Buscar

Resenha do filme O Germinal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CAMPUS ARAPIRACA
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM
JENIFER BIANCA DE MELO SILVA
RESENHA DO FILME: O GERMINAL
ARAPIRACA - AL
2019
	Sob produção de Claude Berri, O Germinal é um filme ambientado na França, que aborda as relações de trabalho no fim do século XIX, especificamente, o trabalho explorador nas indústrias de mineração de carvão, onde o contexto histórico trazido com a trama é o da Revolução Industrial, de forma a atrelar tal conjuntura com o sistema capitalista e suas características de produção, trazendo uma compreensão de como esses fatores se reproduziam sem haver no mínimo um questionamento. A partir dessa perspectiva são levantadas questões acerca do processo de produção que visa a acumulação de capital, às custas da exploração de muitos indivíduos que são trazidos como uma classe social: o proletariado.
	As cenas iniciais do curta retratam a chegada do personagem Etienne Lantier a uma mina de carvão em Voreux, em busca de um emprego, já que o mesmo havia sido demitido da anterior ocupação. Ao chegar na mina, Etienne aborda Boa Morte, personagem que trabalha nas minas desde antes dos seus 8 anos, até sua idade atual nessa ambientação, na qual ele havia 58 anos. Devido a esse longo tempo em contato com o carvão e outras substâncias insalubres, percebe-se inicialmente que apesar de não estar em uma idade tão avançada, Boa Morte possui sérios problemas de saúde, que são introduzidos ao público na cena em que ele tosse carvão pois seu organismo possui muito desse resíduo e o novo trabalhador confunde esse material com sangue.
	Apesar de grande parte dos funcionários trabalharem desde pequenos ou há muito tempo na mineradora, Etienne ao questionar Boa Morte sobre o dono da indústria, não obtém uma resposta assertiva, já que devido a alienação do trabalho exercida pelo sistema capitalista, concomitante ao modo de liderança dos “patrões”, os trabalhadores não sabiam ao certo o que produziam, para onde essa produção iria e nem tinha acesso ao produto final produzido. O único contato estabelecido era com o senhor Hennebeau que era encarregado da contratação, arrecadação e pagamentos dos trabalhadores. 
Um dos trabalhadores possuia em sua composição familiar, um total de 10 pessoas, ou seja, 10 pessoas para alimentar e garantir a sobrevivência diária. Porém, o mesmo trabalhador, recebe seu salário atrasado e se mantém ao menos conivente com determinada situação, já que havia uma baixa expectativa de que uma mobilidade social fosse efetivada. Os indivíduos não possuíam alimentação suficiente para a grande e exaustiva jornada de trabalho, porém, por acreditar que o sistema social é assim e que se deve lidar apenas com as consequências dos atos, aceitavam as péssimas condições e não as refutavam quando eram impostas pelo patrão.
Como não havia muitas ofertas de emprego, o fato de estar trabalhando mesmo que em condições totalmente desumanas e precárias, o trabalho era considerado como uma saída para a miséria ainda mais agravada, seria melhor passar por essa situação do que passar pela miséria sem receber ao menos poucas moedas que recebiam pelo trabalho realizado nas minas.
Entre as cenas de trabalho dos mineradores, uma mulher que trabalhava no mesmo ambiente morre e a forma como a produção retrata as relações dos indivíduos com a morte de pessoas próximas, mostra como havia uma desumanização da pessoa humana, onde era rapidamente substituída por um outro trabalhador, já que havia a necessidade de a indústria continuar funcionando incessantemente nessa lógica capitalista.
Apesar de trazer condições de trabalho totalmente insalubres, os “patrões” sempre afirmavam que já estavam oferecendo muitos benefícios, ao proporcionar casa e um pagamento totalmente não condizente com a realidade do trabalho. Dessa forma, é vista uma grande ferramenta de alienação, na qual mesmo que a burguesia detentora dos meios de produção já possuísse muito capital acumulado, a mesma afirmava estar falindo e que não tinha condições de aumentar o pagamento, pois a indústria viria à falência e para os trabalhadores estas palavras significavam ter mais medo ainda de se manifestar contra a exploração, pois se eles perdessem seus empregos, seria pior do que a realidade que já enfrentavam.
As rotinas de trabalho eram extensas e cansativas, atreladas à má alimentação, promovia um cansaço extremo e boa parte do trabalho era realizada de maneira insuficiente para a visão do gerente da mina, quando isso acontecia os danos causados à produção da indústria, eram multados de seu salário, causando mais revoltas na classe trabalhadora.
Etienne indignado com a situação, junto a outros trabalhadores, questionam-se como essa realidade poderia mudar e baseados nos ideais já postulados do sociólogo Karl Marx e de alguns outros trabalhadores que estavam promovendo consciência de classe trabalhadora em outras minas e formando sindicatos trabalhistas, sobre a necessidade da classe proletária atingir a burguesia, confrontando-a, chegam a uma conclusão de que a força apresentada em grande número de proletários e uma acumulação de dinheiro por parte dos trabalhadores (fundo de reserva), possibilitaria uma greve que iria ser capaz de mudar a realidade, pois sem a ação dos trabalhadores não há produção de carvão e nem lucro para os patrões, que por última instância, deveriam ceder aos anseios da classe proletária. Entretanto, com medo de morrer de fome e miséria, alguns trabalhadores não aderiram à greve, diminuindo seu impacto revolucionário, o que gerou muitos conflitos internos entre a própria classe trabalhadora.
São perceptíveis durante a narrativa, inúmeros problemas sociais que se intensificavam com a óptica capitalista, como por exemplo, as relações de patriarcado, na qual em algumas cenas mulheres são forçadas a se relacionarem com homens que são ou não seus esposos, além de uma ainda presente política de pão e circo, que funcionava para acalmar os “ânimos” da população que se viam na miséria.
Sendo de consenso geral que havia a necessidade de uma mudança trabalhista, haviam varias percepções diferentes sobre a melhor forma de ação, alguns apontavam a única saída com uma guerra brutal, outros inferem que é necessário uma espera para que toda a classe trabalhadora possam aderir à greve, como já citava Karl Marx, ao afirmar que era necessário uma consciência de classe coletiva, porém no ápice da exploração, os mineradores realizam uma greve que perdurou mais de 2 meses. Com a falta de emprego e aumento da miséria, outras pessoas substituíram essas ocupações, fazendo com que a greve não funcionasse para reverter a situação mesmo que no seu percurso tenha deixado mortos e feridos que lutaram pela causa.
Entretanto, a semente da revolução e do pensamento crítico em meio a alienação, haviam sido plantadas na sociedade e “O Germinal” iria acontecer. As revoltas não foram capazes de mudar a realidade instantaneamente, porém a um longo prazo, estas ações seriam capazes de conscientizar todos os trabalhadores do poder que possuem com a força do trabalho, formando um cenário que com a luta dessa classe proletária trouxe uma esperança de melhoria das condições de trabalho.

Continue navegando

Outros materiais