais que circulam em portos 
pelo mundo e as redes de informação também são usadas para esse fim. 
Há desde o tráfico de drogas proibidas até o de produtos sofisticados, que abastecem muitas 
cidades pelo mundo, buscando burlar os trâmites de comércio internacional.
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As redes servem também para o sistema financeiro e são utilizadas tanto para a realização 
das transações bancárias dos usuários comuns como também para os grandes negócios 
das empresas. 
Há a facilidade de conferências on-line, que possibilitam reuniões a distância bem como o 
envio de projetos, entre outras possibilidades que facilitam a administração da empresa por 
meio de situações a distância.
Com a multilocalização das empresas globais, a internet possibilitou que os negócios 
pudessem ser administrados mesmo à distância. Os negócios das Bolsas de Valores também 
se ampliaram com as negociações mediadas pelo computador. 
Dessa forma, as revoluções das técnicas informacionais têm permitido a ampliação dos 
lucros das empresas e a integração produtiva, a circulação e o consumo de mercadorias, 
formando redes no território ou os territórios-redes como afirma Rogério Haesbaert (2010). 
Considerações Finais
Nesta unidade, tratamos da globalização evidenciando que, sobretudo, no final do século XX, 
esse processo foi intensificado pelas revoluções técnicas e informacionais, que ampliaram a 
possibilidade de comunicação e integração produtiva, de circulação e consumo de mercadorias.
Entretanto, tais benesses são usadas mais pelos atores hegemônicos das grandes corporações 
de empresas, cada vez mais oligopolizadas, que auferem uma mais-valia global, com flexibilidade 
nas formas de trabalho e atendem aos interesses da competitividade empresarial.
Por isso, o mundo é mais integrado e global, e isso trouxe possibilidade de diferentes usos 
das redes sociais; mas também é verdade que a globalização econômica pode ser perversa, 
como dizia Milton Santos (2001).
Por meio das normas do sistema financeiro, países inteiros ficam reféns da Bolsa de Valores 
e tornam-se países rebaixados, por serem considerados de risco para investimento, por meio 
de notas que são atribuídas por agências de riscos aos países e às empresas. 
As agências definem tais notas e, de alguma forma, também a vida de milhares de pessoas no 
mundo, pois, a partir dessas notas, pode haver desemprego, aumento da recessão econômica, 
entre outros fatores, com a fuga de capital desse lugar que recebeu nota baixa. 
Por isso, Milton Santos (2001) propõe “uma outra globalização” que pudesse beneficiar 
mais pessoas e não apenas os atores hegemônicos das grandes corporações. Uma globalização 
que fosse mais sensível às demandas sociais. 
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Unidade: Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
Material Complementar
Para o aprofundamento dos temas discutidos nesta unidade, sugerimos a seguinte leitura e vídeo:
Livros:
ROSA, Maria Cristina. Globalização e divisão territorial do trabalho: uma introdução 
à discussão das novas tendências na produção do espaço. Maringá, Revista Acta 
Scientiarum 20(1), 1998, p. 115-119. Disponível em: 
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/article/viewFile/4246/2889
(Acesso em 10/03/2015).
Vídeos:
Assista ao documentário “The corporation” (a corporação), que conta como, a partir de 
uma polêmica decisão da Suprema Corte de Justiça dos EUA, uma corporação passou 
a ser vista como uma “pessoa”. Ficam evidentes a forma como as grandes corporações 
agem, os seus discursos, a exploração da mão de obra barata no Terceiro Mundo e 
a devastação do meio ambiente. O documentário apresenta entrevistas de presidentes 
de corporações como a Nike, Shell e IBM, além de outros não relacionados ao mundo 
dos negócios corporativos, que analisam a existência das corporações, tais como Noam 
Chomsky, Milton Friedman e Michael Moore.
Segue link abaixo, em sites de busca poderá ser encontrado o filme. 
The Corporation (A corporação). Documentário. Canadá, diretores Jennifer Abbott e 
Mark Achbar. 1h12min, parte 1 e 2, Canadá, 2003. Legendado. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=rRIdr43uZxE
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Referências
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 
CHESNAIS, François. A mundialização do capital. Trad. Silvana Finzi Foá. São Paulo: 
Xamã, 1996. 
CHOSSUDOVSKY, Michel. A globalização da pobreza: impactos das reformas do FMI e 
do Banco Mundial. São Paulo: Moderna, 1999. 
GOMES, Marco Antonio. O uso do território pela navegação de cabotagem brasileira 
por contêiner no contexto da circulação global de mercadorias. Dissertação de 
Mestrado. Universidade de São Paulo: São Paulo, 2013.
HAESBAERT, Rogerio. Regional-global. Dilemas da região e da regionalização na Geografia 
Contemporânea.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
LEMOS, Amalia Inês Geraiges de; ARROYO, Mónica; SILVEIRA, Maria Laura. América 
Latina: cidade, campo e turismo. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias 
Sociales - CLACSO; São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006.
MONIÉ, Frederic. Globalização, modernização do sistema portuário e relações porto-cidade 
no Brasil. In: SILVEIRA, Márcio R. (org.). Circulação, transportes e logística: diferentes 
perspectivas. São Paulo: Expressão Popular, 2010, p. 299-330. 
ROSA, Maria Cristina. Globalização e divisão territorial do trabalho: uma introdução à discussão 
das novas tendências na produção do espaço. Maringá, Revista Acta Scientiarum 20(1), 
1998, p. 115-119. 
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: 
Edusp, 2006.
______. A urbanização brasileira. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
______. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 
Rio de Janeiro: Record, 2001.
SILVEIRA, Maria Laura. Por uma teoria do espaço latino-americano. In: LEMOS, Amália Inês 
Geraiges de. Questões territoriais na América Latina. Buenos Aires: Clacso; São Paulo: 
Universidade de São Paulo, 2006, p. 85-100.
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Unidade: Globalização e Divisão Territorial do Trabalho
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