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SOCORROS URGENTES A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e com a Educação a Distância presente em todo estado do Espírito Santo, e com polos distribuídos por todo o país. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Daniel Vicentini de Oliveira Socorros Urgentes / OLIVEIRA DE , V. D - Multivix, 2022 Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS UNIDADE 1 Figura 1: Prestação de socorro 10 Figura 2: Afogamento 11 Figura 3: Parada cardiorrespiratória 14 Figura 4: Hospital 14 UNIDADE 2 Figura 1 – Desfibrilador 29 Figura 2 – Compressões torácicas. 32 Figura 3 – Avaliando a presença de respiração 32 Figura 4 – Inclinação da cabeça e elevação da mandíbula para desobstrução de vias aéreas 34 Figura 5 – Manobra de Heimlich em Adultos e Crianças 38 Figura 6 – Desobstrução de via aérea em bebê 39 UNIDADE 3 Figura 1 – Queimadura. 44 Figura 2 – Queimadura de 1º grau. 45 Figura 3 – Queimadura de 2º grau. 46 Figura 4 – Queimadura de 3º grau. 47 Figura 5 – Afogamento. 52 UNIDADE 4 Figura 1 – Hematoma. 61 Figura 2 – Torniquete. 61 Figura 3 – Sinal de Battle. 68 Figura 4 – Hematoma por entorse de tornozelo. 73 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS UNIDADE 5 Figura 1 – Câmara de crioterapia a -110ºC 78 Figura 2 – Compressa 82 Figura 3 – Vasoconstrição e vasodilatação. 83 Figura 4 – Cólicas menstruais 90 UNIDADE 6 Figura 1 – Massagem 95 Figura 2 – Ambiente propício para massagem 100 Figura 3 – Técnica de deslizamento profundo 105 Figura 4 – Técnica de amassamento 106 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1UNIDADE SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO AOS SOCORROS URGENTES 9 1.1 SUPORTE BÁSICO DE VIDA 9 1.2 ABORDAGEM E AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA 16 2 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E PROTOCOLO DE REANIMAÇÃO CAR- DIOPULMONAR 25 2.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA 26 3 QUEIMADURAS E AFOGAMENTOS 43 3.1 QUEIMADURAS 43 3.2 AFOGAMENTO 52 4 TRAUMAS, LESÕES ORTOPÉDICAS E DESPORTIVAS 58 4.1 TRAUMAS 58 4.2 LESÕES ORTOPÉDICAS E DESPORTIVAS 68 5 TERMOTERAPIA 77 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 77 5.1 O FRIO 77 5.2 O CALOR 88 6 MASSAGENS 94 6.1 EFEITOS DA MASSAGEM 94 6.2 TÉCNICAS DE MASSAGEM 103 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA 8 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Nesta disciplina, você terá a oportunidade de estudar a respeito dos pri- meiros socorros. Conhecer sobre práticas de primeiros socorros é impres- cindível, af inal, acidentes, lesões e ocorrências graves podem e ocorrem em qualquer lugar, a qualquer momento. Diante disso, faz-se necessário a orientação das pessoas leigas e dos prof issionais de saúde a respeito de medidas de primeiros socorros, preservando o bem-estar e a vida huma- na até a chegada de prof issionais especializados. Portanto, na unidade 1 dessa disciplina, você terá uma introdução, porém muito importante, a respeito dos socorros urgentes, com foco no suporte básico de vida, no atendimento inicial pré-hospitalar e nos sistemas de atendimento e melhoria contínua da qualidade. Na unidade 2, estuda- remos a parada cardiorrespiratória, os objetivos das manobras de reani- mação cardiopulmonar e o protocolo de reanimação cardiopulmonar. Na unidade 3, iremos compreender os socorros nas queimaduras e nos afo- gamentos. Já na unidade 4, iremos compreender os socorros nos traumas e nas lesões ortopédicas e desportivas. Quase f inalizando, na unidade 5 estudaremos os efeitos f isiológicos da termoterapia (frio e calor). E por f im, na unidade 6, iremos compreender os efeitos da massagem e as prin- cipais técnicas de massagem. UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES > Compreender o suporte básico de vida. > Entender sobre o atendimento inicial pré-hospitalar. Compreender os sistemas de atendimento e melhoria contínua da qualidade. 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES 1 INTRODUÇÃO AOS SOCORROS URGENTES INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará informações introdutórias a respeito dos socorros urgentes e das urgências. Nesta unidade, você aprenderá sobre o suporte básico de vida necessário em atendimentos de urgência e emergência, seja na área da saúde ou não. Esse suporte é essencial no atendimento inicial de pacientes em fase pré-hospitalar. Em um segundo momento, você estudará sobre como é feita a avaliação primária e secundária da vítima nos casos do suporte básico de vida. 1.1 SUPORTE BÁSICO DE VIDA O suporte básico de vida compreende procedimentos importantes para salvar a vida da vítima. Vejamos como deve ser realizado. 1.1.1 O SUPORTE BÁSICO DE VIDA O suporte básico de vida é oferecido no ambiente extra-hospitalar, e consiste no reconhecimento e na correção imediata da falência dos sistemas respiratório e/ou cardiovascular da vítima. Nesse tipo de suporte, quem está prestando atendimento necessita ser capaz de avaliar e manter a vítima respirando, principalmente com batimento cardíaco e sem hemorragias graves, até chegar a equipe especializada. 11 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1: PRESTAÇÃO DE SOCORRO Fonte: Pixabay (2015). #PraCegoVer: Na imagem temos dois bonecos de madeira representando a prestação de socorro. Um deles está deitado no chão, enquanto o outro está ajoelhado, realizando compressões torácicas. Em suma, o socorrista, ou seja, o profissional que presta o socorro, iniciando osuporte básico, por meio de medidas simples, não invasivas e eficazes de atendimento, irá verificar as funções vitais de evitará agravar suas condições clínicas. Geralmente é feito por profissionais da área da saúde, porém, qualquer pessoa que tenha conhecimento desse tipo de suporte pode operá-lo. 1.1.2 ATENDIMENTO INICIAL PRÉ-HOSPITALAR São várias as situações de emergências e urgências que irão, obviamente, necessitar de atendimento imediato, como por exemplo queimaduras, doenças cardiovasculares, quedas, paradas cardiorrespiratórias, afogamentos, crises convulsivas etc. É necessário um socorro adequado para cada tipo de caso. 12 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES FIGURA 2: AFOGAMENTO Fonte: Pixabay (2021). #PraCegoVer: Na imagem temos duas mãos para fora da água do mar, simulando um afogamento. Mas antes, há a necessidade de diferenciar e definir as situações de urgência ou emergência. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio da Resolução CFM nº 1.451/1995, a urgência é uma imprevista ocorrência de agravo à saúde, que pode ter ou não risco potencial de vida, na qual a vítima necessita de imediata assistência médica. Por sua vez, o conceito de emergência é entendido como a constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem iminente risco de vida ou até mesmo intenso sofrimento, o que exige imediato tratamento médico. Estudante, indico a você um vídeo com conceitos básicos em urgência e emergência. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=E7655TMj8PE. 13 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Em outras palavras, situações em que não existe risco imediato à vida, caracterizamos como urgência. Neste caso, o atendimento deve ser rápido, porém, a vítima pode aguardar tratamento definitivo e solução em curto prazo. Por exemplo: entorses, hemorragia classe I, contusões leves. Já na emergência, estaremos diante de uma situação grave, aparecimento súbito e imprevisto. Exigirá ação imediata, afinal, há ameaça à vida da vítima. Por exemplo: grandes hemorragias e a parada cardiorrespiratória (PCR). As ações realizadas com a vítima previamente a sua chegada ao hospital caracterizam o que chamamos de serviço de atendimento pré-hospitalar (APH). O APH compreende três etapas: assistência ao paciente no local da ocorrência; transporte do paciente até o hospital; chegada do paciente ao hospital. Basicamente, o APH divide-se em duas modalidades de atendimento: • Suporte básico à vida (SBV): Caracteriza-se pela não realização de manobras invasivas. • Suporte avançado à vida (SAV): Caracteriza-se pela realização de manobras invasivas de suporte ventilatório e circulatório. Como exemplo temos a intubação orotraqueal, o acesso venoso e a administração de medicamentos. Normalmente, esse tipo de suporte é realizado por equipe composta por médico e enfermeiro. 1.1.3 SISTEMAS DE ATENDIMENTO E MELHORIA CONTÍNUA DA QUALIDADE Os atendimentos as vítimas devem ser realizados com qualidade. Atendimento de qualidade é um diferencial tanto para a equipe que prestará o serviço como para quem receberá o atendimento. A American Heart Association (AHA, 2015) fornece uma nova perspectiva sobre os sistemas de atendimento, diferenciando as PCR ocorridas no ambiente hospitalar (intra-hospitalares) das PCR extra-hospitalares. 14 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES Os principais destaques da atualização da AHA são: As equipes especializadas e com profissionais bem- treinados, precisam realizar uma abordagem que inclua, simultaneamente, vários acessos e realização de manobras feitas simultaneamente. As orientações e indicações das sequência de manobras/técnicas a serem realizadas voltam-se para o socorrista que irá se deparar com uma emergência, quando está sozinho ou quando presta o socorro, mesmo que com ajuda de outras pessoas, onde não disponha de recursos, e/ou em um ambiente onde não faça parte de equipes de emergência. Desta forma, quando atuam de forma integrada e bem-treinada, as equipes de suporte básico de vida podem, ao mesmo tempo, acessar a avaliação e a conduta para a ventilação e a circulação da vítima. Conforme destacados pela Associação Americana de Cardiologia (AHA, 2015), os cuidados com a saúde precisam de elementos universais para atenderem as necessidades. Os cuidados com a saúde exigem processos (por exemplo, políticas, protocolos, procedimentos) e uma estrutura (por exemplo, pessoas, equipamentos, treinamento) que, quando integrados, produzam um sistema que otimize os desfechos (AHA, 2015). A nova recomendação orienta que seja identificado o local onde a vítima sofreu uma PCR, ou seja, se ocorreu no ambiente hospitalar ou extra- hospitalar, e esclarecer o porquê. Porém, independentemente de onde ocorreu o atendimento de todos as vítimas após a PCR, converge-se ao hospital, geralmente a uma unidade de cuidados intensivos onde são fornecidos os cuidados pós-PCR. 15 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 3: PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA Fonte: Pixabay (2018). #PraCegoVer: Na imagem temos o desenho de um homem, vestido de preto, com uma mão na região torácica, próxima ao coração, simulando uma parada cardiorrespiratória. Pacientes que têm uma parada cardiorrespiratória fora do ambiente hospitalar dependerão da assistência da comunidade. Desta forma, socorristas leigos necessitam saber reconhecer a PCR, solicitar ajuda, iniciar a reanimação cardiorrespiratória (RCP) e aplicar a desfibrilação, até que uma equipe especializada chegue ao local e assuma a responsabilidade. Somente após isso, a vítima será transportada para um pronto-socorro, local onde dará continuidade ao tratamento. FIGURA 4: HOSPITAL Fonte: Pixabay (2018). #PraCegoVer: Na imagem temos a parte externa de um hospital. Há três ambulâncias estacionadas. 16 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES Já as vítimas que têm uma parada cardiorrespiratória no ambiente hospitalar dependem de um sistema de vigilância adequado, ou seja, de uma rápida resposta ou sistema de alerta imediato (AHA, 2015). Ao decidir intervir em determinada ocorrência no ambiente pré-hospitalar, o socorrista deverá seguir algumas regras básicas de atendimento. Veja a seguir: 1. AVALIAR cuidadosamente o cenário: • Cuidadosamente observar, reconhecer e avaliar os riscos que o ambiente oferece; • Qual o número de vítimas envolvidas, gravidade etc. • Identificação dos recursos que devem ser acionados: corpo de bombeiros, defesa civil, polícia militar, companhia elétrica e outros. 2. ACIONAR A EQUIPE DE RESGATE especializada e as autoridades com- petentes, caso seja necessário. Os principais números para acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o serviço de salvamento e resgate (corpo de bombeiros) e a polícia militar são, respectivamente, 192, 193 e 190, na maioria das cidades brasileiras, 3. SINALIZAR O LOCAL: importante em casos de acidentes automobilísti- cos, por exemplo. Sinalizar a cena é torná-la a mais segura possível. Para isso, pode ser utilizado triângulo de sinalização, pisca-alerta, faróis, cones, galhos de árvores etc. 4. UTILIZAR BARREIRAS DE PROTEÇÃO CONTRA DOENÇAS CONTAGIOSAS. O socorrista deverá tomar todas as precauções para evitar a sua contaminação por agentes infecciosos, sangue, secreções ou produtos químicos, ao examinar e manipular a vítima. O uso de Equi- 17 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 pamento de Proteção Individual (EPI) é essencial para a segurança do profissional desaúde em atendimento. Por exemplo: luvas descartáveis, óculos de proteção, máscaras e aventais, Lavar as mãos com água e sa- bão antes e após cada atendimento. 5. RELACIONAR TESTEMUNHAS para própria proteção pessoal, profissional e legal como prestador de socorro. 1.2 ABORDAGEM E AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA Após a avaliação do ambiente e da tomada de precauções de segurança e proteção individuais, é necessário que o socorrista se identifique e se apresente à vítima. Observando todos os aspectos pessoais e legais da cena do acidente (ou doença aguda) e devidamente autorizado a prestar auxílio, o profissional poderá intervir diretamente no atendimento. É importante que o socorrista profissional classifique a faixa etária da vítima (bebê, criança, adulto, idoso), afinal, os procedimentos de suporte básico de vida, serão adotados respeitando-se essa classificação, de acordo com as recomendações da American Heart Association (AHA, 2015). • Bebê (“lactente”): Do nascimento ao primeiro ano de vida. BEBÊ Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: A figura representa o rosto de um bebê sorrindo. 18 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES • Criança: Do primeiro ano de vida até o início da puberdade (por exemplo, desenvolvimento das mamas em meninas e pelos axilares nos meninos). CRIANÇA Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: A figura representa uma menina brincando e sorrindo. • Adulto: A partir da puberdade. ADULTO Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: A figura representa uma mulher sorrindo. 19 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Idoso: a partir de 60 anos de idade. IDOSO Fonte: Pixabay (2021). #PraCegoVer: A figura representa uma idosa. 1.2.1 PRIORIDADE NO ATENDIMENTO Quem tem prioridade de atendimento? Essa prioridade é basicamente determinada pela gravidade da vítima, e não pela idade. Primeiramente, serão socorridas e atendidas as vítimas que se encontram sujeitas a maior risco de morte, afinal, o principal objetivo do primeiro socorro é preservar a vida. O socorrista deverá seguir uma padronizada sequência e executar medidas de socorro conforme for identificando as lesões da vítima. Dividimos o exame em avaliação primária e avaliação secundária. 1.2.2 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Consiste em analisar as condições que impliquem risco de morte a vítima, como respiração eficaz (anormal ou gasping), permeabilidade das vias aéreas, controle de grandes sangramentos, estabilidade circulatória e estabilização da coluna cervical. Essa etapa deverá completada em 60 segundos no máximo. Após isso, o socorrista deve chamar ou solicitar alguém que chame o serviço de atendimento móvel. 20 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES Nesta etapa da avaliação, o socorrista deverá prontamente identificar e corrigir todos os problemas que ameaçam a vida da vítima. Medidas de suporte básico de vida devem ser iniciadas nessa etapa de avaliação. Antes de adentrar ao atendimento, é crucial observar a segurança do local, para o socorrista ofertar o atendimento mais seguro e eficiente. Fica mantida a sequência utilizada C-A-B. Quanto mais rápido o socorrista iniciar as compressões, maiores serão as chances de sobrevida da vítima. Veremos sobre isso na unidade 2. Grande parte dos pacientes que sofrem PCR apresenta, inicialmente, fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso. Portanto, as medidas imediatas são as compressões e desfibrilação precoce. Desta forma, a sequência utilizada anteriormente retardaria o início da massagem cardíaca. Altera-se então a sequência, e as manobras de compressões deverão ser iniciadas sem atraso, seguida de ventilação. Mas não se preocupe, veremos de forma mais aprofundada sobre PCR, massagem cardíaca e ventilação na próxima unidade. A recomendação para um único socorrista é começar as compressões torácicas antes da aplicação das ventilações de resgate, reduzindo assim o tempo até a primeira compressão (AHA, 2015). 21 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Caro (a) aluno (a), assista a uma videoaula sobre primeiros socorros. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=1MtKw-uP1NM. É interessante dar ênfase às características de uma reanimação cardiopulmonar de alta qualidade, ou seja: • comprimir o tórax com profundidade e frequência adequadas; • permitir o total retorno do tórax após cada compressão. É importante diminuir as interrupções nas compressões, evitando ventilação excessiva. • Circulação – Necessário verificar se o pulso está presente. Não se deve demorar mais do que 10 segundos para identificar o pulso. Verifique se existe alguma hemorragia grave. Caso não haja pulso, deve-se iniciar de imediato 30 compressões torácicas, em uma frequência de no mínimo 100 vezes por minuto, de 100 a 120/min. A profundidade dessas compressões torácicas em adultos deve ser de pelo menos 5 cm e não superior a 6 cm. Adianto que é difícil verificar uma diferença de apenas 1 cm na profundidade das compressões. • Deve-se verificar se as vias aéreas estão pérvias, realizar estabilização da coluna, estabilização manual por profissionais de saúde até que o suporte móvel chegue. 22 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES • Respiração – Verificar se se existe respiração, respiração anormal ou apenas gasping. Quem socorrer a vítima deve se atentar e identificar o mais rápido possível a ausência de resposta por parte da vítima, acionando o serviço de urgência/emergência imediatamente, e iniciar a RCP com compressões de 100 a 120/min no centro do tórax. As compressões não podem ser interrompidas até a chegada de socorro especializado, ambulância do SAMU ou corpo de bombeiros. • Avaliação neurológica – Deve-se chamar pela pessoa. Um método muito simples para determinar rapidamente o estado de consciência é a utilização do sistema AVDI, assim indicado: A – Acordado, alerta: a vítima consegue emitir respostas coerentes (nome, telefone, endereço, por exemplo); mantém contato visual com o socorrista; atende aos estímulos táteis, visuais e auditivos. V – Verbal: a vítima ainda atende ao estímulo verbal dado pelo socorrista, mas pode apresentar confusão e emitir palavras desconectas. O ideal é estimular a vítima a se manter acordada. D – Doloroso: a vítima não consegue mais atender aos estímulos verbais do socorrista, porém, consegue emitir sons ou gemidos; incapaz de contato visual direto. Neste caso, necessita-se a realização de um estímulo doloroso (sob o osso esterno e/ou músculo trapézio) com o intuito de obter resposta da vítima. O socorrista deverá também estimular o retorno da vítima ao estado de resposta verbal. Isso incentiva melhoria do seu nível de consciência. I – Irresponsivo ou inconsciente: a vítima não responde ao estímulo doloroso. Deve-se cortar ou retirar as roupas da vítima para melhor visualização e tratamento das lesões de extremidades. Após isso, deve-se cobrir a vítima. É muito importante a obtenção de todas as informações possíveis do local do acidente. Cuidadosamente, é necessário que o socorrista observe a cena por si só, avalie os sinais e sintomas que indiquem uma emergência, além de conseguir informações com a própria vítima (caso ela esteja consciente e orientada), familiares e testemunhas. 23 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.2.3 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Na avaliação secundária, devemos observar lesões que não impliquem risco imediato à vida da vítima. O socorrista deverá checar a história do acidente ou mal súbito, realizar anamnesebem direcionada, aferir os sinais vitais, observar a cor da pele , verificar o nível de consciência, identificar os ferimentos, além de realizar exame físico padronizado para cada caso. Algumas informações devem ser levantadas, por exemplo dados como idade, nome, telefone. Além disso, algumas perguntas podem ser feitas: • O que houve? • Isso já ocorreu antes? • Você tem algum problema de saúde? • Você utiliza algum medicamento ? • Você está realizando algum tratamento de saúde? • Você é alérgico a algum medicamento? • Você dez uso de algum tipo de droga ou álcool? • Qual o horário da sua última alimentação? • O que você está sentindo no momento? Sente dor em algum lugar? 24 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES CONCLUSÃO Chegamos ao final da primeira unidade. Neste material, você pôde entender melhor e de forma aprofundada sobre o suporte básico de vida, que é o conjunto de medidas e procedimentos técnicos que objetivam o suporte devido à vítima. Esse suporte depende de uma abordagem e avaliação da vítima, de forma correta e objetiva, a fim de evitar problemas a ela, como em casos de parada cardiorrespiratória. Nesta unidade, você aprendeu como identificar os sinais de uma parada cardiorrespiratória, assim como quais são os objetivos das manobras de reanimação cardiopulmonar. A sequência de passos do suporte básico de vida e dessas manobras é essencial para a sobrevivência da vítima. UNIDADE 2 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES > Compreender sobre a parada cardiorrespiratória. > Conhecer o protocolo de reanimação cardiopulmonar 26 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES 2 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E PROTOCOLO DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará informações importantes a respeito da parada car- diorrespiratória e dos protocolos de reanimação cardiopulmonar. Anualmente diversas pessoas, por diferentes causas, acabam sofrendo uma parada cardiorrespiratória (PCR) A ausência dos movimentos cardíacos e res- piração é a emergência em saúde mais grave, que necessita de uma inter- venção imediata e altamente eficaz, pois a ameaça a vida é certa. O atendimento a PCR requer um treinamento e habilidades bastante es- pecíficos, não apenas por seu aspecto técnico, mas por que é uma situa- ção que gera grande comoção emocional para a equipe, família, paciente e sociedade. Um atendimento eficaz é capaz de salvar inúmeras vidas e reverter a maio- ria dos casos, para isso é necessário que se saiba o que fazer, como fazer e quando fazer. Os profissionais de saúde, assumem ainda uma dupla tarefa. Além de esta- rem capacitados para o atendimento avançado, assume a função de capaci- tar a sociedade geral ao atendimento em suporte básico, aquelas interven- ções não invasivas, que devem ser tomadas de imediato para a manutenção da vida, até que o socorro especializado chegue. Vamos aprender sobre isso? 27 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TEORIA GERAL E DO DIREITO 2.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA 2.1.1 ETIOLOGIA DA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA Em qualquer serviço de atendimento de emergência, a PCR é considerada uma emergência frequente. Ela pode ser caracterizada como cessação dos batimentos cardíacos, assim como dos movimentos respiratórios. Lembre-se: a falta de batimento cardíaco e respiração não significa morte. Nos Estados Unidos, estima-se que apenas 8% dos casos de PCR recebam alta hospitalar e que apenas metade desses apresenta boa recuperação neurológica. Desta forma, é extremamente importante reconhecer as etapas de suporte avançado de vida, a utilização do desfibrilador bem como os cuidados após a PCR. As técnicas de reanimação cardiopulmonar evoluíram muito nas últimas dé- cadas, assim como os equipamentos e treinamento de leigos e profissionais se aperfeiçoaram, e foram desenvolvidas novas drogas. Desta forma, muitas vidas puderam e podem ser salvas no mundo todo. As células do corpo humano morrem poucos minutos após cessadas as fun- ções vitais, sendo os neurônios as células mais frágeis de todo o organismo. Elas não sobrevivem por mais de cinco minutos sem a presença oxigênio, gerando lesões irreversíveis. Para se ter uma ideia, quando ocorrer parada irreversível e total de funções do encéfalo, podemos considerar que a vítima estará morta. 28 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES De acordo critérios estabelecidos pela comunidade científica do mundo todo, a PCR irreversível e total das funções do encéfalo equivale à morte. Quando você se aproximar da vítima e constatar a ausência de pulso e res- piração, não há como ter certeza da morte encefálica. Desta forma, a vítima precisará receber as manobras de reanimação, a não ser que você encontre sinais óbvios da morte. Podemos dividir as causas de PCR em dois grupos: primárias e secundárias. - Primárias: ocorrem devido a um problema cardíaco, causando uma arritmia, sendo na maioria das vezes a fibrilação ventricular. A isquemia cardíaca é a causa principal. - Secundárias: compõem as principais causas de PCR em crianças e nas vítimas que sofreram traumatismos. 2.1.2 SINAIS DE UMA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA Na PCR, a vítima interrompe os movimentos respiratórios, porém, durante al- guns minutos, o coração pode continuar bombeando sangue e a circulação continuará levando oxigênio dos pulmões para os tecidos orgânicos. Caso haja uma intervenção precoce, é possível reverter o quadro e prevenir a parada cardíaca. Do contrário, poderá ocorrer interrupção do funcionamento do coração, fazendo com que a circulação será suspensa e agravamento do 29 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 quadro com PCR. Compõem a tríade da PCR: 1) vítima inconsciente; 2) ausência de respiração; 3) ausência de pulso em uma artéria grande. O mais específico e principal sinal da PCR é a falta de pulso braquial no bebê e do carotídeo no adulto. A falta de circulação sanguínea irá interromper a oxigenação dos tecidos cor- porais, e após poucos minutos, as células mais sensíveis começarão a morrer. O cérebro e o coração são os órgãos mais sensíveis à falta de oxigênio. A RCP compreende, na seguinte ordem: manobras de abertura das vias aéreas; respiração artificial; compressões torácicas – sempre com o objetivo de restabelecer a circulação sanguínea e a ventilação pulmonar. 2.1.3 OBJETIVOS DAS MANOBRAS DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (MRCP) São objetivos das manobras de RCP: • Até que se inicia o tratamento definitivo, oxigenar e circular o sangue; • Retardar a lesão cerebral; • Prolongar a duração da fibrilação ventricular – isso impede que ela se transforme em assistolia e permite o sucesso da desfibrilação; • Reverter a parada cardíaca – pode acontecer em alguns casos de PCR ocorridos por causas respiratórias. 30 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES Importante que você entenda que a RCP é incapaz de evitar lesão cerebral, quando por períodos prolongados. Com o passar de alguns minutos, a circu- lação cerebral obtida a partir das compressões torácicas irá progressivamente diminuir até se tornar ineficaz. A desfibrilação é a única forma de reverter as paradas por fibrilação ventricu- lar. Para cada minuto sem a realização das manobras de RCP e desfibrilação, as chances de sobrevivência da vítima caem muito, em torno de 7% a 10%. O tempo é um fator crítico para a vítima em PCR. Algunsminutos após a parada ainda existe oxigênio na corrente sanguínea e nos pulmões, po- rém, deve-se iniciar as manobras de reanimação tão logo se detecte a parada cardíaca. O SBV sem a desfibrilação é insuficiente na manutenção da vida por perío- dos prolongados, assim como, na maioria dos casos, a reversão da PCR não é obtida. Portanto, é imprescindível a solicitação de unidade de socorro com desfibrilação e recursos de SAV. O desfibrilador (figura 1) é um instrumento capaz que emitir descarga elétrica com o objetivo de reverter a arritmia cardíaca letal. A sua utilização é indicada nos casos em que o coração apresenta taquicardia ventricular sem pulso (TV) e ritmo de fibrilação ventricular (FV) FIGURA 1 – DESFIBRILADOR Fonte: Wikimedia Commons (2006). #PraCegoVer: na imagem há um desfibrilador da cor branca. 31 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O desfibrilador externo automático é considerado um equipamento sim- ples, confiável e de fácil utilização. Qualquer indivíduo possui condições de operá-lo corretamente depois de um treinamento adequado. 2.2.1 PROTOCOLO DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR A American Heart Association (AHA) é a instituição que desenvolve protocolos de RCP, organizando as mais importantes recomendações de forma mais efetiva no enfrentamento das emergências e urgências. Caro estudante, a sobrevivência da vítima de PCR dependerá de uma série de intervenções importantes: reconhecimento imediato dos sinais; aciona- mento precoce do serviço de emergência; imediata RCP; rápida chegada da equipe de atendimento; entrada no hospital com SAV. A recuperação da circulação deve ocorrer num período inferior a quatro minutos, pois se não poderá sobrevir alterações irreversíveis no sistema nervoso. 32 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES 2.2.2 RESUMO DA SEQUÊNCIA DE PASSOS PARA EXECUÇÃO DO SUPORTE BÁSICO DE VIDA E MANOBRAS DE RCP Vejamos agora um resumo da sequência de passos para executar o suporte básico de vida e as manobras de RCP: • Avaliar a responsividade: devemos tocar a vítima pelo ombro e chamá-la em voz alta, para assim avaliar o nível de consciência. • Chamar por ajuda: quando não temos resposta da vítima, devemos imediatamente acionar o serviço médico de emergência, solicitando um desfibrilador. • Detectar presença de pulso: palpar a artéria carótida ou femoral (por 5 a 10 segundos). • Na ausência de pulso, iniciar compressões torácicas: comprimir o tórax com rapidez e força, na frequência de no mínimo 100 a 120 vezes por minuto. As compressões devem ser realizadas, pelo menos, em uma “profundidade” de 5 cm a 6 cm para um adulto médio, permitindo que o tórax retorne completamente. Já em crianças e bebês, a profundidade é de cerca de 1 ½ polegada (ou 4 cm). Quando houver apenas um socorrista, a relação compressões/ventilações deve ser mantida na proporção de 30:2, em qualquer faixa etária (com exceção dos recém-nascidos), e de 15:2 em crianças até a puberdade. Quando dois ou mais socorristas estiveram presentes, eles devem se revezar nas compressões torácicas a cada cinco ciclos (2 minutos de RCP), procurando manter a eficácia do procedimento. 33 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 2 – COMPRESSÕES TORÁCICAS. Fonte: Wikimedia Commons (2004). #PraCegoVer: na imagem há um homem deitado no chão. Ao seu lado, há outro homem realizando compressões torácicas no que está no chão. • Abrir as vias aéreas: devemos assegurar a desobstrução e permeabilidade das vias aéreas, além de identificar presença de respiração anormal ou gasping. • Avaliar respiração: devemos realizar ventilação de resgate, ou seja, duas insuflações, com duração de um segundo cada. FIGURA 3 – AVALIANDO A PRESENÇA DE RESPIRAÇÃO Fonte: Wikimedia Commons (2005). #PraCegoVer: na imagem há um homem deitado no chão. Ao seu lado, há uma mulher verificando se este homem está respirando. 34 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES • Desfibrilação: o desfibrilador deverá ser utilizado assim que estiver disponível, no aparelho monofásico, ou seja, choque de 360 joules. No aparelho bifásico, é até 200 joules. 1. Assim que disponível, colocar o desfibrilador, diminuindo as compressões torácicas antes e após o choque. 2. Redução do tempo entre a compressão e a aplicação do choque, assim como o imediato reinício das compressões. 3. Quando houver suporte ventilatório avançado instalado, não se deve interromper e nem alternar as compressões. A frequência de ventilação deve ser aplicada a cada seis segundos (em torno de 10 respirações por minuto) enquanto são aplicadas contínuas compressões torácicas. É muito importante que o socorrista avalie o pulso e a respiração da vítima com frequência, buscando subsidiar futuras informações ao serviço móvel. Caso a vítima seja encontrada inconsciente e irresponsiva, devemos posi- cioná-la em decúbito dorsal em uma superfície plana, firme e dura, com os membros superiores estendidos ao longo do corpo. A cabeça não poderá ficar mais alta que os pés, pois prejudica o fluxo sanguíneo do encéfalo. A ventilação dos pulmões poderá ser executada com sucesso apenas nos casos onde as vias aéreas da vítima estejam desobstruídas. A manobra para abrir as vias aéreas podem ser suficientes no reestabelecimento da respiração e prevenção da parada cardíaca. 35 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para desobstruir as vias aéreas, veja as principais manobras utilizadas: • inclinação da cabeça com elevação do queixo e manobra de elevação da mandíbula. • Também pode ser utilizada uma cânula orofaríngea (do tipo Guedel) para manutenção da permeabilidade das vias aéreas. A inclinação da cabeça e elevação do queixo deve ser realizada com uma das mãos, pressionando a testa da vítima, levemente inclinando a cabeça dela para trás. Em seguida, devemos posicionar os dedos da outra mão sobre o queixo da vítima, deslocando a mandíbula para cima. Devemos sempre man- ter a boca da vítima aberta. FIGURA 4 – INCLINAÇÃO DA CABEÇA E ELEVAÇÃO DA MANDÍBULA PARA DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS Fonte: Wikimedia Commons (2015). #PraCegoVer: na imagem há um homem deitado no chão. Ao seu lado, há uma pessoa inclinando a cabeça e elevando a mandíbula do que está no chão. Nas pessoas suspeitas de traumatismos na coluna cervical, a elevação do ân- gulo da mandíbula é a manobra escolhida, visto que pode ser realizada sem a hiperextensão da coluna cervical, ou seja, do pescoço. O socorrista deve segu- rar com os ângulos das mandíbulas com ambas as mãos, uma de cada lado, e deslocar anteriormente, sempre mantendo a cabeça fixa. Com os polegares, deverá afastar os lábios inferiores da vítima. E o que fazer quando a vítima for uma criança? A aplicação SBV em crianças sempre obedece ao praticado nos adultos. Veja a sequência de passos para a execução do SBV para crianças maiores de um ano de idade: 36 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES 1. Segurança do local: observe se no local onde está a vítima é ou está seguro. Desta forma o socorrista consegue ofertar atendimento de qualidade. 2. Reconhecimento de PCR: verifique se a vítima responde e se existe respiração. Depois, detecte a presença do pulso em 10 segundos. 3. Acionar o serviço de emergência: caso você estiver sozinho, deverá se deslocar para solicitar o suporte móvel de emergência e obter um desfibrilador. Caso esteja com outra(s) pessoa(s), solicite que chame(m) o suporte móvel. Inicie a RCP. 4. Relação compressão ventilação: com um ou maissocorristas, executar compressão/ventilação na relação 30:2; com dois socorristas, 15:2 em crianças. 5. Frequência das compressões: sempre realize as compressões entre 100 a 120 por minuto. A profundidade das compressões deve ser de no máximo cinco centímetros 5, deixando o tórax retornar por completo a cada compressão. Em adolescentes, o máximo de profundidade das compressões é de seis centímetros. Em crianças menores e um ano (exceto recém-nascidos) o atendimento segue os mesmos passos de crianças acima de um ano, porém, sofre algu- mas especificidades. A profundidade das compressões torácicas deve ser de 4 cm. O posicionamento das mãos deve ser: com um socorrista, dois de- dos no centro do tórax abaixo da linha dos mamilos; com dois socorristas dois polegares no centro do tórax abaixo da linha mamilar. 37 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 2.2.3 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE) No caso de um corpo estranho ser visualizado e estiver acessível após a ma- nobra de abertura das vias aéreas, o mesmo deve ser removido com o dedo indicador na forma “em gancho”. Já no caso de líquidos, devem ser removidos com os dedos indicador e médio envolvidos por gaze. A perda de consciência é a causa mais prevalente de obstrução das vias aéreas, principalmente pela queda da língua. Porém, a obstrução por corpos estranhos também pode provocar a perda de consciência e uma PCR. É durante as refeições que, eventualmente, corpos estranhos obstruem as vias aéreas. Porém, existem outras causas de obstrução como frag- mentos dentários, uso próteses dentárias deslocadas, secreções, balas, sangue, dentre outros. Em lactentes ou crianças, as causas mais frequen- tes incluem aspiração de pequenos objetos ou leite regurgitado. A obstrução das vias aéreas pode ser parcial (o que chamamos de semien- gasgo) ou total (o que chamamos de engasgo). Na parcial, a vítima pode ainda ser capaz de manter boa troca gasosa, podendo tossir. 38 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES A insuficiente troca de ar é indicada pela presença de ruídos respiratórios estridentes ou gementes, tosse fraca e ineficaz, dificuldade respiratória acentuada e, possivelmente, cianose. A obstrução total das vias aéreas (engasgo real) é geralmente reconhecida quando a vítima está se alimentando e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de asfixia, agarrando o pescoço (sinal clássi- co, universal), apresentando esforço respiratório exagerado e cianose. O movimento de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A vítima não consegue falar ou tossir com eficácia. O pronto atendimento é urgen- te, preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. Caso não seja instituído tratamento, a vítima evolui rapidamente para inconsciência, PCR e óbito. Agora vamos abordar sobre a Manobra de Heimlich. Essa técnica tem como objetivo expulsar o corpo estranho por intermédio da eliminação do ar residu- al dos pulmões, criando uma espécie de “tosse artificial”. Veja como proceder com essa técnica: 1. Verifique se é um engasgo real. 2. Pergunte à vítima: “Você está engasgado?” 3. Posicione-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome. Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e posicionar uma perna entre as pernas da vítima (para evitar que ela caia, caso venha perder a consciência). 4. Localize o umbigo. 5. Coloque a mão fechada a um dedo acima do umbigo. A mão do socorris- ta em contato com o abdome da vítima está com o punho fechado e o polegar voltado para dentro. A outra mão é colocada sobre a primeira. 39 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 5 – MANOBRA DE HEIMLICH EM ADULTOS E CRIANÇAS Heimlich em adulto Heimlich em criança Fonte: Wikimedia Commons (2006). #PraCegoVer: há duas imagens. Na primeira, uma mulher em pé está realizando a manobra de Heimlich em um adulto. Na outra imagem, um homem, com um joelho apoiado no chão, está realizando a manobra em uma criança. • Aplicar cinco compressões abdominais sucessivas, direcionadas para cima. • Conferir se a vítima voltou a respirar expelindo o objeto. • Se necessário, reposicionar e repetir os ciclos de cinco compressões, até que o objeto desobstrua as vias aéreas, ou a vítima perca a consciência. • Se a vítima ficou inconsciente, apoiá-la cuidadosamente até o solo e iniciar manobras de reanimação cardiopulmonar (30 compressões torácicas e duas ventilações. Reavaliar a cada dois minutos (cinco ciclos) ou se a vítima mostrar sinais de desobstrução, respiração espontânea e circulação). A manobra de Heimlich é perigosa e pode provocar lesões internas graves. Portanto, após a aplicação da manobra de Heimliche, sempre encaminhe a vítima ao médico. Conforme a AHA (2015), recomenda-se a manobra de Heimlich com compressões abdominais apenas para crianças maiores de um ano e adultos. 40 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES No caso de desobstrução de vias aéreas em mulheres grávidas, bebês e pessoas obesas, deve-se realizar compressões abdominais, e não compres- sões torácicas. Nos bebês, deve-se intercalar cinco tapotagens com cinco compressões torácicas, até que seja expulso o objeto ou o bebê perca a consciência. Caso isso aconteça, considere a criança em PCR e inicie ime- diatamente manobras de RCP. FIGURA 6 – DESOBSTRUÇÃO DE VIA AÉREA EM BEBÊ Tapotagem nas costas Compressão torácica Fonte: Wikimedia Commons (2017). #PraCegoVer: há duas imagens. Na primeira, um bebê está de barriga para baixo nas coxas de um adulto. O adulto está realizando tapotagem nas costas do bebê. Na outra imagem o bebê está de barriga para cima. O adulto está em pé, segurando o bebê. Após desobstruir a via aérea por corpo estranho, você deverá observar se a vítima está respirando normal ou está em gasping. O procedimento para ve- rificar a respiração deve durar no máximo cinco segundos. Uma respiração ruidosa, difícil e com esforço respiratório, pode ser um indi- cativo respiração agônica que antecede a parada cardíaca, ou obstrução de vias aéreas. Ao constatar que a vítima não está respirando, você deve, imedia- tamente, iniciar a ventilação artificial. Caro estudante, conforme visto anteriormente, o socorrista não pode deixar de utilizar barreiras de proteção na realização da técnica de ventilação boca a boca. Lembre-se, a segurança do socorrista vem em primeiro lugar! 41 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O socorrista pode utilizar dispositivos de barreira como a pocket mask ou face-shield. O ideal é utilizar o balão-valva-máscara, conhecido como “Ambu®”. A respiração boca a boca é realizada da seguinte maneira: 1. Abrir a via aérea da vítima por meio da manobra de inclinação da cabeça ou elevação da mandíbula. 2. Pinçar as narinas da vítima com a mesma mão que está inclinando a cabeça; 3. Colocar a sua boca sobre a da vítima, vedando-a por completo. 4. Efetuar duas ventilações, com duração de um a dois segundos a cada sopro. Observe o movimento do tórax e sentindo o ar expirado da vítima. 5. Manter um sopro a cada cinco ou seis segundos. Na pessoa adulta, a fre- quência deverá ser de aproximadamente 12 respirações por minuto. Caso a vítima esteja inconsciente, mas apresente respiração espontânea, você deverá manter ela em posição de recuperação, que pode ser em de- cúbito lateral esquerdo. Essa posição permite a redução do risco de aspira- ção para os pulmões, como nos casos de vômito ou excesso de sangue nas vias aéreas. Após as duas ventilações iniciais, o socorristadeverá verificar o pulso da vítima. 42 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES CONCLUSÃO Chegamos ao final da segunda unidade de Socorros Urgentes. Vimos o quão grave é uma PCR e como você, como futuro profissional da saúde, deve atuar no socorro das vítimas que passam por esse tipo de situação. O ideal é que você treine as técnicas aqui indicadas. Vimos também que a RCP é essencial e fundamental para a sobrevivência da vítima. Portanto, o passo a passo que você estudou nessa unidade, deve ser seguido à risca, ok? UNIDADE 3 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 43 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES > Compreender os socorros nas queimaduras. > Compreender os socorros nos afogamentos. 44 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES 3 QUEIMADURAS E AFOGAMENTOS INTRODUÇÃO DA UNIDADE Caro (a) aluno (a). Seja bem-vindo (a) a unidade 3 da disciplina de Socorros Urgentes. Nesta unidade, você aprenderá sobre os primeiros socorros e atendimentos de urgência e emergência nas situações de queimaduras e afogamentos. De início, você estudará sobre as queimaduras, seus tipos (em relação à gravidade), e as formas de se socorrer pessoas queimadas. É muito importante que você leia atentamente sobre os procedimentos de socorro, assim como leia e assista os materiais complementares sugeridos. Em sequência, será abordado sobre os afogamentos, os graus de classificação da vítima afogada, assim como os procedimentos necessários para os socorros das pessoas afogadas. 3.1 QUEIMADURAS Caro estudante, provavelmente você já se queimou com algo muito quente, como um ferro, uma panela, ou no escapamento de uma moto, correto? Provavelmente foram queimaduras bem leves, rápidas, mas que doem bastante. As queimaduras são ferimentos traumáticos causados, geralmente, por agentes químicos, térmicos, radioativos e elétricos. Elas agem nos tecidos orgânicos que revestem nosso corpo, gerando destruição total ou parcial a pele e demais tecidos anexos. As queimaduras também podem atingir camadas mais profundas, como tecido muscular e ossos. Podemos classificar as queimaduras conforme com a sua profundidade e tamanho, normalmente sendo medidas pela porcentagem atingida da superfície corporal. 45 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1 – QUEIMADURA. Fonte: Wikimedia Commons (2012). #PraCegoVer: na imagem há uma queimadura com bolhas. As queimaduras atingem principalmente as crianças e o ambiente domiciliar. Estas lesões são produzidas por ação de agentes f ísicos térmicos, como o calor ou frio, tais como fogo, vapores, eletricidade, gelo; por irradiação (raios solares); ou agentes químicos, como ácidos ou soluções básicas fortes (soda cáustica). O elemento que causou queimadura e o tempo que a vítima ficou exposta é o que determinará a profundidade da lesão. Mesmo a queimadura mais simples, como a queimadura solar, pode complicar e levar a vítima a um estado de choque, portanto merece cuidado tratamento. O corpo humano realiza suas funções fisiológicas por meio de vários mecanismos metabólicos e, para que ele mantenha sua homeostase, a temperatura corpórea deve estar entre 34,4 e 40 graus centígrados. A sua exposição aos agentes externos com uma temperatura maior do que ele consegue absorver desencadeia o processo de queimadura. 46 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES A pele é uma barreira que protege contra infecções e perda de calor e água; além de ser o maior órgão do corpo humano. As vítimas que possuem extensas lesões de pele, devido as queimaduras, perdem temperatura e líquidos com grande facilidade, e consequentemente, ficando mais propensos às complicações e infecções. Independentemente da extensão e da profundidade, todo tipo de queimadura requer atendimento médico após a prestação dos primeiros socorros. 3.1.1 CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS De acordo com Santos (2018), as queimaduras podem ser classificadas de acordo com o grau de destruição celular produzido, ou seja, a profundidade, em 1º, 2º e 3º grau. A queimadura de 1º grau é a mais prevalente na população. Neste tipo de queimadura a lesão ocorre apenas na camada mais externa da pele, ou seja, na epiderme. Queimaduras de 1º grau podem ser causadas simplesmente pela exposição solar. FIGURA 2 – QUEIMADURA DE 1º GRAU. Fonte: Wikimedia Commons (2010). #PraCegoVer: na imagem há parte de um braço com queimadura de 1º grau. 47 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Inchaço (edema), pele avermelhada, aumento da sensibilidade da pele e ardor são sinais e sintomas deste tipo de queimadura. Estes sinais e sintomas podem ter início imediatamente (pela ação de agentes físicos), ou de 12 a 48 horas, quando da ação de agentes inflamatórios. Ao se deparar com este tipo de queimadura, primeiro você deverá afastar a vítima de perto da fonte causadora da queimadura; depois, resfriar o local com água fria ou até mesmo com pano úmido; proteger o local atingido. Além disso, pode ser feito uma compressa fria, utilização de pomadas antibióticas, ingestão de medicamentos leves para dor e até mesmo aplicação de produtos com Aloe vera. Após isto, ofereça líquidos à vítima. A queimadura de 2º Grau atinge tanto a epiderme quanto a derme, provocando mais dor a vítima. Ela é identificada facilmente, pois provoca a formação de flictenas (bolhas). Sinais e sintomas a serem observados são a dor e/ou hipersensibilidade, flictenas, edema e aumento ou diminuição da umidade. Na presença de bolhas ou lesões extensas, poderá haver a perda importante de líquido e plasma nessas áreas, e formação de cicatrizes. FIGURA 3 – QUEIMADURA DE 2º GRAU. Fonte: Wikimedia Commons (2021). #PraCegoVer: na imagem há um pé com queimadura de 2º grau. 48 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES Ao se deparar com este tipo de queimadura, primeiro utilize água fria em abundância, com o intuito de resfriar o local afetado. Não se deve furar as bolhas formadas, visto que as mesmas servem de proteção do local contra infecção, e também aceleram o processo de cicatrização. Roupas podem grudar na pele, e não devem ser retiradas. Não se deve também aplicar nada sobre a queimadura, como líquidos, pomadas, cremes e pastas dentais. Você deverá proteger o local atingido e, depois, o mais breve possível, encaminhar a vítima ao atendimento médico. Não se esqueça de cobrir a queimadura com uma bandagem estéril, de preferência. Na queimadura de 3º Grau há a destruição de todas as camadas da pele, ou seja, a epiderme e a derme, além da camada de gordura, músculos e seus anexos, e órgãos internos, quando mais profundas. São queimaduras que podem aumentar o risco de morte. As queimaduras de 3º grau levam a uma coloração avermelhada, branca, escura ou carbonizada da pele da vítima. Na maioria das vezes, é uma queimadura indolor, pois destrói terminações nervosas e os receptores nas estruturas afetadas. FIGURA 4 – QUEIMADURA DE 3º GRAU. Fonte: Wikimedia Commons (2009). #PraCegoVer: na imagem há um pé com queimadura de 3º grau. 49 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Nos cuidados e atendimentos de socorros, devemos seguir as mesmas regras para as queimaduras de 2º grau. Se a vítima estiver com as roupas em chamas, o correto que você, socorrista: • Abafe o fogo, que pode ser feito por um cobertor ou algo similar. • Deite a vítima, mantendoa cabeça e o tórax mais inferiores que o corpo. • Cubra com pano limpo o local atingido. De preferência, que seja uma compressa ou gaze estéril, embebida em vaselina estéril. • Monitore os sinais vitais da vítima e transporte-a para o hospital mais perto o mais rápido possível. Vamos resumir os tipos de queimaduras em relação aos graus? 1º grau: tipo de queimadura que atinge a epiderme, a camada superficial da pele. Apresenta lesões hiperemiadas e sem bolhas, com discreto edema e dor no local. 2º grau: tipo de queimadura que atinge a epiderme e parte da derme. A dor é acentuada e aparecem bolhas. 3º grau: tipo de queimadura que atinge todas as camadas da pele, músculos e seus anexos, ossos e até mesmo órgãos internos. Há necrose da pele, a qual fica com cor escura ou esbranquiçada. A dor é ausente. 50 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES A extensão da lesão queimada também é uma forma de se classificar as queimaduras. Essa extensão é representada pela percentagem da área corporal que foi queimada. Determina-se a gravidade pela extensão, profundidade e a área afetada. Veja a seguir: Leves ou pequeno queimado: queimaduras que atingem menos de 10% da superfície do corpo, ou queimaduras de segundo grau com menos de 15% da superfície corporal atingida, ou de terceiro grau com menos de 2% da superfície corporal atingida. Médias ou médio queimado: quando as queimaduras atingem de 10 a 20% da superfície do corpo, ou queimaduras de primeiro grau que tenham atingido mais de 50% da superfície corporal, ou de segundo grau com mais de 20% da superfície corporal atingida, ou de terceiro grau que tenham atingido até 10% da superfície corporal, sem chegarem à face, mãos e pés. Graves ou grande queimado: quando as queimaduras atingem mais de 20% da área do corpo, ou se causarem complicação por lesão do trato respiratório, ou queimaduras de terceiro grau em face, mãos e pés, ou de segundo grau que tenham atingido mais de 30% da superfície corporal. Podem ser utilizadas duas regras para medir a extensão das queimaduras em relação à área do corpo, como você verá a seguir. A regra dos nove é a mais usada pelas instituições de saúde e atribui o valor nove (ou um múltiplo dele) a cada segmento corporal: cabeça — 9%; tronco frente — 18%; tronco costas — 18%; membros superiores — 9% cada; membros inferiores — 18% cada; genitais — 1%. Já a regra da palma da mão é a menos utilizada pelas instituições de saúde e pode estimar a extensão de uma queimadura calculando o número de palmas — considerando que, na maioria das vezes, a palma da mão de uma pessoa 51 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 representa 1% da superfície do seu corpo. As queimaduras de pés, mãos, face, pescoço, períneo e olhos, independentemente da sua profundidade e extensão, irão necessitar de tratamento hospitalar. 3.1.2 QUEIMADURA ELÉTRICA As queimaduras elétricas, por choque, são lesões causadas pela passagem de corrente elétrica no corpo da vítima. Dependendo da resistência, intensidade, voltagem e do tempo de exposição da corrente, as queimaduras podem ser mais ou menos graves. Os sinais e sintomas neste tipo de queimadura são diversos e irão depender das circunstâncias e do tipo da lesão. Podem aparecer ferimentos incisivos carbonizados, isquêmicos, deprimidos ou mesmo amarelo-esbranquiçados. Na maioria das vezes, é pequeno o ferimento de entrada da corrente, podendo assim mascarar uma profunda lesão tecidual. Já o ferimento de saída pode ser do tamanho do de entrada ou, geralmente, maior (VELASCO et al., 2018). O socorrista, neste tipo de queimadura, deve evitar contato direto com a vítima, caos ela estiver sofrendo o choque elétrico. Ele deve desligar a fonte de energia, porém, se isto não for possível, deve afastar a vítima da fonte da corrente, utilizando pedaços de tecidos fortes, madeira e luvas, ou seja, maus condutores de energia. É importante que vítima se mantenha deitada. Caso a vítima sofra parada cardiorrespiratória, deve ser iniciado as manobras de suporte básico de vida, como vimos em unidades anteriores. Caso não haja parada, deve ser monitorado os sinais vitais e iniciado os procedimentos dos cuidados para queimaduras e, principalmente, prevenção do estado de choque. A vítima deve ser encaminhada para o hospital o mais rápido possível. 52 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES Caro (a) aluno (a), indicamos uma reportagem que relata sobre a queimadura elétrica, também chamada de queimadura de 4º grau. Durante o vídeo, tenha atenção aos procedimentos básicos para atender às vítimas de queimadura elétrica. Para assistir, clique aqui. 3.1.3 QUEIMADURA QUÍMICA As queimaduras químicas são conceituadas como lesões teciduais que resultam de contato químico. Estas queimaduras geralmente estão relacionadas ao ambiente de trabalho ou doméstico da vítima, e podem se tornar graves significativamente até que a ação do produto seja interrompida ou ele seja inativado. Este tipo de queimadura pode ser ácido ou básico (alcalina), e os sinais e sintomas irão variar de acordo com a substância causadora da lesão. Ambos os tipos de queimadura causam dor, porém, as queimaduras ácidas, de um modo geral, causam necrose de coagulação, o que produz escaras e úlceras. Queimaduras alcalinas são mais graves, afinal, conseguem penetrar profundamente na pele e permanecem ativas por longo período (SANTOS, 2018). https://www.youtube.com/watch?v=CS3MbRCU94w 53 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ao se deparar com este tipo de queimadura, o socorrista deverá: • Remover objetos ou roupas contaminados de perto da vítima. • Dependendo da causa da queimadura, realizar a lavagem da região afetada com água abundante e contínua. • Em casos de contato com produtos químicos em pó, limpar a pele antes de molhá-la, evitando assim a ativação da substância. • Em casos caso de queimaduras produzidas por líquidos, lavar a área com água corrente e abundante por, no mínimo, 30 minutos. • Monitorar os sinais vitais da vítima, como a frequência cardíaca, respiratória e pressão arterial. • Identificar a substância causadora, sempre que possível. • Encaminhar a vítima para um serviço de pronto-atendimento, imediatamente. 3.2 AFOGAMENTO Caro estudante, saiba que os afogamentos são muito prevalentes e comuns. Todos os anos, milhares de pessoas morrem, vítimas de afogamento. Muitas poderiam ter sido salvas, caso os procedimentos de primeiros socorros tivessem sidos realizados com maestria. FIGURA 5 – AFOGAMENTO. Fonte: Pixabay (2017). #PraCegoVer: na imagem há uma mão para fora do mar, como se a pessoa estivesse se afogando. 54 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES O afogamento é a aspiração de líquido não corporal por imersão ou submersão. É uma asfixia após a imersão ou submersão em meio líquido (REGENGA et al., 2012). 3.2.1 O AFOGAMENTO A maioria dos afogamentos, cerca de 40%, acontece em crianças com menos de quatro anos de idade. No mundo todo, o afogamento é considerado a terceira causa mais prevalente de morte acidental. Os locais mais comuns de afogamento em crianças são as piscinas e banheiras. Independentemente da causa, a hipóxia, ou seja, a falta de oxigênio, é o fator principal que leva o indivíduo à morte. São diversas as causas que levam ao afogamento, incluindo pessoas que não sabem nadar, mas que apresentam inesperadamente uma câimbra nos membros inferiores, ou até mesmo um indivíduo que sofra um infarto agudo do miocárdio; vítimas que utilizam álcool antes de entrar na água; crises convulsivas em pessoas epilépticas.Ao se afogar, a vítima em contato com a água prende voluntariamente a respiração, inicialmente, fazendo movimentos com todo o corpo, desesperadamente tentando nadar e/ou agarrar-se a alguma coisa. Neste início, a vítima poderá aspirar quantidade pequena de água, mas que, em contato com a laringe por reflexo parassimpático, promoverá constrição das vias aéreas superiores. Em casos severos de laringoespasmo, pode haver impedimento da entrada de ar e água no trato respiratório, até que a vítima perca a consciência e morra ou seja resgatada. Geralmente, quando resgatadas a tempo, as vítimas que não aspiram líquidos respondem melhor ao socorro e ao tratamento (SANTOS, 2018). Se não ocorrer o salvamento nesta fase, a vítima iniciará movimentos respiratórios involuntários e, consequentemente, irá aspirar uma grande quantidade de água. Isto gera um pior prognóstico, representando grande parte (85%) dos afogamentos fatais. Quando isto ocorre, há diminuição da capacidade de expansão dos pulmões e impedimento de troca gasosa. 55 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Os movimentos involuntários do diafragma irão aumentar a aspiração de líquidos e os movimentos de deglutição, o que causará distensão do estômago e, em seguida, vômitos. Ocorrerá inundação total dos pulmões com perda de consciência, apneia e morte (VELASCO et al., 2018). Dessa forma, o oxigênio será enviado e utilizado onde é imediatamente necessário para a manutenção da vida. Uma curiosidade: quanto mais gelada estiver a água, mais oxigênio será desviado para o coração e para o cérebro. Nas águas com temperatura igual ou menor que 20ºC, as necessidades metabólicas do organismo são apenas a metade do normal. A sobrevivência em água gelada deve-se à hipotermia, que diminui o metabolismo, reduzindo assim a necessidade corporal de oxigênio. Qualquer pessoa sem respiração, sem pulso e que estava submersa em águas geladas deve ser reanimada. 3.2.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA AFOGADA Vejamos agora como é classificada a pessoa que se afogou. • Grau I: a vítima está lúcida, apresentando tosse seca, taquicardia e taquipneia, que rapidamente melhora à medida que se acalma. Não há presença de aspiração pulmonar significativa. Socorremos a pessoa mantendo-a em repouso, aquecida e com suporte de oxigênio, caso necessário. • Grau II: a vítima está lúcida, geralmente agitada, com moderada elevação das frequências respiratória e cardíaca. Não há grande dificuldade respiratória. Há presença de vômitos e tosse. Pode apresentar pequena quantidade de espuma na boca e no nariz. O óbito é raro e ocorre em 0,6% dos casos. • Grau III: a vítima está agitada e pouco colaborativa, pois falta oxigênio. A frequência cardíaca e respiratória está elevada, com grave dificuldade respiratória, muitas vezes com presença de cianose. Vítima apresenta tosse com espuma esbranquiçada ou rósea. A mortalidade ocorre em cerca de 5,2% dos casos. • Grau IV: é semelhante ao grau III. O pulso radial está fraco ou ausente, o que indica risco de choque. O óbito ocorre em 19,4% dos casos. • Grau V: há a presença de parada respiratória. O óbito ocorre em 44% dos casos. • Grau VI: há a presença de parada cardiorrespiratória. O óbito ocorre em 93% dos casos. 56 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES 3.2.3 PROCEDIMENTOS DE SALVAMENTO Primeiramente, não se esqueça que o principal cuidado inicial é a segurança de quem faz o salvamento. No caso de afogamento em águas rasas, devemos suspeitar de lesão na coluna cervical, principalmente nas vítimas inconscientes, desta forma, sempre que possível, devemos proceder à imobilização adequada para a retirada da vítima, sempre que possível. De preferência, o salvamento deverá ser realizado sem que você ou o socorrista entre na água. Por exemplo, caso a vítima estiver consciente, devemos jogar algum objeto para a ela se apoiar, como uma boia, corda, colete salva-vidas, pneu, galho, toalha, ou qualquer outro objeto resistente que não irá se romper. Depois que vítima tenha agarrado o objeto, devemos puxá-la para a margem (VELASCO et al., 2018). Se a vítima estiver inconsciente ou longe demais para ser alcançada com um objeto, o socorrista deverá ir até ela, removendo-a o mais rápido possível. Apenas salve alguém inconsciente se afogando caso você saiba nadar. Caso confirmada a fratura cervical e/ou lesão medular, o seu objetivo é sustentar o tronco e o pescoço da vítima, estabilizar a cabeça enquanto administra os outros cuidados. Sempre deixe o pescoço da vítima no mesmo nível do tronco. Se não houver suspeita de fratura cervical e/ou lesão medular, coloque a vítima em posição lateral, de modo que água, secreções e vômito possam ser drenados das vias aéreas superiores. Realize a avaliação primária e dê início ao C, A e B. Na ausência de respiração, desobstrua as vias aéreas imediatamente e comece a respiração de salvamento. Caro (a) aluno (a), indicamos um vídeo sobre como realizar o socorro na água. Para acessá-lo, clique aqui. https://www.youtube.com/watch?v=pPr6prD2WOs 57 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Nesta unidade, você pode entender melhor e de forma aprofundada sobre as queimaduras, afogamentos e traumas. Entender sobre as queimaduras, seus tipos, características clínicas é essencial para a necessidade de um dia realizar um salvamento e socorro a urgência e emergência de pessoas queimadas. Nesta unidade foi abordado também sobre os afogamentos, os quais levam muitos indivíduos a morte, anualmente. Estes afogamentos poderiam ser evitados, porém, caso ocorram, você como profissional de saúde deve estar preparado e apto a realizar o salvamento da vítima. Qualquer segundo é importante para a sobrevivência do afogado. UNIDADE 4 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 58 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES > Compreender os socorros nos traumas. > Compreender os socorros nas lesões ortopédicas e desportivas. 59 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES 4 TRAUMAS, LESÕES ORTOPÉDICAS E DESPORTIVAS INTRODUÇÃO DA UNIDADE Caro(a) aluno(a). Seja bem-vindo(a) à quarta unidade da disciplina de Socorros Urgentes. Nesta unidade, você aprenderá sobre os primeiros socorros e atendimentos de urgência e emergência nos traumas e lesões ortopédicas e desportivas. Para iniciar, você estudará sobre os traumas, hemorragias, fraturas, traumatismo cranioencefálico, dentre outros. Nesta parte da unidade, você aprenderá a fazer um torniquete convencional para estancamento de hemorragias, assim como aprenderá a utilizar o torniquete especial. Você estudará também conceitos e definições básicas sobre as lesões (aguda e crônica), assim como alguns dados epidemiológicos sobre as mesmas. O foco será dado aos tipos e mecanismos de lesões ortopédicas e desportivas existentes, como a luxação, a entorse, contusão, distensão e estiramento muscular, assim como a contratura muscular. 4.1 TRAUMAS Precisamos considerar o trauma também como uma doença, e não sempre como um acidente. O trauma pode resultar em incapacidade física, problemas de ordem social e econômica e a morte. A palavra trauma origina do grego “traûma “ que significa ferida. 60 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Práticas de prevenção e a educação em saúde são importantes para reduzir sequelas, mortalidade e gastos do sistema de público saúde com as internações hospitalares e reabilitação consequentes dos traumas. Destacam-se os traumas resultantes de acidentesde trânsito, violência interpessoal, acidentes de trabalho e quedas. Eles constituem as causas mais prevalentes de mortalidade por causas externas entre a faixa etária de um a 44 anos de idade. Os homens adultos jovens são os mais vulneráveis a sofrerem traumas, principalmente aqueles relacionados às agressões. O trauma, nas últimas décadas, ocupa a terceira causa geral de morte na população no Brasil, superado somente pelas neoplasias e doenças cardiovasculares (SANTOS, 2018). Muitos traumas geram hemorragias. Nestes casos, o socorrista deverá identificar e tratar a hemorragia externa, afinal, a instabilidade hemodinâmica na vítima de trauma é ocasionada, geralmente, por perda significativa de sangue. Nos casos de hemorragia interna, no sentido de estancar o sangramento, o atendimento pré-hospitalar não será necessário. Desta forma, a vítima necessitará ser encaminhada rapidamente ao hospital de referência e que esteja equipado com recursos humanos e materiais, afinal, o controle da hemorragia é cirúrgico. A seguir, veremos melhor sobre a hemorragia e também as amputações. 4.1.1 HEMORRAGIAS E AMPUTAÇÕES A perda súbita de sangue, com origem em um rompimento de um ou mais vasos sanguíneos (artéria, veia, capilar) é a definição de hemorragia. Ela pode ser externa, quando a está na superfície e pode ser visível; ou interna, quando está mais profunda e não extravasa para fora do corpo da vítima. Podemos classificar a hemorragia externa de três tipos: 61 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES Hemorragia capilar: causada por escoriações pequenas e que geram lesões de capilares muito pequenos. Estes estão localizados abaixo da superfície da pele. O sangramento é mínimo e, geralmente, terá cessado antes mesmo da chegada da equipe de atendimento pré-hospitalar. Hemorragia venosa: o sangramento possui coloração vermelho-escuro e é, normalmente, controlado por meio de compressão no local do ferimento. Não causa ameaça a vida da vítima, apenas se lesão for grave ou o sangramento não for controlado. Hemorragia arterial: é o tipo mais difícil de ser controlado. O sangramento possui coloração vermelho-vivo e ocorre em jatos compassados com o ritmo cardíaco. As hemorragias, dependendo de sua gravidade e extensão, pode gerar a síndrome do choque hemorrágico, que geralmente acontece no caso de suspeita de hemorragia interna. No choque hemorrágico, a vítima estará muitas vezes ansiosa, podendo ser sinal de hipoxia cerebral, com taquipneia, taquicardia, palidez cutânea, hipotensão arterial, hipotermia, enchimento capilar lento ou ausente, e sede. Aqui, devemos monitorar os sinais vitais e levar a vítima para o hospital imediatamente. Agora, as hemorragias arteriais de pequena gravidade trazem como sinal o conhecido “hematoma”, que você com certeza já teve, não é mesmo? 62 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1 – HEMATOMA. Fonte: Wikimedia Commons (2019). #PraCegoVer: na imagem há um hematoma em um indivíduo. Como primeira opção, para controlar a hemorragia externa, o socorrista necessitará aplicar pressão manual direta sobre o ferimento, o que chamamos de compressão local, utilizando uma gaze, compressa estéril ou pano limpo, de preferência. Em torno de 99% das hemorragias externas podem ser contidas somente com a compressão local. Já a hemorragia externa que não pode ser contida com a pressão local, portanto, indica-se o torniquete. Ele deve ser aplicado na extremidade proximal do ferimento hemorrágico e apertado o suficiente, bloqueando o fluxo arterial. FIGURA 2 – TORNIQUETE. Fonte: Wikimedia Commons (2020). #PraCegoVer: na imagem há duas mãos realizando aplicando um torniquete no braço de uma pessoa que possui um corte na parte superior do antebraço. 63 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES O torniquete convencional e mais simples, barato, e é feito da seguinte forma: • Use um pedaço de pano, em torno de 10cm de largura; • Coloque o pedaço de pano acima do ferimento e, sem apertar, dê um primeiro nó; • Coloque um bastão de madeira ou metal sobre este primeiro nó, e faça um segundo nó por cima; • Torça o bastão fixe no lugar e a hemorragia cesse. Atualmente, há diversos dispositivos desenvolvidos para conter hemorragias externas graves. Como exemplo temos as bandagens especiais, assim como produtos utilizados em medicina tática e de combate, disponíveis para uso com a população civil. Agora, vejamos sobre a amputação. A amputação é uma grave lesão em que ocorre a separação de um membro ou de uma estrutura do corpo, podendo ser causada por esmagamento, objeto cortante ou força de tração. Elas frequentemente estão associadas a acidentes automobilísticos e de trabalho, sendo mais prevalentes em homens jovens (SANTOS, 2018). Geralmente, escolhe-se o torniquete como método de contenção no tratamento de sangramento que ocorre com a amputação de um membro. Na amputação, o socorro inicial deverá ser rápido e eficiente, principalmente devido a gravidade da lesão e possibilidade de reimplante do segmento que foi amputado. Sempre que possível, o membro amputado deve ser preservado. A amputação é classificada em três tipos: 64 SOCORROS URGENTES MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Amputação completa ou total: o segmento é separado do corpo, totalmente; Amputação parcial: o segmento desprende-se cerca de 50% do corpo; Desenluvamento: a pele e o tecido adiposo são arrancados, mas sem lesão do tecido subjacente. Nas amputações parciais ou nas do tipo desenluvamento, a exposição das artérias que foram laceradas leva a um importante e significativo sangramento. O socorrista, ao se deparar com uma pessoa vítima de amputação deverá, primeiro, controlar imediatamente a hemorragia – essa é a prioridade; prevenir a hipotermia e tratar o estado de choque; cuidar do segmento amputado; limpar o local da lesão com solução de Ringer Lactato; envolver o membro com uma gaze estéril umedecida ou uma compressa limpa; proteger o membro amputado com um saco plástico; colocar o saco plástico em recipiente de isopor com gelo (não colocar a extremidade em contato direto com o gelo); transportar o paciente e a parte que foi amputada para o hospital. 4.1.2 ESTADO DE CHOQUE E EVISCERAÇÃO O choque é uma condição/estado potencialmente letal e que se caracteriza por uma significativa redução da perfusão dos tecidos, com consequente oferta inadequada de oxigênio ao organismo. Dentre os tipos mais prevalentes de choque temos: hipovolêmico, cardiogênico, séptico, neurogênico e anafilático. A hipovolemia geralmente é decorrente de desidratação (perda de líquidos, plasma e eletrólitos) ou de hemorragia (perda de hemácias e plasma), sendo o choque hemorrágico (perda rápida de sangue) a principal causa no paciente traumatizado. 65 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SOCORROS URGENTES No primeiro estágio do choque, o corpo consegue ainda manter o equilíbrio através dos mecanismos compensatórios. A perfusão sanguínea dos órgãos é mantida e são mínimos os sinais e sintomas. A queda na pressão arterial é característica da descompensação do choque. Com a vasoconstrição intensa e a hipotensão arterial, também ocorre diminuição da intensidade dos pulsos periféricos, se tornando fracos e de difícil palpação. São sinais e sintomas clássicos da vítima que está chocado por hipovolemia: ansiedade (sinais de hipoxia cerebral), agitação, posteriormente sonolência, cansaço, taquicardia, hipotensão arterial, confusão mental, pulso filiforme, respiração curta, rápida e superficial, sede, náusea, pele fria, úmida e pálida, enchimento capilar lento (perfusão
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