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Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) Antes da administração dos anestésicos locais, o cirurgião-dentista deve determinar o risco relativo apresentado pelo paciente, porque esses medicamentos agem em muitas partes do corpo, como: SNC, sistema cardiovascular e miocárdio. Também deve-se determinar o estado funcional do fígado (biotransformação), bem como a função renal (excreção). Ainda, é importante saber se o paciente já recebeu anestésico local para atendimento médico ou odontológico, e se foram analisadas reações adversas. A maioria das reações indesejáveis aos anestésicos locais é produzida não pelos medicamentos, mas como resposta à administração da substância. As duas reações psicogênicas (ansiedade*) mais comuns são a síncope vasodepressora e a hiperventilação. OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO FÍSICA E PSICOLÓGICA 1.Determinar a capacidade do paciente de tolerar fisicamente o estresse envolvido no tratamento odontológico planejado. 2.Determinar a capacidade do paciente de tolerar psicologicamente o estresse envolvido no tratamento odontológico planejado. 3.Determinar se alguma modificação é indicada para possibilitar que o paciente tolere melhor o estresse associado ao tratamento odontológico 4.Determinar se é indicado o uso de psicossedação. Se sim: 5.Determinar qual técnica de sedação é mais apropriada para o paciente. 6.Determinar se existem contraindicações para (a) o tratamento odontológico planejado ou (b) quaisquer das substâncias a serem usadas. AVALIAÇÃO FÍSICA Em odontologia, a avaliação física consiste nos seguintes três componentes: 1.Questionário do histórico médico 2.Exame físico. 3.Dálogo sobre o histórico. A partir dessas 3 etapas, o estará mais capacitados para (1) determinar o estado físico e psicológico do paciente (estabelecer a classificação de fator de risco); (2) procurar consulta médica, se indicada; e (3) modificar adequadamente o tratamento odontológico planejado, se necessário. Cada uma das três etapas do processo de avaliação é discutida em termos gerais, com ênfase na importância da avaliação do paciente que receberá anestesia local. Anamnese: o Sua saúde geral é boa? A resposta nem sempre tem a ver com o estado de saúde atual do paciente. o Foi hospitalizado ou teve doença grave nos últimos 3 anos? Se sim, qual motivo? o Se encontra em tratamento médico? Por que? Data do último exame realizado? o Teve algum problema com tratamento odontológico anterior? Especialmente homens não costumam admitir que possuem medos, mas escrevendo é mais fácil admitir. o Você está com dor? Se a dor estiver presente, o cirurgião-dentista pode precisar tratar o paciente imediatamente, em caráter de emergência. Isso pode afetar o uso da anestesia local, uma vez que o controle efetivo da dor tende a ser mais difícil de se obter na presença de infecção e dor crônica, que então causam dor aguda no paciente com medo. Você já sentiu? o Angina (dor no peito): ASA III, se estável. Se instável ou de início recente, ASA IV. Na presença de temor ao tratamento odontológico, a sedação está absolutamente indicada ao paciente anginoso. O controle efetivo da dor – anestesia local com vasoconstritor – é absolutamente indicado. o Tornozelos inchadas (ou edemacioados): indica possível insuficiência cardíaca, mas também pode advir de outros fatores. o Dificuldade respiratória. A resposta positiva a esta questão nem sempre indica que o paciente sofre de alguma doença, é necessária uma avaliação mais aprofundada. o Perda de peso inesperada e recente, febre, suores noturnos? As mudanças de peso inesperadas podem indicar IC, hipertireoidismo, câncer metastático ou diabetes melito não controlado ou outras alterações. A presença de febre e/ou de suores noturnos deve ser investigada para determinar se é inofensiva ou um possível indício da presença de problema mais significativo, como a tuberculose o Tosse persistente, com sangue? A resposta positiva exige um diálogo mais aprofundando com o paciente. Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) o Problemas de sangramento, hematomas frequentes? Se o paciente está em risco de sangramento excessivo, deve-se evitar, se possível, as técnicas de injeção com maior incidência de aspiração positiva, preferindo-se técnicas supraperiosteais, no ligamento periodontal, intraósseas ou outras com menor probabilidade de produzir sangramento. As técnicas que podem ser evitadas quando da presença de distúrbios hemorrágicos incluem o bloqueio do nervo maxilar (V2; abordagem no alto da tuberosidade), o bloqueio do nervo alveolar superior posterior, o bloqueio do nervo alveolar inferior o Sinusite? Pode indicar presença de alergia (ASA 2) ou infecção no trato respiratório superior (ASA 2). O paciente pode sentir desconforto respiratório se em posição supina, ou caso seja realizado isolamento absoluto. o Dificuldade na deglutição? Antes de realizar o tratamento deve-se procurar determinar a causa e a gravidade do problema do paciente o Diarreia, constipação intestinal, sangue nas fezes? Visa determinar se há doenças GI, onde o paciente precisa ser medicado. o Vomito frequente, náuseas? Pode ter diversas causas. o Dificuldade em urinar, sangue na urina? Requer avaliação para determinar sua causa. o Vertigem? Se sim, é aconselhado a realizar avaliação adicional, incluindo uma consulta com o clínico-geral do paciente o Zumbido nos ouvidos? Pode ser observado em casos de esclerose múltipla, tumor, infarto isquêmico, ou como efeito colateral de alguns medicamentos. o Dor de cabeça? o Desmaio? É a emergência médica mais comum, ocorre geralmente por fobias, como ex da agulha. o Visão embaçada? Conforme o avanço da idade torna- se mais comum. o Convulsão? São emergências comuns no ambiente odontológico. O candidato mais provável a ter uma convulsão é o paciente epiléptico. Antes do tratamento deve-se determinar o tipo de convulsão, a frequência de ocorrência, e o(s) medicamento(s) usado(s) para evitá-la. A modificação do tratamento com o uso de PRE é desejável. A sedação também é indicada se o paciente epilético tiver ansiedade/fobia. Paciente epilético estável: ASA 2, já aqueles com convulsões mais frequentes representam risco ASA classe 3 ou 4. A superdosagem clássica de anestésico local manifesta-se como atividade convulsiva tônico- clônica. o Sede excessiva? Observada nos pacientes com diabetes melito, diabetes insípido e hiperparatireoidismo. o Micção frequente? Pode ser benigna ou um dos sintomas do diabetes melito, diabetes insípido, síndrome de Cushing ou hiperparatireoidismo. o Xerostomia. Pode ter diversas causas, ou até mesmo medo. o Icterícia. Como anestésicos biotransformação, principalmente no fígado, a presença de disfunção hepática significativa pode representar contraindicação relativa ou absoluta à administração dessas substâncias. É preferível o cloridrato de articaína, que sofre biotransformação tanto no fígado quanto (principalmente) no sangue. o Dor, rigidez nas articulações? Pode estar associado ao uso prolongado de AAS ou outros AINES que alteram coagulação sanguínea. Em virtude das possíveis dificuldades em posicionar o paciente confortavelmente, podem ser necessárias modificações para acomodar sua incapacidade física. Você já tem ou teve? o Doença cardíaca? resposta sim, o cirurgião-dentista deve buscar informações mais específicas sobre a natureza e a gravidade do problema e a lista de todos os medicamentos tomados pelo paciente para controlar a situação. o Ataque cardíaco, defeitos cardíacos? O dentista deve determinar o tempo decorrido desde que o paciente sofreu o IM, a gravidade deste e o grau de dano residual ao miocárdio para decidir se há indicação de modificações do tratamento. O atendimento odontológico eletivo tradicionalmente tem sido negado nos primeiros 6 meses após o IM. Amaioria dos pacientes pós-IM é considerada risco ASA classe 3, 6 meses ou mais após o evento; entretanto, o paciente que tenha sofrido infarto do miocárdio dentro de 6 meses antes do tratamento odontológico planejado deve ser considerado risco ASA classe 4 até que seja obtida uma consulta com seu cardiologista. Quando há pouco ou nenhum dano residual ao miocárdio, o paciente pode ser considerado risco ASA classe 2, após 6 meses. No caso de IC, deve-se avaliar o grau de insuficiência por meio do diálogo sobre o histórico. Quando um paciente apresenta alguma condição mais grave, como IC congestiva ou dispneia (dificuldade respiratória) em repouso, justificam-se modificações Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) específicas do tratamento (como suplementação de oxigênio); o Sopro cardíaco? Deve-se determinar se o sopro é funcional (não patológico, ou ASA classe 2), se estão presentes os sinais e sintomas clínicos de estenose valvular ou regurgitação (ASA classe 3 ou 4) e se é justificada a profilaxia antibiótica. o Derrame, endurecimento das arterias? Deve-se prestar muita atenção a derrame ou AVC (maior risco de sofrer outro AVC ou convulsão caso se torne hipóxico). O controle efetivo da dor, por meio da administração de soluções anestésicas locais com vasoconstritores, não pode ser exagerado. A concentração de epinefrina deve ser minimizada (p. ex., 1:200.000), mas deve ser incluída na solução anestésica local, pois aumenta sua eficácia. O cirurgião-dentista deve ser especialmente sensível à presença de isquemia cerebral transitória, precursora do AVC, que é risco ASA classe 3. O paciente pós-AVC é risco ASA classe 4 dentro de 6 meses do AVC, tornando-se risco ASA 3 em 6 meses ou mais após o incidente (se a recuperação se der sem intercorrências). o Febre reumática? Deve-se avaliar se tem doença reumática cardíaca (DRC), se positivo, indicar a profilaxia antibiótica. o Pressão arterial elevada? O dentista deve determinar os medicamentos que o paciente está tomando, os potenciais efeitos colaterais desses medicamentos e quaisquer possíveis interações com outros medicamentos que possam ser usados durante o tratamento odontológico. o Asma, tuberculose, enfisema, outras doenças pulmonares? A presença de doença respiratória grave pode influenciar bastante o tratamento odontológico planejado e a escolha de medicamentos e técnicas, caso a sedação seja necessária. o Hepatite, outras doenças hepáticas? Podem ser transmissíveis (A e B) e indicam a presença de disfunção hepática. Como a maioria dos medicamentos sofre biotransformação no fígado, deve-se tomar cuidado ao selecionar medicamentos específicos e técnicas de administração para o paciente com disfunção hepática significativa. Em geral, indicam-se anestésicos locais com vasoconstritores, considerando a diminuição da dose nos pacientes com disfunção hepática grave. o Problemas estomacais, úlceras? A presença de úlceras estomacais ou intestinais pode ser indicativa de ansiedade aguda ou crônica e do possível uso de medicamentos como tranquilizantes, inibidores de H1 e antiácidos. O conhecimento de quais medicamentos são tomados é importante antes da prescrição de medicamentos adicionais no consultório odontológico. Inúmeros inibidores de H1 são, atualmente, de venda livre. Como muitos pacientes não consideram os produtos de venda livre medicamentos “reais”, o cirurgião-dentista deve perguntar especificamente sobre eles. A presença de úlceras não representa risco maior durante o tratamento. o Alergias a: medicamentos, látex, alimentos? Deve-se ter muita atenção a todas as alergias. A incidência de alergia verdadeira, documentada e reproduzível, à amida dos anestésicos locais é praticamente nula. Duas perguntas essenciais que devem ser feitas em todos os casos de alergia alegada são as seguintes: (1) “você pode descrever sua reação?” e (2) “como foi tratado?” o Histórico familiar de diabetes, problemas cardíacos, tumores? O conhecimento do histórico familiar pode ajudar a determinar a presença de vários distúrbios com componente hereditário. o AIDS? Deve-se ter cuidado ao manusear a seringa/agulha de anestésico local, como em todas as situações, para evitar ferimentos acidentais por picada de agulha o Tumores, câncer? A presença ou a existência prévia de câncer de cabeça ou pescoço pode exigir modificação específica da terapia odontológica. Os tecidos irradiados diminuem a resistência à infecção, a vascularização e a capacidade de cicatrização. Não existem contraindicações específicas para a administração de medicamentos para o controle da dor ou da ansiedade nesses pacientes; entretanto, as técnicas de administração de anestesia local podem, em raras ocasiões, ser contraindicadas, se os tecidos na área de depósito tiverem sido irradiados. o Artrite, reumatismo? Ver dor e rigidez nas articulações o Doenças oculares? Os pacientes com glaucoma, geralmente, são risco ASA classe 2. Não há contraindicação para a administração de anestésico local com ou sem vasoconstritores. o Doenças cutâneas? A pele exibe uma variedade de sinais clínicos de processos de doença, incluindo alergias e distúrbios cardíacos, respiratórios, hepáticos e endócrinos. Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) o Anemia? O cirurgião-dentista deve determinar o tipo de anemia presente, pois a capacidade do sangue de transportar O2 ou de deixar O2 para as outras células é menor em pacientes anêmicos. Essa diminuição pode se tornar significativa durante os procedimentos em que haja a possibilidade do desenvolvimento de hipoxia. Não há contraindicação para a administração de anestésico local com ou sem vasoconstritores. Recomenda-se a administração de O2 durante o tratamento para os pacientes com doença falciforme. As pessoas com traço falciforme representam risco ASA classe 2, enquanto aquelas com doença falciforme são risco ASA classe 2 ou 3. o ISTs? Sífilis ou gonorreia? Ao tratar pacientes com doenças sexualmente transmissíveis, os cirurgiões- dentistas e os membros da equipe estão em risco de infecção o Herpes? Na presença de lesões orais, pode-se adiar o atendimento odontológico eletivo. As técnicas padrão de barreira, como luvas de proteção, óculos e máscaras, fornecem aos operadores alguma proteção, mas não proteção total. Tais pacientes, geralmente, representam riscos ASA classe 2 e 3, mas podem ser risco ASA classe 4 ou 5 em situações extremas quando a doença está em estágio avançado. o Doença no rim, bexiga? As modificações no tratamento, incluindo a profilaxia antibiótica, podem ser apropriadas para as várias formas de doença renal crônica. Pacientes funcionalmente anéfricos são risco ASA classe 3 ou 4, enquanto aquelas com a maioria das outras formas de disfunção renal podem ser risco ASA classe 2 ou 3. o Doença na tireoide, na adrenal? Deve-se ter cautela na administração de certos grupos de substâncias (p. ex., epinefrina em pacientes com hipertireoidismo, depressores do SNC em pacientes com hipotireoidismo) o Diabetes? O paciente que responde positivamente a esta pergunta requer investigação adicional para determinar o tipo, a gravidade e o grau de controle de sua condição diabética. O paciente com diabetes melito tipo 1 (insulino-dependente, DMID) ou tipo 2 (não insulino-dependente, NDMID) raramente apresenta grande risco de complicações relacionadas com o diabetes enquanto recebe atendimento ou medicamentos de uso odontológico habituais (p. ex., anestésicos locais, epinefrina, antibióticos, depressores do SNC). As maiores preocupações durante o tratamento odontológico estão relacionadas com os possíveis efeitos dos cuidados dentários na alimentação subsequente e o desenvolvimento de hipoglicemia. o Cuidados psiquiátricos? O dentista deve estar ciente de qualquer nervosismo ou medicamento em uso (interação). o Radioterapia/Quimioterapia?Em determinadas situações a anestesia local pode ser contraindicada. o Válvula cardíaca protética? A principal preocupação do cirurgião-dentista é determinar se é necessária a profilaxia antibiótica. Pacientes com válvulas cardíacas protéticas geralmente representam risco ASA classe 2 ou 3, indicando-se a administração de anestésicos locais com vasoconstritores. A profilaxia antibiótica não é indicada para a administração de técnicas odontológicas rotineiras de injeção em tecidos não infectados o Articulação artificial? Profilaxia antibiótica não é recomendada para pacientes odontológicos com pinos, placas e parafusos ou para aqueles submetidos à substituição total da articulação. No entanto, os cirurgiões-dentistas devem considerar a pré-medicação com antibiótico em um pequeno número de pacientes que possam estar em risco maior de desenvolver infecção hematogênica da articulação total o Hospitalização? Determinar motivo, duração e medicamentos. o Transfusões de sangue? Determinar o motivo o Cirurgias? Determinar a natureza (eletiva, de emergência) e o tipo de cirurgia (cosmética, gastrintestinal, cardíaca etc.) e o estado físico do paciente no momento. o Marca passo? Embora haja pouca indicação para a administração de antibiótico nesses pacientes, aconselha-se a consulta médica antes do início do tratamento, para obtenção das recomendações específicas do médico. Comumente, o paciente com marca-passo é risco ASA classe 2 ou 3 durante o tratamento odontológico. o Lentes de contato? As considerações odontológicas para esses pacientes incluem a remoção das lentes durante a administração de qualquer técnica de sedação. Você faz uso? o Drogas recreativas? Embora a maioria dos pacientes não admita o uso de drogas recreativas, é importante fazer essa pergunta. Isso torna-se particularmente relevante quando o cirurgião-dentista considera o uso Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) de medicamentos depressores do SNC para a sedação ou de anestésicos locais com ou sem vasoconstritor, como a epinefrina. o Substancias, remédios de venda livre, remédios naturais? Como muitos pacientes fazem distinção entre os termos droga e medicação, os questionários devem usar ambos os termos para determinar quais medicamentos o paciente toma. O conhecimento das substâncias e dos medicamentos que os pacientes estão tomando permite que os cirurgiões-dentistas identifiquem problemas médicos, possíveis efeitos colaterais e possíveis interações entre esses medicamentos e as substâncias administradas durante o tratamento odontológico o Tabaco em alguma forma? Alcool? Apenas para mulheres: o Você está ou poderia estar gravida? Esta amamentando? Toma pílula anticoncepcional? A gravidez é uma contraindicação relativa para o atendimento odontológico eletivo extenso, particularmente durante o primeiro trimestre. Recomenda-se a consulta com o ginecologista- obstetra da paciente antes do início de qualquer tratamento odontológico. A administração de anestésicos locais com ou sem epinefrina é aceitável durante esse período. Para todos: o Você tem ou teve problemas médicos não listados nesse formulário? O paciente é encorajado a comentar assuntos específicos não mencionados anteriormente O questionário do histórico médico deve ser atualizado regularmente, aproximadamente a cada 3 a 6 meses ou após qualquer intervalo prolongado no tratamento. Na maioria dos casos, não é necessário refazer o questionário do histórico médico inteiro. Apenas fazer as seguintes perguntas: 1.Você teve alguma mudança na sua saúde geral desde a última consulta odontológica? 2.Você está sob cuidado médico? Se sim, qual é a condição que está sendo tratada? 3.Você está tomando alguma substância, medicamento ou produtos vendidos sem receita médica? Quando o estado de saúde do paciente mudou significativamente desde o preenchimento do último formulário, todo o histórico deve ser refeito. EXAME FÍSICO Além do histórico médico, deve-se procurar fontes de informações adicionais sobre seu estado físico. O exame físico fornece muitas dessas informações, e inclui: 1.Monitoramento dos sinais vitais. 2.Inspeção visual do paciente. 3.Testes de função, conforme indicado. 4.Ausculta cardíaca e pulmonar e exames laboratoriais, conforme indicado. O paciente deve se submeter à avaliação física mínima, na visita inicial ao consultório, antes do início de qualquer tratamento odontológico. Sinais Vitais. São seis: Pressão Arterial. Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) Frequencia (pulso) e ritmos cardíacos. Devem-se avaliar três fatores enquanto se monitora o pulso: 1.A frequência cardíaca (registrada como batimentos por minuto). 2.O ritmo do coração (regular ou irregular). 3.A qualidade do pulso (irregular, fraco, pulsante, cheio). Frequencia respiratória. Deve-se determinar a frequência respiratória furtivamente. Os pacientes conscientes de que sua respiração é observada não respirarão normalmente. Recomenda-se, portanto, que a respiração seja monitorada imediatamente após a frequência cardíaca. O observador coloca os dedos no pulso radial ou braquial do paciente após a determinação da frequência cardíaca; no entanto, deve contar as respirações (observando a subida e a descida do tórax) por um mínimo de 30 segundos, se possível por 1 minuto. A frequência respiratória normal para um adulto é de 14 a 18 respirações por minuto. A PA, a frequência e o ritmo cardíacos e a frequência respiratória fornecem informações sobre o funcionamento do sistema cardiorrespiratório. Recomenda-se que sejam registrados como parte da avaliação física de rotina para todos os pacientes. O registro dos demais sinais vitais (temperatura, altura, peso e IMC), embora desejável, pode ser considerado opcional. Temperatura A febre representa o aumento na temperatura além de 37,5°C. Temperatura acima de 38,33°C geralmente indica a presença de processo ativo de doença. Nesse caso, é necessária a avaliação da causa da febre antes do tratamento. Quando se considera a infecção dentária ou periodontal causa provável de temperatura elevada, o tratamento imediato (p. ex., incisão e drenagem, extirpação pulpar ou extração) e a terapia antibiótica e antipirética estão indicados. Se a temperatura do paciente for de 40°C ou superior, é necessário realizar consulta médica antes do tratamento. Altura e peso. Pacientes extremamente obesos ou excessivamente abaixo do peso podem ter um processo ativo de doença. Quando excessivamente altas denominam-se pessoas com gigantismo, enquanto as mais baixas, são chamadas de pessoas com nanismo. O IMC é um número calculado com base no peso e na altura de uma pessoa. Trata-se de um indicador bastante confiável de gordura corporal. Inspeção visual do paciente. A observação visual do paciente fornece ao cirurgião- dentista informações valiosas sobre o estado médico e o nível de apreensão em relação ao tratamento planejado. A observação da postura do paciente, dos movimentos, da fala e da pele pode auxiliar no diagnóstico de alterações possivelmente significativas que não tenham sido detectadas anteriormente. PROCEDIMENTOS ADICIONAIS DE AVALIAÇÃO Ocasionalmente será necessário seguir com avaliação adicional para problemas médicos específicos. Esse exame pode incluir ausculta do coração e dos pulmões, teste de níveis glicêmicos na urina ou no sangue, exame de retina, testes de função do estado cardiorrespiratório, exame eletrocardiográfico e composição sanguínea. Atualmente, muitos desses testes são usados nos consultórios odontológicos, mas não representam o padrão de atendimento em odontologia. Diálogo sobre o histórico: Depois da coleta das informações sobre o paciente, se revisa com ele qualquer resposta positiva no questionário, procurando determinar a gravidade desses problemas e qualquerrisco que possam representar durante o tratamento planejado. Determinação de risco médico: Uma vez que todos os componentes da avaliação física e o exame odontológico total estiverem completos, o cirurgião-dentista deve reunir todas essas informações e responder às seguintes perguntas: 1.O paciente é capaz, física e psicologicamente, de tolerar, em relativa segurança, o estresse envolvido no tratamento proposto? Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) 2.O paciente tem risco maior (de morbidade ou morte) do que o normal durante o tratamento? 3.Se o paciente realmente tiver risco maior, quais modificações serão necessárias no tratamento planejado para minimizar esse risco? 4.O risco é grande demais para o paciente ser tratado com segurança, como paciente ambulatorial no consultório odontológico? Para ajudar a atribuir a categoria de risco do paciente: SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO O sistema ASA representa um meio de estimar o risco médico apresentado por um paciente submetido a procedimento cirúrgico. O sistema de classificação é: •Classe 1: paciente saudável (sem anormalidades fisiológicas, físicas ou psicológicas) •Classe 2: paciente com doença sistêmica leve, sem limitação das atividades diárias, ou paciente saudável que demonstra extrema ansiedade e medo em relação à odontologia. Proceder com cautela. Exs: (1) paciente do sexo feminino, saudável grávida; (2) paciente saudável, mas extremamente fóbico; (3) paciente com alergia a medicamentos ou que seja atópico (múltiplas alergias presentes); (4) paciente adulto com PA sistólica entre 140 e 159 mmHg e/ou PA diastólica entre 90 e 94 mmHg; (5) paciente NDMID (diabetes tipo 2); (6) paciente com epilepsia bem controlada (sem convulsão no último ano); (7) paciente com asma bem controlada; (8) paciente com histórico de hiper ou hipotireoidismo, que esteja sob cuidados e atualmente em condição eutireoidiana; (9) paciente ASA classe 1 apresentando infecções do trato respiratório superior; e •Classe 3: paciente com doença sistêmica grave, que limita a atividade, mas não é incapacitante. Em repouso, esse paciente não apresenta sinais e sintomas de dificuldade (como fadiga excessiva, falta de ar e dor no peito); no entanto, quando estressado, física ou psicologicamente, exibe tais sinais e sintomas. Deve-se considerar modificações no atendimento. Ex: (1) paciente com DMID bem controlada (diabetes tipo 1); (2) paciente com doença tireoidiana sintomática (hipo ou hipertireoidismo); (3) paciente que teve IM há mais de 6 meses, sem complicações residuais; (4) paciente que teve AVC há mais de 6 meses, sem complicações residuais; (5) paciente adulto com PA sistólica entre 160 e 199 mmHg e/ou PA diastólica entre 95 e 114 mmHg; (6) paciente com epilepsia não bem controlada (várias convulsões por ano); (7) paciente com asma não bem controlada, induzida por estresse ou exercício e/ou histórico de hospitalização em virtude do estado asmático; (8) paciente com angina de peito (angina estável; p. ex., angina por esforço); (9) paciente com IC, com ortopneia (que utiliza mais de dois travesseiros) e/ou edema no tornozelo; (10) paciente com DPOC (enfisema ou bronquite crônica); (11) paciente funcionalmente nefrônico (que faz diálise renal); •Classe 4: paciente com doença sistêmica incapacitante, que é uma constante ameaça à vida. Os pacientes com essa classificação têm problemas médicos ou problemas de maior significância que o tratamento odontológico planejado. O cirurgião-dentista deve adiar o atendimento odontológico eletivo até que a condição física do paciente tenha melhorado para, pelo menos, a classificação ASA classe 3. O paciente na categoria ASA classe 4 exibe sinais e sintomas clínicos de doença mesmo em repouso. Risco grande. Exs: (1) paciente com angina de peito instável (angina pré- infarto); (2) paciente que teve IM há menos de 6 meses; (3) paciente que teve AVC há menos de 6 meses; (4) paciente adulto com PA sistólica de 200 mmHg e/ou PA diastólica de 115 mmHg ou superior; (5) paciente com disritmias não controladas (requer consulta médica antes do início do tratamento); Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) (6) paciente com IC grave ou DPOC, limitando-o à cadeira de rodas e/ou exigindo terapia suplementar de O2; (7) paciente com epilepsia não controlada; (8) paciente com DMID descontrolada; •Classe 5: paciente moribundo, que não se espera sobreviver 24 horas, com ou sem operação. O tratamento odontológico eletivo é contraindicado; no entanto, o atendimento de emergência no campo do tratamento paliativo (i. e., alívio da dor e/ou da infecção) pode ser necessário. Ex: (1) paciente com câncer em estágio final; (2) paciente com doença cardíaca e/ou pulmonar em estágio terminal; (3) paciente com doença hepática em estágio terminal; e (4) paciente com doença infecciosa terminal. •Classe 6: paciente com morte cerebral, cujos órgãos estão sendo removidos para doação. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Lidocaína: A cimetidina modifica a biotransformação da lidocaína, competindo com ela para ligar-se às enzimas oxidativas hepáticas. O resultado concreto dessa interação com a cimetidina é o aumento da meia-vida do anestésico local circulante. Somatório das interações com anestésicos locais. A combinação de anestésicos locais pode ser administrada sem o aumento desnecessário do risco de superdosagem. A toxicidade dos anestésicos locais é aditiva quando são administrados em combinação. Para minimizar esse risco, a dose total de todos os anestésicos locais administrados não deve exceder a mais baixa das doses máximas recomendadas de cada um dos fármacos. Sulfonamidas e ésteres Como regra geral, os anestésicos locais ésteres não devem ser administrados em pacientes que recebem sulfonamidas. Anestésicos locais com sedação A sedação com analgésicos opioides pode aumentar o risco de superdosagem do anestésico local. Esta é a principal preocupação nas crianças mais jovens e com menos peso. Portanto, a dose de anestésico local deve, como sempre, ser minimizada. Metemoglobinemia induzida por anestésico local A metemoglobinemia pode ocorrer quando há administração de prilocaína em doses excessivas. Vasoconstritor e antidepressivo tricíclico Os antidepressivos tricíclicos (ADTs) são comumente prescritos no tratamento da depressão acentuada. Eles podem aumentar as ações cardiovasculares dos vasoconstritores administrados exogenamente. Vasoconstritores e antagonista (betabloqueador) do receptor beta-adrenérgico não seletivo (p. ex., propranolol e epinefrina). A administração de vasoconstritores nos pacientes em tratamento com betabloqueadores não seletivos aumenta a probabilidade de elevação grave da PA, acompanhada por bradicardia reflexa O monitoramento dos sinais vitais pré-operatórios – especificamente a PA, a frequência cardíaca e o ritmo cardíaco – é altamente recomendado para todos os pacientes, mas é especialmente para aqueles que recebem betabloqueadores. Sugere-se o remonitoramento desses sinais 5 a 10 minutos após a administração do anestésico local contendo vasoconstritor. Vasoconstritor com anestésico por inalação, com hidrocarboneto Há maior possibilidade de disritmias cardíacas quando se administra epinefrina em pacientes que recebem determinados gases anestésicos gerais halogenados. Vasoconstritor com cocaína A cocaína é um anestésico local que tem efeitos estimulantes significativos no SNC e no SCV. Ela estimula a liberação de norepinefrina e inibe sua recaptação nas terminações nervosas adrenérgicas, produzindo um estado de hipersensibilidade à catecolamina. Sempre que possível, os anestésicos locais contendo vasoconstritores não devem ser administrados nos pacientes que usaram cocaína no dia da consulta odontológica. Infelizmente, é raro o consumidor abusivo de cocaínaque, voluntariamente, fornece essa informação ao cirurgião- dentista. O uso de fio retrator impregnado com epinefrina, embora não recomendado para uso em qualquer paciente odontológico, é absolutamente contraindicado em usuários de cocaína. A administração de anestésicos locais nos usuários que fazem uso abusivo de cocaína também pode aumentar o risco de superdosagem da substância anestésica. Se houver alguma suspeita de que o paciente tenha usado cocaína recentemente, ele deve ser questionado de Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) forma direta. Se a cocaína tiver sido usada nas 24 horas anteriores à consulta odontológica, ou se houver suspeita de uso nesse período, o tratamento odontológico planejado deve ser adiado. Vasoconstritor com antipsicótico ou outro bloqueador do receptor adrenérgico tipo α Os bloqueadores do receptor adrenérgico tipo α, e medicamentos antipsicóticos, podem produzir hipotensão significativa como resultado da superdosagem. O efeito hipotensor pode ser intensificado com grandes doses de vasoconstritores, que devem ser usados com cautela. Vasoconstritor com bloqueador adrenérgico neuronal Os efeitos simpatomiméticos podem ser intensificados; por isso, vasoconstritores devem ser usados com cautela. As fenotiazinas suprimem as ações vasoconstritoras da epinefrina, permitindo que sua ação vasodilatadora mais leve funcione sem oposição. Os anestésicos locais contendo vasoconstritores não são contraindicados nos pacientes que recebem fenotiazinas; entretanto, recomenda-se administrar o menor volume da menor concentração de anestésico local contendo vasoconstritor que seja compatível com o controle da dor. Vasoconstritor com hormônio tireoidiano A soma dos efeitos é possível quando os hormônios tireoidianos são tomados em excesso. Deve-se usar os vasoconstritores com cautela quando os sinais e sintomas clínicos do hipertireoidismo estiverem presentes. Vasoconstritores e inibidores da monoaminaoxidase Os inibidores da monoaminaoxidase (IMAO) são prescritos para o tratamento de depressão acentuada, alguns estados de ansiedade fóbica e transtornos obsessivo-compulsivos . Eles são capazes de potencializar as ações dos vasoconstritores usados nos anestésicos locais odontológicos. Historicamente, a administração de anestésicos locais contendo vasoconstritores tem sido absolutamente contraindicada para os pacientes que recebem IMAO, em virtude do aumento do risco de crise hipertensiva. No entanto, Yagiela et al. e Perusse et al. demonstraram que tal interação entre a epinefrina, a levonordefrina, a norepinefrina e a monoaminaoxidase não ocorreu. Essa resposta, a crise hipertensiva, desenvolveu-se com a fenilefrina, um vasoconstritor não mais utilizado atualmente nas soluções anestésicas locais odontológicas. Portanto, é apropriado afirmar que “parece não haver restrição, com base teórica, para usar anestésico local com vasoconstritor diferente da fenilefrina nos pacientes tratados com IMAO”. A maioria das interações medicamentosas conhecidas que envolvem os anestésicos locais ou os vasoconstritores ocorre com os depressores do SNC e do SCV. Sempre que uma potencial interação medicamentosa é conhecida, deve-se diminuir as doses dos anestésicos locais. Não há fórmula para o grau correto de redução. Entretanto, a prudência dita que devem ser usadas doses menores de anestésico local ou vasopressor que sejam eficazes clinicamente. O conhecimento de todas as substâncias e medicamentos, incluindo aqueles prescritos e não prescritos, bem como remédios à base de ervas usados pelo paciente, capacita melhor o cirurgião-dentista a avaliar seu bem-estar geral físico e psicológico. HIPERTEMIA MALIGNA A hipertermia maligna é rara porém uma das complicações mais intensas e potencialmente fatais associadas à administração de anestesia geral. Durante muitos anos, acreditava-se que a HM poderia ser desencadeada quando os pacientes suscetíveis eram expostos à amida dos anestésicos locais. No entanto, descobertas recentes demonstraram que os anestésicos locais com amida não são prováveis de desencadear tais episódios. Assim, a HM tem sido reclassificada como contraindicação relativa. Causas: Todos os casos relatados de HM ocorreram durante a administração de anestesia geral Os agentes anestésicos associados aos casos de HM são: succinilcolina, halotano, enflurano, isoflurano, desflurano e sevoflurano. Como a síndrome de HM ainda não foi relatada em situações nas quais o anestésico local foi a única substância administrada, é razoável que o cirurgião- dentista trate as necessidades odontológicas desses pacientes usando anestésicos locais com amida ou éster. Sugere-se consulta prévia com o médico do paciente. Nos pacientes suscetíveis, a HM pode ser precipitada por outros fatores além dos medicamentos listados. Esses fatores incluem os emocionais (excitação e estresse) e os físicos (infecção leve, lesão muscular, exercício vigoroso e temperaturas ambientais elevadas). Parece, então, que Avaliação Física e Psicológica ANESTESIOLOGIA (Cap. 10 - Malamed) o consultório odontológico é um local onde o paciente suscetível, exposto a estresses excessivos, como dor e medo, pode apresentar sintomas de HM. Tratamento odontológico do paciente com hipertermia maligna: Ao revelar a presença de HM ou quando o risco de ocorrência é alto, recomenda-se que o cirurgião- dentista entre em contato com o clínico-geral do paciente para discutir as opções de tratamento. Na maioria dos casos, indica-se o tratamento odontológico em ambiente ambulatorial, com anestésicos locais como únicas substâncias administradas; entretanto, nos pacientes de alto risco, pode ser prudente realizar o tratamento dentro dos limites hospitalares, onde os cuidados de emergência imediatos estarão disponíveis caso a síndrome de HM seja desencadeada. METEMOGLOBINEMIA É uma condição em que se desenvolve estado semelhante à cianose na ausência de anormalidades cardíacas ou respiratórias. Quando a condição é grave, o sangue parece marrom-chocolate e notam-se sinais e sintomas clínicos, incluindo a depressão respiratória e a síncope. Demonstrou-se que o anestésico local com prilocaína produz metemoglobinemia clinicamente significativa quando administrado em grandes doses nos pacientes com metemoglobinemia subclínica. A administração de prilocaína em pacientes com metemoglobinemia congênita ou outras síndromes clínicas, nas quais a capacidade de transporte de oxigênio do sangue é reduzida, deve ser evitada em razão do aumento do risco de produzir metemoglobinemia clinicamente significativa. O anestésico tópico com benzocaína também pode provocar metemoglobinemia, mas somente quando administrado em doses muito altas. Metemoglobinemia adquirida: A prilocaína pode produzir níveis elevados de metemoglobina, e essa produção está ligada com a dose. Os níveis sanguíneos máximos de metemoglobina desenvolvem-se aproximadamente 3 a 4 horas após a administração da substância e persistem por 12 a 14 horas. Sinais e sintomas clínicos e tratamento: O diagnóstico de metemoglobinemia é feito com a apresentação de cianose não responsiva à administração de oxigênio e de coloração marrom característica do sangue arterial. O tratamento definitivo dessa situação requer a administração intravenosa e lenta de azul de metileno a 1% (1,5 mg/kg). Essa dose pode ser repetida a cada 4 horas, se a cianose persistir ou retornar. O azul de metileno atua como receptor na transferência dos elétrons para a metemoglobina, acelerando a conversão do ferro férrico em ferro ferroso. No entanto, se administrado em excesso, pode causar metemoglobinemia. Outro tratamento, embora não atue tão rapidamente quanto o azul de metileno e, portanto, não seja tão popular, é a administração intravenosa ou intramuscular de ácido ascórbico (100 a 200 mg/dia). A metemoglobinemia nãodeve se desenvolver no paciente odontológico ambulatorial saudável, desde que as doses de cloridrato de prilocaína permaneçam dentro dos limites recomendados. A presença de metemoglobinemia congênita continua sendo uma contraindicação relativa à administração de prilocaína. Embora a prilocaína possa ser administrada, se absolutamente necessária, sua dose deve ser minimizada. Sempre que possível, devem-se utilizar anestésicos locais alternativos.
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