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Resumo de sociologia- Tudo se chama nuvem, tudo se chama rio_ nossos ancestrais, primeiros habitantes do Brasil _


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Resumo do capítulo 5: “Tudo se chama nuvem, tudo se chama rio”: nossos
ancestrais, primeiros habitantes do Brasil.
● “Índios”
Antes dos Portugueses chegarem às terras brasileiras, não existiam Índios, e
sim diversos povos indígenas. Quando esses europeus chegaram ao continente
americano achavam que estavam “nas Índias” (atualmente, apenas “Índia”, país
pertencente ao continente asiático) e foi daí que saiu o termo "índio”. Os europeus
adotaram esse termo como nome para TODOS os povos que aqui viviam.
Pelo contrário do que eles pensavam, os povos aqui viviam não tinham um
nome em comum que os definissem. Cada povo tinha sua própria denominação,
que o diferenciava aos demais
Segundo o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro (2006), “índio é qualquer
membro de uma comunidade indígena, reconhecido por ela como tal''. 'Comunidade
indígena’ é toda comunidade fundada em relações de parentesco ou vizinhança
entre seus membros, que mantém laços histórico-culturais com as organizações
sociais indígenas pré-colombianas”.
Isto significa dizer que essas comunidades já existiam antes da chegada dos
europeus – antes de Cristóvão Colombo – e se identificam simbólica e culturalmente
de forma diferente da sociedade brasileira.
● Luta dos povos indígenas
Com o passar dos séculos esses povos decidiram adotar o termo genérico
“índio” como forma de fortalecimento de identidade comum e de unidade na luta
contra a opressão branca e por direitos à terra. No Brasil, foi ao longo da década de
1970 que começou a se formar um movimento indígena de configuração nacional –
algo inédito e muito difícil de acontecer, haja vista a grande diversidade de povos
aqui existentes e pelas distâncias de nosso país – na busca por reconhecimento
cultural e pelo direito à terra. Aliás, a luta por territórios ainda é a principal luta dos
povos indígenas no Brasil, ou seja, a reivindicação junto ao Estado pelo
reconhecimento de suas terras originárias que foram tomadas e ainda são
disputadas por não indígenas desde 1500 até hoje.
● Povos indígenas nos livros de história
Os estudantes só aprendem algumas coisas em relação ao passado dos
povos indígenas, quase sempre a partir da chegada dos portugueses e espanhóis
em nossas terras do oeste do Oceano Atlântico e depois sumiam. Sempre se contou
uma história do passado, dando a impressão de que os “índios” são pessoas
pertencentes a uma cultura congelada no tempo como se eles não existissem mais,
ou até existem, mas estão isolados nas florestas e no “meio do mato”. Outras ideias
e imagens que se aprendem desses povos é a propaganda da grande mídia,
principalmente na TV e no cinema, que retrata o “índio” de forma folclórica e exótica,
de pena na cabeça, portando arco e flecha, e com roupas que se assemelham aos
“índios” norte-americanos.
- “Nos deram espelhos, e vimos um mundo doente”
Quando os portugueses chegaram nesta terra, os povos indígenas estavam
organizados e divididos entre os diferentes grupos étnicos. Estes povos falavam
uma diversidade de línguas.
Sendo assim, pelo contrário do que muitos pensam, no Brasil não se fala
somente uma língua, em vista de que esses povos existem até hoje.
No Brasil não se fala só o português? Bom, vamos tentar entender o que é
esta pluralidade de povos que habitam este lugar a partir da diversidade de línguas
existentes até hoje no país.
A partir do momento que os europeus começaram a empreitada da
colonização, parte dos povos indígenas tentou fugir para o interior do país,
passando a resistir de várias formas. Nem todos os povos fugiram; muitos foram
dizimados, tendo suas línguas completamente extintas; outros tantos foram
escravizados. Muitos também foram catequizados, passando a viver parcialmente
“protegidos” nas missões comandadas pelos jesuítas.
Atualmente, existem 305 povos indígenas espalhados pelo Brasil, segundo o
Censo 2010 (IBGE). Não constam desse levantamento os povos isolados – ou
“resistentes”. Portanto, temos poucas informações sobre quantos são esses povos,
assim como suas línguas e organização.
De qualquer forma, os últimos censos do IBGE apontam um crescimento da
população indígena no país. Em 1991 eram 294.131, em 2000, 734.127 e em 2010
foram identificados 817.963 indivíduos indígenas.
Um dos principais fatores que explicam este crescimento populacional entre
as populações indígenas foi o maior número de pessoas e comunidades que estão
reivindicando suas origens e o reconhecimento de suas culturas e terras.
Esse é um processo muito longo e antigo, visto que muitas dessas
comunidades ocultavam suas línguas e suas práticas culturais ancestrais para se
protegerem da violência das políticas de colonização branca e de tomada de suas
terras. Por exemplo, até a constituição de 1988, era proibido falar línguas indígenas
no país. A partir do momento que o Estado brasileiro reconheceu os direitos desses
povos, muitas comunidades puderam, então, reconstruir suas histórias para
iniciarem um processo de reconhecimento étnico (MORELLO, 2012).
- Ninguém conta essa história: que história?
Muitos se incomodam em relação à posse indígena das terras e aos modelos
de organização comunitária que esses povos defendem, que se contrapõe à
ampliação do latifúndio e do agronegócio que concentram as terras existentes em
nosso país. Sem resistência indígena, as terras passam a ficar disponíveis para o
mercado.
Essa comparação com a dinâmica de exploração presente na sociedade
capitalista fica muito evidente quando as sociedades indígenas são chamadas de
"primitivas". Diferentemente do capitalismo, seus membros trabalham somente o
necessário para suprir suas necessidades, não havendo vontade de acumular.
Isto não esconde o fato de que muitos povos indígenas apresentaram e
apresentam uma realidade de escassez.
Portanto, os preconceitos e o desconhecimento que existem ainda hoje sobre
os povos indígenas no país têm uma origem histórica e são justificados pelos
interesses de alguns grupos que pretendem eliminar qualquer resistência aos seus
projetos de desenvolvimento.
- As línguas faladas pelos povos indígenas
Estima-se que desde a chegada dos europeus foram extintas 80% das
línguas pelos milhões de povos indígenas que habitavam o continente.
Algumas dessas línguas não se perderam ou ficaram isoladas. Por exemplo,
nossa língua portuguesa falada e escrita incorporou e sofreu uma profunda
influência das línguas dos povos originários das Américas. Vejamos alguns termos
indígenas que usamos cotidianamente: Aipim, Arara, Batata, Capim etc.
Enfim, se cada língua no mundo representa um meio de comunicação, uma
pronúncia do mundo, uma visão do mundo, essas línguas indígenas são um
patrimônio cultural da humanidade.
- Conhecimentos medicinais indígenas
Muitos ignoram o profundo conhecimento indígena sobre doenças e práticas
medicinais.
Os povos indígenas também produziram conhecimentos milenares, mas
estes são ainda ignorados e recusados pela cultura branca dominante, quando não,
são apropriados de forma indevida, ou seja, sem autorização para fins de produção
de medicamentos sem nenhum retorno que os beneficie. Você não acha que isto
também pode ser considerado uma forma de racismo?
- “Quem me dera ao menos uma vez explicar o que ninguém consegue
entender”
Portanto, depois de tudo que vimos, continuar pensando que os povos
indígenas constituem um bloco único, com a mesma cultura, crenças e língua,
considerar as culturas indígenas como “atrasadas e primitivas”, achar que fazem
parte de um passado “primitivo” do Brasil, que não tem nenhuma contribuição a dar
ao “progresso” da Humanidade, não considerar a existência do índio na construção
de sua identidade, é ideia totalmente equivocada e preconceituosa.
Um fato interessante das populações indígenas é a forma como organizam
suas comunidades. As sociedades indígenas, diferente da visão convencional dos
economistas, sempre praticaram o excedente produtivo não cumulativo. Não é um
excedente que visa à acumulaçãode bens ou de riquezas, mas sim ao cumprimento
de valores sociais e morais.
Os Yanomami, por exemplo, costumam realizar longas caçadas e, quando
estas são bem-sucedidas, convidam outras comunidades, às vezes até da
Venezuela, para participarem dos resultados da caçada.
Por fim, é bom destacar que nem todo indígena vive no “mato” ou nas aldeias
das florestas. Eles também vivem nas cidades, usam celulares e computadores,
frequentam a escola e se formam em diferentes profissões.

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