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12._APOSTILA_MEDIACAO_DE_CONFLITO___MOD_II___CFSD_2021_POS_EDICAO_NOV

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CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 1 
 
 
 
 CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS PMBA 
 
Apostila de Prevenção, Mediação e Resolução de Conflitos 
 Módulo II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Salvador / Bahia - Brasil, 26 de Novembro de 2021 
 
 
• Polícia Militar da Bahia - PMBA
• Centro de Formação e Aperfeiçoamento 
de Praças - CFAP
• Divisão de Ensino
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 2 
 
 
 
Direitos desta edição reservados ao 
 
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS - CFAP © 
ESTABELECIMENTO CEL PM JOSÉ IZIDRO DE SOUZA NETO 
 
Criado em 06/03/1922, com missão de formar exclusivamente Graduados instituída 
através de publicação do Estado da BAHIA, Lei nº 20.508 de 19/12/1967. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direção do CFAP 
 
Diretor - Cel PM Alfredo José Souza Nascimento 
Diretor Adjunto e Revisor - Ten Cel PM Lucas Miguez Palma 
 
Equipe Pedagógica 
 
Coordenador de Cursos: Maj PM Jailton Carvalho de Santana 
Chefe da Divisão de Ensino: Maj PM Helena Carolina Jones da Cunha 
Coordenadora dos Batalhões-Escola: Maj PM Karina Silva Seixas 
Instrutor–Chefe : 1º Ten PM Dival Lima Neves 
Edição e Revisão : Subten PM Karina da Hora Farias 
 
Créditos de Autoria e Atualização 
 
Apostila Elaborada pelas Cap PM Carla Sousa de Oliveira e Cap PM Najara 
Santos de Oliveira. Colaboradoras Departamento de Policiamento Comunitário 
e Direitos Humanos. 
 
VENDA PROIBIDA. A reprodução e divulgação do material é permitida mediante citação da 
fonte;nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo 
transmitida por meios eletrônicos ou gravações, para fins não educacionais, comerciais ou ilícitos. 
Os infratores serão punidos com base na Lei nº 9.610/98 
 
 
 Impresso no Brasil / Printed in Brazil 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 3 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
BLOCO 01 - ENTENDENDO O CONFLITO: CONCEITOS E ASPECTOS GERAIS ......... 4 
1.1 - O que é o conflito? .................................................................................................................... 5 
1.2 - Diferenciando conflito e violência ........................................................................................... 5 
1.3 - Formas de lidar com o conflito................................................................................................. 7 
1.4 - Transformando conflitos em oportunidades ......................................................................... 8 
1.5 - A mediação de conflitos como uma ferramenta de policiamento ....................................... 11 
 
BLOCO 02 - PROCESSOS DE RESOLUÇÃO PACÍFICA DE CONFLITOS ......................... 13 
2.1 - Formas alternativas para resolução de conflito .................................................................... 14 
2.2 - Principais características da mediação de conflitos (facilitar a comunicação e a busca do 
acordo) ................................................................................................................................................. 17 
2.3 - Objetivos da mediação de conflitos ......................................................................................... 19 
2. 4 - O papel do mediador de conflitos .......................................................................................... 20 
2.5 - A ação do policial militar enquanto um mediador de conflitos .......................................... 20 
2.6 -A mediação de conflitos e o gerenciamento de crises ............................................................ 24 
 
BLOCO 03 - MODELOS DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS ................................................... 25 
3.1 - Mediação Tradicional ................................................................................................................ 26 
3.2 - Mediação Comunitária e Círculos Restaurativos .................................................................. 28 
3.2.1 - Mediação Comunitária ........................................................................................................... 29 
3.2.2 - Círculos Restaurativos ............................................................................................................ 31 
3.3 - Mediação Escolar ....................................................................................................................... 34 
 
BLOCO 04 - PROCEDIMENTOS PARA INTERVENÇÃO POLICIAL MILITAR NO 
RESULTADO DE CONFLITOS MAL MANEJADOS. .............................................................. 36 
4.1 - Quando o conflito resulta no cometimento de ilícito penal ................................................. 37 
4.2 - Uso progressivo e legítimo da força como última racionalidade ........................................ 37 
4.3 - Relacionamento e interação com a mídia ......................................................................... 39 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR ................................................................................................... 42 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 4 
 
 
 
 
BLOCO 01 - ENTENDENDO O CONFLITO: 
CONCEITOS E ASPECTOS GERAIS 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO BLOCO 
 
 
Este Bloco inicia a reflexão sobre a temática da disciplina, reconhecendo o 
conflito como um componente natural inerente às relações humanas. Nele você será 
apresentado aos principais conceitos e distinções sobre o tema, e também vai 
aprender quais são as diferentes formas de lidar com conflitos cotidianos. Vamos lá? 
 
OBJETIVOS DO BLOCO 
 
 
Ao final deste Bloco você será capaz de: 
 
 
● Entender o que é o conflito; 
● Distinguir o conflito da violência; 
● Entender o cenário do conflito, a emotividade e percepção das situações de 
conflitos; 
● Reconhecer as diferentes formas normalmente utilizadas pelas pessoas para 
lidar com o conflito; 
● Compreender como os conflitos interpessoais e comunitários se relacionam 
com a segurança pública; 
● Entender porque a mediação de conflitos é uma alternativa viável para a 
prevenção da violência. 
 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 5 
 
 
 
1. ENTENDENDO O CONFLITO: CONCEITOS E ASPECTOS GERAIS 
 
1.1 O que é o Conflito? 
 
A compreensão da realidade está diretamente implicada nas vivências e 
experiências de cada indivíduo no mundo. Assim, movidas por seus interesses e 
motivações, as pessoas podem divergir sobre suas ideias e formas de percepção sobre 
determinado fato na reprodução da vida cotidiana. 
A naturalização do conflito consiste em reconhecê-lo como produto normal 
das relações interpessoais e interação social das pessoas, sendo a expressão da 
própria diversidade humana. 
Conforme apresentado por Vasconcelos (2008, pág. 19), temos o conceito 
seguinte: “Conflito é dissenso […] É fenômeno inerente às relações humanas. É fruto 
de percepções e posições divergentes quanto a fatos e condutas que envolvem 
expectativas, valores ou interesses comuns”. 
Cappi (2009, pág. 28) evidencia que “O conflito é inerente ao ser humano […] O 
conflito é ligado à diversidade, logo à possibilidade de escolha: havendo duas opções 
diferentes, uma será provavelmente incompatível com a outra, gerando-se assim um 
conflito”. 
O conflito pode ser conceituado também como a divergência ou desacordo em 
razão da contraposição de interesses, ideias ou necessidades distintas entre as 
pessoas sobre um determinado assunto ou objeto. 
Ele vai se materializando à medida que os participantesvão externando seus 
pensamentos e tomando decisões a respeito do assunto em debate, evidenciando a 
dificuldade na escolha de uma alternativa que contemple as expectativas das partes. 
 
 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 6 
 
 
 
1.2 Conflito e Violência 
 
É fundamental destacar que, por vezes, o conflito é confundido com expressões 
de violência verbal ou física. Isso poderá ser um produto de uma situação em que o 
conflito foi mal manejado. Porém, o conflito antecede a fase de qualquer 
materialização violenta; está localizado na fase das ideias, quando as pessoas 
divergem sobre o entendimento de determinado tema ou ponto de vista sobre um 
assunto de interesse comum. 
A compreensão sobre a naturalidade da divergência de ideias, o exercício da 
tolerância e respeito entre as partes são elementos importantes para o tratamento 
adequado do conflito, evitando que ele ultrapasse a barreira em que, efetivamente, 
venha a ocasionar o comportamento violento ou a prática de um delito. 
Segundo Cappi (2009), violência é quando não há lugar para o outro. Sendo 
assim, é uma opressão que retira a capacidade do outro de se mostrar e de existir, 
como ser que pensa, que decide e que sente. 
É uma ação que avança sobre o direito do outro, sua condição de existência ou 
expressão da sua subjetividade. É desse entendimento que decorrem as tipificações e 
categorizações da violência. 
Por ser multifacetada, a violência se apresenta de várias formas, inclusive 
algumas nem sempre perceptíveis a olhos desatentos, sendo as principais delas: 
violência estrutural, institucional e interpessoal. 
Para fins desta disciplina nos interessa entender a violência interpessoal para 
diferenciá-la do conflito e assim podermos discernir em como agir nessas diferentes 
situações, entendendo que não há de se mediar casos de violência. 
A violência interpessoal é aquela cometida por uma ou mais pessoas, tendo 
por foco atingir outra pessoa, podendo ser de natureza física (agressões, estupros e 
roubo) ou não física (bullying e o assédio). 
É o tipo mais visível, sendo também a que mais tem nos deixado assustados 
no cotidiano, pois dela derivam desde as agressões mais leves até estágios mais 
aviltantes, em que são, geralmente, tipificadas como crimes. 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 7 
 
 
 
1.3 Formas de lidar com o conflito 
 
Conforme demonstrado por Schmitd e Tannenbaum (1972) citados por SENASP 
(2012), líderes e membros de grupos organizacionais podem abordar o conflito por 
meio de quatro caminhos, a saber: 
● Evitando o conflito - A atitude de evitar o conflito, conduz à composição de 
grupos aparentemente mais homogêneos em razão de valores, processos de 
trabalho e metas das pessoas. Apesar de parecer algo bom, essa tentativa de 
evitar o conflito, acaba na verdade o camuflando, porque não há como evitar 
que as pessoas discordem uma da outra, por mais que elas tenham visões 
próximas sobre a realidade. O “abafamento do conflito” traz por efeito rebote 
o risco de bloqueio ou eliminação do processo criativo do grupo. Além disso, 
as pessoas podem ter receio de manifestar uma opinião contrária por medo de 
sofrer censura dentro do grupo. 
● Reprimindo o conflito - formação de um ambiente que estipula penalidades e 
recompensas para que os conflitos não sejam expostos. Apesar de não ocupar 
o tempo produtivo com a administração dos conflitos, esse pseudo ganho 
poderá desencadear consequências diversas e imprevisíveis, uma vez que 
pressões acumuladas e o estado psicológico estabelecido pelas emoções 
reprimidas podem culminar na explosão do conflito de forma inadequada em 
algum momento. 
● Aguçando as divergências em conflito - Neste caminho, diferente das formas 
apresentadas anteriormente, o conflito deixa de ser considerado algo ruim e 
passa a ser visto como algo natural, que não é bom ou ruim por si só e que 
pode até trazer ganhos para a organização. Ao naturalizar o conflito, o líder 
aceita as divergências da equipe e abre espaço na agenda do grupo para tratá-
las abertamente. A ideia aqui é abrir espaço para que as pessoas consigam 
expor a sua opinião e defendê-la. Nesse sentido, quem tiver o melhor 
argumento tem a sua ideia recepcionada pelo grupo para ser aplicada. Há de 
se ter cuidado com o aguçar do conflito porque ele pode criar um clima de 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 8 
 
 
 
disputa no ambiente, onde as pessoas começam a agir para ganhar destaque 
pessoal e serem consideradas melhores, esquecendo da importância de pensar 
coletivamente. Sendo assim, trabalhar aguçando o conflito vai exigir um 
preparo maior do líder na condução do momento pós resolução do conflito 
para reforço ou restauração das relações interpessoais que tenham sido 
abaladas pelo tensionamento das divergências. 
● Transformando as diferenças em resolução de problemas - aqui as 
divergências também são recepcionadas como positivas, só que nesse caso elas 
estimulam o processo criativo da equipe, aumentando o rol de possibilidades 
para a decisão de como solucionar um problema. Nesse caminho, ao contrário 
do aguçar do conflito, o foco está na cooperação para a resolução do problema 
e não na disputa. O líder não estabelece a competição de validade e 
viabilidade sobre as ideias apresentadas, mas estimula a colaboração e a 
comunicação argumentativa das pessoas para que juntas encontrem a melhor 
solução. 
O tratamento adequado do conflito deve ser visto como uma oportunidade de 
aprendizado mútuo entre as pessoas, considerando que a troca de impressões e 
experiências podem trazer novas perspectivas sobre o objeto em discussão. 
 
 
1.4 Transformando o conflito em oportunidade para a prevenção da violência 
 
 
Assim, tendo em vista que um conflito mal manejado poderá custar a perda de 
um bem, a dissolução de relações ou mesmo ocasionar a perda da liberdade ou vida 
de uma pessoa, a reflexão sobre os processos de tratamento do conflito, a prevenção 
da violência, promoção de cultura de paz e a ação das instituições que operam a 
Defesa Social têm sido assuntos cada vez mais associados na construção das políticas 
públicas de segurança. 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 9 
 
 
 
 Com efeito, esses temas são fundamentais para a formação e capacitação dos 
policiais militares, tendo em vista o atendimento de nosso mister constitucional 
evidenciado no artigo 144 da Carta Magna promulgada em 1988, que positiva: 
A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de 
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes 
órgãos [...]. (BRASIL, 1988) 
 
Para o alcance dos resultados inerentes à atuação das Polícias Militares, que 
têm por atribuições a atividade de polícia ostensiva e a preservação da ordem 
pública, o desenvolvimento das atividades de policiamento tem como marco 
primordial a salvaguarda da incolumidade das pessoas, sendo a prevenção à 
violência, proteção dos direitos fundamentais, da dignidade humana e fomento à 
mobilização social para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos princípios 
norteadores da atividade dos profissionais de segurança pública. 
Diante de tamanho desafio, as instituições policiais se empenham em 
desenvolver suas estratégias de ação buscando a inovação e atualização operacional 
para acompanhamento da dinâmica criminal e melhor resposta repressiva aos 
perpetradores de atos ilícitos. E visando o alcance de maior êxito de desempenho, em 
que se pese evitar a ocorrência do crime e seus desdobramentos, a operacionalização 
de policiamento otimizando a ação preventiva é de fundamental importância. 
 Nesse sentido, o desenvolvimento das ações relativasà prevenção secundária, 
que compreende o próprio ciclo de polícia e a persecução penal (envolvendo a rede 
formada pelas organizações policiais, o Ministério Público e o Poder Judiciário) são 
somadas aos esforços colaborativos também às ações de prevenção primária (rede 
que opera a formação dos cidadãos, a disseminação dos valores culturais 
consignados socialmente, fomento à orientação educativa e exercício da cidadania). A 
promoção da prevenção primária representa a base da preservação dos direitos e 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 10 
 
 
 
garantias fundamentais, contando com a participação direta da sociedade, 
trabalhando o ambiente social e incidindo sobre os comportamentos humanos. 
Conforme evidencia o Manual de Doutrina de Polícia Ostensiva da PMBA - 
MDPO (2020, págs.84-85), considerando o esforço para a operacionalização do 
policiamento que possa atender com maior eficiência e eficácia a demanda social 
delineada acima, as estratégias de policiamento ali apresentadas são linhas de ação 
da Corporação e cumprem aspectos que se complementam no ciclo de 
responsabilização dos criminosos, prevenção da violência, promoção da cultura de 
paz e proteção dos direitos humanos. 
Ainda, o fomento à participação popular na execução das políticas públicas de 
segurança é elemento doutrinário consolidado no MDPO, por meio do Policiamento 
Orientado ao Problema e pelo Policiamento Comunitário, que cumprem princípio do 
comprometimento institucional com a concessão de poder ao cidadão, 
compartilhando responsabilidades e promovendo o envolvimento colaborativo das 
pessoas sobre o resultado desejado por todos, conforme preconiza o estabelecido 
pelo estado democrático de direito. Corroborando tal entendimento, Oliveira (2012) 
afere que: 
A descentralização do poder decisório do Estado através da 
participação direta dos cidadãos no planejamento da segurança 
urbana constitui um dos pilares da nova prevenção. A transformação 
cultural necessária a uma nova política de prevenção é que o tema da 
segurança deixe de ser simplificado pela demanda por pressão estatal 
contra indivíduos e seja assumido em sua complexidade causal, como 
questão política que requer o envolvimento do conjunto das 
instituições sociais. (OLIVEIRA, 2012) 
 
Sendo assim, segundo os pilares da nova prevenção e evocando os princípios 
da prevenção primária e da polícia comunitária, as forças de segurança se 
aproximam das outras instâncias da sociedade com o intuito de fazê-las participar, 
cada um no que te compete, para prevenir a violência. 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 11 
 
 
 
 
1.5 A mediação de conflitos como uma ferramenta a serviço do policiamento 
 
 Destarte, a reflexão suscitada é compreender que o tratamento adequado do 
conflito é fundamental para prevenção da violência e do cometimento de ilícitos, 
visto que a intervenção policial adequada durante o atendimento de uma ocorrência 
poderá ser o diferencial para a resolução pacífica ou mesmo a replicação do conflito. 
 Conforme apresentamos até aqui, é claro que conflitos interpessoais mal 
manejados podem tomar dimensões que resultem na ação violenta ou mesmo na 
prática criminal. Ainda, é possível concluir que, mesmo que uma conduta violenta 
silencie momentaneamente o conflito, ele tenderá a ressurgir posteriormente de 
maneira ampliada e com resultados imprevisíveis. Isso é de fácil percepção nas 
relações continuadas, como as familiares ou de vizinhança, por exemplo. 
 A continuidade do conflito no tempo diminuiu a possibilidade de retomada 
do controle das partes. É também raro haver reflexão que propicie a 
autorresponsabilização dos envolvidos, o que favorece o acionamento de um ente 
externo ao desacordo, sendo não raras vezes o policial militar esse ente. 
As pessoas tendem a valorizar o recurso da intervenção externa porque 
culturalmente essa opção representa a possibilidade de imposição da vontade de 
uma das partes. Geralmente é essa a expectativa que faz a Polícia Militar ser 
demandada para o atendimento dessas situações. 
Note que todo policial militar é acaba sendo um mediador pela natureza da 
profissão, ele será chamado a atuar independente de hierárquica, função ou vontade; 
notadamente, deve pegar o arcabouço de conhecimento conhecimentos angariados 
junto com o exercício do equilíbrio emocional para servir a sociedade, de modo a 
prevenir e resolver as situações de conflito. 
Porém, atuando na perspectiva da mediação, o policial não deverá impor um 
resultado ao dissenso (divergência de ideias que ainda não resultou em violência 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 12 
 
 
 
e/ou crimes), como um juiz que determina uma sentença. Mas logo, no módulo 3, 
será detalhado o procedimento que poderá ser adotado nesses casos. 
 O uso dos fundamentos do processo de mediação de conflitos, portanto, se 
apresenta como uma ferramenta importante para execução do policiamento, pois se 
apresenta como uma forma viável de atendimento de alguns tipos de ocorrência. 
Quando o policial militar é acionado para atender uma ocorrência em que o conflito é 
estabelecido pela disputa dos interesses, ele é escolhido pelas partes como capaz de 
apresentar uma solução para o problema. 
 Contudo, diante de situações de conflito, em que não há sinais de violência ou 
de cometimento de crimes, o policial tem a oportunidade de não agir apenas como 
alguém que arbitra uma solução. Ao invés disso, ele tem a alternativa de agir como 
um “pedagogo da cidadania” (Balestreri, 1998) e conduzir as partes a dialogarem e 
encontrarem uma alternativa juntos para resolver o problema em questão. 
 Como veremos de forma mais aprofundada no módulo 03, o policial deverá 
avaliar as condições de viabilidade e aplicabilidade dos princípios que regem o 
processo da mediação de conflitos, agindo como um facilitador da fluidez ou retorno 
do processo dialógico, favorecendo a retomada do protagonismo dos envolvidos 
para o estabelecimento de um meio pacífico para a resolução do dissenso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 13 
 
 
 
 
BLOCO 02 - PROCESSOS DE RESOLUÇÃO PACÍFICA DE CONFLITOS 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO BLOCO 
 
 
 
Este Bloco nos apresentará as principais alternativas para a resolução pacífica 
de conflitos, com destaque para o processo da mediação, suas características e 
objetivos. Ainda, será evidenciado o papel do mediador e a ação do policial militar 
quando for instado a atuar numa ocorrência em que avalie como possível aplicar os 
fundamentos da mediação de conflitos. 
 
OBJETIVOS DO BLOCO 
 
 
Ao final deste Bloco você será capaz de: 
 
 
● Conhecer os meios de resolução pacífica de conflitos; 
● Compreender o que é a mediação de conflitos; 
● Entender a mediação como o meio mais adequado durante a ação do policial; 
● Compreender as características e objetivos da mediação de conflitos; 
● Conhecer qual é o papel do mediador; 
● Saber identificar o que não é mediação de conflitos. 
● Analisar o papel do preparo psicológico emocional no gerenciador para atuar 
em situações de conflito; 
● Compreender a base para a tomada de decisão na mediação de conflito. 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 14 
 
 
 
 2. PROCESSOS DE RESOLUÇÃO PACÍFICA DE CONFLITOS 
 
 
2.1 Formas alternativas para resolução de conflito 
 
 
 Como você pôde ver no Bloco anterior, os conflitos são inerentes à própria 
natureza humana. Por isso, com o passar do tempo, vários foram os meios 
desenvolvidos pela humanidade para administrar e resolver conflitos. 
É importante frisar que essa não é uma atividade exercida com exclusividade 
pelo poder público, visto que, conforme evidenciao Manual do Curso de 
Multiplicador de Polícia Comunitária (2020), só a partir do desenvolvimento das 
sociedades, com a formação dos Estados, é que se estabelece essa autoridade 
legitimada e com poder de orientar e limitar o comportamento das pessoas. Porém, 
manteve-se também reconhecida a ação popular que já utilizava de meios outros 
para administrar os conflitos, por meio da condução de uma pessoa reconhecida 
pelos membros como capaz de manejar tal tarefa no seio da comunidade. 
 Considerando esse contexto da evolução histórica da administração e 
resolução de conflitos foram desenvolvidos os Meios de Resolução Pacífica dos 
Conflitos (ADRs - Alternative Dispute Resolution), a saber: Resolução Judicial, 
Arbitragem, Negociação, Conciliação e Mediação, conforme indicado por Brandão 
(2005). 
 
a) Resolução Judicial - É a judicialização de uma disputa que será apreciada e 
avaliada por um juiz, que determinará uma decisão, baseada na lei vigente, a 
ser aceita e cumprida pelos envolvidos, que não exercem nenhum controle 
sobre o processo. É possível que esse meio de resolução possa gerar mais 
conflitos, visto que se tratando de um litígio, apenas uma das partes será 
consagrada como “vitoriosa”. 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 15 
 
 
 
b) Arbitragem - É o processo em que os envolvidos no conflito recorrem, em 
comum acordo, a um terceiro reconhecido ou escolhido como árbitro por 
possuir conhecimento técnico ou por ser um especialista no assunto em lide. O 
árbitro nomeado pelas partes conduz a arbitragem de maneira semelhante ao 
processo judicial, estabelecendo uma sentença arbitral, que não sendo 
respeitada por uma das partes poderá ser apresentada no decorrer de um 
processo judicial como meio de obrigar seu cumprimento. 
 
c) Conciliação - Método em que as partes solicitam a intervenção de um terceiro 
imparcial reconhecido como conciliador que tem a função de aproximar os 
envolvidos sugerindo o diálogo e formulando propostas de acordo, 
apontando vantagens e desvantagens nas indicações de escolhas que venham 
a ser feitas pelas pessoas. 
 
d) Negociação - É o processo que se caracteriza por ser um meio conjunto de 
solucionar o conflito, onde as partes, sem maiores formalidades, tentam 
chegar ao acordo, fazendo concessões recíprocas, oferecendo barganhas e 
buscando a melhor opção para alcançar seus interesses no que lhes convier 
para a resolução do dissenso. 
 
e) Mediação - Aqui os envolvidos num conflito em potencial escolhem um 
terceiro que tem por função facilitar a comunicação entre as partes para o 
alcance de um entendimento. O mediador não interfere na decisão final, não 
sugere ou indica uma melhor solução. Ele é um agente que atua fortalecendo o 
diálogo e propiciando um ambiente mais favorável para que as partes 
cheguem a uma solução satisfatória para ambos. 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 16 
 
 
 
Neste Bloco você vai aprender alguns princípios e benefícios da mediação de 
conflitos, tendo em vista a ênfase que a Secretaria Nacional de Segurança Pública 
destina a esta ADR em virtude do seu grande potencial de promoção da paz social: 
 
[...] pois difere da arbitragem e do provimento jurisdicional porque o 
mediador não decide pelas partes. E também se distancia da 
conciliação porque trabalha mais profundamente os conflitos 
interpessoais e não as disputas; não direcionando, não aconselhando, 
nem sugerindo saídas (SENASP, 2012, p. 270). 
 
 
Segundo Brandão, (2002, p. 07) mediação é: 
 
 
[...] um processo não adversarial, confidencial e voluntário, no qual 
um terceiro imparcial facilita a negociação entre duas ou mais partes, 
onde um acordo mutuamente aceitável poderá ser um dos desenlaces 
possíveis”. 
 
 
 
Para que você entenda melhor esse processo, vamos discorrer um pouco mais 
sobre os princípios da mediação destacada nesse conceito apresentado por Brandão 
(2002): 
 
● Voluntariedade das partes: Não há de se falar em obrigatoriedade da 
mediação. Como prática que busca conduzir ao diálogo, a percepção das 
necessidades do outro e a busca por um acordo, não há lugar para a obrigatoriedade. 
A adesão voluntária dos envolvidos é condição fundamental para que a mediação 
ocorra. 
 
● Terceiro imparcial: Para conduzir o processo de maneira imparcial, “sem 
tomar partido” de uma das partes, é de fundamental importância que a mediação 
seja conduzida por um terceiro que não tenha relações estabelecidas com nenhum 
dos envolvidos. Assim, o mediador terá condições de conduzir o diálogo sem 
direcionar o processo para o benefício de um dos lados. 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 17 
 
 
 
● Processo não adversarial: O mais importante da mediação não é 
encontrar um culpado, mas sim restabelecer o diálogo que oportunize o alcance de 
uma solução para o problema. Logo, não importa determinar quem possa estar certo 
ou errado, mas sim atuar na facilitação do diálogo entre os participantes para que 
sejam levados a adotar uma postura de busca conjunta por uma forma de resolver o 
problema em questão, levando em consideração as necessidades de ambas as partes e 
possibilitando o exercício de empatia. 
 
● Confidencialismo: É fundamental que o processo de mediação seja 
confidencial. Ao participar de um processo como esse, as partes se predispõem a 
expor uma opinião sincera sobre o assunto, o que pode significar mostrar algumas 
vulnerabilidades e compartilhar informações íntimas e confidenciais. Para que isso 
seja possível, os envolvidos precisam sentir que estão em um ambiente seguro, longe 
da crítica e de julgamentos do mediador e de terceiros que não estão presentes, o que 
destaca a importância de se estabelecer um processo confidencial entre os partícipes e 
o mediador escolhido. 
 
 
2.2 Principais benefícios da mediação de conflitos 
 
 
Vários autores discutem os benefícios da mediação no âmbito pessoal, social e 
jurídico. Neste tópico você vai conhecer alguns dos benefícios da mediação no 
âmbito das relações interpessoais, visto que essa é a esfera de atuação policial no que 
diz respeito à prevenção da violência e de crimes. 
 
● Facilita a comunicação: Como o processo de mediação é conduzido por um 
terceiro imparcial que tem como objetivo principal restabelecer o diálogo e as 
relações rompidas entre os envolvidos, a busca por facilitar a comunicação poderá 
ser potencializada pela aplicação de algumas técnicas, como o uso da paráfrase. 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 18 
 
 
 
● Devolve o problema para as partes: Como o foco do mediador está em 
facilitar a comunicação e não em resolver o problema gerador do dissenso, ele não 
emite opinião e nem arbitra qual deve ser a decisão tomada pelas partes. Nesse 
sentido, dizemos que o mediador “devolverá o problema para as partes”, de forma 
que elas reflitam e encontrem uma forma de resolvê-lo. 
● Fortalece a autonomia das partes: Esse processo de devolução de 
responsabilidade sobre o conflito e sua resolução para os envolvidos fortalece a 
autonomia das pessoas para resolver os próprios problemas e ensina, na prática, que 
elas são capazes de resolver as próprias questões. 
● Faz as partes perceberem que não existe apenas o seu lado da história: Ao 
decidir participar de um processo de mediação, as pessoas concordam previamente 
em ouvir um ao outro e de tentar encontrar uma solução que seja benéfica para todas 
as partes. Isso faz com que, no decorrer do processo, as partes comecem a enxergar o 
outro lado da história, que até então pode ter passado despercebida. E ao participar 
de um diálogo sincero onde cada um pode expor o seu ponto de vista e ouvir o ponto 
de vista do outro, os participantes têm a oportunidade de compreender os motivosdo outro e assim buscar um acordo que seja bom para ambos. 
● Traz diferentes possibilidades para resolução dos problemas: Ao olhar para 
um problema sob vários ângulos e percepções trazidas pelas partes, diferentes 
possibilidades de resolução podem surgir. É possível que dentro do processo de 
mediação uma das partes aceite a solução sugerida pela outra ou até mesmo que do 
diálogo estabelecido surja uma solução nova que ainda não tinha sido pensada por 
ambos. 
● Busca pelo ganha, ganha: Na mediação não se espera que apenas uma das 
partes saia ganhando, pois como já falamos anteriormente, não se trata de identificar 
quem está certo e que, portanto, merece vencer. Não se trata disso! O processo de 
mediação deve ser conduzido de forma que todos os envolvidos tenham suas 
necessidades contempladas de alguma forma e assim aconteça o “ganha, ganha”. 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 19 
 
 
 
Além de todos os benefícios expostos anteriormente, também podemos dizer 
que comparado às formas tradicionais de resolução de problemas, a mediação se 
mostra como um processo mais rápido, capaz de alinhar os mútuos interesses e com 
maior chance de efetividade nos resultados, uma que eles foram escolhidos pelas 
próprias partes. 
 Também é importante frisar que a mediação reduz os custos emocionais e 
financeiros, previne a reincidência de conflitos entre as partes, traz uma fluidez na 
comunicação e melhora os relacionamentos interpessoal e inter/intragrupal. 
 
 
2.3 Objetivos da mediação de conflitos 
 
 
Acreditamos que a mediação em seu sentido amplo pode contribuir para a 
pacificação dos espaços, sejam eles familiares, escolares ou até mesmo de 
comunidades inteiras. Isso porque, como visto nos tópicos anteriores, a mediação 
proporciona a possibilidade de enxergar o outro, ação que normalmente não é 
realizada quando estamos em meio a um conflito interpessoal. 
A mediação traz um novo olhar para o conflito, encarando-o como uma 
preciosa oportunidade de aprendizagem emocional e social. Sendo assim, Zapparolli 
e Júnior (2008) inferem que o objetivo da mediação não é necessariamente a obtenção 
de um acordo: é mais do que isso. A mediação objetiva atuar na transformação do 
padrão de comunicação e relacionamento dos envolvidos, com o objetivo de levá-los 
a um entendimento. 
Nesse mesmo diapasão, Garcia et al (2009) evidenciam que a mediação tem 
quatro objetivos principais, a saber: A SOLUÇÃO DE CONFLITOS, A 
PREVENÇÃO DE CONFLITOS, A INCLUSÃO SOCIAL E A PAZ SOCIAL. 
 
 
 
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2. 4 O papel do mediador de conflitos 
 
Como você viu em tópicos anteriores, a mediação pressupõe a presença de um 
terceiro imparcial, o mediador. A função principal do mediador não é 
necessariamente conduzir a um acordo, mas sim facilitar a comunicação entre as 
partes, para que a partir daí elas consigam se empoderar da autonomia necessária e 
recuperar o protagonismo para resolver o problema em questão. 
Deve ter equilíbrio psicológico e emocional para atuar sem se deixar envolver na 
situação do conflito, mantendo um distanciamento saudável que lhe permita a 
tomada de decisão de modo coerente e justamente equilibrado, com tranquilidade, 
certeza e conhecimento da lei, não tomando partido das partes envolvidas e, 
reduzindo a tensão existente e não aumentando o conflito. 
É importante dizer que o mediador não precisa ter uma formação 
universitária para atuar, mas é imperativo que ele tenha uma capacitação 
específica para isso, a fim de que ele desenvolva as habilidades necessárias para o 
bom manejo e condução de situações de conflito. 
 
 
 
2.5 A ação do policial militar enquanto um mediador de conflitos 
 
 
Você pode estar se perguntando: cabe ao policial militar ser um mediador? 
Você já viu no Bloco 1 que utilizar os princípios da mediação é uma alternativa viável 
considerando as estratégias de execução do policiamento comunitário e policiamento 
orientado para o problema. 
Contudo, vamos explorar aqui um pouco mais essa questão e você vai entender 
de forma prática como o policial militar pode atuar na perspectiva da mediação de 
conflitos quando alcançarmos o Bloco 3. 
 
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Por hora, é importante você entender que o policial militar é demandado pela 
sociedade para resolver uma infinidade de problemas, desde a incidência de crimes 
graves à mediação de pequenos conflitos familiares e entre vizinhos. 
 Isto ocorre geralmente porque ele é o representante mais visível e acessível do 
Estado, bem como é visto também como um representante da lei. 
Talvez, por isso, como afirma Hipólito e Tasca (2012), definir o objeto de 
trabalho da polícia não seja uma tarefa simples, já que a execução do policiamento 
traz em si a característica de uma atividade multifacetada. 
Parte da dificuldade que temos de dissecar na função da polícia vem da 
tendência de confundirmos os objetivos policiais com os métodos aplicados. 
Podemos perceber quão verdadeira é essa afirmação ao observarmos que a 
aplicação da lei normalmente é considerada como um fim em si e não como um meio 
para se alcançar a sua finalidade (OLIVEIRA, 2016). 
Contudo, precisamos entender que a polícia tem uma gama de objetivos mais 
amplos, e aplicar a lei é apenas um dos muitos métodos pelos quais ela consegue 
realizar seu trabalho (GOLDSTEIN,2003, p. 55). A tomada de decisão nesse contexto 
é muito importante e fortalece a resolução pacífica de situações conflituosas. 
Assim, a tomada de decisões deve se pautar em alguns requisitos voltados ao 
interesse comum e a manutenção da incolumidade da sociedade, portanto, se faz 
importante considerar quais as funções da polícia no âmbito das cidades e a partir de 
então racionalizar qual a decisão acertada diante do conflito. 
Nessa direção, de acordo com Goldstein (2003, pág. 56 e 57), existem oito 
funções principais que devem ser desenvolvidas pela polícia urbana: 
 
1) Prevenir e controlar crimes graves, a saber, as condutas atentatórias à vida e 
a propriedade; 
2) Auxiliar pessoas em risco de dano físico; 
 3) Proteger as garantias constitucionais; 
 4) Facilitar o movimento de pessoas e veículos; 
5) Dar assistência aos que não podem se cuidar sozinhos; 
 
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 6) Solucionar conflitos; 
7) Identificar os problemas potenciais de se tornarem mais sérios para os 
cidadãos, para polícia e para o governo e 
8) Criar e manter um sentimento de segurança na comunidade. 
 
Sendo assim, fica evidente que o trabalho policial não se resume ao puro e 
simples cumprimento das leis. Cabe aos policiais ter a capacidade de identificar 
problemas que podem se tornar atos de violência e/ou crimes e intervir 
precocemente para evitá-los, atuando assim de forma preventiva. Nestes casos, fará 
total diferença a atuação do policial em conformidade com os princípios da 
mediação, a fim de preservar a paz social. 
Nesse aspecto, é importante também trazer o destaque citado por Goldstein 
(2003) de que a amplitude do seu papel não faz dos policiais assistentes sociais, visto 
que a função da polícia não está em passar horas aconselhando pessoas necessitadas, 
mas sim em fazer um diagnóstico preciso a respeito de quais alternativas devem ser 
mais apropriadas em determinados casos para prevenir a violência e o cometimento 
de crimes. 
Por isso, no Bloco 03, você vai entender melhor como o policial pode intervir 
nas situações de conflito utilizando os princípios e as técnicas da mediação de 
conflitos. 
 
 
2.6 A mediação de conflitos e o gerenciamento de crises 
 
 
 
Neste momento, em que já avançamos na compreensão de conceitos 
fundamentais sobre o conflito e a mediação,é de suma importância também 
evidenciar o afastamento sobre o entendimento do conceito de crise e o tratamento 
dela, visto que é comum a confusão que leva a pensar tais termos como sinônimos. 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 23 
 
 
 
Para iniciarmos nossa reflexão, é importante entender que o estabelecimento 
de uma crise representa um fenômeno social complexo e multifacetado, conforme 
evidenciado por SANTOS et al. (2006) que conceitua crise como: 
 
Fenômeno social de natureza crucial que necessita de uma 
intervenção especial dos órgãos que compõem o Sistema de Defesa 
Social, coordenados pela Polícia, objetivando abordá-lo, entendê-lo e 
solucioná-lo de forma a preservar vidas humanas. 
 
 
 
Com efeito, a instalação de uma crise pressupõe uma ação violenta que já se 
materializou na conduta tipificada como criminosa por seu agente perpetrador. Isso 
já afasta por completo a impressão de que conflito e crise seriam sinônimos, além do 
que não poderemos, com isso, pensar em intervir numa crise através de um processo 
de “mediação da crise”. 
A crise representa uma situação fora do cotidiano, que exige intervenção 
especializada por seu potencial de agravamento e impacto estrutural, trazendo risco 
de morte para os seus envolvidos. Podemos exemplificar com situações de roubo a 
banco com reféns, atos de terrorismo, motins em presídios, sequestros e ataques 
suicidas. 
A intervenção num evento de crise deverá ter um tratamento que seguirá um 
protocolo técnico, a ser desenvolvido por frações especializadas das instituições de 
segurança e defesa social, sendo que as ações dos policiais representantes do 
primeiro esforço, que geralmente chegam primeiro ao local, compreendem realizar o 
isolamento do perímetro e acionar tal escalão competente, como será visto mais 
profundamente na disciplina que tratará sobre a temática no decorrer de sua 
formação. 
Destacamos também que, de forma análoga ao conflito mal manejado, uma 
crise sem o devido tratamento poderá ocasionar resultados imprevisíveis. Conforme 
destacado por Santos e Lima Filho (2008), a crise [...] “É um evento imprevisível 
capaz de provocar prejuízos significativos a uma instituição, a um determinado 
grupo social e, consequentemente, aos seus integrantes”. 
 
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E por fim, ressaltamos que o tratamento de uma situação de crise prevê o 
estabelecimento do processo denominado gerenciamento de crises, do qual a 
negociação é parte fundamental até esgotamento de alternativas para aumentar as 
chances de preservação da vida dos envolvidos, conforme demonstrado por 
Monteiro (2004) que afirma que “[..] gerenciar crises é negociar, negociar e negociar. 
E quando ocorrem de se esgotarem todas as chances de negociações, deve-se ainda 
tentar negociar mais um pouquinho [...]”. 
 
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BLOCO 03 - MODELOS DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS 
 
 
Neste Bloco você vai conhecer como funcionam os diferentes modelos de 
mediação e resolução pacífica de conflitos, entendendo qual a diferença entre elas, 
bem como quando e como aplicar cada uma delas. Vamos lá? 
 
 
OBJETIVOS DO BLOCO 
 
 
Ao final deste Bloco você será capaz de: 
 
 
● Compreender os modelos de mediação de conflitos; 
● Entender como os conflitos comunitários se relacionam com a segurança 
pública e como a polícia poderá trabalhá-los de forma a prevenir a violência; 
● Conhecer a aplicabilidade da mediação comunitária e da mediação escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. MODELOS DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS 
 
3.1 Mediação Tradicional-Linear 
 
 
 De acordo com o Manual de Multiplicador de Polícia Comunitária (2015), a 
mediação Tradicional-Linear foi desenvolvida por Harvard na década de 1950, com o 
almejo de atender a impasses que surgiam entre as grandes corporações e seus 
clientes e parceiros. O objetivo desse modelo de mediação é propiciar a obtenção de 
um acordo, tendo como objeto da mediação situações bastantes específicas. 
 Considerando que a mediação pressupõe voluntariedade entre as partes, antes 
do encontro de mediação propriamente dito, o mediador mantém contato com as 
duas partes separadamente com vistas a explicar a proposta do evento. Feito isso e 
havendo disposição dos envolvidos, é formada a agenda com o objetivo de levar os 
participantes a buscarem uma alternativa viável para a solução do problema em 
questão, considerando a necessidade de ambos. 
 Durante o encontro, o mediador deverá facilitar a comunicação entre as partes, 
utilizando de técnicas de mediação, como a paráfrase, para propiciar o diálogo e a 
obtenção do acordo. Para tanto, o mediador deve trabalhar para que as diferenças 
sejam diminuídas e as semelhanças enfatizadas, buscando evidenciar os interesses 
comuns (2012). 
 Esse é o tipo de modelo normalmente utilizado nas mediações que acontecem 
nos balcões de justiça e nos núcleos de mediação judiciária, em que o mediador 
precisa ter uma formação técnica específica. Nesta perspectiva, policiais tecnicamente 
capacitados podem ser destacados para exercer a função de mediador nesses espaços. 
Apesar dessa necessidade de capacitação técnica para realização da mediação 
formal, o policial militar, no exercício das suas funções ordinárias, ao realizar o 
atendimento de ocorrências que não tratem de questões criminais, poderá utilizar os 
princípios da mediação de conflitos para propiciar uma alternativa de resolução 
pacífica e não adversarial dos conflitos, devolvendo para as partes a autonomia para 
resolver os próprios problemas. 
 
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Veja no quadro abaixo um exemplo hipotético de situação em que o policial 
militar pode usar os princípios da mediação para atender a ocorrência: 
 
___________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
José é apaixonado por fogos de artifício e gosta de soltar bombas durante os festejos 
juninos. Para comemorar a noite de São João, José comprou várias “bombas” e 
começou a soltá-las na sua rua. 
Márcia, que mora na mesma rua de José, está com um bebê de três meses em 
casa que se assusta e chora a cada explosão dos fogos que José solta. 
Incomodada com o comportamento de José que não para de soltar as bombas, 
apesar dos seus pedidos, Márcia resolve ligar para polícia para que ela intervenha na 
situação. 
Reflita, como posso mediar tal conflito? 
 
 
 
 
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Nesse caso, a Guarnição PM que irá atender a ocorrência poderá utilizar os 
princípios da mediação de conflitos para incentivar a busca de um acordo entre as 
partes, já que o caso em questão não está tipificado como um crime. 
Assim, a GUPM irá buscar facilitar o diálogo entre as partes, fazendo-as 
entender as motivações e necessidades de ambos, sensibilizando-os na formação de 
um acordo que seja conveniente para os envolvidos. 
Dessa forma, o policial faria o atendimento da ocorrência, evitando que o 
problema se agravasse. Ainda, não agiria de forma arbitrária ao proibir, por exemplo, 
a utilização dos fogos, beneficiando apenas uma das partes. 
Ao utilizar os princípios da mediação nas suas ocorrências, a guarnição 
devolve o problema para as pessoas e as estimula ao exercício do protagonismo e da 
autonomia na resolução de conflitos. 
 Isso gerará não apenas a solução para um problema específico, mas também 
repercute num ganho social, a partir do desenvolvimento de mentalidades mais 
autorresponsáveis e autônomas. 
 
 
3.2 Mediação Comunitária e CírculosRestaurativos 
 
 
Nesse tópico vamos expandir o conceito da mediação para além dos 
indivíduos diretamente envolvidos no conflito, mobilizando outros atores da 
comunidade que indiretamente também são afetados pela situação conflituosa. 
Sendo assim, você vai aprender sobre a mediação comunitária e os círculos 
restaurativos como ferramentas que podem ser utilizadas para operacionalizar o 
manejo positivo de conflitos que afetam partes maiores da comunidade. 
 
 
 
 
 
 
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3.2.1 A Mediação Comunitária 
 
 
 
De acordo com o Manual do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia 
Comunitária (2012), a mediação comunitária é uma ferramenta que atua como 
facilitadora da cooperação entre as partes, tendo como foco principal estabelecer ou 
restabelecer a comunicação dos diversos atores envolvidos, ampliando a discussão 
dos problemas que envolvem a comunidade. 
Na mediação comunitária permanecem o desenvolvimento dos princípios da 
autonomia e do empoderamento das partes, porém de forma ampliada para alcance 
de um contexto maior. 
Porém, não será levada em consideração a opinião e necessidades de apenas 
duas pessoas, mas de toda uma comunidade, um bairro, um conjunto habitacional ou 
até mesmo um município. 
Evocamos esse tipo de mediação para ajudar a comunidade a dialogar sobre 
problemas que afetam direta e indiretamente grande parte da população, como é o 
caso de conflitos que envolvem questões de saúde, acessibilidade, educação, 
saneamento, iluminação, uso dos espaços públicos, dentre outros. 
Como você poderá perceber, é possível que nos casos de mediação 
comunitária alguns representantes de instituições públicas ou privadas sejam 
chamados para dialogar com a comunidade a respeito de possíveis formas de 
resolver os conflitos em questão. 
 
 
Veja no quadro abaixo o exemplo de um caso hipotético em que poderia ser 
realizada uma mediação comunitária: 
 
 
 
 
 
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___________________________________________________________ 
 
CONFLITO SOBRE LOCAL PARA DESPEJO E COLETA DE LIXO EM UMA 
CIDADE TURÍSTICA LITORÂNEA 
 
 
 
imagem 01 - POLLUTION. Extraída do site Pixabay, 2021 
 
Cabrália é uma cidade litorânea, cuja fonte principal de renda dos seus 
habitantes tem origem no comércio que gira em torno da praia. São barraqueiros, 
baianas de acarajé, vendedores de picolé, queijo, artigos de praia, lembranças para 
turistas, bares, restaurantes, dentre vários outros representantes do setor formal e 
informal. 
Um problema tem afetado grande parte das pessoas que fazem da praia a sua 
fonte de renda é o lixo que tem se acumulado logo na entrada de uma das principais 
praias da região. A situação começou a se instalar a partir do aumento da quantidade 
de casas e bares no entorno da praia, o que fez com que alguns moradores e lojistas 
começassem a despejar o lixo no local. 
 
Ocorre que esse é um ponto que não faz parte do itinerário de coleta de lixo da 
prefeitura, o que faz com que o lixo despejado no local se acumule, trazendo vários 
inconvenientes, como aumento de animais circulando no local (ratos, moscas, 
baratas), e a propagação do mau cheiro, dentre outros. Todo esse cenário tem 
afastado os banhistas, comprometendo o turismo da região e tornou o local mais 
deserto e propício para o desenvolvimento de ações de vândalos. 
 
Preocupados com a degradação da região e suas consequências, os moradores 
não conseguiram formar um consenso a respeito do local de despejo do lixo. Alguns 
acreditam que todo o transtorno poderia ser resolvido com a inclusão pela prefeitura 
de tanques para armazenamento e coleta de lixo na própria praia; outros defendem 
que o lixo seja despejado em um outro local, longe do acesso à praia. 
 
______________________________________________________________________ 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 31 
 
 
 
A mediação comunitária representa uma alternativa viável para resolver esse 
tipo de conflito. Nessa perspectiva, seriam realizados encontros com representantes 
de todos os setores direta e indiretamente afetados pelo problema (moradores, 
comerciantes, associações de turismo, a empresa de coleta de lixo) para dialogar 
sobre a situação. 
Durante os encontros cada dos envolvidos teria a oportunidade de expor 
como estão sendo afetados diretamente pelo problema e de pensar juntos em 
diferentes formas de resolução da situação buscando o bem comum. Um grande 
benefício da mediação comunitária é o fortalecimento do senso de comunidade e 
solidariedade que é propiciado pela busca de uma alternativa que considere as 
necessidades de vários grupos, não apenas de um, permitindo aos diferentes atores 
ampliar a sua visão sobre o problema, e atuar juntos em prol de uma solução que 
promova o bem estar geral. 
Como você pode perceber, a mediação comunitária é uma ferramenta de 
resolução pacífica de conflitos que pode ser utilizada pelos Conselhos Comunitários 
de Segurança (que você estudou na disciplina de Policiamento Comunitário) para 
trabalhar os conflitos que afetam direta e indiretamente uma parcela maior de 
pessoas ou até mesmo toda a comunidade. 
 
3.2.2 Os Círculos Restaurativos 
 
 Os círculos restaurativos são reuniões circulares realizadas entre pessoas 
direta e indiretamente afetadas pela consequência negativa de um conflito mal 
manejado, com vistas a reparação do dano causado. 
Ele é aplicado após um momento de quebra das relações onde as partes não 
conseguiram manejar de forma positiva o conflito e alguém tentou impor o seu ponto 
de vista sobre a outra pessoa gerando consequências negativas que afetam não 
apenas as pessoas diretamente envolvidas, como também outras pessoas de forma 
indireta. 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 32 
 
 
 
Observe no quadro abaixo um exemplo de situação em que pode ser utilizado 
um círculo restaurativo: 
 
___________________________________________________________________ 
 
João mora na Rua da Paz e gosta de “abrir o porta malas do 
carro” no final de semana e ficar ouvindo música em som 
alto, enquanto interage com alguns amigos e familiares na 
porta de casa. 
Roberto mora em frente à casa de João e gosta de aproveitar 
o final de semana para assistir filmes e colocar em dia os 
estudos da faculdade. 
Roberto se sente incomodado com o som de João, que parece 
estar ligado dentro da sua própria casa, mas não fala nada 
porque não quer ser interpretado como o vizinho 
problemático; a vizinhança toda se incomoda com o som alto 
de João, mas ninguém fala nada. 
Um dia, Roberto estava em casa tentando se concentrar para 
fazer uma prova online da faculdade, mas não conseguia por 
causa do incômodo do som alto de João. 
Já irritado com a situação, Roberto saiu de casa e começou a 
gritar com João ordenando que ele desligasse o som e que ele não respeitava as 
pessoas daquela rua. 
João e Roberto começaram a trocar ofensas verbais, alguns vizinhos saíram em defesa 
de Roberto e outros de João. Para evitar que um desdobramento maior se instalasse, 
alguns vizinhos convenceram Roberto a voltar para casa e convenceram João a baixar 
um pouco o som. Mas poucas horas depois João aumenta o som novamente e os 
vizinhos resolveram ligar para a polícia para pedir que interviesse na situação. 
 
______________________________________________________________________ 
 
 
Esse é um caso típico de conflito mal manejado que afeta não apenas os 
diretamente envolvidos (João e Roberto que se envolveram na discussão), mas 
também outras pessoas da comunidade (os demais moradores da rua que se sentem 
incomodados com a situação do som alto de João, os familiares de João e Roberto que 
podem se sentir apreensivos com a possibilidade de ocorreralguma agressão física 
entre os dois, dentre outros transtornos. 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 33 
 
 
 
Nesse caso, a polícia atuando sobre a estratégia do policiamento comunitário 
ao atender a ocorrência, além de intervir no problema imediatamente, solicitando 
que João que abaixasse o seu som, poderia lançar mão da ferramenta dos círculos 
restaurativos como forma de restaurar a boa relação entre os vizinhos e prevenir 
casos futuros que poderiam desencadear em novas discussões e até mesmo no 
cometimento de crimes. Como seria possível? 
 A possibilidade estaria no retorno de uma guarnição PM responsável por 
realizar visitas comunitárias na região. De posse do resumo da ocorrência registrada 
no dia anterior, ao visitar a residência de João, Roberto e de vizinhos, 
individualmente, trariam a proposta para cada parte, convidando-os para participar 
voluntariamente de um círculo restaurativo para tratar do problema em questão. 
 No dia previamente agendado, João, Roberto e os demais membros afetados 
que tivessem aceitado participar da reunião circular se encontrariam em uma sala 
reservada (poderia ser um local como uma escola, sede do conselho comunitário ou 
mesmo a sede da OPM). Ali reunidos, distribuídos em cadeiras formando um círculo 
para poderem se olhar sem divisão ou lados opostos, na presença de um facilitador 
capacitado tecnicamente (que pode ser o policial ou algum outro agente da 
comunidade). 
Dispostos dessa maneira, o facilitador utilizará de um roteiro de perguntas 
previamente elaboradas¹ com o intuito de facilitar o diálogo e estabelecer a empatia 
entre os presentes, fazendo-os enxergar os fatos sobre a perspectiva do outro, 
conduzindo-os ao encontro de uma solução para o problema, e oportunizando a cada 
pessoa apresentar a sua versão dos fatos, expressando assim os seus reais 
sentimentos e emoções, sem julgar o comportamento e a opinião uns dos outros. 
Vale ressaltar que, durante a aplicação do círculo, o agente causador do 
problema também tem a oportunidade de expor para os presentes as suas 
motivações e dizer como ele acredita que pode reparar o dano ou resolver a situação. 
Importa destacar que, o verdadeiro conceito restaurativo se fundamenta no 
“reintegrative shame”, ou vergonha reintegradora, em oposição a “disintegrative 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 34 
 
 
 
shame”, traduzido em vergonha desintegradora ou estigmatização – como bem 
assinala Tourinho e Oliveira (2014), APUD John Braithwaite (2002). 
A prática do círculo não tem a intenção de estigmatizar o agente causador do 
problema e sim reintegrá-lo à sua comunidade, através da criação de novos acordos e 
do restabelecimento das relações. A partir da técnica do círculo, o ofensor é exposto à 
censura da comunidade, que explica porque aquela conduta é considerada como 
inaceitável, fazendo-o assumir o compromisso da reparação ou da mudança de 
comportamento. 
De acordo com Tourinho e Oliveira (2014) no Brasil, os círculos restaurativos 
tiveram suas bases no Projeto Justiça Para o Século 21, inicialmente coordenado pelo 
juiz Leoberto Brancher (2008), da 3ª Vara do Juizado Regional da Infância e 
Juventude de Porto Alegre. 
Ali foram utilizadas as práticas restaurativas para a pacificação de violências 
envolvendo adolescentes em conflito com a lei, no âmbito da justiça formal, cuja 
técnica do Círculo Restaurativo tornou-se de suma importância na prevenção de atos 
infracionais. 
 
3.2.3 Mediação Escolar 
 
Na escola a mediação de conflitos se apresenta como uma ação socioeducativa 
que educa crianças e adolescentes para o exercício da cidadania, na medida que os 
prepara na prática para vivenciar relações interpessoais de respeito e atenção às 
necessidades do outro. 
 Nesse sentido, Almeida (2009) traz que no âmbito escolar, a reflexão 
produzida em situação de mediação contribui para pensar a discriminação, operação 
e a exclusão em todas as suas manifestações, colaborando assim para a formação de 
sujeitos conscientes, participativos e solidários. 
Além disso, na escola, a mediação pode ser utilizada não apenas no campo 
dos conflitos, mas também como uma alternativa para resolução de infrações 
 
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disciplinares (através dos círculos restaurativos) levando a responsabilização do 
autor através do processo de reparação do dano e também, quando possível, para 
restabelecimento das relações fragilizadas. 
O policial militar, atuante no policiamento escolar, de posse dos 
conhecimentos discutidos até aqui, pode utilizar os princípios da mediação para lidar 
com as ocorrências que forem intervir nesses espaços e também para atuar junto com 
a escola e com outros órgãos na implantação de práticas restaurativas advindas dos 
princípios da mediação. 
 
 
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BLOCO 04 - PROCEDIMENTOS PARA INTERVENÇÃO POLICIAL MILITAR 
NO RESULTADO DE CONFLITOS MAL MANEJADOS 
 
 
Neste Bloco apresentaremos os procedimentos a serem adotados quando o 
policial militar verificar a impossibilidade de aplicação dos princípios da mediação 
de conflitos no atendimento às ocorrências do serviço e da relação a ser tratada com 
as representações da mídia. 
 
 
OBJETIVOS DO BLOCO 
 
 
Ao final deste Bloco você será capaz de: 
 
 
● Entender os limites e responsabilidades dos aplicadores da lei em relação às 
situações de conflitos e crises; 
● Conhecer os procedimentos para as ocorrências em que não seja viável a 
aplicabilidade da mediação de conflitos, mas sim a utilização dos princípios 
do uso progressivo da força; 
● Analisar como conflitos podem tornar-se desastres e catástrofes; 
● Compreender a importância da relação com os representantes da mídia. 
 
 
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4. PROCEDIMENTOS PARA INTERVENÇÃO POLICIAL MILITAR NO 
RESULTADO DE CONFLITOS MAL MANEJADOS 
 
 
4.1 Quando o conflito resulta no cometimento de ilícito penal 
 
 
Como você já viu nos módulos anteriores, o conflito é dissenso, está no 
campo das ideias. Quando os conflitos não são bem manejados eles podem resultar 
na ocorrência de violências e crimes. Nesses casos, não há de se falar em mediação. 
Pelo contrário, devemos procurar os recursos legais existentes para fazer a 
intervenção, bem como realizar a condução das partes à Delegacia para fins de 
registro de ocorrência. 
É importante ressaltar que o registro na Delegacia não deve ser feito apenas 
nos casos de violência, mas também nos casos em que não há disposição das partes 
para dialogar e que há sinais de evolução para a prática do ato violento, visto que a 
voluntariedade das partes é condição fundamental da mediação de conflitos. 
Neste aspecto, vale destacar a importância de realizar intervenções 
obedecendo os princípios do uso progressivo da força e das técnicas de abordagem 
preconizadas no Manual Básico de Abordagem Policial da PMBA (2018). 
 Por isso, necessário se faz o policial de modo muito técnico e profissional 
resguardando todos os conhecimentos sobre o Direito e, em especial, aos direitos 
humanos e dignidade da pessoa humana, utilizar os princípios do uso da força 
apenas como última ratio. 
 
4.2 Uso progressivo e legítimo da força como última racionalidade 
 
 
Apresentamos abaixo o modelo de uso progressivo da força estabelecido 
pela SENASP (2009) divididos em níveis de atuação da polícia de acordo com a 
intensidade do comportamento do agressor. 
 
 
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Nível 1 - Presença física: É o início de toda intervenção, acontece com a 
chegada do policial no local. Nesses casos a simplespresença policial diante de um 
comportamento por parte do agressor já é suficiente para acalmar os ânimos e levar 
a interrupção da ação criminosa. 
 
Nível 2. Verbalização: É o segundo passo, após chegar na ocorrência, o 
policial deve comunicar qual comportamento deve ser adotado pelos envolvidos. 
Em muitos casos, esse nível já é suficiente para a condução das partes à delegacia, 
pois as partes não oferecem resistência e obedecem às determinações do policial. 
 
Nível 3. Controle de contato: Nos casos em que o agressor não obedece às 
ordens verbalizadas pelo policial, é necessário evoluir para o uso das técnicas de 
condução e imobilização, inclusive por meios de algemas. 
 
Nível 4. Controle físico: Usado quando é necessário emprego de força 
suficiente para superar a resistência ativa do agressor, o qual desafia fisicamente o 
policial, como nos casos de fuga. Nesses momentos, podem ser utilizados cães e 
agentes químicos para conter o agressor. Não há de se falar em uso de armas letais 
para conter a fuga do agressor nesse nível. 
 
Nível 5. Táticas defensivas não letais: Quando esgotadas as possibilidades de 
recursos para controle físico, caso o agressor realize algum ataque não letal com o 
intuito de oferecer resistência física a ação policial, poderão ser utilizados métodos 
não letais (gases fortes, forçamento de articulações e uso de equipamentos de 
impactos, como os bastões retráteis, dentre outros). 
 
Nível 6. Força letal: É o mais extremo uso da força pela polícia e só deve ser 
usado em último caso, quando todos os outros recursos já tiverem sido 
experimentados. Para usar tal recurso é necessário que o suspeito ameace a vida de 
terceiros. Não obstante, a mediação é preponderante para que a ocorrência não 
necessite chegar nesse danoso estágio, o que reforça a importância da mediação de 
conflitos e, ainda mais, de modo preventivo. 
 
 
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4.3 Relacionamento e interação com a mídia 
 
 
Na corrida para aumentar a audiência, fidelizar patrocinadores e rendas de 
publicidade, os órgãos da mídia buscam cada vez mais produzir conteúdo de 
interesse do público. E, culturalmente, o interesse por notícias que explanam sobre 
violências e crimes faz com que o trabalho policial seja de interesse de diversos 
órgãos de comunicação. 
Diante desse contexto, é comum que o desenvolvimento da atividade 
policial, seja na execução de operações, condução de suspeitos ou mesmo durante o 
atendimento de uma ocorrência seja de grande interesse da mídia. Com isso é 
importante saber como conduzir essa interação com os jornalistas, sobretudo no que 
tange à divulgação de informações sobre as ações policiais. 
Ao comunicar tais eventos, o policial militar precisa observar alguns aspectos 
visto que a forma de divulgar tais ações poderá acarretar repercussões na imagem 
institucional, conforme afere Cerqueira (2021): 
“Sabe-se que a forma como os fatos são apresentados pode minimizar ou 
maximizar repercussões positivas ou negativas. Isso se reflete na imagem da 
instituição que, por sua vez, interfere nos níveis de confiança que a sociedade nela 
deposita”. 
 Destarte, reconhecendo o papel fundamental da mídia para a 
formação da opinião pública, a demanda por informações sobre as ocorrências 
pelos os órgãos que lhe representam Cerqueira (2021) destaca a importância da 
assessoria de imprensa nas organizações policiais, principalmente no tocante ao 
cuidado e responsabilidade com tratamento da informação que será disseminada à 
população. 
A imagem institucional poderá ser promovida ou maculada, a depender 
como ocorrer a veiculação das informações e esse é fator preponderante para a 
atenção sobre a interação com as representações da mídia. 
 Assim, o estabelecimento do fluxo da comunicação institucional é fator de 
grande importância para a PMBA, ficando a cargo do Departamento de 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA – NOVEMBRO/ 2021 40 
 
 
 
Comunicação Social (órgão central do Sistema de Comunicação Social da PMBA, 
conforme Portaria nº 047-CG/16) o acompanhamento e definição de estratégias de 
divulgação da comunicação institucional, a promoção do assessoramento e difusão 
doutrinária para as demais Unidades, além ofertar a capacitação específica aos 
profissionais que atuarão nessa atividade com o fito de desenvolver as 
competências comunicacionais necessárias para tal mister. 
 Conforme evidenciado por Cerqueira (2013), temos o estabelecimento do 
porta-voz strictu senso ou institucional, que é o profissional nomeado para 
representar a instituição e/ou por possuir conhecimento técnico em determinado 
assunto. 
Ainda, o porta-voz latu senso ou factual que é aquele policial demandado 
para tratar de assuntos referentes ao fornecimento de dados básicos relativos à 
ocorrência da qual participou e tem conhecimento ao órgão da mídia presente e que 
solicite verbalmente tais informações. 
 Sendo assim, poderá acontecer que, ao atuar em uma ocorrência de grande 
repercussão midiática, o policial interventor venha figurar como esse porta voz latu 
senso. Porém, isso requer muitos cuidados, como discorreremos a seguir. 
 Diante da possibilidade da interação com os órgãos da mídia durante o 
atendimento de uma ocorrência, atuando dessa forma como um porta-voz factual, é 
importante que o policial militar estabeleça um contato amistoso, atentando para o 
uso de um vocabulário técnico para elaborar um resumo dos procedimentos 
operacionais adotados durante a condução do evento, sem expor dados pessoais 
dos envolvidos, detendo-se somente sobre o fato em si e seus principais 
desdobramentos, como a apresentação da situação à Delegacia, por exemplo. 
 Aqui reiteramos o destaque quanto à não exposição e divulgação de dados 
pessoais e imagens de quaisquer dos envolvidos nas ocorrências atendidas. As 
informações devem apenas estabelecer o nexo causal e temporal sobre o evento em 
si. 
 Tal procedimento deverá ser observado mesmo se tratando de suspeitos de 
cometimento de ilícitos de toda natureza (inclusive os custodiados, já em 
 
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cumprimento de prisão provisória ou de pena estabelecida pela autoridade 
judiciária), conforme normatizado pela Lei 13.869/2019 (Lei de Abuso de 
Autoridade) e também previsto na Portaria nº 020-CG/16. 
Outrossim, caso o contato eventual venha a extrapolar a situação direta da 
qual o policial tenha conhecimento e possa fornecer as informações básicas, é 
recomendável faça a orientação ao profissional de comunicação da necessidade de 
contato direto com o Comando da Unidade da qual faz parte para a obtenção de 
maiores esclarecimentos ou pronunciamento mais detalhado sobre assunto de 
maior dimensão para que ocorra a mobilização de porta-voz institucional para o 
atendimento da demanda apresentada. 
 
 
 
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 MATERIAL COMPLEMENTAR 
___________________________________________________________________
 MODELO DE ROTEIROS DE PERGUNTAS PARA MEDIAR CÍRCULOS 
RESTAURATIVO INSPIRADAS NAS PERGUNTAS EXTRAÍDAS DO LIVRO 
CÍRCULOS RESTAURATIVOS NAS ESCOLAS 
 
1) Perguntas básicas para as pessoas que foram direta e indiretamente 
afetadas: 
● Em que você pensou ao perceber o que havia acontecido? 
● Que impacto o incidente causou em você e nos outros? 
● Para você, qual foi a coisa mais difícil? 
● Em sua opinião, o que é preciso fazer para consertar as coisas? 
 
Essas perguntas procuram trazer à tona a história dos atos e dos eventos, os 
pensamentos e os sentimentos associados a tais atos e eventos, e soluções para 
resolver as coisas, em vez de culpar os outros e procurar justificativas para 
determinado comportamento. 
As perguntascriam um circuito de feedback para que as pessoas possam ouvir 
como seus atos afetam outras pessoas, e encorajá-las a se responsabilizar por tais 
atos. Elas também abrem caminho para se encontrar soluções para os problemas. 
 
 
2) Perguntas básicas para as pessoas que tiveram o comportamento 
inadequado: 
 
● O que houve? 
● Em que você estava pensando no momento? 
● Em que pensou desde então? 
● Quem foi afetado por suas atitudes? 
● De que maneira? 
● Em sua opinião, o que é preciso fazer para consertar as coisas? 
 
Tais perguntas oportunizam a pessoa expor a sua versão dos fatos e dizer o 
que ela acredita que pode fazer para resolver o problema, devolvendo a elas a 
oportunidade de se auto responsabilizar pelas suas atitudes e reparar o mal que 
causou. 
Ao dar voz ao autor do comportamento inadequado, o facilitador do círculo 
possibilita que ele seja visto para além do estigma de “baderneiro” ou equivalente e 
oportuniza que ele seja novamente visto como um membro da comunidade que 
errou, mas tem a possibilidade de acertar. 
 
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REFERÊNCIAS 
 
 
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Paster, 1998. 40 p. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Senado 1988. 
BRASIL. Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019. Dispõe Sobre Os Crimes de Abuso 
de Autoridade. Brasília 
CAPPI, Riccardo. Mediação e Prevenção da Violência. In: VELOSO, Maria Lomanto; 
AMORIM, Simone; LEONELLI, Vera. Mediação Popular: Uma alternativa para a 
construção da justiça. Salvador: Juspopoli, 2009. p. 27-35. 
CERQUEIRA, Lílian. A comunicação e a comunicação organizacional: reflexões para 
atuação profissional. Salvador: Mente Aberta, 2021. 144 p. 
CERQUEIRA, Antônia Lílian Santana de. A comunicação organizacional na 
segurança pública ostensiva: análise de fundamentos específicos aplicáveis à Polícia 
Militar. Dissertação. Universidade Salvador, Salvador, Bahia, 2013. 
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p. (Polícia e Sociedade). 
HIPÓLITO, Marcello Martinez; TASCA, Jorge Eduardo. Superando o mito do 
espantalho: Uma polícia orientada para a resolução dos problemas de segurança 
pública. Florianópolis: Insular, 2012. 248 p. 
MONTEIRO, Roberto C. Manual de Gerenciamento de Crises. Ministério da Justiça. 
Academia Nacional de Polícia. Departamento de Polícia Federal. Brasília: 2004. 
OLIVEIRA, Najara Santos. A PMBA e o enfrentamento às violências: um estudo de 
caso participante sobre a dinâmica de qualificação dos policiais para atuação em 
ambiente escolar. Dissertação. UNEB, Salvador, Bahia, 2016, 173p. 
OLIVEIRA, Najara Santos. Desafios e práticas do policiamento comunitário 
orientado para a solução de problemas. Artigo de Especialização. UFBA. Salvador, 
Bahia, 2012, 22p. 
PMBA. Manual de Doutrina de Polícia Ostensiva da PMBA. Salvador, Bahia, 2020, 133p. 
PMBA. Portaria n° 020/16. Orientações quanto ao uso de mídias sociais no âmbito 
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PMBA. Portaria n° 047/2016. Regulamenta o Sistema de Comunicação Social no âmbito da 
Corporação. Salvador, Bahia, 2016. 
 
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PMBA.Manual Básico de Abordagem Policial da PMBA (2018). Salvador, Bahia, 
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SANTOS, Júlio C. LIMA FILHO, Jorge R. Apostila da Disciplina Gerenciamento de 
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https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=4855507
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=4855507

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