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Autoria: Ma. Priscila Ferreira Silva Revisão técnica: Dr. Vinicius Canato Santana ÉTICA E PROFISSIONALISMO EM BIOMEDICINA ÉTICA PROFISSIONAL Introdução Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à disciplina Ética e Profissionalismo em Biomedicina. Nesta unidade, você conhecerá a atuação dos conselhos de biomedicina e a diferença entre os conselhos regionais e federal. Posteriormente, será apresentado ao código de ética do profissional biomédico e, a partir de então, poderá atuar de maneira condizente e avaliar a conduta de profissionais ao seu redor. Você já pensou em quais princípios éticos são abordados na clonagem? Por que, até o momento, só há relatos de clones inteiros de animais e não de humanos? Você já se perguntou sobre como proceder caso queira ser doador de órgãos? Abordaremos as leis referentes a essas práticas e, em seguida, falaremos sobre os transplantes de órgãos, tecidos e células. Veremos também as leis que regulamentam o uso de transgênicos e as práticas em reprodução humana assistida. Bons estudos! Tempo estimado de leitura: 49 minutos. O Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) foi instituído pela Lei nº 6.684, de 3 de setembro de 1979, a qual regulamenta a profissão do Biomédico. As principais funções desse conselho são orientar, disciplinar e zelar pelo exercício da profissão de biomédico, assim como criar resoluções que regulamentam a área de atuação, habilitação profissional, responsabilidade técnica, pagamento de anuidade, documentação referente à inscrição da pessoa jurídica e conduta profissional, de acordo com o código de ética (BRASIL, 1979). Já o Conselho Regional de Biomedicina (CRBM) tem como missão fiscalizar e orientar as atividades dos profissionais biomédicos para constatar se seus filiados desempenham atividades compatíveis com as suas habilitações. Tudo isso porque a área de atuação do biomédico é ampla, no entanto, para o 3.1 Atuação dos conselhos federal e regionais de Biomedicina desenvolvimento de suas atividades, o biomédico deve ter o reconhecimento de habilitação na área específica em que atua. Se sua atividade não for compatível com sua habilitação, deve regularizar-se junto ao CRBM (BRASIL, 1979). Saiba que o biomédico que atua em setor para o qual não tem a necessária habilitação pode ser punição e ter o seu registro cassado, já que essa infração é considerada gravíssima. Ademais, o desempenho de atividades sem a devida regulamentação caracteriza exercício ilegal da profissão, o que é crime previsto na legislação penal (BRASIL, 1979). Figura 1 - Conselhos Regionais de Biomedicina Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na imagem, estão ilustrados os símbolos dos Conselhos Regionais de Biomedicina por áreas do território nacional. Como, hoje, existem seis CRBMs distribuídos pelo Brasil, cada um é responsável por regiões específicas e tem a obrigação de se reportar ao CFBM. O CFBM, conforme atribuições conferidas pela Lei nº 6.684, de 1779, modificada pela Lei nº 7.017, de 1982, em consonância com as leis nº 6.838, de 1980, e nº 9.784, de 1999, definiu, em 2020, a atualização do código de ética do profissional biomédico pela Resolução nº 330 (CFBM, 2020). Ainda conforme o Conselho Federal de Medicina (2020), essa atualização do código de ética revoga o anterior, de fevereiro de 2011. Isso porque se tornou fundamental que o código anterior fosse atualizado para estar em conformidade 3.2 Código de ética em Biomedicina (CFBM e CRBM) O biomédico é um profissional com formação ampla e direcionada para atuar em diferentes áreas, determinadas como habilitações. Sem as devidas áreas informadas aos CRBM, o profissional não poderá atuar. Acesse o site do CFBM (https://cfbm.gov.br/ (https://cfbm.gov.br/)), vá até a aba “Profissionais” e, em seguida, selecione o item “Habilitações”. Ao visualizar a lista de possíveis atuações, realize uma pesquisa sobre a atividade exercida em cada habilitação. VAMOS PRATICAR? https://cfbm.gov.br/ com as mudanças ocorridas no cenário de atuação do profissional biomédico, em geral, na área da saúde. Dessa forma, o código de ética em vigor tem duas vertentes que não se excluem, mas se complementam. O documento é constituído por 12 capítulos, como você pode analisar na tabela seguinte. A consolidação e o interesse sobre a proteção daqueles que utilizam os serviços prestados pelos profissionais biomédicos. Endurecimento das normas de prevenção e práticas de biomédicos para que sejam tão somente fiéis aos princípios éticos e no domínio da ciência, servindo com lealdade ao usuário e à sociedade (CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA, 2020). Primeira vertente Segunda vertente Tabela 1 - Capítulos do código de ética do profissional biomédico Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na tabela, é apresentada, na coluna da esquerda, o capítulo; na coluna ao centro, o artigo que o nomeia e, na coluna da direita, o assunto discutido em cada capítulo. O primeiro capítulo pretende esclarecer que, caso o biomédico transgrida qualquer dos itens desse código, sofrerá penalização por sanções disciplinares aplicadas pelo CRBM, sendo o órgão responsável pela fiscalização e cadastro dos profissionais atuantes na região. É dever do biomédico zelar pela reputação da profissão e sua própria, sempre buscando a atualização dos conhecimentos teóricos e práticos, garantindo que exercerá com probidade a profissão (CFBM, 2020). Caso tenha algum motivo que o impeça de exercer a profissão, deverá informar imediatamente o CRBM, solicitando a suspensão do registro na habilitação ou até mesmo o registro definitivo no órgão. Estão incluídos nesses motivos: a inadimplência financeira quanto aos emolumentos devidos ao conselho, como anuidades e multas; os impedimentos civis, sendo réu de processos criminais ou inadimplência para com as obrigações eleitorais (CFBM, 2020). O Conselho Federal de Biomedicina (2020) ainda dispõe que, no exercício profissional, deverá respeitar o sigilo às informações de pacientes e dados das pesquisas em que atuar, seja como responsável ou não, sempre respeitando a atuação de outros profissionais, biomédicos ou não, e zelando pela harmonia profissional. Ainda conforme o Conselho Federal de Medicina (2020), o profissional não deverá deixar de prestar assistência profissional efetiva ao estabelecimento ou usuário com o qual mantém vínculo na prestação de serviços. Contudo, também não deve permitir a utilização do seu nome por qualquer estabelecimento ou instituição em que não exerça efetivamente suas atividades. Essas ações visam a sua não participação de ato fraudulento, incluindo declarar ter habilitação ou formação que não possa comprovar. Ao reconhecer locais que desenvolvam ações que infrinjam o código de ética, seja na área da saúde ou ambiental, o biomédico deverá se negar a participar desses atos e informar imediatamente ao órgão fiscalizador. Dessa forma, não é conivente com atos ilícitos (CFBM, 2020). Também é orientação do Conselho Federal de Medicina (2020) que o biomédico, em cargo de responsável técnico ou subordinado, jamais poderá aceitar remuneração não condizente com a atividade exercida. Muito menos aceitar que outro colega de profissão seja discriminado em suas atividades, seja por remuneração incompatível ou desrespeito à dignidade humana. Manter o sigilo profissional é inerente à profissão, por isso, é fundamental o seu respeito, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o biomédico entenda que esteja sendo afrontado pelo próprio usuário e, em defesa própria, tenha que revelar segredo, desde que sempre restrito ao interesse da justiça (CFBM, 2020). O ponto que teve grande alteração em relação ao código anterior foi em relação à propaganda e publicidade do exercício de Biomedicina. Isso porque, a partir de 2020, pode divulgar seus serviços em frente ao local físico em que trabalha e em sua moradia, bem como em qualquer meio digital (CFBM, 2020). Porém, deve atentar-seaos itens obrigatórios na divulgação. Conheça-os! Figura 2 - Itens obrigatórios nas divulgações de serviços biomédicos Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na imagem, estão apresentados os itens que devem ser apresentados, obrigatoriamente, na divulgação de prestações de serviços por profissionais biomédicos. O biomédico poderá publicar imagens e resultado final de procedimentos, salvo nos casos em que houver, além do TCLE para esse fim, que deve ser assinado pelo paciente, os seguintes dizeres na descrição ou legenda da peça publicitária: “Esta imagem não representa, em hipótese alguma, garantia de resultado. Cada ser humano tem características anatômicas e �siológicas únicas” (CFBM, 2020). O Conselho Federal de Biomedicina (2020) veta ao biomédico induzir a garantia de resultados com texto que direcione a essa conclusão. Inclusive, fornecer valores de prestação de serviços que estimulem a concorrência desleal com valores muito abaixo dos praticados no mercado. Também não deverá divulgar marca de equipamentos ou produtos visando à autopromoção. Ao divulgar resultados de técnicas, é proibido publicar como de sua autoria pesquisas de outros autores ou que os resultados não sejam comprovados cientificamente. Ao agir dessa forma, estará negando ao paciente ou cliente a possibilidade de procedimentos confiáveis e de qualidade. No geral, conforme o Conselho Federal de Medicina (2020), o biomédico nunca deverá ser conivente com atos ilegais ou antiéticos, de maneira direta ou indireta. Ao identificar ações dessa natureza de outros profissionais, é obrigado a juntar provas e denunciar aos órgãos competentes. Ademais, não é autorizada a denúncia sem comprovação do ato. Em qualquer descumprimento dos itens do código de ética, o biomédico sofrerá sanções éticas e disciplinares, as quais podem ser classificadas de acordo com o quadro seguinte. Quadro 1 - Classificação de infrações Fonte: Elaborado pela autora, 2021. #PraCegoVer No quadro, é apresentada a classificação das infrações contra o código de ética profissional da biomedicina e, abaixo de cada item, há a explicação do tipo de infração. As circunstâncias atenuantes, ou seja, que tornam menos graves as infrações, consideram basicamente que o profissional não agiu de má-fé, e sim que ocorreu a infração por uma fatalidade (CFBM, 2020). Figura 3 - Circunstâncias atenuantes de infrações disciplinares Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na figura, são apresentadas as circunstâncias que levam a considerar as infrações mais leves menos graves. Considerando-se, no primeiro item, como não ter sido responsável direto pelo ato; no segundo item, como tendo procurado minimizar o erro, ou ter sido induzido ao erro ou, até mesmo, ser de natureza leve. São circunstâncias agravantes ao biomédico ter ciência do ato indisciplinar ou coagir alguém a agir contra os princípios éticos. Ao ser identificada a intenção de causar dolo, o biomédico assume responsabilidade nas consequências de seus atos, determinando-se a infração como gravíssima. Também será considerada agravante se a ação for reincidente, independentemente se, na primeira situação, tenha sido considerada leve (CFBM, 2020). Ainda em consonância com o Conselho Federal de Medicina (2020), em conformidade com o disposto na Lei Federal nº 6.684/1979, regulamentada pelo Decreto Federal nº 88.439/1983, as infrações, sem prejuízo das sanções de natureza civil ou penal cabíveis, serão punidas, alternativa ou cumulativamente, com as penalidades descritas a seguir. Pesquise, em meios eletrônicos e redes sociais, reportagens que envolvam biomédicos e suas atuações consideradas antiéticas. Analise a reportagem e identifique em qual momento o profissional não agiu de acordo com o código de ética da profissão. VAMOS PRATICAR? Figura 4 - Penalidades disciplinares aplicadas pelo CRBM Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na figura, estão listadas as possíveis penalidades aplicadas pelo CRBM em caso de infrações disciplinares. Começa da mais leve, como advertência, para as penalidades mais graves, como cancelamento do registro profissional. A maioria das infrações é penalizada com o pagamento de multas em até 10 anuidades (CFBM, 2020), salvo algumas exceções, que são penalizadas apenas com as advertências descritas a seguir. Tabela 2 - Infrações disciplinares com aplicação de advertência Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na tabela, são apresentadas as situações em que são aplicadas advertências. Apenas no primeiro item há aplicação somente de advertência; nos demais itens, a advertência é associada à aplicação e multa. A suspensão pode ser aplicada em mais situações, geralmente, em substituição à multa e por períodos diferentes. Basicamente, em casos em que o profissional aja conscientemente buscando o dolo direto a outra pessoa. De maneira indireta, temos como exemplo não atender convocação feita pelo órgão profissional, exceto por motivo de força maior, comprovadamente justificado e realizar propaganda, anúncio ou publicidade em desacordo com o código de ética (CFBM, 2020). Tabela 3 - Infrações disciplinares com aplicação do cancelamento de registro profissional Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer A tabela indica as situações em que pode ser aplicado o cancelamento de registro no CRBM, consequentemente, impossibilitando o profissional de exercer atividades como biomédico definitivamente. Todo código de ética profissional é pautado na teoria principialista, buscando respeitar a dignidade humana (FAINTUCH, 2021, p. 19). Nesse sentindo, não é difícil agir em acordo com os itens desse código, basta ter bom senso e iniciar a leitura com uma visão mais centrada na atuação biomédica, nas situações em que o biomédico poderá vivenciar no seu dia a dia e buscar constantemente honrar a profissão. (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SEUS CONHECIMENTOS “O Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) instituiu, por meio Resolução nº 330, de 5 de novembro de 2020, o novo Código de Ética do profissional biomédico. O texto revoga o Código de Ética anterior, aprovado pela Resolução do CFBM nº 198/2011, de 21 de fevereiro de 2011” (CFBM, 2020). Fonte: CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA. Resolução n. 330, de 5 de novembro de 2020. Regulamenta o novo Código de Ética do Profissional Biomédico. Disponível em: https://cfbm.gov.br/cfbm-publica-novo-codigo-de-etica-do- profissional-biomedico/. Acesso em: 23 maio 2021. Analisando o trecho lido em consonância com o que dispõe o código de ética em Biomedicina, conforme estudado até o momento, assinale a opção correta. a) O biomédico é autorizado a divulgar fotos de procedimentos realizando a comparação de antes e depois. b) O biomédico poderá divulgar dados de procedimentos dos pacientes, sem qualquer tipo de autorização. c) O biomédico poderá se eximir de qualquer responsabilidade ética caso não tenha ação direta com infração disciplinar. d) Não caracteriza infração disciplinar a ausência de pagamentos de emolumentos ao CRBM. e) Ser reincidente não influencia na classificação da infração e penalidades aplicadas. VERIFICAR A clonagem humana é uma consequência do avanço da ciência e dos métodos tecnológicos, os quais possibilitaram a reprodução artificial de vegetais, animais e de seres humanos. Consiste em um método reprodutivo com o objetivo de perpetuar a espécie pela reprodução assexuada, ou seja, sem a união de material genético, gerando um ser idêntico ao que forneceu o material genético (COSTA, 2020). Ainda de acordo com Costa (2020), a clonagem no reino animal, em meados de 1930, ocorreu a partir de uma cisão gemelar artificial. Já a clonagem humana ocorreu 63 anos depois (em 1993), com os cientistas Jerry Hall e Robert Stilmann, da Universidade George Washington. Esses experimentos preliminares foram realizados sem o consenso da CEP competente, o que gerou debate ético na época sobre o tema. Em 1990, teve início o ProjetoGenoma Humano, concluído em 2003, o qual contribuiu com a biogenética ao sequenciar, localizar e catalogar todos os genes humanos. Esse projeto tornou possíveis situações que antes pareciam inalcançáveis, como a clonagem (PESSANHA; LOUVEM; RANGEL, 2019). Mais tarde, em 27 de fevereiro de 1997, após anos de tentativas malsucedidas de clonagem em animais, os cientistas escoceses Jan Vilmut e K. H. S Campbell criaram o primeiro animal mamífero que chegou à fase adulta, sendo fruto da clonagem assexuada em ovelhas. A chamada ovelha Dolly foi um feito que repercutiu mundialmente. 3.3 Aspectos éticos sobre clonagem (reprodutiva e terapêutica) (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SUAS HABILIDADES Figura 5 - Ovelha Dolly embalsamada exibida no museu Real da Escócia, em Edimburgo Fonte: Jordan Grinnell, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Imagem da ovelha Dolly embalsada, dentro de uma caixa de vidro, em exposição no museu Real da Escócia, em Edimburgo, capital escocesa. Algum tempo depois, descobriu-se que Dolly sofria de um envelhecimento precoce em razão de ter sido clonada de um animal já adulto (células mamárias), fazendo com que as dúvidas acerca do assunto voltassem ainda mais intensas. Dolly passou pelo processo de eutanásia em fevereiro de 2003, aos 7 anos, para evitar uma morte dolorosa por infecção pulmonar irreversível (COSTA, 2020). Figura 6 - Tipos de clonagem Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na figura, é apresentado um organograma que correlaciona os tipos de clonagens animal e humana, além de apresentar os métodos possivelmente empregados, no caso, terapêutico e reprodutivo. A palavra “clonagem” é derivada do grego “klón” e designa a biotecnologia de reprodução assexuada que pode ser utilizada em genes, células, tecidos, órgãos e seres vivos, caracterizando uma réplica, de genes ou de células, por meio de manipulação gênica (COSTA, 2020). A clonagem humana se divide em duas espécies: reprodutiva e terapêutica. A clonagem reprodutiva consiste na reprodução sem o envolvimento do óvulo com o espermatozoide. É feita pela técnica de transferência nuclear, em que uma célula adulta é fundida em um óvulo sem núcleo. Dessa forma, o embrião apresenta o conteúdo genético do indivíduo doador da célula inicial. O embrião tem seu desenvolvimento iniciado em laboratório até o estágio de blastocisto, momento em que é introduzido no útero receptor, no qual será desenvolvido até o nascimento (COSTA, 2020). Pessanha, Louvem e Rangel (2019) mencionam que o método reprodutivo de clonagem humana é amplamente rejeitado, haja vista que a doutrina jurídica concorda com a criminalização de suas técnicas em virtude de alguns riscos 3.3.1 Clonagem reprodutiva inerentes quanto à sua utilização. Por exemplo, são levantadas algumas questões. Todo indivíduo possui dados genéticos próprios que caracterizam sua individualidade e personalidade. Nesse contexto, o processo da clonagem humana, dentre outros riscos, pode destruir a identidade genética do ser humano, no sentido de receber um material genético intacto, levando à despersonalização do indivíduo (PESSANHA; LOUVEM; RANGEL, 2019). A clonagem terapêutica, também chamada de geneterapia, difere-se após o estágio de blastocisto, quando, em vez de se introduzir o embrião em um útero receptor (clonagem reprodutiva), esta continua em laboratório para a retenção de materiais genéticos (COSTA, 2020). A vantagem da clonagem terapêutica é a utilização das células pluripotentes, pois tais células podem reproduzir todas as células do corpo humano, as quais podem ser usadas para o tratamento de diversas doenças, fazendo-se a substituição das células danificas pelas criadas em laboratório e que são saudáveis. Outra vantagem é a baixa possibilidade de rejeição da célula doada, já que o doador é o próprio receptor. Ameaça de destruição ao direito à identidade genética. Eugenia positiva. Comprometimento das futuras gerações da espécie humana. Comprometimento da “identidade genética” do indivíduo clonado. 3.3.2 Clonagem terapêutica é É fundamental entender que nem tudo o que é desenvolvido pela ciência é admissível no campo da ética. Dessa forma, o grande desafio da Bioética consiste na conciliação do saber científico com o saber humanista, atendendo os anseios da sociedade (PESSANHA; LOUVEM; RANGEL, 2019). Figura 7 - Possíveis clones realizando diferentes atividades Fonte: LightField Studios, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Imagem com quatro pessoas iguais, clones, desempenhando diferentes atividades. Da esquerda para a direita, há um homem falando ao celular; em seguida, um homem nervoso ao ver algo no tablet; um terceiro usando fones nos ouvidos e, por último, um homem usando um notebook. Na análise das clonagens terapêuticas e reprodutivas, destaca-se que esta última implica maior preocupação, do ponto de vista ético, pois qualquer desvio pode gerar consequências imprevisíveis e catastróficas. Tais desvios são reprováveis devido aos limites que ultrapassam, desrespeitando princípios relativos à pessoa humana (GOZZO; LIGIERA, 2012, p. 36). Por isso, no Brasil, a Lei nº 11.105/2005 claramente proíbe a clonagem reprodutiva, no caso, a manipulação genética em células germinais humanas e totipotentes (BRASIL, 2005). 3.3.3 Reflexão bioética na clonagem Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. Células que são capazes de se diferenciar em todos os 216 tecidos. As células-tronco são indiferenciadas e não especializadas, o que significa que podem se propagar por grandes períodos e se manter indiferenciadas. Dessa forma, um pequeno número de células dá origem a várias outras semelhantes e pode gerar células características de determinado tecido (EITELVEN et al., 2017). 3.4 Aspectos éticos sobre a utilização das células-tronco Analise as questões bioéticas levantadas neste tópico e, de acordo com os conhecimentos adquiridos nas unidades anteriores, aponte quais são as justificativas, de acordo com a teoria principialista, que inviabilizam a autorização de clonagens humanas reprodutivas. VAMOS PRATICAR? Figura 8 - Tipos de células-tronco e suas características Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na imagem, estão listadas, em três colunas, as características referentes a cada tipo de células- tronco. As células totipotentes, à esquerda; ao centro, as células-tronco pluripotentes e, à direita, as células-tronco multipotentes. Eitelven et al. (2017) dispõem que o princípio da utilização da terapia com células-tronco consiste em restabelecer as funcionalidades de um órgão ou tecido, transplantando células novas para substituir as que foram acometidas por doenças ou que, como consequência de um problema genético, não funcionam adequadamente. Figura 9 - Diferentes origens para a coleta de células-tronco Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na imagem, estão listadas as diferentes origens para a coleta de células-tronco, de cima para baixo, classificadas em adultas, de medula óssea, de cordão umbilical, embrionárias, de origem dental e de tecido adiposo. Em seu desenvolvimento, esse processo é feito pela introdução de células indiferenciadas na circulação ou no local afetado. Trata-se de um método conveniente, pois o transplante de órgãos e tecidos, utilizado atualmente para substituir órgãos afetados, não atende à demanda necessária (EITELVEN et al., 2017). As pesquisascom as células-tronco embrionárias surgiram no início da década de 1980, nos EUA. Naquele momento, porém, obstáculos éticos e legais vinculados ao uso de embriões criados para fins de reprodução assistida limitaram os avanços desse campo (ZORZANELLI et al., 2017). Zorzanelli et al. (2017) ainda mencionam alguns aspectos que limitam os estudos com células-tronco. Dificuldade de obtenção de células embrionárias, por questões éticas e legais, uma vez que são isoladas de embriões que seriam descartados por clínicas de fertilização in vitro. Riscos de rejeição após transplantes, pois, ainda que essas células-tronco sejam geradas a partir de tecidos da própria pessoa, há a possibilidade rejeição. Possibilidade de essas células se proliferarem desordenadamente no paciente, levando à formação de um tumor. a) b) c) Em 2012, o prêmio Nobel de Medicina foi concedido ao cientista japonês Shinya Yamanaka (pesquisador responsável) e ao britânico John Gurden. Esses cientistas foram os primeiros pesquisadores a obter células-tronco pluripotentes sem uso de embriões com a reprogramação de células extraídas da pele de camundongos, inserindo fatores associados à pluripotencialidade, de modo a originar as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas (VEJA, 2016). Acesse (https://veja.abril.com.br/ciencia/britanico-e-japones-ganham- nobel-de-medicina-por-pesquisas-com-celulas-tronco/) VOCÊ O CONHECE? https://veja.abril.com.br/ciencia/britanico-e-japones-ganham-nobel-de-medicina-por-pesquisas-com-celulas-tronco/ Nesse contexto, a Lei de Biossegurança autorizou, para fins de pesquisa, o uso de células-tronco obtidas de embriões humanos (BRASIL, 2005). A decisão foi contestada naquele ano, com abertura de processo judicial. Mais tarde, em 2008, o Supremo Tribunal Federal aprovou a continuidade das pesquisas, restritas à utilização de embriões congelados há três anos, que seriam descartados por clínicas de fertilização in vitro (ZORZANELLI et al., 2017). A produção de novos materiais demanda regulações urgentes, bem como a definição de parâmetros éticos em relação à ausência de consenso internacional sobre o tema. Além disso, há que se discutir a dimensão econômica e social, vinculada ao princípio de universalidade do SUS, consoante os custos para a realização dos ensaios clínicos atuais, principalmente com células personalizadas (ZORZANELLI et al., 2017). Ainda de acordo com Zorzanelli et al. (2017), em 2012, foi criada a Câmara Técnica de Terapias Celulares, sob a Portaria nº 1.700, do mesmo ano, integrada por representantes do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, dos conselhos federais de medicina e de odontologia, além de duas associações de pacientes visando à uniformização de práticas, informações e regulações. Essa formulação seguiu o modelo da União Europeia. O documentário “Células-tronco: A chave da regeneração” mostra o desenvolvimento das pesquisas realizadas no Brasil contando histórias como a de Ítalo, que sofre de uma doença neuromuscular de origem genética. Saiba como as pesquisas com cobaias animais no Brasil trazem esperanças para portadores de doenças degenerativas. Acesse (https://youtu.be/ZkH8UbilcN8) VOCÊ QUER VER? https://youtu.be/ZkH8UbilcN8 O transplante de órgãos tem se transformado de experimento em opção terapêutica capaz de prolongar a vida de pacientes terminais. Sobre esse assunto, uma questão que gera divergências é a relativa às estratégias para o aumento da captação de órgãos. Isso porque nenhum processo pode ser considerado se, durante seu transcorrer, não se primou por manter atitudes éticas (SILVEIRA et al., 2009). Ainda conforme Silveira et al. (2009), para que a doação seja cogitada, é necessário que se estabeleça a situação de morte. Nos anos 1960, a parada cardíaca era necessária para atestar a morte e se permitir a subsequente 3.5 Aspectos éticos acerca da utilização do transplante de órgãos e tecido Neste momento, algumas áreas já utilizam as células-tronco em pesquisas consideradas como básicas, pré-clínicas e clínicas. Realize uma pesquisa nos meios de informações digitais à procura de reportagens que abordem o tema e procure possíveis entraves éticos nessas pesquisas. Divulgue os resultados aos seus colegas no fórum da disciplina. VAMOS PRATICAR? obtenção de órgãos. Essa limitação obstava as oportunidades do sucesso dos transplantes porque os órgãos precisavam ser rapidamente coletados e transplantados. Com o desenvolvimento no campo dos transplantes de órgãos, a comunidade médica passou a demandar uma definição confiável de morte para que os tecidos do cadáver pudessem ser doados de forma ética, antes do início da deterioração (em até seis horas), o que acompanha a interrupção da circulação e respiração (SILVEIRA et al., 2009). Assim, em 1968, de acordo com Silveira et al. (2009), um comitê ad hoc da Escola de Medicina de Harvard estabeleceu itens para a determinação de morte. Esse informe do comitê se caracterizou como um marco no desenvolvimento dos critérios de morte encefálica, substituindo a causa morte cardiorrespiratória. Assim, suas exigências passaram a ser: Tal informe também especificou duas condições nas quais o diagnóstico de morte encefálica deve ser excluído: a) Identificar o momento da morte em pacientes com suporte mecânico para realocar recursos dispendiosos aos vivos, assim como informar aos familiares se os pacientes estavam vivos ou realmente mortos. b) Identificar pessoas mortas de quem órgãos vitais podiam ser obtidos de maneira ética para transplantes. ausência de responsividade cerebral; ausência de movimentos induzidos ou espontâneos; ausência de respiração espontânea, exigindo o uso de ventilador; ausência de reflexos do tronco encefálico e tendinosos profundos (SILVEIRA et al., 2009). em casos de hipotermia; Ambas capazes de simular o estado de morte encefálica (SILVEIRA et al., 2009). No Brasil, o Conselho Federal de Medicina, por meio da Resolução nº 1.480, de 1997, adotou critérios e princípios para o diagnóstico de morte encefálica, conforme o conceito estabelecido pela Comunidade Científica Mundial, atualizado pela Resolução CFM nº 2.173/2017 (CFM, 2017). Assim, o diagnóstico de morte encefálica é baseado em dados obtidos por intermédio de anamnese, exame físico e exames laboratoriais. Quadro 2 - Critérios para determinar morte encefálica Fonte: Elaborado pela autora, 2021. #PraCegoVer Na imagem, são descritos, em blocos azuis, os critérios que devem ser analisados e estarem presentes para determinar a morte encefálica. Abaixo de cada critério constam as explicações das análises. Após a morte encefálica determinada, cabe aos profissionais de saúde contatar os familiares (ou responsável) pelo cadáver no sentido de verificar se há possibilidade de doação de órgãos, tecidos e células, explicando todo o processo e assegurando que a decisão seja consciente. Ao fim, esses profissionais deverão perguntar se está autorizada a utilização dos órgãos viáveis (BRASIL, 2017b). em casos de intoxicação por drogas. Caso o responsável legal concorde com a doação, deverá assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esse documento é semelhante ao apresentando em projeto de pesquisa com as correções necessárias para as doações (BRASIL, 2017b). O mesmo ocorre em doadores vivos, porém, as informações são passadas diretamente ao doador. Resguardando seu direito de privacidade dos dados, no Brasil, somente se o doador vivo autorizar poderá ser identificada sua identidade. As doações somente serão possíveis se garantirem que o doador poderá seguir vivo sem qualquer risco das funções vitais (BRASIL, 2017b). Em ambas as situações são necessárias testemunhas da parte do doador e informação de que o receptor corre risco de morte caso não receba a doação. Popularmente conhecidos como transgênicos, os organismos geneticamentemodificados (OGMs) são organismos que sofreram alteração no seu material genético a partir da técnica DNA/RNA recombinante. Essa técnica permite que ocorra a transferência de material genético de uma espécie para outra, sucedendo uma troca de informação genética que permite a expressão das mais variadas características (MELGAREJO; FERRAZ; FERNANDES, 2013). 3.6 Aspectos éticos acerca da utilização de transgênicos Um único doador que teve morte encefálica constatada pode ajudar até dez pessoas que estejam na fila de espera do transplante. É possível doar órgãos e tecidos. A posição na lista de espera é definida a partir de critérios como urgência do procedimento e tempo de espera. VOCÊ SABIA? Ainda de acordo com Melgarejo, Ferraz e Fernandes (2013), os métodos biotecnológicos que envolvem OGMs despertam medo na sociedade, uma vez que não há comprovação científica sobre as consequências que a utilização desses organismos pode causar, sendo desconhecidos os riscos e efeitos colaterais que a utilização dessa técnica pode ou não provocar, trazendo incertezas ligadas a possíveis riscos à saúde humana e animal, aos alimentos e também ao meio ambiente. Em termos de direito brasileiro, a Lei nº 11.105/2005 estabelece algumas competências quanto às normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam OGMs e seus derivados. Entre os principais órgãos envolvidos estão o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e um conjunto de Órgãos e Entidades de Registro e Fiscalização (OERF). De acordo com os princípios básicos da bioética, são levantados sérios problemas éticos quanto ao uso de OGMs, já que não há garantia de que não causarão, no futuro, algum problema ao ecossistema ou a quem os consome Guia para Regulamentação de Organismos Geneticamente Modi�cados Autores: Maria José Vilaça de Vasconcelos e Andrea Almeida Carneiro Ano: 2015 Editora: Embrapa Comentário: A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi criada em 26 de abril de 1973 e é vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Publicou, em 2015, o “Guia para regulamentação de organismos geneticamente modificados”. Leia o material e entenda mais sobre esses alimentos. Acesse (https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/146591/1/doc- 179.pdf) VOCÊ QUER LER? https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/146591/1/doc-179.pdf (BRASIL, 2005). Nesse sentido, é necessária a revisão das normas vigentes no Brasil e imposição de que somente poderão ser liberados OGMs que tenham passado por rigorosas análises e sejam comprovados por métodos científicos. A Reprodução Humana Assistida (RHA), também chamada fertilização in vitro, consiste em um grupo de tecnologias avançadas e manipuladas com o intuito da procriação dos humanos. Os vários procedimentos atuais visam à melhoria dos métodos para que a infertilidade e as doenças genéticas sejam tratadas (SILVA; SANTANA; SANTOS, 2019). A partir daí, questionamentos em relação à ética e moral tornaram-se mais frequentes. Devido às intervenções médicas na reprodução humana, conflitos surgiram e, com eles, questionamentos sobre a moral e a ética dos procedimentos realizados (SILVA; SANTANA; SANTOS, 2019). 3.7 Aspectos éticos acerca da utilização da fertilização in vitro Ainda hoje, a legislação em processo de RHA é bastante escassa. Todavia, ainda que timidamente, procura-se alertar o público para a importância da matéria no que diz respeito ao futuro da família e da sociedade, por meio de debates, artigos, livros, e assim por diante. O CFM publica documentos relacionados à bioética e à ética trazendo um aperfeiçoamento ao manuseio com as suas resoluções nº 1.358/92; nº 1.957/2010; nº 2.013/2013; nº 2.121/2015 e nº 2.168/2017, sendo esta última a mais recente (BRASIL, 2017a). Considere que você é o biomédico responsável por uma clínica de fertilização in vitro. Há um ano um, casal o procurou para iniciar um tratamento de reprodução humana. Após diversos exames, chegou o momento da fertilização dos óvulos. Você é questionado pelo casal se será possível escolher o sexo e cor dos olhos do bebê. Analisando os resultados de exames anteriores e agindo com ética, identifica que há o possível envolvimento de doença genética ligada ao sexo em relação aos embriões. Qual a conduta a ser tomada ante o questionamento desse casal? O casal deverá ser informado sobre a possível doença genética ligada ao sexo e que esse fato possibilita a escolha do sexo dos embriões, selecionando aquele que não apresenta a alteração genética. A escolha da cor dos olhos, porém, não é aceita eticamente, pois não influencia na saúde do feto gerado. ESTUDO DE CASO Quadro 3 - Pontos específicos abordados pela Resolução CFM nº 2.168/2017 Fonte: Elaborado pela autora, 2021. #PraCegoVer No quadro, estão descritos os itens considerados pontos críticos na bioética da reprodução humana assistida. Na sequência de cada item, há a descrição de cada ponto. A Resolução CFM nº 2.168/2017, juntamente ao conhecimento do Tribunal Federal, entende como entidade familiar a união estável homoafetiva. Reconhece que a infertilidade é um problema de saúde e deve ser tratada. Além dessas considerações, também relata os avanços científicos na resolução de problemas de fertilidade. Dessa forma, a harmonização do uso dessas técnicas deve seguir os princípios da ética médica (BRASIL, 2017a). (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SEUS CONHECIMENTOS A fertilização in vitro, ou reprodução humana assistida, é uma técnica de reprodução medicamente assistida que consiste na união do espermatozoide com o ovócito em ambiente laboratorial. Nessa técnica, há a possibilidade de seleção de embriões, desde que seja aceita de acordo com os princípios bioéticos. Nesse momento, são poucas as ressalvas éticas aplicadas a esse procedimento, devendo haver mais estudos nessa área. De acordo com a lei vigente acerca da reprodução humana assistida, assinale a opção correta. a) O anonimato do doador de gametas é sempre garantido. b) Casais sempre poderão escolher o sexo do feto, independentemente da circunstância. c) No Brasil, é proibida a criopreservação. d) Não é autorizado o uso de embriões de progenitores falecidos. e) A prática de “barriga de aluguel” pode ser remunerada. VERIFICAR CONCLUSÃO Nesta unidade, você aprendeu a diferença entre os conselhos regionais e federal de Biomedicina. Aplicou seus conhecimentos de Bioética no código de ética do profissional biomédico. Na sequência, conheceu os itens éticos que são utilizados nas práticas de transplante de órgãos e de uso de células- tronco. Aprofundou seus conhecimentos em transgênicos e aprendeu quais pontos são importantes, do ponto de vista ético, sobre a reprodução humana assistida, também chamada fertilização in vitro. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: aprender a diferença entre os conselhos regionais e federal de biomedicina; analisar os pontos éticos sobre cada tema abordado; compreender o código de ética do profissional biomédico; estabelecer diferenças entre as legislações brasileiras que regulamentam os itens abordados; conceituar clonagem, células-tronco, transplante de órgão de tecidos, transgênicos e fertilização in vitro. Clique para baixar conteúdo deste tema. BRASIL. Lei nº 6.684, de 3 de setembro de 1979. Regulamenta as profissões de Biólogo e de Biomédico, cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Biologia e Biomedicina, e dá outras providências. Referências Brasília: DOU, 1979. BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança– CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º , 7º , 8º , 9º , 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Brasília: DOU, 2005. BRASIL. Decreto nº 9.175, de 18 de outubro de 2017. Regulamenta a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, para tratar da disposição de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. Brasília: DOU, 2017a. BRASIL. Resolução nº 2.168, de 21 de setembro de 2017. Adota as normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida – sempre em defesa do aperfeiçoamento das práticas e da observância aos princípios éticos e bioéticos que ajudam a trazer maior segurança e eficácia a tratamentos e procedimentos médicos -, tornando-se o dispositivo deontológico a ser seguido pelos médicos brasileiros e revogando a Resolução CFM nº 2.121, publicada no D.O.U. de 24de setembro de 2015, Seção I, p. 117. Brasília: DOU, 2017v. CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA (CFBM). Resolução nº 330, de 5 de novembro de 2020. Regulamenta o novo Código de Ética do Profissional Biomédico. Disponível em: https://cfbm.gov.br/cfbm-publica- novo-codigo-de-etica-do-profissional-biomedico/. Acesso em: 23 maio 2021. CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA (CFBM). Resolução nº 2.173, de 15 de dezembro de 2017. Define os critérios do diagnóstico de morte encefálica. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2017/217 3. Acesso em: 23 maio 2021. COSTA, J. C. A clonagem humana: aspectos conceituais, éticos e jurídicos. Direito & Realidade, Monte Carmelo, v. 8, n. 11, 2020. Disponível em: http://fucamp.edu.br/editora/index.php/direito- realidade/article/view/2230/1382. Acesso em: 23 maio 2021. EITELVEN, T. et al. Aplicações biológicas de células-tronco: benefícios e restrições. Revista Interdisciplinar de Ciência Aplicada, Caxias do Sul, v. 2, n. 3, p. 16-25, 2017. Disponível em: http://ucs.br/etc/revistas/index.php/ricaucs/article/view/5134. Acesso em: 23 maio 2021. FAINTUCH, J. Ética em pesquisa: em medicina, ciências humanas e da saúde. Barueri: Manole, 2021. GOZZO, D.; LIGIERA, W. R. Bioética e direitos fundamentais. Rio de Janeiro: Saraiva, 2012. MELGAREJO, L.; FERRAZ, J. 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