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CORONECTOMIA DE TERCEIROS MOLARES INFERIORES: REVISÃO DE LITERATURA Adriana Medeiros Jerônimo Batista da Silva Graduandos em Odontologia na Faculdade Doctum Orientador: Prof. Dr. Fábio Matos Chiarelli RESUMO A prática odontológica envolve exodontias de terceiros molares inferiores que constantemente devem ser avaliados minuciosamente a fim de se evitar complicações. Sendo assim, a coronectomia surgiu com a finalidade de prevenir casos de parestesia para elementos com íntimo contato com o canal mandibular. Também chamada de odontectomia parcial intencional, essa técnica consiste na odontosecção da porção coronal, conservando as raízes no alvéolo com o intuito de evitar lesão ao nervo alveolar inferior. Dessa forma, faz-se necessário a interpretação de radiografia panorâmica e a tomografia computadorizada Cone Beam para fechamento de diagnóstico. O objetivo deste estudo é produzir uma revisão de literatura sobre a coronectomia e expor as suas vantagens, desvantagens, recomendações e restrições que influenciam a sua efetividade. Para isso, foram feitas pesquisas na base de dados Pubmed, Scielo e Google Acadêmico. Foram encontrados 43 artigos, dos quais 34 foram utilizados, selecionado entre os anos de 1993 a 2021. Observou-se que a técnica diminui significativamente o risco de dano ao nervo alveolar inferior, sendo considerado um procedimento seguro e eficiente. Palavras-chave: Coronectomia. Cirurgia. Lesão nervosa. Terceiro molar. ABSTRACT Considering that third molar extractions are part of a daily routine at dental practices, a detailed evaluation of each and every case should be taken as a protocol in order to avoid post-operative complications. As part of a correct diagnosis and treatment plan, a procedure named coronectomy has been selected by dentists with the purpose of preventing paresthesia when treating teeth with intimate contact with the mandibular alveolar nerve. Also called partial odontectomy, this technique is based on the protocol of sectioning of the coronal portion of the selected tooth, keeping its root untouched in order to avoid possible injuries to the inferior alveolar nerve. Thus, the evaluation of panoramic radiography and/or Cone Beam computed tomography is crucial for a correct diagnosis. The aim of this paper is review different articles and scientific researches on the subject gathering enough information to consider its advantages, disadvantages, recommendations and restrictions that could possibly compromise its effectiveness. In order to achieve our goal, three main scientific data-based sources were used, Pubmed, Scielo and Google Scholar databases. A total of 43 articles were found, among those 34 were used, ranging from dates from January of 1993 to December of 2021. After a comprehensive research we were able to conclude that the technique significantly reduces the risk of damaging to the inferior alveolar nerve, being considered a safe and efficient procedure. Keywords: Coronectomy. Surgery. Nerve injury. Third molar. 1 1 INTRODUÇÃO Extrair o terceiro molar é um procedimento cirúrgico odontológico comum e tem como fatores dificultadores a impactação, as pericoronarites, as cáries, os cistos odontogênicos e as doenças periodontais (NORMANDO, 2015). Na prática profissional, o cirurgião-dentista possui a necessidade de planejar o procedimento para eliminar e/ou evitar que ocorram acidentes no transoperatório e pós-operatório, o que, na maioria das situações, estão relacionados à posição e localização do elemento (FERREIRA FILHO et al., 2020). Planejada para a remoção da coroa do dente e retenção das raízes no alvéolo, principalmente dos terceiros molares inferiores, a coronectomia é uma técnica descrita em 1984 pelos franceses Ecuyer e Deblin, também denominada odontectomia parcial intencional. Tal técnica é preconizada quando se observa uma relação das raízes dentárias dos terceiros molares inferiores com o nervo alveolar inferior (NAI), próximo ou em íntimo contato com o canal mandibular. Sendo assim, por meio do exame de radiografia panorâmica podem ser examinados sinais como uma sombra do nervo alveolar inferior ou estreitamento do canal. Nesse caso, é indicada tomografia computadorizada Cone Beam (TCCB) para confirmação do diagnóstico (DEBONI et al., 2013). Nos estudos de Vieira et al. (2020) a radiografia panorâmica foi destacada como o método padrão para avaliação pré-operatória, no entanto, esta apresenta limitações, pois fornece imagem bidimensional. Dessa maneira, seria exigido a TCCB que possibilitaria visualizar com maior qualidade resolutiva a relação das estruturas ósseas e dos terceiros molares, já que mostra as imagens tridimensionais, demonstrando com maior clareza e detalhe as estruturas nobres, além da real relação das raízes com o canal mandibular, proporcionando antever as prováveis consequências da parestesia. Esse processo proporciona informações mais precisas para o profissional avaliar e determinar o risco cirúrgico pré-operatório e escolher entre as técnicas, convencional ou coronectomia. Além disso, vale ressaltar que entre as possíveis complicações da coronectomia, estão incluídos o edema, infecção, trismo, hemorragia e a parestesia (ANUNCIAÇÃO et al., 2021). 2 Dessa forma, este estudo tem como objetivo discutir a coronectomia e sua aplicação em terceiros molares inferiores com íntima relação ao nervo alveolar inferior, explorando suas vantagens, desvantagens, indicações e contraindicações da técnica. 2 METODOLOGIA A revisão de literatura foi realizada por meio de artigos científicos, revistas e dissertações, buscados nas bases de dados, Scielo, Pubmed e Google Acadêmico. Utilizou-se como termos de busca e descritores em diferentes combinações: Coronectomia, terceiro molar inferior, nervo alveolar inferior, coronectomy, piezoeletrico, em conjunto com o operador booleano “and”. Usando esses mecanismos, foram encontrados 43 artigos situados no período dos anos de 1993 até 2021, incluindo os de revisão. Como critério de inclusão, foram selecionados artigos que seguiram a linha de raciocínio abordada neste estudo e como critério de exclusão, foram rejeitados os trabalhos que passaram dados imprecisos sobre o tema abordado. Com essas medidas, em seguida, foram selecionados 34 artigos, sendo 17 na língua portuguesa e 17 na língua inglesa. 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 TERCEIROS MOLARES INFERIORES Estudos de Santos et al. (2020) destacam o terceiro molar como um elemento dentário que, na faixa etária jovem ou adulta inicia seu processo de movimentação migratória, ou seja, passa de um dente ainda em formação em direção ao seu local de desenvolvimento alveolar para o seu posicionamento na cavidade bucal. A partir disso, uma prática comum nos consultórios é a extração do terceiro molar motivada pela falta de espaço nas arcadas dentárias superiores e inferiores levando-o a ser incluso, ou seja, recoberto por tecido ósseo ou conjuntivo, podendo ainda se apresentar como semi-incluso e impactado (ALVES-FILHO et al., 2019). Além disso, os terceiros molares não irrompidos são classificados de acordo com a angulação do dente e grau de impactação. Esses elementos costumam estar posicionados vertical, mesio-angular, disto-angular, horizontal, invertida ou em línguo- versão ou vestíbulo-versão, seguindo a classificação de Winter conforme 3 demonstrado na Figura 1. Figura 1: Posicionamentos do terceiro molar inferior incluso - Classificação de Winter Fonte: Gomes, 2010. Ademais, Pell e Gregory apresentam a classificação de acordo com a superfície oclusal dos terceiros molares inferiores com relação ao segundo molar adjacente (posição A, B, C) e o diâmetro mesio-distal do terceiro molar em relação a borda anterior do ramo da mandíbula (XAVIERet al., 2010), como pode ser observado na Figura 2 a seguir. Figura 2- Classificação dos terceiros molares inferiores de acordo com Pell e Gregory Fonte: Xavier et al., 2010. 4 Para além disso, é conveniente salientar que a faixa etária entre 17 e 20 anos é o período ideal para a extração do terceiro molar, haja vista que o paciente apresenta maior facilidade de adequação no ato da cirurgia (SCHROEDER et al., 2011). Nesse contexto, é preciso atenção e cuidado para que não ocorram complicações após a cirurgia como, a parestesia que ocasiona significativo desconforto, incômodo e ausência de sensibilidade em algum ponto, além da possibilidade de acontecer formigamento, dormência, sensibilidade alterada ao frio ou ao calor (MATOS, LADEIA JÚNIOR, LADEIA, 2019). 3.2 LESÃO AO NERVO ALVEOLAR INFERIOR O nervo alveolar inferior (NAI) é uma estrutura importante, sobretudo quando se trata de anestesia em região mandibular. Dito isso, a lesão do NAI é uma complicação cirúrgica que possui como uma das causas a extração de terceiros molares inferiores impactados ou erupcionados devido sua proximidade com essa estrutura nervosa (HILLERUP, 2008). Segundo Atieh (2010), o risco de danificar o NAI, quando existe esse íntimo contato, pode chegar a 20,3%. Desse modo, nesses casos em que o contato é próximo, a coronectomia é sugerida, haja vista que diminui a chance de ocorrer uma parestesia quando comparada com a técnica convencional. Consoante a isso, Haas D. e Leenon J. (1995), dizem que a parestesia pode ser definida como uma modificação na percepção sensitiva subjetiva, percebida como frio, calor, dormência e pressão, assim, consiste ainda em uma sensação alterada com uma duração muito maior do que a prevista pela anestesia. Outrossim, Pogrel (1993) relatou a terminologia padrão para as manifestações referente ao trauma do tecido nervoso. Sendo assim, as alterações de sensibilidade resultam em efeitos diferentes em cada definição. O conceito de parestesia segundo o autor é resultante de uma lesão traumática provisória ou de um trauma interno, na qual o paciente não relata sentir dor. Já a disestesia é o termo utilizado para descrever várias sensações dolorosas associadas à alteração funcional do nervo. Por fim, hipostesia/hiperalgesia são graus que variam dentro dos sintomas de disestesia, sendo uma sensação diminuída ou aumentada no sintoma de dor. 5 3.3 CORONECTOMIA DE TERCEIRO MOLAR INFERIOR A técnica de coronectomia envolve a remoção parcial do terceiro molar, deixando a raiz no alvéolo e retirando apenas a porção coronária (ANUNCIAÇÃO BARRETO et al., 2021). O procedimento é recomendado para o caso de dentes que necessitem de extração na qual o nervo alveolar inferior aumente a possibilidade de rompimento, o que ocasionaum problema de maior gravidade. Ademais, tal técnica também pode ser aplicada em casos de alto nível de lesão ao nervo alveolar inferior, fratura mandibular e demais situações que envolvam o manejo de terceiros molares com cistos dentígeros com risco de afetar e danificar a inervação (MENDES et al., 2020; LEUNG et al., 2018). É de fundamental importância que o paciente seja orientado sobre as possíveis intercorrências da aplicabilidade do procedimento, sendo assim, por meio de uma dissertação de um termo de responsabilidade, deve-se esclarecer a chance de uma segunda intervenção mediante análise pós-operatória, como em casos de migração da raíz (STEEL et al., 2021; MANN et al., 2021). Nesse sentido, Pogrel, Lee e Muff (2004) escrevem em seus estudos os fatores que indicam a ocorrência desse procedimento e de análise no pré-operatório, conforme transcrito no Quadro 1 abaixo. Quadro 1– Fatores que permitem a técnica de coronectomia Saúde periodontal, certificando que as raízes sepultadas integrem à biologia do organismo Não pode haver presença de infecções envolvendo as raízes, evitando que o organismo perceba como um corpo estranho, além dos riscos de disseminação da infecção para outros tecidos Dentes vitais e/ou endodonticamente tratados, pois pulpites são decorrentes da patologia cariogênica e representam riscos de infecção para o organismo A técnica é melhor utilizada para impactações verticais, mesioangulares ou distoangulares, onde a própria secção não coloca o nervo em risco Porção coronal e parte considerável das raízes devem ser removidas de 2 a 3 mm abaixo do nível do alvéolo. 6 Porção apical deve ser preservada sem movimentações ao longo do manejo da técnica Fonte: Pogrel, Lee e Muff, 2004 De acordo com Ferreira Filho et al. (2020), o profissional necessita de exames complementares para adquirir mais conhecimentos em cada caso clínico. A radiografia panorâmica pode ser utilizada como base para abordagem de diagnóstico, visto que proporciona a visão da anatomia total da região (NISHIMOTO et al., 2020). Contudo, a partir da solicitação de TCCB é possível observar o estreitamento do lúmen do canal, a curvatura do complexo radicular e o trajeto do canal dessa estrutura nervosa, fatores essenciais para a indicação da coronectomia (MATZEN et al., 2013). A Figura 3, apresentada a seguir, ilustra a indicação de coronectomia para terceiro molar inferior impactado: Figura 3– A - Sinal radiográfico de relação próxima entre as raízes do dente 48 com o canal da mandíbula. B- Exame de TCCB confirmando o íntimo contato. Fonte: Milani CM, et al., 2018 Ainda que a coronectomia seja uma técnica de prevenção e tratamento voltada para a preservação do nervo alveolar na extração de terceiro molar, Pitros et al. (2020) apontam que há contraindicações e, por isso, é necessário que o profissional avalie cuidadosamente todo o processo na fase de preparação operatória. Para além disso, não se recomenda executar o procedimento em pacientes clinicamente comprometidos em função do elevado índice de infecção no pós- 7 operatório ou da possibilidade de ocasionar uma cicatrização prejudicada. Há casos em que não há elegibilidade de terceiros molares para o procedimento, entre eles pode-se citar: paciente com cárie dentária, dentes associados a infecções, lesões císticas que não apresentam soluções após o processo cirúrgico. Nesse sentido, há necessidade de planejar o processo cirúrgico (MILTON NETO; RAMANTIER OLIVEIRA, 2021). Terceiros molares inferiores dispostos horizontalmente em que a coroa está em íntimo contato com o canal também não são recomendados nessa técnica, visto que o NAI pode ser lesado durante o corte coronal (KANG et al., 2019). 3.4 APRESENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO Inicialmente o paciente recebe medicação preemptiva: Anti-inflamatório: Dexametasona 4mg Profilaxia antibiótica: Amoxicilina 1g como dose de ataque para prevenção de infecções na região operada (AHA, 2021). A etapa operatória inicial se caracteriza semelhante ao protocolo de exodontia de terceiros molares, tendo em vista o bloqueio dos nervos alveolar inferior, lingual e bucal e a técnica infiltrativa para auxílio do quadro de um sangramento intenso. Desta maneira, é realizado uma incisão que se inicia no espaço retromolar e um descolamento de qualidade do retalho mucoperioesteal associada a uma incisão relaxante na região vestibular do 2° molar. Se o elemento estiver ocluso, é necessário executar a técnica de osteotomia a fim de visualizar com mais qualidade sua coroa (FARISH; BOULOUX, 2007). Dessa forma, irá ocorrer um descolamento da musoca lingual, no qual necessita de proteção do nervo lingual com afastador minessota no momento da secção da coroa vista a seguir na figura 4: 8 Figura 4– Técnica para remoção de terceiro molar inferior Fonte: Sencimen et al., 2010 Conforme a técnica elaborada por Pogrel, Lee e Muff (2004), o corte deve ser realizado de vestibular para lingual em um ângulo de 45° em relação ao longo eixo dodente. Deve-se seccionar completamente a coroa, até ela estar móvel, para realizar sua remoção. Após a retirada da porção coronária, o remanescente deve ser reduzido com brocas, ficando de 3 a 4 mm abaixo da crista óssea, proporcionando facilidade na formação de coágulo sanguíneo seguida de uma formação óssea sobre as raízes. Por fim, a ferida será fechada em primeira intenção (RODRIGUES et al., 2020). O tratamento endodôntico de raízes reservadas não deve ser realizado, pois aumenta o risco de infecção pós-operatória (BARRALOUCH et al., 2017). Previamente à sutura, é relevante realizar uma radiografia periapical com objetivo de avaliar possívies alterações de esmalte remanescente ou restos dentinários ásperos, que podem trazer consequência para a cicatrização dificultando a neoformação óssea (MONACO et al., 2015). 3.5 UTILIZAÇÃO DO APARELHO PIEZOELÉTRICO O piezo é um motor ultrassônico, utilizado inicialmente por Tomaso Vercelloti em 1988, que possibilita um corte mais seletivo e preciso somente em osso sem prejudicar tecidos moles, além de permitir maior segurança em comparação com métodos tradicionais. Por meio de aproximadamente 29 quilohertz (kHz) de frequência, as vibrações ultrassônicas provenientes do motor são ampliadas e 9 concedidas para uma das pontas ativas da peça de mão, quando exercido uma leve pressão sobre o tecido ósseo, isso gera o efeito denominado cavitação, ou seja, um corte exclusivo em tecido mineralizado. Esse corte é ministrado com auxílio de soro fisiológico para que se evite o aquecimento na área incisada. Uma das aplicabilidades do piezocirúrgico na odontologia é a excelência na execução de intervenções cirúrgicas em que o íntimo contato do nervo alveolar inferior necessita de um equipamenteo com alto grau de precisão (Figura 5) (FONSECA et al., 2020). Figura 5- Itens autoclaváveis do piezoelétrico Fonte: CVDentus 4 DISCUSSÃO A técnica da coronectomia se apresenta como uma alternativa eficaz em casos de considerados riscos de lesão ao NAI (MANN et al., 2021). Anunciação Barreto et al. (2021) afirmam que o sucesso está relacionado com a boa seleção do paciente, técnica do operador e com as indicações e contraindicações asseguradas para que a segurança e eficiência sejam alcançadas. No entanto, mesmo sendo utilizada estensivamente, Barraclouch et al. (2017) declaram que erros associados a intervenção cirúrgica ocorre por infecção no pós- 10 operatório ou por movimentos radiculares ao longo do procedimento. Todavia, Mendes et al. (2020) defendem que falhas, além de estarem associadas a mobilizações de raízes, também possuem relação com manifestações geradas após o procedimento como: infecção, migração/exposição da raiz, esmalte residual, deiscência da ferida, pulpite ou raiz móvel. Conforme Atieh (2010), a interpretação de radiografias auxilia o profissional na conduta em casos de proximidade ao canal do nervo alveolar inferior, sendo que no raio X panorâmico a suspensão da luz do canal radicular e escurecimento radicular são sugestivos de proximidade. Contudo, Matzen et al. (2013) afirmam que a tomografia computadorizada de feixe cônico, através de uma visão tridimensional, indica com mais qualidade a existência desse contato, como também pode indicar que há osso entre essas estruturas. De acordo com Sencimen (2010), a literatura descreve que as infecções relacionadas a esse procedimento podem estar associadas ao remanescente pulpar e ao tecido da polpa parcialmente ressecado. Porém, o autor realizou um estudo em 16 molares inferiores impactados, no qual oito realizaram somente a coronectomia e o restante associaram a coronectomia mais o tratamento de canal. Foi certificado que o tratamento endodôntico aumenta notavelmente as taxas de complicações e infecções. Concomitantemente, Nishmoto et al. (2020) demonstraram que o tratamento endodontico simultaneamente à coronectomia não diminui a frequência de infecções no pós-operatório. Além disso, no final do estudo de 1 ano, a análise histológica apresentou vitalidade das raízes mantidas e houve um desenvolvimento para o fechamento dos canais radiculares por osteodentina no local da amputação com formação de osteo-cimento sobre as superfícies das raízes. Conforme Ferreira Filho et al. (2020) apesar de pouca ocorrência e da exodontia convencional manifestar perigos mais relevantes, danos às estruturas também foram mencionadas. Kang et al. (2019) verificaram a companhia da lesão nervosa provisória ao NAI em torno de 0,5 a 1% no decorrer da coronectomia, no entanto, ainda confirma a eficácia do método na precaução em afetar tal nervo. Em contrapartida, Mann et al. (2021) em seu estudo comparativo entre coronectomia e extração completa, observaram que não é frequente a ocorrência de lesão ao NAI na técnica da coronectomia, mas não descartou a necessidade de mais estudos para desenvolvimento de protocolos cirúrgicos. Pitros et al. (2020) estabelecem que em pacientes do sexo feminino a incidência de lesão nervosa foi maior, isso em razão da 11 compacta óssea vestibulo-lingual ser menor nesse público, gerando uma aproximação maior da área apical com o canal mandibular. Outra intercorrência que pode-se citar é a possível lesão do nervo lingual como um risco durante a técnica. Rodrigues et al. (2020) evidenciam a utilização do retrator lingual para melhorar o acesso e a visualização durante a secção óssea. Entretanto, a lesão desse nervo foi constatado entre as possíveis complicações durante o transoperatório na concepção dos residentes na área de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais em Recife, PE. Sendo assim, Steel et al. (2021) alegam que um instrumento subperiosteal mal posicionado pode esmagar, esticar ou não proteger o nervo lingual. Pogrel et al. (2004) por meio de ensaio clínico fizeram uma comparação entre as radiografias no instante do procedimento e 6 meses após a coronectomia, apontando migrações das raízes de fragmentos de 2-3 mm da posição inicial em aproximadamente 30% dos casos. Leung et al. (2018) declaram em seu estudo que as migrações radiculares no pós-operatório foram maiores nos primeiros 6 meses e depois reduziu a velocidade, em 24 meses houve migração em pequena proporção e aos poucos tornou-se estável. Já Kang et al. (2019) analisaram que posteriormente a coronectomia, as raízes migraram com rapidez durante os 6 meses inciais e estabilizaram 1 ano após a cirurgia. Mendes et al. (2020) observou que as raízes migram para fora do canal mandibular, demonstrando sucesso no procedimento com relação à proteção do NAI. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com a pesquisa realizada, foi identificado que pelo modo convencional de cirurgia para extração de terceiros molares, existem inúmeros riscos como lesão do nervo alveolar inferior, infecção, dor, entre outros eventos adversos que ocorre nesse procedimento que podem afetar a saúde do paciente. A coronectomia é a técnica que reduz potencialmente esses riscos de complicações, além de preservar a qualidade da saúde e segurança do paciente. Em auxílio ao manejo procedimental do profissional de odontologia, a radiografia panorâmica e a tomografia computadorizada cone beam (TCCB) são essenciais para identificação da intensidade da problemática relativa à proximidade das raízes do terceiro molar inferior e o canal mandibular. 12 Ante o exposto verificamos que a coronectomia deve ser procedida nos casos em que podem haver riscos de fratura mandibular, cisto odontogênico e riscos de lesões no nervo alveolar inferior. Contudo, a técnica é contraindicada nos casos de pacientes clinicamente comprometidos, além de terceiros molares inferiores em posição horizontal. 13 REFERÊNCIAS 1. ALVES-FILHO, M. et al. Estudo retrospectivo das complicações associadas à exodontia de terceiros molaresem um serviço de referência no sertão paraibano, Brasil. Arch Health Invest., vol. 8, n.7, p. 376-38, 2019. 2. American Heart Association | To be a relentless force for a world of longer, healthier lives. Disponível em: <https://www.heart.org/>. 3. 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