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1 Thalia Feitosa | Tutoria 6 
Matéria | Teórica/laboratório | Aula número 
 
 
 
 
 Índice: 
1. Epidemiologia 
2. Fisiopatolgoia 
3. Hormônios e obesidade 
4. Diagnóstico e avaliação 
5. Tratamento 
 
 
 
 
 
 A obesidade é um problema global, que triplicou 
em 40 anos: aumento em 14% obesos e 39% com 
sobrepeso. 
 Além disso, a obesidade acarreta comorbidades 
como: HAS, dislipidemia, DM2, doenças 
cardiovasculares, neoplasias, transtornos 
psiquiátricos e morte. 
 Ademais, há a gordura ectópica, que basicamente 
é a presença de gordura onde não se deveria ter, 
exemplos: pericárdio, fígado, e etc. É como se fosse 
uma gordura mais inflamatória que a corporal. 
PREVALÊNCIA DA OBESIDADE NO BRASIL 
 Aumento de 67,8% nos últimos 13 anos. 
 Crescimento de 84,2% entre adultos de 25 a 34 anos. 
 Acometimento maior entre as mulheres de 20,7%. 
 Mais prevalente na população de baixa 
escolaridade. 
PREVALÊNCIA DO EXCESSO DE PESO NO BRASIL: 
 Atinge 55,7% da população adulta. 
 Aumento de 30,8% nos últimos 13 anos, 
principalmente na faixa etária entre 18 e 24 anos. 
 O crescimento foi de 21,7% entre os homens e de 
40% nas mulheres. 
 
 
 
 A obesidade é uma doença de desequilíbrio 
calórico que resulta do excesso de calorias 
 
 
 
 
 
ingeridas acima do consumo corporal. Entretanto há 
fatores que influenciam essas variáveis como: 
 1- Fatores ambientais: alimentação desregulada e 
inadequada (fácil acesso ao alimento, maior 
densidade energética do alimento, aumento de 
bebidas adoçadas, aumento das porções), 
sedentarismo, insônia, estresse, medicações e entre 
outros. 
 2- Fatores genéticos: O risco de se tornar um adulto 
obeso é influenciado tanto pelo fato de ter sido 
obeso na infância como por ter tido pelo menos um 
dos pais obesos. 
 
 Além disso, há o “comer hedônico”, relacionado 
aos sentimentos que o ato de comer desperta, 
muito ligado ao prazer. 
HORMÔNIOS E OBESIDADE 
 Múltiplos sinais hormonais interpretados pelo SNC 
influenciam no apetite. 
 
Obesidade 
Epidemiologia 
Fisiopatologia 
 
 
2 Thalia Feitosa | Tutoria 6 
Matéria | Teórica/laboratório | Aula número 
 No núcleo arqueado, duas subpopulações de 
neurônios agem como sensores de primeira ordem 
para os sinais oriundos da periferia. Neurônios NPY 
(neuropeptídio Y)/AgRP (agouti-related peptide) 
são ativados durante períodos de jejum ou quando 
os estoques periféricos de energia estão baixos 
(levam a vontade de comer e diminuição do 
metabolismo). 
 Enquanto neurônios próopiomelanocortina 
(POMC), hormônio melanócitoestiluante alfa (α-
MSH)/CART) estão ativos em períodos pós-prandiais 
ou quando existem grandes estoques periféricos de 
energia. O POMC/CART ao serem ativados irão 
melhorar a saciedade e diminuir a alimentação, já 
os AGRP/NPY ativados, estimulam a alimentação. 
 O controle funcional desses grupos de neurônios é 
feito predominantemente pela integração dos 
sinais produzidos pelos hormônios leptina e insulina, 
pelos sinais dos hormônios do trato digestório e pela 
própria disponibilidade de nutrientes. 
LEPTINA 
 A leptina é um hormônio da saciedade. 
 O tecido adiposo produz a leptina, quanto mais 
tecido adiposo se tem, mais leptina também. 
 Quanto mais tecido adiposo, mais leptina é 
produzida. Então, qual o motivo que o obeso não faz 
o contrabalanço? Isso ocorre, pois a obesidade leva 
a uma resistência (barreira hematoencefálica) a 
ação central da leptina, tendo sua ação 
comprometida. 
 A mesma estimula POMC/CART, no núcleo 
arqueado, levando a diminuição da alimentação. 
 Ademais, a leptina tem um efeito retroalimentar ao 
AGRP/NPY, inibindo assim os neurônios que 
aumentam a fome. 
 
INSULINA 
 O pâncreas produz insulina (gera saciedade). 
 Esse hormônio atua estimulando a POMC (em 
condições normais) e inibe AGRP, contribui também 
para diminuição do apetite. 
 
GRELINA 
 A grelina é um hormônio que aumenta a fome. 
 A grelina é produzida pelo o estômago e sua ação 
é estimular o AGRP e bloquear a POMC. 
 
GLP1 E CCK 
 Atua no neurônios reduzindo alimentação, 
aumentando saciedade. 
 Como o ozempic funciona na estimulação da 
saciedade? Ele é um agonista do GLP1 (peptídeo 
glucagon-like 1) e vai atuar de três formas; duas 
pelo SNC e uma pelo estômago. 
 No Sistema nervoso central: Principal 
o Estimula a POMC; 
o Pode agir diretamente no núcleo do trato 
solitário levando a redução da 
alimentação; 
 No estômago: 
o Retarda o esvaziamento gástrico, 
permitindo a sensação de uma digestão 
lenta contribuindo assim, na saciedade. 
 Além desses mecanismos, o ozempic atua nas 
células B do pâncreas a produzir insulina. 
 
 
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MICROBIOTA INTESTINAL 
 Existe uma relação com obesidade, hoje está mais 
fácil identificar essas bactérias mas a níveis 
terapêuticos é algo que precisa ser bastante 
estudado. 
 
 
 Existem diversas doenças que têm frequência muito 
aumentada nos obesos. Estas doenças são as 
principais responsáveis pelo aumento das taxas de 
mortalidade, da diminuição da expectativa e da 
qualidade de vida e são o motivo principal da 
necessidade do controle do peso. 
 
 HAS, depressão, AVC, apneia do sono, esteatose 
hepática, DM2, doença coronariana… 
 Consequências psíquicas da obesidade: 
o Discriminação educativa, laboral e social. 
o Preconceito e isolamento social. 
o Perda de autoestima e depressão. 
 Obeso sem comorbidades e com resultados de 
exames laboratoriais normais, depois de 10-15 anos 
começam a deteriorar clinicamente, então pensa-
se que esse é um período de transição. 
 
 
 Porque obesidade é uma doença? 
o Primeiro que, só por ser obeso você tem 
chance de morrer mais cedo. 
 IMC normal: quase 80% de chance de alcançar 70 
anos; 
 IMC 35-40: 60% de chance de alcançar 70 anos; 
 IMC 40-50: 50% de chance de alcançar 70 anos; 
 
AJUDA PROFISSIONAL 
 
 Segundo estudos, demora em média 6 anos para o 
obeso procurar ajuda profissional, o que evidencia 
a necessidade da obesidade ser mais abordada 
sem tabus. 
 
 
AVALIAÇÃO 
 Primeira coisa ao se abordar um paciente obeso na 
primeira consulta é ter sensibilidade, a melhor 
primeira pergunta a ser feita é: “Você quer falar 
sobre o seu peso?”. Isso demonstra respeito e a 
maioria não está preparada psicologicamente 
para essa conversa. 
 1- Momento do início de ganho de peso e seu curso 
clínico; 
 2- Quantos kg ganhou; 
 3- Fatores desencadeantes e de manutenção; 
 4- Hábitos nutricionais; “come muito?” “o que 
come?” 
 5- Atividade Física e estilo de vida; 
Comorbidades 
Diagnóstico e avaliação 
 
 
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 6- Aspectos psicológicos; 
 7- Investigação de tratamentos anteriores e seus 
resultados; 
 8- Sintomas sugestivos de doenças endócrinas e 
outras patologias; 
 9- Uso de medicamentos; 
 10- Presença de fatores de risco associados; 
 
DIAGNÓSTICO 
 IMC + Circunferência abdominal: A obesidade 
deve-se ao índice de massa corporal igual ou 
acima de 30. Porém, o IMC pode apresentar falhas 
(ex: IMC alto às custas de massa magra), sendo 
assim, há outras ferramentas para maior precisão: 
IMC + circunferência abdominal. 
 A associação da medida da circunferência 
abdominal com o IMC pode oferecer uma forma 
combinada de avaliação de risco e ajudar a 
diminuir as limitações de cada uma das avaliações 
isoladas, mas no rastreamento inicial (prevenção 
primária), o IMC pode ser usado isoladamente. 
 
 Circunferência abdominal: A OMS declara risco 
para doenças cardiovasculares >102 para homens 
e >88 para mulheres. 
MÉTODOS 
 Bioimpedância: Através da massa livre de gordura, 
os aparelhos de bioimpedância fazem umaestimativa da taxa metabólica basal. Ajuda no 
acompanhamento, extrema importância. 
 Pregas Cutâneas: A somatória de medidas de 
pregas cutâneas é realizada através de medidas 
por adipômetro, baseada em equações, obtém-se 
a densidade corporal e o percentual de gordura 
corporal. O único problema desse exame, seria a 
sua influência pela habilidade do avaliador. 
 DEXA: É como a densitometria óssea, mas avalia 
músculo, gordura e água. Seu problema é que o 
peso máximo para fazer o exame é 150kg. 
 Ressonância Magnética e Tomografia 
computadorizada: Pouco usada. Tomografia 
computadorizada e a ressonância magnética 
estimam a quantidade de gordura visceral medida 
pela área de gordura na altura de L4-L5. 
 Ultrassonografia: A ultrassonografia tem sido 
documentada para avaliar a gordura visceral 
podendo medir a espessura do tecido adiposo e 
tecidos mais profundos nas diferentes regiões 
corporais. Ainda não é bem aceito. 
 Calorimetria Indireta: Pode ser útil na avaliação de 
desequilíbrios do balanço energético. Pode 
identificar indivíduos com taxa metabólica de 
repouso baixa, que seria um indicador de risco para 
ganho de peso, em pacientes hipometabólicos, 
que podem necessitar de tratamento mais 
intensivo. 
PERDA DE PESO 
 A perda de 10-15% do peso melhora comorbidades: 
reduz o risco de DM2, reduz fatores de risco CV, 
melhora o perfil lipídico, melhora a pressão arterial, 
melhora apneia obstrutiva do sono e melhora a 
qualidade de vida. 
 Estudos mostram que a perda de gordura ectópica, 
que é a mais inflamatória, é mais acentuada. 
 
 
 
 O tratamento clínico da obesidade requer uma 
equipe multidisciplinar: nutricionista, educador 
físico, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo e 
médico. Havendo uma conduta horizontal. 
TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO 
 Mudança do estilo de vida. 
Tratamento 
 
 
 
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 Reeducação alimentar: o tratamento dietético é 
mais bem sucedido quando aliado a um programa 
de modificação comportamental que envolva 
aumento no gasto energético, promovendo um 
balanço energético negativo. Esse procedimento 
pode necessitar de suporte emocional ou social, 
através de tratamentos específicos (psicoterapia 
individual, em grupo ou familiar). 
 Exercício físico: O exercício apresenta uma série de 
benefícios para o paciente obeso, melhorando o 
rendimento do tratamento com dieta. Entre os 
diversos efeitos estão: a diminuição do apetite; o 
aumento da ação da insulina; a melhora do perfil 
de gorduras; a melhora da sensação de bem-estar 
e autoestima. 
 O paciente deve ser orientado a realizar exercícios 
regulares, pelo menos de 30 a 40 minutos, ao menos 
4 vezes por semana, inicialmente leves e a seguir 
moderados. 
 Há indícios que tempo sedentário atrapalha os 
benefícios do exercício físico, ressaltando a 
importância de uma rotina ativa. 
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO 
 Acompanhado pelo médico e com metas realistas. 
 Deve-se estabelecer o grau de obesidade estando 
indicado o tratamento medicamentoso quando: 
o 1- IMC maior ou igual a 30 kg/m2; ou 
o 2- IMC maior ou igual a 25 ou 27 kg/m2 na 
presença de comorbidades (dependendo 
do medicamento); 
o Além de 3- Falha em perder peso com o 
tratamento não farmacológico. A história 
prévia de falência com tentativa com dieta 
com restrição calórica é suficiente. 
 Indivíduos com IMC normal e aumento da 
circunferência abdominal são considerados obesos 
viscerais e devem ser tratados na presença de 
comorbidades. 
 Perguntar se o paciente faz o uso de algum 
medicamento que esteja ocasionando 
aumento/dificuldade de perder peso. 
 Medicamentos aprovados no brasil: Existem, 
atualmente, três medicamentos aprovados para 
tratamento da obesidade no Brasil: sibutramina, 
orlistate e liraglutida 3,0 mg. 
 
SIBUTRAMINA 
 Inibição da receptação das norepinefrina e 
serotonina. 
 A sibutramina bloqueia a recaptação de 
noradrenalina (NE) e de serotonina (SE) e leva a 
redução da ingestão alimentar. 
 Estudo STORM: perda de peso e manutenção – 
demonstra que, se o paciente permanecer a 
medicação o peso se mantém. 
 Estudo SCOUT: Os resultados finais mostraram um 
aumento de 16% do risco de desfechos 
cardiovasculares não fatais combinados no grupo 
sibutramina em relação ao grupo placebo. 
 Sujeitos com doenças cardiovasculares 
preexistentes que estavam recebendo tratamento 
com sibutramina, tiveram um risco aumentado de 
infarto do miocárdio não fatal e acidente vascular 
cerebral não fatal, mas não houve aumento de 
morte cardiovascular ou morte por qualquer causa. 
 
ORLISTATE 
 Redução da absorção de gorduras. 
 É um análogo da lipstatina inibidor de lipases 
gastrintestinais (GI) que se liga no sítio ativo da 
enzima através de ligação covalente, fazendo com 
que cerca de um terço dos triglicérides ingeridos 
permanecem não digeridos e não sejam absorvidos 
pelo intestino, sendo eliminados nas fezes. 
 
LIRAGLUTIDA 
 É um agonista do peptídeo semelhante ao 
glucagon-1 (GLP-1). 
 A liraglutida estimula diretamente os neurônios que 
sintetizam POMC/CART e indiretamente inibe a 
neurotransmissão nos neurônios que expressam NPY 
e AgRP, vias de sinalização dependentes de GABA. 
 Estes resultados indicam que o GLP-1R está expresso 
em neurônios do núcleo arqueado (ARC) do 
hipotálamo envolvidos na perda de peso. 
 Seu principal efeito colateral é náuseas. 
 Cerca de 63% dos pacientes perde acima de 5% do 
peso e cerca de 15% perde acima de 15% do peso. 
 
 
6 Thalia Feitosa | Tutoria 6 
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 Ela diminui apetite e esvaziamento gástrico. 
MEDICAMENTOS DE USO OFF LABEL 
 São medicamentos utilizados em condições 
diversas daquelas que constam na bula. 
 Fluoxetina: Inibidor da receptação de serotonina, 
perda de peso com dose mais elevada do que 
usada para depressão. A fluoxetina demonstrou 
efeito transitório de perda de peso, presente 
principalmente nos seis primeiros meses de uso, 
após o qual ocorre recuperação do peso perdido, 
não sendo por isso indicada para tratamento em 
longo prazo da obesidade. 
 Topiramato: tratamento para epilepsia e 
enxaqueca; age sobre diversos neurotransmissores, 
tendo efeitos inibitórios sobre receptores de 
glutamato; 
 Naltrexone + Bupropiona: A bupropiona atua sobre 
os receptores adrenérgicos e dopaminérgicos no 
hipotálamo e a naltrexona é um antagonista do 
receptor opióide; Ambos aumentam a atividade 
POMC. 
 Semaglutida: OZEMPIC. 
 Lisdexanfetamina/Venvanse: é um pró-fármaco da 
dextroanfetamina, que inibe a receptação de 
dopamina e norepinefrina e promove liberação de 
neurotransmissores de monoaminas, aprovada 
para tratamento TDAH. Foi aprovado para o 
tratamento de transtorno de compulsão alimentar 
periódico. 
CIRÚRGICO 
 A cirurgia bariátrica é um recurso consistente nos 
casos de obesidade grave com falha 
documentada de tratamento clínico, 
proporcionando aos pacientes uma redução nos 
índices de mortalidade e melhora de 
comorbidades clínicas. 
 As indicações formais para operações bariátricas 
são: idade de 18 a 65 anos, IMC maior a 40 kg/m2 
ou 35 kg/m2 com uma ou mais comorbidades 
graves relacionadas com a obesidade e com 
insucesso na perda de peso. 
 Tipos: Derivação gástrica em Y-de-Roux; 
Gastrectomia vertical (sleeve – perde menos peso 
do que o Y de roux); Banda gástrica ajustável; 
Derivação biliopancreática à duodenal switch.

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