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Maio / 2020
Professor/autor: Dr. Antonio Carlos Barro
Projeto Gráfico e Capa: Mauro S. R. Teixeira - Departamento de Marketing e Comunicação
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:
Rua: Martinho Lutero, 277 - Gleba Palhano - Londrina - PR
86055-670 Tel.: (43) 3371.0200
3Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
SUMÁRIO
Desenvolvimento integral da igreja
UNIDADE 1 - Plantação de igreja
1.1. O início da igreja protestante no Brasil...............................................04
1.2. Fundamentos para a plantação de igreja...........................................10
1.3. Plantação de novas igrejas.................................................................14
UNIDADE 2 - O crescimento da igreja
2.1. A preocupação com o crescimento....................................................25
2.2. O movimento de crescimento de igreja..............................................28
2.3. Bases bíblicas para o crescimento de igreja.....................................31
2.4. Tipos de crescimento..........................................................................36
2.5. Os responsáveis pelo crescimento da igreja.....................................38
UNIDADE 3 - Crescimento integral e encarnação
3.1. O mistério da igreja..............................................................................45
3.2. As dimensões do crescimento de igreja............................................48
3.3. As qualidades do crescimento da igreja............................................53
3.4. A importância do modelo encarnacional...........................................57
UNIDADE 4 - Desafi os contemporâneos da igreja
4.1. A igreja virtual.......................................................................................67
4.2. A igreja lar........................................................................................73
4.3. A igreja multimundo.............................................................................77
4.4. A igreja emergente...............................................................................80
4.5. A igreja pós-moderna...........................................................................85
Para fazer os exercícios, acesse o A.V.A
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA4
UNIDADE 1 – PLANTAÇÃO DE IGREJA
Tem sido dito e já é um dado entender a igreja como sendo um organismo 
e ao mesmo tempo uma organização.
Como organização a igreja, talvez fosse melhor dizer denominação, 
ela cumpre com os aspectos da legislação do país onde se localiza. 
Ela funciona como uma organização qualquer da sociedade e cumpre 
como todas as obrigações legais que lhe são impostas. Tem endereço, 
funcionários, tem CNPJ, paga pela manutenção do prédio, tem conta em
banco, faz balanços etc.
Como organismo a igreja, neste caso como corpo de Cristo, nasce, 
desenvolve, produz resultados e espera-se que não venha a morrer 
como alguns outros organismos vivos. Para alcançar longevidade a 
igreja como organismo precisa ser nutrida constantemente, pois pode 
ocorrer que caso não seja, ela venha mesmo a desaparecer ou tornar 
inoperante (Ap 3.1).
Exercício de Aplicação - 01 
Leia o artigo de Alessandra Assad e pense em como traçar alguns 
paralelos entre os conselhos que ela traz para as empresas e sua 
possível aplicação na igreja. Quais pontos destacados pela autora 
você acha que poderiam ser temas de refl exão, estudos bíblicos ou 
pregações em sua comunidade? 
a) Perdão, salvação e crescimento;
b) Perdão, justifi cação e identidade;
c) Identidade, unidade e missão;
d) Organização, crescimento e erros;
e) Ordem, hierarquia e administração.
5Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Saiba mais
A metáfora do “organismo vivo” tem sido largamente empregada 
para explicar a organização diante de uma perspectiva. Da mesma 
forma que seres vivos, a organização busca a sobrevivência e, 
para isso, ela precisa de recursos. As organizações, assim como 
os seres vivos, buscam a vida, a sobrevivência, a longevidade, e a 
melhoria contínua.
Fonte: Alessandra Assad 05/11/2015. https://administradores.
com.br/artigos/empresa-organismo-vivo-para-aprendizado-
existencial
1.1. O início da igreja protestante no Brasil
De que igreja estamos falando? A implantação da igreja protestante 
no Brasil, por meio do trabalho missionário, data de meados de 1800. 
Ofi cialmente entendemos que isso ocorreu com a chegada do missionário 
Robert Kalley, escocês, vindo acompanhado de sua esposa Sarah Kalley, 
que aportam no Rio de Janeiro em 1854. O segundo missionário foi 
Ashbell Green Simonton, norte-americano que chega também na cidade 
do Rio de Janeiro em 1859. O primeiro da denominação congregacional 
e o segundo presbiteriano. Ambos estabelecem no Brasil igrejas de suas 
respectivas denominações. 
Antes destes dois missionários, temos notícias de alguns colportores 
que vinham em navios mercantes, especialmente da Inglaterra. Também 
do trabalho feito entre 1836 a 1840 por um colportor metodista, o 
jovem pastor Daniel Kidder (1815-1891), que foi nomeado o primeiro 
representante da Sociedade Bíblica Americana (SBA) no Brasil, realizando 
nesse período uma ampla distribuição de Bíblias, Novos Testamentos e 
Evangelhos, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA6
Glossário
Colportagem é a distribuição de publicações, livros e panfl etos 
religiosos por pessoas chamadas “colportores”. O termo não se 
refere necessariamente a livros religiosos. Na França, colportor 
tinha originalmente o sentido de mascate, ou seja, vendedor que 
transportava suas mercadorias.
É importante ainda recordar uma história precedente quase esquecida 
da igreja brasileira sobre os primeiros protestantes a virem ao Brasil: A 
tragédia da Guanabara. 
Saiba mais
Sobre essa expedição da chegada dos huguenotes franceses 
de tradição reformada sugiro a leitura deste artigo introdutório 
de Judiclay S. Santos. De Genebra para Guanabara em Teologia 
Brasileira no. 79.
Fonte: https://teologiabrasileira.com.br/de-genebra-para-guanabara/
Vale igualmente registrar que antecedendo ao trabalho de Kelley e 
Simonton tivemos a presença de um ‘protestantismo de imigração’, 
ainda na primeira metade do século XIX, trazido por trabalhadores 
imigrantes que se estabeleceram no país. Eram anglicanos, que atuavam 
especialmente no comércio, e que construíram o primeiro templo 
protestante em solo brasileiro, em 1819, em Nova Friburgo, RJ. Também 
Luteranos, que se fi xaram como colônia de agricultores em São Leopoldo, 
na região sul do Brasil, em 1824. Esse tipo de protestantismo tinha 
como principais características a preservação do culto em sua língua de 
origem e ausência de trabalho evangelizador conversionista, ou seja, era 
voltado exclusivamente ao cuidado pastoral dos imigrantes, visando a 
preservação étnica de sua identidade e costumes.
7Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Essa igreja estabelecida por missionários teve um começo bastante difícil, 
tendo em vista que a religião ofi cial do Brasil era o catolicismo romano. 
Assim, como desenvolver uma igreja se ela precisava de membros e os 
candidatos a isso estavam dentro de uma igreja ofi cial? Certamente que 
não era uma tarefa fácil para estes missionários. Nas aulas de História 
do Cristianismo III, você estudará os pormenores desta implantação.
Com o passar dos tempos, outras denominações se estabeleceram no 
Brasil e este período termina, ao meu modo ver, com a chegada da Igreja 
Quadrangular em 1951. Em 1955/56 temos o surgimento da primeira igreja 
nascida em solo brasileiro, com Manoel de Mello e Silva (1929-1990), O Brasil 
para Cristo. A partir deste momento a igreja brasileira começa um processo 
de divisões favorecendo o surgimento de centenas de novas denominações 
e comunidades independentes. Movimento que perdura atualmente.
Exercício de Reflexão - 02
A igreja brasileira continua ainda em um processo acelerado de 
divisões. Refl ita sobre pelo menos dois motivos quena sua opinião 
levam a estas separações e inícios de novas igrejas. Produza um 
texto que contenha de 150 a 200 palavras.
Reação: São muitas as causas que podem levar às divisões nas 
igrejas. Podemos citar algumas:
• A chegada de um novo pastor ou liderança que possui uma
proposta que confl ita com aquilo que está estabelecido ou em
andamento na comunidade que ele passa a liderar;
• Divergência sobre questões doutrinárias;
• Disputas por controle das decisões ou por poder;
• Ciúmes, invejas, confl itos de vaidades entre líderes;
• Difi culdades de relacionamento e incapacidade para o trabalho
em equipe;
• Priorização de interesses pessoais em detrimento do coletivo.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA8
Nos dias de hoje é quase impossível estabelecer com precisão quantas 
denominações há no Brasil. Estima-se em Soube que vc está gravando 
aulinhas prè éNãomilhares entre grandes e pequenas, conhecidas 
e desconhecidas, nacionais e regionais. As tendências teológicas e 
doutrinárias são as mais diversas possíveis e encontrar alvos em comum 
entre estes grupos não é tarefa fácil.
Certamente nunca na história houve tamanha profusão de igrejas como nos 
dias de hoje. Temos igrejas de todos os tipos, todos os nomes e predileções. 
Temos igrejas com doutrinas, sem doutrinas, barulhentas, silenciosas, 
pentecostais e neopentecostais, tradicionais, liberais, ortodoxas, a favor da 
mulher, contra a mulher, ceia restrita, ceia aberta, favor das curas, contra as 
curas, rock, rap ou samba, com coral, sem coral, louvor extravagante, sem 
bateria, somente órgão de tubo, com apóstolos, bispos e bispas, missionários, 
profetas, com dinheiro e sem dinheiro, terno e gravata, camiseta polo e jeans. 
A lista é interminável. Para encontrar elementos em comum nestas igrejas 
precisamos extrapolar o campo da teologia e doutrinas.
a) Todas são chamadas ou se chamam de evangélicas.
O nome evangélico, nesse caso, não signifi ca muita coisa e não constitui 
que necessariamente a igreja esteja sendo regida pelos valores e 
princípios do evangelho conforme anunciado por Jesus. Evangélica aqui 
quer dizer simplesmente uma coisa: não é Católica Romana. Assim tanto 
faz se o nome é Universal, Metodista, Batista, Luterana, Reformada ou 
Assembleiana – está tudo num mesmo espaço – é evangélica. 
b) Todas são adeptas dos dízimos e ofertas.
Um outro elemento comum a todas as igrejas evangélicas é o dízimo. Ele é 
onipresente. Tanto faz a que denominação pertence a igreja ou mesmo sem 
pertencer, todas querem o dízimo dos fi éis. Umas são mais fi nas e polidas na 
hora de pedir: “Se você nos visita, fi que à vontade, pois esse é um compromisso 
dos membros dessa igreja”. Outras são ousadas: “Não seja tímido, coloque 
Deus a prova, ele dará a você conforme o tamanho da sua oferta”. “Deus 
retribui conforme o tamanho da sua fé em ofertar para a causa do evangelho”.
c) Todas têm liderança messiânica ou caudilhesca.
9Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Certamente que as chamadas igrejas livres ou independentes não 
têm nenhum pudor em exercer a liderança tirana sobre o povo que 
corre em busca de algum paliativo para a vida vazia e sem sentido que 
estão vivendo. Apelam para os bordões: “Eu tenho o cajado”. “Deus me 
revelou”. “O Senhor me ungiu”. Por aí a coisa anda. Os históricos são mais 
refi nados: “A Bíblia diz”. “O presbitério impôs as mãos”. “A assembleia é 
soberana”. Essa última eu ouvi no primeiro dia de ordenação pastoral e 
nunca me esqueci mesmo tendo se passado 40 anos. No fi nal é tudo a 
mesma coisa. É proibido pensar, perguntar ou discordar.
Talvez você diga: minha igreja não é assim. Ótimo! Levante as mãos 
para o céu e agradeça muito, pois é raro mesmo. A pergunta a se fazer é 
que tipo de igreja queremos plantar? Que tipo de comunidade devemos 
iniciar em um bairro ou cidade? Para levar uma igreja que é doente e que 
vai adoecer ainda mais as pessoas, é melhor nem se apresentar para tal 
tarefa. O papel da igreja é curar, pois foi para isto que Jesus Cristo veio 
ao mundo: salvar e curar os enfermos da alma e do corpo. Naturalmente 
que para curar a liderança precisa estar constantemente em processo de 
cura para não produzir um cristianismo enfermo.
Ao fi m e ao cabo são tantas coisas que ninguém mais se lembra para que 
mesmo é que a igreja foi deixada na terra. Os textos de Mateus 28:18-20, 
João 20:21, Atos 1:8, vão caindo no vazio e a igreja atual corre sério risco 
de ser apenas mais uma organização nesta sociedade em caos. Sobre 
isto falaremos em seguida.
Continuando o raciocínio, vou pensar na igreja local de cada um de 
vocês. Sei que mesmo pertencendo a uma denominação esta tem 
pouca infl uência na vida das igrejas locais, especialmente das pequenas 
comunidades. Minha experiência de quase 40 anos trabalhando como 
pastor de igreja local me mostrou que se há alguém preocupado com 
a igreja da qual sou membro ou estou pastoreando, sou eu mesmo. 
Raramente um(a) pastor(a) receberá ajuda da denominação para o 
desenvolvimento de sua igreja. Raríssimas vezes receberá a visita de 
um líder “importante” da igreja, quase impossível fazer parte do grupo de 
elite que dirige a denominação. A realidade para pastores é nua e crua: a 
tarefa é dele(a) e de mais ninguém.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA10
Exercício de aplicação - 03
Avalie as afi rmações abaixo e indique quais estão em sintonia com 
a ideia de plantação de igrejas como sinais do Reino de Deus.
 I - Deus é glorifi cado na construção de templos belos e confortáveis;
 II - A glória de Deus há de ser vista em toda a terra. Esse é o 
propósito último do Criador em relação às suas criaturas;
III – Não existe nenhum indício de que a Grande Comissão de 
Mateus 28:18-20 direciona os cristãos ao cumprimento de fazer 
discípulos de todas as nações;
 IV - Jesus é o principal modelo de cidadão do Reino e nele o Reino 
se torna realidade pela prática da justiça, paz, bondade, amor, 
misericórdia, compaixão, solidariedade, salvação, esperança, etc;
 V - A igreja está no mundo não para servir-se a si mesma, mas para 
servir as pessoas que são objetos do amor de Deus.
a) As afi rmações I, II e III são as que estão em sintonia;
b) As afi rmações I, II e IV são as que estão em sintonia;
c) As afi rmações II, III e IV são as que estão em sintonia;
d) As afi rmações II, IV e V são as que estão em sintonia;
e) As afi rmações III, IV e V são as que estão em sintonia;
1.2. Fundamentos para a plantação de igreja
Nossa primeira tarefa é delinear, ainda que não rapidamente, alguns aspectos 
bíblicos e teológicos sobre a expansão da igreja neste mundo. Este mundo é 
o único lugar possível que serve de arena para a missão da igreja. Sem este 
mundo não existe absolutamente necessidade de igreja. Assim, ainda que 
pareça óbvia esta afi rmação uma grande parte dos cristãos e liderança de 
igrejas não fazem disso a razão de ser de suas igrejas. É necessário retomar 
alguns postulados básicos da razão de ser da igreja.
a) A razão de ser da igreja é a glória de Deus
Infelizmente se tornou um chavão evangélico dizer que todas as coisas 
11Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
são para a glória de Deus especialmente quando se quer fazer alguma 
coisa que poderá gerar controvérsias. Por exemplo: se alguém quer 
comprar algo que custa muito dinheiro para os cofres da igreja, diz-se 
que é para a glória de Deus. Se quer instalar ar condicionado, diz-se que 
temos que ter o melhor para Deus. Não seria mais honesto dizer que está 
muito quente e por isso quer-se colocar ar condicionado?
Deus é glorifi cado não na aquisição de bens, na construção de novos 
templos ou no acúmulo de dinheiro na conta bancária da igreja. Segundo 
o apóstolo Paulo, o próprio Deus é o objeto de glorifi cação: “Aquele que se 
gloria glorie-se no Senhor” (1Co 1:31, 2Co 10:17). O apóstolo João vai na 
raiz da questão ao colocar tudo de forma bem transparente: “Quem fala de 
si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daqueleque 
o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça” (Jo 7:18). O contrário 
também é verdade: aquele que busca a sua própria glória é injusto.
A glória de Deus está intimamente ligada ao evangelho de Cristo; evangelho 
este que é o próprio Cristo. Quando as pessoas recebem a mensagem elas 
se tornam recipientes da glória de Deus revelada em Cristo: “Aos quais 
Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério 
entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1:27). O 
Cristo em nós é o que Deus mais almeja e é como ele é glorifi cado. 
Essa glória de Deus há de ser vista em toda a terra. Esse é o propósito 
último do Criador em relação às suas criaturas. É a promessa feita em 
Habacuque 2:14: “E a terra se encherá do conhecimento da glória do 
Senhor, como as águas enchem o mar”.
Saiba mais
A música de Nelson Bomilcar refl ete essa ideia da glória de Deus 
entre as nações. Vale a pena ouvir, refl etir e orar para que isso se 
cumpra por meio da igreja: “Declarando sua glória entre as nações” 
(LP Missões & Adoração III)
Fonte: https://youtu.be/SmzkZD7X5xE
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA12
b) A razão de ser da igreja é obedecer aos mandamentos de Jesus. 
Para que essa glória seja vista e percebida entre as nações é imprescindível 
retornar o olhar para a Grande Comissão de Mateus 28:18-20. Esse é 
um momento histórico para o desenvolvimento daquilo que Jesus Cristo 
começou a fazer, usando a linguagem de Lucas em Atos 1. 
Toda a sua vida, história, lutas e vitórias estão agora nas mãos de seus 
seguidores que ouvem dele a ordem de fazer discípulos de todas as etnias 
do mundo. O evangelho sairia dos limites de Israel e cruzaria fronteiras 
para sempre. E assim tem sido e assim precisa ser. O cristianismo 
somente tem e fará sentido se for o cristianismo para o outro. O avanço 
da fé cristã depende, do ponto de vista humano, da obediência dos 
cristãos em todas e de todas as épocas.
Grande Comissão é o paradigma missionário máximo 
da igreja. Apresentada em todos os quatro evangelhos 
e no livro de Atos dos Apóstolos, a ordem de Jesus de 
expandir a mensagem do evangelho indica não apenas o 
que a igreja deve fazer, mas também o que ela deve ser. 
O texto de Mateus 28.19-20 se reveste de importância 
crucial por ser o relato mais completo da Grande 
Comissão. Ao mesmo tempo, temos vivido uma época 
em que a plantação de igrejas tem sido uma boa ênfase 
de muitas igrejas e denominações evangélicas e um 
modelo que merece destaque é o de plantação de igrejas 
por transplante. Tendo isso em vista, uma análise dos 
dois versículos fi nais de Mateus e a identifi cação das 
relações existentes entre eles e a prática da plantação de 
igrejas por transplante se torna digna de estudo. Neste 
artigo procurar-se-á demonstrar, preliminarmente, que o 
método de plantação de igrejas através do transplante 
de membros de uma igreja já estabelecida constitui uma 
aplicação correta do ‘ide’ da Grande Comissão conforme 
registrada por Mateus (Keller, 2011).
13Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
c) A razão de ser da igreja é demonstrar ao mundo os sinais do reino de Deus
Se a igreja está no mundo para manifestar a glória de Deus e faz isso em 
obediência a Cristo consequentemente ela será um sinal visível do reino que 
Deus concretizou na pessoa de seu Filho. Jesus é o cidadão por excelência 
do reino e nele o reino se torna realidade. Os sinais do reino de Deus estão 
todos na pessoa de Cristo: justiça, paz, bondade, amor, misericórdia, 
compaixão, solidariedade, salvação, esperança etc. Os seguintes textos 
podem ser lidos para melhor compreender os sinais do reino de Deus: 
Mateus 4:23; 9:35; 10:7-8; 12:28; 16:19. Lucas 9:2, 11; 10:9; 11:20; Joao 
2:23; 3:2; 4:48; 6:2. Ler ainda sobre o fruto do Espírito em Gálatas 5:22-23. 
Estes sinais devem estar presentes também na comunidade do Rei. 
Isto é mais do que óbvio, mas custa para entendermos isto. De que 
maneira a igreja instila nas pessoas o desejo de pertencer a este reino? 
Simplesmente mostrando em sua vida os mesmos sinais que Cristo 
mostrou enquanto peregrinou por este mundo. Este é um grande desafi o. 
Segundo C. René Padilla (2017) falta “consciência entre os cristãos de 
que somos cidadãos do Reino de Deus e do mundo. Estamos no mundo, 
mas não somos do mundo. O que signifi ca isso? Alguns querem poder 
porque com poder se pode ter mais dinheiro e se aproveitar das posições 
para proveito próprio e não para servir”. Naturalmente que sem o serviço 
não haverá sinais do reino de Deus neste mundo.
d) A razão de ser da igreja é transformar o mundo com o evangelho da paz
Como consequência do que estamos observando acima, o alvo da 
missão se torna realidade. O mundo é conquistado para Deus. Com isto 
estamos afi rmando que a igreja não é o alvo da sua missão. A igreja não 
é a razão de ser da missão. A igreja está no mundo não para servir-se a 
si mesma, mas para servir as pessoas que são objetos do amor de Deus.
Em Jesus Deus está redimindo todo o cosmos. Falta a nós a dimensão 
cósmica da redenção, entendimento este que não faltou a Paulo quando 
disse: “Pois Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o 
mundo, não levando em conta as transgressões dos seres humanos”, 
e ele ainda enfatiza, “e nos encarregou da mensagem da reconciliação” 
(2Co 5:19). Em Cristo Deus inicia o processo de reconciliação e transfere 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA14
à igreja a mesma missão. Somos encarregados de zerar o débito deste 
mundo com o Criador. Todas as esferas da sociedade precisam desta 
cura divina passando pelo indivíduo e atingindo os setores mais amplos 
da política, economia, cultura, educação etc.
Se queremos plantar novas igrejas este é o desafi o para este tempo que 
vivemos: Igrejas como sinais do Reino. Igrejas comprometidas com todo 
o evangelho para todo o ser humano. Qualquer mensagem fragmentada e 
distante dos ideais bíblicos não tem mais lugar nos dias de hoje. É esta igreja 
que queremos estabelecer em todos os cantos de nossas cidades e bairros.
1.3. Plantação de novas igrejas
Como afi rmei acima a igreja é um organismo vivo e como tal ela precisa 
ser constantemente plantada e multiplicada. Esse termo “plantar” igreja 
pode soar um pouco estranho, mas tem sido a nomenclatura usada 
nas literaturas sobre o tema. Poderíamos usar outros como implantar, 
estabelecer, iniciar, principiar, começar etc. A ideia é que em algum lugar 
uma nova igreja terá início e proporcionará aos habitantes daquele lugar 
um espaço para ouvir o evangelho da salvação em Cristo Jesus. Também 
assumimos que este processo de plantar uma nova igreja se dará 
especialmente por uma igreja-mãe que por vezes também chamamos de 
sede ou central. Todavia, não exclusivamente, pois como veremos uma 
nova igreja pode surgir por outros meios.
1.3.1. O método tradicional de iniciar novas igrejas
Segue uma palavra de testemunho da minha experiência neste campo 
para ilustrar o primeiro modelo de implantação de novas igrejas. Quando 
ainda adolescente fui levado pela minha mãe a uma pequena casa de 
madeira já bem deteriorada. Não havia absolutamente nada naquele 
espaço que fosse agradável. Morávamos num bairro pobre e assim 
aquela casa refl etia o nosso contexto de vida. Era um trabalho iniciado 
pela Igreja Presbiteriana de Marília que fi cava no centro da cidade. 
Todos os domingos para lá se dirigia o Presbítero Fausto Camargo 
César e ele dirigia uma escola dominical. Foi neste local que ouvimos o 
15Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
evangelho pela primeira vez e toda a nossa família se tornou membro 
daquela igreja. Aquele espaço era carinhosamente conhecido como 
“igrejinha”. Assim era como as novas igrejas surgiam. A igreja central 
ou sede escolhia um bairro da cidade e para lá enviava um diácono ou 
presbítero com alguns poucos crentes para dar início a uma nova igreja.
Ainda dentro deste sistema tradicional encontramos o surgimento de 
igrejas a partirda mobilidade urbana especialmente nas periferias das 
grandes cidades. O movimento migratório e o empobrecimento das 
famílias levaram pessoas a procurar moradias em lugares distantes 
dos centros urbanos. Muitas destas pessoas eram membros de igrejas 
evangélicas e assim era comum que por estarem distante da cidade 
elas começassem algum tipo de reunião em seus lares como encontros 
de oração, estudos bíblicos, cultos de evangelização. Mais tarde, 
quando o grupo já estava mais sedimentado a igreja sede era avisada 
sobre aquele ponto de pregação e iniciava-se então um processo de 
ofi cialização daquela igreja.
Este modelo de implantação de igrejas foi o mais prevalente nas igrejas 
pentecostais, especialmente as mais estruturas como as Assembleias 
de Deus, O Brasil para Cristo e a Quadrangular. As igrejas históricas 
tinham mais facilidade em comutar seus membros dos bairros para a 
igreja central. Talvez isso explique em parte o grande crescimento das 
igrejas pentecostais nos grandes centros urbanos.
Podemos ainda destacar uma terceira maneira como as igrejas 
começavam nos bairros. Era muito comum nas igrejas do interior 
que durante a semana houvesse cultos nos lares. Alguma família 
oferecia a sua casa para que numa noite da semana um grupo da igreja 
acompanhado do pastor fi zesse um pequeno culto com suas bíblias e 
hinários. Os hospedeiros convidavam seus vizinhos, parentes e amigos. 
Cantavam os hinos a capela mesmo, faziam orações e ouviam uma 
pregação evangelística, geralmente acompanhada de um apelo para 
aceitar a salvação em Cristo. Se houvesse naquele bairro um número 
razoável de convertidos, começava-se a pensar num espaço específi co, 
que não as casas, que eventualmente se tornaria uma igreja.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA16
É possível que em alguns lugares do Brasil ainda se use algumas destas 
metodologias e outras similares, todavia, os tempos são outros e vivemos 
num contexto muito diferente da sociedade dos anos 60 e 70. 
1.3.2. Plantando igrejas nos dias de hoje
Se pensarmos que alguns dos métodos antigos não funcionam mais 
com tanta efi cácia, então teríamos que buscar novas maneiras de iniciar 
igrejas. Com isto nos ocupamos agora.
A primeira indagação seria a mais básica possível: as igrejas estabelecidas 
desejam iniciar novas igrejas? Aparentemente a resposta deveria ser sim, 
mas não é algo tão simples para ser resolvido. O modus operandi das 
igrejas de hoje é bem diferente daqueles dos anos 60 e 70. Mencionei 
acima os cultos que se faziam nos lares. Poderíamos dizer que foram 
os precursores do movimento celular que se espalhou por quase toda as 
igrejas do Brasil. Mas, não a mesma coisa.
Os cultos nos lares tinham o objetivo de evangelizar e eventualmente 
estabelecer novas igrejas. As células de hoje, talvez com raras exceções, 
não têm esse objetivo. Você poderá observar que as grandes igrejas 
mantêm quatro ou cinco e até mais células em um determinado bairro 
que não se transformam em igrejas. As razões são muitas e aqui não é o 
espaço para discutir essa questão. O meu ponto é que as igrejas centrais, 
neste caso, as que tem mais recursos deixaram de plantar novas igrejas. 
É um fato comprovável bastando estudar ou pesquisar quantas novas 
igrejas surgiram na última década como estratégia pensada e executada.
a) O contexto da nova igreja
Diferentemente do passado quando as igrejas surgiam sem muito 
planejamento (na maioria das vezes), hoje temos ferramentas que nos ajudam 
a identifi car as cidades e bairros que precisam de novas comunidades.
Muitas pesquisas já foram realizadas para detectar em quais bairros 
se tem mais necessidade de igrejas. Assim, é importante ter acesso 
a elas para determinar de forma estratégica a implantação de novas 
comunidades. Mas, caso não exista esta pesquisa, também não é 
17Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
complicado para quem mora e conhece a sua cidade fazer uma análise 
de quais setores da mesma são mais carentes de igrejas.
Uma ideia é visitar a prefeitura da cidade e ver se ela tem esse 
mapeamento. Estando na prefeitura é importante descobrir quais são os 
novos loteamentos aprovados para o crescimento da cidade. Com estes 
dados é imprescindível visitar o local várias vezes e em diversos horários 
para observar atentamente qual é a dinâmica daquela localidade. Notar 
a movimentação nas ruas, no comércio, nas escolas. Qual a situação 
socioeconômica, qual o perfi l cultural, educacional. Se há jovens ou se a 
população está envelhecida. Não é difícil “ler” o bairro para determinar 
que tipo de igreja vamos implantar e qual a abordagem apropriada. 
Falaremos mais sobre o contexto nos próximos capítulos.
Exercício de fi xação - 04
Com base na argumentação sobre a importância de se conhecer 
o contexto onde se pretende plantar uma igreja, qual das opções 
abaixo representa um objetivo para esse tipo de abordagem?
a) O objetivo de se conhecer o contexto antes da plantação de uma 
igreja é poder enviar apenas pastores que tenham o mesmo perfi l das 
pessoas que ali habitam;
b) O objetivo de se conhecer o contexto antes da plantação de uma 
igreja é poder transformá-lo de acordo com o planejamento que as 
prefeituras fornecem sobre a localidade;
c) O objetivo de se conhecer o contexto antes da plantação de uma igreja 
é poder decidir se ela deve ou não ser plantada por causa de diferenças 
entre o perfi l das pessoas da localidade e da igreja plantadora;
d) O objetivo de se conhecer o contexto antes da plantação de uma 
igreja é poder planejar o tipo de linguagem, atividades e ações que 
atendam aquela população específi ca;
e) Não é importante conhecermos o contexto de onde se pretende 
plantar uma igreja, uma vez que todas as igrejas são iguais desde os 
tempos apostólicos
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA18
b) Avaliar os recursos disponíveis
Se no tópico acima olhamos para fora, para as necessidades que o 
bairro ou cidade apresentam para determinar o curso de ação temos 
agora que olhar para dentro da nossa comunidade. É preciso fazer um 
levantamento dos recursos que precisaremos para dar início a esta 
nova igreja. E que recursos são esses?
Recursos humanos. Quantas pessoas serão necessárias e que vão se 
comprometer com este trabalho pioneiro. É importante que a liderança deixe 
claro o que será realizado, o que se espera de cada voluntário e por quanto 
tempo. Preciso observar que é muito importante determinar por quanto 
tempo se espera deste trabalho voluntário. Se não for explicitado corre-se 
o risco de não encontrar pessoas dispostas a este ministério que envolve 
bastante sacrifício e dedicação. Deve-se listar todas as pessoas e catalogar 
as habilidades que possuem. Talvez nem todas sejam necessárias no início 
do trabalho. Algumas podem contribuir durante um período da implantação 
da igreja. É bom atentar para a advertência de Ed Stetzer: 
[...] cuidado para não pôr simplesmente qualquer um 
para ‘tapar buraco’ numa função que você precisa 
preencher – um erro comum que observo nos 
plantadores de igreja. Não apresse o processo de 
identifi cação da pessoa certa para a função certa, ou 
você possivelmente acabará na situação incômoda de 
ter de tirar alguém da equipe. Isso, além do tempo e 
da energia perdidos, gera problemas de credibilidade 
e confi ança junto aos colaboradores remunerados e à 
igreja como um todo (2015, p. 142). 
ii. Recursos fi nanceiros. Que tipo de trabalho será realizado no início da 
comunidade? Uma reunião de oração nos lares dos crentes daquele bairro? 
Um culto semanal nos lares? Um missionário será contratado para liderar este 
ministério? Um dos pastores da igreja será designado para esta tarefa? Que 
material será necessário comprar, tais como literatura, bíblias, livros infantis? 
19Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
A igreja deve votar verbas fi nanceiras para esse projeto pois isso evitará 
o desgaste entre as pessoas envolvidas e a direção da igreja.
iii. Recursos diversos. Em qual etapado projeto será alugado um espaço 
para o funcionamento da igreja? Mobiliário necessário, matéria de 
berçário, instrumentos musicais, equipamento de som etc. Será bom que 
tudo isso esteja na mente da liderança.
c) As estratégias utilizadas para a plantação da igreja
Tendo defi nido o local e os recursos necessários é chegado o momento 
de reunir as pessoas interessadas para planejar quando e como dar início 
a execução do projeto. Quais estratégias serão usadas?
Uma primeira ação seria descobrir se há membros da igreja morando 
naquele bairro e se estas pessoas estão dispostas a se envolver neste 
novo trabalho. Isto pressupondo que a liderança geral da igreja esteja 
de acordo. Estes membros nem sempre estão animados com esta ideia 
porque vão deixar um lugar em que tudo funciona para frequentar uma 
comunidade em que está tudo por fazer. Nem todas as pessoas estão 
dispostas a fazer este sacrifício e isto é perfeitamente compreensível.
Se a igreja está funcionando dentro do movimento em células seria 
também interessante verifi car com a liderança se estas células podem se 
reunir para formar esta nova comunidade. Normalmente as lideranças das 
grandes igrejas não gostam desse tipo de estratégia porque certamente 
esvaziará um pouco os trabalhos da sede e diminuirá a contribuição 
fi nanceira. Portanto, espera-se alguma resistência sobre estas duas 
ações descritas acima.
Como no bairro ainda não há estruturas para funcionar uma igreja 
em todos os aspectos necessários, pode-se iniciar em uma escola ou 
qualquer pequeno lugar que seja disponibilizado. Um salão social de 
um prédio residencial. Um galpão de alguma empresa. Nestas horas é 
necessário andar pelo bairro e pesquisar bem o local.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA20
Exercício de Fixação - 05
Ao pensarmos em plantar uma igreja e colocar em prática esse 
projeto, listamos algumas questões que precisamos levar em 
consideração. Abaixo, são indicadas três ações estratégicas, porém, 
uma delas não confi gura algo a ser seguido. Indique qual opção não 
deve fazer parte de um possível projeto de plantação de igreja. 
a) Precisamos estar preparados para o caso da nossa igreja ou 
comunidade se ressentir ao iniciar um trabalho de plantar uma nova 
igreja, pois certamente esvaziará um pouco os trabalhos da sede e 
diminuirá a contribuição fi nanceira, sendo que seus membros nem 
sempre estão animados com esta ideia, porque vão deixar um lugar 
em que tudo funciona para enfrentar difi culdades iniciais de uma 
nova igreja;
b) Precisamos nos concentrar em tantos problemas que não 
devemos perder tempo fazendo um levantamento de recursos 
humanos, assim como a elaboração de um plano fi nanceiro. Tais 
atitudes são desnecessárias. Podemos simplesmente repetir 
as experiências e modelos passados, pois Deus é o mesmo e 
sustentará os nossos projetos;
c) Ao iniciar um trabalho evangelístico num bairro, por exemplo, é 
preciso demonstrar interesse pelas pessoas de maneira integral, 
por todo tipo de problema que apresentarem e não somente com a 
salvação de suas “almas”. 
Passo a descrever algumas estratégias. Lembre-se que cada contexto 
ajuda a defi nir o que é mais apropriado para o bairro e para a igreja ou 
grupo que vai trabalhar no projeto.
i. Fazer um levantamento do perfi l do bairro
A idade do bairro já ajuda a determinar muito desse perfi l. É um loteamento 
novo e, portanto, distante do centro da cidade? É um bairro antigo? Se o 
loteamento é novo é mais provável que haja famílias em formação, casais 
21Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
e casais com crianças pequenas. Renda fi nanceira ainda em construção. 
Num bairro antigo é provável encontrar uma boa população de pessoas 
com idade avançada, casais já sem os fi lhos em casa. Pessoas com 
renda fi nanceira estável.
Existem vários modelos de pesquisas socioeconômica para fazer um 
levantamento com detalhes que poderão auxiliar nas estratégias da 
formação da nova igreja. 
Saiba mais
Neste link você encontrará um modelo de questionário 
socioeconômico. Ele é bem completo. Você poderá modifi car 
para inserir as perguntas de cunho religioso ou outras que julgar 
importante.
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/encceja/
questionario_socioeconomico/2013/questionario_
socioeconomico_encceja_2013.pdf
Uma ideia é usar os jovens da igreja para fazer este levantamento. Talvez 
em um sábado você possa reunir os voluntários e explicar o que será feito 
e dar instruções de como fazer a pesquisa. Uma boa coisa a fazer é que 
todos usem uma camiseta igual e que tenha algum tipo de identifi cação 
da igreja e nome do pesquisador. É uma atividade que vai dar trabalho, 
mas as informações colhidas serão extremamente úteis para o projeto a 
ser desenvolvido.
ii. Encontrar os “desigrejados”
Em todo bairro novo ou velho há dezenas de pessoas que já frequentaram 
alguma igreja evangélica. A razão pela qual deixaram de frequentar 
é quase impossível enumerar. Pode ter sido a mudança de residência 
para um local afastado, falta de dinheiro para locomoção, desavenças 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA22
com a antiga comunidade, falta de interesse de membros da família, 
necessidades não preenchidas etc. Esta informação pode ser um item 
no levantamento acima descrito.
Não é difícil encontrar essas pessoas. Na verdade, assim que encontrar a 
primeira família dentro deste perfi l, ela irá apontar outras pessoas no bairro 
nas mesmas circunstâncias. Assim, pode-se começar visitando estas 
pessoas, orar com elas e informar a respeito da nova igreja no bairro. A 
possibilidade de ter essas pessoas envolvidos é bem grande. Naturalmente 
que é necessário ouvir estas pessoas atentamente, pois muitas estão 
feridas e magoadas com líderes e igrejas de onde vieram. Um processo 
de cura é fundamental para que a nova igreja não seja já no seu início um 
ajuntamento de gente crítica e amarga com a causa do evangelho.
Saiba mais
Você tem noção de quantas pessoas deixam de frequentar a sua 
comunidade todos os anos? Estas pessoas que foram embora 
recebem algum tipo de visita ou mesmo telefone? Em quanto tempo 
você imagina que estas pessoas serão completamente esquecidas 
pela comunidade?
Indico a leitura do artigo “Os desigrejados” de Karina Passos 
Marinho em Teologia Brasileira no. 79 (2018), para uma melhor 
compreensão desse grupo cristão. 
Fonte: https://teologiabrasileira.com.br/os-desigrejados/
iii. Descobrir as necessidades do bairro
Em qualquer lugar onde mora gente haverá todos os tipos de necessidades. 
Certamente, a igreja ou o grupo de implantadores não poderá suprir 
todas, pois as demandas são muitas. Mas, certamente que uma ou duas 
serão possíveis.
23Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
No levamento do perfi l do bairro algumas dessas necessidades serão 
descobertas. Alto índice de gravidez na adolescência, crianças muito 
tempo nas ruas, idosos sem atividades físicas, divórcio, violência familiar, 
desemprego etc. Após esses dados voltarem para a igreja/grupo, como 
já destacamos acima, pode-se verifi car quais recursos estão disponíveis 
para ajudar em alguma necessidade.
É importante que a igreja chegue no bairro e demonstre que está 
interessada nas pessoas no seu todo e não somente em suas “almas”. As 
pessoas precisam ver a igreja como parceira e não somente uma agência 
religiosa que pouca se interessa por suas histórias. A igreja precisa ouvir 
antes de falar e não o contrário.
Este modelo de igreja que queremos implantar se enquadra em uma 
nomenclatura que passou a ser conhecida há alguns anos chamada de 
igreja missional. Uma igreja preocupada em ser missão e não em fazer 
missão. Ela é herdeira da missio Dei, portanto, tem em Deus a origem 
do seu ministério sob a direção constante do Espírito Santo que a leva a 
semear a Semente que produz vida: Jesus Cristo.
Para resumir, colocamos aqui uma distinção feita por Ricardo Agreste, 
sem mais considerações, sobre três modelos de igrejas. O modelo 
missionalé o que estamos priorizando em nossos estudos. A tabela a 
seguir apresenta os principais aspectos desses três modelos:
Base
Eclesiológica
Modelo 1
Tradicional
Modelo 2
Sociedade de Consumo
Modelo 3
Missional
Líder Capelão Empresário Mentor, Facilitador
Palavra-Chave Manutenção Satisfação Missão
Membros Pacientes Clientes Discípulos
Papel Do Líder Consolar Impactar Equipar
Relação Maior Visitação Culto-Evento Discipulado
Sucesso Bem-estar Numérico Maturidade
Disciplina Eutanásia Nenhuma Restauração
Esta tabela foi adaptada do livro Formação de liderança e crescimento de igreja, de Eder Mello.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA24
Concluindo, nesta unidade apontamos para algumas difi culdades que a 
igreja enfrenta no desempenho de sua missão na terra. Mas, por outro é 
sempre importante ter em mente que esta igreja mesmo com todas as 
suas mazelas e fraquezas é a igreja que Cristo comissionou para pregar 
o evangelho da graça. 
Nos ajudaria muito em nossa missão recuperar a teologia da igreja como 
corpo de Cristo presente neste mundo na dispersão de todos os cristãos 
por todas as esferas da sociedade. 
É também importante recuperar o ímpeto missionário e evangelístico que 
foi marca da igreja brasileira a não muito tempo atrás. Essa motivação 
deve e precisa passar por nossas lideranças. Uma melhor compreensão 
dos mandamentos bíblicos e especialmente da ordem emitida por Cristo 
de pregar o seu evangelho por todos os cantos e a todas as pessoas.
Essa compreensão passa também por um entendimento teológico 
especialmente de duas disciplinas que julgo de capital importância para 
os dias de hoje: eclesiologia e soteriologia. Acredito que nos dias de hoje 
e no futuro estas duas áreas vão ser crucias: precisamos de igrejas e 
Jesus Cristo é de fato o único Salvador da humanidade!
Referências bibliográfi cas
KELLER, Tim. A Grande Comissão como paradigma para a multiplicação 
de igrejas por transplante. https://veritatisverbum.wordpress.
com/2011/04/15/a-grande-comissao-como-paradigma-para-a-
multiplicacao-de-igrejas-por-transplante/.
MELLO, Eber. Formação de liderança e crescimento de igreja. (falta a 
refrência completa
PADILLA, C. René. “Somos cidadãos do Reino de Deus e do mundo”. 
Entrevista em 20/10/2017. http://tearfundbrasil.org/7066-2/.
STETZER, Ed. Plantando igrejas missionais. São Paulo: Vida Nova, 2015.
25Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
UNIDADE 2 – O CRESCIMENTO DA IGREJA
2.1. A preocupação com o crescimento
Quando conversamos com pastores e pastoras percebemos que a 
grande maioria tem como objetivo para suas igrejas o crescimento delas. 
Difi cilmente você encontra líderes de igreja evangélica que não querem 
crescer. A nossa cultura evangélica exige isso, o crescimento acelerado das 
igrejas neopentecostais pressiona a todos nessa direção. Os membros de 
outras igrejas questionam se isso não acontece com as delas e os próprios 
líderes entram em crise ministerial por falta do crescimento numérico.
É correto pensar que uma igreja com mais membros tenha mais 
possibilidades de oferecer “bons serviços” para seus frequentadores. Uma 
igreja bem estruturada tem boas acomodações, salas apropriadas para 
as crianças, berçários adequados, excelente qualidade de som, assentos 
confortáveis, segurança particular para os carros estacionados nas ruas 
etc. Além das instalações físicas apropriadas, esta igreja tem um bom e 
qualifi cado número de voluntários para todos os departamentos. Quem 
frequenta uma igreja assim não fi ca preocupado com o que vai acontecer, 
por exemplo, com suas crianças e adolescentes. Sabe também que 
raramente alguém vai lhe pedir para ir tomar conta do berçário porque 
não tem ninguém fazendo isso.
Mas, não queremos pensar que sejam estas as únicas razões para se buscar 
o crescimento de uma igreja, a fi m de oferecer “bons serviços” aos seus 
membros. Nesta unidade vamos estudar alguns aspectos que levam as igrejas 
a este crescimento e quais são as motivações bíblicas e coerentes com os 
princípios do reino de Deus estabelecidos nas páginas do Novo Testamento.
Por que uma igreja declina? Vamos começar com esta pergunta. Quando 
leciono sobre Ministério Pastoral, costumo dizer que é mais fácil fazer 
uma igreja declinar do que crescer. Há um ditado nosso que diz: “para 
baixo todo santo ajuda”. Para declinar não precisa fazer muita coisa. Basta 
não fazer nada, não cumprir com algumas exigências do ministério, não 
se importar com o estado das ovelhas, e logo a igreja começa a murchar.
A realidade é dura e a verdade é que as igrejas, em geral, não estão 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA26
crescendo, mas sim estagnadas ou em declínio. Há igrejas que estão 
do mesmo tamanho há décadas. Assim sendo, é bem provável que a 
maioria dos pastores, antes de ver a igreja crescer, precisa se preocupar 
em estancar o seu declínio.
Ampliando a pergunta sobre o que leva uma igreja a declinar, podemos 
ainda questionar, o que leva uma igreja a perder o seu sabor? Ou, o que 
leva uma igreja a não cumprir com o seu propósito na missão de Deus?
Thom S. Reiner, um estudioso de igrejas, aponta que o principal fator de 
declínio de uma comunidade é o seu foco para dentro das quatro paredes 
do templo, para tudo o que faz voltando os seus recursos apenas para o 
bem-estar da comunidade.
Esse fato é corroborado com a afi rmação de um estudo que o autor 
realizou sobre igrejas que deixaram de existir.
Em todas as igrejas que realizamos autópsia, um padrão 
fi nanceiro foi desenvolvido no decorrer do tempo. O padrão foi o 
lugar em que os recursos fi nanceiros foram usados para manter 
a máquina da igreja movendo; manter os membros felizes, e não 
para fi nanciar a grande comissão e a o grande mandamento. 
O dinheiro, no entanto, era sintomático de um problema do 
coração. A igreja se preocupava mais com suas necessidades 
do que com a comunidade e o mundo. E, nenhuma igreja 
pode sustentar um foco para dentro indefi nidamente. Ela 
eventualmente morrerá por falha no coração. (citação 
encontrada em https://infopastor.com.br/site/2-fatores-
que-levam-uma-igreja-ao-declinio/)
Percebemos então que quanto mais o pastor se voltar para agradar os 
frequentadores da igreja, mais rapidamente ele a leva à catástrofe.
Outro fator que leva uma igreja ao declínio está intimamente ligado ao 
que foi descrito por Spurgeon, isto é, a falta de conteúdo nas pregações. 
A imensa maioria dos pregadores não se prepara para esta tarefa vital 
que é de pregar a palavra de Deus. Muitos vão aos púlpitos todos os 
27Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
domingos com um alimento espiritual de pouca qualidade para entregar aos 
seus ouvintes. É importante mencionar que não é somente falta de teologia 
bíblica, mas também o desprezo por toda a teologia em geral. Vivemos em uma 
época de acomodação. Acomodamos todas as coisas para não molestarmos 
a ninguém com a nossa fé e assim nos adaptamos para experimentarmos 
este novo mundo onde a tônica é a pluralidade religiosa. Consequentemente a 
mensagem segue na mesma direção, ela se torna superfi cial.
Assim, o púlpito fraco colabora imensamente para o declínio da igreja. 
Aliás, estudos apontam que a maioria das pessoas que retorna a uma 
igreja, o faz em virtude da pregação profunda das Escrituras. 
Uma igreja declina, então, por ser ensimesmada, por tornar-se o seu 
próprio alvo.
Glossário
Ensimesmar: Concentrar-se ou estar completamente absorvido pelos 
próprios pensamentos; voltar-se para o interior de si mesmo. É sinônimo 
de: concentrar, meditar, recolher, absorver.
Tornou-se assim também por falta da pregação sólida sobre todo o 
conselho de Deus conforme o exemplo de Paulo: “Porque nunca deixei 
de vos anunciar todo o conselho de Deus” (At 20:27) e, esqueceu-se 
da instrução de Cristo: “‘Ensinai-os a observar todas as coisas que vos 
ordenei” (Mt 28:18-20).
Exercício de fi xação - 06
De acordo com o texto, quais os principais fatores que levam uma 
igreja a morrer?
a) Entretenimento,falta de conteúdo na pregação e focar apenas em 
questões internas.
b) Falta de criatividade por parte da liderança.
c) Músicos com pouco técnica e repertório desatualizado.
d) Pregações doutrinarias ou teológicamente maçantes.
e) Líderes que não sentem compaixão de suas ovelhas.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA28
2.2. Movimento de Crescimento de Igreja
O Movimento de Crescimento de Igreja (Church Gowth Movement) 
popularizou-se no Brasil a partir das publicações C. Peter Wagner. Para 
uns ele é o mestre a ser reverenciado e seus escritos sobre como a 
igreja deve crescer fazem ou fi zeram bastante sucesso entre pastores e 
lideranças. Para os críticos do movimento, Wagner não sabe o que fala e 
os seus postulados são destituídos de bases bíblicas e teológicas. Creio 
que a conclusão não deveria ser uma coisa e nem outra. 
Peter Wagner tem várias contribuições importantes sobre como a igreja 
deve crescer. Muitas das suas estratégicas são derivadas de pesquisas, 
do apoio das ciências sociais e naturalmente da Palavra de Deus. Ele é 
um autor extremamente estudioso das questões que atrapalham e/ou 
ajudam no crescimento da igreja. É verdade também que Wagner muitas 
vezes usa os textos bíblicos fora de seus contextos tão somente para 
fundamentar algumas de suas pressuposições, e por isso ele tem sido 
muito criticado.
O movimento de crescimento de igreja, conhecido nos Estados Unidos 
como “The Church Growth School” tem infl uenciado muitos pastores e 
líderes de todas as partes do mundo. As suas principais formulações foram 
disseminadas através do Seminário Teológico Fuller em Pasadena, Califórnia. 
O nosso propósito aqui não é o de fornecer uma história deste movimento, 
mas pincelar algumas contribuições e discordâncias do mesmo.
2.2.1. Os principais postulados do movimento
a. O crescimento da igreja é bíblico – A Bíblia ensina que Deus tem 
interesse em ver a sua igreja crescendo e este crescimento é sinal de que 
ela está realizando bem a tarefa de evangelização mundial.
b. O princípio dos grupos homogêneos – A igreja cresce mais rapidamente 
quando os seus membros pertencem a uma mesma classe social ou 
grupo racial. As pessoas gostam de estar em comunhão com as pessoas 
do seu mesmo nível, que falam a mesma língua, têm os mesmos 
29Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
costumes. Esta teoria foi talvez a que mais recebeu críticas dos teólogos, 
principalmente os da América Latina.
c. A opção pelos campos mais produtivos – Os campos onde a semente 
do evangelho não está germinando devem ser abandonados em favor 
dos campos onde as colheitas são mais abundantes.
d. A importância do papel do pastor – O pastor é a pessoa chave no 
crescimento da igreja e ele deve incentivar o seu rebanho nesta direção. 
Sem a participação efetiva do pastor difi cilmente a igreja crescerá.
e. O descobrimento dos dons espirituais – Wagner trabalhou bastante a 
questão de que cada membro da comunidade deve descobrir o seu dom 
espiritual e colocá-lo a serviço da igreja para que ela venha a crescer.
f. A tarefa evangelizadora – O evangelismo é prioritário sobre todas as 
outras atividades de igreja.
2.2.2. As principais críticas ao movimento1
a. Este movimento exportou muitas das suas ideias a todas as partes 
do mundo, mas não levou em consideração os contextos dos povos e 
igrejas onde ele chegava. Assim, é possível ver líderes em regiões pobres 
tentando aplicar uma metodologia que era perfeitamente lógica no rico 
contexto norte-americano, mas que não fazia nenhum sentido fora daquele 
ambiente, especialmente em lugares da África, Ásia e América Latina.
b. Este movimento dá prioridade à questão numérica da igreja em 
detrimento do crescimento qualitativo. Naturalmente que quando 
questionados a este respeito, os seus defensores negaram esta crítica, 
todavia, fi ca nítido nos escritos dos principais proponentes que há uma 
preocupação maior com o número de pessoas aderindo a uma igreja do 
que com o estado dessas pessoas e da própria igreja.
1 Os autores latino-americanos que mais criticaram este movimento foram: 
Orlando Costas, René Padilla e Samuel Escobar. Destes, creio que Costas se destaca 
porque além da crítica ofereceu contribuições para o enriquecimento desta trajetória da 
igreja rumo ao seu crescimento. As contribuições de Costas vamos estudar na Unidade 3. 
Ver a minha tese de doutorado: “Orlando Enrique Costas: mission theologian on the way 
and at the crossroad” Fuller Theological Seminary, 1993, para uma visão completa deste 
autor sobre o tema.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA30
c. Pouca importância foi dada a outros aspectos vitais da missão 
da igreja. Um destes é a diaconia (serviço). Quase nada se fala entre 
estes autores a respeito do envolvimento da igreja na mudança das 
estruturas pecaminosas da sociedade por meio uma diaconia bíblica. 
Este aspecto não é negado por eles, mas também não é enfatizado e, 
quando mencionado, ocupa lugar de menor destaque, pois a prioridade é 
a evangelização que leva ao crescimento numérico.
d. Finalmente, este movimento contribuiu para que a dicotomia entre 
evangelização e ação social fosse aumentada, colocou a primeira como 
prioridade sobre a segunda. Assim, os autores não conseguiram perceber 
que a Bíblia e principalmente Jesus Cristo, não separam as pessoas 
em compartimentos e que Deus quer a restauração harmoniosa do ser 
humano em todo o seu ser.
Exercício de Fixação - 07
A igreja deve crescer porque:
a) Líderes dedicados buscam inevitavelmente crescimento.
b) É a consequência natural de uma igreja que segue um bom modelo 
de crescimento.
c) É dá vontade de Deus que igreja cresça.
d) Igrejas assim busca avivamento
e) Os líderes precisam ter igrejas grandes para investir mais na missão.
2.2.3. As principais contribuições do movimento
a. Nos seus primórdios, ele contribuiu para desafi ar o movimento missionário 
a ter um envolvimento mais próximo com o povo evangelizado. As missões 
estavam se tornando um gueto nos países onde haviam se instalado e os 
missionários tinham pouco contato com o povo, pois fi cavam isolados em 
suas vilas missionárias e saiam de lá apenas para realizar os trabalhos 
evangelísticos. Com isso o crescimento da igreja já não acontecia mais, pois 
não havia parceria entre os missionários e os líderes locais.
31Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
b. Trouxe também desafi os para as denominações norte-americanas que 
não mais se preocupavam com a evangelização do ser humano. Com a 
infl uência do chamado “evangelho social”, muitas igrejas perderam por 
completo todo e qualquer desejo de pregar a salvação no sentido espiritual, 
preocupadas que estavam com a salvação social do indivíduo. O movimento 
critica esta situação e chama às igrejas de volta a um trabalho evangelístico.
Saiba mais
O movimento do “evangelho social”, liderado pelo teólogo batista 
americano Walter Rauschenbusch (1869-1918) difundiu-se nos 
países anglo-saxões. O pensamento básico do “social gospel” 
consistia em priorizar a missão social e política da igreja em 
detrimento da evangelização. Houve uma natural reação dos 
chamados teólogos fundamentalistas que assumiram uma posição 
oposta priorizando apenas o aspecto da proclamação do evangelho 
em detrimento das questões sociais e éticas do evangelho. Carlos 
Queiroz, “Missão Integral” s/d.
c. Infl uenciou o desenvolvimento de um novo ramo de estudos na teologia 
que hoje é conhecido como “missiologia”. Ninguém pode negar que os 
professores do Fuller tiveram uma enorme participação na implantação 
de cadeiras de missões nos seminários mundo afora. Com isto, quebrou-
se um pouco o elitismo acadêmico em que somente as teologias bíblicas 
e sistemáticas recebiam atenção.
2.3. Bases bíblicas para o crescimento de igreja
Naturalmente que ao falar de crescimento de igreja estamos 
estabelecendo que ela necessitará compartilhar o evangelho de Cristo 
com outras pessoas. Isso por si só já constitui um problema na sociedade 
pós-moderna.| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA32
Nesta sociedade essencialmente liberal, relativa e plural em todos os 
sentidos como a igreja proclamará uma verdade que crê não ser uma, 
mas a verdade? Que não é relativa, mas absoluta?
Primeiramente, se cremos que a Bíblia é o nosso livro de fé e prática, 
precisamos olhar para ela e derivarmos dela a nossa autoridade para a 
proclamação do evangelho.
Já pontuamos na Unidade 1 a importância da Grande Comissão de Mateus 
28:18-20. Há na literatura cristã excelentes estudos sobre esta famosa 
passagem. Jesus Cristo antes de partir para reassumir a sua glória instruiu 
os seus seguidores para que andassem pelo mundo fazendo discípulos. 
Não diz para fazer discípulos da igreja, mas de todos os povos, todas as 
etnias. Todavia, ao instruir que os novos seguidores fossem ensinados 
e batizados Jesus estava explicitamente dizendo que essas pessoas 
formam uma comunidade. No dizer de Paulo, elas formam uma nova 
humanidade, ou conforme a versão King James Atualizada, “um novo ser 
humano” (Ef 2:15). O batismo, antes de ser um rito, é uma incorporação na 
vida comunitária, é a aceitação e inclusão em uma nova família, a igreja.
2.3.1. A vida e ministério de Jesus Cristo
A vida do próprio Jesus estabelece o exemplo da importância de transmitir a 
mensagem de Deus. Logo no início do evangelho de João somos informados 
que o Cristo encarnou-se e veio habitar na terra. Era o Deus Conosco em 
forma concreta e visível. O evangelista faz uma afi rmação interessante: 
“Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:4). Mas adiante ele 
diz que essa luz ilumina a todo o homem (v. 9). Note que João faz referência 
ao escopo universal da missão de Jesus: luz para toda a humanidade.
Jesus afi rma que veio ao mundo para buscar e salvar quem estava perdido 
(Lc 19:10). Este é centro de sua atividade missionária. Em outro lugar ele 
afi rma que quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus (Jo 
3:3), e aos judeus declarou abertamente que quem nele cresse teria a 
vida eterna (Jo 6:47) e isto signifi ca obviamente não morrer eternamente 
(Jo 11:25). Ele afi rma ser o caminho de regresso a Deus (Jo 14:6) e 
33Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
adverte que pessoas podem até mesmo conquistar todas as coisas que 
este mundo pode oferecer, mas o que adiantaria tudo isto se essa pessoa 
perdesse a sua alma (Mt 16:26). Por isso, ensina que é melhor ajuntar 
tesouros no céu onde não existe a menor possibilidade que venha a ser 
perdido ou corrompido (Mt 6:19; Mc 10:21).
No Novo Testamento é correto afi rmar que há um forte sentido escatológico 
para o termo salvação: salvação do pecado, do julgamento, da condenação 
e da “ira” de Deus. Todavia, também pode ser usado para libertação da 
morte, doença, possessão demoníaca, escravidão do mal ou qualquer 
sorte de calamidade. Em Jesus todas estas dimensões são concretizadas.
Esta salvação, então, que Jesus oferece não é meramente uma transferência 
do domicílio terreno para o celestial. É uma vida totalmente nova, modelada 
na pessoa dele que é o protótipo de como Deus quer que vivamos. Uma vida 
plena e abundante (Jo 10:10). É esta salvação que a igreja foi comissionada 
a proclamar. Ela é integral e visa o ser humano em sua totalidade.
2.3.2. A vida e ministério do apóstolo Paulo
Qualquer refl exão sobre o crescimento da igreja precisa passar pela 
pessoa de Paulo. A Revista Super Interessante publicou em 2003 uma 
matéria cujo título causou curiosidade: Paulo: o homem que inventou 
Cristo. O conteúdo versa sobre como ele foi a pessoa por detrás do 
estabelecimento do cristianismo. 
Saiba mais
Paulo desempenhou um papel maior na evangelização dos 
primeiros cristãos”, diz o biblista Jerome Murphy-O’Connor, 
professor da Escola Bíblica e Arqueológica de Jerusalém e um dos 
maiores estudiosos do santo. 
O historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro (UFRJ), especialista em cristianismo e judaísmo antigos, 
concorda: “O cristianismo, tal como existe hoje, deve muito a Paulo. 
Se não fosse o apóstolo, ele provavelmente não teria passado de mais 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA34
uma seita judaica”. Isso não quer dizer que o trabalho dos 12 apóstolos 
tenha sido irrelevante, mas eles pregaram numa região, a Palestina, 
que viria a ser devastada pelos romanos entre os anos 66 e 70. 
“Sem dúvida, Paulo foi o apóstolo que teve maior repercussão com 
o passar dos séculos”, afi rma o teólogo Pedro Lima Vasconcellos, 
professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da 
Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo.
Fonte: https://super.abril.com.br/historia/o-homem-que-inventou-cristo/
Não há como negar que sem a conversão e depois o entusiasmo e zelo 
de Paulo o cristianismo não teria tido o avanço que teve e na velocidade 
como aconteceu. Ele foi a pessoa que mais entendeu o propósito da 
vinda de Cristo ao mundo. Para ele não havia a menor possibilidade de 
existir a igreja divorciada de uma íntima relação como o seu Salvador.
Assim, é bastante forte em Paulo o conceito de que a igreja é o povo de Deus. 
Antes de ser qualquer organização ou instituição ela é o ajuntamento de 
pessoas que seguem os mandamentos do Filho de Deus. A igreja é a nova 
humanidade formada como resultado do recebimento do evangelho da paz 
anunciado pelo Messias. Assim ele narra que Cristo “é a nossa paz. De ambos 
os povos [judeus e gentios] fez um só e, derrubando o muro da separação, em 
seu próprio corpo desfez toda a inimizade... para em si mesmo criar do dois 
um novo ser humano, realizando assim a paz” (Ef 2:14-15).
Agora, Cristo e a igreja estão em uma íntima associação, que é um 
mistério. Ao narrar sobre o casamento, Paulo faz uma analogia para o 
relacionamento de Cristo e a igreja e então ele conclui: “Este é um mistério 
grandioso; refi ro-me, contudo, à união entre Cristo e sua Igreja” (Ef 2:32). 
Os textos abaixo descrevem o que Paulo ensinava sobre este tema:
• Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, 
é membro desse corpo (1Co 12:27)
• Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e 
esses membros não exercem todos a mesma função, assim também 
em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada 
35Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
membro está ligado a todos os outros (Rm 12:4-5).
• Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos 
membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um 
só corpo, assim também com respeito a Cristo (1Co 12:12).
• Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a 
qual vocês foram chamados é uma só... (Ef 4:4).
• Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês e completo no meu 
corpo o que resta das afl ições de Cristo, em favor do seu corpo, que 
é a igreja (Cl 1:24).
• Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o 
alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois 
somos membros do seu corpo (Ef 5:29-30).
• Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram 
chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E 
sejam agradecidos (Cl 3:15).
• Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito 
dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia (Cl 1:18).
• Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, 
cresce e edifi ca-se a si mesmo em amor, na medida em que cada 
parte realiza a sua função (Ef 4:16).
• Vocês não sabem que os seus corpos são membros de Cristo? 
Tomarei eu os membros de Cristo e os unirei a uma prostituta? De 
maneira nenhuma! (1Co 6:15). 
Foi esse entendimento da igreja como o corpo de Cristo que motivou 
Paulo a realizar suas viagens missionárias, plantar novas igrejas, se 
interessar pelo desenvolvimento de cada uma, conforme atesta suas 
cartas, e ainda por não descansar até ver Cristo conhecido em lugares 
onde o evangelho ainda não havia sido anunciado: “Sempre fi z questão 
de pregaro evangelho onde Cristo ainda não era conhecido, de forma 
que não estivesse edifi cando sobre alicerce de outro. Mas antes, como 
está escrito: ‘Hão de vê-lo aqueles que não tinham ouvido falar dele, 
e o entenderão aqueles que não o haviam escutado’” (Rm 15:20-21). 
Inclusive é isso que ele pede aos cristãos de Éfeso: “Orem também por 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA36
mim, para que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fi m de que, 
destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou 
embaixador preso em correntes. Orem para que, permanecendo nele, eu 
fale com coragem, como me cumpre fazer” (Ef 6:19,20). Paulo continua 
sendo uma inspiração a todos nós que seguimos a Jesus Cristo. 
Certamente, não temos espaço aqui para desenvolver toda a teologia 
paulina sobre a igreja. Há inúmeras fontes bibliográfi cas disponíveis sobre 
o tema. Mas, é importante ressaltar como incentivo para os cristãos de 
hoje que o evangelho somente tem sentido quando compartilhado com 
o outro. O cristianismo é, e Paulo deixa isso bem claro, a religião para o 
outro, pois sem o outro não há absolutamente a necessidade da igreja e 
mesmo do evangelho.
2.4. Tipos de crescimento
Temos basicamente três tipos de crescimento de igreja. O primeiro é o 
crescimento biológico. Ele ocorre pela simples geração de fi lhos e fi lhas 
dos cristãos. Igrejas com casais novos vão experimentar este tipo de 
crescimento em grande escala. Devemos lembrar que a Bíblia valoriza 
bastante o papel das crianças nos lares e que é dever de todos os pais e 
mães educarem suas crianças nos caminhos do Senhor. Devemos notar 
ainda que a maioria das conversões se dá até a idade de 17 anos.
Permita-me uma digressão aqui. Relacionado com o tema das crianças, 
creio que a igreja perde uma grande oportunidade de incentivar os 
infantes das igrejas a ser tornarem missionários. Não podemos nos 
esquecer que os fi lhos e fi lhas dos cristãos estão também inseridos na 
sociedade. São alunos de escolas, frequentam atividades esportivas, são 
convidados para festas de aniversários etc. Nossas crianças podem levar 
seus amigos e amigas para alguma atividade especial que a igreja possa 
promover. Certamente, esta é uma grande oportunidade de apresentar o 
evangelho para estas famílias.
O segundo é o crescimento por transferência. Naturalmente que com 
37Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
tantas igrejas disponíveis para congregar é bem provável que exista uma 
grande circulação de crentes por elas. O tempo da fi delidade doutrinária 
ou apego por uma tradição eclesiástica específi ca fi cou para trás há 
tempos. As razões que levam alguém a se transferir de comunidade para 
outra são as mais diversas possíveis: desavenças de todos os tipos; 
desgosto com o ambiente; mudança de cidade ou bairro; convite de 
amigos ou familiares; adaptação das crianças nos programas da igreja; 
busca por melhor estrutura para fi lhos adolescentes e jovens; espaços 
mais adequados e confortáveis; estilo de música; louvor de boa qualidade; 
profundidade da pregação e estudos bíblicos; células familiares próximas 
de casa; etc.
Assim sendo, da mesma maneira que uma igreja pode receber muitas 
pessoas por transferência, ela também pode perder muitas destas 
pessoas. O crescimento por transferência não estende o reino de Deus, 
mas traz muita visibilidade para a igreja local, pois ela começa a ser 
comentada na cidade como uma “boa igreja”, como uma igreja que tem 
muitas qualidades e recursos para oferecer. Naturalmente que isto gerará 
desejos de ser conhecida e visitada.
Finalmente temos o crescimento por conversão. Este crescimento 
ocorre quando alguém de forma consciente e inteligente deposita sua 
fé em Jesus Cristo para a sua salvação. Eventualmente esta pessoa 
será ensinada, batizada e se tornará membro da igreja local. Donald 
McGavran diz: “Esse é o único tipo de crescimento pelo qual as boas 
novas da salvação podem se espalhar para todos os segmentos da 
sociedade e para os limites mais remotos da terra. A Grande Comissão 
exige, evidentemente, um enorme crescimento de conversão” (https://
churchleaderinsights.com/3-kinds-of-church-growth/).
O que deve fi car patente aqui é que Deus deseja que a sua igreja cresça 
espalhando a semente do evangelho por todos os lugares conforme 
lemos na parábola do bom semeador (Mt 13; Mc 4 e Lc 8). Não faz 
nenhum sentido a igreja existir apenas para si mesma ou crescer apenas 
biologicamente e por transferência.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA38
Exercício de Aplicação - 08
Olhando para a realidade atual, o que mais se vê é a rotatividade 
de crentes entre igrejas, inclusive muitas pessoas passaram por 
diversas igrejas ao longo de poucos anos, fi liando-se a elas, fazendo 
parte de sua membresia. Olhando para este tópico, o nome dado a 
este tipo de crescimento é:
a) Crescimento biológico.
b) Crescimento por divisão de outras igrejas.
c) Crescimento celular.
d) Crescimento por transferencia.
e) Crescimento orgânico.
2.5. Os responsáveis pelo crescimento da igreja
Se Deus deseja que a igreja cresça isto naturalmente implica em que o seu 
povo seja o instrumento para que isso ocorra. Temos em tese dois grupos 
responsáveis para que o crescimento ocorra: pastores e membros das igrejas.
2.5.1. O papel do pastor no crescimento da igreja
O papel da liderança pastoral já foi estabelecido nas cartas paulina: 
capacitar ou equipar os santos para o ministério. Mais e mais isto tem 
que se tornar uma realidade. Igrejas nas quais os pastores e pastoras 
estão somente preocupados em pregar um bom sermão ou administrar 
os problemas das igrejas, mas sem tempo para o discipulado ou para 
preparar o povo para testemunhar no dia a dia, raramente experimentam 
algum tipo de crescimento. Esse ministério da capacitação é crucial na 
renovação da vida da igreja.
A verdade que precisamos afi rmar é que o ministério do discipulado é uma 
das tarefas mais difíceis dentre as muitas atividades pastorais. Talvez 
a razão principal desta difi culdade seja que este ministério toma muito 
tempo e energia pastoral. Uma difi culdade para a falta do discipulado 
39Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
é que muitos líderes não foram discipulados quando convertidos ou 
não tiveram este aprendizado durante o treinamento ministerial. Isto 
naturalmente leva a não realização desta parte da Grande Comissão e 
consequentemente muitos cristãos fracassam em suas vidas e assim 
perdem o potencial de compromisso com o reino de Deus.
É um paradoxo pensar que a arte de fazer discípulos, prática tão comum 
nas Sagradas Escrituras, é algo ainda pouco exercido por muitos pastores, 
justamente eles que passaram tanto tempo nos seminários estudando 
a Bíblia. Pastores no Brasil, principalmente nas denominações mais 
tradicionais, são louvados por suas capacidades de oratória, mas não 
por causa da ênfase no treinamento dos membros de suas igrejas. 
O problema disto tudo é que justamente este ministério é o que mais 
contribui não só para o crescimento da igreja, mas também para uma 
melhor compreensão do papel do crente na sociedade de hoje. É este 
ministério que irá ajudar o fi el a relacionar a sua fé com o mundo e não 
fugir deste por causa da sua fé. 
Enquanto os pastores não atentarem para esta realidade, o crescimento 
da igreja local será uma tarefa quase que impossível. Mark A. Finley, em 
um pequeno artigo, antigo, mas ainda atual, intitulado O pastor: chave para 
o crescimento da igreja apontou para este fato com muita propriedade.
A pessoa chave no inteiro processo do crescimento de 
igreja é o pastor. A igreja que tiver um pastor que creia 
que é da vontade de Deus que a sua igreja cresça e que 
compreenda que o propósito da igreja é redentivo, ver 
a sua igreja crescer. Se o crescimento da igreja é tão 
somente uma das muitas opções congregacionais, o 
mesmo será inconsistente e esporádico. Qualquer pastor 
que for sensível a direção do Espírito Santo, que leva a 
autoridadeda Bíblia com seriedade, e que ora inteligente 
e sistematicamente sobre as suas prioridades em como 
capacitar a sua igreja, verá crescimento (1982, p.4).
Estes fatos não estão sendo mencionados para que o pastor se orgulhe 
de sua posição na igreja. Isto está sendo dito justamente para mostrar 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA40
que o pastor como líder de sua comunidade tem a obrigação de conduzir 
o seu rebanho com dedicação e fi delidade ao chamado de Deus.
Uma das muitas maneiras do pastor mostrar esta fi delidade, é reconhecer 
que as ovelhas do seu rebanho também possuem dons outorgados por 
Deus. O papel do pastor como líder é reconhecer estes dons e encorajar 
os crentes a coloca-los em prática. Isto é muito difícil para a maioria 
dos pastores. Difícil porque muitos deles veem-se a si mesmos como a 
principal e mais importante fi gura dentro da igreja que pastoreiam. Listo 
algumas atividades pastorais que podem levar ao crescimento da igreja.
a. Estimular o rebanho
O pastor não somente supervisiona o rebanho, mas a ele cabe 
principalmente a tarefa de estimular os crentes à obra do Senhor. Se 
isto não acontecer, a igreja pode chegar ao ponto de eventualmente não 
precisar deste líder. Para estimular o rebanho, o pastor tem que passar 
por um processo de refl exão e atingir um certo grau de maturidade para 
que possa exercer o dom de estimular outros ao serviço. Caso isto não 
aconteça, o pastor consciente ou inconscientemente exercerá a função 
de “podador” dos sonhos e aspirações do povo de Deus.
b. Prover oportunidades missionais
Se a função da ovelha é gerar outras ovelhas, a função do pastor é 
prover avenidas ministeriais para que o crente venha a exercer a sua 
vocação. Esta responsabilidade cabe ao pastor e à liderança da igreja 
e não somente aos crentes. Para ser este provedor de oportunidades, a 
liderança tem que passar por um processo de mudança de paradigma. O 
nosso padrão de igreja está fundamentado na tradição que divide pastor 
e leigo. Para que isto aconteça a liderança deve ver o povo, principalmente 
aqueles que também têm habilidade de líder, não como competidores 
pelo “sucesso” do trabalho realizado, mas como pessoas que desejam 
ver o reino de Deus expandido.
Portanto, para que o crescimento ocorra pastores e pastoras precisam 
repensar a igreja a partir da missio Dei e não tanto a partir das tradições de sua 
denominação. Uma igreja missional é uma igreja bem liderada e harmoniosa 
na tarefa de proclamar com palavras e ações o evangelho de Cristo.
41Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Exercício de Aplicação - 09
Em qual das realidades o pastor exerce a função de ser o responsável 
pelo crescimento da igreja?
a) Quando estimula o rebanho, ensina e treina para a proclamação do 
evangelho.
b) Quando os membros das igrejas são os principais responsáveis pelo 
amadurecimento da igreja.
c) Quando o pastor é um administrador, atuando principalmente na gestão 
da igreja. 
d) Quando o pastor divide com os membros o amadurecimento da igreja.
e) Quando apenas os líderes e supervisores de células podem produzir o 
crescimento da igreja.
2.5.2. O papel do povo de Deus no crescimento da igreja
O dicionário assim defi ne o termo “leigo”, que muitas vezes é 
erroneamente usado por líderes cristãos: “aquele que não tem ordens 
sacras ou é estranho ou alheio a um assunto”. Assim, o leigo é aquela 
pessoa que não possui o conhecimento teológico profi ssional do clérigo. 
Uma defi nição sociológica diria que é aquele que ganha o seu sustento 
em uma ocupação secular e não pelo serviço à igreja. 
Estas defi nições partem do negativo. A palavra leigo vem do grego laos
que em temos gerais signifi ca “todo o povo”. A frase ho laos to Theou, 
quando aplicada à igreja signifi ca: “o povo de Deus.” Neste sentido, todas 
as pessoas que foram incorporadas ao corpo de Cristo são laos, um povo 
chamado por Deus com uma missão especial neste mundo. As seguintes 
passagens bíblicas ilustram este fato: Atos 15:14; Hebreus 4:9 e 1Pedro 
2:10. Todas referem-se ao povo como pertencendo a Deus. Estes autores 
não fazem distinções entre o clero e o corpo de fi éis. Da dualidade greco-
romana da cidade-estado (polis), a igreja primitiva tomou emprestado as 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA42
distinções de kleros (magistrado) e laos (povo). Logo, se tornou comum 
falar de kleros e laos, o clero e o laico ou leigo.
Este desvio das Escrituras nos levou à tradição de devotar um lugar 
especial para os clérigos e praticamente nenhuma responsabilidade aos 
então chamados leigos no desenvolvimento da igreja. Essa dicotomia 
não encontra respaldo nas Escrituras, mas sim na tradição das igrejas 
evangélicas por meio de práticas, conceitos ultrapassados e muita 
racionalização. O problema é que isto é disseminado não somente entre 
a liderança, mas também entre os membros.
Esta dicotomia precisa ser superada para que se restaure o modelo 
bíblico de ministério e leve a igreja ao crescimento. O primeiro passo para 
esta mudança deve ser dado pelos pastores. Os líderes precisam de uma 
renovação teológica e de um entendimento correto do papel do povo no 
plano de Deus para a igreja e para o mundo. 
Outro obstáculo para que o ministério do povo de Deus não se desenvolva é 
que os próprios crentes menosprezam ou dão pouco valor àquilo que Deus 
dispensou a eles. Se esta discussão for aplicada ao contexto brasileiro 
veremos que em algumas denominações poucas pessoas que não são 
pastores têm tido papel em sua liderança. Na igreja local esta liderança 
quando existente está sempre atrelada à vontade e desejo dos pastores.
Quando olhamos para as igrejas no Brasil, não existe dúvidas de que 
muitas delas estão crescendo bem abaixo daquilo que se esperaria, 
mesmo aquelas que se orgulham de possuir “o verdadeiro evangelho” 
ou a melhor das tradições e doutrinas. Seria de se esperar, portanto, um 
crescimento formidável entre elas, o que não ocorre.
Note o interessante comentário, feito em 1972, por Charles Gates que 
publicou um estudo que realizou no Brasil. Ele diz que:
As igrejas tradicionais no Brasil não experimentarão 
um rápido crescimento como visto entre as igrejas 
pentecostais a menos que haja mudanças funcionais 
e estruturais em seus meios. Deve haver por parte 
43Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
do leigo um maior desejo e prontidão em se envolver 
mais com a vida de suas igrejas. Deve haver uma 
prontidão entre os pastores em aceitar a cooperação 
dos membros de suas igrejas para que o crescimento 
ocorra (1972, p. 64).
O problema detectado por Gates ainda é o mesmo hoje. O crescimento de 
qualquer igreja não está nas mãos dos pastores — ainda que eles sejam 
responsáveis pelo mesmo —, mas nas mãos de milhares de fi éis que 
diariamente se misturam com os brasileiros das mais variadas camadas e 
segmentos da sociedade.
Tradicionalmente, os membros das igrejas foram considerados pessoas 
que precisavam ser servidas, protegidas e alimentadas. Isto tem sido 
perpetuado por uma má compreensão dos pastores e dos próprios 
crentes. A maioria dos seminários teológicos não ensinam sobre a 
teologia do povo de Deus. Os pastores, portanto, não estão preparados 
para trabalhar com o povo de Deus, mas para este povo, assumindo 
muitas vezes uma função meramente sacerdotal de ministério.
Quando os cristãos são reconhecidos como parceiros de ministério, 
alguns resultados podem acontecer:
• Remover a falsa concepção de que o ministério pastoral tem um 
“quê” de divino e de uma experiência com Cristo diferente dos demais 
membros da igreja.
• Dirimir as dúvidas para os fi éis, bem como para os pastores, de que 
Deus mesmo chamou a todos para o seu serviço.
• Responsabilizar a todos os membros da comunidade na tarefa da 
expansão do reino de Deus.
• Produzir um impacto total da comunidade cristã sobre o mundo não 
cristão.
Concluindo, o povo de Deus precisa ser encorajado e equipado para usar 
os seus dons espirituais. É tarefado pastor descobrir uma metodologia 
adequada para que isto ocorra. Esta metodologia deve refl etir o contexto 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA44
onde a igreja está inserida. Vejamos como foi descrito o trabalho dos 
cristãos do primeiro século: 
Assim como na igreja primitiva não havia distinção 
entre ministros de tempo integral e leigos, quanto à 
responsabilidade de difundir o evangelho por todos os meios 
possíveis, também não havia distinção entre os sexos nesta 
questão. Era ponto pacífi co que todos os cristãos eram 
chamados para serem testemunhas de Cristo, com a vida 
e com as palavras. Todos deveriam ser apologistas, pelo 
menos a ponto de poderem dar satisfação da esperança 
que havia neles. Isto incluía as mulheres, com toda a 
certeza. Elas desempenham um papel importantíssimo na 
propagação do evangelho (Green, 1984, p. 215).
Assim sendo, cada cristão que tem o desejo de ser útil no reino de Deus e 
no serviço cristão deve se juntar a esta linhagem de homens e mulheres 
que no decorrer dos tempos vêm fazendo grandes coisas para o Senhor 
e deve se perguntar: “qual é o meu dever espiritual?”
Exercício de reflexão - 10
Tendo em vista que os pastores são os principais responsáveis 
pelo crescimento da igreja e isso se dá a partir do discipulado, 
treinamento e capacitação dos membros. Descreva quais seriam 
os conteúdos que deveriam ser contemplados para que uma igreja 
local tenha seus líderes devidamente preparados para contribuir 
com seu crescimento. Por se tratar de um exercício de refl exão, 
descreva refl etindo sobre o porquê dos conteúdos.
Referências bibliográfi cas
FINLEY, Mark A. Industrialization: Brazil Catalyst for Church Growth. 
South Pasadena: William Carey Library, 1972.
GREEN, Michael. Evangelização na Igreja Primitiva. São Paulo: Editora 
Vida Nova, 1984
45Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
UNIDADE 3 – CRESCIMENTO INTEGRAL E ENCARNAÇÃO
3.1. O mistério da igreja
A igreja que queremos não será nunca uma realidade pois tudo o que 
acontece na igreja é temporário. Ela somente será uma realidade naquele 
dia em que o reino for consumado conforme promessa de Jesus Cristo. 
Por isso, devemos ter em mente duas coisas a respeito da igreja. 
A primeira é que ela, em união com Cristo, é um mistério: “Este é um 
mistério profundo; refi ro-me, porém, a Cristo e à igreja” (Ef 5:32). Querer 
entender e dissecar a igreja como se ela fosse um amontoado de coisas 
é uma impossibilidade. Podemos refl etir sobre tudo a respeito da mesma, 
mas tendo sempre em mente que a igreja é um mistério.
O segundo aspecto que precisamos observar é que a igreja está a 
caminho de ser o que ela não é hoje, em outras palavras: ela será aquilo 
que Jesus planejou e não o que vemos hoje. O apóstolo Paulo nos ensina 
que “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, a fi m de a 
santifi car, tendo-a purifi cado com a lavagem da água, pela palavra, para 
apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem 
qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5:25-27). Note 
que o próprio Cristo está encarregado de preparar a igreja para o fi m dos 
tempos. Veja ainda que ele apresentará a igreja a si mesmo. Ou seja, 
ele sabe que a igreja que entrará no reino eterno está em processo e 
quando chegar o dia de ela entrar triunfalmente no neste reino, ele não 
terá nenhuma surpresa pois ele mesmo a preparou para aquele dia.
Naquele dia, na consumação dos tempos, a igreja será então santa e 
sem defeitos. Por isso, juntos, o apóstolo Paulo e tantos outros que nos 
antecederam, cremos que a nossa lealdade é com o evangelho de Jesus 
Cristo. Ele estava sempre pronto a anunciar o evangelho (Rm 1:15; 15:20; 
1Co 1:17 e 9:16) e declarou que tudo fazia por causa do evangelho: “Faço 
tudo isso por causa do evangelho, para ser co-participante dele” (1Co 
9:23). Assim, não somente tudo o que acontece com a igreja é temporário, 
como qualquer crítica a ela também é temporária. Ainda que seja uma 
crítica válida, ela é para hoje apenas.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA46
Parece-me que em nossa pressa em apontar as falhas da igreja, ainda 
que válidas, precisamos ter em mente que as nossas observações 
devem ter como motivação a causa do evangelho. É o próprio evangelho 
ao ser proclamado — também dentro da igreja — que é o corretivo para os 
alarmantes desvios da mesma.
Orlando Costas, autor primário que vamos estudar nesta unidade, propõe 
uma pastoral social,
[...] que leve a sério o caráter pastoral da igreja, a situação 
concreta dos povos latino-americanos, a herança da 
Reforma do Século 21 e a tradição evangélica latino-
americana. A proposta pressupõe uma interpretação 
missiológica da pastoral, defi nindo-a como a expressão 
prática da missão com uma dimensão dupla: ao interior 
da igreja, com o propósito de renová-la, e ao exterior 
da mesma, para ajudá-la a encarnar-se na sociedade e 
contribuir com sua transformação integral (1984:14).
Saiba mais
Orlando E. Costas (1942-1987) nasceu em Porto Rico e faleceu 
nos Estados Unidos, vitimado por um câncer, aos 45 anos de 
idade. Era pastor e teólogo batista. Graduou-se doutor em teologia 
e missiologia nos Estados Unidos. Foi reitor e professor do 
Seminário Bíblico Latino-Americano de Costa Rica; fundou o Centro 
Evangélico Latino-Americano de Estudos Pastorais (CELEP), em 
1973, em San José, Costa Rica. Atuou como administrador da 
faculdade do Eastern Baptist Theological Seminary, na Filadélfi a, 
onde também foi professor de missiologia e diretor de estudos 
hispânicos.Além disso, ocupou o cargo de segundo vice-presidente 
do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) e, na ocasião 
de seu falecimento, atuava como professor no Andover Newton 
Theological School, em Massachussetts, e como vice-presidente 
da Fraternidade Teológica Latino-Americana.
47Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Nota do professor da matéria: Costas graduou-se no seu doutorado 
na Universidade Livre de Amsterdã, Países Baixos, sob a supervisão 
do missiólogo Johannes Verkuyl (1908-2001) que deixou sobre ele 
grande infl uência.
Fonte: https://ejesus.com.br/orlando-costas-e-a-igreja-brasileira/
Quando estudamos sobre o desenvolvimento integral da igreja estamos 
imediatamente remetendo o tema para a missão da igreja (missio 
ecclesiae). Muitos teólogos têm feito verdadeiro artifício para fazer uma 
teologia divorciada da missão. É simplesmente sem propósito essa 
relutância, tendo em vista que não existe teologia sem a missão. Fazer 
teologia ignorando a missão é o mesmo que tentar respirar sem ter o 
ar, é elaborar sobre o nada, é uma viagem no vácuo. A famosa frase de 
Emil Brunner precisa ser lembrada: “A igreja existe pela missão, assim 
como o fogo existe pela combustão. Onde não existe missão, não existe 
igreja; e onde não existe nem missão nem igreja, não existe fé [teologia]” 
(1931, p. 108). Martin Kähler também expressou de forma similar: 
“Missão é a mãe da teologia” (Bosch, 2002, p. 34).
Seria interessante lembrar as palavras de Judo Poerwowidagdo quando 
aponta a communio sanctorum como a
[...] comunidade que é distinta de outras comunidades 
porque foi Deus quem a ajuntou e não por causa da 
concordância social e política de seus membros. Eles 
não pertencem à ‘comunidade’ por causa de propósitos 
ou interesses mútuos. Não é uma comunidade por causa 
de um contrato sócio-político, nem por associação 
profi ssional. Ela é uma comunidade em continuidade, 
com seu início no Novo Testamento quase dois milênios 
atrás. Ela continua até o presente momento, e continuará 
até o eschaton, isto é, até a completude do reino de 
Deus. A sua existência continua não depende de seus 
membros, mas de uma ordenança divina (1994, p. 21).
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA48
O nosso ponto de partida para o desenvolvimento da igreja é sempre 
a missio Dei que engloba a refl exão teológica da ação de Deus tanto 
na criação como na redenção. Isso signifi ca que a missio Deicontém a 
missio ecclesiae e não o contrário. 
Tendo feito esta introdução sobre a importância da igreja, descrevo 
agora em detalhes aquilo que julgo ser a melhor contribuição para o 
crescimento de igreja feita Costas ao contribuir para o entendimento do 
crescimento da igreja em quatro dimensões. 
Exercício de Reflexão -11
Logo na introdução dessa unidade, vimos que a igreja está longe de 
ser aquilo que desejamos e querer entende-la é de certa forma uma 
impossibilidade. Para algumas pessoas é frustrante se deparar com 
problemas e confl itos, e a igreja é um lugar com essas situações e 
outras mais. Ao pensar a respeito da igreja, você consegue ter essa 
perspectiva de que ela está em um processo de aperfeiçoamento? 
Como lida com a realidade de que somente na consumação dos 
tempos a igreja será santa e sem defeitos? 
3.2. As dimensões do crescimento de igreja
Para se conhecer o racional por trás do conceito de crescimento integral 
de Costas (1983, p. 102) é necessário observar como ele explica estas 
dimensões. Quatro dimensões de crescimento fl uem da realidade de que a 
igreja é uma companhia crescente de pessoas compromissadas na jornada 
da fé. Como uma comunidade a caminho do reino de Deus, cujos membros 
vivem em comunhão uns com os outros, que são ouvintes e praticantes 
das Palavras de Deus, e que estão compromissados incondicionalmente 
a servir a humanidade no amor do evangelho, a igreja deve experimentar 
o crescimento em quatro direções: no aumento de número de seus 
membros, no desenvolvimento de sua vida orgânica, no aprofundamento 
de seu entendimento da fé, e na efi cácia de seu serviço ao mundo.
49Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Cada uma destas dimensões está relacionada com algum aspecto da 
vida em missão da igreja como eu destacarei a seguir.
3.2.1. Crescimento numérico
Esta dimensão está relacionada com o aumento do número de pessoas 
entre as milhões que não conhecem a Jesus Cristo como Senhor e 
Salvador. Esta é uma parte fundamental da natureza da igreja por ser uma 
comunidade apostólica, enviada ao mundo como herdeira da mensagem 
e comissionamento dos apóstolos. 
Saiba mais
Aos que desejam se aprofundar sobre a natureza missionária 
da igreja a sugestão é ler e estudar o livro de Johannes Blauw. A 
natureza missionária da igreja: exame da teologia bíblica da 
missão. Aste, 1966. Aqui ele desenvolve a ideia centrípeta e 
centrífuga da missão.
Além do mais, a igreja é o sinal do reino de Deus e como tal deve semear a 
semente das boas novas do evangelho a todos e a cada setor da sociedade. 
Neste processo, a igreja se torna o fermento do mundo. Crescimento, para 
Costas, é um sinal fundamental da verdadeira igreja que confi rma que ela 
está participando na ação de expansão do Espírito (1979, p. 37)
Com relação a vida em missão da igreja, este aspecto desafi a a igreja a 
se preocupar com aqueles que estão alienados de Deus, e necessitam da 
reconciliação e incorporação em uma comunidade onde serão amados e 
nutridos. A igreja deve ao mundo a proclamação do evangelho.
Costas expande esta perspectiva em seu livro Compromiso y Misión 
(1979), onde esta dimensão é chamada de “crescimento em profundidade”. 
Aqui, deduzindo de algumas parábolas, ele destaca alguns princípios 
para o crescimento numérico: 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA50
• Semear a semente, 
• Cultivar o solo,
• Podar os galhos secos, isto é, mudar de uma área que não produz 
frutos para um campo mais responsivo,
• Realizar a colheita para não podemos perder frutos preciosos (1979, 
p. 38-47).
Neste aspecto do crescimento numérico, Costas não difere muito 
do Movimento de Crescimento de Igreja — que será estudado mais 
adiante. Lembrando que este crescimento, além da evangelização para 
a incorporação de novos convertidos, pode incluir o crescimento por 
nascimento de fi lhos e fi lhas dos cristãos e por transferência de membros 
de uma igreja para a outra.
3.2.2. Crescimento Orgânico
Se o crescimento numérico é, principalmente, o desenvolvimento externo 
da igreja, alcançando a sociedade com a proclamação do evangelho; o 
crescimento orgânico é o desenvolvimento interno da comunidade da 
fé. Costas diz: “Esta dimensão engloba a forma de governo da igreja, sua 
estrutura fi nanceira, seu estilo de liderança, o tipo de atividades nas quais 
ela investe seu tempo e dinheiro, e sua celebração litúrgica” (1983, p. 102).
Na realidade, o crescimento orgânico está preocupado com aqueles que são 
acrescentados à igreja. Estes novos convertidos devem ser incorporados 
na vida comunitária e a liderança deve inserir cada um deles em algum 
ministério. Um erro muito comum nas igrejas é esperar muito tempo para 
envolver as pessoas em suas atividades. Às vezes exige-se um longo tempo 
explicando-se a tradição daquela igreja, às vezes cai-se no extremo oposto 
de ignorar que as pessoas estão ali. Assim, o tempo vai passando e muitas 
dessas pessoas vão perdendo o entusiasmo e a alegria da nova vida.
Em relação ao aspecto da vida em missão da igreja, este crescimento 
tem a ver com cultura e contextualização, educação cristã e mordomia, 
comunhão e louvor. A igreja necessita ser relevante e signifi cativa onde 
está sendo formada.
51Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Um detalhe importante no crescimento orgânico é o cuidado que se deve 
ter com a chegada de muita gente. É necessário prestar atenção se os 
espaços da igreja são adequados aquele número de pessoas. Como as 
estruturas serão afetadas se cinquenta pessoas são acrescidas? Haverá 
assentos, salas de educação, banheiros, estacionamento, etc.? 
Além dessas questões do espaço, há outras como: os professores 
possuem sufi ciente treinamento para o discipulado? Há gente para cuidar 
das crianças ou para a assistência dos que precisam de ajuda?
Veja que o crescimento numérico pode causar desconforto para os que 
já estão na igreja. Alguns serão incomodados com o jeito de ser desses 
novos que não têm a mesma cultura evangélica. A tudo isso a liderança 
precisa estar atenta.
3.2.3. Crescimento Conceitual 
Costas também chama este tipo de crescimento refl exivo. Ele tem 
a ver com o entendimento da fé; ele “envolve o aprofundamento do 
auto entendimento da Igreja e seu conhecimento da fé, incluindo seu 
entendimento das Escrituras, do desenvolvimento histórico da doutrina 
cristã, e do mundo na qual ela vive e ministra” (1983, p. 103). Este 
crescimento permitirá à Igreja encarar todos os desafi os que o mundo lhe 
apresenta em suas muitas e diversas formas. A igreja, sendo capaz de 
responder criticamente sobre sua fé, evitará se tornar estéril e protegerá 
sua criatividade orgânica, evangelística e ética.
Em relação a vida em missão da igreja, este crescimento se relaciona a 
refl exão crítica a tudo que é pertinente a ela, como a oração, fé, Palavra 
e missão. O pano de fundo para esta refl exão é a realidade concreta 
socioeconômica e histórica nas quais a Igreja está imersa. 
3.2.4. Crescimento Diaconal
Este crescimento também é chamado de encarnacional. É o serviço que 
a Igreja presta ao mundo como uma demonstração concreta do amor 
redentor de Deus. Envolve a ação em direção daqueles que são pobres, 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA52
destituídos e que estão sofrendo a dor que vem de uma situação adversa 
imposta pelas estruturas da sociedade. “A igreja perde, sem esta 
dimensão, sua autenticidade e credibilidade. Somente à medida que a 
igreja é capaz de viabilizar concretamente sua vocação de amor e serviço 
é que pode esperar ser ouvida e respeitada” (1983, p. 103).
Em relação a vida em missão este crescimento se relaciona com o lado 
ético e com a missão da Igreja. Está ligado ao envolvimento da igreja 
com as batalhas coletivas na solução, ou pelo menos, na ajuda quanto 
aos problemas estruturais da sociedade. É necessário que a igreja esteja 
atenta ao que afeta as pessoas de uma maneira geral.
Se a igreja está em um bairro ela precisa observar como é vivernaquela 
localidade, quais são os problemas recorrentes, as necessidades básicas. 
Mesmo sabendo que ela não poderá preencher todas as demandas 
existentes, ela poderá escolher alguns ministérios e envolver o seu povo 
para ser agente de transformação daquela situação. 
Deve fi car bem claro que é nesta dimensão que a igreja ganha ou perde 
a estima das pessoas. Esta é a dimensão que coloca a igreja na rua para 
andar junto com as pessoas. A igreja sai do templo e encontra o povo no 
seu contexto para ministrar a ele.
Exercício de fi xação - 12
A respeito das dimensões de crescimento da igreja no conceito de 
Orlando Costas, é correto afi rmar que:
a) O crescimento numérico possui princípios, o quais são retirados 
de algumas parábolas: semear a semente, cultivar o solo, podar os 
galhos secos e realizar a colheita. (correta)
b) O crescimento orgânico é o desenvolvimento externo da igreja, 
alcançando a sociedade com a proclamação do Evangelho.
c) O crescimento conceitual engloba a forma de governo, a estrutura 
fi nanceira e a sua celebração litúrgica.
d) O crescimento diaconal também pode ser chamado de 
crescimento refl exivo.
53Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
3.3. As qualidades do crescimento da igreja
Vimos como uma igreja pode crescer forma integral. Tenha em mente 
que Orlando Costas escreveu sobre isso na década de 70 e 80. Algumas 
coisas ainda permanecem como desafi os para hoje especialmente 
a dimensão encarnacional. Naturalmente que outros autores fi zeram 
contribuições para enriquecer estas dimensões. Charles Van Engen, 
por exemplo, escreveu um belo texto que deveria ser lido por pastores e 
líderes por uma redefi nição do papel da igreja local (1996). 
Complementando a ideia das várias dimensões do crescimento da 
igreja, Costas sugere ainda que existem três qualidades de crescimento: 
espiritualidade, encarnacionalidade e fi delidade. “Estas três qualidades 
representam as variáveis controláveis do modelo. Elas são os fatores 
com os quais avaliamos qualitativamente os vários tipos de crescimento, 
ou, em outras palavras, os princípios críticos que testam a validade 
teológica do crescimento da igreja” (1983, p. 101). Ou seja, para cada 
dimensão devemos aplicar estas qualidades. Neste sentido, como são 
quatro dimensões aplica-se as três qualidades para cada uma delas. 
Segue um pequeno resumo de cada qualidade.
3.3.1. Espiritualidade 
A espiritualidade está relacionada com o trabalho e a operação do Espírito 
Santo. Ela é o elemento que investiga se existe a vitalidade do Espírito 
no desenvolvimento da igreja. Para avaliar se existe espiritualidade nas 
dimensões do crescimento, três perguntas devem ser feitas:
• A primeira pergunta tem a ver com a inspiração e a motivação. O 
crescimento é inspirado e motivado pelo Espírito Santo?
• A segunda pergunta relaciona o crescimento ao fruto do Espírito. O 
crescimento da igreja refl ete este fruto? 
• A terceira pergunta tem a ver com a ação. O crescimento demonstra 
uma fé alegre, vibrante, amorosa e esperançosa? 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA54
A igreja deve demonstrar sua fé não para si mesma ou somente dentro de 
suas paredes, mas para as pessoas que estão do lado de fora do portão, 
àqueles que estão na periferia da sociedade. Espiritualidade não é um 
sinônimo de abstração. Deve-se valorizar a espiritualidade no caminho, 
tanto aquela que busca em Deus a direção por meio das disciplinas 
espirituais, bem como aquela que tem a ver com a comunidade dos fi éis, 
a comunhão que se dá no caminhar juntos no dia a dia da vida na terra.
A aplicação que se faz aqui é se em cada dimensão do crescimento 
percebemos esta espiritualidade? Não são meramente atividades 
religiosas para cumprir rituais ou alcançar metas. É um crescimento que 
está debaixo da direção segura do Espírito Santo.
3.3.2. Encarnacional 
Qualidade encarnacional é a segunda variável para se avaliar o crescimento 
da igreja. Ela é entendida, e não pode ser diferente, baseando-se no 
nascimento e ministério de Cristo. A encarnação de Cristo se tornou 
um paradigma para todos os que querem segui-lo e participar em sua 
missão. A arena onde ela deve ser desenvolvida está entre o povo e suas 
situações concretas. Nós não estamos falando aqui sobre uma categoria 
abstrata da teologia, mas sobre um fato teológico, isto é, “Porque Deus 
tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que 
nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
Se a Igreja não deseja crescer nesta dimensão, “ela não poderá iluminar 
efetivamente o caminho da vida, nem dar adequadamente o sabor à terra 
nem levedar as estruturas da sociedade. Neste caso, ela irá se tornar 
funcionalmente e praticamente uma morta ambulante” (1983, p. 101)
O crucial para Costas quanto ele relaciona encarnação ao crescimento 
da igreja é que nós devemos “perguntar até que ponto a igreja está 
experimentando um crescimento que demonstra um testemunho 
concreto (encarnado) ao compromisso e à presença compreensiva de 
Cristo entre os que são atormentados e as multidões sem esperança 
55Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
deste mundo (Mt 9:36; 25:31-46)” (1983, p. 101). Se a igreja não refl ete 
esta dimensão, ela perde a sua validade.
Saiba mais
Leia o texto abaixo sobre este termo conforme descrito por Alan 
Hirsch:
Eu uso a palavra (encarnacional) para descrever esse modo de 
engajamento missionário que leva a sugestão da doutrina da 
Encarnação de Deus em Cristo. Se missional se refere à nossa 
“sentença” como crentes / igreja, então encarnacional dá forma 
a entendermos como devemos nos envolver nessa missão. Deus 
veio ao mundo em um ato de identificação profunda, não só com 
a humanidade como um todo, mas com um grupo particular de 
pessoas. Que Ele estava na vizinhança por 30 anos e ninguém 
percebeu, isso nos diz muito sobre Deus e como Ele se envolveu na 
situação humana. A Encarnação nos mostra que Deus fala a partir 
de uma cultura particular, de maneira que as pessoas possam 
perceber, entender e responder. A Encarnação nos dá o modelo 
bíblico primário de engajamento - é assim que Deus faz isso e nós 
que seguimos seu Caminho. Devemos seguir os seus passos. A 
missão encarnacional exige que contextualizemos o Evangelho de 
forma que sejam valorizadas as situações culturais e existenciais 
particulares dos vários povos, sem comprometer a própria missão. 
Ser missional signifi ca sair (ser enviado) para o mundo, então, o 
ser encarnacional signifi ca entrar profundamente em uma cultura.”
Fonte: http://evangelismoereforma.blogspot.com/2017/07/
conhecendo-o-conceito-encarnacional-de.html
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA56
3.3.3. Fidelidade 
Esta qualidade expressa a necessidade de a igreja viver “sintonizada” 
com a ação de Deus na história. 
Um desafi o que Costas nos apresenta é a ideia de que Deus está 
trabalhando no mundo não somente por meio da Igreja. Assim, a igreja 
deve estar sintonizada com a ação de Deus na história. Isto signifi ca 
que Deus pode trabalhar na história por meio da igreja e/ou por meio de 
outras agências. Pensemos em um exemplo que acontece com muita 
constância. Quando ocorre uma tragédia de grandes proporções como 
um terremoto, ou um alagamento, uma doença de grandes proporções. 
Muitas organizações colaboram para mitigar as dores e os sofrimentos 
de milhares e milhares de pessoas. O que Costas está dizendo é que a 
igreja precisa entender que estas organizações estão sendo usadas por 
Deus para preservar vidas preciosas. Elas são instrumentos de Deus.
Nós devemos retornar a nossa primeira intenção e perguntar por que este 
entendimento da história é tão importante para o crescimento da igreja? 
Fidelidade a Deus implica em um compromisso com a história e com o 
mundo. Portanto é importante olhar para o crescimento da igreja e perguntar 
se este crescimento é a consequência deste compromisso com o outro. Um 
segundo aspecto é analisar se este crescimento levaráa igreja a se envolver 
com aquilo que Deus está realizando na história, isto é, sua transformação. 
Se o crescimento da igreja não tem quaisquer outras consequências e 
implicações, então, falta a este crescimento a qualidade da fi delidade.
Nós podemos resumir estas três qualidades em poucas palavras. 
Crescimento espiritual é o trabalho do Espírito Santo; crescimento 
encarnacional acontece em situações concretas e tem suas raízes 
históricas, e o crescimento em fi delidade acontece quando a igreja está 
sintonizada com o agir de Deus na história.
57Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
3.4. A importância do modelo encarnacional
O que estamos delineando nesta unidade é a importância de se ter 
um desenvolvimento e crescimento de igreja que sejam inspirados no 
modelo encarnacional.
John (Juan) Mackay foi um missionário escocês que na década de 
1920 trabalhou como missionário no Peru. Foi muito infl uente no 
desenvolvimento da teologia na América Latina com seus escritos 
contextualizados para a nossa realidade. Ele desenvolveu uma metáfora 
que é usada até os dias de hoje: a sacada e o caminho.
A sacada é o símbolo do espectador perfeito, “para o qual a vida e o 
universo são objetos permanentes de estudo e contemplação,” e “por 
caminho, eu quero dizer o lugar onde a vida é vivida intensamente, onde 
o pensamento nasce do confl ito e da preocupação, onde as escolhas 
são feitas e decisões são tomadas. É o lugar de ação, de peregrinação, 
de cruzadas, onde a preocupação nunca está ausente do coração do 
viajante” (1943, p. 29-30). 
A igreja que realiza seu ministério a partir da sacada será sempre distante 
da realidade que o povo está vivendo. O desafi o a ela é ministrar onde 
a vida acontece, pois ali é o lugar da ação. É no caminho que o drama 
da vida é experimentado. Descer da sacada e integrar ao caminho é um 
processo encarnacional.
O apóstolo Paulo ilustra essa encarnação de maneira admirável e 
profunda no seu texto de Filipenses 2:5-11:
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, 
embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a 
Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se 
a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante 
aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, 
humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, 
e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA58
posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no 
céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse 
que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.
Notemos que este texto paulino tem dois movimentos. A descida de Cristo 
ao nosso mundo e a ascensão à mais alta posição celestial. No primeiro 
movimento temos o modelo da encarnação. Sua voluntariedade em 
abandonar o lugar de superioridade, esvaziar-se de tudo o que era, tornar-
se um servo e assumir a posição do outro. Essa descida foi humilhante, 
realizada em obediência e totalmente sacrifi cial. Assim, a igreja também 
deve ministrar no mundo de hoje, acompanhando esses movimentos de 
Jesus. No dizer de Mackay, descer da sacada e entrar na estrada da vida. 
No segundo movimento temos a ascensão de Cristo. Ele é exaltado por 
tudo o que fez, por ter cumprido a sua missão de reconciliar o mundo com 
Deus. Sua glória é eterna e para sempre será honrado e adorado. A igreja 
não pode querer o segundo movimento sem passar pelo primeiro. Não 
pode ter a honra sem o sacrifício. Não se pode ter um ministério que seja 
o oposto deste apresentado por Jesus. Seria incoerente e desfi gurado. 
Pois, como poderia a igreja representar Jesus com uma representação 
diferente daquilo que ele foi enquanto ministrava nesse mundo?
John Stott (2005, p. 107) também faz um resumo interessante do 
ministério de Jesus que merece ser destacado e refl etido:
Ninguém jamais demonstrou tanto quanto o próprio 
Senhor Jesus Cristo o que signifi ca esta “santa 
mundanidade”. Sua encarnação é a perfeita encarnação 
dessa mundanidade. Por um lado, ele desceu ao 
nosso mundo e assumiu a completa realidade da 
nossa humanidade. Tornou-se um conosco em nossa 
fragilidade, expondo-se às tentações. Comungou com 
gente comum, que se juntava ansiosamente ao seu 
redor. Ele aceitou todo mundo, sem desprezar ninguém. 
Identifi cou-se com as nossas tristezas, nossos pecados 
e nossa morte. Contudo, ao misturar-se livremente 
59Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
com gente como nós, ele nunca sacrifi cou nem 
comprometeu sequer por um momento a sua própria 
identidade e unicidade. Ele vivenciou a perfeição da 
“santa mundanidade”.
Alan Hirsch (2011), mencionado anteriormente, faz um resumo do que 
seria o modelo da encarnação de Deus em Cristo:
1. Presença: o ato de identifi cação com um grupo de pessoas. Estar 
‘presente´ para eles.
2. Proximidade: Indo para onde as pessoas vão, estando em seus 
‘espaços’ por assim dizer.
3. Preveniente (que chega antes): Confi ando que Deus já foi antes de 
nós e está chamando as pessoas para si mesmo por meio de Jesus 
e que assim podemos nos unir a ele.
4. Poder de menos: Na verdade, isso não signifi ca que não temos 
poder (temos no Evangelho e no Espírito), mas sim que tomamos 
sobre nós mesmos uma forma de servo e de ser humildes em nosso 
compromisso com os outros. 
5. Pathos: Sofremos com os outros... sentimos/entendemos 
enfaticamente sua dor, sua luta. Em uma palavra... somos um povo 
de compaixão. 
6. Proclamação: Que tendo amado e cuidado das pessoas que 
buscamos alcançar, nós amorosa, corajosa e verbalmente 
proclamamos o Evangelho de maneiras que fazem sentido 
para a cultura das pessoas que estamos alcançando.
Eu descrevo esse modelo com outras palavras, mas que reforça o mesmo 
conceito. A igreja é:
1. O povo da missão – missio Dei;
2. O povo peregrino – caminha em direção ao fi nal dos tempos:
• A igreja entre os “dois tempos”;
• 2. Símbolos entre os tempos: tenda ou catedral.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA60
3. O povo servo – manifestação de Cristo ao mundo;
4. O povo libertador – em todos os níveis da sociedade;
5. O povo responsável – cada um participa do todo da missão;
6. O povo obediente ao Espírito Santo:
• Originador da missão;
• Condutor da missão;
• Sustentador da missão.
7. O povo da Bíblia – única regra de fé e prática.
Exercício de aplicação - 14
Há um aspecto no desenvolvimento e crescimento da igreja que 
é trabalhado por diferentes autores e ilustrado por Paulo em seu 
texto Filipenses 2:5-11, que aspecto é esse?
a) Numérico c) Diaconal
b) Espiritual d) Encarnacional
Um dos aspectos que já mencionamos sobre a contribuição de Costas 
e que destaco também é o papel do Espírito Santo. Esse é um tema 
da teologia bíblica/sistemática que precisamos trazer para mais perto 
da igreja missional hoje. Qual é o papel do Espírito Santo na vida da 
comunidade? De que maneira se ouve o seu direcionamento? A questão 
que eu levanto é em termos práticos como isso acontece.
No seminal trabalho de David Bosch, por incrível que pareça, não há 
um tratado mais detalhado sobre o Espírito Santo e a missão da igreja. 
Ele, ao destacar a teologia lucana, elabora em poucas linhas o papel 
do Espírito. Faço um resumo abaixo, porque é importante que a igreja 
contemporânea entenda o papel da terceira pessoa da Trindade em seu 
viver diário e crescimento.
Bosch, que a seguir menciono, nos dá uma ideia sobre o papel do Espírito 
Santo na vida em missão da Igreja. Ele afi rma que:
61Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
... através do Espírito que o Cristo ressurreto estava 
presente na comunidade... Lucas se deu conta de 
que a missão e o ministério de Jesus tinham de ser 
reinterpretados para a igreja de sua própria época, e 
acreditava que essa reinterpretação seria mediada pelo 
Espírito... O ministério do Jesus terreno já é descrito em 
termos da iniciativa e orientação do Espírito.
Entretanto, a ideiade ser conduzido pelo Espírito 
à missão é, então, aplicada a maneira bem mais 
abrangente ao ministério dos discípulos. Eles se 
transformarão em testemunhas de Jesus tão logo 
sejam revestidos de poder do alto (Lc 24.49; At 1.8). 
O mesmo Espírito em cujo poder Jesus foi à Galiléia 
também impulsiona as discípulas para a missão. O 
Espírito torna-se o catalisador, a força orientadora e 
motriz da missão. A cada ponto a missão da igreja é 
tanto inspirada quanto confi rmada por manifestações 
do Espírito.
O dom do Espírito é o dom de engajar-se na missão, pois 
a missão é a consequência direta do derramamento do 
Espírito... O Espírito não só inicia a missão, mas também 
orienta os missionários sobre aonde eles deveriam ir e 
como deveriam proceder. Eles não devem executar seus 
próprios planos, mas têm de esperar que os Espírito os 
guie... Em todas essas narrativas [no livro de Atos], a 
ênfase está no Espírito Santo como catalisador, guia e 
inspirador rumo à missão... o Espírito é, além disso, não 
só o iniciador e guia da missão, mas também aquele 
que capacita para a missão... Através do Espírito, Deus 
controla a missão (2002, p. 147-149).
O papel do Espírito Santo para a vida em missão da igreja é de fundamental 
importância para que ela caminhe no rumo que Deus tem para que o 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA62
mundo ouça a mensagem transformadora do evangelho. Sobre isso John 
Stott assim expressa, contrariando o lugar comum sobre o que a igreja 
pensa sobre a grande comissão: “Nós precisamos deixar de pregar a 
Grande Comissão como uma ordem a ser obedecida. Devemos anunciá-
la, isto sim, como uma lei que expressa a natureza da igreja e que governa 
a vida dela... O derramamento do Espírito é, por sua própria natureza, a 
efetivação da Grande Comissão na vida da igreja” (2005, p. 143).
Outra contribuição importante para a encarnação da igreja refl etindo o 
ministério de Jesus Cristo é encontrada nos escritos de Charles Van Engen, 
professor emérito do Seminário Teológico Fuller. Van Engen escreveu 
como fruto de sua dissertação de doutorado aquela que talvez seja a mais 
completa análise do Movimento de Crescimento de Igreja. Um único livro 
(Povo missionário, povo de Deus) dele está em português e merece ser 
lido e aplicado nas comunidades cristãs. No capítulo dois ele trata do 
papel da igreja local no mundo, ou seja, da sua encarnação na sociedade.
Van Engen inicia esse capítulo com a pergunta mais básica a ser 
feita para a igreja: qual é a sua fi nalidade de existir neste mundo? Em 
outras palavras: qual é a razão de ser da igreja? Esta pergunta tem sido, 
ou procurada ser, respondida por teólogos no decorrer dos tempos. 
Aparentemente a resposta deveria ser simples, mas este não é caso.
Van Engen cita Alvin Lindgren:
Defi nir a natureza e a fi nalidade da Igreja é uma questão 
intensamente pessoal para o ministro, já que o conceito 
de ministério brota diretamente do conceito de Igreja 
[...] Estamos afi rmando que o próprio conteúdo do 
evangelho predetermina os veículos capazes de 
transmiti-lo [...] O cumprimento da fi nalidade de Deus, 
não o ativismo, é a única preocupação da administração 
da Igreja [...] Fique claro que nossa preocupação é com 
63Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
a fi nalidade essenciais, e não uma descrição do que 
é agora, ou senão o que tem sido na história da Igreja 
ou mesmo no Novo Testamento [...] A Igreja deve ser 
o que quer que Deus pretenda que seja, e buscarmos 
nas Escrituras descobrir os desígnios de Deus para ela 
(1996, p. 110).
Essa tarefa é, então, fruto da leitura e compreensão do Novo Testamento 
sob a direção do Espírito Santo. Não é e não pode ser algo relativo em 
que para uma comunidade é uma coisa e para outra algo diferente. O 
ministério pode ter cores diferenciadas devido à situação, mas na sua 
essência a igreja tem a mesma fi nalidade em qualquer época e contexto. 
Van Engen (1996, p. 112) propõe quatro áreas que cada igreja local 
precisa trabalhar teologicamente e analisar como elas governam a sua 
vida em missão. Elas são:
• Coinonia - “... que vos ameis uns aos outros...” (Jo 13.34-35; Rm 13:8; 
1Pe 1:22)
• Querigma - “... Jesus [é] Senhor...” (Rm 10:9; 1Co 12:3)
• Diaconia - “... um destes mais pequeninos...” (Mt 25:30, 45)
• Martiria - “... sereis minhas testemunhas...”; “... que vos reconcilieis 
com Deus...” (Is 43:10, 12; 44:8; At 1:8; 2Co 5:20)
Van Engen coloca estas dimensões em relação ao reino de Deus: 
“Coinonia, querigma, diaconia e marturia brotam de uma perspectiva 
mais ampla do reino de Deus num mundo criado, sustentado, governado 
e redimido por Jesus Cristo, o Rei” (1996, p. 129). Estas quatro áreas, ou 
poderíamos chamar também de dimensões, formam a base do que a 
igreja deve realizar no mundo. O seguinte diagrama nos ajuda a entender 
como estas dimensões funcionam na vida da igreja local em relação à 
sua missão (1996, p. 124).
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA64
Não perca de vista que o nosso tema é o crescimento integral da igreja 
e é crucial que ela esteja no mundo em semelhança ao Senhor Jesus 
Cristo, isto é, de modo encarnacional.
Ed Stetzer aprofunda a temática citando Michael Frost e Alan Hirsch:
A igreja missional é encarnacional, e não atracional, em 
sua eclesiologia. Por encarnacional queremos dizer que 
ela não cria espaços santifi cados para os quais o não 
crente deva vir para ter um encontro com o evangelho. 
Pelo contrário, a igreja missional se autodesmonta e 
penetra pelas fi ssuras e fendas da sociedade para ser 
Cristo para aqueles que ainda não o conhecem” (212).
65Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Note que o conceito acima vai na contramão do que acontece no 
Brasil e boa parte do mundo, qual seja, as igrejas criam dezenas de 
bons programas para os seus membros e incentiva a que os mesmos 
convidem pessoas para “participarem” ou “assistirem”. Isto tudo dentro 
das estruturas físicas do templo. A ideia é que alguns permaneçam e 
eventualmente se tornem membros da comunidade. 
Quando isso acontece os membros da igreja vão aos poucos esquecendo 
a vida em missão. A organização eclesiástica é reforçada enquanto o 
organismo é enfraquecido. A igreja se desenvolve estruturalmente, mas se 
enfraquece em relação ao contexto em que está inserida. O ideal é que o 
crescimento da igreja resulte “em milhares de crentes comprometidos que 
não ingressarão no ministério vocacionado — pastores e missionários —, 
mas que, em vez disso, entrarão no mercado de trabalho para plantar igrejas 
nas casas, nas empresas, nos centros comunitários etc.” (Stetzer :221).
O desafi o agora é ajudar estas pessoas a enxergarem que foram 
vocacionadas por Cristo para a vida em missão no momento da 
conversão e como tal elas não precisam de um chamado “especial” ou 
“sobrenatural” para engajar-se no ministério encarnacional modelado em 
Jesus Cristo.
Concluindo, iniciamos esta unidade descrevendo os aspectos 
conceituais de desenvolvimento de Igreja, conforme delineado pelo 
missiólogo Orlando Costas, quando elabora as quatro dimensões e as 
três qualidades do crescimento. Na sequência procuramos elaborar com 
mais profundidade o tema da encarnação. Como a igreja é desafi ada 
a olhar para a vida e ministério de Jesus Cristo e incentivar, motivar e 
promover a vida em missão de todos os seus membros. Quando isto 
acontecer o sal da terra e a luz do mundo serão perceptíveis pelos 
membros da sociedade. “Uma vez que passamos a ser novas criaturas 
em Cristo, tornando-nos membros de sua nova sociedade, recebemos 
dele a responsabilidade de impregnar a velha sociedade, funcionando 
para esta como sal e luz” (Stott 2005, p. 154).
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA66
Referências bibliográfi cas
BRUNNER, Emil. The word and the world. Londres: SCM, 1931.
COSTAS, Orlando E. Compromiso y misión. Editorial Caribe, 1979.
______. The integrity of mission: The inner life and outreach of the church. 
Harper & Row, 1979.
______.“A wholistic concept of church growth.” Exploring Church Growth 
(1983): 95-107.
______. Teólogo en la encrucijada. In PADILLA, C. René (org.). Hacia una 
teología evangélica latinoamericana. San Jose (Costa Rica): Editorial 
Caribe, 1984.
HIRSCH, Alan. What do I mean by Incarnational.
https://www.facebook.com/notes/alan-hirsch/what-do-i-mean-by- 
incarnational/10150189514096009 (2011).
MACKAY, John. A Preface to Christian Theology. New York: The Macmillan 
Company, 1943.
PEREIRA, Josivaldo de França. Orlando Costas e a Igreja Brasileira. 
https://ejesus.com.br/orlando-costas-e-a-igreja-brasileira/
POERWOWIDAGDO, Judo. Towards the 21st Century: Challenges and 
opportunities for theological education. Geneva: World Council of 
Churches, 1994.
STOTT, John. Ouça o Espírito, ouça o mundo. São Paulo: ABU Editora, 
2005.
VAN ENGEN, Charles. Povo missionário, povo de Deus. São Paulo: Vida 
Nova, 1996.
67Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
UNIDADE 4 – DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DA IGREJA
Na unidade anterior mencionei que é ideal que o crescimento da igreja 
resulte “em milhares de crentes comprometidos que não ingressarão no 
ministério vocacionado [pastores, missionários], mas que, em vez disso, 
entrarão no mercado de trabalho para plantar igrejas nas casas, nas 
empresas, nos centros comunitários etc.” (Stetzer, 2015, p. 221).
Nesta unidade trataremos dos desafi os que a igreja cristã tem pela frente 
de se “reinventar” para não perder a sua signifi cância em um mundo que 
se transforma numa incrível velocidade. Quando a gente pensa que uma 
coisa foi aprendida e que se terá um tempo para digeri-la outras dezenas 
ou mesmo centenas de novidades estão nos esperando.
Vivemos num mundo novo e precisamos ter ciência disso:
A cidade contemporânea, rodeada de tecnologias, 
vem experimentando diferentes formas de relações 
sociais entre os seus usuários. As redes sociais 
digitais possibilitam que os indivíduos interajam com 
outros usuários da rede, que leiam notícias, opinem, 
reivindiquem, produzam seu próprio conhecimento, 
divulguem informações e até mesmo se mobilizem 
coletivamente. São novas maneiras de compartilhar, 
usufruir e fazer parte da sociedade em que vivem 
(Araújo e Vilaça, 2016, p. 18).
Notemos acima a frase “produzam seu próprio conhecimento”. Isto será 
ao uma enorme vantagem para os cristãos, pois o acesso ao saber é 
ilimitado e necessariamente não se precisa da igreja para isso. Mas, 
por outro lado, como esses saberes chegarão aos membros de nossas 
igrejas? Serão sufi cientes para que a pessoa abandone sua comunidade? 
Enfi m, a pergunta que se faz é: precisamos da igreja no futuro? Se a 
resposta for não, cabe a igreja se reinventar para que as pessoas voltem 
a ter necessidade dela. Se a resposta for sim, outra pergunta deve ser 
feita: a que tipo de igreja as pessoas desejarão fazer parte?
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA68
Esta unidade tentará responder a segunda pergunta ao assumirmos que a 
igreja ainda tem um papel preponderante a realizar na sociedade brasileira. 
Tentaremos expor vários modelos que estão sendo utilizados em várias 
partes do mundo. Lembramos ainda que a contextualização é imprescindível, 
pois não se pode transferir, como feito no passado, um modelo de um lugar 
para o outro sem levar em conta a cultura do povo recipiente.
Vejamos em mais detalhes alguns desafi os, ideias e conceitos que estão 
diante de nós como participantes e líderes de igrejas.
4.1. A igreja virtual
Com certeza de todas as mudanças nos últimos anos a que mais 
revolucionou a sociedade em geral e também o mundo das igrejas foi o 
advento da era digital e mais recentemente a chegada das mídias sociais. 
Uma nova reunião de crentes está surgindo, uma igreja 
não no mundo real de tijolos e argamassa, mas no mundo 
virtual de endereços IP e experiências compartilhadas. 
Este tipo de igreja, é diferente de qualquer igreja que o 
mundo já viu. Tem o poder de quebrar barreiras sociais, 
unir crentes de todo o mundo e construir o reino de Deus 
com um fi nanciamento no valor da moeda da viúva 
pobre. É um tipo de igreja completamente diferente de 
qualquer uma que o mundo já viu (Estes, 2009, s/p).
Neste novo cenário, que se renova todos os dias, como será a comunicação 
do evangelho? Um outro tipo de comunicação, certamente. O seguinte 
resumo feito por Pierre Lévy (2011, p. 65) explica que os dispositivos 
comunicacionais podem ser distintos em três categorias: 
a) Um-todos: em que um centro emissor envia suas 
mensagens a um grande número de receptores passivos 
e dispersos (Ex.: a imprensa, o rádio, a televisão); 
b) Um-um: específi ca de relações recíprocas entre 
interlocutores, mas apenas para contatos de indivíduo 
a indivíduo ou ponto a ponto (Ex.: correio, telefone); c) 
69Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Todos-todos: quando o ciberespaço torna disponível um 
dispositivo comunicacional original, já que ele permite 
que comunidades constituam de forma progressiva 
e de maneira cooperativa um contexto comum (Ex.: 
conferência eletrônica, sistemas para ensino ou trabalho 
cooperativo, World Wide Web) (Silva, 2016, p. 44).
Se observarmos o acima exposto podemos classifi car a igreja em duas das 
categorias mencionadas. Na categoria um-todos a igreja tradicionalmente 
torna os seus ouvintes em receptores passivos e dispersos. O modelo de 
culto e de ensino é antigo, similar a um teatro onde no palco se desenvolve 
o drama e nas cadeiras os ouvintes não interagem com o que está 
acontecendo a não ser em poucas ocasiões, como no cântico.
Na categoria um-um temos o que chamamos de discipulado individual, 
pessoa a pessoa. Existe interação, todavia, limitada a duas pessoas. 
Algumas igrejas ainda colocam grande ênfase neste tipo de comunicação.
O grande desafi o para as igrejas cristãs está na terceira categoria, o 
todos-todos. Esta área será onde acontecerá as grandes mudanças da 
igreja física —simbolizada pelo Templo fi xoa numa localidade — para 
a igreja virtual — simbolizada pela tenda que se move globalmente. A 
categoria todos-todos elimina quase toda a hierarquia eclesiástica, 
pois todos têm voz e podem opinar livremente sem medo de censura. A 
internet democratizou a fala e não existe mais a menor possibilidade de 
que isso deixe de ser assim. As comunidades virtuais vão se formar não 
tem torno de doutrinas, denominações, credos, tradições etc. Elas irão 
se formar em torno de temas comuns, afi nidades de geração, culturas 
similares e a cooperação será o grande atrativo destes ajuntamentos.
Eis algumas perguntas que são feitas sobre a igreja virtual:
a) Qual a teologia da igreja virtual?
b) Que tipo de eclesiologia teremos na igreja virtual?
c) O que signifi ca ser igreja no mundo virtual?
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA70
d) Qual a razão de ser da igreja virtual?
e) Como será a comunhão na igreja virtual?
f) O louvor tomará que forma na igreja virtual?
g) Que tipo de pastor — ou se haverá pastor — na igreja virtual?
h) Como manter os fi éis comprometidos com a igreja virtual?
Naturalmente que acima temos um pequeno exemplo das dezenas de 
perguntas que são feitas sobre a igreja virtual. Talvez a mais importante 
de todas é se a igreja virtual irá substituir a igreja presencial.
A meu ver duas perguntas são cruciais para a igreja virtual. A primeira tem 
a ver com a vida em missão que discutimos na Unidade 3. Os autores que 
citamos escreveram antes do advento da internet e tinham um ideal da 
missio Dei em perspectiva. Qual será a missão da igreja virtual e como se 
dará essa missão? Sobre a missão, Douglas Estes (2009) diz o seguinte:
Outra teoria moderna da igreja argumenta que a 
orientação da igreja deve ser a igreja como missão. 
Lesslie Newbigin... argumentou que a igreja é missional 
em sua própria natureza, não apenas em seu dever. 
Uma vez que a ideia de Newbigin é uma crítica da igreja 
Ocidental como império, ela se encaixa bem com o 
espírito dinâmico das igrejas virtuais envolvendo umnovo mundo sem qualquer vestígio da cristandade.
Resta saber como essa missão será desenvolvida. Que tipo de educação 
cristã será forte o sufi ciente para mover os membros desta igreja virtual 
para se inserirem no mundo como sal e luz? Todavia, pensando na igreja 
presencial talvez não seja muito diferente, pois tem sido uma tremenda 
luta incutir nos fi éis o compromisso missional.
No livro de Douglas Estes não encontrei o termo encarnacional. A pergunta 
seria então como levar os membros da igreja virtual a encarnarem-se em 
seus contextos de forma a representar a pessoa de Cristo.
Uma das igrejas mais conhecidas na internet é a ALM CyberChurch. Em 
sua página eletrônica o visitante tem a seguinte informação sobre a igreja:
71Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Nosso objetivo é romper a religião e as tradições e 
mitos feitos pelo homem e os métodos que nos levam a 
acreditar que a fi cção é a realidade para que possamos 
acreditar no máximo de coisas verdadeiras e no menor 
número possível de coisas falsas. Promovemos amor, 
empatia, aceitação e boa vontade, independentemente 
de crenças, identidade de gênero e estilo de vida. Venha 
como você está e seja amado!
O visitante é convidado a escolher um nome para ser identifi cado, um 
avatar que o represente, e observar o culto. Poderá também, se quiser, se 
engajar em algum tipo de conversação via chat. Um “frequentador” desta 
igreja disse: “Eu já estive em muitas igrejas na vida real e nenhuma me 
deu tanta satisfação como na igreja virtual” (Johnson, 2010, p. 248). A 
igreja virtual existe e veio para fi car.
Para encerrar este tema apresento a contribuição de Monsenhor Tarcisio 
Justino Loro (2009, p. 140-144). Ele entende que a missão evangelizadora 
da igreja, via internet, deveria estar atenta aos seguintes elementos, que 
descrevo apenas como tópicos sem entrar em maiores discussões:
a) Utilização do diálogo.
b) Utilização de uma linguagem evangelizadora nova.
c) Nova postura dos internautas missionários.
d) Novos conteúdos. Vivemos numa sociedade sedenta de Deus, de 
orientação, do sentido da vida.
e) Banco de dados da fé cristã. Como quase tudo do campo secular pode 
ser encontrado na Internet, assim também é de se desejar que a ela seja 
um “depositum” de informações e conteúdos sobre a fé cristã. 
f) Os novos pagãos nas ondas da Internet. Com a Internet surgem 
novos “pagãos” individuais ou coletivos escondidos nos milhares de 
computadores do mundo.
A igreja virtual não precisa ser vista como uma competidora da igreja 
presencial. Se pensarmos em termos de desenvolvimento integral da igreja 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA72
as possibilidades são imensas. Qualquer igreja local poderá, com criatividade 
e uso dos dons e talentos, especialmente da juventude, ter também a sua 
versão virtual. Assim, ela ocupa os vários espaços que da sociedade. 
O campo está branco para a ceifa e para isso é preciso levantar os olhos 
do lugar comum e ver: “Vocês costumam dizer: ‘Daqui a quatro meses 
teremos a colheita.’ Mas olhem e vejam bem os campos: o que foi plantado 
já está maduro e pronto para a colheita” (Jo 4:35). Se fi zéssemos uma 
tradução desse texto para hoje, poderia ser assim: “Vocês costumam 
dizer: ‘Está difícil trazer gente para igreja.’ Mas olhem e vejam bem a 
Internet: o que foi inventado já está disponível e pronto para a colheita”. 
Uma nova leitura da Grande Comissão poderia começar assim: “Portanto, 
naveguem por toda a internet e façam curtidores...”.
Exercício de Fixação - 16
Na igreja virtual existem dispositivos comunicacionais que podem 
ser diferentes em três categorias: Um-um; Um-todos; Todos-todos. 
A igreja, por sua vez, pode ser classifi cada nessas três categorias.
É correto afi rmar que a igreja classifi cada na categoria todos-todos 
contém a seguinte característica:
I – a igreja todos-todos torna seus ouvintes em receptores passivos 
e dispersos.
II – a igreja todos-todos possui o discipulado individual, de pessoa 
a pessoa.
III – a igreja todos-todos elimina quase toda a hierarquia eclesiástica.
Assinale a alternativa correta:
a) I e III estão corretas.
b) II e I estão corretas.
c) II e III estão corretas.
d) apenas a III está correta.
e) nenhuma das alternativas estão corretas.
73Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
4.2. A igreja lar
Talvez, de todas as formas de igreja a comunidade que se reúne nos lares 
seja a mais antiga. O cristianismo que começa parecendo uma divisão do 
judaísmo, vai aos poucos tomando vida própria, todavia, por ser emergente, 
não possuía nenhuma estrutura pronta para recebê-lo. Ele era também um 
movimento, primordialmente, que ocorria entre as camadas mais pobres 
da população. Outro fator determinante é que ele existia às margens do 
Império Romano e, portanto, sem muitas condições de realizar reuniões 
em espaços públicos. Mesmo tendo iniciado com reuniões próximas ao 
templo (At 2:46), vemos que as casas foram se tornando a alternativa 
mais viável para as reuniões (At 5:42). Muitas casas possuíam um cômodo 
chamado cenáculo e que era utilizado para esses encontros.
Saiba mais
Cenáculo é a palavra utilizada para se referir a sala onde eram feitas 
as refeições ou a um quarto no primeiro andar de uma casa onde era 
utilizado como aposento de hóspedes desde tempos imemoriais.
A palavra cenáculo não aparece originalmente na Bíblia. Na 
verdade, essa palavra vem do latim cenaculum, e é utilizada nos 
textos bíblicos para traduzir algumas palavras hebraicas e gregas. 
Basicamente, a palavra cenáculo signifi ca algo como “sala de 
refeições”, ou, de modo mais genérico, “quarto no andar superior 
de uma casa”. Essa palavra é derivada do termo latino cena, que 
signifi ca “jantar” ou “ceia”. A seguir, veremos alguns termos em que 
a palavra cenáculo é utilizada como tradução.
Nos Evangelhos, cenáculo traduz a palavra grega anogeon, que se 
refere ao local que foi providenciado para que Jesus celebrasse a 
Páscoa acompanhado de seus discípulos. Esse local foi onde Cristo 
realizou a Última Ceia, às vésperas de sua crucifi cação. Tratava-se 
de um quarto no primeiro andar mobiliado, onde havia leitos baixos 
em que os participantes se reclinavam para cear conforme o 
estilo greco-romano (Mc 14:15; Lc 22:12). Muitos acreditam que o 
cenáculo mobiliado utilizado nesse episódio era originalmente uma 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA74
sinagoga, que acabou se tornando um ponto de encontro entre os 
primeiros cristãos.
Daniel Conegero. O Que é Cenáculo e o Que Signifi ca? 
https://estiloadoracao.com/o-que-signifi ca-cenaculo/
Um pouco mais além desse começo, somos informados que Paulo — 
então Saulo —, “assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando 
homens e mulheres, os encerrava na prisão” (At 8:3). Após a sua 
conversão ele foi levado para a casa de Judas onde foi batizado por 
Ananias (At 9:12-19). Em uma de suas viagens ele tem um encontro com 
Lídia, responsável por uma casa-igreja na cidade de Tiatira (At 16:14-15). 
Mais tarde durante o desenvolvimento de seu ministério, muitas igrejas-
casas foram estabelecidas:
• Saudai também a igreja que está em sua casa. Saudai a Epêneto, meu 
amado, que é as primícias da Acáia em Cristo (Rm 16:5).
• As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor 
áqüila e Priscila, com a igreja que está em sua casa (1Co 16:19).
• Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia e a Ninfa e à igreja que 
está em sua casa (Cl 4:15).
• E à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que 
está em tua casa (Fl 1:2).
Na história do cristianismo talvez o movimento que mais utilizou a 
reunião nas casas foi o metodismo. As classes formadas por John 
Wesley foram assim descritas: “Cada classe era guiada por um 
líder responsável por convocar a classe semanalmente, recebendo 
contribuições para o alívio dos pobres, investigando a vida espiritual 
de cada membro e oferecendo conselhos e orientações espirituais, 
conforme necessário” (Watson, 2014, p. 3).
Recentementea igreja-casa ganhou grande ímpeto no Brasil e passou 
a ser chamada de célula familiar que é um novo nome para os cultos 
nos lares, reunião doméstica etc. É inegável que este movimento cresceu 
muito e está presente em quase todas as igrejas de médio e grande 
75Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
porte. A diferença do passado é que existe hoje todo um aparato para 
consolidar e fazer esse ministério funcionar. 
A pergunta central recai sobre o objetivo destas células. Assim como 
perguntamos qual é a razão de ser da igreja, também devemos perguntar 
qual é a razão de ser de uma célula familiar? Os objetivos são os mais 
variados: evangelização, discipulado, comunhão e ajuda mútua. Avaliar se 
as células estão realizando um bom ministério não é tão fácil e muitas vezes 
ela fi ca limitada ao crescimento numérico. Os líderes são muitas vezes 
pressionados para multiplicar as células e depois promover a sua divisão e 
ocupam grande parte do tempo devotados aos membros de seus grupos.
A crítica que tenho em relação a esse movimento é que, de maneira 
geral, as células (1) não são transformadas em igreja e (2) são reuniões 
privadas nos lares dos crentes com pouca exposição nos bairros. O 
segundo aspecto é mais fácil de solucionar. Para isso, bastaria que as 
lideranças das igrejas as entendessem como missionais e, assim, cada 
célula também seria missional. Cada grupo poderia ser transformado em 
agente de transformação do bairro onde está inserido. É possível que 
dependendo do tamanho da igreja haja em um determinado local da 
cidade mais de uma célula. Assim, seria relativamente fácil juntar estas 
células com o objetivo de promover a obra diaconal onde estão. 
O foco deve ser direcionado para juntar-se a Deus em 
sua missão. Cada grupo precisa de uma missão além 
de si mesmo. Lembre-se de que todo cristão nascido 
de novo é responsável pelo mundo. O crescimento e 
a maturidade acontecem tanto na missão quanto no 
conhecimento. Quanto mais você pode aprender sobre 
a missão? Como você pode dizer que está crescendo 
e amadurecendo em sua fé se não está em missão 
(Stetzer e Queiroz, 2017).
Naturalmente, como advertem Stetzer e Queiroz, uma consequência 
trágica dessa falta de perspectiva da missão poderá ser a seguinte: 
“Grupos pequenos que se voltam apenas para si mesmos e não se 
preocupam com o evangelismo ou com o serviço amoroso ao próximo 
correm o risco de se tornar meros clubes sociais”. 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA76
Vimos acima na descrição das classes de Wesley que o grupo coletava 
ofertas para aliviar o sofrimento dos pobres. O metodismo, dentre outros 
movimentos, nos legou essa história de compaixão e solidariedade:
O envolvimento do metodismo com as questões 
relevantes da sociedade é uma marca que o 
acompanha desde seu início. A humanização dos 
presídios, o combate à escravidão, a luta por salários 
dignos para os operários, o fornecimento de ensino 
básico para as crianças pobres, distinguiram os 
metodistas quando ocorreu a assim chamada 
Revolução Industrial, na Inglaterra (Marques).
Voltemos nossa atenção para aquilo que parecer ser o maior desafi o 
das grandes igrejas que adotam as células: permitir que certo número 
de células em uma determinada região da cidade possa se juntar e 
estabelecer uma nova igreja. Certamente, uma igreja estabelecida 
tem muito mais visibilidade e importância em um bairro do que cinco 
células “escondidas” em casas. Caso a igreja não deseje “perder esses 
membros” e nem a arrecadação que eles trazem, ela pode pensar em 
uma alternativa: constituir igreja satélites. Assim, estas igrejas menores 
continuariam a fazer parte do ministério da igreja maior e seus pastores 
participariam de um corpo pastoral.
A primeira onda, que foi a implantação das células no Brasil deve agora 
caminhar para a segunda onda, que seria inserir as células no contexto 
diaconal e eventualmente permitir que se transformem em igrejas.
Exercício de Aplicação - 17
Sobre o signifi cado da palavra cenáculo é correto afi rmar: Era um 
quarto no subsolo das casas dos cristãos para as reuniões secretas 
por causa da perseguição do Império Romano. Foi num lugar como 
esse que Jesus Cristo realizou a última Ceia, às vésperas de sua 
crucifi cação. Assinale ‘Verdadeira’ ou ‘Falsa’.
77Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
4.3. A igreja multimundo
Vivemos na era da diversidade. Talvez nunca tenhamos tido um período 
na história do mundo como o dos dias atuais. Tudo gira em torno da 
palavra “multi”. O prefi xo multi dá origem a uma infi nidade de termos. 
Muitos deles já existiam, todavia, novos foram criados. Mas, não é nem 
tanto a quantidade de palavras, mas o sentido novo que multi traz.
Neste multimundo a igreja terá que encontrar seu espaço. Normalmente, 
a igreja prefere fi car à margem da estrada do novo. A igreja sempre 
teve difi culdade com o diferente, com a pessoa que não se enquadra no 
estereótipo do que signifi ca ser “crente”. Já faz tempo que os cristãos 
são conhecidos não por aquilo que fazem, mas, especialmente, por aquilo 
que não fazem. Assim, quem faz alguma coisa que a igreja não permite, 
ou muda ou não é aceito na comunidade.
Como isto acontece no novo multimundo onde o que predomina é o 
multiculturalismo?
Saiba mais
O que é Multiculturalismo:
O multiculturalismo é a convivência pacífi ca de várias culturas em 
um mesmo ambiente. É um fenômeno social diretamente 
relacionado com a globalização e as sociedades pós-modernas.
O Canadá e o Brasil, por exemplo, são países multiculturais. 
Muito devido aos diferentes grupos de imigrantes recebidos, 
mas também por observar outros fatores de integração, como 
a não subordinação a cultura dominante, e desenvolvimento 
de novas culturas a partir do choque cultural inicial.
O multiculturalismo também pode ser chamado de 
multiculturalidade e pluralismo cultural, e é um conceito da 
sociologia aplicado aos estudos em ciências sociais. A ideia de 
um grupo multicultural pressupõe que os grupos culturais estariam 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA78
cada vez mais interligados, em função do crescente contato que 
as culturas têm entre si e a quase inexistência de grupos isolados.
A questão é correntemente debatida entre antropólogos e 
sociólogos de diferentes linhas de pensamento. Alguns estudiosos 
acreditam que esta visão multicultural não existe, e que houve uma 
imposição da cultura dominante com a chegada dos europeus, que 
teria culminado terminantemente com a 
hegemonização da globalização. Já outros pensadores veem 
diversos traços multiétnicos e defendem a existência das múltiplas 
culturas no continente americano, e que habitam em harmonia 
justamente em função da possibilidade das relações globais.
O conceito de multiculturalismo tem grande infl uência do relativismo 
cultural, que questiona a ideia de que os hábitos e costumes de um 
grupo poderiam ser superiores a outros. Esta ideia de que as culturas 
são diversas e devem ser respeitadas na sua essência, sem existir 
um certo ou errado nos costumes, é a base do multiculturalismo
Multiculturalismo no Brasil
O Multiculturalismo no Brasil é diretamente associado ao processo 
migratório desde a chegada dos portugueses em 1500. A princípio 
houve o choque natural, mas sabe-se que vários costumes indígenas 
foram incorporados aos hábitos dos portugueses, como o banho diário, 
por exemplo. Ao longo dos séculos, o território brasileiro recebeu 
holandeses, franceses, espanhóis, italianos, japoneses, alemães. E na 
pós-modernidade, esta mistura de etnias só aumenta no nosso país. 
Internacionalmente o Brasil é conhecido por ser um dos países que melhor 
recebe seus visitantes, tentando adequar-se para receber bem as culturas 
alheias sem deixar de lado os costumes locais. A diversidade étnica dos 
próprios brasileiros é outra forte característica multicultural. As diferentes 
cores de pele, os diversos costumes compartilhados, a liberdade de credo 
religioso, tudo isso faz parte doconjunto multicultural.
Fonte: https://www.signifi cados.com.br/multiculturalismo/
79Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Neste contexto multicultural, cuja tendência é aumentar, surgem várias 
oportunidades de vida em missão para a igreja. Naturalmente que será 
necessária uma intencionalidade para ministrar no multimundo. Os 
ministérios não vão acontecer sem que a liderança mova a igreja nesta 
direção. A pergunta é se a liderança quer que isto aconteça. Há dois 
empecilhos que podem atrapalhar a marcha do desenvolvimento integral 
da igreja no multiculturalismo. O primeiro é teológico. A igreja demora para 
entender sua missão na terra. Ela pensa, fruto da má formação teológica 
de sua liderança, que é responsável em promover mudanças na vida das 
pessoas. Como dito acima, quando alguém não se enquadra no padrão 
vigente do que é ser crente e não manifesta as esperadas adaptações, pelo 
menos esteticamente, essa pessoa não será aceita na comunidade com a 
justifi cativa de que “Deus não aceita” ou “Deus não gosta”.
Essa percepção teológica-religiosa não aceita que as necessárias 
mudanças na vida da pessoa convertida sejam realizadas pelo poder do 
Espírito Santo no tempo de Deus e não no tempo da igreja. Paulo fala sobre 
isso em suas cartas: “[...] porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer 
como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13) e, “Mas, pela graça 
de Deus, sou o que sou. E a sua graça para comigo não foi inútil [...]” (1Co 
15:10). Essa argumentação me parece sufi ciente para mostrar que é Deus 
e não a igreja que produz a nova humanidade em cada um de nós.
O segundo empecilho que pode atrapalhar o desenvolvimento da 
igreja no multiculturalismo é o geracional. A maioria absoluta das 
denominações evangélicas tem uma grande quantidade de igrejas locais 
que são dirigidas e pastoreadas por pessoas com imensas difi culdades 
em aceitar o novo. Pessoas que não conseguem acompanhar os novos 
tempos e as mudanças que a nova sociedade traz todos os dias. Dizem 
que o evangelho é o mesmo e é assim que tem que ser. O problema 
não é o evangelho, que, sim, é o mesmo, mas a relutância em colocar o 
evangelho em outros moldes que não sejam aqueles do século passado 
ou de quando os missionários estrangeiros pisaram em solo brasileiro. 
A esperança é que surja uma nova geração de líderes, homens e 
mulheres, jovens e adolescentes, advindos todas as culturas e camadas 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA80
da sociedade que consigam dialogar com esta geração multicultural. 
Caso a geração antiga não consiga entender isso, fi cará ela só com a 
sua igreja porque os novos partirão para outros tipos de ministérios. No 
mundo dos negócios estudos são feitos em como trabalhar em ambientes 
multiculturais e geracionais: 
“Compreensão geracional é o novo treinamento sobre 
diversidade“, diz Sharalyn Orr, diretora executiva da 
Frank N. Magid Associates, empresa que realizou 
uma pesquisa que revelou que  52% dos profi ssionais 
afi rmam que são  menos  propensos a se relacionar 
bem com pessoas de outras gerações.  Trabalhar 
com pessoas de todas as idades tornou-se essencial 
no ambiente multigeracional de hoje, uma vez que o 
mercado de trabalho hoje é composto por três ou mais 
gerações, construindo um ambiente de pluralidade 
como nunca visto antes.
Isto signifi ca dizer que os membros de nossas igrejas já estão inseridos 
neste novo mundo. Portanto, se no mundo dos negócios os nossos 
crentes podem viver e conviver com os diferentes, por que não trazem 
esta mesma disposição para dentro das igrejas?
Exercício de Reflexão - 18
Há dois empecilhos que podem atrapalhar a marcha do 
desenvolvimento integral da igreja no multiculturalismo: o 
teológico e o geracional. Discorra refl exivamente sobre estes dois 
empecilhos. 
4.4. A igreja emergente
O termo igreja emergente já está conosco há algum tempo. Nem sempre é 
fácil entender o que isto signifi ca. É necessário estudar o tema e entender 
o que deve e pode ser adequado ao contexto da vida em missão. As 
81Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
defi nições abaixo são de pessoas que estão atuando ministerialmente 
com base nesta ideia:
• Entendo Igreja Emergente como uma oportunidade de se fazer 
livremente perguntas incômodas à luz do evangelho de Jesus Cristo, 
repensar nossa forma cristã de ser tirando a infl uência do pensamento 
moderno que nos moldou e viver essa nova realidade, seja anunciando 
o Reino de Jesus Cristo a uma sociedade pós-moderna que está longe 
de ser alcançada pela igreja tradicional, seja curando esse mundo 
que ainda espera por uma redenção que somente Jesus Cristo pode 
dar (Luis Fernando – criador do RenovatioCafe)
• Igrejas emergentes são comunidades que praticam o modo de vida de 
Jesus na cultura brasileira (Gustavo Frederico – criador do wiki Emergente)
• A igreja emergente é um termo semelhante ao termo reforma. Não há 
unidade teológica, como não havia entre os diferentes movimentos 
reformadores protestantes…É verdade que existe um tema principal para o 
movimento emergente…E esse tema é: A igreja como agente missiológico 
na terra, livre de instituição e hierarquias, simples, um organismo vivo 
cuja cabeça é Jesus, e onde a vida cristã é uma vida de comunidade e de 
compartilhamento (Nuno Barreto – autor do blog Simplice)
Fonte: https://servosdedeus.com/artigos/igreja-emergente-com-br
A igreja emergente surge no contexto que descremos acima, o 
multiculturalismo. Neste ambiente as possibilidades de ministração 
são múltiplas, pois procura alcançar as pessoas nos lugares onde se 
encontram e não dentro dos templos das igrejas. Alguns exemplos para 
refl etirmos a viabilidade ou não de tais projetos.
a. Cafés e confeitarias
Locais agradáveis em que as pessoas podem ter momentos de lazer e 
convivência. A cortesia do serviço deve espalhar os valores de Cristo. 
Literatura com bom apelo visual e conteúdo cristão será disponibilizada. 
Uma ilustração deste ministério que está em funcionamento desde 2006: 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA82
Somos a Ebenezers Coffeehouse e servimos café com 
uma causa. Todo o nosso café é negociado de maneira 
razoável e também temos muitas opções de cultivo 
orgânico e à sombra. Para obter mais informações sobre 
comércio justo e nosso café, confi ra nossa torrefadora 
principal, One Village Coffee.
Somos de propriedade e mantidos pela National 
Community Church e todos os lucros são direcionados 
aos nossos projetos de extensão comunitária, local e 
internacionalmente
( h t t p s : / / e b e n e z e r s c o f f e e h o u s e . c o m / s t o r y ) .
Ainda no aspecto da gastronomia é interessante ver o ressurgimento, 
por parte especialmente dos homens, do desejo de se aprender a 
arte da culinária. Quase todas as igrejas têm cozinhas que fi cam sem 
utilidade ao longo do ano. Seria interessante montar cursos de culinária 
aos sábados ou outro dia da semana. Certamente isso atrairia muitas 
pessoas interessadas nesse tipo de atividade.
b. Igreja Multiespaços
Especialmente nos Estados Unidos é muito comum ter megaigrejas 
que funcionam em várias localidades ao mesmo tempo. O culto é 
transmitido desde a igreja sede para várias localidades. Nestes locais há 
um pastor e uma equipe de louvor que conduzem o culto até o momento 
da mensagem em que passam a assistir aquilo que é transmitido pela 
igreja sede. Naturalmente, este tipo de funcionamento exige um grande 
investimento em recursos humanos e fi nanceiros devido à complexidade 
da estrutura necessária.
O Grupo Barna fez uma pesquisa com igrejas que optaram por este tipo 
de organização e obtiveram o seguinte resultado:
• 44% disseram que foi mais difícil do que previram;
• 50% disseram que fi cou dentro da expectativa;
• 6% disseram que foi mais fácil do que previram.
83Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
No entanto, é importante ressaltar que como este tipo de estrutura multiespaços 
exige um alto grau de compromisso dos voluntários, muitasvezes, passado o 
entusiasmo inicial, as igrejas acabam por desistindo do projeto.
c. ONG
Existem centenas de ONG cristãs espalhadas pelas cidades do Brasil. A 
maioria absoluta dependente de ofertas e trabalhos voluntários. Muitos 
espaços destas ONG podem ser usados como locais de aconselhamento, 
consolo e demonstração de solidariedade. Além disso, esses espaços podem 
ser usados como locais para cultos, estudos bíblicos e momentos de louvor.
Na cidade de Londrina, fruto da educação teológica na FTSA, o casal 
Sérgio e Clarissa Sanchez começaram a ONG Tok de Amor que provê 
assistência para pacientes com câncer e seus familiares durante cinco 
dias na semana. Por meio da ONG o casal já alcançou e tocou centenas 
de vidas com o amor de Deus (https://www.tokdeamor.org).
Qualquer igreja pode adotar uma ONG e incentivar seus membros a serem 
voluntários para auxiliar o trabalho, apoiar com alimentos e fi nanças e 
assim ministrar às pessoas atendidas.
d. Arte, artesanato, moda
A arte sempre foi apaixonante para muitas pessoas e, nos últimos tempos, 
aliada ao lazer e terapia, elas estão descobrindo ou redescobrindo um 
amor por ela. 
Muitas igrejas têm espaços ociosos que poderiam ser usados como 
ofi cinas de arte. Há muitas mulheres e homens que poderiam ensinar 
alguma modalidade de arte. Certamente, o tempo e a convivência durante 
as atividades tornam-se preciosos para compartilhar o evangelho de Cristo.
Outra ideia é usar a arte como projeto social, para atrair crianças, pessoas 
da terceira idade e, também, de baixa renda com poucas opções de 
lazer. Outra opção é usar os espaços de escolas, tanto públicas como 
particulares, para este ministério. Um espaço para artes, poesia, música 
etc. Lembremo-nos que o autor de toda a criação é o nosso Deus.
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA84
e. Esportes
O brasileiro, em geral, é afi cionado por esportes. Existe hoje um apelo muito 
grande para o fi tness: saúde integral, prevenção, qualidade de vida, etc. 
Em qualquer igreja é possível organizar grupos para atividades como 
caminhar, correr, pedalar, futebol, vôlei etc. Podemos convidar amigos 
para a prática coletiva destas atividades. Devemos ter em mente que, 
talvez, estas pessoas não se juntem à igreja, mas, certamente, estarão 
mais abertas a ouvir o evangelho, frequentar alguma atividade especial. 
Outra ideia é usar as dependências da igreja para ensinar jogos de xadrez, 
dama, dominó, etc. Também, outra atividade bem simples e fácil de 
realizar é convidar os vizinhos da comunidade para a prática de exercícios 
de alongamento. Pessoas da terceira são um público alvo típico.
f. Outras ideias
• Musicalização para todas as faixas etárias.
• Leitura pública de livros tanto para adultos como infantil.
• Leitura e canto nos hospitais, praças, casa de idosos.
• Biblioteca e empréstimo de livros para comunidades carentes.
• Ensino de corte e costura.
• Reforço escolar.
• Educação continuada para adultos.
• Qualifi car jovens para o mercado de trabalho
g. Novos locais para se reunir como igreja
• Salão sociais de prédios residenciais.
• Auditórios de hotéis.
• Shopping centers.
• Escritórios.
• Empresas, indústrias, lojas comerciais.
• Padarias, confeitarias, restaurantes.
• Parques, jardins.
85Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Algo que também será defi nitivo na busca de novas formas de ser igreja: 
a questão fi nanceira. O mundo de hoje caminha na direção do estilo 
de vida simples, minimalista. Portanto, creio que o tempo de construir 
grandes templos com alto grau de investimento fi nanceiro para a sua 
manutenção vai fi cando para trás.
Exercício de Aplicação - 19
Sobre a igreja emergente é correto afi rmar que ela possui duas 
características bem peculiares: a) são igrejas surgidas dentro do 
multiculturalismo; b) são igrejas que procuram alcançar as pessoas 
nos ambientes onde elas se encontram e não dentro dos templos 
das igrejas. Assinale ‘Verdadeira’ ou ‘Falsa’.
4.5. A igreja pós-moderna
Estamos vendo até agora algumas ideias sobre como o desenvolvimento da 
igreja pode se dar nos dias de hoje. Para alguns estudiosos, estamos num 
período que pode ser chamado de pós-moderno. Para outros, já passamos 
desse momento e estamos em outro momento “pós” na história:
Pós-modernidade, modernidade líquida, modernidade 
em um estágio ‘avançado’. Não importa qual termo seja 
utilizado, é notável que há na contemporaneidade uma 
série de transformações em setores tão diversos como 
o social, o econômico e o artístico, todas compreendidas 
em algum desses termos (Freitas, 2012, p. 68).
Outra maneira de compreender o termo:
Não há como buscar uma verdade que se chama 
pósmodernidade. Mas há, sim, como colocar 
em evidência a construção de sentido sobre um 
processo de recomposição de diversos elementos 
(políticos econômicos, culturais, religiosos etc.), que 
leva à emergência do que se tem chamado hoje de 
pósmodernidade (Esperandio, 2007, p. 9).
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA86
Por ser complexa a nossa era, para a igreja é sempre importante fazer 
uma leitura do seu tempo. Por isso, a célebre referência a Karl Barth sobre 
“ler a Bíblia e o jornal”. Isto signifi ca estar constantemente atento ao que 
se passa na sociedade. É impressionante como a igreja está alheia ao 
que acontece no mundo. Frequentamos os cultos e podemos perceber 
o quanto estão divorciados da realidade que o povo sentado nos bancos 
está vivenciando.
Para muitos, não interessa o que acontece na cidade, no país e no mundo; 
os sermões não tratam sobre isto. Muitas vezes, face a grandes tragédias 
nem orações são feitas pedindo o consolo de Deus. Uma igreja assim, 
tão alheia, tão insensível, terá capacidade de olhar para o mundo e tentar 
dialogar de forma respeitosa para apresentar o evangelho?
Por isso, olhemos um pouco para a nossa sociedade tão diversa e plural 
com o desafi o de fazer desse povo discípulos de Jesus Cristo.
Saiba mais
Guilherme Kerr compôs uma canção chamada Unidade e 
diversidade que nos motiva a pensar numa multidão desorientada 
e sem pastor como o próprio Jesus nos oferece o modelo (Mt 9:36). 
h� ps://www.youtube.com/watch?v=lpO2q-mCibQ
Como afi rmei, lendo os estudiosos do pós-modernismo podemos 
perceber que as ideias e refl exões sobre o tema são bem diversas. Como 
engajar os cristãos na vida em missão neste contexto? Como encarnar 
Jesus Cristo numa sociedade como a atual?
Um desafi o que a igreja enfrentará é a mudança de paradigma.
87Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Saiba mais
Paradigma é um modelo ou padrão a seguir.
Etimologicamente, este termo tem origem no grego paradeigma que 
signifi ca modelo ou padrão, correspondendo a algo que vai servir 
de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação.
São as normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e 
que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites.
O termo surgiu inicialmente em Linguística na teoria do signo 
linguístico criada por Ferdinand de Saussure, na qual relacionava 
o signo ao conjunto de elementos que constituem a língua.
O paradigma seria o conjunto de elementos linguísticos que 
podem ocorrer no mesmo contexto ou ambiente. Os elementos 
são substituídos por outros que vão ocupar a mesma posição.
Na fi losofi a, um paradigma está relacionado com a 
epistemologia, sendo que para Platão, um paradigma 
remete para um modelo relacionado com o mundo 
exemplar das ideias, do qual faz parte o mundo sensível.
O norte-americano Thomas Samuel Kuhn (1922-1996), físico 
e fi lósofo da ciência, no seu livro “A Estrutura das Revoluções 
Científi cas” designou como paradigma as “realizações científi cas 
que geram modelos que, por período mais ou menos longo e de 
modo mais ou menos explícito, orientam o desenvolvimento 
posterior das pesquisas exclusivamente na busca da solução para 
os problemas por elas suscitados.”
Fonte: “Signifi cado de paradigma” In https://www.signifi cados.com.br/
paradigma/
A igreja precisará entãosubstituir os moldes que ela usou por gerações, 
naturalmente preservando os princípios ou a essência do conteúdo, 
para alcançar o povo deste tempo. A difi culdade é que a igreja sempre 
vê o diferente como errado e ela quer que o outro se adeque a ela. Isso 
não vai mais funcionar. A sociedade seguirá seu curso, pois aos seus 
próprios olhos está indo bem. Arnold Toynbee em 1954 já falava que “a 
| Desenvolvimento integral da igreja | FTSA88
longo prazo só uma religião universal — que seria necessariamente uma 
fé sincrética — poderia garantir o futuro do planeta” (Esperandio, 2007, p. 
34). Será nesta direção que caminha o mundo hoje: a sincretização da fé? 
É a igreja que precisa participar da sociedade. Ela possui uma mensagem 
e uma missão, afi nal todas as pessoas precisam de Deus. Portanto, cabe 
a igreja buscar meios e recursos para que isso aconteça. Se ela não o 
fi zer, falará apenas para os seus membros e ainda cuidando para não os 
perder como tem sido o caso.
Concluindo, a cultura brasileira valoriza a comunhão e os fortes laços de 
relacionamentos. Por isso, torna-se altamente atrativo construí-los. Esse 
deverá ser o segredo de qualquer expansão da igreja nos dias atuais e 
futuros. Por mais que a sociedade se torne virtual, multicultural ou pós-
moderna nada irá superar o contato e o convívio pessoal. Isto será ainda 
maior forte em lugares como o Brasil e a América Latina. 
Os ministérios que valorizarem os relacionamentos serão mais efetivos e 
encontrarão as pessoas mais abertas para ouvirem sobre Cristo e a salvação 
que ele promove. O papel da comunhão na igreja do futuro talvez seja uma 
das poucas coisas que atrairão pessoas para a comunidade dos fi éis.
É necessário renovar a nossa fé e confiança que Deus está no controle da 
história e no controle da igreja. É necessário ousar e usar toda a criatividade 
do Deus Criador dos céus e da terra. É necessário o compromisso sério 
com os valores do reino para que se cumpra a profecia de Habacuque 
2:14: “E a terra fi cará cheia do conhecimento da glória do Senhor, assim 
como as águas enchem o mar”.
Exercício de Fixação - 20
Sobre a defi nição da palavra multiculturalismo é correto afi rmar:
I – multiculturalismo é um fenômeno social diretamente 
relacionado somente com a globalização, mas não com as 
sociedades pós-modernas.
II – multiculturalismo é a convivência confl ituosa de várias culturas 
num mesmo ambiente.
III – multiculturalismo é um conceito da sociologia aplicado aos 
89Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
estudos em ciências sociais.
IV – multiculturalismo não pode ser chamado de multiculturalidade 
e pluralismo cultural porque os termos diferem entre si.
V - O multiculturalismo é a convivência pacífi ca de várias culturas 
em um mesmo ambiente. Assinale as alternativas corretas:
a) I, II e III estão corretas. b) III, IV e V estão corretas.
c) II e IV estão corretas. d) III e V estão corretas.
e) nenhuma das alternativas estão corretas.
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99Desenvolvimento integral da igreja | FTSA | 
Rua: Martinho Lutero, 277 - Gleba Palhano - Londrina - PR
86055-670 Tel.: (43) 3371.0200

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