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ERISIPELA CONCEITOS ● Erisipela: infecção da derme ● Celulite: Infecção da derme que se aprofunda até o subcutâneo NA PRÁTICA, É DIFÍCIL DIFERENCIAR E O TRATAMENTO É IGUAL DEFINIÇÃO ● É uma infecção aguda da pele, localizada é causada principalmente por S. pyogenes (grupo A); ● Ocorre mais comumente em crianças pequenas, idosos. Além de diabéticos, obesos e portadores de deficiência da circulação das veias dos membros inferiores. ● Não é contagiosa e seus nomes populares são: esipra, mal-da-praia, mal-do-monte, maldita, febre-de-santo-antônio. ● Usualmente é precedida por infecções do trato respiratório ou da pele com S. pyogenes (menos usualmente com estreptococos dos grupos C e G); ● Diferença da celulite: a celulite envolve tipicamente tanto a pele quanto os tecidos subcutâneos mais profundos, e a distinção entre a região infectada da não infectada, não é clara. FATORES DE RISCO Rompimento da barreira cutânea devido: ● Trauma (mordida de inseto, abrasão, cortes), ● Fissuras na pele; ● Inflamação (eczema, radioterapia); o Infecção de pele preexistente (impetigo, tinea pedis), Varicela ou insuficiência venosa. Obesidade; Obstruções linfáticas decorrentes de procedimentos cirúrgicos como safenectomia e dissecção de nódulos axilares e pélvicos, também são causas de infecção. O intertrigo é o principal sítio de infecção para entrada do patógeno. ETIOLOGIA Os casos clássicos de erisipela, com manifestações típicas, são quase sempre devidos a estreptococos β-hemolíticos, habitualmente EGA e, em certas ocasiões, do grupo C ou do G; ● Principal agente é o Streptococcus pyogenes; ● AMBOS PATÓGENOS SÃO GRAM POSITIVOS!!! PATOLOGIA ● A porta de entrada pode consistir em uma ferida traumática ou cirúrgica, picada de inseto ou qualquer outra solução de continuidade na integridade da pele. Com frequência, nenhum local de entrada é aparente. Uma forma de celulite estreptocócica, a erisipela; ● As fissuras na pele presumivelmente servem como porta de entrada para os estreptococos que, a seguir, provocam infecção mais proximalmente na perna, no local de lesão prévia; ● As bactérias que infectam a epiderme, como o Streptococcus pyogenes, podem ser transferidas lateralmente para estruturas mais profundas por meio dos vasos linfáticos, evento que resulta na rápida disseminação superficial da erisipela. ● Mais tarde, o ingurgitamento ou a obstrução dos vasos linfáticos causa edema flácido da epiderme, outra característica da erisipela; ● O rico plexo de capilares abaixo da papila dérmica fornece nutrição ao estrato germinativo, e as respostas fisiológicas desse plexo produzem sinais e sintomas clínicos importantes; ● Erisipela envolve a derme superior e linfáticos superficiais; ● Padrão de hemólise: capacidade de causar lise na hemácia. ○ Alfa hemolítico: lise parcialmente de hemácias ○ Beta hemolítico: lisa completamente as hemácias ○ Gama hemolítico: Não lisa as hemácias MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ● Tem início abrupto de edema vermelho-vivo na face ou nos membros; ● Os pacientes apresentam dor localizada, inflamação (eritema, calor), aumento dos linfonodos e sinais sistêmicos (calafrios, febre, leucocitose). ● A área da pele envolvida fica tipicamente elevada, diferenciando-se das regiões não afetadas; ● As características que distinguem a erisipela são margens de enduração bem definidas, em especial ao longo da prega nasolabial, progressão rápida e dor intensa ● Descrições clássicas de erisipela observam o envolvimento de "borboleta" do rosto. ● O envolvimento da orelha (sinal da orelha de Milian) é uma característica distintiva da erisipela, uma vez que essa região não contém tecido derme mais profundo. ● Tende a ocorrer na área malar da face (frequentemente com extensão sobre a ponte do nariz para a região malar contralateral) e os membros inferiores. ● A lesão é quente ao toque, pode ser sensível e aparece brilhante e tumefeita. ● Com frequência, a pele exibe uma textura de casca de laranja, que se acredita refletir o acometimento dos vasos linfáticos superficiais; ● Bolhas flácidas ou vesículas podem se desenvolver durante o 2° ou 3° dia de doença, mas a extensão para tecidos moles mais profundos é rara; ● A descamação da pele comprometida ocorre em 5-10 dias a partir do início da doença. ● Depois de um episódio, não é incomum ter recorrência no mesmo local – algumas vezes anos mais tarde; ● A infecção de ferida ou a celulite localizada por estreptococos também podem estar associadas à linfangite, a qual se manifesta por estrias eritematosas que se estendem proximalmente ao longo dos vasos linfáticos superficiais a partir do local de infecção; ● A lesão pode progredir para pústula, ulceração e necrose; se envolve a fáscia subjacente e músculo, pode resultar em fasciite necrosante. SITUAÇÕES ESPECIAIS ● Celulite periorbitária / de face: pneumococo, hemófilos ● Celulite em diabético: risco de rápida evolução ● Erisipela bolhosa: risco de necrose do tecido e infecção secundária COMPLICAÇÕES ● Abscesso, ulceração; necrose; TVP; recidiva; linfedema crônico; DIAGNÓSTICO ● Clínico; ● O diagnóstico definitivo só é confirmado pelo resultado das culturas. No entanto, isso não deve atrasar o início da terapia em pacientes com sinais e sintomas clássicos; ● Medidas auxiliares no diagnóstico como hemocultura, aspirados e biópsias não se mostram úteis em casos leves de infecções, mas mostram-se importantes ferramentas diagnósticas quando os pacientes apresentam toxicidade sistêmica, envolvimento extenso da pele ou comorbidades como linfedema, diabetes e esplenectomia; ● Radiografias são úteis para o diagnóstico de exclusão na suspeita de abscessos e osteomielite. ● Diagnóstico diferencial: Celulite polimicrobiana ou estafilocócica: São mais profundas que a erisipela. Apresenta uma inflamação mais difusa do tecido celular subcutâneo. Clinicamente, o quadro não apresenta uma delimitação como a erisipela. TRATAMENTO ● Antibioticoterapia: ○ Penicilina cristalina: EV, 4/4h ○ Penicilina G benzatina: IM, depósito dura 21d ○ Penicilina V oral: pouco usada no Brasil ○ Oxacilina: ótima opção, mas só existe EV, 4/4h ○ Amoxicilina + clavulanato: boa opção (patógenos produtores de beta-lactamases) ○ Cefalexina: boa opção para tratamento domiciliar (500mg 6/6h) ○ Sulfametoxazol+trimetoprim (Bactrim) também pode ser usado ○ Suspeita de MRSA: Vancomicina ● O edema pode progredir apesar do tratamento apropriado, embora a febre, a dor e o eritema intenso diminuam. ● O tratamento não medicamentoso baseia-se em repouso com elevação da área afetada, a fim de facilitar a drenagem do edema e das substâncias inflamatórias pela gravidade. Além disso, a pele deve manter-se hidratada para evitar que a mesma resseque e forme novas lesões FARMACOLOGIA ● Penicilina: inibição da síntese da parede celular bacteriana através do bloqueio da síntese da camada de peptidoglicano da parede celular. ● Oxacilina: atua ligando-se a proteínas-ligadoras de penicilinas (PBPs), inibindo a síntese de componentes da parede celular bacteriana ● Amoxicilina + clavulanato de potássio: possui, ao mesmo tempo, a propriedade de antibiótico de amplo espectro e de inibidor de betalactamases. ● Cefalexina: interferência com a síntese do peptidoglicano, após a ligação às proteínas ligadoras dos antibióticos β- lactâmicos, levando à quebra da parede celular bacteriana. ● Bactrim: agem sinergicamente inibindo dois passos consecutivos da biossíntese do ácido folínico necessário aos microrganismos ● Vancomicina: consiste em inibir a síntese da parede celular durante sua multiplicação, resultando em lise osmótica. Para exercer seu poder inibitório, a vancomicina age como antagonista competitivo da polimerização da cadeia peptideoglicana, responsável pela constituição da parede celular microbiana. APÊNDICE: CELULITE PERIORBITÁRIA ● Patógenos: pneumococo, hemófilos● Sempre fazer exame de imagem para avaliar extensão ● Pré septal ou pós septal ● Pós: origem nos seios nasais, mais grave, pode ter diplopia, visão embaçada