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0 UNICEP – CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA CURSO DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO E A GESTÃO DE RISCOS Jener José de Andrade São Carlos - SP 2019 1 UNICEP – CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA CURSO DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO GESTÃO DE RISCO APLICADO A ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO Trabalho de Conclusão de curso apresentado a Faculdade UNICEP, como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Autor: Jener José de Andrade Orientador: Prof. Adaécio São Carlos - SP 2019 2 Jener José de Andrade GESTÃO DE RISCO APLICADO A ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO Trabalho de Conclusão de curso apresentado a Faculdade UNICEP, como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão em sessão pública realizada em ______/______/_________, considerou o candidato: 1) Examinador (a) 2) Examinador (a) 3) Presidente 3 Declaração de Autoria Eu, Jener José de Andrade, devidamente matriculado no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da UNICEP, declaro a quem possa interessar e para todos os fins de direito que: a. Sou o legítimo autor do trabalho de conclusão de curso cujo título é: Engenharia de Segurança do Trabalho e a Gestão de Riscos b. Respeitei a legislação vigente de direitos autorais, em especial citando sempre as fontes que recorri para transcrever ou adaptar textos produzidos por terceiros. Declaro-me ainda ciente que se for apurada a falsidade das declarações acima, o TCC será considerado nulo e o certificado de conclusão do curso/diploma porventura emitido será cancelado, podendo a informação de cancelamento ser de conhecimento público. Por ser verdade, firmo a presente declaração. São Carlos,_____de_______________de_______ _______________________________________ Assinatura do Aluno 4 RESUMO O objetivo deste estudo é identificar os avanços metodológicos e técnicos obtidos no campo da gestão de riscos na Engenharia de Segurança do Trabalho. Pretendeu-se apontar as metodologias aplicáveis à Gestão de Riscos em ambientes de trabalho no contexto da promoção de saúde ocupacional dos trabalhadores; avaliar a eficácia dos métodos e técnicas aplicáveis em programas de Segurança do Trabalho; apontar as metodologias consideradas mais eficientes em termos de eficácia em gestão de riscos na Segurança do Trabalho e indicar como os avanços na área de Engenharia de Segurança poderão contribuir para reduzir os índices de acidentes e doenças ocupacionais em trabalhadores. Para a realização do estudo optou-se por uma revisão bibliográfica para construir um quadro de referências sobre o tema, a partir dos objetivos, problema e pressupostos. No tema escolhido sobre Engenharia de Segurança do Trabalho e a Gestão dos Riscos considerou-se importante realizar esse tipo de pesquisa. Os resultados demonstram que os modelos de implementação de gestão de risco poderão ser variados dependendo das necessidades contingenciais de cada empresa e das atividades produtivas. Existe uma grande diversidade de modelos, técnicas e metodologias de análise de risco que tem como foco a análise de risco, a identificação, o mapeamento dos riscos e a hierarquização dos riscos. Tais propósitos fazem parte de um conjunto integrado de ações que visa estabelecer os eventos de riscos, sua frequência, taxa de gravidade e tempo decorridos. Palavras-chave: Gestão de Risco, Saúde Ocupacional, Segurança do Trabalho, Acidentes, Metodologias. 5 ABSTRACT The aim of this study was to identify the methodological and technical advances achieved in the field of risk management in Occupational Safety Engineering. It was intended to point the methodologies for the risk management in work environments in the context of promoting occupational health of workers; evaluate the effectiveness of the methods and techniques applicable Occupational Safety programs; point methodologies considered more efficient in terms of efficiency in risk management in Occupational Safety and indicate how advances in safety engineering area may help to reduce the rates of accidents and occupational diseases in workers. For the study we chose a literature review to build a framework on the subject, from the goals, problems and assumptions. The theme chosen for Occupational Safety Engineering and Risk Management was considered important to conduct this kind of research. The results demonstrate that the risk management implementation models can be varied depending on the contingency needs of each company and of productive activities. There is a wide range of models, techniques and methodologies of risk analysis that focuses on risk analysis, identification, risk mapping and prioritization of risks. Such purposes are part of an integrated set of actions aimed at establishing the risk events, their frequency, severity rate and time elapsed. Keywords: Risk Management, Occupational Health, Safety, Accident, Methodologies. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – AUDITORIA ......................................................................................... 14 Figura 2 – PIRÂMIDE DE FRANK BIRD .............................................................. 18 Figura 3 – RELAÇÃO MED, CONTROLE DE RISCOS ........................................ 21 Figura 4 – SUBDIVISÕES DE DOS GERENCIAMENTOS .................................. 22 Figura 5 – ISHIKAWA ........................................................................................... 24 Figura 6 – APR ..................................................................................................... 27 Figura 7 – AAF ..................................................................................................... 28 Figura 8 – ÁRVORES DE CAUSA ....... 29 Figura 9 – FMEA .................................................................................................. 30 Figura 10 – HAZOAP ........................................................................................... 31 Figura 11 – TIC .................................................................................................... 32 Figura 12 – 5 PORQUÊS ..................................................................................... 34 Figura 13– PPRA ................................................................................................. 35 Figura 14 – CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS .................................. 36 Figura 15 – PRESSUPOSTOS DA GESTÃO DE RISCOS .................................. 38 Figura 16– FLUXOGRAMA DE GESTÃO DE RISCOS ........................................ 40 Figura 17 – MODELO MULTICAUSAL DE RISCOS EM EVENTOS .................... 42 Figura 18– PDCA ................................................................................................. 44 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09 2. OBJETIVOS ..................................................................................................... 10 2.1. Objetivo geral ................................................................................................ 10 2.2. Objetivo específico ........................................................................................ 10 3. METODOLOGIA DO ESTUDO........................................................................ 11 4. NORMATIZAÇÕES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DE GESTÃO DE RISCOS NAS EMPRESAS ......................................................................................................... 12 4.1. Históricos e Diretrizes.................................................................................... 12 5. HISTÓRIA DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ................ 15 5.1. Avanços ......................................................................................................... 15 6. ANÁLISE DE RISCOS ..................................................................................... 20 6.1. Ferramentas .................................................................................................. 22 A. Ishikawa ..................................................................................................... 23 B. DDS ........................................................................................................... 25 C. Registro de Prevenção ............................................................................. 25 D. Análise de Riscos ...................................................................................... 26 E. Análise Preliminar de Riscos (APR) .......................................................... 26 F. Análise de Árvore de Falhas ...................................................................... 27 G. Árvore de Causas ..................................................................................... 28 H. FMEA ........................................................................................................ 29 I. HAZOP (Estudo de Perigos e Operabilidade) ............................................ 30 J. TIC (Técnicas de Incidentes Críticos) ....................................................... 31 K. Análise de Riscos (5 Porquês) ................................................................. 32 L. PPRA ......................................................................................................... 34 M. CIPA .......................................................................................................... 35 8 7. GESTÃO DE RISCOS A ESNGENHARA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ............................................................................................................................. 35 7.1. Aspectos Conceituais .................................................................................... 35 8. CONCLUSÕES ................................................................................................ 45 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 46 9 1 INTRODUÇÃO Atualmente muitas transformações do trabalho no mundo trouxeram inovações em análise de risco, gestão de riscos e metodologias que tem a função de avaliar os riscos que determinado ambiente possui para ocorrer um acidente de trabalho ou de provocar impactos na saúde do trabalhador. Essas inovações no campo da Engenharia do Trabalho, através de abordagens integradas entre segurança, da higiene e da saúde no trabalho determinaram os padrões determinantes em que as empresas públicas e privadas deverão usar como sistema de gerenciamento de riscos. Em todas as atividades humanas de produção, existem riscos sendo menores ou de grande impacto sobre a saúde do trabalhador, os acidentes causados por carência de conhecimento dos tipos de riscos existentes neste ambiente e por negligência. Portanto, atualmente não é possível pensar na saúde do trabalhador como envolver ações que poderão produzir imprevistos, razão pela qual os índices de acidentes de trabalho em diversos setores produtivos se apresentam em níveis elevados. A pesquisa tratará de analisar os avanços da Gestão de Riscos na Engenharia do trabalho, levando em consideração, as metodologias e técnicas aplicáveis à Gestão de Riscos nos ambientes de trabalho afim de proteger a saúde e integridade dos trabalhadores. Tem como foco contribuir com a discussão sobre a real eficácia dos métodos e técnicas aplicáveis em programas de Segurança do Trabalho. Portanto, a pesquisa tem foco de estudo nos avanços da gestão de risco e sua capacidade de reduzir os índices de acidentes e doenças ocupacionais. A abordagem da pesquisa aponta como centro da causa dos acidentes os erros e negligências dos sistemas de gestão de risco que deverão estar associados diretamente com o tipo de atividade do trabalhador e as probabilidades de ocorrer eventos de risco como erros e falhas produzidas em nível organizacional. Nesse contexto, o estudo apontará que o bom gerenciamento de um sistema de risco e poderá ser a alternativa para a redução de acidentes de trabalho. 10 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral Identificar os avanços metodológicos e técnicos obtidos no campo da gestão de riscos na Engenharia de Segurança do Trabalho. 2.2. Objetivo específico • Descrever as metodologias usuais aplicáveis a Gestão de Risco em ambientes do trabalho visando a saúde e integridade do trabalhador; • Mensurar a eficácia dos métodos e técnicas aplicáveis em programas de Segurança do Trabalho tendo-se como exemplo o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais); • Apontar as metodologias de acordo com as NR’s (Normas Regulamentadoras) consideradas mais eficientes em termos de eficácia em gestão de riscos na Segurança do Trabalho; • Indicar como os avanços na área de Antecipação e Reconhecimento de Riscos da Segurança do Trabalho poderão contribuir para reduzir os índices de acidentes e doenças ocupacionais em trabalhadores. 11 3. METODOLOGIA DO ESTUDO Para a realização do estudo optou-se por uma revisão bibliográfica para construir um descritivo de referências sobre o tema, a partir dos objetivos, problema e pressupostos. No tema escolhido sobre a Engenharia de Segurança do Trabalho e a Gestão de Riscos considerou-se importante realizar esse tipo de pesquisa. Os procedimentos tiveram como foco buscar autores renomados e procurar as respostas aos objetivos da pesquisa, bem como conhecer a forma de apresentação dos métodos e técnicas em gestão de risco. Para atingir os objetivos do estudo foi necessário o uso de fontes secundárias baseadas em obras e em artigos onde foram realizadas constante estudos. Segundo Martins e Lintz (2010) consideram a revisão bibliográfica uma forma de obter conhecimentos sobre o tema, possibilitando ao pesquisador uma interpretação sobre os pressupostos dos autores podendo comparar ideias e estabelecer divergências e convergências. Considerada por Vergara (2012) a revisão bibliográfica é uma estratégia de conhecimento que tem base em um conjunto de processos para localizar informações por meio de análises, interpretações, fundamentações e teorias. Amalberti (1996) cita que os ambientes complexos são marcados pela incerteza, pela dinâmica, pelos riscos e pelas exigências das tarefas. As atividades são avaliadas das seguintes formas: reconhecimento (deve ser realizado um levantamento para sanar quais os riscos existentes no local de trabalho), avaliação (deve determinar se há ou não a existência do risco e qual a sua extensão) e o controle (com objetivo de melhorar o local de trabalho, eliminando os riscos, de quem está exposto). Francisco Bueno (1988), diz que o termo risco foi originado nas atividades da navegação, ao qual o seu primeiro sentido vem de borda, orla, fio de rochedo, recife, indica uma condição de eminência de danos às embarcações. Apenas mais tarde é que o termo risco passou a significar também traço linha. Desta forma a dificuldade dos navegantes estava em identificar a posiçãoexata desta linha de rochedos e a condição ambiental para que as evitasse uma colisão eventualmente um naufrágio. Assim o conceito de risco sempre esteve associado à incerteza dos resultados. 12 O Perigo fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, meio ambiente, local de trabalho ou a combinação destes e o risco são combinações de probabilidade de ocorrência e da consequência de um determinado evento perigoso. Resumindo: perigo é a fonte geradora e o Risco é a exposição a esta fonte. A gestão de risco está intimamente ligado aos processos de fabricação e envolve a análise, avaliação, o tratamento, a aceitação e a comunicação de riscos. Análise envolve a identificação dos riscos ao qual se está exposto e a avaliação dos mesmos. Desta forma, possuem três estratégias de tratamento: evitar o risco, transferir o risco e reduzir o risco. A ideia de se evitar o risco implica na eliminação do perigo, pois somente assim não se correria risco, uma vez que não é possível eliminar totalmente a incerteza do perigo torna-se um incidente. Contudo, o que se verifica naquelas situações, e que será abordado com maiores detalhes nos capítulos seguintes, é uma série de ações que potencializam situações para a concretização de acidentes com equipamentos utilizados na fabricação destes materiais, que não são levadas em consideração na proposição das medidas institucionais de segurança. 4. NORMATIZAÇÕES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DE GESTÃO DE RISCOS NAS EMPRESAS 4.1 Histórico e diretrizes As diretrizes da Agência Europeia para a Segurança e Saúde do Trabalho expedidas para a realização de uma eficiente avaliação de riscos, se incorporam regras que devem ser estabelecidas de acordo com a legislação específica do seu país em termos de avaliação de riscos (BARSANO, 2014). A inovação da primeira regra técnica de Gestão de Riscos conhecida como AS/NZS 4360:2004 criada na Austrália em formato de manual trata das diretrizes necessárias para a aplicação de ações baseadas em uma filosofia voltada para a prática de controle sobre os riscos que tem a função de orientar a gerência de risco para ser utilizado pelas empresas tanto pública como de natureza privada. 13 A norma OHSAS 18001:2007 se constitui na forma de orientação para a aplicação da Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho, essa abordagem tem assegurado diversas atividades produtivas em que os riscos estão abrangentes em relação aos riscos ambientais e de segurança, o que representa os cuidados e o monitoramento de atividades e de instalações, o controle sobre a incidência de acidentes, a evolução do desempenho dos processos em todos os sistemas na forma de mensuração de resultados globais (OLIVEIRA 2011). Bellusci (2013) atualmente as diretrizes aceitas como regulação para a implementação de SST está sob as orientações da Health and Safety Assessment Series – OHSAS (18001:1999) que representa a atuação direta em especificação para criar um Sistema de Gestão de Saúde Ocupacional e Segurança – GSOS baseada na normatização BS 8800:1996 e outros modelos de certificações eficientes. As diretrizes da OHSAS 18001 (ABNT, 2007) representam atualmente uma forma de gerenciamento de riscos por meio de ações para atingir um nível maior de desempenho de Segurança e Saúde Ocupacional. As empresas ao implementarem uma política com base na OHSAS 18001, reconhecem a necessidade de optarem por políticas internas integradas aos recursos humanos de modo a promover a segurança, o bem estar e a qualidade de vida no trabalho. No Brasil a disseminação maior de diretrizes para a aplicação de SST começou na década de 90 e tem se intensifica com em 2000 e 2010, nas grandes organizações que começaram a planejar os modelos e metodologias adequadas para suas necessidades de risco e segurança. A norma britânica British Standard Institution (BSI), 8800 tem ainda grande influência no processo de certificação de programas de gestão de segurança em indústrias e outros ambientes de produção, promoção de saúde e meio ambiente. A OHSAS 18001 se trata de um tipo de normativa tem como eixo a proteção ambiental no trabalho por meio da gestão de riscos e sua eficácia as empresas mais maduras em gestão de segurança e saúde do trabalho, as que possuem capacidade para expandir a qualidade nos processos ao ponto de conseguir a certificação. As etapas de certificação das conformidades da gestão de segurança do trabalho parte das seguintes etapas: processo de pré-auditoria, análise das conformidades em relação a norma de segurança e a auditoria de certificação. Em todas essas fases se 14 complementam com as avaliações da qualidade por meio de auditorias de manutenção. Figura 1 – Auditoria de certificação em gestão de saúde e segurança do trabalho Fonte: OHSAS 18001 A OHSAS 18001 exige a definição de escopo da empresa do plano de gestão e sua aplicação, a relação com mapa de riscos por meio da uma pré-auditoria e auditoria que compreendem duas etapas e ao final as diretrizes de maturidade organizacional para assumir o compromisso implicam em políticas de planejamento, requisitos e obrigações legais, a identificação de riscos, a avaliação de metas a partir de controle e monitoramento dos processos e se houver necessidade aplica-se as ações corretivas de operações (BARSANO, 2014). Os resultados são obtidos através da medição de resultados e análise crítica. Após essas conformidades a empresa poderá ser certificada. Basicamente as obrigações das empresas é a aplicação de modelo de gestão condizente com a realidade potencial de riscos existentes, essas operações exigem o conhecimento e a conformidade com as normas vigentes em SST. Oliveira (2011) avalia que a gestão de riscos é uma forma de orientação para as empresas no auxílio à tomada de decisão a fim de manter o ambiente de trabalho mais seguro e confiável. Portanto, cabe às empresas a escolha do modelo de gestão 15 de riscos mais apropriado ao tipo de atividade produtiva, favorecendo o reconhecimento de todas as ameaças, incertezas e se existe eventos de variabilidade. Desse modo, a gestão de riscos representa uma forma de evitar acidentes e perdas humanas, bem como evitar perdas de custos. Os trabalhadores com qualidade ambiental poderão produzir com mais satisfação. 5. HISTÓRICO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 5.1. AVANÇOS Com o avanço do capitalismo e a expansão das atividades financeiras se tornou mais comum a noção de proteção de riscos que passou a ter uma grande diversidade de tarefas e funções, as quais passaram a exigir a gestão de riscos não apenas relacionada à segurança do trabalho, mas também ao patrimônio, controle de acidentes com incêndios, seguros diversos e inspeções em obras a fim de analisar os riscos em sinistros (MENDANHA, 2015). Ponte Júnior (2010) analisa que a segurança do trabalho no início da era Industrial era precária, após a revolução industrial ocorreu um gradual sistema de produção mecanizada. Diversos tipos de eventos marcaram a ocorrência de acidentes com mortes e invalidez, tornando-se um problema social diante do modelo de planta das fábricas que eram fechadas e sem entrada de ar, o que favorecia epidemias de doenças por infecção. Sob esse contexto, a situação das fábricas favorecia níveis elevados de riscos de acidentes com causas múltiplas, já que os executivos não investiam em segurança e higiene do trabalho, mas tinham como foco a expansão da produtividade. Nesse contexto era comum haver doenças ocupacionais e acidentes de trabalho que afetavam diretamente a qualidade de vida e até mesmo a redução da perspectiva de vida. De forma que as atividades produtivas na Inglaterra e a questão da insalubridade nos ambientes de trabalho eram causadas pelos riscos de doenças e acidentesem máquinas rústicas e precárias que favoreciam um quadro de acidentes, além das condições de trabalho sob altas temperaturas, a carência de entrada de ar 16 nas fábricas, a iluminação insuficiente, o nível elevado de ruídos e outros fatores de risco contribuíram que em 1802 fosse criada uma lei de proteção ao trabalho conhecida como Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, por meio de suas diretrizes foi determinado a limitação de jornada de trabalho para 12 horas, considerando que antes dessa lei a duração chegava a 16 ou 18 horas de trabalho, houve a proibição do trabalho noturno e outras medidas que não solucionaram os problemas referentes aos ricos de acidentes de trabalho (BITENCOURT; QUELHAS, 2010). A situação do trabalhador diante de tantos problemas causados por acidentes e doenças ocupacionais era tão séria que muitos pareciam pessoas aleijadas e sem boas condições de saúde e somente em 1831, se instauraram um comissionado para avaliar a situação real dos trabalhadores das fábricas em estado deplorável, cujo resultado trouxe impacto a partir de um relatório das condições de trabalho. A partir dessas condições em 1833 foi criada a primeira lei de proteção à saúde dos trabalhadores denominada de factory Act que determinou condições específicas de regulamentos de segurança para fábricas em que o instrumento de trabalho se constituía de força hidráulica ou o uso de vapor. A situação e precariedade no ambiente das fábricas gerou um movimento de luta por direitos de melhorias ambientais no trabalho que mudou toda a concepção existente sobre a relação de trabalho. É nesse cenário que a segurança e saúde do trabalhador passa a ser foco de intervenção das ciências médicas, sociais e humanas, pelo reconhecimento dos diversos fatores de riscos existentes nas atividades produtivas. Em termos de Segurança do Trabalho, Oliveira (2011) avalia que a primeira legislação voltada para segurança no trabalho ocorreu no ano de 1884, na Alemanha. No Brasil, a primeira legislação foi instituída em 1918, com a criação de Projeto de Lei que exigia a proteção contra riscos ambientais em relação aos acidentes de trabalho e infortúnio por riscos ambientais que teve como coordenação, a Comissão Especial de Legislação Social. O contexto da legislação trouxe as diretrizes de redução da jornada de trabalho, de mulheres e crianças, como instituiu a necessidade da presença periódica de um médico do trabalho para a avaliação a saúde dos trabalhadores exercendo um impacto positivo na fase de pré-admissão, admissão e demissão, cujos resultados 17 permitiam analisar a necessidade de medidas de proteção ao trabalhador com doença ocupacional. Com o avanço tecnológico da segunda e terceira revolução industrial, houve um crescimento continuado de diferentes atividades produtivas gerado pelo processo produtivo e do outro o aumento do custo da saúde laboral. É nesse cenário que nos fins do século XIX com a expansão de estudos voltados ao sanitarismo, surgem também a preocupação com a segurança e saúde ocupacional com foco no conhecimento dos riscos nos diversos ambientes de trabalho (PONTE JÚNIOR, 2010). Nesse contexto, a constituição de vários tipos de indústrias e suas diferentes atividades produtivas passaram a representar para a segurança e a saúde dos trabalhadores grandes desafios tendo em vista as dificuldades de implementar de forma eficiente as normatizações de segurança diante da carência de fiscalização. Oliveira (2011) analisa que somente no século XX, a partir da década de 60 a 90 houve um crescimento de estudos sobre Engenharia de Segurança do Trabalho focados em métodos e técnicas de análise de riscos ou eventos que deveria passar pelo controle e monitoramento no processo de produção. O interesse pelos estudos no campo da saúde e segurança passou a ter mais expressividade em nível mundial a partir da década de 60, quando Frank Bird1 realizou um estudo investigativo em companhias americanas (quase 300 delas) e mais de 1.700 trabalhadores em diferentes setores, o índice de acidentes era tão elevado que Bird decidiu realizar uma pirâmide de eventos com o objetivo de demonstrar a problemática dos riscos de acidentes de trabalho, a partir do levantamento de incidentes: 1 Frank Bird criou uma ferramenta para análise os riscos e a prevenção de acidentes a partir de Sistemas de Gestão Integrados (RUPPENTHAL, 2013) 18 Figura 2 – Pirâmide de Frank Bird Fonte: Souza; Zanella (2009) A pirâmide aponta os eventos que geram perdas por acidentes de trabalho como: morte ou lesão grave, leves, danos materiais e quase acidentes favorecendo um cenário real da necessidade de providências por parte dos empresários e donos de fábricas para diretrizes de riscos ocupacionais. A partir dos avanços em pesquisas em Engenharia de Segurança do Trabalho forma se elaborando medidas de suporte às empresas através de metodologias e técnicas de gerenciamento de riscos que favorecem a análise do que representa um ambiente de riscos, bem como a sua classificação em potencial a partir da dimensão de eventos e causas, os tipos de acidentes ocupacionais, a mensuração da gravidade, da frequência e da ocorrência com a finalidade de favorecer ás comissões de gestão de segurança o controle sobre tais eventos (MARTINS; LINTZ, 2015). Os avanços no campo da análise de riscos ocupacionais começaram a partir da década de 70, quando ocorreu o reconhecimento do Engenheiro de Segurança do Trabalho como profissional qualificado para realizar ações corretivas em planos de ação contra acidentes e doenças ocupacionais, a partir do monitoramento contingencial de medidas aplicadas pela empresa em relação à segurança (BARSANO, 2014). No final da década de 70 houve a aprovação das Normas Regulamentadoras – NRs que trazem as diretrizes de Segurança e Medicina do Trabalho para as 19 organizações em vários setores da economia passando a se constituir na forma de manuais de segurança destinados à realidade de cada empresa e suas unidades produtivas. Portanto, a partir do surgimento das NRs, as empresas passaram a obter suporte para o desenvolvimento de ações necessárias na contenção de riscos. Com essas inovações ocorreram também mudanças no papel do engenheiro de Segurança do Trabalho, quanto à necessidade de novas competências voltadas ao planejamento, gerência, monitoramento e o controle de riscos ambientais em empresas comerciais e indústrias (OLIVEIRA, 2011). Na década de 90 com as diretrizes de Qualidade Total surge também a noção de Qualidade de Vida no Trabalho, que foi se fortalecendo a partir de olhar para o trabalho, evidenciando a necessidade de melhoria das condições no sentido favorecer a produtividade e a sensação de bem-estar. Atualmente as normas estão mais rígidas e favorecem as empresas a implantação de programas específicos de forma obrigatória, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, cuja ação de fiscalização pelo Ministério do Trabalho se aplica às empresas que apresentarem negligências ou não conformidade com as diretrizes dos programas (MENDANHA, 2015). As diretrizes de aplicação dos programas não isentam as empresas de desenvolver em suas atividades produtivas um planejamento para a implantação de ações de gerenciamento e controle de riscos, especialmente com o crescente aumento de indústrias potencialmente perigosas (as que atuam com substâncias químicas, produtos com risco de explosão ou inflamáveis), considerados perigosos diante dos riscos de acidentes (MARTINS; LINTZ, 2010). Atualmente a NR 35 (Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho) determina as diretrizes de suporte em segurança do trabalho em ambientes industriais, a partirde requisitos que compreendem uma escala de plantas eficientes e salubres, capazes de favorecer a saída de emergência em casos de incêndio ou de expansão de gases e poeira nocivos, bem como o controle do processo de produção para evitar doenças ocupacionais e acidentes. 20 6. ANÁLISE DE RISCOS O objetivo de um sistema de gerenciamento de segurança é garantir que uma determinada organização alcance suas metas com segurança, eficientemente e sem prejudicar o meio ambiente. Um dos fatores mais importantes do processo de segurança é uma explicação de como o operador do sistema de gerenciamento será adaptado para garantir que os objetivos sejam realmente alcançados com segurança (WANG, 2002). Ademais, uma meta pode ser definida como o ponto de partida para qualquer processo de gerenciamento de risco ou de análise de risco (FEKETE, 2012). O gerenciamento de risco descreve a tarefa de prevenir, reduzir ou alterar as consequências identificadas pela avaliação do risco através da escolha de ações apropriadas. Nesse sentido, o gerenciamento de risco pode ser definido como uma ferramenta para lidar com riscos, fazendo uso dos resultados do processo de avaliação de risco. Esta tarefa está localizada na área de tomada de decisão, muitas vezes no campo da política, mas no setor econômico também (AVEN et al., 2012). O gerenciamento de riscos pode ser definido como o processo de identificação, avaliação e priorização dos riscos. Posteriormente, faz necessária a aplicação coordenada e econômica de recursos para minimizar, monitorar e controlar a probabilidade ou o impacto de eventos indesejáveis (HUBBARD, 2009). Com relação à segurança do trabalho, o gerenciamento de riscos visa à identificação, avaliação e o controle dos riscos ambientais e de acidente, presentes nas atividades laborais. É de consenso na literatura que o gerenciamento de riscos é uma área com termos conflitantes, e há uma necessidade amplamente reconhecida para uma reflexão crítica de suas definições, conteúdo de núcleo, princípios e regulamentações (AVEN, 2011 apud FEKETE, 2012). A utilização do termo “análise de risco” varia amplamente nas indústrias. Na maioria dos casos, denota uma análise de rentabilidade, caracterizando cada projeto em termos de probabilidade de alcançar a produção comercial. Alternativamente, pode significar uma viabilidade de tratamento de análise com incerteza em questões técnicas, um tratamento de análise de confiabilidade com equipamentos e um estudo de perigo e operacionalidade de sistemas com plantas processadas por humanos (MIURA et al., 2006). 21 Existe uma divergência quanto à definição da análise de risco. Frequentemente, a avaliação de risco é utilizada como sinônimo de análise de risco, entretanto, esse problema ocorre, principalmente, devido à divergência de definição destas expressões em alguns países. Segundo Kirchhoff (2004), no Canadá, a análise de risco é uma etapa da avaliação de risco, enquanto que nos Estados Unidos a avaliação de risco é uma das etapas da análise de risco. A análise de risco pode ser definida como um processo composto por basicamente três elementos: avaliação de risco, gerenciamento de risco e comunicação de risco (CODEX, 2013). Essa definição se aproxima da utilizada pela SRA (Society of Risk Analysis – Sociedade de Análise de Risco), em que a análise de risco engloba a avaliação de riscos, a caracterização do risco, a comunicação do risco, o gerenciamento do risco e as políticas relativas ao risco. Entretanto, segundo Frantzich (1998) e I & Cheng (2008), a análise de risco é somente uma parte do processo de gerenciamento de risco, como pode ser observado na Figura 3. Figura 3. Relação entre medidas de controle, risco e incidentes. Fonte: Lapa & Goes (2011). Ademais, segundo a ISO 31000, a análise de risco é apenas parte da avaliação de risco, podendo ser definida como parte do processo de avaliação de risco que 22 compreende a natureza do risco e define o nível do risco (AVEN, 2012b). Esta definição da ISO 31000 também é corroborada por Frantzich (1998), como se pode observar na Figura 3. Figura 4. As subdivisões do gerenciamento de risco. Fonte: Frantzich (1998). Segundo European (2006), um conceito importante para a análise de risco é da avaliação de risco, que pode ser definida como sendo o processo de avaliação do risco da saúde e segurança dos trabalhadores no trabalho, resultante da ocorrência de situações de perigo no local de trabalho. Conforme a OHSAS 18001 (2007), a avaliação de risco pode ser definida como o processo para avaliar os riscos originados dos perigos, levando-se em consideração a adequação dos controles existentes e a decisão se o risco é aceitável ou não. 6.1. SUAS FERRAMENTAS Considerando que a segurança do trabalho deve estar atrelada à rotina da empresa, caminhando junto com o processo produtivo, tem-se que ela deve estar inserida no sistema de gestão dessa organização. Dessa forma, todo o processo interno acontecerá em sintonia entre as partes. 23 A segurança no trabalho deve ser fundamentada em um sistema de gestão, que se considerando as particularidades de cada situação, deve ser estruturado para atender as metas a partir das diretrizes estabelecidas pela firma. O assunto sistema de gestão virou tema obrigatório em quase todos os encontros profissionais. Por toda parte existem profissionais falando sobre isso, alguns com conhecimento de causa, outros apenas repetindo coisas que ouviram e muitos o fazendo sem qualquer análise mais detalhada. Existe a necessidade de que aqueles que tem ligação direta com as questões de segurança e saúde em nosso país e, portanto conhecem a distância entre a realidade e o proposto, detenham-se numa análise mais profunda quanto ao assunto. Pode-se estar diante de um momento e oportunidade que leve a um futuro melhor, mas ao mesmo tempo corre-se o risco de legar a prevenção ao vazio das pilhas das adequações, conformidades e documentos - fáceis de produzir - mas que na prática em nada melhoram a vida dos trabalhadores. A pergunta chave, para este momento da história de nossa área é saber até que ponto nossa cultura é capaz de suportar as questões de segurança e saúde a partir dos modelos propostos”. (PALASIO, 2003) ......... O uso de suas ferramentas abaixo descrita nos traz a conformidade do processo se aplicada de modo correto e eficaz dentro de uma empresa, visando a melhoria continua em determinar a melhor estratégia para a Segurança e Saúde do trabalhador aspirando sua integridade física e bem estar. A. ISHIKAWA Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta gráfica utilizada pelo setor administrativo para o gerenciamento e o controle de qualidade em diversos processos. Em suma, serve para ajudar a refletir sobre as causas e efeitos de determinado problema e como preveni-lo. 24 FIGURA 5 – DIAGRAMA ISHIKAWA FONTE: BLOG SEGURANÇA DO TRABALHO VANTAGENS • Apresenta todas as variáveis que podem reproduzir um acidente, explorando ao máximo essas variáveis; • Leva todos os envolvidos no processo a se comprometer com os resultados; • Pode ser usado como ferramenta estatística para o Controle da Qualidade total do Produto; • É ideal para quem está fazendo ou já fez um Sistema de Gestão de Qualidade (Série ISO 9000); • É ideal para quem está fazendo ou já fez um Sistema de Gestão Ambiental (Série ISO 14000); • Organiza as ideias geradas num Brainstorming (Tempestade de ideias), técnica usada para motivar a participação de todos os envolvidos no processo. DESVANTAGEM DO MÉTODO • Precisa de uma estrutura organizacional favorável para ser aplicado com sucesso, pois se trata de uma metodologia diferente da tradicional; 25 • Deve ser utilizado de preferência por pessoascom vivência em PDCA – Sigla indicativa de ações expressas por quatro palavras inglesas: Plan, (Planejar), Do (Fazer), Check (Verificar, checar) e Action (Agir, Atuar corretivamente); • Precisa de pessoas que tenham percepção; • Não sinaliza se o problema é grave ou não. B. DDS – Diálogo Diário de Segurança ....... Conhecido como DDS, o diálogo diário de segurança é, certamente, uma das ferramentas mais utilizadas nas empresas como meio de conscientizar os colaboradores a respeito de sua segurança em ambiente profissional. Normalmente aplicado antes do início da jornada de trabalho, é um breve período de tempo reservado para discussões e instruções a respeito de assuntos relacionados à prevenção de acidentes de trabalho. É uma excelente ferramenta, pois conscientiza os funcionários a mudarem seu comportamento e a forma como se posicionam no ambiente laboral. Além de reduzir custos com assistência médica, essa ferramenta reduz diretamente os acidentes de trabalho, garante melhorias na produtividade, no comprometimento e no nível de satisfação dos colaboradores. C. Registro de prevenção Outra ferramenta muito utilizada pelas empresas, o registro de prevenção é conhecido por diversos nomes: Prevenção Já, Registro Preventivo etc. É uma ferramenta na qual o colaborador formaliza práticas que aconteceram na empresa e que podem gerar riscos para os trabalhadores. Por exemplo, um funcionário que não utilizou o EPI, ou, ainda, um colaborador que fez uso indevido de alguma máquina ou equipamento. Para se usar essa ferramenta de segurança do trabalho, é importante que a empresa conte com a colaboração de trabalhadores conscientes a respeito da importância da segurança, já que muitos colaboradores deixam de registrar os desvios por medo de retaliações da chefia. 26 Por meio da conscientização da equipe e de uma boa estratégia, o registro de prevenção é uma ferramenta efetiva na garantia da segurança dos colaboradores no ambiente de trabalho. D. Análise de Risco Outra ferramenta – a qual possui diversas nomenclaturas – que está entre as mais utilizadas na segurança do trabalhador é a análise de risco. Essa é excelente opção para quem busca eficiência na adoção de estratégias de segurança do trabalho e prevenção de acidentes. Nessa metodologia, ou técnica, faz-se um estudo dos riscos presentes no ambiente de trabalho, que são devidamente identificados e analisados. Com base nos resultados obtidos, é possível adotar estratégias que visem à segurança e à prevenção de possíveis acidentes. Na análise de riscos é imprescindível conhecer o processo produtivo, identificar os colaboradores em risco, conhecer detalhadamente as etapas do trabalho, todo o maquinário e os produtos utilizados no processo de produção, observar a iluminação, a ventilação do local, a postura dos colaboradores e a jornada de trabalho seguida na empresa. Com essa análise aprofundada, a segurança dos trabalhadores acaba sendo muito maior e mais efetiva. E. Análise Preliminar De Risco – APR A Análise Preliminar de Risco – APR consiste em um estudo antecipado e detalhado de todas as fases do trabalho a fim de detectar os possíveis problemas que poderão acontecer durante a execução. É um estudo realizado durante a fase de concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo sistema. 27 FIGURA 6 – MODELO DE APR FONTE: BLOG SEGURANÇA DO TRABALHO (2019) F. Análise de Árvore de Falhas – AAF A metodologia da AAF consiste na construção de um processo lógico dedutivo que, partindo de um evento indesejado pré-definido (hipótese acidental), busca as suas possíveis causas. O processo segue investigando as sucessivas falhas dos componentes até atingir as chamadas falhas (causas) básicas, que não podem ser desenvolvidas, e para as quais existem dados quantitativos disponíveis. O evento indesejado é comumente chamado de “Evento-Topo”. A árvore de falhas é uma ferramenta que serve para analisar diversos fatores relacionados às falhas, sejam eles causas, consequências e analise de tempos para reparos etc. 28 FIGURA 7 – ÁRVORE DE FALHAS DE MOTORES ELÉTRICOS FONTE: EMPRESA WEG (DIREITOS LIVRES) (2019) G. Árvore de Causas – ADC A árvore de causa é um método de investigação de acidentes do trabalho, baseado na teoria de sistemas e na pluricausalidade do fenômeno acidente, considerado sintoma de disfuncionamento do sistema sócio técnico aberto constituído pela empresa. Ferramenta qualitativa, ela parte da teoria de sistemas, que concebe um acidente como fenômeno de uma rede de fatores, sendo complexo e pluricausal. O estudo parte de um “acidente”, não se baseia em hipóteses, parte especificamente de uma “Lesão” sendo seus eventos anteriores concretos/reais. Visa identificar fatores de acidente do trabalho e suas inter-relações. A árvore de causas é um método de análise baseado na teoria de sistemas utilizado para a análise de acidentes por se tratar de um evento que pode resultar de situações complexas e que, quase sempre, tem várias causas. Se for bem aplicada, deve apontar todas a falhas que antecederam ao evento final (lesão ou não). O conceito básico aplicado é o de variação ou desvio, que pode ser entendido como uma “fuga” dos padrões e que tem relação direta com o acidente. 29 FIGURA 8 – ÁRVORE DE CAUSAS FONTE: PROF. ROGÉRIO BUENO DE PAIVA (UFSC) H. Análise de Modos de Falhas e Efeitos – FMEA A análise FMEA (Failure Modes, Effects Analysis) tem como objetivo identificar potenciais modos de falha de um produto ou processo de forma a avaliar o risco associado a estes modos de falhas, para que sejam classificados em termos de importância e então receber ações corretivas com o intuito de diminuir a incidência de falhas. É um método importante que pode ser utilizado em diferentes áreas de uma organização como: projetos de produtos, análise de processos, área industrial e/ou administrativa, manutenção de ativos e confiabilidade com o intuito de trazer importantes benefícios para o negócio. 30 FIGURA 9 - FMEA FONTE: BLOG SEGURANÇA DO TRABALHO (2019) I. Estudo de Perigos e Operabilidade – HAZOP HAZOP é uma ferramenta de análise de risco que visa identificar os perigos e problemas de operabilidade na instalação de um processo. É uma sigla para Hazard Operability Studies, ou seja, Estudo de Perigo e Operabilidade. A HAZOP gera perguntas de modo estruturado e sistemático, através do uso apropriado de um conjunto de palavras- chave, aplicadas a pontos críticos do sistema em estudo e permite a avaliação das consequências ou dos efeitos dos desvios operacionais sobre o processo. A HAZOP requer uma equipe multidisciplinar de especialistas para avaliar as causas e os efeitos de possíveis desvios operacionais e pode ser aplicada para modificação de unidades de processo já em operação. 31 FIGURA 10 - HAZOP FONTE: BLOG ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO (2017) J. Técnica de Incidentes Críticos – TIC É uma técnica qualitativa, para identificar falhas e condições inseguras que podem contribuir para a ocorrência de acidentes reais ou potenciais. É um método para identificar erros e condições inseguras que contribuem para a ocorrência de acidentes com lesões reais e potenciais, com grande potencial, principalmente naquelas situações em que se deseja identificar perigos sem a utilização de técnicas mais sofisticadas e ainda, quando o tempo é restrito. A técnica tem como objetivo a detecção de incidentes críticos e o tratamento dos riscos que os mesmos representam. Para isso utiliza-se de uma equipe de entrevistados representativa dentre os principais departamentos da empresa, procurando representar as diversas operações da mesma dentrodas diferentes categorias de risco. 32 FIGURA 11 - TIC FONTE: GOMES 2014 K. Análise de Riscos: WHAT-IF (WI) O procedimento What-If é uma técnica de análise geral, qualitativa, cuja aplicação é bastante simples e útil para uma abordagem em primeira instância na detecção exaustiva de riscos, tanto na fase de processo, projeto ou pré-operacional, não sendo sua utilização unicamente limitada às empresas de processo. A finalidade do What-If é testar possíveis omissões em projetos, procedimentos e normas e ainda aferir comportamento, capacitação pessoal e etc. nos ambientes de trabalho, com o objetivo de proceder a identificação e tratamento de riscos. 33 FIGURA 12 – APLICAÇÃO 5 PORQUES FONTE: SITE SCRIB (2009) 34 L. PPRA (PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS) O PPRA amparado pela NR09, No Brasil, trazem desde 1978 um amplo conjunto de iniciativas no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores. A Norma Regulamentadora 9 (NR 9) estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, o PPRA, programa que prevê antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de riscos ambientais porventura existentes no ambiente de trabalho. FIGURA 13 – PPRA FONTE: SINALMIG SINAIS E SISTEMAS E PROGRAMAÇÃO VISUAL Ltda. 35 M. CIPA (COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES) A CIPA é composta por representantes do empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto, ressaltadas as alterações disciplinadas em atos normativos para setores econômicos específicos. A CIPA tem como objetivo à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, e auxiliar o SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. A diferença principal entre esses dois órgãos internos da empresa consiste no fato de que o SESMT é composto exclusivamente por profissionais especialistas em segurança e saúde no trabalho, enquanto a CIPA é uma comitê partidário constituída por empregados normalmente leigos em prevenção de acidentes. O incremento das ações preventivas por parte da CIPA, consiste, fundamentalmente, em observar e expor as condições de riscos nos ambientes de trabalho; solicitar medidas para diminuir e extinguir os riscos existentes ou até mesmo neutraliza-los; debater os acidentes ocorridos, solicitando medidas que previnam acidentes parecidos e ainda, guiar os demais trabalhadores quanto à prevenção de futuros acidentes na SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes). 7. GESTÃO DE RISCOS NA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 7.1. Aspectos conceituais e históricos O processo evolutivo da gestão de riscos é historicamente muito antigo, desde que começaram a surgir às primeiras medidas de proteção para evitar acidentes por parte de comunidades que realizam uma grande variedade de tarefas de sobrevivência como caçar, plantar e desenvolver ferramentas (MIRANDA JÚNIOR, 2013). Bellusci (2013, p. 116) conceitua eventos de risco “como resultantes de mecanismo de produção em todas as fases que culminam com fatores de riscos à segurança e à saúde do trabalhador”, cuja estrutura interna ou externa a que se refere à responsabilidade empresarial em termos de ação para evitar danos, decorre da gestão de segurança. 36 Nesse contexto, nas indústrias químicas, petrolíferas, de medicamentos, siderúrgicas, metalúrgicas e outras exigem dos trabalhadores a realização de atividades que apresentam potenciais ricos e eventos de acidentes e de fatores de risco que poderão determinar de acordo com o tempo de exposição, doenças ocupacionais. Barsano (2014) avalia que os ambientes de riscos não estão limitados apenas às atividades comerciais e industriais, mas também nas atividades do terceiro setor que lidam com novas tecnologias. Os riscos ambientais foram classificados como: riscos físicos que englobam situações de trabalho envolvendo ruído, vibrações, radiações, altas e baixas temperaturas (frio/calor) pressão e umidade. Esse tipo de risco se enquadram em ambientes que possuem poeiras, fumos, névoas, vapores, gases e produtos químicos de forma geral. Consideram-se os riscos biológicos como a presença de vírus, bactérias, fungos, bacilos e parasitas. Os riscos ergonômicos incluem no trabalho esforços físicos, como levantamento de peso, postura inadequada, produtividade, ritmos excessivos e repetitividade de atividades. Nesses ambientes existem também ricos e eventos que podem desencadear diversos tipos de risco que são classificados por nível de potencialidade: Figura 14 – CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS Fonte: Módulo II da CIPA (2009) em treinamento de riscos 37 Enquanto que os acidentes são considerados as consequências de um ambiente que não apresenta as devidas condições físicas e de segurança, cujos riscos gerados podem ser por carência de iluminação, riscos de incêndio, explosões, choques elétricos e outros (CIPA, 2009). Souza e Zanella (2009) analisam que a criação da classificação e subclasses de riscos ambientais foi implementada com o objetivo de diferenciar os diferentes tipos de riscos ambientais que podem ocorrer em um determinado local de trabalho. Conforme os autores, os riscos deverão ser avaliados como resultantes das possibilidades decorrentes entre as ameaças ambientais e a vulnerabilidade dos trabalhadores. Portanto, a percepção de risco determina uma relação de conflitos entre as atividades produtivas com máquinas e equipamentos e o ambiente de produção, reconhecendo-se que essa interação favorece diversas influências que podem trazer impactos em relação à segurança e à saúde (PONTE JÚNIOR, 2010). Sob essa perspectiva, Oliveira (2009, p. 58) avalia que “a classificação de riscos ambientais foi determinada pelos diferentes tipos de agentes que poderão produzir fenômenos que causam ameaça pela probabilidade de se tornar um evento e desencadear um acidente ou mesmo efeitos negativos sobre a saúde”. Bellusci (2013) considera diante do reconhecimento dos diferentes tipos de riscos em ambientes de trabalho, a elevação de acidentes e da relação de nexo causal entre atividades produtivas e doenças ocupacionais diversas, a partir de pesquisas em engenharia de segurança voltada ao ambiente de trabalho a partir da criação de legislações foram se aperfeiçoando. Oliveira (2011) avalia que em um determinado sistema de gestão o risco se apresenta como um processo de representação, ou seja, uma estrutura mental, de uma circunstância ou momento a partir de um recorte da realidade que perfaz valores e interesses sociais. Portanto, a noção de risco representa do um constante estado de alerta quanto à segurança. Em um sistema de gestão de risco não é diferente, na medida em que o cenário implica para a saúde do trabalhador. As ações da Engenharia de Segurança do Trabalho, juntamente com o suporte dos técnicos em ST, tem a função de confrontar essa realidade no ambiente de trabalho com as condições de produção do risco. Em indústrias com máquinas antigas e com pouca manutenção os efeitos das incertezas são maiores, considerando-se que o desvio de risco é esperado, na medida 38 em que existe uma negligência que favorecer um desvio negativo. E nessas condições tão comuns em várias indústrias os acidentes de trabalho tendem a acontecer. Mendanha (2015) avalia que atualmente existem diversas técnicas e metodologias que são aplicadas para auxiliar na avaliação de eventos perigosos que poderão causar doenças e acidentes no ambiente de trabalho em diversos setores de atividades produtivas. Sob esse prisma, a gestão de segurança do trabalho envolve a avaliação ambiental por meio do gerenciamento de riscos que se expressa na realização do mapa de riscos de cadacategoria dentro das unidades de produção. Nesse processo de assegurar as medidas de saúde ocupacional, os processos de gerenciamento de risco, apresentam os pressupostos que se fundamentam na busca constante de eficácia e efetividade para assegurar que os eventos de risco sejam reduzidos ao mínimo a partir de ações complexas que exigem interdependência e participação de todos os membros das empresas. Sousa e Zanella (2009) analisam que as empresas precisam ter boa vontade e implementar uma cultura de segurança e responsabilidade, sem negligenciar nenhum aspecto do plano de gestão, bem como reduzir ou fazer ajustes para eliminar gastos em segurança no trabalho. Os pressupostos da eficácia da gestão de riscos dependem dos conhecimentos aplicados com uma visão integrada entre ambiente interno e externo. Figura 15 – Pressupostos da gestão de riscos Fonte: Sousa e Zanella (2009) 39 Desse modo, em toda Gestão de Risco está explícita a centralidade do controle na medida em que se trata de lidar com sistemas sociais e humanos que exigem uma definição de critérios que permita ampliar inclusive as ações para evitar os ricos mais triviais. Para atingir os objetivos e metas, o plano de ação das empresas por meio do sistema de gestão deverá elaborar arranjos coordenados para compor a sua gestão de saúde e segurança escolhendo os procedimentos mais eficazes que possam fornecer aos sistemas a segurança necessária para a realização de todas as rotinas de trabalho. Sob a perspectiva, a responsabilidade do empregador envolve diretamente o ambiente laboral, à fim de criar as condições de segurança de acordo com os mapas de riscos elaborados na avaliação de riscos em cada atividade produtiva. O enfoque do conceito de risco no processo de gestão de risco abrange duas condições: Os erros e falhas no plano de gestão da empresa poderão produzir consequências negativas, em face da não conformidade se projeta a probabilidade de ocorrência de eventos infortúnios. Sob essa perspectiva, a gestão de riscos nas empresas exige planejamento em termos de segurança ambiental que representa a necessidade de colocar em prática as estratégias de Gestão de Risco para evitar a contínua exposição do trabalhador, na medida em que as indústrias brasileiras em sua dimensão potencial (químicas, farmacêuticas, siderúrgicas, etc.) representam um tipo de atividade que exige operações de segurança e controles de riscos, bem como layouts mais eficientes que favoreçam um ambiente ventilado e livre de riscos de contaminação. Nos diversos ambientes de trabalho é necessária a prevenção de riscos ocupacionais, bem a realização de mapas de riscos como as próprias especificidades e características ambientais que contemplam uma interrelação com a segurança de saúde dos recursos humanos quanto ao contato direto com agentes físicos, ergonômicos, biológicos e químicos. Os acidentes nas rotinas das atividades industriais podem ser muito prejudiciais e ocorre uma grande repercussão na imagem da organização, que geralmente é decorrente de eventos como incêndios, explosões, etc. que causam eventos de maior gravidade e sua frequência mais significativa impõe a revisão do plano de segurança. Os eventos de riscos que causam acidentes podem ser detectados de forma prévia para evitar uma nova ocorrência com grandes perdas, por meio de uma revisão 40 dos procedimentos e adequação das medidas de segurança para atingir um modelo que atenda às necessidades de segurança da atividade produtiva. Os fatores de risco se encontram em diversos ambientes de produção, desde os ricos de contaminação com bactérias, fungos, parasitas e vírus que coabitam nos meios de produção industrial que exigem medidas de precaução universal para assegurar a segurança no trabalho no sentido de evitar os biorriscos de contaminação natural. Os estudos realizados nos artigos e teses apresentados neste estudo apontam- se a lógica de trabalho agressiva em várias áreas de produção que tendem a desenvolver riscos ambientais que dimensionam as doenças ocupacionais. Nos processos de produção a relação direta entre homem/máquina/meio ambiente que implicam na realização de inspeção de segurança nas organizações. Para intervir diretamente nas contingências do trabalho foram criadas legislações de segurança do trabalho em setores produção industriais. Para assegurar e promover a saúde e a prevenção de riscos foram elaboradas por meio de estudos as orientações básicas em manuais de Segurança, Medicina e Higiene do Trabalho com o objetivo de promover e proteger a saúde do trabalhador. Abaixo demonstra-se um modelo que representa um fluxograma para a Gestão de Riscos: Figura 16 - Esquema clássico de um fluxograma de gestão de riscos Fonte: Mendanha (2015) 41 A partir do modelo de fluxograma é necessário desenvolver as ações que possam dar uma noção da atividade produtiva em todos as unidades da organização, a partir desse conhecimento identificar os riscos em suas fontes (máquinas, layouts, existência de substâncias nocivas, etc.). Com base no modelo de gestão e das contingências aplicadas pela comissão de gestão da SST, parte-se para análise das probabilidades de eventos de riscos. Nesse modelo avalia-se o impacto do risco, evidenciando a sua potencialidade ou tolerabilidade. Nessa fase parte-se para execução do Plano de ação com a finalidade de reduzir ao máximo os ricos, a partir de medicas de controle. No caso de a empresa já possuir um plano é necessário examinar a sua real eficácia na realidade da empresa e se houver falhas deve-se recorrer à implementação de um plano eficaz para assegurar o controle de riscos, cujas ações estão pautadas no processo de monitoramento e avaliação de resultados da implantação do novo sistema (OLIVEIRA, 2011). Nesse aspecto, os resultados deverão demonstrar se as medidas serão capazes de evitar os eventos e tornar o ambiente de trabalho mais seguro. E como ação opcional a comissão deverá registrar e documentar as melhores ações para formar uma base de dados (PONTE JÚNIOR, 2010). O modelo convencional demonstra a importância de uma análise preliminar de riscos, na medida em que a Gestão de Riscos se aplica com base em procedimentos científicos que tem como foco buscar os conhecimentos necessários para assegurar um ambiente saudável e livre de riscos. Bitencourt e Quelhas (2010) avalia que a gestão de riscos se constitui em um processo de grande formalidade que se processa através de uma sistemática definida que a partir da implementação da gestão é necessário reconhecer nos processos em SST que envolve a análise, as estimativas, categorias e resultados. Outro modelo conhecido como multicasual apresenta as categorias de risco, por meio de análise de cenários em relação às fontes de risco que tem como foco o paradigma abaixo: 42 Figura 17 – Modelo multicausal de riscos em eventos Fonte: Oliveira (2011) O modelo se aplica a partir do conhecimento das fontes de risco, os eventos possíveis potenciais ou não caracterizados pelas exposições excessivas em ambiente de risco e também quanto à carga excessiva de trabalho que possam acarretar acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Os fatores de risco são consequências que poderão gerar impactos sobre a saúde e segurança do trabalho. O modelo de gestão de risco a partir das diretrizes multicausais, a evolução dos processos ocorre a partir da instituição planejada de uma infraestrutura associada a uma missão de implementar uma cultura organizacional referentes à aplicação de uma metodologia que auxilia nas decisões (OLIVEIRA, 2011). A moderna gerência de riscos no ambiente industrial teve início com o processo ampliação das indústrias e a tendência de crescimento dos riscos ocupacionais, especialmente nos casos de acidentes comtrabalhadores. As perdas humanas e materiais geraram a necessidade de controle dos eventos por meio de técnicas de identificação de probabilidades e impactos. A norma britânica British Standard Institution (BSI), 8800 tem ainda grande influência sobre os processos de certificação de programas de gestão de segurança do trabalho em indústrias e outros ambientes de produção. De acordo com Bellusci (2013) considera que a área de Segurança e Saúde Ocupacional, algumas organizações aderiram às diretrizes de acordo com a metodologia do Ciclo PDCA para promover a melhoria contínua na avaliação dos 43 sistemas de gestão de risco. Para esse monitoramento ambiental são necessários ferramentas e instrumentos que possam favorecer a análise de resultados por meio de um sistema de gerência orientado para um método para o alcance das metas e objetivos. Em relação ao desempenho em saúde ocupacional, a metodologia PDCA é um instrumento para a instituição de princípios de qualidade em produtos e processos (OLIVEIRA, 2009), mas é também aplicada ao contexto instrumental da Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional implica na necessidade de um marco específico metodológico que, neste caso, se baseia no método do ciclo PDCA em um composto nas seguintes etapas: a fase de planejamento (PLAN), quando devem ser estabelecidas as metas e elaborados os planos de ação para identificação da situação inicial, planejamento da política no campo da saúde ocupacional,, avaliação de risco, requisitos legais e outros, bem como as providências para o gerenciamento de segurança e saúde ocupacional. A fase de execução (DO) nos quais os envolvidos devem ser treinados para executar os planos de ação e todo o trabalho conforme os planos elaborados que são basicamente a implementação e operação de uma estrutura de responsabilidade, treinamento, conscientização e competência, documentação do sistema de gerenciamento de S&SO, controle de documentos, controle operacional e preparação e respostas às emergências. A fase de verificação (CHECK) avaliar a execução das ações, se as mesmas estão sendo executadas conforme o planejado e se as metas estão sendo alcançadas por meio de ação corretiva, monitoramento e medição, registros e auditoria. A fase de Ação ou Atuação (ACTION) se constitui na fase de analisar o que deu certo para ser padronizado/registrado (ações bem sucedidas) e tomar ações corretivas no caso de insucesso, ou seja, quando as metas não estiverem sendo alcançadas, realizar um levantamento gerencial. 44 Figura 18 – Demonstrativo da metodologia PDCA na saúde ocupacional Fonte: Souza e Zanella (2009) Barsano (2014) avalia que no campo da produção, os maiores benefícios para as empresas se constitui na redução dos acidentes e doenças ocupacionais associadas às atividades produtivas por meio de controles internos. As empresas deverão estabelecer as metas definidas para a implementação, bem como as responsabilidades dos gestores e dos trabalhadores. Com base nas orientações as organizações poderão ser beneficiadas uma norma que está totalmente voltada para a natureza da segurança e da saúde dos trabalhadores. A OHSAS foi realizada sob a influência de áreas multidisciplinares que marcam os avanços e os desafios diante da sociedade atual. Os princípios e fundamentos que regem a OHSAS 18001 têm expressão na noção de sustentabilidade e motivar o compromisso dos gestores para a promoção de saúde ocupacional dos trabalhadores através do uso de métodos e técnicas em conformidade com legislação e a melhoria das condições da integração de comunicação interna e externa, assegurando o comprometimento das empresas com o controle de ações de Saúde e Segurança do Trabalho. 45 8. CONCLUSÕES O estudo permitiu evidenciar a importância da gestão de vida para as empresas públicas e privadas, como ferramenta de ação para promover um ambiente saudável e livre de riscos. A Gestão de Risco é uma estratégia de uso de conhecimentos e a aplicação de metodologias e técnicas em Engenharia de segurança do trabalho e saúde ocupacional em um conjunto de ordenado de práticas necessárias para a redução dos impactos causados pelos acidentes e doenças ocupacionais. A formação de um sistema de gestão de risco envolve metodologias e técnicas de análise de risco que tem a finalidade de excluir os fatores e eventos de risco do ambiente de trabalho a partir do uso de diretrizes corretas a partir de normatização para cada ramo de produção dentro da categoria de riscos existentes. Existe uma grande diversidade de modelos, técnicas e metodologias de análise de risco que tem como foco a análise de risco, a identificação, o mapeamento dos riscos e a hierarquização dos riscos. Tais propósitos fazem parte de um conjunto integrado de ações que visa estabelecer os eventos de riscos, sua frequência, taxa de gravidade e tempo decorridos. Em todos os processos produtivos potencialmente perigosos à saúde e segurança do trabalhador são oriundos de atividades laborais em ambientes que possuem riscos físicos, ergonômicos, químicos e biológicos que devem devidamente reconhecidos e por meio de um sistema de gestão eficiente reduzir ao máximo os eventos nocivos à saúde, com o uso de equipamentos, instrumentos e normas que orientem como evitar situações que possam se associar para causar danos. Nesse contexto a Gestão de risco é uma ferramenta de apoio logístico na promoção de saúde para as organizações e se inicia partir de um estudo prévio do que será executado e desenvolver as estratégias mediadas pelos conhecimentos e técnicas de como realizar as intervenções de segurança de acordo com os padrões de segurança. Os fatores de risco em ambientes de trabalho são muito variados em face do aumento da complexibilidade que as atividades produtivas atingiram. Embora tenha ocorrido muitos avanços na área de Saúde e Segurança do Trabalho – SST na sociedade brasileira, ainda existem muitas falhas nos sistemas de gestão, negligência 46 e problemas de carência de gerenciamento efetivo de riscos que envolvem diversas situações como infraestrutura de sistemas e carência de manutenção de máquinas e equipamentos, bem como a substituição de equipamentos antigos. Atualmente se tornou muito comum o modelo de gestão integrada de processo que tem muita complexidade, na medida em que envolve não apenas uma categoria de riscos, mas um conjunto de sistemas integrados de qualidade, gestão ambiental e gestão da saúde e da segurança ocupacional. Desse modo é necessária uma ampla gama de gerência de riscos em um processo de integração baseado na combinação de processos, responsabilidades, comprometimentos e participação ativa de todos os membros, bem como maturidade organizacional associada à responsabilidade social. A pesquisa tem demonstrado que as políticas preventivas realizadas em engenharia de saúde e segurança são inda expressamente limitadas nos procedimentos referentes às atividades realizadas na produção industrial. Os programas e práticas administrativas e operacionais têm falhado o que representou o aumento elevado dos níveis de riscos e de ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais. A gestão de riscos depende de uma cultura organizacional compromissada com os resultados de eficácia favorecendo às comissões internas o planejamento de estratégias e decisões assertivas, a partir de um tratamento adequado. REFERÊNCIAS BARSANO, Paulo Roberto. Legislação aplicada à Segurança do Trabalho. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. BELLUSCI, SM. Doenças profissionais ou do trabalho. 12. ed. São Paulo: SENAC, 2013. BERKENBROCK, Paulo Egydio; BASSANI, Irionson Antonio. Gestão do risco ocupacional: Uma ferramenta em favor das organizações e dos colaboradores. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau/SC,v.4, n.1, p.43-56, Sem I 2010. BITENCOURT, Celso Lima; QUELHAS, Osvaldo Luis Gonçalves. Histórico da evolução dos conceitos de segurança. 1. ed. São Paulo: LTR, 2010. 47 CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Módulo II sobre treinamento de riscos. 2009. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/sergiooropo/treinamento-de- cipa-burti-2009>. Acesso em: abril/2018 MARTINS, Gilberto de Andrade; LINTZ, Alexandre. Guia para elaboração de monografias e trabalhos de conclusão de curso. São Paulo: Atlas, 2010. MENDANHA, MH. Medicina do Trabalho e Perícias Médicas: Aspectos práticos e polêmicos. 4 ed. São Paulo: Ltr, 2015. MIRANDA JÚNIOR, Edson Jansen Pedrosa de. Análise de risco aplicado à segurança do trabalho na Indústria de petróleo e gás. Anais... XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Salvador, BA, out. 2013. OLIVEIRA, Cláudio Antônio Dias de. 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