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Angela Rama
Gislane Azevedo
Isabela Gorgatti
Leandro Calbente
Reinaldo Seriacopi
POLÍTICA E ÉTICA EM
 AÇÃO: CIDADANIA E DEM
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Área do conhecim
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Ciências H
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ISBN 978-65-5742-116-1
MANUAL DO 
PROFESSOR
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PRISMA
1a edição
São Paulo – 2020
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Maria Angela Gomez Rama
• Mestra em Ciências (Geografia Humana) pela 
Universidade de São Paulo (USP).
• Bacharela e licenciada em Geografia pela 
Universidade de São Paulo (USP).
• Especialista em Ensino de Geografia pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
• Licenciada em Pedagogia pela Universidade de 
Franca (Unifran-SP).
• Formadora de professores. Atuou como professora 
no Ensino Fundamental e Médio das redes pública 
e privada e no Ensino Superior.
Gislane Campos Azevedo Seriacopi 
• Mestra em História Social pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
• Professora universitária, pesquisadora e 
ex-professora de História do Ensino Fundamental e 
Médio nas redes pública e privada.
Isabela Gorgatti Cruz
• Bacharela em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP).
• Especialista em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP).
• Editora de livros didáticos.
Leandro Calbente Câmara
• Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP).
• Bacharel em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP).
• Mestre em Ciências (História Econômica) pela Universidade
de São Paulo (USP).
• Editor de livros didáticos.
Reinaldo Seriacopi
• Bacharel em Letras pela Faculdade de Filosofia, 
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). 
• Bacharel em Jornalismo pelo Instituto Metodista de Ensino 
Superior (IMS-SP).
• Editor especializado na área de História.
MANUAL DO 
PROFESSOR
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Prisma : ciências humanas : política e ética em 
ação : cidadania e democracia : ensino médio / 
Maria Angela Gomez Rama ... [et al.]. – 1. ed. – 
São Paulo : FTD, 2020.
Área do conhecimento : Ciências humanas e sociais 
aplicadas
Vários autores : Gislane Campos Azevedo 
Seriacopi, Isabela Gorgatti Cruz, Leandro Calbente 
Câmara, Reinaldo Seriacopi
Bibliografia
ISBN 978-65-5742-115-4 (Aluno)
ISBN 978-65-5742-116-1 (Professor)
1. Ciências (Ensino médio) 2. Tecnologia I. 
Seriacopi, Gislane Campos Azevedo II. Cruz, Isabela 
Gorgatti III. Câmara, Leandro Calbente IV. Seriacopi, 
Reinaldo
20-44109 CDD-372.7
Índices para catálogo sistemático:
1. Ciências : Ensino médio 372.7
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
 
Copyright © Maria Angela Gomez Rama, Gislane Campos Azevedo Seriacopi, Isabela 
Gorgatti Cruz, Leandro Calbente Câmara e Reinaldo Seriacopi, 2020
Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira
Direção editorial adjunta Luiz Tonolli
Gerência editorial Flávia Renata Pereira de Almeida Fugita
Edição João Carlos Ribeiro Junior (coord.)
Bárbara Berges, Carolina Bussolaro, Maiza Garcia Barrientos Agunzi,
Siomara Sodré Spinola
Preparação e revisão de textos Maria Clara Paes (sup.)
Danielle Costa, Diogo Souza Santos, Eliana Vila Nova de Souza, 
Felipe Bio, Fernanda Rodrigues Baptista, Graziele Cristina Ribeiro, 
Jussara Rodrigues Gomes, Kátia Cardoso da Silva, 
Lívia Navarro de Mendonça, Rita Lopes, Thalita Martins da Silva Milczvski, 
Veridiana Maenaka
Gerência de produção e arte Ricardo Borges
Design Daniela Máximo (coord.), Sergio Cândido
Imagem de capa nastas_styles/Shutterstock.com
Arte e Produção Vinicius Fernandes (sup.)
Ana Suely Silveira Dobon, Karina Monteiro Alvarenga, 
Jacqueline Nataly Ortolan (assist.)
Diagramação C2 Artes 
Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga
Licenciamento de textos Érica Brambila, Bárbara Clara (assist.)
Iconografia Priscilla Liberato Narciso, Ana Isabela Pithan Maraschin (trat. imagens)
Ilustrações Andreia Vieira, Davi Augusto, Eber Evangelista, Leandro Ramos, Ricardo 
Sasaki, Sonia Vaz
Em respeito ao meio ambiente, as folhas 
deste livro foram produzidas com fibras 
obtidas de árvores de florestas plantadas, 
com origem certificada.
Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD
CNPJ 61.186.490/0016-33
Avenida Antonio Bardella, 300
Guarulhos-SP – CEP 07220-020
Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375
Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 
de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à
EDITORA FTD.
Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP
CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300
Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970
www.ftd.com.br
central.relacionamento@ftd.com.br
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APRESENTAÇÃO
Diariamente, somos bombardeados por notícias e informações na internet, 
na televisão, nos jornais, o que torna muito difícil entender o que acontece no 
mundo e identifi car aquilo que é signifi cativo para nós e que pode infl uenciar 
nosso cotidiano e impactar nossa comunidade. Se muitas vezes você tem a sen-
sação de que não consegue analisar satisfatoriamente esse imenso volume de 
informações, saiba que não está sozinho.
As Ciências Humanas e Sociais Aplicadas são uma ferramenta importante para 
nos ajudar a refl etir sobre o mundo em que vivemos. Os saberes desenvolvidos 
pela História, pela Geografi a, pela Sociologia e pela Filosofi a permitem mobilizar 
competências e habilidades fundamentais para o exercício do pensamento crítico, 
essencial para transformarmos as informações recebidas diariamente em conhe-
cimentos capazes de nos ajudar a modifi car a realidade que nos cerca.
Para auxiliá-lo nessa tarefa, selecionamos um conjunto de temas importan-
tes para a compreensão dos tempos atuais. Por meio de textos, mapas, gráfi cos, 
tabelas, fotografi as e muitos outros documentos, você terá condições de interpre-
tar e analisar criticamente não só a sua realidade, mas o mundo de uma maneira 
mais ampla. Com isso, esperamos ajudá-lo no exercício da cidadania e no desen-
volvimento de práticas colaborativas que contribuam para a construção de uma 
sociedade mais justa, em busca do bem-estar coletivo.
Esperamos oferecer o conhecimento necessário para você desenvolver uma 
visão crítica da realidade e se sentir seguro para adotar uma postura protagonista 
em seu dia a dia.
Os autores
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UNIDADE
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Participação 
política
Um aspecto central para a construção de 
uma sociedade justa é assegurar participa-
ção política atodos os cidadãos. Participar 
da política não significa apenas votar ou 
acompanhar o desempenho do governo; 
significa também se envolver em ações 
comunitárias, se engajar em grupos, tomar 
parte de discussões de temas do interesse 
da coletividade e de manifestações públicas 
ou fazer uso da internet para debater ideias e 
promover formas de atuação coletiva. Nesta 
unidade, vamos refletir sobre a organização 
do governo e as diferentes possibilidades de 
participação política.
1. Você considera que participa ativamente da
política? Como você faz isso?
2. O que pode ser feito para promover a maior
participação dos jovens na política no Brasil
contemporâneo?
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
■ Ilustração de Paulica Santos, 2012.
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FAKE NEWS
Fake news é um termo em inglês que significa "notícia falsa". Atualmente, podemos 
definir as fake news como notícias ou informações falsas ou, ainda, distorcidas, pro-
duzidas e disseminadas intencionalmente para confundir os leitores. Com a internet, 
as fake news ganharam grande notoriedade em razão da velocidade e da quantidade 
de informações que recebemos diariamente por meio de diversos suportes midiáticos.
As fake news acarretam as mais diversas consequências, como, por exemplo, modi-
ficar cenários eleitorais e reduzir o número de mães e pais que vacinam seus filhos.
Neste projeto, utilizaremos a análise de mídias tradicionais para produzir um folheto 
informativo, com o objetivo de ajudar a comunidade a identificar fake news e a se infor-
mar de maneira segura.
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CAPÍTULO
Em 2019, ocorreu um lance inusitado em uma partida de futebol 
na Dinamarca. As equipes do Vejle e do AGF disputavam um jogo para 
fugir do rebaixamento. Em determinado momento, a partida foi inter-
rompida quando a bola estava com o AGF. O time do Vejle como manda 
o fair play, deveria devolver a bola aos jogadores do AGF.
O atacante do Vejle, porém, chutou a bola em direção ao campo adver-
sário e surpreendentemente marcou um gol. A situação criou uma grande 
confusão, já que era um gol que poderia mudar o futuro das duas equipes. 
Os jogadores começaram a discutir e precisaram entrar em um acordo para 
solucionar o impasse da forma mais justa possível. A solução foi permitir 
que o AGF marcasse um gol para reestabelecer a igualdade no placar.
Essa situação é um exemplo de como a ética é um campo de refle-
xão muito importante para a vida cotidiana. Os jogadores das duas 
equipes iniciaram uma discussão em torno de valores. O objetivo disso 
era determinar o que era justo e o que era injusto.
O que transforma essa discussão em um problema ético é o fato 
de que não havia uma solução predeterminada para o conflito entre 
as equipes. As regras do futebol não estabelecem o que fazer em uma 
situação como essa. Além disso, o juiz da partida não tinha elementos 
prévios para resolver o conflito e estabelecer a decisão mais justa.
Assim, a decisão dos jogadores foi tomada a partir da reflexão em 
torno do problema, visando ao comportamento mais adequado. Essa 
decisão criou um valor ético, que foi respeitado por todos. Ao final, a 
partida foi reequilibrada e o AGF venceu o adversário por 4 a 2. Mesmo 
derrotada, a equipe do Vejle jogou a partida de forma ética. 
Neste capítulo, vamos refletir sobre o conceito de ética e analisar 
como ele é importante para a vida de todos nós.
A ética no mundo 
contemporâneo
■ Cena de partida de 
futebol disputada 
entre as equipes 
do Vejle e do AGF, 
em Vejle, Dinamarca, 
2019.
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Como vimos , os valores se transformam ao longo do tempo. Por 
isso, algumas ideias consideradas corretas no passado são vistas atual-
mente como práticas criminosas que devem ser combatidas. O estudo 
da ética é muito importante nesse processo, já que ele pode ajudar a 
avaliar as transformações dos valores de modo a não reproduzir precon-
ceitos ou práticas violentas que eram consideradas moralmente corretas 
em outras épocas.
O texto a seguir, escrito por um juiz dos Estados Unidos em 1927, é 
um exemplo. Leia atentamente e responda ao que se pede:
É melhor para todo mundo se, em vez de esperar para executar os 
descendentes degenerados por algum crime ou deixar que morram de 
fome por causa da imbecilidade, a sociedade possa prevenir aqueles 
que são manifestadamente inaptos de se reproduzirem. O princípio 
que sustenta a vacinação obrigatória é suficientemente amplo para 
cobrir o corte das trompas de Falópio. [...] Três gerações de imbecis 
são suficientes.
Fonte dos dados: LANG-STANTON, P.; JACKSON, S. Eugenia: como movimento para criar seres humanos 
‘melhores’ nos EUA influenciou Hitler. BBC News Brasil, 23 abr. 2017. Disponível em: https://www.bbc.com/
portuguese/internacional-39625619. Acesso em: 10 jun. 2020.
 1. Tendo em vista o atual conhecimento científico, por que a proposta do 
juiz não se justifica? Caso julgue necessário, pesquise informações para 
fundamentar sua resposta.
 2. Do ponto de vista ético, por que a proposta do juiz é incorreta? Apresente 
argumentos para justificar seu posicionamento.
3. Imagine que você deve ela-
borar uma resposta ao juiz. 
Escreva uma carta mobili-
zando argumentos cientí-
ficos e éticos para refutar 
aquilo que ele defende. Ao 
final, discuta seu texto com 
os colegas em sala de aula.
Corte das trompas de 
Falópio
Método de esterilização 
de mulheres.
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS>
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NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
■ Ilustração 
representando a 
"Árvore Eugenia" e 
a ideia de evolução 
humana por meio das 
raízes, que extraem 
materiais de diversas 
fontes. O cartaz foi 
utilizado como símbolo 
do Segundo Congresso 
Internacional de 
Eugenia, realizado em 
Nova York (Estados 
Unidos), em 1922.
19
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Abertura dos 
capítulos
Todos os capítulos iniciam-se 
com algum assunto do presente, 
para que você possa começar 
a entender como as Ciências 
Humanas e Sociais Aplicadas se 
relacionam com o seu cotidiano.
Atividades
Conjunto de atividades que 
aparece ao final de muitos 
capítulos. É o momento em 
que você aplica os saberes 
apreendidos e exercita sua 
reflexão a respeito de diferentes 
temas estudados. 
Linguagens e leituras
Esta atividade trabalha habilidades de leitura e 
interpretação de diferentes tipos de documentos, 
como mapas, gráficos, tabelas, charges, fotografias, 
textos impressos etc. Muitas vezes, você será 
convidado a relacionar informações em documentos 
distintos. A seção encontra-se no meio dos capítulos, 
mas pode aparecer também ao final deles. 
Abertura das 
unidades
Texto e imagem apresentam 
o tema central da unidade. 
Também encontram-se 
perguntas que auxiliam na 
reflexão sobre o assunto. 
Muitas imagens presentes 
nas aberturas são trabalhos 
de artistas plásticos 
contemporâneos. Todos os 
volumes estão divididos 
em quatro unidades, e cada 
unidade tem dois capítulos.
Nossa comunidade
Por meio desta seção, você e seus colegas desenvolverão um projeto que impactará a 
comunidade em que vivem. É o momento de exercerem o protagonismo. São dois projetos 
por livro, cada um composto de quatro etapas que aparecem ao final de cada capítulo. 
Esta coleção é composta de seis volumes. A seguir, apresentare-
mos algumas das principais características das obras.
NÃO ESCREVA 
NO LIVROATIVIDADES>
• Democracia é o tema da tirinha reproduzidaabaixo. Observe-a com aten-
ção e responda ao que se pede.
 1. Na tirinha vemos personagens que representam dois grupos distintos. 
a) Quais grupos são representados? 
b) Que elementos presentes na tirinha embasam sua resposta? 
 2. A tirinha faz referência à democracia. 
a) O que é a democracia, no seu entendimento? 
b) De que maneira essa ideia encontra-se expressa na charge? 
 3. Pode-se dizer que a imagem mostra um equilíbrio de forças entre dois 
grupos? Justifique.
 4. De acordo com a cartunista, de que modo é possível haver um equilí-
brio de forças? 
Como essa ideia é transmitida na charge? Você concorda com essa
ideia?
 5. Além da democracia, a tirinha faz referência a outro elemento funda-
mental da vida política. Qual é ele? 
 6. Resuma em uma frase a mensagem que a tirinha transmite, em sua 
opinião. 
LA
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LAERTE. [Tirinha]. Folha de S.Paulo, 1o maio 2018.
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Glossário
As palavras 
destacadas nos 
textos ganham 
uma explicação 
aprofundada 
no glossário.
CONHEÇA
SEU LIVRO
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INVESTIGAÇÃO>
O slam como forma de resistência 
Slam (slam poetry) é um estilo de poesia apresentada em forma de batalha e, 
por isso, também conhecido como batalha de slam. Os poetas devem ler ou recitar 
produção autoral, sem uso de adereços ou instrumentos, mas podem apresentar 
performances. 
■ Apresentação de slam em CIEP da cidade do Rio de Janeiro (RJ), 2020.
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O termo slam teve origem em Chicago, nos Estados Unidos, em 1984, e seu sig-
nificado está relacionado ao som de uma batida de porta ou janela. Atualmente, as 
batalhas de slam são realizadas em mais de 500 comunidades do mundo. No Brasil, 
todos os anos acontece o Slam BR – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, cujo 
vencedor compete na Copa do Mundo de Slam, realizada anualmente na França.
Esse acontecimento poético dá voz a poetas da periferia, que trazem à tona 
questões da contemporaneidade, convidando o público a refletir sobre os temas 
abordados e provocando a tomada de consciência política.
Os temas normalmente estão relacionados à realidade das periferias, como 
racismo, feminismo, desemprego, violência. Por isso, o slam é uma forma de resis-
tência e, como tal, uma prática política. 
Com base nessas informações e em outras pesquisas, organize, coletivamente, 
uma batalha de slam na escola. 
Para iniciar essa atividade, em primeiro lugar, converse com os professores sobre 
como efetivar esse evento. 
40
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Em seguida, com a ajuda de seus colegas, organize a turma em duplas ou trios 
para a criação das poesias e monte as chaves para determinar a ordem de confronto 
entre as duplas e trios, desde a primeira fase até a final. A ideia é que o número de 
participantes se reduza a cada fase.
Após a organização do evento, escolha os professores que serão os jurados 
para determinar quem venceu cada confronto. É importante discutir previamente 
as regras de avaliação, de modo que todos tenham clareza dos critérios.
Com o evento planejado, é o momento de criar os slams. Para isso, os grupos 
devem selecionar os temas das poesias e pesquisar informações. Também é inte-
ressante buscar na internet exemplos de slams para ter uma ideia mais clara sobre 
o formato dessa produção.
Com as poesias finalizadas, é importante ensaiar a apresentação. Caso nem 
todos os membros do grupo se sintam à vontade para se apresentar, é possível 
selecionar um representante. É necessário, porém, que todos os grupos apresentem 
suas produções no momento do confronto.
Pronto, agora basta iniciar o evento. É importante respeitar os colegas e acom-
panhar atentamente as apresentações de todos. Além disso, é interessante registrar 
as apresentações por meio de fotos ou filmagem. Caso o grupo esteja de acordo, é 
possível divulgar as batalhas nas redes sociais.
Ao final, organizem uma etapa de discussão com todos os participantes, para 
entender como cada um interpretou os poemas e de que forma a atividade ajudou 
a refletir sobre nossa sociedade.
	■ Grande final do Slam BR 2019 – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, no Sesc Pinheiros, em 
São Paulo (SP), 2019.
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O Complexo do Alemão, ou Morro do Alemão, na zona norte do 
Rio de Janeiro, é formado por 13 comunidades e abriga uma população 
de 180 mil pessoas. Esses moradores convivem com uma série de pro-
blemas, como ruas esburacadas, falta de eletricidade e de saneamento 
básico. Em 2010, os moradores do Complexo do Alemão viveram um 
momento de grande tensão quando tropas das Forças Armadas e da 
Polícia Militar ocuparam o morro, e as ruas se transformaram em um 
palco de guerra entre militares e traficantes. Foi a partir desse momento 
que Rene Silva ganhou reconhecimento.
Na época com 17 anos, Rene, de dentro de sua casa – localizada no 
Morro do Adeus, uma das comunidades do complexo –, começou a 
publicar em uma rede social informações sobre o confronto em tempo 
real. Suas postagens se tornaram a principal fonte de notícias sobre 
os conflitos e viralizaram com rapidez. Em poucas horas, o perfil Voz 
das Comunidades, criado por Rene em uma rede social para divulgar 
as informações, recebeu milhares de seguidores do Brasil e de vários 
outros países. Mais do que isso, ganhou destaque nas mídias nacionais 
e internacionais.
A experiência de Rene com o jornalismo comunitário começou aos 
11 anos, quando lançou na escola o jornal Voz das Comunidades, para 
divulgar os problemas do Morro do Adeus. Com apenas quatro páginas 
e uma tiragem de 50 exemplares, o periódico ajudou a comunidade a 
chamar a atenção do poder público para suas reivindicações.
■ Rene Silva, funda-
dor do jornal Voz 
das Comunidades, 
no Complexo do 
Alemão, Rio de 
Janeiro (RJ), em 2020.
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Contando com uma equipe reduzida de colaboradores, todos da 
mesma faixa etária de Rene, o jornal passou a ser patrocinado por comer-
ciantes locais, o número de páginas aumentou e a tiragem saltou para 5 mil 
exemplares. Tudo isso antes dos acontecimentos de 2010.
Desde então, o Voz das Comunidades só cresceu, e seu campo 
de atuação se expandiu, transformando-se em um portal na internet. 
Além disso, ele tem contas em diversas redes sociais que conquistaram 
centenas de milhares de seguidores. O jornal, que no início circulava 
apenas no Morro do Adeus, chegava a dez comunidades do Complexo 
do Alemão em 2020. 
Além de dar voz aos moradores do Complexo do Alemão e mostrar 
as potencialidades do lugar, o Voz das Comunidades passou a realizar 
atividades ligadas à cultura, à assistência social, à educação e ao lazer. 
Todo esse trabalho desenvolvido por Rene lhe rendeu projeção inter-
nacional. Em 2018, a Mipad, uma organização sediada em Nova York e 
ligada às causas dos afrodescendentes, elegeu Rene como uma das 100 
pessoas negras mais influentes do mundo. 
No Brasil, o trabalho de Rene serviu de inspiração para a criação de 
outros portais comunitários, como o Nordeste Eu Sou, de Salvador; e 
o Diário de Ceilândia, no Distrito Federal. A respeito de seu trabalho, 
Rene declarou:
A realidade das favelas é não ter voz, não ter espaço, não ter mídia, 
e o meu desejo é fazer com que a gente tenha voz e espaço e que 
consiga, de fato, mais jovens assim como eu.
XAVIER, E. Do Complexo do Alemão ao mundo, Rene Silva amplia voz de quemnão tem palavra. GQ, 20 jul. 
2020. Disponível em: https://gq.globo.com/Prazeres/Poder/noticia/2020/07/do-complexo-do-alemao-ao-
mundo-rene-silva-amplia-voz-de-quem-nao-tem-palavra.html. Acesso em: 12 ago. 2020.
 1. Com base na leitura do capítulo, pode-se dizer que o trabalho de Rene 
Silva é um exemplo de participação política? Por quê?
 2. Rene afirma: “A realidade das favelas é não ter voz, não ter espaço, não 
ter mídia”. Em sua opinião, por que isso acontece? Qual é o impacto dessa 
realidade para os moradores das comunidades?
 3. A pouca idade não impediu Rene de realizar o desejo de escrever um 
jornal para a comunidade em que vivia. Como você reage quando se 
depara com algum problema que pode impedir a concretização de um 
objetivo seu? Você desiste ou procura alternativas? Conte para seus cole-
gas sobre seu comportamento nessas ocasiões, procurando ilustrar com 
uma experiência vivida por você.
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
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Conceito em mudança permanente
A própria ideia de cidadania está em mudança permanente. Ela varia de uma 
nação para outra, de um momento histórico para outro. Se, hoje, esse conceito é 
cada vez mais inclusivo, na antiga Grécia, onde a ideia da cidadania surgiu, ele tinha 
um caráter excludente. 
Nas antigas pólis, nem todos tinham direitos de cidadania. As pessoas escraviza-
das, por exemplo, tinham muito menos direitos que os cidadãos livres. Além disso, 
mulheres e estrangeiros não podiam participar da vida política da cidade. 
Ainda hoje, o conceito de cidadania varia de um lugar para outro. Ser cidadão, 
no Brasil, é diferente de ser cidadão nos Estados Unidos ou na França. Uma das 
grandes questões na atualidade é como garantir a cidadania a todos, considerando 
as diferenças étnicas, religiosas, culturais, sociais e econômicas observadas em um 
mundo cada vez mais globalizado, plural e multicultural.
São questões para as quais ainda não se tem uma resposta, mas, como afirma 
o historiador Peter Demant (1951-), para que a cidadania beneficie a todos, é neces-
sário que as relações entre maioria e minorias, inclusive em nível institucional (leis, 
políticas públicas etc.), sejam renovadas de modo a considerar os interesses de toda 
a população, não apenas os das elites.
■ Refugiados e migrantes chegam a bordo de um barco inflável à ilha de Lesbos (Grécia), 2020. 
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Observe as fotografias desta página e da página anterior. Em sua opinião, as pessoas retratadas têm 
seus direitos de cidadão assegurados? Em sua comunidade, existem grupos que carecem desses 
direitos? Justifique suas respostas.
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Esses vazios de cidadãos podem ser verificados em diferentes 
escalas espaciais: quando se comparam as grandes regiões, unidades 
da federação, municípios e regiões dentro dos municípios, e quando se 
verificam vazios nas periferias das cidades.
Para que não fiquemos apenas na constatação dos vazios de cida-
dãos, vale lembrar que não há outro caminho para reduzir ou eliminar 
tais vazios que não o da participação democrática de toda a população. 
Essa participação, como já vimos, vai muito além do voto, devendo cada 
cidadão estar alerta, cobrar as autoridades e manifestar-se, sempre con-
siderando a lei maior do país, a Constituição.
	■ Rua alagada no bairro 
Terra Firme. Os mora-
dores convivem com 
esgoto a céu aberto 
e frequentes alaga-
mentos do canal Lago 
Verde, que cruza o 
bairro. Belém (PA), 2019. 
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM
• Observe atentamente a fotografia desta página e analise a cena retratada 
com base no conceito de vazio de cidadãos.
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 Winter on fire: Ukraine’s fight for freedom
Direção: Evegny Afineevsky. Estados Unidos/Ucrânia, 2015. Vídeo (98 min).
O documentário, cujo título pode ser traduzido como “Inverno em chamas: a luta 
da Ucrânia pela liberdade”, aborda a Revolução Ucraniana de 2014, quando jovens 
foram às ruas protestar contra a aproximação entre o governo ucraniano e a União 
Europeia. O filme mostra a complexa rede de influências formada por países como 
Rússia e Estados Unidos, além da União Europeia e partidos de extrema direita.
Disponível em: https://www.netflix.com/br/title/80031666. Acesso em: 5 set. 2020.
A onda
Direção: Dennis Gansel. Alemanha, 2009. DVD (107 min).
O filme narra a história de um professor que ministra aulas sobre regimes 
autocráticos por meio de práticas pedagógicas pouco convencionais. A narrativa 
mostra a facilidade com que discursos autocráticos conseguem manipular as 
massas, principalmente os jovens, que estão em processo de formação de 
personalidade.
> SAIBA MAIS
E-democracia
Disponível em: http://www.edemocracia.leg.br/. Acesso em: 22 ago. 2020.
A plataforma, criada em 2009 pela Câmara dos Deputados, permite a participação 
popular por meio da gestão de dados públicos. É possível encontrar diversos 
modelos de participação, como edição colaborativa de projetos de lei e interação 
em audiências. 
Oxfam Brasil
Disponível em: https://www.oxfam.org.br/justica-social-e-economica/forum-
economico-de-davos/tempo-de-cuidar/. Acesso em: 22 ago. 2020.
O link dá acesso a informações recentes sobre a desigualdade econômica no mundo 
e ao relatório Tempo de cuidar – O trabalho de cuidado não remunerado e mal pago 
e a crise global da desigualdade, disponível para download. Navegando no site da 
organização, é possível acessar notícias atualizadas sobre desigualdades e direitos 
humanos; juventudes, gênero e raça; e justiça econômica. 
A ONU e a democracia
Disponível em: https://nacoesunidas.org/acao/democracia/. Acesso em: 06 set. 
2020.
A página das Organização das Nações Unidas apresenta o trabalho desenvolvido 
pela ONU na promoção da democracia, incluindo o apoio à participação política das 
mulheres no mundo.
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O movimento ambientalista também ganhou destaque nos últimos 
anos. Para fazer frente às crescentes agressões ao meio ambiente – como 
desmatamentos, extinção de espécies, despejo de produtos tóxicos na 
natureza –, que geram prejuízos sociais para as atuais e as futuras gera-
ções, os ambientalistas vêm defendendo a necessidade de alterações 
na estrutura da economia global e no padrão de consumo das pessoas. 
Nessa esteira também atua o movimento indígena, cuja pauta está cada 
vez mais vinculada à preservação do meio ambiente.
Existem, ainda, grupos que lutam pela ampliação dos direitos de 
populações marginalizadas. No Brasil, há dois importantes movimentos 
sociais que lutam, respectivamente, por moradia e terra: o Movimento 
dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores 
Rurais Sem Terra (MST). Enquanto o primeiro reivindica o direito à 
moradia para famílias carentes, o segundo reclama a concessão de terras 
públicas e improdutivas a agricultores que não possuem condições de 
adquirir propriedades. Ambos buscam implementar dispositivos da 
Constituição de 1988, que inclui o direito à moradia (artigo 6º) e uma 
política de reforma agrária (artigos 184 a 191).
	■ Voluntárias trabalham 
na campanha 
Marmita Solidária, 
iniciativa organizada 
para fornecer água, 
alimentos e banho à 
população em situação 
de rua durante a 
pandemia da covid-19, 
no Recife (PE), 2020.
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• O movimento ambientalista vem ganhando um protagonismo cada vez maior nos últimos anos. 
Pesquise sobre a atuação dos diversos grupos dedicados a essa questão. Em seguida, escreva um 
texto no caderno, explicando a relação entre a causa ambiental e os direitos humanos. 
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De mãos dadas
Atividades que relacionam temas 
do capítulo com sua realidade, 
como seus amigos, sua escola, seu 
bairro, seu município etc. Aparece 
de forma aleatória nos capítulos.
Saiba mais
Aqui você encontra 
sugestões de 
filmes, sites, 
vídeos, podcasts, 
livros e outros 
materiais que 
ampliam os 
saberes explorados 
nas unidades. 
Leitura de 
imagem
Atividade de leitura 
e análise de mapas, 
gráficos, charges e 
outras linguagens 
imagéticas. Aparece 
de forma aleatória 
nos capítulos.
Meus argumentos
Momento em que você expõe 
suas ideias, pois esta seção 
explora sua capacidade de 
analisar, refletir e argumentar 
a respeito de determinado 
assunto. Aparece de forma 
aleatória nos capítulos.
Eu também posso
Esta seção apresenta exemplos de jovens que exerceram o 
protagonismo e promoveram mudanças na comunidade em que 
vivem. O texto vem acompanhado de atividades que exploram, 
entre outros itens, suas competências socioemocionais. Esta seção 
aparece duas vezes por volume.
InvestigAção
Esta seção estimula o pensamento crítico. Aliando criatividade com 
diferentes práticas de pesquisa, você será convidado a solucionar 
problemas e desafios relacionados ao seu cotidiano. Esta seção 
aparece duas vezes por volume.
Este ícone aparece 
junto das atividades 
em que é proposto o 
trabalho em grupo.
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Ética e política . . . . . . . . . . . . . . . 10
UNIDADE
1
> Capítulo 1 A ética no mundo 
contemporâneo . . . . . . . . . . . . . . . 12
O que é ética? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Ética e moral são a mesma coisa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Ética no dia a dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Vivemos uma crise ética? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
A modernidade líquida e a crise ética . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Ética, bem-estar e território . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
> Capítulo 2 Política não se 
discute? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
O que é política? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Política e justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Política e cidadania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Política e poder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34
O poder está em toda parte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34
Poder, política e resistência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Negação da política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36
Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38
InvestigAção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
Direitos humanos . . . . . . . . . 44
UNIDADE
2
> Capítulo 3 Em busca da 
cidadania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46
É possível ser feliz? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Reflexões sobre a felicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
A felicidade como direito humano . . . . . . . . . . . . . . . .49
Hobbes e a soberania popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Locke e os direitos individuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Direitos universais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Cidadania hoje . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54
Conceito em mudança permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Cidadania e espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56
Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58
Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59
> Capítulo 4 O que são os 
direitos humanos? . . . . . . . . 60
Evolução histórica dos direitos humanos . . . . . . . 61
Os quatro pilares dos direitos humanos . . . . . . . . . . . . .62
Direitos para grupos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63
Desigualdades estruturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65
Conquistas sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66
Muito a conquistar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Mundo: violação dos direitos 
humanos, 2014 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68
A luta por direitos sociais no presente . . . . . . . . . . . . . . . 70
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Eu também posso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
SUMÁRIO
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Participação 
política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78
UNIDADE
3
> Capítulo 5 A organização do 
governo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Diferentes formas de organização do 
governo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
A divisão dos poderes e a organização 
do governo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83
Formas de governo e regimes políticos . . . . . . . . . . . . . 84
Atividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .85
As origens do governo no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86
A independência e a organização de um 
governo autônomo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86
A primeira democracia brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
O governo brasileiro no século XX: 
entre ditaduras e democracias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88
Um breve período democrático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88
A Nova República e o problema da corrupção . . . . . 90
Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .92
Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93
> Capítulo 6 Participação política . . . . 94
O que é participação política? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95
Participação política e governo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95
Outras formas de participação política ao 
longo do tempo . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
A invenção do sufrágio como forma de 
participação política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .98
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99
A participação política na era da internet . . . . 100
Internet e colaboração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
A internet e a organização de movimentos 
sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
O problema da desigualdade de acesso 
à internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
O jovem e a participação política . . . . . . . . . . . . . . . 104
As Jornadas de Junho de 2013 e a mobilização 
estudantil de 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Eu também posso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Organização 
do Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
UNIDADE
4
> Capítulo 7 A organização do 
Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
A gênese do Estado moderno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
O fortalecimento da autoridade dos reis . . . . . . . . . . . 116
Os primeiros Estados centralizados: as 
monarquias nacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
A organização do Estado brasileiro . . . . . . . . . . . . . 119
Estado-nação e nações sem Estado . . . . . . . . . . . . 123
Nações e nacionalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Nacionalismo e conflitos contemporâneos . . . . . . . . 124
O conflito na Palestina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
> Capítulo 8 A democracia pode 
morrer? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Origens da democracia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Os limites da democracia ateniense . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Espinosa: uma defesa radical da democracia . . . . . 130
As revoluções do século XVIII: a disseminação 
dos ideais democráticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Democracia no século XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
O fascismo e a crise da democracia . . . . . . . . . . . . . . . . 133
A retomada da democratização no pós-guerra . . 134
Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
A democracia e o sistema internacional . . . . . . 136
O impacto dos conflitos do mundo bipolar no 
processo de democratização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Organismos internacionais e o processo de 
democratização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Democracia e desigualdade social . . . . . . . . . . . . . . 138
Uma nova crise da democracia? . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
InvestigAção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
> FICHAS DE AUTOAVALIAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
> BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR . . . . 154
> BIBLIOGRAFIA COMENTADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Orientações para o professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
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NESTE VOLUME
 Objetivos, justificativas, competências e habilidades
Você já parou para pensar por que e para que estuda os conteúdos escolares? Eles devem ter importância 
para sua vida, sendo uma ferramenta a mais para que você, com seus colegas e professores, pensem em solu-
ções para diferentes problemas do cotidiano, da sociedade brasileira e do mundo em geral.
Apresentamos, a seguir, as justifi cativas (importância) e os objetivos (para que) de cada unidade deste 
livro e também indicamos competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), cujos textos 
se encontram ao fi nal do livro.
UNIDADE 1 Ética e política
Justificativa • Por que é importante estudar este 
conteúdo?
A ética e a política são práticas fundamentais para a orga-
nização e a transformação das sociedades contemporâneas. Por 
essa razão, é fundamental refl etir sobre esses conceitos e enten-
der o modo como eles se manifestam no cotidiano. Assim, esta 
unidade analisa e incentiva refl exões sobre o papel dessas práti-
cas na transformação de nossa sociedade.
Objetivos • Devo estudar este conteúdo para...
1. Refl etir sobre a importância da ética e da política ao longo 
do tempo na organização das sociedades contemporâneas, 
analisando cada um desses conceitos.
2. Compreender a ética como campo de refl exão humana, 
que se dedica a analisar os valores sociais, a fi m de pro-
blematizar questões contemporâneas, como as fake news.
3. Valorizar posturas éticas, compreendendo a importância 
delas na vida cotidiana e na resolução dos confl itos, como 
forma de construir uma sociedade mais equilibrada e justa.
4. Reconhecer a importância da ação ética para a transforma-
ção de nossa sociedade, diferenciando regra moral e ação 
ética.
5. Compreender que a política é uma forma de exercer o 
poder por meio de discussões coletivas, do convencimento 
e da argumentação, analisando a origem da atividade polí-
tica e sua relação com o poder.
6. Reconhecer a importância da ação política dos jovens na 
busca de soluções para atender aos interesses e às neces-
sidades de todos, com vistas ao bem comum.
7. Analisar a negação da política e a descrença na democracia 
a partir de diversos tipos de linguagens (gráfi cos, tabelas 
e textos).
Competências e habilidades
Competências gerais 1,4, 7, 8, 9 e 10
Competências específi cas 1, 5 e 6
Habilidades EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS103, EM13CHS105, 
EM13CHS106, EM13CHS501, EM13CHS502, EM13CHS503, 
EM13CHS504, EM13CHS602, EM13CHS603
UNIDADE 2 Direitos humanos
Justificativa • Por que é importante estudar este 
conteúdo?
Vivemos em um mundo de grandes conquistas, com avanços 
científi cos e tecnológicos. Mas, na contramão desse processo, 
encontra-se boa parte da população mundial e brasileira, que 
se vê excluída de seus direitos básicos de cidadania e tendo a 
integridade física e psicológica constantemente violada. Esta 
unidade, portanto, tem como objetivo problematizar essa rea-
lidade, em busca de uma sociedade mais justa, democrática e 
inclusiva.
Objetivos • Devo estudar este conteúdo para...
1. Compreender o processo de formação do conceito de cida-
dania em diferentes tempos e espaços.
2. Refl etir sobre as condições necessárias para garantir a cida-
dania a todos no mundo contemporâneo.
3. Entender o que são direitos humanos e sua importância 
para a construção de uma sociedade mais justa.
4. Entender as polêmicas existentes em torno dos direitos 
humanos na sociedade brasileira.
5. Diferenciar igualdade de equidade, de modo a esclarecer 
que a equidade pressupõe a garantia de direitosvoltados 
para um público específi co, reconhecendo a importância 
de corrigir desigualdades preexistentes.
6. Elaborar explicações sobre a posição do Brasil no ranking
mundial de violação dos direitos humanos a partir da 
leitura e análise de informações representadas em mapa.
7. Conhecer as lutas por direitos sociais no presente, compre-
endendo que a luta pela ampliação dos direitos humanos 
continua e identifi cando o protagonismo de jovens nesse 
processo.
Competências e habilidades
Competências gerais 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10
Competências específi cas 1, 4, 5 e 6
Habilidades EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS103, EM13CHS106, 
EM13CHS403, EM13CHS502, EM13CHS503, EM13CHS504, 
EM13CHS601, EM13CHS603, EM13CHS604, EM13CHS605
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UNIDADE 3 Participação política
Justificativa • Por que é importante estudar este 
conteúdo?
A refl exão sobre a participação política é indissociável da 
refl exão sobre a forma como o governo se organiza ao longo do 
tempo. Assim, é necessário refl etir criticamente sobre a maneira 
como o governo se organiza no presente e as possibilidades 
de transformá-lo por meio da participação política. Além disso, 
é importante entender que a participação política vai além do 
voto, se expressando em diferentes atividades coletivas que se 
desenrolam no cotidiano de todos.
Objetivos • Devo estudar este conteúdo para...
1. Avaliar as diferentes formas de organização dos governos 
no mundo contemporâneo a partir do entendimento de 
conceitos de forma, sistema e regime de governo.
2. Identifi car permanências e rupturas no processo de for-
mação do Estado brasileiro, analisando problemas atuais, 
como a corrupção e o patrimonialismo.
3. Refl etir sobre a desconfi ança em relação às instituições 
democráticas a fi m de buscar soluções para fortalecer a 
democracia.
4. Reconhecer a importância da participação política para 
construir uma sociedade mais justa e democrática.
5. Conhecer práticas de jovens para participar da vida polí-
tica, reconhecendo que ações e condutas de indivíduos e 
grupos podem infl uenciar na formação e na atuação dos 
governos. 
6. Identificar formas variadas utilizadas por indivíduos e 
grupos para participar das decisões do governo e da socie-
dade, ao longo do tempo. 
7. Avaliar os pontos positivos e negativos da ação política no 
mundo digital, refl etindo sobre diferentes visões sobre o 
impacto da internet na participação política.
8. Reconhecer que o não envolvimento dos indivíduos e 
grupos sociais ajuda a manter a situação existente, sendo 
também um gesto político.
9. Utilizar coleta e análise de informações presentes em dife-
rentes linguagens (gráfi co, poema, charge).
Competências e habilidades
Competências gerais 1, 5, 9 e 10
Competências específi cas 1, 5 e 6
Habilidades EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS501, EM13CHS503, 
EM13CHS504, EM13CHS601, EM13CHS602, EM13CHS603
UNIDADE 4 Organização do Estado
Justificativa • Por que é importante estudar este 
conteúdo?
O problema da crise da democracia e o modo como isso 
afeta a organização das sociedades em diferentes regiões do 
mundo é uma questão muito presente no mundo contemporâ-
neo. Ao se discutir essa crise, é necessária uma refl exão crítica em 
torno da importância de assegurar a continuidade do processo 
de democratização. Nesse contexto, são necessárias análises da 
emergência e transformação da noção de democracia, assim 
como análises do processo histórico de organização do Estado, 
da maneira como se estruturam as principais instituições estatais 
no Brasil e do problema das nações sem Estado. 
Objetivos • Devo estudar este conteúdo para...
1. Entender a organização e as funções do Estado no mundo 
e no Brasil, reconhecendo a importância da participação 
política para a construção de uma sociedade mais justa e 
democrática.
2. Compreender o processo histórico de constituição do 
Estado moderno, refl etindo de forma crítica sobre a reali-
dade dos Estados no presente.
3. Conhecer exemplos da relação entre a estrutura do Estado 
centralizado e a vida cotidiana dos cidadãos.
4. Analisar a relação entre nacionalismos e conflitos con-
temporâneos, operacionalizando conceitos de nação e de 
Estado.
5. Analisar os riscos de um novo período de governos auto-
ritários no planeta e discutir a perda de confiança na 
democracia moderna nos dias atuais.
6. Entender avanços e recuos da democratização no planeta, 
analisando o processo histórico de formação das democra-
cias modernas. 
7. Identifi car e analisar fatores que desestabilizam as democra-
cias no mundo contemporâneo, como a desigualdade social, 
o enfraquecimento das instituições políticas, a transforma-
ção de adversários políticos em inimigos, entre outros.
8. Reconhecer a importância de fortalecer as práticas demo-
cráticas, valorizando a imprensa livre, os partidos políticos 
e os movimentos sociais, entre outros mecanismos.
Competências e habilidades
Competências gerais 1, 7, 9 e 10
Competências específi cas 1, 2, 5 e 6
Habilidades EM13CHS101, EM13CHS103, EM13CHS104, EM13CHS201, 
EM13CHS501, EM13CHS502, EM13CHS503, EM13CHS603, 
EM13CHS604, EM13CHS605
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UNIDADE
1
10
Ética e 
política
Uma pesquisa realizada pelo Instituto 
Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), em 
parceria com o Datafolha, em 2017, revelou 
que 90% dos brasileiros entre 14 e 24 anos 
consideram a sociedade brasileira pouco ou 
nada ética. Apenas 4% dos jovens que parti-
ciparam da pesquisa consideram o Brasil um 
país muito ético.
A pesquisa apontou bombeiros e profes-
sores como os profissionais mais éticos na 
avaliação dos jovens. Numa escala de notas 
de 0 a 10, os primeiros tiveram média 8,7 e 
os professores, 8,5. Os políticos ficaram em 
último lugar, com 2,2. 
 1. Você concorda com a opinião 
dos jovens pesquisados? Em 
seu caderno, justifique sua resposta. 
 2. O que você pensa do fato de os políticos 
terem ficado em último lugar na pesquisa? 
O que seria necessário para que os jovens 
pudessem ter uma visão mais positiva dos 
políticos e da política de modo geral? 
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
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BULLYING
Você sabe o que significa bullying? Já vivenciou – como espectador, vítima ou agressor – algum ato de bullying
em sua escola? Esse tipo de prática é muito usual e não ocorre apenas nas escolas. Às vezes, o que pode parecer 
uma brincadeira inofensiva é na verdade uma forma de violência que causa males a toda a comunidade, em 
especial, àqueles que são vítimas dessas agressões.
A proposta deste projeto é organizar uma palestra em sua escola, com base em uma pesquisa de amostragem
sobre os problemas acarretados pelo bullying. Em um sentido mais geral, o objetivo é pesquisar informações 
sobre essa prática, investigar se ocorre em outras escolas do bairro ou da cidade, averiguar quais são os tipos 
de bullying mais frequentes e quais são suas principais consequências, além de buscar, em conjunto, formas de 
conscientizar a comunidade escolar sobre o tema e propor formas de combate a esse tipo de violência.
BULLYING
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1
CAPÍTULO
Em 2019, ocorreu um lance inusitado em uma partida de futebol 
na Dinamarca. As equipes do Vejle e do AGF disputavam um jogo para 
fugir do rebaixamento. Em determinado momento, a partida foi inter-
rompida quando a bola estava com o AGF. O time do Vejle como manda 
o fair play, deveria devolver a bola aos jogadoresdo AGF.
O atacante do Vejle, porém, chutou a bola em direção ao campo adver-
sário e surpreendentemente marcou um gol. A situação criou uma grande 
confusão, já que era um gol que poderia mudar o futuro das duas equipes. 
Os jogadores começaram a discutir e precisaram entrar em um acordo para 
solucionar o impasse da forma mais justa possível. A solução foi permitir 
que o AGF marcasse um gol para reestabelecer a igualdade no placar.
Essa situação é um exemplo de como a ética é um campo de refle-
xão muito importante para a vida cotidiana. Os jogadores das duas 
equipes iniciaram uma discussão em torno de valores. O objetivo disso 
era determinar o que era justo e o que era injusto.
O que transforma essa discussão em um problema ético é o fato 
de que não havia uma solução predeterminada para o conflito entre 
as equipes. As regras do futebol não estabelecem o que fazer em uma 
situação como essa. Além disso, o juiz da partida não tinha elementos 
prévios para resolver o conflito e estabelecer a decisão mais justa.
Assim, a decisão dos jogadores foi tomada a partir da reflexão em 
torno do problema, visando ao comportamento mais adequado. Essa 
decisão criou um valor ético, que foi respeitado por todos. Ao final, a 
partida foi reequilibrada e o AGF venceu o adversário por 4 a 2. Mesmo 
derrotada, a equipe do Vejle jogou a partida de forma ética. 
Neste capítulo, vamos refletir sobre o conceito de ética e analisar 
como ele é importante para a vida de todos nós.
A ética no mundo 
contemporâneo
■ Cena de partida de 
futebol disputada 
entre as equipes 
do Vejle e do AGF, 
em Vejle, Dinamarca, 
2019.
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Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo 
e sobre o trabalho com as atividades.
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O que é ética?
BECK, A. Armandinho Sete. Florianópolis: Edição do autor, 2015. p. 70.
A reflexão ética está sempre presente em nossas vidas. Por isso, 
falamos em ética no trabalho, ética nos esportes, ética jornalística, ética 
nos relacionamentos e também em bioética. 
A ética pode ser compreendida como o campo da reflexão humana 
que se dedica a analisar os valores morais, como o bem, a verdade, a 
coragem. Ela examina a conduta humana do ponto de vista da ação. 
A reflexão ética se dedica a entender o que são os valores, como 
se formam e como podem ser aplicados à vida cotidiana. Cabe à ética 
refletir sobre o significado da justiça, do dever, da virtude e de outros 
valores morais. No próximo tópico, veremos a diferença entre a ética e 
a moral.
Nesse sentido, é importante observar que, para a reflexão ética, 
os valores não são regras fixas e definitivas. Assim como os costumes 
mudam com o tempo, os princípios éticos também estão em constante 
transformação. 
Vamos ver um exemplo dessa situação? Quando os cientistas tra-
balham na criação de um novo medicamento, eles precisam fazer 
testes para avaliar sua eficácia. Uma forma de fazer esses testes é uti-
lizar animais criados em laboratório, como camundongos. Há pessoas, 
porém, que desaprovam essa prática, já que os experimentos subme-
tem os animais a sofrimento e, muitas vezes, os levam à morte.
Temos aí um impasse. O que é possível fazer para resolver essa 
questão, já que não existe uma regra fixa e definitiva para decidir qual 
é o melhor caminho a seguir? Pode-se, por exemplo, criar um comitê de 
bioética para avaliar os experimentos e tomar a decisão de como agir, 
a fim de assegurar o avanço do conhecimento científico sem provocar 
sofrimento aos animais. É esse o trabalho da reflexão ética.
Bioética
Campo de estudo que 
se refere às implicações 
éticas e filosóficas de 
procedimentos, tecno-
logias e tratamentos 
médicos e científicos, 
como transplantes de 
órgãos e engenharia 
genética, entre outros.
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Ética e moral são a mesma coisa?
Enquanto a ética analisa os valores morais e o comportamento 
humano do ponto de vista da ação, a moral consiste no conjunto de 
valores, regras e normas de conduta de uma sociedade. A diferença 
entre uma regra moral e a ação ética é que a segunda se forma a partir 
de uma reflexão consciente daquele que a pratica. A ética passa pela 
deliberação do indivíduo, enquanto a moral tem a finalidade de deter-
minar o modo de agir dos indivíduos em comunidade. 
Os valores e as normas de conduta variam de acordo com a época 
e/ou a sociedade. Ao longo da história, as sociedades humanas criaram 
diferentes códigos morais. Na Idade Média, no Ocidente, os valores cristãos 
não podiam ser questionados, e a moral cristã era considerada a única 
possível e verdadeira. Essa visão teocêntrica do mundo, baseada na fé e 
na noção de bem e mal, impunha regras rígidas de comportamento social.
Nesse caso, os valores se transformam em um conjunto de regras 
morais. Sendo regras, nem sempre são questionadas. 
A reflexão ética é um exercício da liberdade e é fundamental para 
a organização da vida em sociedade. Por meio dela, os indivíduos 
podem elaborar novas soluções para conflitos e determinar a melhor 
maneira de agir diante dos mais variados problemas. Ela é também uma 
importante ferramenta de crítica das regras morais, contribuindo para 
a transformação da sociedade.
Deliberação
Reflexão visando à reso-
lução de um problema.
Teocêntrico
Que tem Deus como 
ponto de convergência 
de todas as coisas.
	■ A ética e a moral estão 
presentes em nosso 
cotidiano e muitas 
vezes se confundem, 
mas é essencial 
diferenciá-las. Na foto, 
cena do programa 
Café Filosófico sobre 
ética no cotidiano, 
com os filósofos Mario 
Sergio Cortella e Clóvis 
de Barros Filho.
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NÃO ESCREVA 
NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS
• A ética está diretamente relacionada com nossas ações. Não basta refletir sobre ética sem aplicar 
a reflexão àquilo que fazemos cotidianamente. Imagine que a justiça comprove que uma loja da 
qual você é cliente costuma vender roupas produzidas por meio de trabalho análogo à escravidão. 
Reflita como agir de forma ética diante dessa situação e elabore um texto, no seu caderno, justifi-
cando seu posicionamento.
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Ética no dia a dia
Como vimos, a ética reflete sobre as ações humanas. Por 
isso, muitos pensadores entendem a ética como uma forma 
de saber prático. Isso significa que a reflexão ética não trata 
apenas de problemas abstratos, mas de situações concretas 
que afetam a vida e as relações entre os indivíduos.
A palavra ética se origina do termo grego ethos, que 
significa lugar de convívio. Na Grécia antiga, considerava-
-se ético aquilo que visasse ao bem comum e ao do lugar 
em que se vivia. Para o filósofo grego Aristóteles (385 
a.C.-323 a.C.), a ética e a política seriam os dois principais 
saberes práticos da vida humana.
Para Aristóteles, todo ser humano busca a felicidade e 
o bem-estar a partir da realização de seus objetivos e pro-
jetos de vida. Segundo o filósofo, existe uma relação entre 
a felicidade e as virtudes necessárias para a condução da 
vida individual.
Aristóteles considera princípios centrais de uma vida 
ética a realização das tarefas cotidianas, o empenho nos 
estudos e o exercício das atividades profissionais com 
afinco. Para isso, o filósofo grego aconselha a prudência e o desenvol-
vimento da capacidade de escolher a melhor opção entre as diversas 
possibilidades que surgem ao longo da vida.
Assim, para ele, a ética seria uma forma de reflexão que poderia ajudar 
os indivíduos a alcançaruma vida feliz, além de auxiliar na construção de 
relações sociais harmoniosas.
	■ BAGDATOPOULOS, 
W. S. Aristóteles 
ensinando aos pés da 
Acrópole em Atenas. 
Litografia colorida que 
ilustra a obra de Arthur 
Mee, The children's 
encyclopedia ("A 
enciclopédia das 
crianças"), publicada 
em c 1930.
Fonte: MIOTO, R. Felicidade custa R$ 11 mil por mês, aponta estudo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 7 set. 
2010. Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/ciencia/2010/09/795092-felicidade-custa-r-11-mil-por-
mes-aponta-estudo.shtml. Acesso em: 5 set. 2020.
	■ A felicidade é um valor 
relativo. Na atualidade, 
muitas pessoas 
associam a felicidade 
ao bem-estar material, 
como apontam os 
dados do gráfico da 
pesquisa realizada nos 
Estados Unidos, em 
2010. Para Aristóteles, 
porém, a felicidade está 
ligada à vida virtuosa.
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Bem-estar segundo a estatística, 2010
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70%
80%
90%
Proporção dos 
entrevistados
Entrevistados se dizendo 
felizes e contentes com a vida
Entrevistados que não relataram 
nenhum estresse
R$ 11,3 mil/mês:
ponto a partir do qual mais dinheiro 
não signi�ca mais felicidade
Renda mensal em R$ mil
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15
D3-CH-EM-3075-V2-U1-C1-010-025-LA-G21_AVU1.indd 15D3-CH-EM-3075-V2-U1-C1-010-025-LA-G21_AVU1.indd 15 16/09/2020 16:1816/09/2020 16:18
A ética como um caminho para a 
felicidade, conforme concebida por 
Aristóteles, teve grande importância 
na história do pensamento filosófico 
e influenciou muitos pensadores, da 
Antiguidade até o presente.
Um exemplo é a forma como o 
filósofo holandês Baruch de Spinoza, 
ou Bento de Espinosa (1632-1677), refle-
tiu sobre a ética. Para ele, uma vida 
ética é baseada na busca da felicidade 
e da liberdade, e um aspecto central 
dessa busca é o modo como os indi-
víduos lidam com seus afetos.
Segundo Espinosa, todos os 
seres vivem em constante interação. Essas interações podem ser posi-
tivas, potencializadoras (afecções alegres), aumentando a capacidade 
dos seres de agir sobre o mundo, ou negativas, despotencializado-
ras (afecções tristes), diminuindo essa capacidade. Para esse filósofo, 
quanto maior a alegria de um ser, maior sua liberdade de ação. Dessa 
forma, uma vida ética se constrói a partir da alegria compartilhada.
Assim como Aristóteles e Espinosa, vários outros pensadores ana-
lisaram a importância da ética na vida cotidiana.
O filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980) analisou o problema 
ético a partir da ideia de que a liberdade é a característica central do 
ser humano. 
Para Sartre, os seres humanos não nascem com uma função 
determinada. Cada indivíduo vai definir aquilo que é a partir de suas 
escolhas, e essas escolhas são da 
responsabilidade de cada um. 
Assim, ao longo da vida, o indiví-
duo toma uma série de decisões 
que lentamente vão construindo 
aquilo que ele é.
	■ Para Espinosa, o ciúme 
é um exemplo de afeto 
triste. Na foto, cena do 
filme O ciúme, com 
direção de Philippe 
Garrel. França, 2014.
	■ A vida ética está implícita na 
relação com o outro. Na foto, 
adolescentes trabalham em 
grupo voluntário. Ucrânia, 2018.
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Entretanto, se o indivíduo é livre, 
há sempre o risco de suas escolhas se 
chocarem com as escolhas de outros 
indivíduos. É a partir dessa ideia que 
nasce o problema da ética para Sartre. 
Ele defende que toda escolha implica 
não apenas a construção da liberdade 
individual, mas um modelo de ação 
para os demais.
Assim, um indivíduo que ingressa na 
vida política e, livremente, decide agir 
apenas de acordo com seus interesses, 
desviando dinheiro público, estaria afir-
mando não apenas que sua liberdade é 
mais importante que a dos demais, mas 
enfatizando que todos podem agir da 
mesma forma.
Segundo essa perspectiva, uma vida 
ética corresponde àquela na qual a liber-
dade individual é construída a partir do fortalecimento da liberdade 
de todos, o que implica necessariamente escolhas individuais que 
respeitem o outro.
A verdade também é um problema ético que nasce da relação 
com o outro. O compromisso em dizer e agir de forma verdadeira 
está estreitamente associado a uma vida ética. Essa questão, discutida 
por pensadores desde a Antiguidade, ganhou um novo sentido na 
contemporaneidade.
Diversos cientistas sociais contemporâneos afirmam que vivemos 
a era da pós-verdade, em que a disseminação de fake news vem 
enfraquecendo a credibilidade dos meios de comunicação e dos pes-
quisadores. Com a facilidade de circulação de informações pelas redes 
sociais e aplicativos, muitas pessoas ignoram canais que divulgam 
notícias com base em fontes confiáveis e dados científicos, passando 
a compartilhar mensagens falsas, sem fonte ou de fontes duvidosas.
	■ Para Sartre, todos 
nascem livres para 
decidir aquilo que 
farão de suas vidas. 
São as escolhas feitas 
ao longo do tempo 
que fazem de nós 
aquilo que somos.
Fake news
Termo utilizado para se 
referir a notícias falsas, 
que podem ser intei-
ramente fabricadas ou 
distorcer um conteúdo 
real. Suas fontes são 
duvidosas (veículos de 
mídia sem credibilidade) 
ou inexistentes.
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> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Segundo Espinosa, existem interações positivas e negativas entre os seres, afetos alegres e afetos 
tristes. Assim, para esse pensador, uma vida ética está relacionada com ações que promovem a 
alegria em nós mesmos e nos outros. Como é possível aplicar essa ideia em sua vida cotidiana? 
Converse com seus colegas sobre esse tema.
17
D3-CH-EM-3075-V2-U1-C1-010-025-LA-G21.indd 17D3-CH-EM-3075-V2-U1-C1-010-025-LA-G21.indd 17 15/09/20 12:1715/09/20 12:17
	■ O gráfico 
demonstra a força 
das fake news em 
alguns países. 
O Brasil é o 
país com o 
maior número 
de pessoas 
que admitiram 
já terem sido 
enganadas por 
notícias falsas.
Ações como compartilhar uma notícia nas redes sociais sem confirmar a pro-
cedência da informação contribuem para enfraquecer a credibilidade das fontes 
confiáveis e estimular comportamentos que ameaçam a democracia e mesmo a vida 
de outras pessoas.
Assim, problematizar as fake news e valorizar o conhecimento científico e a infor-
mação baseada em fatos e pesquisas é também uma forma de agir eticamente na 
sociedade em que vivemos. Nesse sentido, o conceito de maioridade intelectual pro-
posto pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) nos ajuda a refletir sobre essa 
questão.
Segundo Kant, quando o indivíduo é incapaz de usar sua capacidade de entendi-
mento para agir por si próprio, guiando-se pelo pensamento alheio, ele está vivendo 
numa condição de menoridade intelectual. Para ele, o indivíduo só conquista a maiori-
dade intelectual quando consegue pensar e agir de maneira autônoma, livre da tutela 
dos outros. 
Nesse sentido, a maioridade intelectual pode ser entendida como a postura ética 
diante das informações que recebemos, distinguindo as notícias falsas das verdadei-
ras e agindo sempre de modo a evitar a disseminação de inverdades.
Enganados pelas fake news, 2018
Fonte: FANTINI, F. Para além das fake news: os fake numbers, escreve Flamínio 
Fantini. Poder 360, 22 jul. 2019. Disponível em: https://www.poder360.com.br/
opiniao/midia/para-alem-das-fake-news-os-fake-numbers-escreve-flaminio-
fantini/. Acesso em: 10 jun. 2020.
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Países
%
Brasil
Arábia Saudita
Coreia do Sul
Peru
Espanha
China
Índia
Polônia
Suécia
Chile
média mundial
*Pesquisa com 27 países.
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48
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Porcentagem dos que admitem ter acreditado 
em uma notícia falsa na internet
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Como vimos , os valores se transformam ao longo do tempo. Por 
isso, algumas ideias consideradas corretas no passado são vistas atual-
mente como práticas criminosas que devem ser combatidas. O estudo 
da ética é muito importante nesse processo, já que ele pode ajudar a 
avaliar as transformações dos valores de modo a não reproduzir precon-
ceitos ou práticas violentas que eram consideradas moralmente corretas 
em outras épocas.
O texto a seguir, escrito por um juiz dos Estados Unidos em 1927, é 
um exemplo. Leia atentamente e responda ao que se pede:
É melhor para todo mundo se, em vez de esperar para executar os 
descendentes degenerados por algum crime ou deixar que morram de 
fome por causa da imbecilidade, a sociedade possa prevenir aqueles 
que são manifestadamente inaptos de se reproduzirem. O princípio 
que sustenta a vacinação obrigatória é suficientemente amplo para 
cobrir o corte das trompas de Falópio. [...] Três gerações de imbecis 
são suficientes.
Fonte dos dados: LANG-STANTON, P.; JACKSON, S. Eugenia: como movimento para criar seres humanos 
‘melhores’ nos EUA influenciou Hitler. BBC News Brasil, 23 abr. 2017. Disponível em: https://www.bbc.com/
portuguese/internacional-39625619. Acesso em: 10 jun. 2020.
 1. Tendo em vista o atual conhecimento científico, por que a proposta do 
juiz não se justifica? Caso julgue necessário, pesquise informações para 
fundamentar sua resposta.
 2. Do ponto de vista ético, por que a proposta do juiz é incorreta? Apresente 
argumentos para justificar seu posicionamento.
3. Imagine que você deve ela-
borar uma resposta ao juiz. 
Escreva uma carta mobili-
zando argumentos cientí-
ficos e éticos para refutar 
aquilo que ele defende. Ao 
final, discuta seu texto com 
os colegas em sala de aula.
Corte das trompas de 
Falópio
Método de esterilização 
de mulheres.
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS>
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NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
■ Ilustração 
representando a 
"Árvore Eugenia" e 
a ideia de evolução 
humana por meio das 
raízes, que extraem 
materiais de diversas 
fontes. O cartaz foi 
utilizado como símbolo 
do Segundo Congresso 
Internacional de 
Eugenia, realizado em 
Nova York (Estados 
Unidos), em 1922.
19
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Vivemos uma crise ética?
Nas últimas décadas, um tema tem aparecido com frequência nos 
meios de comunicação, nas redes sociais, nos debates entre especialis-
tas e nas rodas de conversa: a crise ética do mundo contemporâneo. 
Vários pensadores defendem a ideia de que a ação e a reflexão ética 
perderam espaço em nossa sociedade.
No Brasil, por exemplo, muitos especialistas afirmam que vivemos 
uma profunda crise ética na política. Isso fica claro quando observa-
mos os dados alarmantes sobre corrupção e uso das ferramentas e 
instituições públicas para beneficiar agentes privados.
O Índice de Percepção da Corrupção (IPC) é medido pela 
Transparência internacional, que classifica 180 países com base em 
quão corrupto o setor público 
é percebido por especialistas e 
executivos. A nota vai de 0 a 100, 
do mais corrupto ao mais íntegro. 
A média dos países em 2018 foi 
43. Índices abaixo de 50 indicam 
preocupação no combate à 
corrupção.
A corrupção não é o único 
exemplo de manifestação da crise 
ética no mundo contemporâneo. 
A questão dos refugiados é outro 
indício desse fenômeno. Milhões 
de pessoas, em diferentes regiões 
do mundo, são forçadas a deixar 
suas terras por causa de confli-
tos ou problemas ambientais. 
Contudo, nem sempre elas são 
acolhidas de forma digna por 
outros países. 
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Você presencia exemplos de ações em sua comunidade que demonstram a crise ética da atualida-
de? Converse sobre o assunto com seus colegas e pensem conjuntamente em ações que possam 
ajudar a superar essa situação. 
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Fonte: ÍNDICE de percepção da corrupção 2018. Gazeta do Povo, 29 jan. 2019. 
Disponível em: https://infograficos.gazetadopovo.com.br/politica/indice-de-
percepcao-da-corrupcao-2018/. Acesso em: 11 jun. 2020.
2012 2013 2014 201720162015 2018
100º
80º
60º
69º 72º 69º
76º
79º
96º
105º
Em pontos
A nota vai de 0 a 100; quanto mais alta, melhor.
Posição no
ranking
Brasil: índice de percepção da corrupção, 2018
20
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A modernidade líquida e a crise ética
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) foi um dos pensadores que 
analisaram as causas da crise ética contemporânea. Em muitas de suas obras, ele 
refletiu sobre a importância da ética e investigou como as transformações na socie-
dade afetam os princípios éticos nas relações entre os indivíduos.
Bauman criou o conceito de modernidade líquida para definir uma nova forma 
de organização das relações sociais, econômicas e produtivas que teve início na 
segunda metade do século XX. Esse conceito designa uma época na qual todas 
essas relações se tornaram frágeis, efêmeras e flexíveis. 
Para o sociólogo, durante muito tempo, as relações sociais se mantiveram estáveis 
e duráveis. Isso significa que as pessoas desempenhavam papéis predeterminados 
na sociedade, as estruturas familiares eram rígidas e havia poucas possibilidades de 
mudança no modo de vida dos indivíduos.
Em meados do século XX, muitas pessoas tinham a expectativa de iniciar sua carreira 
profissional em uma empresa e nela permanecer até se aposentarem. O casamento era 
considerado uma instituição sólida, em geral concebida como algo indissolúvel.
Lentamente, a solidez das relações humanas foi se desfazendo em vista das 
mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais ocorridas no mundo. Com isso, 
as relações duráveis e estáveis foram sendo aos poucos substituídas por relações 
líquidas. Por meio dessa metáfora, Bauman expressa a ideia de que os papéis sociais 
se tornaram fluidos, transformando-se com rapidez.
	■ Para Bauman, na 
modernidade líquida 
a amizade deixou 
de ser uma relação 
sólida e duradoura, 
que é construída 
lentamente, para se 
tornar algo superficial 
e passageiro, que 
pode ser criado e 
desfeito rapidamente 
nas redes sociais.
Na modernidade líquida, os relacionamentos se tornam mais instáveis e de curta 
duração, os indivíduos têm maior liberdade para mudar de profissão ou de trajetória 
profissional, os laços familiares se enfraquecem e o individualismo é valorizado.
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Com as transformações nas relações entre os indivíduos, os valores 
também se tornam mais frágeis. Dessa forma, a preocupação em agir 
de forma ética perde importância e é substituída por uma valorização 
excessiva da individualidade. 
Para Bauman, o resultado é a intensificação do consumismo e a des-
responsabilização do indivíduo em relação ao outro. Assim, as pessoas 
se enxergam cada vez mais como consumidoras que agem movidas por 
seus interesses, sem se preocupar com os efeitos de suas ações.
Ocorre também um enfraquecimento da empatia, o que ajudaria 
a entender o crescimento da xenofobia e de atos intolerantes contra 
minorias, na visão de Bauman.
Para o sociólogo polonês, a reflexão ética e a crítica do individua-
lismo e do consumismo são essenciais para lutar contra os efeitos 
negativos da modernidade líquida e construir relações que não sejam 
baseadas apenas em valores individualistas e consumistas.
Ética, bem-estar e territórioOutra forma de pensar a questão da crise ética é analisar as desigual-
dades que marcam os territórios. Segundo o geógrafo Milton Santos 
(1926-2001), o território é revelador de diferenças, às vezes agudas, das 
condições de vida da população. 
	■ Em muitas cidades do 
mundo, é evidente a 
desigualdade social na 
ocupação do território. 
Vista aérea do bairro 
Afonso Vidal, distrito 
de Vila Andrade, São 
Paulo (SP), 2020.
Em um território onde a localização dos serviços essenciais, como 
postos de saúde, escolas, parques e locais de diversão, entre outros, é 
deixada à mercê da lei do mercado, tudo colabora para que as desigual-
dades sociais aumentem. 
Empatia
Capacidade de se iden-
tificar com o outro e se 
colocar no lugar dele.
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Nas cidades brasileiras, quanto mais distantes as pessoas residem das áreas cen-
trais e/ou mais valorizadas, menor é o acesso aos serviços essenciais. Para Milton 
Santos, os bens públicos de serviço deveriam ser acessíveis à população de forma 
igualitária, a fim de garantir a todos uma vida digna. 
Os investimentos públicos deveriam ser distribuídos de modo a atender às 
necessidades de toda a população. Segundo o geógrafo, é possível trazer bem-es-
tar a uma grande quantidade de pessoas por meio de uma repartição espacial não 
mercantil dos serviços, baseada exclusivamente no interesse público. 
Assim, a falta de políticas públicas que ajudem a combater as desigualdades, 
garantindo a criação de um território mais igualitário, é um exemplo da crise ética 
que marca nossa sociedade. 
Essa situação fica ainda mais clara quando se analisa a problemática do sanea-
mento básico, tema de fundamental importância para o desenvolvimento econômico 
e social do país, mas que muitas vezes é negligenciado pelos gestores públicos. No 
mapa a seguir, é possível observar a porcentagem de pessoas atendidas por serviço 
de esgoto sanitário no estado do Rio de Janeiro. 
Apesar de ser um item essencial para a manutenção da saúde e a promoção 
do bem-estar da população, os investimentos públicos são baixos. A falta de ações 
concretas para assegurar condições igualitárias de saneamento básico e de outros 
serviços públicos demonstra uma realidade política e social marcada pelo descaso 
com o outro.
A ética pode contribuir para sensibilizar a sociedade com relação às questões 
sociais e mobilizar a população para exigir do poder público polític as igualitárias de 
organização do território.
Rio de Janeiro: pessoas atendidas por serviço 
de esgotamento sanitário (por município), 2015
39%
33%
99%
49%44%
41%
45%
44%
42%
ND
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42%
31%
93%
39%
12%
57%
83%
41%
46%
Rio de Janeiro
Itaguaí
Seropédica
Paracambi
Japeri
Queimados
Nova
Iguaçu
Duque
de Caxias Magé
Cachoeiras 
de Macacu
Guapimirim
Rio BonitoItaboraí
MaricáNiterói
São
Gonçalo
OCEANO ATLÂNTICO
Tanguá
Belford Roxo
Mesquita
Nilópolis
São João
de Meriti
43° O
23° S
0 13
D
AC
O
ST
A 
M
AP
AS
Fonte: CASA FLUMINENSE. 
Mapa da desigualdade. 
Casa Fluminense, [20--]. 
Disponível em: https://
casafluminense.org.br/
mapa-da-desigualdade/. 
Acesso em: 15 jul. 2020.
23
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NÃO ESCREVA 
NO LIVROATIVIDADES>
 1. Retome o mapa da página anterior e depois responda às questões:
 a) Como o saneamento básico se relaciona com o bem-estar das pessoas?
 b) No seu município, a distribuição espacial dos serviços públicos revela desigualda-
des? Pesquise.
 c) Qual é a relação entre ética e desigualdades socioespaciais?
 2. O trecho reproduzido a seguir foi escrito por Zygmunt Bauman. Leia-o atentamente e 
responda ao que se pede:
Numa vida de contínuas emergências, as relações virtuais derrotam facilmente 
a “vida real”. Embora os principais estímulos para que os jovens estejam sempre 
em movimento provenham do mundo off-line, esses estímulos seriam inúteis sem 
a capacidade dos equipamentos eletrônicos de multiplicar encontros entre indi-
víduos, tornando-os breves, superficiais e sobretudo descartáveis. As relações 
virtuais contam com teclas de “excluir” e “remover spams” que protegem contra 
as consequências inconvenientes (e principalmente consumidoras de tempo) da 
interação mais profunda.
BAUMAN, Z. 44 cartas do mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. E-book.
 a) Que relação pode ser estabelecida entre o texto e o conceito de modernidade 
líquida?
 b) Qual é o peso das relações on-line em sua vida cotidiana? Você concorda com a 
ideia de que as relações virtuais derrotam a “vida real”? Justifique sua resposta.
 c) Bauman afirma que as relações virtuais podem ser facilmente excluídas, como 
mensagens de spam. De que forma esse tipo de situação se relaciona com o for-
talecimento do individualismo e com a crise ética na perspectiva do sociólogo 
polonês?
 d) Para Zygmunt Bauman, o consumismo é um dos sintomas da crise ética contem-
porânea. De acordo com esse pensador, o consumo é utilizado para construir 
uma imagem positiva de nós mesmos. Vestir uma roupa de grife ou ter um celular 
caro seria, segundo ele, uma forma de construir uma falsa imagem de superio-
ridade. Você considera essa análise adequada para pensar o mundo em que 
vivemos? Justifique sua resposta.
 e) Você sabe qual é a diferença entre consumo e consumismo? Consumo é o ato de 
adquirir produtos realmente necessários para a nossa sobrevivência, enquan-
to o consumismo é caracterizado pela compra não consciente e desnecessária, 
motivada por impulso para a satisfação de desejos. Segundo Zygmunt Bauman, 
o consumismo na sociedade contemporânea transformou os indivíduos em 
mercadorias. Com base na sua experiência, você concorda com essa crítica 
do sociólogo?
24
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Etapa
1
DIAGNÓSTICO DA REALIDADE
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) em escolas de todo país, Brasília é a capital na qual o bullying ocorre com maior 
frequência, atingindo 35,6% dos estudantes. Curitiba ocupa o segundo lugar, com 35,2%. 
Ainda de acordo com essa pesquisa, 32,6% das vítimas de bullying são do sexo masculino 
e 28,3%, do sexo feminino. 
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nas 
escolas brasileiras os estudantes estão duas vezes mais suscetíveis ao bullying do que 
a média geral das instituições de ensino em 48 países. Em um levantamento da Pesquisa 
Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis, na sigla em inglês), realizado em 2018, 
28% dos diretores das escolas brasileiras de ensino fundamental afirmam que o bullying
ocorre semanal ou diariamente nas escolas, e 18% dos administradores das instituições 
de ensino médio dizem o mesmo.
No entanto, não existe apenas um tipo de bullying. Pesquisadores da área identificam 
três tipos: 
[1º] diretos e físicos, que inclui agressões físicas, roubar ou estragar 
objetos dos colegas, extorsão de dinheiro, forçar comportamentos sexuais, 
obrigar a realização de atividades servis, ou a ameaça desses itens;
[2º] diretos e verbais, que incluem insultar, apelidar, "tirar sarro", fazer 
comentários racistas ou que digam respeito a qualquer diferença no outro;
[3º] indiretos que incluem a exclusão sistemática de uma pessoa, rea-
lização de fofocas e boatos, ameaçar de exclusão do grupo com o objetivo 
de obter algum favorecimento, ou, de forma geral, manipular a vida social 
do colega.
Fonte de dados: ANTUNES, D. C.; ZUIN, A. A. S. Do bullying ao preconceito: os desafios da barbárie à educação. 
Psicologia & Sociedade, v. 20, n. 1. Porto Alegre, jan./abr. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo. php?
script=sci_arttext&pid=S0102-71822008000100004&lng=en&nrm=iso&tlng=pt.Acesso em: 6 ago. 2020.
Além disso, um tipo de violência muito comum nos dias de hoje é o chamado cyber-
bullying, no qual os agressores utilizam a tecnologia e as redes sociais para difamar, 
ofender e agredir outras pessoas.
Para começar nosso projeto, reúna-se com mais três ou quatro colegas e conversem 
sobre as definições de bullying apresentadas acima. Procurem diferenciar os tipos de 
bullying e relatem se já presenciaram ou praticaram algum deles. Nesse caso, evitem 
fazer julgamento ou juízo de valor, tendo em vista que muitas vezes agimos sem pensar 
criticamente nas consequências de nossos atos. O importante é identificar os problemas e 
consequências desse tipo de ação e modificar nossas atitudes diante da realidade, a partir 
de uma reflexão mais crítica sobre a forma como agimos na comunidade escolar. Anotem 
suas conclusões em seus cadernos.
Em seguida, busquem, em fontes confiáveis, mais dados sobre bullying em sua cidade, 
região e/ou estado, identificando as consequências dessas ações. Por exemplo: muitos 
estudantes que são vítimas dessa prática passam a ter menor rendimento escolar, se 
isolam, mudam de escola, desenvolvem doenças e há até casos de suicídio. Anotem as 
informações mais relevantes obtidas na pesquisa e as respectivas fontes.
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CAPÍTULO
2
No Brasil é muito comum dizer que “religião, política e futebol 
não se discutem”. Será mesmo que política não se discute? Essa ideia 
traz implícito o entendimento de que os indivíduos possuem crenças 
políticas que não podem ser questionadas por quem pensa diferente.
Apesar de ser uma expressão muito conhecida e utilizada, ela está 
longe de expressar a realidade. Nos últimos anos, o desenvolvimento 
das tecnologias digitais e a ampliação do uso de redes sociais criaram 
novos canais de discussão pública. 
O questionamento e o debate de ideias, inclusive entre indivíduos 
desconhecidos, tornaram-se frequentes à medida que as pessoas pas-
saram a expressar suas convicções e posições políticas nas redes. Isso, 
porém, nem sempre ocorre de forma respeitosa e tolerante. A polari-
zação entre pontos de 
vista políticos é um 
fenômeno que vem se 
tornando cada vez mais 
comum no mundo 
contemporâneo.
São muito comuns 
nas redes sociais os 
casos de usuários que 
xingam, ofendem ou 
praticam cyberbullying
contra pessoas que 
defendem visões políti-
cas diferentes das suas, 
ignorando argumentos 
e recusando debates 
civilizados.
Como veremos ao 
longo do capítulo, esse 
tipo de atitude intole-
rante pode resultar em 
uma forma de negação da política. Para entender isso, é importante 
analisar o que é a atividade política, qual é sua origem e como ela se 
relaciona com o poder.
Política não se discute?
■ Atualmente, muitos influenciadores digitais e personalidades utilizam as 
redes sociais para discutir temas políticos. Exemplo disso foi a série de 
lives Beabá da política, em que a cantora Anitta entrevista a advogada e 
comentarista de política Gabriela Prioli, em 2020.
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=IZJJ4FKAJPS&FEATURE=EMB_TITLE
Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo 
e sobre o trabalho com as atividades.
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O que é política?
A palavra política deriva do grego politikós, que, por sua vez, se 
origina de pólis, cidade-Estado, na Grécia antiga. A pólis é a cidade 
organizada, formada por cidadãos, pessoas livres que têm isonomia, 
princípio que estabelece a igualdade perante as leis, e isegoria, direito 
de se expressar e opinar livremente nas assembleias. 
Frequentemente, a palavra política é empregada para designar o 
conjunto de atividades referentes ao Estado, exercidas por indivíduos 
que ocupam cargos políticos, porém esse é apenas um de seus diversos 
significados. Todo indivíduo pratica diferentes ações políticas ao longo 
da vida. Um grupo de estudantes que se reúne com professores e com 
a direção da escola para propor mudanças nas normas da instituição 
está fazendo política, assim como trabalhadores que se mobilizam para 
discutir suas condições de trabalho ou reivindicar direitos. Nós também 
fazemos política quando compartilhamos informações sobre o país nas 
redes sociais ou discutimos notícias com colegas, amigos ou familiares.
A política está presente em nosso cotidiano e se relaciona com os 
problemas que nascem do convívio entre indivíduos com necessidades, 
aspirações e desejos distintos. Por essa razão, a filósofa alemã Hannah Arendt 
(1906-1975) afirma que “a política trata da convivência entre diferentes”.
A atividade política é uma forma de relação que exige negociação 
e discussão entre os indivíduos. Para encontrar soluções que atendam 
aos diferentes interesses das pessoas, é necessário construir argumentos 
que justifiquem determinadas escolhas.
Imagine, por exemplo, que uma turma do último ano do Ensino 
Médio precise decidir como será feita a celebração de formatura. Esse 
evento é uma etapa importante na vida de todos, e cada um pode ter 
uma ideia própria para organizá-lo.
	■ As manifestações 
pacíficas são uma 
forma de exercício 
da política. Marcha 
por Nossas Vidas, 
em protesto contra 
a violência armada. 
Os jovens levantam 
cartazes com letras 
que formam a palavra 
enough, que significa 
“basta”, em português.
	■ Washington, DC 
(Estados Unidos), 2018.
ROB CRANDAL/SHUTTERSTOCK.COM
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As diferentes ideias surgidas para a organização do evento podem provocar 
impasses, já que nem sempre é possível agradar a todos. Uma forma de resolver 
esse problema é criar uma comissão para planejar a festa. A fim de decidir o que 
deve ser feito, a comissão precisa se reunir e discutir as propostas de modo a chegar 
a um consenso.
Esse tipo de situação é um exemplo de atividade política. Para garantir a melhor 
escolha, os membros da comissão precisam defender suas ideias com argumentos 
claros e lógicos. Também é necessário ouvir sugestões e realizar ajustes. Assim, por 
meio do diálogo, é possível chegar a um acordo entre todos. 
A política é uma forma de ação que se baseia na discussão e não no uso da força 
ou da coação. Por essa razão, é fundamental estar sempre aberto a discutir política, 
já que essa é a única forma de tomar decisões coletivas que respeitem as diferenças 
e atendam aos interesses da comunidade.
A concepção da política como uma ação que visa ao consenso por meio da 
argumentação tem uma história, e compreendê-la pode nos ajudar a entender a 
importância da política no presente.
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> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• A argumentação está no cerne da ação política. Uma boa argumentação deve ser fundamentada 
em informações consistentes, capacidade de síntese e identificação de fragilidades no discurso do 
interlocutor, lembrando que é essencial manter o respeito. Seguindo essa orientação, elabore um 
texto argumentativo com base na seguinte frase: “Direito de expressão não dá direito à agressão”.
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 Uma breve história da invenção da política e de seus antecedentes
■ Paleolítico: Os grupos humanos eram formados por 
poucos indivíduos que viviam da caça e da coleta. 
Esses grupos se organizavam de forma bastante 
igualitária e as principais decisões eram tomadas por 
meio da participação de toda a comunidade.
■ Neolítico: Nesse período, ocorreu o crescimento 
das comunidades humanas e o estabelecimento 
de hierarquias sociais. Nesse processo, as decisões 
deixaram de ser tomadas coletivamente e surgiram 
os primeiros governantes. 
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■ Pnyx, monte rochoso, nos arredores da Acrópole, 
usado como local de realização das assembleias e 
onde os cidadãos atenienses se reuniam para votar. 
Atenas, Grécia, 2014.
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Civilizações sedentárias da Antiguidade: Em diver-
sas regiões do planeta, desenvolveram-se civilizações 
com um governo centralizado, que decidia a forma de 
organização da sociedade e comandava as decisões. 
São exemplos os egípcios, na África; os povos meso-
potâmicos, no Oriente Médio; os chineses, na Ásia; 
os astecas, na América. Os governantes desses povos 
tinham grande poder e suas resoluções deveriam ser 
obedecidas sem grandes contestações.
Os gregos e a invenção da política: Na Grécia antiga, 
os indivíduos se organizaram nas pólis, cidades-Estado. 
Cada cidade tinha seu próprio governo, seus costumes 
e suas leis. No início, as decisões eram tomadas por um 
líder que comandava sem contestação.
Aos poucos, os conflitos entre diferentes setores 
da sociedade cresceram e provocaram mudanças na 
forma de organização dessas cidades. Em muitas delas, 
os governantes perderam parte de seu poder. Foram 
criadas assembleias e outras instituições que passa-
ram a reunir os cidadãos para discutir os interesses da 
comunidade. 
A grande inovação desse processo foi o fato de que 
as decisões das assembleias podiam ser contestadas, 
não eram impostas. Em razão dessas transformações, 
atribui-se aos gregos a invenção da política tal como a 
concebemos até os dias de hoje.
■ ANTIGO livro egípcio da morte. Tumba de Kha Merit. 
Tebas, meados da 18ª dinastia (1550 a.C-1292 a.C.). Papiro. 
Na antiga civilização egípcia, o faraó era o representante 
máximo do poder.
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Política e justiça
Como vimos no capítulo anterior, para Aristóteles, a política era 
colocada ao lado da ética como a prática social mais importante, pois 
ambas permitiam organizar a comunidade de modo a assegurar o 
bem-estar e a felicidade dos cidadãos.
Para Aristóteles, o ser humano se diferencia dos demais animais 
por ser um animal político. Segundo esse pensador, apenas vivendo 
em comunidade o indivíduo pode se desenvolver e viver de acordo 
com sua natureza. Um indivíduo isolado ou 
alheio às questões políticas de sua comu-
nidade não é capaz de desenvolver suas 
virtudes e viver de forma justa.
Um dos elementos necessários para uma 
vida justa, na visão de Aristóteles, é o exercí-
cio da justiça distributiva. De acordo com o 
filósofo grego, a tarefa principal da atividade 
política é assegurar uma divisão dos recur-
sos da comunidade de forma igualitária entre 
os iguais e desigual entre os desiguais. Isso 
significa que a justiça distributiva defende 
uma concepção de justiça que vai além da 
ideia de igualdade, atingindo o princípio da 
equidade. 
Não seria justo, por exemplo, dividir os 
recursos do governo de forma igualitária entre 
ricos e pobres. Para assegurar a distribuição 
justa dos recursos, segundo a perspectiva 
aristotélica, seria necessário assegurar que os 
mais pobres recebessem uma parcela maior 
desses recursos, e que os mais ricos contribu-
íssem com mais recursos na forma de impostos 
e tributos.
	■ A justiça normalmente é representada como uma 
mulher de olhos vendados segurando nas mãos uma 
espada. Nesta escultura, chamada Sobrevivência 
do mais gordo (2002), o dinamarquês Jens Galschiot 
representou uma justiça obesa, carregada por um 
homem pobre, esquelético e cansado. Ringobin 
(Dinamarca), 2018.
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Observe a ilustração.
O filósofo estadunidense John Rawls (1921-2002) propôs, em 1971, uma teoria da 
justiça com base na justiça distributiva, buscando viabilizar sua aplicabilidade nas 
sociedades democráticas contemporâneas, conciliando as noções de liberdade e 
igualdade.
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Em grupo, desenvolvam um projeto para assegurar a estudantes com deficiência o prin-
cípio da equidade no ambiente escolar. Avaliem essa questão sob a ótica da organização 
espacial e de outros elementos necessários: equipamentos, acolhimento e boa convi-
vência. Sigam estas etapas: 
 a) Façam um levantamento bibliográfico, a fim de identificar os recursos exigidos para 
cada tipo de deficiência. Por exemplo: Quais recursos devem ser providenciados 
para que um estudante que use cadeira de rodas possa usufruir a escola da melhor 
forma possível? 
 b) Identifiquem na escola a existência de estudantes com deficiência e perguntem se 
eles consideram adequado o atendimento que recebem da comunidade escolar e 
as condições de acessibilidade do espaço.
 c) Com base na pesquisa, na entrevista e na observação da estrutura escolar, produ-
zam um relatório indicando possíveis ações para atender aos estudantes portadores 
de necessidades especiais, a fim de que eles tenham condições adequadas de aces-
so à educação. 
Ao final, com a orientação do professor, agendem uma reunião com a comunidade 
escolar e apresentem as propostas. 
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Política e cidadania
A p olítica tal qual foi concebida pelos gregos exerceu grande influência em diver-
sas culturas ao longo do tempo. Os valores gregos influenciaram outros povos da 
Antiguidade, como os romanos, e foram retomados em diferentes períodos da história.
O modelo de política como uma forma de resolução de conflitos em que os 
cidadãos participam da tomada de decisões se tornou a base das democracias 
modernas. Assim como os gregos, os países democráticos organizam suas decisões 
coletivas por meio de diferentes instituições formadas por cidadãos. 
Essas instituições visam a assegurar que as decisões serão tomadas de forma 
coletiva em um Estado democrático, impedindo que um indivíduo imponha suas 
decisões à sociedade.
É importante destacar que existe uma diferença importante entre a concepção 
de cidadania na Grécia antiga e na atualidade. Entre os gregos, apenas uma parcela 
da população era considerada cidadã: os homens livres nascidos nas cidades. Os 
estrangeiros, as mulheres e as pessoas escravizadas não eram considerados cida-
dãos, portanto não participavam das decisões políticas da pólis. 
Atualmente, nos países democráticos, todos os indivíduos são considerados 
cidadãos e têm o direito de participar de diferentes formas das decisões políticas. 
A participação dos cidadãos nas decisões políticas é fundamental para a criação de 
uma sociedade mais justa, que garanta o bem-estar de todos.
Estado global da democracia
■ A democracia 
contemporânea 
funciona com 
base em uma 
combinação de 
instituições e 
grupos sociais 
que promovem 
o equilíbrio do 
poder.
Fonte: INSTITUTO INTERNACIONAL PARA LA DEMOCRACIA Y LA ASISTENCIA ELECTORAL. 
Índices del estado global de la democracia. Estocolmo: Idea, 2020. Disponível em: 
https://www.idea.int/es/%C3%ADndices-del-estado-global-de-la-democracia. Acesso em: 9 jun. 2020.
Democracia 
local
Aplicação 
previsível
Ausência de 
corrupção
Integridade 
da mídia Independência 
judicial
Parlamento 
eficaz
Democracia 
direta
Participação 
eleitoral
Participação 
da sociedade 
civil
Sufrágio 
Universal
Eleição
limpa
Partidos
políticos
livres
Governo
eleito
Acesso à 
justiça
Liberdades 
civis
Direitos 
sociais e 
igualdadelocal
Aplicação 
previsível
Administração 
imparcial
Integridade 
Parlamento 
Controle do 
governo
justiça
Liberdades 
Direitos 
sociais e 
Direitos
fundamentais
Sufrágio 
Universal
limpalivres
Governo
eleito
Governo 
representativo
Democracia 
direta
Participação 
eleitoral
civil
Engajamento 
participativo fundamentais
Democracia
Participação popular e 
igualdade política
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A seguir, temos três documentos: uma charge, um quadro informativo de atendimento 
hospitalar e um excerto da Constituição Federal. Após a leitura, responda ao que se pede. 
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS>
■ A faixa traz os dizeres: “4048a Olimpíada animal”.
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Capítulo I
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garan-
tindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...] 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 jul. 2020.
 1. Que ideia a charge transmite? 
 2. Qual é o objetivo do quadro de classificação de risco do hospital?
 3. O que o artigo 5o da Constituição Federal determina?
 4. Dos três documentos, qual deles está de acordo com a justiça distributiva? Justifique 
sua resposta, apresentando argumentos referentes a cada um dos documentos.
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EMERGÊNCIA
Caso gravíssimo, com necessidade 
de atendimento imediato.
MUITO URGENTE
Caso grave, com risco significativo. 
Necessita de atendimento urgente.
URGENTE
Caso de gravidade moderada. 
Necessita de atendimento rápido, mas pode aguardar.
NÃO URGENTE
Sem risco de agravamento da saúde. Pode aguardar atendimento 
ou encaminhamento à Unidade Básica de Saúde.
POUCO URGENTE
Baixo risco de agravamento da saúde. Pode aguardar atendimento.
BEM-VINDO
AQUI VOCÊ É ATENDIDO COM
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO.
ENTENDA OS NÍVEIS DE GRAVIDADE POR COR. 
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
Ver nas Orientações para o professor observações sobre o caráter multimodal da página.
33
D3-CH-EM-3075-V2-U1-C2-026-043-LA-G21_.indd 33D3-CH-EM-3075-V2-U1-C2-026-043-LA-G21_.indd 33 15/09/20 15:0115/09/20 15:01
Política e poder
A ação política é baseada na negociação. Segundo Hannah Arendt, 
o sentido da política é que os indivíduos estabeleçam relações entre si 
em liberdade, regulamentando os assuntos por meio do diálogo e do 
convencimento recíproco.
Existe uma relação entre o exercício da política e o do poder, mas o 
poder não é exercido apenas por meio da política. Quando um adulto 
ordena a seus filhos pequenos que não pratiquem determinada ação, 
não está fazendo política, mas exercendo sua autoridade para garantir 
o bem-estar das crianças. É uma forma de exercício do poder que não 
passa por negociação e convencimento.
A relação que se estabelecia entre senhores e trabalhadores escraviza-
dos durante o período de vigência da escravidão no Brasil também não era 
política. Essa relação era marcada pela violência e não havia preocupação 
em convencer o escravizado a realizar tarefas por meio de argumentos.
Existem diferentes formas de poder, e a política é apenas uma delas. 
Diversos pensadores estudaram o conceito de poder, já que ele é muito 
importante para analisar as sociedades e as relações estabelecidas entre 
os indivíduos ao longo do tempo.
O poder está em toda parte
O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) foi um desses pensadores. 
Uma de suas contribuições essenciais para a reflexão sobre poder e política 
foi a afirmação de que o poder não é algo controlado apenas pelo governo 
ou por um pequeno grupo de pessoas.
Para esse pensador, o poder é uma forma de relação que se dissemina 
por todas as esferas da sociedade, 
como vimos no exemplo do adulto 
que dá uma ordem aos seus filhos.
Foucault entende que sempre há 
uma relação de poder quando indiví-
duos tentam influenciar as ações de 
outros indivíduos. Um professor que 
chama a atenção dos estudantes para 
participar da aula está exercendo uma 
forma de poder, assim como o dono 
de uma empresa que dá ordens aos 
seus funcionários ou o médico que 
passa instruções ao seu paciente.
	■ A imagem abaixo 
expressa a ideia de 
um professor que 
exerce pleno poder 
sobre sua turma de 
estudantes, inserindo 
conhecimento em 
suas mentes sem 
questionamentos ou 
resistências. Ilustração 
de 1910, de uma série 
de ilustrações francesas 
publicadas entre 1899 
e 1910, representando 
uma visão de como 
seriam as escolas no 
ano 2000.
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Poder, política e resistência
Outra contribuição importante de Foucault para a reflexão sobre o poder é 
sua afirmação de que todo poder cria resistência. Para Foucault, não existe uma 
situação na qual alguém possa exercer um domínio sem contestação e obrigar o 
outro a obedecê-lo indefinidamente.
Os africanos escravizados que viveram no Brasil entre os séculos XVI e XIX, 
por exemplo, sofriam grande violência, mas resistiam de muitas formas: lutando 
contra os senhores, organizando fugas e formando comunidades, destruindo fer-
ramentas, trabalhando com lentidão, mantendo suas tradições e costumes, entre 
outras.
Muitas vezes, a resistência se torna possível a partir da organização política. 
Para melhor resistir às imposições, os indivíduos podem se organizar em um 
grupo com interesses comuns. Esse processo é uma forma de política.
No Brasil, por exemplo, durante a ditadura civil-militar (1964-1985), a organiza-
ção da sociedade civil contra a violência do regime gerou inúmeras ações políticas 
visando ao retorno da democracia, como manifestações, greves, produção de 
obras de arte de protesto, 
entre outras.
Assim, mesmo quando 
o poder é exercido por 
meio da violência, é possí-
vel resistir fazendo uso de 
práticas políticas. A organi-
zação de grupos que atuam 
de forma coletiva em prol 
de um objetivo comum 
permite o fortalecimento 
dos indivíduos.
	■ WAGENER, Z. Divination 
ceremony and dance 
(Cerimônia de adivinhação e 
dança). Brasil, 1630.
COLEÇÃO PARTICULAR. FOTO: THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY/FOTOARENA
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Como vimos, a resistência se manifesta de diferentes formas. No presente, muitos jovens orga-
nizam ações coletivas em prol de transformações sociais. Essas práticas podem ser entendidas 
como exemplos de resistência contra as injustiças do mundo contemporâneo. Pense em exem-
plos de ações desse tipo organizadas por jovens de sua comunidade ou do Brasil e discuta a 
importância dessas práticas com seus colegas.
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Negação da política
Nas eleições de 2018, que elegeram presidente da República, depu-
tados estaduais e federais, senadores e governadores, houve o menor 
número de eleitores jovens no Brasil desde 2002. 
	■ O gráfico mostra 
a participação de 
eleitores jovens nas 
eleições de 2002 a 2018.
Ano de eleição
2002 2006 2010 2014 2018
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Com direito a voto facultativo
Com título de eleitor
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apud MORENO, A. C.; COSTA, F. Nº de eleitores 
jovens cai por desilusão com política e falta de identificação com os partidos, avaliam 
especialistas. G1, 16 ago. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/
noticia/2018/08/16/no-de-eleitores-jovens-cai-por-desilusao-com-politica-e-falta-de-identificacao-com-os-partidos-avaliam-especialistas.ghtml. Acesso em: 9 jun. 2020.
No Brasil, o voto é facultativo para pessoas entre 16 e 17 anos. Assim, 
a queda do número de jovens que participaram das eleições de 2018 
demonstra a perda de interesse dessa parcela da população no pro-
cesso eleitoral.
Cientistas políticos formularam diferentes hipóteses para explicar 
esse fato, como a insatisfação dos jovens em relação aos rumos políticos 
do país, a desilusão com a democracia ou a falta de diálogo de partidos 
políticos com a população, entre outros motivos.
Essa situação é apenas um exemplo de um problema mais amplo 
que é a chamada negação da política. Essa expressão é utilizada para 
descrever o crescente desinteresse de setores da sociedade na participa-
ção política tradicional, por meio de eleições, organização de partidos e 
associações políticas ou mesmo de envolvimento direto na construção 
da democracia.
Brasil: eleitorado de 16 e 17 anos, 2002-2018
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Nos últimos anos, o fenômeno da negação da política vem cres-
cendo não só no Brasil, mas em diversas partes do planeta, o que 
representa um grave problema social. As crises sociais e econômicas 
que provocam o aumento da pobreza e da desigualdade social, os 
escândalos de corrupção e a incompetência dos políticos na resolução 
de problemas são alguns dos fatores que provocam a desconfiança da 
sociedade civil diante das instituições políticas.
Nesse contexto, surgem grupos que passam a questionar a impor-
tância da democracia e defender ações autoritárias como forma de 
resolução dos problemas.
Desse modo, o princípio central da ação política, a preocupação 
em convencer o outro por meio da argumentação, começa a se perder 
e discursos intolerantes ganham força nas redes sociais e em outros 
espaços cotidianos.
Além disso, a desconfiança em relação à política é acompanhada da 
perda de credibilidade dos meios de comunicação tradicionais, o que 
abre caminho para a disseminação de fake news. Esse tipo de discurso 
também enfraquece o diálogo, já que as falsas notícias são afirmações 
não baseadas em fatos.
No lugar do diálogo e do debate democrático, com base em evi-
dências, muitas pessoas preferem acreditar em supostas verdades e 
considerar incorretos e inaceitáveis outros pontos de vista, sem apre-
sentar argumentos fundamentados.
Como vimos, a política está em toda parte e todos podem exercê-
-la. Quando os indivíduos perdem o interesse pela política e deixam 
de participar do processo, abrem caminho para pequenos grupos ou 
setores da sociedade se apropriarem do discurso político e passarem 
a tomar decisões de forma autoritária, e essas decisões afetarão a vida 
de todos.
É muito importante problematizar a questão da negação da política, 
bem como a desconfiança em relação à democracia, pois é só a partir 
da construção coletiva de soluções políticas que os problemas sociais 
do presente poderão ser resolvidos de modo a atender aos interesses 
e necessidades de todos.
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
 1. Com base no gráfico anterior, o que é possível afirmar sobre a participação dos jovens nas eleições 
brasileiras?
 2. Na sua opinião, o que pode ser feito para modificar a situação representada no gráfico? Apresente 
seus argumentos.
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NÃO ESCREVA 
NO LIVROATIVIDADES>
 1. A seguir é reproduzido o trecho de uma reportagem sobre a participação 
da jovem ativista sueca Greta Thunberg no Fórum Econômico Mundial, 
realizado em Davos, na Suíça, em janeiro de 2020.
Leia o texto atentamente e res-
ponda ao que se pede:
“Praticamente nada foi feito 
já que as emissões globais 
de CO2 não reduziram”, disse 
Thunberg. “Será necessário 
muito mais do que isso.” Mais 
de 43 bilhões de toneladas de 
dióxido de carbono foram emi-
tidos na atmosfera em 2019, 
quebrando recorde anual, esta-
belecido em 2018, em mais 
de 0,5%, segundo estimativa 
prévia da organização interna-
cional de pesquisa ambiental 
Global Carbon Project.
[...] 
Segundo o relatório do Painel 
Intergovernamental das Nações 
Unidas sobre Mudanças Climáticas 
de 2018, a comunidade internacio-
nal só poderá emitir mais 420 bilhões 
de toneladas de dióxido de carbono a fim de evitar que a temperatura 
média global aqueça em 1,5 °C a partir de 2030. Nas condições atuais, o 
limite de carbono será ultrapassado em menos de nove anos.
 ‘PRATICAMENTE nada foi feito’ contra emissões de CO
2
, diz Greta em Davos. Veja, 21 jan. 2020. 
Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/praticamente-nada-foi-feito-contra-emissoes-de-co2-
diz-greta-em-davos/. Acesso em: 9 jun. 2020.
 a) É possível afirmar que Greta Thunberg estava fazendo política no 
evento do Fórum Econômico Mundial? Justifique.
 b) A jovem Greta utiliza argumentos científicos para defender sua posi-
ção. Qual é a importância desse tipo de argumento para combater a 
negação da política que marca o mundo contemporâneo?
 c) Greta é uma jovem ativista. Você considera importante que os jovens 
se tornem ativistas no contexto atual? Elabore um texto argumenta-
tivo sobre a questão.
 d) O que você sabe sobre o Fórum Econômico Mundial? Essa organiza-
ção internacional reúne os principais líderes empresariais e políticos 
do mundo, além de intelectuais e jornalistas. Pesquise o histórico, os 
objetivos e as ações dessa organização e reflita sobre a importância 
que ela tem no contexto atual.
	■ A jovem ativista 
sueca Greta 
Thunberg discursa 
no Fórum Econômico 
Mundial, realizado 
em Davos, Suíça, em 
janeiro de 2020.
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 2. O texto a seguir contextualiza a campanha “Mais do que um voto”, que ocorreu nos 
Estados Unidos durante as eleições de 2020. 
Leia o texto atentamente e responda ao que se pede:
	■ Eleitor preenche cédula 
eleitoral nas eleições 
primárias presidenciais 
em Louisville, Kentucky 
(Estados Unidos), em 
junho de 2020. BR
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Em meio a uma onda de indignação contra o racismo, a estrela da NBA [campeonato 
de basquete dos Estados Unidos] LeBron James e outros atletas e celebridades uniram 
forças em uma parceria para promover o voto dos negros americanos antes da eleição 
presidencial de novembro.
"Está na hora de finalmente fazermos a diferença", afirmou o jogador do Los 
Angeles Lakers nesta quarta-feira (10) em entrevista ao jornal The New York 
Times. 
Com o nome de "Mais do que um voto", a associação incentivará os afro-ame-
ricanos a se registrarem como eleitores e a votar nas eleições presidenciais de 3 
de novembro.
Ao mesmo tempo, os membros da associação usarão suas redes sociais como 
plataforma para alertar sobre qualquer tentativa de interferir no direito de voto 
das minorias no país.
FRANCE PRESSE. LeBron James e outras estrelas do esporte farão campanha pelo voto afroamericano. G1, 
11 jun. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2020/noticia/2020/06/11/lebron-james-e-
outras-estrelas-do-esporte-farao-campanha-pelo-voto-afro-americano.ghtml. Acesso em: 14 ago. 2020.
 a) De que forma é possível relacionar a campanha “Mais do que um voto” com o 
problema da negação da política no presente?
 b) O movimento visa mobilizar a população afro-americana a participar das eleições 
nos Estados Unidos. Nesse sentido, esse movimento pode ser visto como um exem-
plo de ação de resistência em uma sociedade com grande desigualdade racial 
como os Estados Unidos. Justifique essa ideia.
 c) Você acredita que no Brasil seriam importantes movimentos semelhantes ao “Mais 
do que um voto”? Por quê?
 d) Imagine que vocêvai organizar uma campanha para estimular a participação da 
população nas eleições. Como você faria isso? Discuta o tema com seus colegas.
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INVESTIGAÇÃO>
O slam como forma de resistência 
Slam (slam poetry) é um estilo de poesia apresentada em forma de batalha e, 
por isso, também conhecido como batalha de slam. Os poetas devem ler ou recitar 
produção autoral, sem uso de adereços ou instrumentos, mas podem apresentar 
performances. 
■ Apresentação de slam em CIEP da cidade do Rio de Janeiro (RJ), 2020.
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O termo slam teve origem em Chicago, nos Estados Unidos, em 1984, e seu sig-
nificado está relacionado ao som de uma batida de porta ou janela. Atualmente, as 
batalhas de slam são realizadas em mais de 500 comunidades do mundo. No Brasil, 
todos os anos acontece o Slam BR – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, cujo 
vencedor compete na Copa do Mundo de Slam, realizada anualmente na França.
Esse acontecimento poético dá voz a poetas da periferia, que trazem à tona 
questões da contemporaneidade, convidando o público a refletir sobre os temas 
abordados e provocando a tomada de consciência política.
Os temas normalmente estão relacionados à realidade das periferias, como 
racismo, feminismo, desemprego, violência. Por isso, o slam é uma forma de resis-
tência e, como tal, uma prática política. 
Com base nessas informações e em outras pesquisas, organize, coletivamente, 
uma batalha de slam na escola. 
Para iniciar essa atividade, em primeiro lugar, converse com os professores sobre 
como efetivar esse evento. 
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Em seguida, com a ajuda de seus colegas, organize a turma em duplas ou trios 
para a criação das poesias e monte as chaves para determinar a ordem de confronto 
entre as duplas e trios, desde a primeira fase até a final. A ideia é que o número de 
participantes se reduza a cada fase.
Após a organização do evento, escolha os professores que serão os jurados 
para determinar quem venceu cada confronto. É importante discutir previamente 
as regras de avaliação, de modo que todos tenham clareza dos critérios.
Com o evento planejado, é o momento de criar os slams. Para isso, os grupos 
devem selecionar os temas das poesias e pesquisar informações. Também é inte-
ressante buscar na internet exemplos de slams para ter uma ideia mais clara sobre 
o formato dessa produção.
Com as poesias finalizadas, é importante ensaiar a apresentação. Caso nem 
todos os membros do grupo se sintam à vontade para se apresentar, é possível 
selecionar um representante. É necessário, porém, que todos os grupos apresentem 
suas produções no momento do confronto.
Pronto, agora basta iniciar o evento. É importante respeitar os colegas e acom-
panhar atentamente as apresentações de todos. Além disso, é interessante registrar 
as apresentações por meio de fotos ou filmagem. Caso o grupo esteja de acordo, é 
possível divulgar as batalhas nas redes sociais.
Ao final, organizem uma etapa de discussão com todos os participantes, para 
entender como cada um interpretou os poemas e de que forma a atividade ajudou 
a refletir sobre nossa sociedade.
	■ Grande final do Slam BR 2019 – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, no Sesc Pinheiros, em 
São Paulo (SP), 2019.
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PLANEJAMENTO
Reúnam-se com os demais colegas de sala e sigam os passos:
1. Identifiquem e mapeiem outras escolas públicas ou particulares da região onde vocês estudam 
que tenham turmas de Ensino Médio.
2. Elaborem em conjunto um questionário sobre bullying para ser aplicado aos estudantes da sua 
escola e de outras instituições de ensino. Para isso, utilizem a Escala de Likert, que, basicamente 
consiste em apresentar afirmações aos entrevistados e pedir que eles escolham uma numeração 
entre 0 e 10, sendo 0 correspondente a “nunca” e 10, “com muita frequência”, ou, ainda, 0 para 
“discordo totalmente” e 10 para “concordo totalmente”.
3. Vocês não irão entrevistar todos os estudantes da escola, mas fazer uma pesquisa de amostra-
gem, assim como fazem vários institutos de pesquisa. Para isso, é importante saber o número 
de estudantes de Ensino Médio que existe em cada escola e estabelecer, juntos, qual é a por-
centagem de estudantes que serão entrevistados. Por exemplo, caso a escola onde será feita 
a entrevista tenha 240 estudantes no período da manhã e vocês queiram uma amostragem de 
10%, devem entrevistar 24 estudantes. Há várias formas de selecionar os entrevistados. Uma 
sugestão é pedir que os estudantes se voluntariem.
4. Ainda sobre a elaboração do questionário, criem frases simples, de fácil entendimento, façam uma 
divisão para enquadrar as afirmações entre as Escalas de Likert, de 0 a 10: “Nunca ou com muita 
frequência” (pode ser chamada de Pesquisa A) ou “Discordo totalmente e concordo totalmente” 
(pode ser chamada de Pesquisa B). Não se esqueçam de incluir todos os tipos de bullying identifi-
cados anteriormente e outros que vocês julguem ter importância em relação ao tema pesquisado. 
Formulem afirmações que busquem avaliar se o entrevistado já foi um agressor ou uma vítima, 
mais uma vez sem emitir juízo de valor. Todos os grupos devem aplicar a mesma entrevista.
5. É possível deixar uma questão ou um espaço aberto, caso o entrevistado queira dar algum 
depoimento, citar exemplos ou fazer comentários. É importante garantir que os estudantes entre-
vistados tenham a opção de responder à pesquisa anonimamente para manter sua privacidade, 
mas é necessário que forneçam dados como idade e ano que estão cursando.
6. Tenham em mente que o público-alvo da pesquisa são estudantes do Ensino Médio da própria 
escola e de outras escolas da região. Dividam os grupos de pesquisa para cada escola, orga-
nizem-se para calcular quantas entrevistas devem ser aplicadas em cada escola, avaliar as 
melhores datas para realizar as entrevistas e as melhores formas de deslocamento, bem como 
decidir se utilizarão questionários impressos em papel ou formulários disponibilizados pela inter-
net. Marquem uma data final comum a todos os grupos para apresentar os resultados coletados.
7. Como metodologia de pesquisa, vocês irão utilizar o método de amostragem, que consiste em 
um estudo estatístico para investigar a experiência ou a opinião de um determinado grupo de 
pessoas. Nesse caso, o universo pesquisado são estudantes do Ensino Médio, a população da 
pesquisa são estudantes do Ensino Médio das escolas escolhidas pela turma que se dispuserem 
voluntariamente a responder a pesquisa. A proposta é que vocês entrevistem 10% da popula-
ção da pesquisa. Para isso, calculem a quantidade de estudantes que vocês devem entrevistar, 
anotem os nomes dos voluntários e façam um sorteio entre eles. Os sorteados que serão entre-
vistados compõem a amostra de vocês.
8. Com ajuda de um professor ou da coordenação da escola, redijam uma carta dirigida à coordena-
ção e aos estudantes das escolas que vocês visitarão, explicando os objetivos e a forma como 
a pesquisa será feita.
Etapa
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Memórias da ditadura 
Disponível em: http://memoriasdaditadura.org.br/
O site traz diversos registros de ações organizadas por diferentes setores da sociedade civil 
durante a ditadura, o que ajuda a refletir sobre as práticas de resistência da sociedade civil 
durante o período ditatorial no Brasil.
Entendendo ética: um guia ilust rado
Dave Robinson e Chris Garrat. São Paulo: Leya, 2017.
O livro combina uma linguagem didática com quadrinhos para explorar alguns dos principaisproblemas e debates da reflexão ética ao longo do tempo. Dessa forma, é uma excelente obra 
introdutória para conhecer mais sobre o campo da ética e suas implicações para as sociedades 
humanas.
A náusea
Jean-Paul Sartre. São Paulo: Nova Fronteira, 2019.
O livro, que é uma das diversas obras literárias escritas pelo filósofo francês, oferece a 
oportunidade de conhecer melhor suas ideias e refletir sobre suas propostas éticas. Nesse 
romance, o intelectual Antoine Roquetin faz uma profunda reflexão ética ao enfrentar o problema 
da ausência de sentido da vida. 
Nossa casa está em chamas: ninguém é pequeno demais para fazer a diferença
Greta Thunberg et al. São Paulo: BestSeller, 2019.
Escrita de forma colaborativa por Greta Thunberg, sua mãe e seus familiares, o livro narra 
o envolvimento da jovem ativista sueca na luta contra a destruição do meio ambiente. Por 
meio dessa narrativa, é possível refletir sobre a importância da política na construção de um 
mundo justo para todos.
Ética e vergonha na cara!
Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho. São Paulo: Papirus, 2014.
Nesse livro, os dois pensadores brasileiros refletem sobre questões éticas e políticas a partir de 
situações cotidianas. A obra pode ajudar a aprofundar alguns temas estudados na unidade.
A vida não é útil
Ailton Krenak. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
As ideias do autor constituem um exemplo de resistência às relações de poder que marcam as 
sociedades contemporâneas. O livro é uma excelente introdução ao pensamento de Krenak, que 
dialoga com alguns problemas éticos e políticos importantes no mundo contemporâneo.
Depois da verdade: desinformação e o custo das fake news
Direção: Andrew Rossi. Estados Unidos, 2020. Vídeo (95 min). Disponível em: https://www.hbogo.
com.br/. Acesso em: 22 jul.2020.
Esse documentário analisa o impacto das fake news no mundo contemporâneo a partir de 
exemplos ocorridos nos últimos anos nos Estados Unidos.
> SAIBA MAIS
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UNIDADE
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Direitos 
humanos
Os direitos dos cidadãos são resultado da 
luta de pessoas que sonharam e ainda sonham 
com um mundo mais justo e sem opressão. Os 
direitos que usufruímos hoje foram conquis-
tados graças à participação ativa de muitas 
pessoas que não se intimidaram perante 
injustiças e lutaram por igualdade de direitos 
civis, políticos, econômicos e sociais. A cidada-
nia, porém, se constrói todos os dias e muitos 
direitos continuam sendo conquistados 
graças à nossa capacidade de organização 
e intervenção social. Nesta unidade vamos 
conhecer um pouco dessa história.
2
 1. Você já se sentiu desrespeitado como cida-
dão ou já presenciou alguém ser vítima de 
desrespeito? Qual foi sua reação?
 2. Além de direitos, a cidadania estabelece 
deveres. Em uma roda de conversa, debata 
com seus colegas quais são os principais de-
veres de um cidadão que se preocupa com 
o coletivo e como isso contribui para a con-
solidação de uma sociedade democrática. 
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
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■ Ilustração criada por 
Preta Ilustra (Vanessa 
Ferreira), 2020.
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CAPÍTULO
3 Em busca da cidadania
É muito comum encontrarmos pessoas para quem a ideia de cida-
dania significa apenas ter o direito de votar livremente na época das 
eleições. O direito ao voto é, sem dúvida um exemplo de prática da 
cidadania. Entretanto, o termo não se resume a isso; ele é muito mais 
amplo. Cidadania é a condição do cidadão que, como membro de um 
Estado, tem pleno direito de participar da vida política e tomar parte 
das decisões do governo. Quem não tem cidadania está marginalizado 
ou excluído, sem poder participar das decisões.
Os direitos do cidadão, no entanto, não surgiram ao acaso nem 
se desenvolveram de modo linear. Eles são resultado de muitas idas e 
vindas ao longo dos séculos, e sua existência é fruto de conquistas de 
muitas pessoas que lutaram e ainda lutam por um mundo sem opres-
sões e desejam uma sociedade mais justa.
Direitos como manifestar ideias livremente, praticar uma religião, ter 
tratamento igual perante a lei, por exemplo, só se tornaram realidade 
porque, no passado, muitos batalharam – e até morreram – por esses 
ideais. Por isso, costuma-se dizer que a cidadania não é algo acabado, 
mas algo que se constrói todos os dias.
Neste capítulo, você verá como se deu o processo de formação do 
conceito de cidadania que conhecemos no presente. Ele começou ainda 
no século XVII, na luta dos ingleses contra o absolutismo, e se consoli-
dou no século seguinte, com a Revolução Francesa e a Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão. E, mesmo variando de um país para 
o outro, ainda hoje esse conceito está em constante mudança.o outro, ainda hoje esse conceito está em constante mudança.
■ Voluntários trabalham em 
produção emergencial 
de sacolas de alimentos 
durante a pandemia do 
novo coronavírus (covid-19), 
em Oakland, Califórnia 
(Estados Unidos), 2020.
STEPHEN LAM/REUTERS/FOTOARENA
4646
Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo 
e sobre o trabalho com as atividades.
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■ Crianças em Lunana 
Gewog, distrito de 
Gasa (Butão), 2017.
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É possível ser feliz?
O que é a felicidade? Ela também é um direito do cidadão? Para 
alguns, felicidade é passar bons momentos ao lado da família. Para 
outros, viajar ou ter algum hobby, como tocar um instrumento, praticar 
esportes ou ir a baladas com os amigos. Há quem encontre a felici-
dade na religião, assim como há pessoas que se sentem felizes quando 
compram algo que há muito tempo desejavam.
A ideia do que é felicidade varia de pessoa para pessoa. O soció-
logo holandês Ruut Veehoven (1942-), uma das principais autoridades 
mundiais a respeito do assunto na atualidade, estuda como a felicidade 
pode ser considerada uma medida confiável para avaliar o desenvolvi-
mento das sociedades. Para ele, a felicidade pode ser entendida como 
“o grau de satisfação de um indivíduo com sua qualidade de vida”. Ou 
seja, quanto mais uma pessoa estiver satisfeita com a vida que leva, 
mais feliz ela é.
O Butão, país asiático encravado entre a China e Índia, criou, em 1972, 
a Felicidade Interna Bruta (FIB), um conceito de desenvolvimento social 
que faz contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB), indicador econômico 
utilizado para calcular a riqueza das nações. Enquanto o PIB é medido 
considerando todos os bens e serviços produzidos por um país ao longo 
de um determinado período, o FIB é medido considerando variantes 
como preservação e promoção dos valores culturais, igualdade entre 
gêneros, liberdade de pensamento, saúde da população, entre outras.
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Reflexões sobre a felicidade
Diferentes sociedades humanas formularam reflexões sobre o 
que significa a felicidade. Na Antiguidade, essa questão foi analisada 
por diversos filósofos que discorreram sobre o melhor caminho para 
conquistá-la. 
Epicuro (341 a.C.-270 a.C.) considerava a felicidade o verdadeiro 
propósito da vida. Para alcançá-la, o filósofo recomendava a vida em 
comunidade, o fortalecimento dos laços de amizade, a liberdade e o 
exercício da filosofia. Segundo a doutrina epicurista, a busca indiscrimi-
nada de prazeres é fonte de perturbações que causamdor e sofrimento, 
portanto cultivar o prazer das coisas simples e habituar-se a um modo 
de vida não luxuoso são atitudes que proporcionam uma vida feliz. 
Sócrates (c. 469 a.C.-399 a.C.) defendia a ideia de que a felicidade 
só podia ser atingida por meio de uma conduta justa e virtuosa. Para 
o filósofo, o autoconhecimento era importante para que as pessoas 
pudessem examinar a si próprias com o objetivo de abandonar as 
falsas opiniões que guiariam seus atos de forma errada, conduzindo 
à infelicidade.
Platão (c. 427 a.C.-347 a.C.), discípulo de Sócrates, entendia a feli-
cidade como finalidade última do ser humano e de suas ações. Ela 
seria alcançada pelos indivíduos que agissem conforme a sua própria 
natureza. Sendo felizes, as pessoas contribuiriam para a felicidade dos 
demais membros de sua comunidade, no caso, a pólis. A felicidade, para 
Platão, não tinha um caráter individualista, mas coletivo.
Para Immanuel Kant (1724-1804), a busca pela felicidade individual 
não podia ser um fim em si mesma, mas estaria condicionada aos prin-
cípios da moralidade que 
deveriam orientar a vida 
de todos. Essa tese influen-
ciou outros pensadores, 
fortalecendo a ideia de que 
a felicidade individual não 
era o princípio central que 
conduziria a uma vida ética. 
Ao longo do tempo, 
outros filósofos abordaram 
o problema da felicidade, 
como Thomas Hobbes 
(1588-1679), John Locke 
(1632-1704) e Gottfried 
Leibniz (1646-1716).
	■ STROHMAYER, A. 
Jardim do filósofo, 
Atenas, óleo sobre 
tela,1834. O Jardim de 
Epicuro era uma comu-
nidade onde todos 
viviam basicamente do 
consumo de hortaliças 
cultivadas pelos pró-
prios moradores. 
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A felicidade como direito 
humano
No século XVIII, alguns pen-
sadores europeus começaram a 
refletir a respeito da felicidade 
como um valor social, um direito 
natural inerente ao ser humano. 
Ser feliz era, assim, um projeto 
de sociedade.
A crença nessa ideia ganhou 
força porque, com a Revolução 
Industrial – iniciada naquele 
mesmo século –, trabalhadores 
passaram a produzir em grandes 
quantidades os bens necessários 
para se viver de forma mais confortável. Muitos cientistas, filósofos e 
pensadores iluministas acreditavam que, com aqueles avanços, seria 
possível sonhar com uma sociedade em que a miséria e as desigualda-
des sociais fossem reduzidas. Assim, seria viável a construção de uma 
sociedade mais justa e igualitária, capaz de, em um futuro não tão dis-
tante, assegurar a felicidade de toda a população.
Essas ideias influenciaram o pensamento social e político da época, 
ganhando contornos mais claros no processo de Independência dos 
Estados Unidos, em 1776. No documento elaborado pelos líderes revolucio-
nários estadunidenses, que declarava as colônias inglesas livres do domínio 
britânico, encontra-se a seguinte afirmação: “Todos os homens são criados 
iguais, dotados pelo seu Criador de certos direitos inalienáveis, [e] que entre 
esses estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade”. Para aqueles líderes, 
a felicidade era entendida como um direito inerente ao indivíduo. 
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Pensando em seus sentimentos, reflita e responda: O que o faz feliz? Você 
compartilha sua felicidade com alguém? Como você lida com os mo-
mentos em que se sente triste? Você procura ajuda nesses momentos? 
E quando você encontra alguém triste, você tenta ajudar essa pessoa? 
Em seguida, compare sua resposta com a de outro colega da sua sala, 
procurando encontrar semelhanças e diferenças. 
	■ ARMAND-DUMARESQ, 
C. E. Declaração da 
Independência dos 
Estados Unidos, 4 de 
julho de 1776. c. 1873. 
Óleo sobre tela, 
74,9 cm x 120,5 cm.
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Hobbes e a soberania popular
As raízes dessa luta por direitos, 
que tanto influenciou a Independência 
dos Estados Unidos, podem ser encon-
tradas em duas outras revoluções 
ocorridas no século XVII, na Inglaterra. 
Conhecidas como Revoluções Inglesas, 
elas foram fundamentais para pro-
mover uma mudança nas relações 
de poder, não só na sociedade como 
também no Estado inglês.
Na época, a Inglaterra era uma 
monarquia absolutista, ou seja, o 
poder do rei não se encontrava 
limitado por nenhum outro poder, 
exceto “pelas leis de Deus”. Os 
monarcas entendiam que seu poder 
havia sido concedido diretamente 
por Deus, princípio conhecido como 
direito divino dos reis. 
No entanto, o filósofo Thomas 
Hobbes publicou, em 1651, o livro 
Leviatã, no qual contesta essa origem 
do poder real. Para Hobbes, a origem 
do poder não é divina, mas é criada 
a partir de um contrato estabele-
cido com cada indivíduo que forma 
a sociedade. 
De acordo com Hobbes, os indiví-
duos transferem seu poder a um indivíduo ou a uma assembleia, dando 
origem ao soberano. O dever do soberano é cuidar da defesa nacional 
e criar leis que garantam a segurança interna. Nesse sentido, o poder 
do soberano origina-se da soberania popular. 
Para Hobbes, a única forma de organizar a sociedade seria assegurar 
que o soberano passasse a concentrar todo o poder, já que isso evitaria 
conflitos internos, que poderiam provocar a desintegração do Estado.
Ao mesmo tempo em que defende o absolutismo, Hobbes prega 
a existência de direitos inalienáveis aos seres humanos. Entre eles, o 
direito à vida, à propriedade e à iniciativa privada. Inovadoras para a 
época, as ideias de Hobbes trazem em si os elementos fundadores do 
pensamento liberal.
Liberal
Adepto do liberalismo, 
doutrina que defende 
a liberdade individual 
nos campos econômico, 
político, religioso e 
intelectual.
	■ Frontispício da pri-
meira edição da obra 
Leviatã, de Thomas 
Hobbes, publicada 
em 1651.
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Locke e os direitos individuais
Em 1688, a burguesia 
inglesa liderou a Revolução 
Gloriosa (1688-1689), res-
ponsável por acabar com o 
absolutismo no país e trans-
formar a Inglaterra em uma 
monarquia constitucional. Um 
dos marcos dessa revolução foi 
a assinatura, por parte do rei, 
da Bill of Rights (Declaração de 
Direitos). Esse documento sig-
nificou o reconhecimento do 
rei de que seus poderes eram 
limitados pelo Parlamento, ao 
mesmo tempo em que assegu-
rava que o Estado respeitaria os direitos individuais da população. A Bill 
of Rights pode ser considerada o ponto de partida para a construção de 
uma sociedade baseada em um Estado de direito, ou seja, que defende 
os direitos dos cidadãos.
Um ano depois da assinatura, em 1690, a questão dos direitos indi-
viduais ganharia novo destaque, desta vez com a publicação de Dois 
tratados sobre o governo civil, do filósofo inglês John Locke. 
Diferentemente de Hobbes, Locke era contrário ao absolutismo e 
defendia alguns dos elementos que hoje norteiam um regime cons-
titucional, como o fato de que o Poder Legislativo deve ser formado 
por representantes eleitos pelo povo, renovados periodicamente, e de 
que as decisões do eleitorado e do Parlamento devem ser tomadas por 
maioria e obedecidas por todos, mesmo por aqueles que não concor-
dam com elas. Locke teve um papel importante na disseminação da 
ideia de que as pessoas são detentoras de direitos individuais naturais, 
entre eles, o direito à vida, à liberdade, à saúde. 
Esses ideais influenciaram os líderes da Revolução Americana, de 
1776, bem como afetaram de maneira decisiva a Revolução Francesa, 
de 1789.
	■ William desembar-
candoem Torbay, 
Devon, 5 de novem-
bro de 1688 com 
tropas no início da 
Revolução Gloriosa. 
c. 1754. Gravura.
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> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Em um governo absolutista, o poder se concentra nas mãos de uma pessoa, diferentemente de um 
regime democrático, no qual há uma divisão de poderes. Com base em seus conhecimentos e na 
leitura do capítulo, cite três aspectos positivos da divisão de poderes entre diferentes esferas.
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Direitos universais
A Revolução Francesa (1789-1799) foi uma revolução social com 
grande participação popular, que teve como lema “liberdade, igualdade 
e fraternidade” e que pode ser considerada o ápice do processo histó-
rico de luta por direitos civis iniciado no século XVIII. O movimento foi 
liderado pela burguesia, mas dele também fizeram parte outros grupos 
sociais, como camponeses e trabalhadores urbanos. 
Os revoltosos pertenciam ao chamado Terceiro Estado, maior grupo 
social da França, e eles se rebelaram contra o absolutismo do rei Luís XVI 
e contra os privilégios do clero (Primeiro Estado) e da nobreza (Segundo 
Estado). Entre esses privilégios, estavam a isenção de diversos impostos 
e o direito a julgamentos em tribunais próprios. 
A revolução se estendeu por dez anos, ao longo dos quais o 
movimento obteve avanços e enfrentou retrocessos. Porém, uma das 
conquistas mais importantes foi quando os revolucionários consegui-
ram decretar o fim desses privilégios e proclamaram a Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789.
Nos 17 artigos desse documento, 
os franceses procuraram reunir 
tanto as proteções legais dos direi-
tos fundamentais como estabelecer 
as bases jurídicas do governo. Eles 
criaram uma sociedade de cidadãos 
juridicamente iguais. Em seu pri-
meiro artigo, a declaração dizia que 
“todos nascem e permanecem livres 
e iguais em direitos”. Nela também 
estavam assegurados o direito à pro-
priedade, à segurança, à resistência 
à opressão, bem como à liberdade 
de imprensa. Estavam também proi-
bidas ordens arbitrárias e punições 
desnecessárias. 
Uma característica inédita desse 
documento é que ele não era voltado 
exclusivamente ao povo francês, 
tinha um caráter universal. Ou seja, 
pretendia abarcar a humanidade 
como um todo, independentemente 
de país ou etnia. Começava a se con-
solidar, dessa maneira, a ideia de 
cidadania que conhecemos hoje.
	■ LE BARBIER, J-J. F. 
Declaração dos 
Direitos do Homem 
e do Cidadão. 1789. 
Óleo sobre madeira, 
71 cm x 56 cm. Museu 
Carnavalet, Paris, 
França.
Direitos civis
Direitos que o governo 
garante aos cidadãos, 
como o direito ao voto. 
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Os textos a seguir foram produzidos durante a Revolução Francesa: 
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) e a Declaração 
dos Direitos da Mulher e da Cidadã, escrita em 1791 por Olympe de 
Gouges (1748-1793). As propostas de Olympe foram recusadas pela 
Assembleia Legislativa francesa, mas seu documento tornou-se um 
importante manifesto em favor da igualdade de gêneros e foi retomado 
por outros movimentos ao longo do século XIX. 
Leia os excertos selecionados e responda ao que se pede.
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS>
■ KUCHARSKI, A. Retrato de
Olympe de Gouges. (Detalhe).
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Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Art. 1o Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais 
só podem fundamentar-se na utilidade comum.
[...]
Art. 10o Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religio-
sas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
[...]
Art. 15o A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua 
administração.
DECLARAÇÃO de Direitos do Homem e do Cidadão – 1789. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São 
Paulo. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-
da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html. 
Acesso em: 15 ago. 2020.
Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã
Artigo primeiro A Mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos. As 
distinções sociais só podem ser fundamentadas no interesse comum.
[...]
Artigo dez Ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo que sejam de 
princípio; a mulher tem o direito de subir ao cadafalso; mas ela deve igualmente ter 
o direito de subir à tribuna, contanto que suas manifestações não perturbem a ordem 
pública estabelecida pela lei. 
[...]
Artigo quinze O conjunto das mulheres, igualadas aos homens na contribuição, tem 
o direito de pedir contas de sua administração a qualquer agente público.
GOUGES, O. de. Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. INTERthesis, Florianópolis, v. 4, n. 1. jan./jun. 2007. Disponível 
em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/interthesis/article/view/File/911/10852. Acesso em: 15 ago. 2020.
Com base em seus conhecimentos e nos fragmentos, responda:
 a) Quais são as semelhanças e diferenças observadas entre os artigos desses dois 
documentos?
 b) Nos artigos citados, quais são os direitos reivindicados pelas mulheres? Esses direitos 
fazem parte da realidade das mulheres no Brasil hoje?
 c) Olympe de Gouges ressalta uma questão central para o exercício da cidadania, em 
seu documento: a importância da igualdade de direitos entre homens e mulheres. 
Por que essa igualdade é necessária para o pleno exercício da cidadania?
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
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Cidadania hoje
A cidadania consolidada pela Revolução Francesa, e que está na 
base do conceito de cidadania que temos hoje, é chamada pelos his-
toriadores de cidadania liberal. Como vimos, ela é fruto de um longo 
processo de conquistas, como o direito à igualdade política, advindo 
com a Declaração de Direitos (1689), da Revolução Gloriosa; a conquista 
da autodeterminação, com a Revolução Americana (1776); a conquista 
da igualdade jurídica, com a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão (1789). 
A cidadania liberal rompeu com a ideia de que os indivíduos eram 
súditos de um rei ou de uma rainha e que tinham apenas deveres a 
cumprir. Os súditos tornaram-se cidadãos, com deveres, mas também 
com direitos. A luta pela conquista de direitos, inclusive, ampliou-se ao 
longo do tempo.
A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, provocou o surgi-
mento do operariado, que, unido em torno de sindicatos e associações, 
começou a lutar por melhores condições de trabalho, melhores salários 
e leis de proteção ao trabalhador. E muitas dessas reivindicações torna-
ram-se realidade durante os séculos XIX e XX. Assim, expandiu-se a ideia 
do que é ser cidadão. O historiador Jaime Pinsky (1939-) nos apresenta 
a seguinte definição em torno do que é ser cidadão nos dias de hoje: 
Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade 
perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também participar no 
destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direi-
tos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, 
aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o 
direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice 
tranquila. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais.
PINSKY, J. História da cidadania. São Paulo: Contexto,2003. p. 9.PINSKY, J. História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003. p. 9.
■ Pessoa em situação de 
rua em Sumaré (SP), 
2017.
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Conceito em mudança permanente
A própria ideia de cidadania está em mudança permanente. Ela varia de uma 
nação para outra, de um momento histórico para outro. Se, hoje, esse conceito é 
cada vez mais inclusivo, na antiga Grécia, onde a ideia da cidadania surgiu, ele tinha 
um caráter excludente. 
Nas antigas pólis, nem todos tinham direitos de cidadania. As pessoas escraviza-
das, por exemplo, tinham muito menos direitos que os cidadãos livres. Além disso, 
mulheres e estrangeiros não podiam participar da vida política da cidade. 
Ainda hoje, o conceito de cidadania varia de um lugar para outro. Ser cidadão, 
no Brasil, é diferente de ser cidadão nos Estados Unidos ou na França. Uma das 
grandes questões na atualidade é como garantir a cidadania a todos, considerando 
as diferenças étnicas, religiosas, culturais, sociais e econômicas observadas em um 
mundo cada vez mais globalizado, plural e multicultural.
São questões para as quais ainda não se tem uma resposta, mas, como afirma 
o historiador Peter Demant (1951-), para que a cidadania beneficie a todos, é neces-
sário que as relações entre maioria e minorias, inclusive em nível institucional (leis, 
políticas públicas etc.), sejam renovadas de modo a considerar os interesses de toda 
a população, não apenas os das elites.
	■ Refugiados e migrantes chegam a bordo de um barco inflável à ilha de Lesbos (Grécia), 2020. 
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Observe as fotografias desta página e da página anterior. Em sua opinião, as pessoas retratadas têm 
seus direitos de cidadão assegurados? Em sua comunidade, existem grupos que carecem desses 
direitos? Justifique suas respostas.
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Cidadania e espaço
Diante do que você estudou até agora, quantos habitantes do 
Brasil são cidadãos? Quantos não sabem que não são cidadãos? Essas, 
entre outras perguntas, fazem parte das reflexões feitas pelo geógrafo 
Milton Santos (1926-2001) no livro O espaço do cidadão, lançado em 
1987, quando nosso país acabava de entrar no processo de redemocra-
tização e muitos defendiam que havia um longo caminho na luta pelos 
direitos de toda a população.
Desde então, houve inúmeros avanços em relação aos direitos dos 
cidadãos, o que se refletiu em melhorias nas condições de vida das 
pessoas nos mais diversos setores, como a ampliação do acesso à edu-
cação e à saúde. No entanto, sabemos que ainda há muito o que ser 
feito para ampliar esse acesso e, principalmente, a qualidade de diversos 
serviços, ao mesmo tempo em que verificamos retrocessos com gover-
nos que não têm um compromisso real com políticas públicas. 
Ao analisarmos a cidadania e a conquista de direitos do ponto de 
vista da Geografia, e voltando a Milton Santos, dirigimos o olhar para o 
espaço que, muitas vezes, é caracterizado por vazios. Não se trata aqui 
de “vazios populacionais”, mas de “vazios de cidadãos” verificados na 
ausência de fixos sociais, dos quais fazem parte a infraestrutura que 
garante os direitos sociais, como hospitais e escolas. 
Segundo Milton Santos, os fixos são a parte material do 
espaço geográfico, ou seja, objetos que resultaram do trabalho 
humano e passaram a ter uma função. Há fixos sociais e cultu-
rais, econômicos, religiosos etc. Também podem ser públicos e 
privados. Exemplos de fixos são as fábricas, os bancos, os templos 
religiosos, os shoppings etc. Já as ações e práticas são os fluxos. Os 
fixos e os fluxos formam um conjunto inseparável que compõe o 
espaço geográfico.
Leia, a seguir, um trecho de O espaço do cidadão sobre isso:
Olhando-se o mapa do país, é fácil constatar extensas áreas vazias 
de hospitais, postos de saúde, escolas secundárias e primárias, infor-
mação geral e especializada, enfim, áreas desprovidas de serviços 
essenciais à vida social e à vida individual. O mesmo, aliás, se veri-
fica quando observamos as plantas das cidades em cujas periferias, 
apesar de uma certa densidade demográfica, tais serviços estão igual-
mente ausentes. É como se as pessoas nem lá estivessem. 
SANTOS, M. O espaço do cidadão. 7. ed. São Paulo: Edusp, 2007. p. 59.
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Esses vazios de cidadãos podem ser verificados em diferentes 
escalas espaciais: quando se comparam as grandes regiões, unidades 
da federação, municípios e regiões dentro dos municípios, e quando se 
verificam vazios nas periferias das cidades.
Para que não fiquemos apenas na constatação dos vazios de cida-
dãos, vale lembrar que não há outro caminho para reduzir ou eliminar 
tais vazios que não o da participação democrática de toda a população. 
Essa participação, como já vimos, vai muito além do voto, devendo cada 
cidadão estar alerta, cobrar as autoridades e manifestar-se, sempre con-
siderando a lei maior do país, a Constituição.
	■ Rua alagada no bairro 
Terra Firme. Os mora-
dores convivem com 
esgoto a céu aberto 
e frequentes alaga-
mentos do canal Lago 
Verde, que cruza o 
bairro. Belém (PA), 2019. 
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM
• Observe atentamente a fotografia desta página e analise a cena retratada 
com base no conceito de vazio de cidadãos.
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NÃO ESCREVA 
NO LIVROATIVIDADES>
 1. Durante a pandemia de covid-19 no Brasil, em 2020, foram amplamente divulgadas as diferenças 
entre os fixos relacionados ao direito à saúde e, por consequência, ao direito à vida. Veja o mapa a 
seguir e responda ao que se pede.
Se consideramos o conceito de vazio de cidadãos no mapa acima, em quais regiões (Norte, 
Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) os vazios estão concentrados? E, no interior dessas regiões, 
há diferenças? 
2. Releiam a definição de “o que é ser cidadão”, na p. 54, escolham um dos direitos e discutam de que 
forma ele é atendido em sua comunidade. Como provocação da discussão, adaptem as perguntas 
feitas por Milton Santos, verificando se há vazios de cidadãos: Quantos cidadãos há na comunidade? 
Quantas pessoas não sabem que não são cidadãs? Pense em ações, de diferentes atores, que possam 
garantir tais direitos ou ampliá-los.
Fonte: 43% DA POPULAÇÃO brasileira mora em municípios sem estrutura recomendada de respiradores ou leitos de 
UTI. FGV Dapp, 6 abr. 2020. Disponível em: http://dapp.fgv.br/43-da-populacao-brasileira-mora-em-municipios-sem-
estrutura-recomendada-de-respiradores-ou-leitos-de-uti/. Acesso em: 1 ago. 2020.
Brasil: proporção da população em municípios sem 
registro de respiradores/ventiladores, 2020
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Equador
Trópico de Capricórnio
50° O
0°
De 0 a 9
De 9,1 a 19
De 27,1 a 41,6
De 41,7 a 100
De 19,1 a 27
Percentual da população
por região intermediária em
municípios sem registro de
respiradores/ventiladores
Capital de estado
Divisa regional
Capital de país
0 355
Rio Branco
Maceió
Macapá
Manaus
Salvador
Fortaleza
Vitória
Goiânia
São Luís
Cuiabá
Campo Grande
Belo Horizonte
Belém
João
Pessoa
Curitiba
Recife
Teresina
Rio de Janeiro
Natal
Porto Alegre
Porto
Velho
Boa Vista
Florianópolis
São Paulo
Aracaju
Palmas
BRASÍLIA
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COLETA DE DADOS E INFORMAÇÃO
Para dar continuidadeao projeto, vocês podem seguir estes passos.
1. Cada grupo deve entrar em contato com a escola (por telefone ou pessoalmente), encaminhar 
ou entregar a carta de apresentação e agendar a melhor data e horário para entrevistar os 
estudantes. Os grupos devem também obter informações como nome e endereço da escola, 
dados da coordenação ou do professor que irá auxiliá-los na entrevista, número de estudan-
tes da instituição etc. 
2. No dia da entrevista, dividam as funções entre os participantes do grupo. Definam quem fará 
a divulgação da pesquisa; quem realizará as entrevistas pessoalmente ou via internet; quem 
será responsável pela coleta e distribuição do material (questionários, canetas, lápis). Uma 
dica: mesmo que vocês tenham optado pelo formulário on-line, tenham disponíveis formu-
lários impressos, caso haja algum imprevisto.
3. Na ocasião da entrevista, expliquem brevemente o objetivo do projeto e deem ao entrevis-
tado a opção de registrar ou não seu nome no formulário, criando um clima de confiança. Ter 
empatia é muito importante: coloquem-se no lugar do outro e reflitam sobre como gostariam 
de ser abordados para falar de um tema tão delicado como o bullying. Após a finalização do 
questionário, deixem o entrevistado livre para fazer outras observações. Não se esqueçam 
de agradecer.
4. Após a coleta de dados feita pelo grupo, elaborem uma tabela para organizá-los. Para cada 
tipo de Escala de Likert vocês devem elaborar tabelas diferentes (por exemplo, Tabela A no 
formato “discordo totalmente/concordo totalmente”; Tabela B no formato “nunca/com muita 
frequência”). Cada tabela pode seguir este modelo:
Etapa
3
5. Montem uma tabela por pesquisa, dispondo uma afirmação por linha, e contabilizem quantos 
estudantes responderam 0, 1, 2 etc. para cada uma delas. Em seguida, transformem cada 
pergunta das tabelas em gráficos de colunas ou de pizza para que possam visualizar melhor 
os resultados.
6. Analisem em grupo os gráficos fazendo questões como: Do total de entrevistados, quantos 
afirmam ter sofrido bullying? Quantos afirmam ter praticado bullying? Qual foi o tipo de 
bullying mais comum citado pelos entrevistados? Identifiquem quais aspectos dos resulta-
dos chamam mais a atenção de vocês.
7. Na data combinada, todos os grupos da sala devem se reunir com seus resultados e compa-
rá-los, identificando respostas semelhantes ou muito diferentes e selecionando comentários 
significativos com relação ao tema.
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
 Respostas da Pesquisa A da Escola X:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A� rmação 1
A� rmação 2
A� rmação 3
Comentários pessoais mais importantes: 
[Transcrevam os comentários livres que considerarem mais importantes.]
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CAPÍTULO
4 O que são os direitos humanos?
Quando foi assassinada a tiros com seu motorista Anderson 
Gomes, em março de 2018, Marielle Franco (1979-2018), vereadora da 
cidade do Rio de Janeiro, era considerada uma das mais importantes 
defensoras dos direitos humanos no Brasil. O crime chocou a socie-
dade e gerou inúmeras manifestações de consternação e repúdio, mas 
algumas reações ao ocorrido chamaram a atenção pelo fato de tenta-
rem justificar o assassinato 
de Marielle em razão de 
seu engajamento na luta 
por direitos. Em duas delas, 
registradas na seção de 
comentários do site de um 
jornal, um leitor escreveu 
que “a pior coisa do mundo 
são os direitos humanos”, 
enquanto outro afirmou 
que “quem defende os 
direitos humanos gosta de 
bandido”.
Afirmações como essas 
são equivocadas, pois os 
direitos humanos estão 
ancorados nas noções de 
igualdade e universalidade, 
rejeitando qualquer dife-
renciação entre as pessoas. 
Apesar desses equívocos, as 
críticas aos direitos humanos vêm ganhando força nos últimos anos 
em alguns segmentos sociais. Frases como “direitos humanos para 
humanos direitos” evidenciam o quanto esses direitos vêm tendo sua 
legitimidade questionada com base em ideias autoritárias. 
Esse tema é extremamente relevante para a realidade brasileira, na 
qual a violação aos direitos humanos é um dado cotidiano que ameaça 
boa parte da população. Neste capítulo, veremos o que são os direitos 
humanos, sua importância para a sociedade e por que estão frequen-
temente cercados de polêmicas, mesmo sendo fundamentais para a 
construção de uma sociedade mais justa.
■ Pessoas levantam 
placas de rua com 
o nome de Marielle 
Franco em sinal de 
repúdio ao assassinato 
da vereadora no Rio de 
Janeiro (RJ), 2018.
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Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o 
capítulo e sobre o trabalho com as atividades.
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Evolução histórica 
dos direitos humanos
Como analisamos no capítulo anterior, a noção de direitos humanos 
foi construída com base nas experiências históricas da Revolução 
Gloriosa, da Independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa. 
Da maneira como se cristalizou ao final desse processo, a ideia desses 
direitos incluía três dimensões: eles deveriam ser naturais, isto é, ine-
rentes a todos os seres humanos; 
iguais, servindo da mesma forma 
para todos; e universais, sendo apli-
cáveis em todo o mundo.
Se, por um lado, a natureza 
desses direitos foi facilmente aceita, 
por outro, as demandas por igual-
dade e universalidade vêm sendo 
de difícil aplicação desde o final do 
século XVIII. Isso porque, ao contrá-
rio da dimensão natural, as ideias de 
igualdade e universalidade contras-
tam com a realidade das relações 
sociais, permeadas por diferenças 
de diversos tipos: social, cultural, 
econômica, religiosa, política, de 
gênero etc. A diferença geracional, 
por exemplo, impõe o seguinte 
questionamento: A partir de que 
idade as pessoas devem adquirir 
plenos direitos políticos? A dife-
rença de origem, por sua vez, traz 
uma série de questões sobre quais 
direitos os imigrantes devem ter 
nos países em que fixam residência.
Essas diferenças estiveram na base das situações que levaram ao 
desrespeito aos direitos humanos ao longo da história. No século XIX, 
essas violações ocorreram com bastante frequência em diversas regiões 
do mundo, sobretudo naquelas que conviveram com o colonialismo e 
a escravidão, mas foi no século XX que o nível dessas violações atingiu 
um novo patamar. Se a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) representou 
uma experiência marcante no que se refere a essa questão, não restam 
dúvidas de que os crimes praticados durante a Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945) chocaram a humanidade em razão de sua extrema violência 
e do número sem precedentes de mortes.
	■ O Tribunal de Nuremberg 
foi um tribunal militar 
internacional criado para 
julgar o alto escalão nazista 
por crimes de guerra e contra 
a humanidade praticados 
durante a Segunda Guerra 
Mundial (1939-1945). Na foto, 
sala do Tribunal durante 
audiência no Palácio da 
Justiça de Nuremberg 
(Alemanha), 1945.
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Os quatro pilares dos 
direitos humanos
O assassinato em massa de judeus, ciganos, homossexuais, pessoas 
com deficiência e outros grupos nos campos de concentração alemães 
e as vidas perdidas nos ataques atômicos às cidades japonesas de 
Hiroshima e Nagasaki representaram uma ruptura inédita na noção de 
direitos humanos que vinha se constituindo desde o século XVIII. Ao 
fim do conflito, o mundo se deu conta de que o avanço científico havia 
provocado um extermínio em massa. 
Três anos depois da 
Segunda Guerra Mundial, a 
recém-criada Organização 
das Nações Unidas aprovou 
a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (1948). 
Diretamente inspirado na 
Declaraçãodos Direitos do 
Homem e do Cidadão, ela-
borada durante a Revolução 
Francesa, esse documento 
se baseou em quatro pilares: 
a dignidade, a liberdade, a 
igualdade e a fraternidade. A 
Declaração elegeu a vida, a 
liberdade, a igualdade perante 
a lei, a educação, o trabalho, a 
liberdade religiosa e a segu-
rança pessoal como direitos 
inalienáveis de todos os seres 
humanos. De acordo com o texto, todos esses direitos deveriam, dali em 
diante, servir como fundamento “da justiça e da paz no mundo” para 
que tragédias humanas não se repetissem. 
Por sua importância, a Declaração foi traduzida para mais de qui-
nhentos idiomas, servindo de base para a regulamentação e a aplicação 
dos direitos humanos em todo o planeta. Desde então, ela norteou a 
assinatura de uma série de tratados internacionais e inspirou o conteúdo 
de muitas leis e constituições democráticas aprovadas por países de todo 
o mundo. Um dos casos mais notórios é a Constituição brasileira de 1988, 
cujos princípios incluem a “prevalência dos direitos humanos” (artigo 4o), 
dos quais são considerados fundamentais a igualdade entre homens e 
mulheres, a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, a igualdade 
perante a lei e a liberdade de locomoção, entre outros (artigo 5o). 
	■ Eleanor Roosevelt, 
ex-primeira-dama 
estadunidense (de 1933 
a 1945), exibe cartaz 
com a Declaração 
Universal dos Direitos 
Humanos. Washington 
(Estados Unidos), cerca 
de 1947.
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Direitos para grupos específicos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi, sem dúvida, um 
marco para a delimitação desses direitos em diversos países. Todavia, as 
constantes transformações políticas, econômicas e sociais ocorridas no 
mundo desde a década de 1940 apontaram a necessidade de avanços 
nessa agenda. Atenta a diversas demandas sociais, a Organização das 
Nações Unidas passou a elaborar convenções voltadas a grupos histo-
ricamente marginalizados.
O primeiro avanço nesse sentido foi a Convenção Internacional 
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1969. 
Resultado direto da entrada dos países africanos recém-independentes 
na ONU e do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, essa 
convenção foi um passo importante para o combate ao preconceito 
racial. Os governos que a ratificaram se comprometeram a adotar polí-
ticas com o objetivo de eliminar a discriminação racial e garantir “o 
pleno exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais” 
às vítimas de preconceito.
Em 1979, na esteira da luta femi-
nista, a ONU ratificou a Convenção 
para a Eliminação de Todas as Formas 
de Discriminação contra as Mulheres. 
Formado por mais de trinta artigos, o 
acordo determinou a adoção de leis 
nacionais que favorecessem a igualdade 
de gênero. Os países que subscreveram 
a convenção comprometeram-se a criar 
políticas públicas e meios de proteção 
eficazes contra esse tipo de discrimina-
ção, de modo a garantir às mulheres o 
exercício dos direitos humanos e das 
liberdades fundamentais “em igualdade 
de condições com o homem”. 
	■ Bombeiros jogam 
jato de água contra 
manifestantes das 
marchas contra a 
segregação racial e 
pela luta dos direitos 
civis negros na cidade 
de Birmingham 
(Alabama, Estados 
Unidos), 1963.
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> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Em grupo, discutam as seguintes questões:
 a) Quando se fala em direitos dos cidadãos, quais direitos vocês acreditam ter? Na opinião de vocês, 
esses direitos são garantidos a todas as pessoas na prática?
 b) Os direitos de jovens menores de idade devem ser os mesmos dos jovens maiores de 18 anos? 
Justifiquem suas respostas. 
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Desigualdades estruturais
Na década de 1980, foi a vez da publicação da Convenção sobre 
os Direitos da Criança. Ratificada em 1989 por 196 países, a convenção 
definiu crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, cuja vida e 
liberdade devem ser respeitadas como valores fundamentais. Além 
disso, o documento previu a proteção contra abusos e exploração 
infantil, proibiu os países signatários de adotarem a pena de morte 
para menores de idade e estabeleceu o direito de crianças e adoles-
centes à educação e à saúde como responsabilidades dos pais e dos 
Estados.
Em 2006, a ONU aprovou a Convenção Internacional sobre os 
Direitos das Pessoas com Deficiência, reconhecendo o direito desse 
grupo à autonomia e à independência, o que significa inclusão social 
e garantia de igualdade de oportunidades.
É importante notar que o Brasil ratificou 
todas essas convenções, comprometendo-
-se a implementar políticas públicas que 
garantam os direitos e a igualdade de con-
dições para os grupos contemplados por 
elas, de modo a corrigir as desigualdades 
estruturais existentes no país.
Desde a redemocratização, houve 
diversas iniciativas nesse sentido por parte 
do governo: a Lei das Cotas para o ensino 
superior (lei nº 12  711/2012), que garan-
tiu o acesso à universidade a jovens de 
baixa renda, incluindo negros, indígenas 
e pessoas com deficiência; a Lei Maria da 
Penha (lei nº 11 340/2006), para coibir atos 
de violência doméstica e feminicídios; a 
PEC das Domésticas (proposta de emenda 
constitucional nº 66/2012, que se tornaria 
a emenda constitucional nº 72/2012), que 
estendeu direitos trabalhistas às trabalha-
doras domésticas; o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (lei nº 8 069/1990), que 
definiu o conjunto de direitos de todos os 
brasileiros de 0 a 18 anos; e o Estatuto da 
Pessoa com Deficiência (lei nº 13 146/2015), 
para delimitar os direitos e promover a 
inclusão social desse grupo.
	■ Maria da Penha 
(à esquerda) se destacou 
no combate à violência 
doméstica e familiar 
contra as mulheres, 
inspirando a lei que leva 
seu nome. Na imagem, 
ela é homenageada em 
evento ocorrido em 
São Paulo (SP), 2008.
Feminicídio
Termo usado para definir 
assassinato de mulheres 
motivado por violência 
doméstica ou discrimina-
ção de gênero.
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Como vimos, a noção de direitos humanos é bastante ampla, englobando uma série de 
medidas que visam garantir elementos considerados básicos para a vida das pessoas. Abaixo, 
você encontrará trechos de três artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o trecho 
da letra de uma canção de 1987 da banda Titãs. Após a leitura dos documentos, responda às 
questões que seguem.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Ar tigo XXIII
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e 
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
[...]
Artigo XXV 
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, 
saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços 
sociais indispensáveis [...]. 
Artigo XXVII
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de 
fruir das artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios. 
[...]
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Rio de Janeiro: UNIC Rio, 5 jan. 2009. p. 12-15. Disponível em: 
https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: 17 ago. 2020.
Comida
[...]
A gente não quer só comida,
A gente quer comida, diversão e arte.
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte.
A gente não quer só comida,
A gente quer bebida, diversão, balé.
A gente não quer sócomida,
A gente quer a vida como a vida quer.
[...]
A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro e não pela metade
COMIDA. Intérprete: Titãs. Compositores: A. Antunes; M. Fromer e S. Britto. In: 
TITÃS 84/94 – Um. [S. l.]: Warner Music, 1994. Faixa 7.
 1. A letra dessa canção trata de direitos humanos? Justifique sua resposta tomando como base os 
trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
 2. Você considera que os dois documentos possuem divergências ou estão de acordo? Justifique sua 
resposta.
 3. Reúna-se com alguns colegas e, juntos, componham uma canção que tenha como tema os direitos 
humanos. Em seguida, apresentem a produção coletiva para o restante da turma.
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> NÃO ESCREVA NO LIVRO
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Conquistas sociais
Embora a ONU e os Estados tenham exercido papel importante no 
processo que resultou na conquista e no reconhecimento dos direitos 
humanos, os avanços nessa área foram resultado de lutas promovidas 
por diferentes movimentos sociais ao redor do planeta. No século XX, em 
especial, grupos historicamente marginalizados se organizaram para lutar 
por melhores condições de vida e pela proteção de seus direitos básicos.
Um dos casos mais emblemáticos foi a luta contra o racismo, ocor-
rida em diversos países. Graças aos movimentos sociais liderados por 
negros, os Estados Unidos aprovaram, em 1964, a Lei dos Direitos Civis, 
que acabou com o racismo institucional no país; a África do Sul aboliu, 
em 1994, o apartheid, regime de forte segregação racial no território 
sul-africano, que estabelecia proibições como a de brancos e negros 
habitarem os mesmos bairros; o Brasil implementou, em 1989, a lei no 
7 716, que criminalizou o racismo.
Outra luta notável foi a do movimento feminista, por meio do qual 
as mulheres conquistaram direitos políticos e sociais em diversos países, 
além de melhorar vários aspectos do seu cotidiano. Diferentemente da 
realidade de outros períodos históricos, atualmente muitas mulheres 
podem votar e se candidatar a cargos políticos, usufruir de licença- 
-maternidade e ter liberdade para escolher sua profissão e seus parceiros.
Recentemente, o movimento LGBTQI+ também registrou importan-
tes conquistas ao redor do mundo. Graças à sua forte atuação política 
desde a década de 1970, ele conseguiu ampliar a noção de igualdade 
de direitos civis para gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. Hoje em 
dia, muitos países possuem políticas públicas de combate à homofobia 
e reconhecem, por exemplo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, 
garantindo a elas os mesmos direitos concedidos a casais heterossexuais.
	■ Projeção em 
homenagem ao 
Dia Mundial do 
Orgulho LGBTQI+ 
(comemorado no dia 
28 de junho) sobre o 
edifício do Congresso, 
em Brasília (DF), 2020. 
Racismo institucional
Racismo praticado 
pelo Estado e suas 
instituições.
LGBTQI+
Sigla que busca agrupar 
a diversidade de orien-
tações sexuais, além da 
heterossexualidade, e 
identidades de gênero. 
As iniciais signifi-
cam: Lésbicas, Gays, 
Bissexuais,Transexuais, 
Travestis e Transgêneros, 
Queer e Intersexuais. 
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Muito a conquistar 
O movimento indígena também alcançou 
importantes vitórias nas últimas décadas. Tanto 
no Brasil como no Peru, na Bolívia, no México e 
em outros países, muitos grupos nativos conse-
guiram obter a demarcação de suas terras, fato 
que contribuiu enormemente para a preservação 
de suas culturas, seus idiomas e seus modos de 
vida. Além disso, ampliaram sua participação na 
política, inclusive assumindo cargos governamen-
tais, em alguns países. 
Os movimentos sociais foram responsáveis por 
uma série de conquistas que melhoraram a vida 
de muitas pessoas, o que não significa que tenham 
resolvido todos os problemas. Nos dias de hoje, 
negros de diversas partes do mundo vivem em situ-
ação socioeconômica pior que a dos brancos, de 
modo geral, e são as principais vítimas de ações poli-
ciais que resultam em morte e prisão de inocentes. 
As mulheres ainda sofrem diversos tipos 
de violência de gênero e ganham salários, em 
média, mais baixos que os dos homens. Muitos 
homossexuais, bissexuais e transgêneros são alvos 
de preconceitos cotidianos e de agressões em 
espaços públicos. Os indígenas, por sua vez, têm 
suas terras e suas vidas constantemente ameaça-
das por pessoas interessadas em se apropriar das 
riquezas naturais de seus territórios.
Essas permanências podem sugerir, à primeira 
vista, que as lutas por direitos foram inúteis, mas o 
que elas nos mostram é que um futuro mais igual 
e com mais direitos para todos depende da luta 
pela manutenção das conquistas sociais obtidas 
no passado e por novas conquistas no presente. 
Sem essa luta constante, mesmo as vitórias obtidas 
podem ser perdidas.
	■ Faixa com os dizeres “Os Wixaritari defendemos 
a terra até com a vida”, ao lado da estrada 
Aguascalientes-Nayarit, bloqueada por membros 
das comunidades indígenas Wixaritari de Tuxpan de 
Bolanos e San Sebastian, durante protesto contra os 
partidos políticos e seus candidatos à presidência, 
no estado de Jalisco (México), 2018.
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Observe a foto acima. Em sua opinião, para terem seus direitos respeitados, as pessoas com deficiên-
cia física demandam a mesma atenção que os demais indivíduos ou precisam de um olhar especial, 
voltado para suas necessidades específicas? Justifique sua resposta.
	■ Garoto em cadeira de rodas embarca em ônibus 
com estrutura para atender a pessoas com 
deficiência física, durantes os Jogos Paralímpicos, 
no Rio de Janeiro (RJ), 2016.
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> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• No infográfico analisado, o Brasil recebeu a nota 5,6. Que 
hipóteses você levantaria para explicar esse resultado? Justifique.
O respeito aos direitos humanos varia bastante 
de país para país. É justamente por isso que algumas 
entidades internacionais vêm há algum tempo cole-
tando informações para medir índices de aplicação 
desses direitos. Uma delas é a Our World in Data
(“Nosso Mundo em Dados”), vinculada à Universidade 
de Oxford, na Inglaterra, que confeccionou este info-
gráfico, com o intuito de fornecer uma visão ampla e 
comparativa sobre as violações aos direitos humanos 
em todos os países.
Para chegar a esse resultado, a entidade estipulou 
uma escala de 0 a 10, sendo 0 o melhor e 10 o pior 
índice. Os números finais foram obtidos pelo cálculo 
de múltiplas variáveis, que incluem liberdade de 
imprensa, liberdades civis, liberdade política, tráfico 
de pessoas e número de prisioneiros políticos, pessoas 
encarceradas, perseguições religiosas, torturas e exe-
cuções cometidas. Abaixo, a descrição dos problemas 
observados na atualidade em alguns desses países 
que estiveram entre os piores do ranking.
Mundo: violação dos 
direitos humanos, 2014
Círculo Polar Ártico
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
No data 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0º0º
0º0º
Círculo Polar Ártico
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Antártico
Equador
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
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OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 1230
Círculo Polar Ártico
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
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Círculo Polar Ártico
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
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Na República 
Democrática do Congo 
(índice 1) e no Sudão 
do Sul (índice 9,9), a 
situação é das mais graves. 
Mesmo que seus territórios 
estejam entre os mais ricos 
do mundo em termos de 
recursos minerais, esses 
países sofrem há décadas 
com guerras entre grupos 
étnicos e disputas políticas 
que envolvem milícias 
armadas. Em razão dessa 
situação, muitos crimes 
contra a humanidade foram 
cometidos, com grande 
incidência de chacinas 
de diferentes grupos étnicos, 
violências sexuais contra 
mulheres e sequestros de 
crianças.
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Na Síria (índice 9,9), a situação 
tornou-se crítica desde o início 
da guerra civil, em 2011. O 
conflito já causou a morte de 
pelo menos 400 mil pessoas, 
forçou 5 milhões de sírios a 
buscar refúgio em outros países 
e levou outros 6 milhões a 
migrar dentro do país. O uso 
difundido de armas químicas 
por parte do exército sírio contra 
civis das regiões dominadas 
pelas forças da oposição está 
entre as muitas violações 
contra os direitos humanos 
praticadas no país.
No Irã (índice 9,3), o governo 
é acusado do uso sistemático 
de detenções arbitrárias, e há 
um elevado índice de pessoas 
condenadas à pena de morte 
com base em confissões forçadas, 
bem como execução de jovens. 
As condições das cadeias são 
precárias e os prisioneiros não 
têm acesso a tratamento médico 
adequado. Minorias religiosas e 
étnicas são vítimas constantes de 
intimidação, perseguição e prisão. 
Participar de protestos ou publicar 
as opiniões em mídias sociais 
pode levar as pessoas à prisão.
Círculo Polar Ártico
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
No data 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0º0º
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Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
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OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 1230
Círculo Polar Ártico
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Sem dados 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
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Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
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OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
0 2635
Na China (índice 9,1), 
o governo exerce rígida 
censura, controlando o 
tráfego de internet, a 
atuação de ONGs e de 
ativistas, promovendo 
perseguições, prisões 
e até proibições de 
viagens. Por meio das 
novas tecnologias, o 
Estado procura exercer 
forte controle social. 
Grupos minoritários 
são vítimas de 
detenções arbitrárias.
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A luta por direitos sociais 
no presente
Como vimos, a luta dos indivíduos e dos movimentos sociais é 
essencial para a manutenção e a ampliação dos direitos humanos. 
Cientes disso, muitos grupos continuam atuando no Brasil e em outras 
partes do mundo com o objetivo de construir uma sociedade mais justa.
A luta contra o racismo é, sem dúvida, uma das principais bandei-
ras atuais. Ações empreendidas pelo movimento estadunidense Black 
Lives Matter (“Vidas Negras Importam”, em tradução livre), fundado em 
2013, e por outros similares na América Latina e na África têm atraído as 
atenções em todo o mundo. Essas ações visam à conquista de melho-
res condições socioeconômicas para os afrodescendentes e ao fim da 
violência policial contra eles.
Sob muitos aspectos, essas pautas são semelhantes às do movi-
mento feminista.
	■ A greve dos 
entregadores de 
aplicativos foi a 
maior mobilização da 
categoria no Brasil e 
ocorreu em diversas 
cidades do país. Rio de 
Janeiro, 2020.
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D3-CH-EM-3075-V2-U2-C4-060-077-LA-G21.indd 70D3-CH-EM-3075-V2-U2-C4-060-077-LA-G21.indd 70 15/09/20 15:4015/09/20 15:40
As ações do movimento feminista visam a combater o assédio e todo 
tipo de abuso sexual, o feminicídio e a desigualdade de gênero, além de 
reivindicar maior igualdade socioeconômica. Esse movimento também 
questiona as formas de machismo que permeiam o cotidiano das relações 
sociais, defendendo, por exemplo, uma melhor divisão das responsabi-
lidades domésticas, que muitas vezes recaem exclusivamente sobre as 
mulheres, fazendo com que elas tenham jornadas duplas de trabalho.
Não menos importante é o movimento dos trabalhadores, os quais 
vêm sendo significativamente afetados por recentes mudanças no 
mercado de trabalho. A luta por melhores condições passou a incluir tra-
balhadores que não possuem direitos trabalhistas, como os prestadores 
de serviços vinculados a aplicativos. Assim, novas categorias profissio-
nais surgidas nos últimos anos, como a dos motoristas de automóveis 
e a dos entregadores de comida por aplicativo, têm reivindicado os 
mesmos direitos concedidos a funcionários com carteira assinada, como 
piso salarial e seguro contra acidentes.
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O movimento ambientalista também ganhou destaque nos últimos 
anos. Para fazer frente às crescentes agressões ao meio ambiente – como 
desmatamentos, extinção de espécies, despejo de produtos tóxicos na 
natureza –, que geram prejuízos sociais para as atuais e as futuras gera-
ções, os ambientalistas vêm defendendo a necessidade de alterações 
na estrutura da economia global e no padrão de consumo das pessoas. 
Nessa esteira também atua o movimento indígena, cuja pauta está cada 
vez mais vinculada à preservação do meio ambiente.
Existem, ainda, grupos que lutam pela ampliação dos direitos de 
populações marginalizadas. No Brasil, há dois importantes movimentos 
sociais que lutam, respectivamente, por moradia e terra: o Movimento 
dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores 
Rurais Sem Terra (MST). Enquanto o primeiro reivindica o direito à 
moradia para famílias carentes, o segundo reclama a concessão de terras 
públicas e improdutivas a agricultores que não possuem condições de 
adquirir propriedades. Ambos buscam implementar dispositivos da 
Constituição de 1988, que inclui o direito à moradia (artigo 6º) e uma 
política de reforma agrária (artigos 184 a 191).
	■ Voluntárias trabalham 
na campanha 
Marmita Solidária, 
iniciativa organizada 
para fornecer água, 
alimentos e banho à 
população em situação 
de rua durante a 
pandemia da covid-19, 
no Recife (PE), 2020.
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• O movimento ambientalista vem ganhando um protagonismo cada vez maior nos últimos anos. 
Pesquise sobre a atuação dos diversos grupos dedicados a essa questão. Em seguida, escreva um 
texto no caderno, explicando a relação entre a causa ambiental e os direitos humanos. 
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O texto abaixo foi escrito pela professora e advogada especialista em Direitos Humanos Maíra 
Cardoso Zapater. Leia-o atentamente e responda às questões que seguem:
Não é nada raro que os Direitos Humanos sejam equivocadamente associados de forma pejorativa 
a “direitos de bandido”: militantes de direitos humanos veem-se frequentemente acusados de um 
suposto descaso com ditos “direitos humanos das vítimas”, protesto habitualmente acompanhado 
do desgastado argumento de que os direitos humanos atenderiam apenas aos “delinquentes”, e 
pior, que corresponderia a uma condescendência com a prática de crimes. “Se você gosta tanto, 
por que não leva pra sua casa? Você só tem pena de bandido, não tem pena da vítima?”
Antes de mais nada, há que se desfazeras confusões entre sentimento de solidariedade e com-
paixão pelo sofrimento alheio e direitos que podem ser pleiteados juridicamente. Solidariedade, 
compaixão, raiva ou revolta são sentimentos humanos naturais e legítimos – ainda mais em 
uma situação traumática de violência – mas que se encontram fora do alcance dos limites do 
Direito, em especial do Direito Penal.
[...]
Afinal, o que têm a ver os direitos humanos com os direitos das pessoas acusadas de crimes?
[...]
Aqui é preciso destacar que, em determinado momento da História do Ocidente [...], a socie-
dade passou a entender que quando um crime ocorre, o problema não é da vítima, e sim do 
Estado. Isso porque a violação de direito praticada por meio da conduta criminosa passa a ser 
considerada tão grave que atinge toda a comunidade onde o crime aconteceu, deixando de cons-
tituir um mero conflito interpessoal, cabendo ao Estado a responsabilidade de determinar as 
consequências jurídicas do fato. Além disso, constatou-se que quando se permitia que a própria 
vítima – ou seus familiares – tomassem providências para fazer justiça com as próprias mãos, a 
violência se propagava e, tanto quanto o crime precedente, as reações individuais mantinham 
sob ameaça a paz social: é a fase conhecida historicamente como da vingança privada. Assim, 
decide-se que somente o Estado teria direito de punir o autor de um crime – ou seja, somente 
o Estado é que deteria, de forma impessoal, o monopólio da violência.
[...]
O sistema de justiça criminal e as regras de processo penal foram desenvolvidos para conferir 
equilíbrio a essa balança [acusado/Estado]: fazê-la pesar para o lado do Estado não aumenta 
a segurança da população e, independentemente de o acusado ser ou não culpado pelo crime 
que lhe é atribuído, aumenta seriamente o risco de se praticarem injustiças. Por exemplo, per-
manecer preso durante o processo e ser absolvido ao final, ou condenado por uma pena mais 
curta do que o tempo transcorrido na prisão provisória.
[...]
ZAPATER, M. C. Direitos Humanos: é direito “de bandido?”. Observatório do Terceiro Setor, 14 set. 2015. Disponível em: https://observatorio3setor.
org.br/colunas/maira-zapater-direitos-humanos-e-sociedade/direitos-humanos-e-direito-de-bandido/. Acesso em: 11 ago. 2020.
1. De acordo com o texto, qual é a principal razão que leva as pessoas a pensar que direitos humanos 
são “direitos de bandido”?
 2. O que você entende pela frase “somente o Estado é que deteria, de forma impessoal, o monopólio 
da violência”?
 3. Com base no texto, qual é a importância da existência de um sistema de justiça criminal e de regras 
do processo penal?
 4. Em sua opinião, o sistema judiciário comete injustiças ou arbitrariedades? Justifique sua resposta. 
 5. Organize com seus colegas uma breve encenação teatral de, no máximo, 10 minutos, que aborde 
os temas levantados pela autora em seu texto.
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> NÃO ESCREVA NO LIVRO
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E se fosse com você?
A implementação dos direitos humanos não é algo que ocorre facilmente e 
de maneira automática. Em muitos casos, ela depende da ação das comunidades 
locais. 
Os direitos fundamentais assegurados pela atual Constituição do Brasil classi-
ficam a legislação brasileira como uma das mais completas do mundo em relação 
aos direitos humanos. Entretanto, ainda existem muitos obstáculos para que os 
princípios legais estabelecidos sejam efetivamente cumpridos. Isso significa que 
há uma grande contradição entre a teoria e a prática: o país apresenta ótimas leis, 
mas não garante o seu cumprimento. 
No Brasil, um país com profundas desigualdades sociais, os direitos humanos 
nem sempre são respeitados. O relatório organizado pela Anistia Internacional 
Estado dos direitos humanos no mundo 217/218, que reuniu análises sobre 
157 países e territórios, apontou os seguintes problemas no que diz respeito aos 
direitos humanos no país: a alta taxa de homicídios, principalmente de jovens 
negros; os abusos policiais e as execuções extrajudiciais; a situação crítica do 
sistema prisional; a vulnerabilidade dos defensores de direitos humanos, sobre-
tudo em áreas rurais; a violência cometida contra populações indígenas; e as 
várias formas de violência contra as mulheres. 
■ Betina Garcia Pacheco, 
Ketlin Rochane da 
Cunha da Conceição 
e Roberta da Silveira 
Caxambu, idealizadoras 
do projeto “E se fosse 
com você?”, Novo 
Hamburgo (RS), 2019.ACE
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DIÁLOGOS> EU TAMBÉM POSSO>
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NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
Nas últimas décadas, porém, a sociedade brasileira vem se mobilizando para 
mudar essa realidade. A mobilização popular tem sido mais intensa nas periferias, 
onde as violações aos direitos humanos estão mais presentes, mas também ocorre 
em outras comunidades. 
Em 2019, Betina Garcia Pacheco, Ketlin Rochane da Cunha da Conceição e 
Roberta da Silveira Caxambu, alunas do 8º ano do Ensino Fundamental da E. M. 
E. F. Maria Emília de Paula, em Sapiranga, no Vale dos Sinos, Rio Grande do Sul, 
resolveram se unir para implementar mudanças em sua comunidade. 
Após tomarem conhecimento dos casos de violência doméstica sofridos por 
suas avós e perceberem que o problema persistia no cotidiano de muitas famílias 
de sua cidade, as meninas resolveram criar um clube para debater igualdade de 
gênero e combater o feminicídio na comunidade de sua escola. Com isso, deram 
o pontapé inicial para o projeto “E se fosse com você?”.
Auxiliadas por uma psicóloga, uma advogada e uma professora, Betina, Ketlin 
e Roberta organizaram rodas de conversa e debates entre meninas e sessões de 
leitura de contos e de obras literárias sobre o tema. Diante do sucesso, o projeto 
foi ampliado, passando a incluir meninos, crianças mais novas e estudantes de 
outras escolas de Sapiranga e do município vizinho de Nova Hartz.
Não satisfeitas, as fundadoras do projeto foram além. Juntas, entraram 
em contato com a Secretaria de Educação e com a Câmara de Vereadores de 
Sapiranga e apresentaram um projeto de lei que garante a discussão sobre a igual-
dade de gênero e o combate à violência contra as mulheres em todas as escolas 
do município.
Graças ao projeto “E se fosse com você?”, Betina, Ketlin e Roberta foram sele-
cionadas para representar o Brasil na Conferência Global “I Can” (“Eu Posso”, em 
inglês) de 2019, que reuniu cerca de 2 mil crianças e adolescentes de todo o mundo 
em Roma, na Itália. Além da oportunidade de conhecer o Papa Francisco, a pre-
sença das garotas no evento rendeu ao grupo a quantia de R$ 1,5 mil, usada para 
levar o projeto adiante.
Ao ganhar o mundo, essa iniciativa, desenvolvida em uma pequena cidade do 
Sul do Brasil, mostra que o respeito aos direitos humanos necessita, muitas vezes, 
de ações individuais e coletivas.
No link a seguir, você pode conferir o texto integral do projeto de lei sugerido pelas 
organizadoras do projeto “E se fosse com você?”: https://www.camarasapiranga.rs.gov.
br/camara/proposicao/Projetos-de-Lei/2019/1/0/16631 (acesso em: 18 ago. 2020).
• As estudantes identificaram um problema em sua comunidade e desenvolveram 
um projeto para combatê-lo. Quando você se depara com um problema em sua 
comunidade, qual é a sua postura? Você procura resolver sozinho, busca ajuda 
de outras pessoas ou prefere não se envolver? Em grupo, conversem a respeito 
dessa questão.
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PREPARAÇÃO, APRESENTAÇÃO DA PALESTRA E AVALIAÇÃO
Nesta última etapa, vocês irão preparar a apresentação da palestra e, ao final, fazer a avaliação. 
Siga as orientações:
1. Um grupo de estudantes deve ficar responsável pela organização da palestra e conversarcom o pro-
fessor responsável ou com a coordenação da escola, a fim de marcar uma data e um horário para que 
os colegas de todas (ou de algumas) séries possam participar do evento. Planejem também o local em 
que a palestra vai ocorrer e pensem na adequação do espaço ao material que irão utilizar. Se forem usar 
a quadra, por exemplo, é preciso pensar onde serão colocados os cartazes com os gráficos ou como 
serão projetados; se será necessário o uso de microfones ou outros materiais.
2. Um grupo de estudantes deve se encarregar da construção e apresentação dos gráficos. Vocês 
devem reunir as respostas obtidas em cada escola e em cada pesquisa (A e B) em dois gráficos, 
para registrar a pesquisa de amostragem, e um gráfico geral, juntando todos os resultados. Além 
disso, devem pensar em como esse gráfico será apresentado para a comunidade escolar: por meio 
de um grande cartaz, de uma apresentação de PowerPoint ou de outros suportes.
3. Um grupo responsável pela pesquisa e pelo texto deve ser organizado para retomar as pesquisas 
sobre bullying e analisá-las detalhadamente, em conjunto com os resultados obtidos na pesquisa 
de amostragem. Em seguida, elaborem um texto informativo e argumentativo sobre o bullying, 
apresentando suas características, causas e consequências; registrando os diferentes tipos de 
bullying existentes; e, por fim, incluindo trechos de depoimentos significativos. Caso considerem 
oportuno, podem acrescentar alguma notícia local sobre um caso de bullying.
4. Um grupo de divulgação deverá assumir a tarefa de convidar os estudantes para participar da 
palestra, informando o dia, o horário e o local em que ocorrerá o evento. Além de convites pessoais 
a colegas de outros anos, podem ser produzidos cartazes e posts para redes sociais. Não se 
esqueçam de escolher um nome para o título da palestra.
5. É importante que todo o material da palestra esteja pronto dias antes da data marcada para a 
apresentação. Façam um ensaio geral e verifiquem se precisam ser feitos ajustes, melhorias ou 
mudanças. Garantam que todo material necessário esteja disponível e funcionando. No dia da 
palestra, todos os estudantes devem estar presentes no local onde ela será realizada para se 
prepararem e ajudarem uns aos outros.
6. A palestra pode ser dividida em partes, por exemplo: 
Parte I. Apresentação do projeto (explicar a importância do tema, as leituras que fizeram, como 
foram feitas as perguntas do questionário, como os dados foram analisados etc.). 
Parte II. Apresentação dos questionários e dos gráficos, explicando como foram produzidos e quais 
foram os principais resultados alcançados. 
Parte III. Apresentação oral do texto elaborado. 
Parte IV. Tempo para perguntas da plateia e respostas. 
Parte V. Roda de conversa sobre os problemas representados pelo bullying na própria escola e propostas 
de como a comunidade escolar pode colaborar para evitar esse tipo de violência. Um estudante pode se 
encarregar de anotar as principais propostas levantadas e, posteriormente, divulgar para a escola; outro 
pode ficar responsável pelo registro fotográfico ou pela gravação de cenas da palestra.
7. É importante lembrar que em uma palestra é fundamental ouvir e ser ouvido de forma organizada, 
acolher ideias diferentes e evitar julgar os colegas.
8. Para finalizar e avaliar se o projeto atingiu os objetivos pretendidos, reúnam-se alguns dias após 
a palestra e conversem sobre os resultados que obtiveram. As informações que vocês produzi-
ram foram bem apresentadas? Houve participação da plateia? Vocês conseguiram responder às 
perguntas? Foi possível, por meio da roda de conversa, problematizar a questão do bullying na 
escola e pensar coletivamente em ações para impedir essa prática? Quais foram os pontos fortes 
do processo de produção do projeto? O que poderia ter sido melhor? Quais foram os principais 
erros e como podem ser resolvidos em uma próxima oportunidade? Façam anotações no caderno 
sobre esse momento avaliativo, ponderando todos esses aspectos e fazendo uma autoavaliação 
da sua participação no projeto.
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Crianças invisíveis
Direção: Ridley Scott, John Woo, Jordan Scott e outros. Itália, 2005. DVD (129 min).
Formado por sete curtas-metragens, dirigidos por conhecidos diretores, o filme procura 
retratar a invisibilidade de algumas crianças ao redor do mundo. Em todos os episódios, o 
tema central é a vida de crianças que experimentam dramas e responsabilidades da vida 
adulta.
Hoje eu quero voltar sozinho
Direção: Daniel Ribeiro. Brasil, 2014. DVD (96 min).
Por meio da história de Leonardo, um adolescente cego que deseja ser mais independente 
em relação a sua mãe, o filme traz um debate sobre homofobia e liberdade sexual, além de 
discutir a exclusão de pessoas com deficiência.
Milk, a voz da igualdade
Direção: Gus van Sant. Estados Unidos, 2008. DVD (128 min). 
No início dos anos 1970, Harvey Milk é um nova-iorquino que, para mudar de vida, decide 
morar em São Francisco. Disposto a enfrentar a violência e o preconceito da época, Milk 
busca direitos iguais e oportunidades para todos, sem discriminação sexual.
Moonlight: sob a luz do luar
Direção: Barry Jenkins. Estados Unidos, 2016. DVD (111 min).
Vencedor do Oscar 2017, o filme acompanha a jornada de autoconhecimento de Chiron, em três 
momentos de sua vida: a infância, passada em um subúrbio de Miami, nos Estados Unidos; 
a adolescência, quando é alvo de bullying dos colegas de escola enquanto descobre sua 
homossexualidade; e a fase adulta, quando tenta se adaptar à realidade cruel em que vive.
> SAIBA MAIS
Organização das Nações Unidas
Disponível em: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/. Acesso em: 18 ago. 2020.
O site da ONU reúne diversos documentos (textos, fotos e vídeos) e notícias relativos aos direitos 
humanos e à luta por sua implementação ao longo da história em diversas partes do mundo.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
Documento on-line. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Documento on-line. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. 
Acesso em: 20 ago. 2020.
Estatuto da Juventude
Documento on-line. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2013/Lei/L12852.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.
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UNIDADE
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3
Participação 
política
Um aspecto central para a construção de 
uma sociedade justa é assegurar participa-
ção política a todos os cidadãos. Participar 
da política não significa apenas votar ou 
acompanhar o desempenho do governo; 
significa também se envolver em ações 
comunitárias, se engajar em grupos, tomar 
parte de discussões de temas do interesse 
da coletividade e de manifestações públicas 
ou fazer uso da internet para debater ideias e 
promover formas de atuação coletiva. Nesta 
unidade, vamos refletir sobre a organização 
do governo e as diferentes possibilidades de 
participação política.
1. Você considera que participa ativamente da
política? Como você faz isso?
2. O que pode ser feito para promover a maior
participação dos jovens na política no Brasil
contemporâneo?
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
■ Ilustração de Paulica Santos, 2012.
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CA
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FAKE NEWS
Fake news é um termo em inglês que significa "notícia falsa". Atualmente, podemos 
definir as fake news como notícias ou informações falsas ou, ainda, distorcidas, pro-
duzidas e disseminadas intencionalmente para confundir os leitores. Com a internet, 
as fake news ganharam grande notoriedade em razãoda velocidade e da quantidade 
de informações que recebemos diariamente por meio de diversos suportes midiáticos.
As fake news acarretam as mais diversas consequências, como, por exemplo, modi-
ficar cenários eleitorais e reduzir o número de mães e pais que vacinam seus filhos.
Neste projeto, utilizaremos a análise de mídias tradicionais para produzir um folheto 
informativo, com o objetivo de ajudar a comunidade a identificar fake news e a se infor-
mar de maneira segura.
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CAPÍTULO
5 A organização do governo
No início de 2020, o Instituto da Democracia e da Democratização 
da Comunicação, uma organização que reúne pesquisadores do Brasil, 
da Argentina e de Portugal, divulgou um estudo sobre a percepção dos 
brasileiros sobre a melhor forma de governo para o país.
De acordo com a pesquisa, realizada em 2019, 64,8% dos brasileiros 
consideram que a democracia é sempre a melhor forma de governo, 
enquanto 11,2% dos entrevistados consideram que uma ditadura pode 
ser a melhor forma de governo em certas circunstâncias.
Essa pesquisa também foi aplicada em 2018. Na ocasião, a parcela 
dos que defendiam a democracia em qualquer circunstância represen-
tava 56,2% dos participantes. Já os que defendiam uma ditadura em 
determinadas conjunturas representavam 21,1% dos entrevistados.
Fonte: INSTITUTO DA 
DEMOCRACIA E DA 
DEMOCRATIZAÇÃO DA 
COMUNICAÇÃO. Resultados: 
A cara da democracia 2019. 
Belo Horizonte, 2019. 
Disponível em: https://
www.institutodademocracia.
org/post/2020/01/27/
resultados-a-cara-da-
democracia-2019. 
Acesso em: 8 set. 2020.
Entretanto, muitos dos participantes que afirmaram preferir a demo-
cracia não confiam nas instituições democráticas, como o Congresso ou o 
Poder Judiciário. A pesquisa, portanto, evidencia a fragilidade da democra-
cia brasileira e a importância de fortalecê-la.
Para entender esse quadro, é importante conhecer os conceitos relacio-
nados com as formas, os sistemas e os regimes de governo e, sobretudo, 
no caso do Brasil, compreender como a corrupção marcou o processo his-
tórico de formação do governo brasileiro, provocando o enfraquecimento 
da democracia no país. Esses são os principais temas deste capítulo.
80
Brasil: preferência pela democracia, 2018-2019
■ O gráfico destaca os 
principais dados da 
pesquisa aplicada em 
2019 pelo Instituto 
da Democracia e da 
Democratização da 
Comunicação.
Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo 
e sobre o trabalho com as atividades.
0
20,0
40,0
50,0
60,0
70,0
30,0
10,0
12,3 14,8
56,2
21,1
11,2
64,8
2018
2019
Tanto faz um
regime
democrático
ou um
regime não
democrático
A democracia
é preferível
a qualquer
outra
forma de
governo
Em algumas
circunstâncias,
uma ditadura
pode ser
preferível a um
governo
democrático
% dos entrevistados
Nota: Os dados desse grá�co foram retirados de uma pesquisa feita com duas mil 
e nove pessoas, em cento e cinquenta e um municípios, entre 8 e 16 de novembro de 2019.
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Diferentes formas de 
organização do governo
Como foi visto no capítulo 2, o desenvolvimento das comunidades 
humanas deu origem às primeiras formas de governo e, ao longo do 
tempo, foram criados modos muito diversos de organizar as sociedades, 
tomar decisões e administrar os recursos.
Você provavelmente já ouviu termos como parlamentarismo e 
presidencialismo. Nem sempre é fácil entender o que diferencia uma 
república presidencialista de uma república parlamentarista. 
Conhecer essas diferenças é importante, pois, para participarmos 
ativamente da vida política e exercermos nossa cidadania, é funda-
mental compreender como o governo se organiza e como ele pode 
se transformar a partir das ações dos diferentes grupos que compõem 
a sociedade.
Ao longo do tempo, diferentes pensadores das ciências humanas 
se dedicaram ao problema da organização do governo e formularam 
classificações para analisar como ocorre a tomada de decisões nas socie-
dades humanas e avaliar quais seriam as melhores formas de garantir a 
construção de uma sociedade justa e equilibrada.
Na Antiguidade, Platão (428 a.C.-347 a.C.) estabeleceu uma tradi-
ção que teve grande influência sobre o pensamento político ocidental. 
Segundo essa tradição, existem diferentes formas de governo. Algumas 
seriam formas justas, enquanto outras seriam formas corruptas. As pri-
meiras garantiriam o bem-estar da sociedade. Já os governos corruptos 
seriam aqueles que não se preocupam com o bem comum, conduzindo 
de forma inadequada os interes-
ses da comunidade.
Para Platão, a aristocracia ou 
a monarquia seriam formas de 
governo justas. Nessas, os gover-
nantes agiriam de acordo com 
suas virtudes e garantiriam o bem 
coletivo da sociedade. A forma 
mais corrupta de governo, para 
Platão, era a tirania. Nela, o gover-
nante agiria de acordo com seus 
caprichos e desejos, esquecendo 
as virtudes e deixando o bem da 
sociedade em segundo plano. STE
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	■ Ilustração de Stephanie
Pollo, 2020.
Aristocracia
Para Platão, aristocracia 
significava o governo dos 
mais virtuosos. Esse con-
ceito, baseado em mérito, 
transformou-se ao longo 
do tempo, ganhando 
diversas conotações até 
a acepção atual, relacio-
nada a títulos de nobreza 
e hereditariedade.
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A divisão dos poderes e a 
organização do governo
A divisão dos governos proposta por Platão foi criada com base nas 
experiências da sociedade em que o filósofo viveu. Ao longo do tempo, 
foram criadas outras formas de organização e estabelecidos novos cri-
térios de análise. 
Todo governo possui diferentes atribuições, como a criação de leis, 
a administração dos recursos públicos (tributos e impostos), a aplicação 
das leis, a manutenção da ordem e o julgamento da infração às leis, entre 
outras. São essas atribuições que constituem os poderes de um governo. 
Há muitas formas de organizar essas atribuições, e a forma como enten-
demos essa divisão na atualidade se deve em grande parte ao modelo de 
divisão dos poderes proposto no século XVIII, durante o Iluminismo.
Um dos principais pensadores a refletir sobre a questão da divisão 
dos poderes foi o filósofo francês Montesquieu (1689-1755). Para ele, as 
atribuições do governo não poderiam se concentrar em um só indivíduo 
ou instituição. Caso isso ocorresse, o exercício do governo tenderia a 
beneficiar alguns em detrimento de outros. Assim, Montesquieu propôs 
a distribuição das atribuições do governo entre três poderes distintos: o 
Executivo, o Legislativo e o Judiciário, cada um deles controlado por ins-
tituições diferentes, de modo a promover um equilíbrio e evitar abusos.
Veja no esquema a seguir uma síntese das ideias de Montesquieu:
Iluminismo
Movimento filosófico 
que se desenvolveu 
principalmente ao longo 
do século XVIII e que 
defendia o uso da razão 
como forma de resolver 
os problemas humanos.
Para Montesquieu, ao Poder 
Legislativo caberia a criação das leis; ao 
Executivo, a administração do governo 
e a aprovação das leis; ao Judiciário, a 
interpretação e a aplicação das leis. Essa 
divisão é fundamental para entender os 
diferentes tipos de governo em vigor no 
mundo contemporâneo.
Os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário
As atribuições do governo podem ser 
divididas em três poderes:
A separação dos poderes visa assegurar um equilíbrio que impeça o domínio 
do Estado por apenas um dos poderes.
O Poder Legislativo, responsável 
pela aprovação das leis 
do Estado.
O Poder Judiciário, responsável 
pela interpretação e julgamento 
das leis do Estado.
O Poder Executivo, responsávelpela aplicação das leis do Estado.
82
	■ Vista aérea da praça dos Três Poderes, em 
Brasília (DF), 2018.
Fonte: THE POLITICS 
book. London: DK 
Publishing, 2013. p. 110.
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O pensador político francês Montesquieu publicou em 1748 
O espírito das leis, livro no qual apresenta a ideia da divisão dos 
poderes em três esferas. Leia abaixo um trecho extraído dessa obra e 
responda ao que se pede:
Existem em cada Estado três tipos de poder: o poder legisla-
tivo, o poder executivo das coisas 
que dependem do direito das gentes 
e o poder executivo daquelas que 
dependem do direito civil.
Com o primeiro, o príncipe ou o 
magistrado cria leis por um tempo 
ou para sempre e corrige ou anula 
aquelas que foram feitas. Com o 
segundo, ele faz a paz ou a guerra, 
envia ou recebe embaixadas, 
instaura a segurança, previne inva-
sões. Com o terceiro, ele castiga os 
crimes, ou julga as querelas entre 
os particulares. Chamaremos a este 
último poder de julgar e ao outro 
simplesmente poder executivo do 
Estado.
[...]
Quando, na mesma pessoa ou 
no mesmo corpo de magistratura, 
o poder legislativo está reunido ao 
poder executivo, não existe liber-
dade; porque se pode temer que o 
mesmo monarca ou o mesmo senado 
crie leis tirânicas para executá-las 
tiranicamente.
MONTESQUIEU, C. de S. O espírito das leis. São Paulo: 
Martins Fontes, 1996. p. 167-168.
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS>
 1. Qual é a importância da proposta de divisão de poderes elaborada por Montesquieu? Qual seria a 
consequência no caso de dois ou três poderes se concentrarem em uma única pessoa ou grupo? 
2. No Brasil, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são compostos por diversos órgãos, cada 
qual com uma função específica. Em grupo, selecione dois órgãos pertencentes a cada um desses po-
deres e descreva suas atribuições. Ao final, façam uma apresentação oral aos demais colegas.
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
■ Página de rosto da 
edição original de 
L'Esprit des loix 
(O espírito das leis), 
1748, de Charles-Louis 
de Secondat, Barão de 
la Brède, conhecido 
como Montesquieu.
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Formas de governo e 
regimes políticos
Com base no princípio da divisão dos poderes, é possível classificar a organização de dife-
rentes governos. Atualmente, uma forma de realizar essa classificação é a partir da análise da 
forma de governo (monarquia ou república), do sistema de governo (parlamentarismo ou 
presidencialismo) e do regime de governo (absolutismo, democracia, ditadura e fascismo). 
O infográfico a seguir apresenta mais informações sobre esses conceitos:
Monarquia
A monarquia é uma forma de governo cujo
 representante é um indivíduo, normalmente o rei. Existem monarquias 
hereditárias, nas quais o título passa de pai para filho. Mas há também 
monarquias não hereditárias, nas quais existe um sistema para a 
escolha do sucessor do rei após sua morte.
Monarquia parlamentarista
A monarquia parlamentarista é um sistema de governo no qual o rei não 
concentra todos os poderes. Nesse sistema, o Parlamento (formado, na maioria 
das vezes, por meio do voto dos cidadãos) passa a controlar o Poder Legislativo. 
Frequentemente, o Poder Executivo é controlado pelo primeiro-ministro, um 
membro do Parlamento que pode ser escolhido pelo rei ou pelos parlamenta-
res. O Poder Judiciário é independente do Legislativo e do Executivo. A ideia de 
monarquia parlamentar se desenvolveu entre os séculos XVII e XVIII e atual-
mente muitos países, como o Reino Unido, adotam esse governo.
República
A república é uma forma de governo na qual o mandatário é escolhido 
pelos cidadãos ou seus representantes por meio do voto. A república 
foi inventada na Antiguidade, mas só se tornou a principal forma de 
organização do governo no século XX. Atualmente, a maior parte dos 
países se organizam em governos republicanos.
República parlamentarista
A república parlamentarista é um sistema de governo no qual os cidadãos 
votam para escolher os parlamentares. Eles compõem o Poder Legislativo. 
Além disso, cabe ao Parlamento a escolha do primeiro-ministro, responsá-
vel pelo Poder Executivo. Nesse governo, o presidente é o chefe de Estado. 
Seus poderes são limitados e quem executa as atribuições do Executivo é o 
primeiro-ministro. A Alemanha é um exemplo desse tipo de governo.
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NÃO ESCREVA 
NO LIVROATIVIDADE>
• Você considera que, em uma sociedade governada por um regime fascista, a população tem seus 
direitos de cidadãos preservados? Justifique sua resposta.
República presidencialista
A república presidencialista é um sistema de governo no qual os cidadãos votam para 
escolher o presidente, que representa o Poder Executivo, e o Parlamento, que representa o 
Poder Legislativo. Normalmente, o Poder Judiciário não é escolhido pelo voto dos cidadãos. 
O Brasil é uma república presidencialista.
Absolutismo
O absolutismo é um regime de governo no qual um indivíduo, normalmente um 
rei, concentra todas as principais atribuições do governo. Assim, nesse tipo de 
governo, a divisão proposta por Montesquieu não existe, e o comandante pode 
impor sua vontade aos governados. Esse regime de governo foi muito importante 
na Europa entre os séculos XV e XVIII. Atualmente, ainda existem alguns governos 
que se enquadram nesse tipo, como o da Arábia Saudita.
Democracia
A democracia é um regime de governo baseado na participação dos cida-
dãos nas decisões políticas. Essa participação frequentemente se dá por 
meio do voto, do envolvimento em instituições e organizações sociais e 
pela livre manifestação das ideias. Para assegurar os direitos dos cidadãos, 
uma democracia se organiza a partir de um sistema de divisão dos poderes, 
visando evitar que um indivíduo ou grupo possa exercer suas atribuições 
de forma autoritária.
Ditadura
Uma ditadura é um regime de governo autoritário. Frequentemente, uma 
ditadura se forma a partir de um golpe de Estado, quando um grupo derruba os 
governantes ou subverte as leis com o objetivo de controlar o governo. Em uma 
ditadura, a divisão dos poderes deixa de funcionar, já que o ditador e seus aliados 
ampliam seus poderes de modo a agir de acordo com seus interesses. O Brasil foi 
governado por uma ditadura entre 1937 e 1945 e entre 1964 e 1985.
Fascismo
O fascismo foi um regime político que surgiu nas primeiras décadas do século 
XX na Itália e na Alemanha. Trata-se de uma forma específica de ditadura que 
estabelece um controle mais radical sobre os cidadãos. Em um regime fascista, 
um grupo passa a controlar o governo de modo a tentar anular todo tipo de 
oposição e a perseguir e exterminar grupos vistos como uma ameaça. Apesar 
dos regimes fascistas terem sido derrubados ao final da Segunda Guerra 
Mundial, suas propostas continuam inspirando grupos políticos até o presente.
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As origens do 
governo no Brasil
Ao longo de sua história, o Brasil teve diferentes formas de 
governo. Durante o processo de conquista e colonização, os portu-
gueses estabeleceram instituições e introduziram no território práticas 
de governo adotadas em Portugal e em outros territórios coloniais.
Em 1548, quando Portugal era uma monarquia absolutista, foi 
criado no Brasil o Governo-Geral e nomeado pelo rei o primeiro gover-
nador-geral, que deveria prestar obediência e atenderàs ordens e 
decisões da Coroa portuguesa. 
O Governo-Geral vigorou 
em partes do atual território 
brasileiro até a independên-
cia, em 1822, portanto, durante 
todo o período colonial, o Brasil 
foi uma colônia subordinada a 
uma monarquia, sem governo 
autônomo e independente.
	■ Marco do "descobrimento", 
monumento de pedra portu-
guesa, de cerca de 1500, com uma 
inscrição afirmando a soberania 
portuguesa. Centro histórico de 
Porto Seguro (BA), 2019.
A independência e a organização 
de um governo autônomo
A partir de 1822, teve início o processo de construção do Estado 
brasileiro e a organização do primeiro governo autônomo do Brasil. O 
processo de independência foi marcado por uma aliança entre as elites 
brasileiras e dom Pedro I (1798-1834), filho do monarca português, dom 
João VI (1767-1826). 
Após proclamar a independência e se tornar imperador, dom Pedro I 
se articulou para manter a monarquia no Brasil, ou seja, não houve uma 
ruptura completa com as tradições de governo portuguesas. 
RIVALDI SOUZA/SHUTTERSTOCK.COM
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Além disso, embora o novo governo tenha aprovado em 1824 uma 
Constituição que previa a divisão dos poderes, dom Pedro I instituiu o 
poder moderador, um poder exclusivo do imperador, que lhe permitia 
intervir nos demais poderes.
Por meio do poder moderador, dom Pedro I podia, por exemplo, 
dissolver a Câmara dos Deputados, nomear ou demitir ministros, sus-
pender os juízes ou modificar penas impostas a condenados. O Brasil 
passou, portanto, a contar com um sistema parlamentarista subordi-
nado aos poderes do imperador. Por essa razão, muitos historiadores 
denominam de parlamentarismo às avessas o sistema político que se 
consolidou ao longo do Império.
Em 1889, um golpe militar derrubou dom Pedro II (1825-1891), suces-
sor de dom Pedro I, e proclamou a República. A partir de então, uma 
nova forma de organização de governo foi adotada no Brasil.
A primeira democracia brasileira
Após o golpe, foi criada, em 1891, uma nova Constituição, que determi-
nou a implantação de uma democracia presidencialista. Os cidadãos com 
direito ao voto podiam escolher os representantes dos poderes Executivo 
e Legislativo. Entretanto, apenas uma pequena parcela da população par-
ticipava das eleições. Mulheres e analfabetos eram os principais grupos 
excluídos do direito de cidadania.
Outro problema do sistema de governo 
adotado nesse momento é que o voto era 
aberto. Assim, era possível pressionar e intimidar 
eleitores para assegurar a vitória de candidatos 
alinhados com os interesses das elites locais. 
Além disso, ocorriam muitas fraudes e arranjos 
políticos que dificultavam a eleição de políticos 
de oposição.
O período de 1891 a 1930 foi marcado pela 
existência de um governo controlado pelas elites 
econômicas de diferentes regiões do Brasil, que 
se afastava do ideal de democracia como exer-
cício da vontade e dos interesses dos cidadãos.
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Nos primeiros tempos da República, as elites econômicas controlavam 
a vida econômica e política do país. Nos dias de hoje, essa característica 
se mantém ou houve mudanças? Justifique sua resposta.
	■ BRUNO, P. Pátria. 1919. Óleo sobre tela, 190 cm × 278 cm. 
Museu da República, Rio de Janeiro (RJ).
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O governo brasileiro 
no século XX: entre 
ditaduras e democracias
Em 1930, Getúlio Vargas (1882-1954) e setores das elites descontentes com o sistema político 
brasileiro articularam um golpe que pôs fim à primeira democracia brasileira e deu início à fase 
conhecida como Era Vargas (1930-1945).
Em 1934, quatro anos depois de Vargas ter se tornado presidente do Brasil, foi promulgada uma 
nova Constituição, que trouxe inovações importantes, como a legislação trabalhista e o direito de voto 
feminino. Entretanto, as eleições previstas para 1938 não ocorreram. Um ano antes, Getúlio deu um novo 
golpe e criou o Estado Novo, uma ditadura que governou o país até 1945.
Durante o Estado Novo, o Poder Executivo prevaleceu sobre os demais poderes. Getúlio Vargas 
perseguiu seus opositores e utilizou a propaganda política para ganhar força e conquistar apoio da 
sociedade. A Constituição de 1934 foi substituída por uma nova Carta constitucional, outorgada pelos 
aliados do presidente.
No Estado Novo, as garantias legais dos cidadãos foram suspensas. As eleições para todos os níveis 
do governo foram canceladas e a liberdade de manifestação foi abolida. As pessoas podiam ser per-
seguidas, presas, torturadas ou mortas por criticar o governo ou defender o retorno da democracia.
Com o avanço da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Estado Novo entrou em crise. O Brasil 
enviou tropas para lutar ao lado dos Aliados contra as forças fascistas da Itália e da Alemanha. Essa 
atitude do governo gerou críticas dos opositores de 
Vargas, que passaram a denunciar a contradição de 
lutar contra regimes autoritários enquanto o país era 
governado por um ditador.
Um breve período 
democrático
A crise do Estado Novo enfraqueceu o poder de 
Vargas e abriu caminho para a articulação de um 
novo golpe, em 1945. Com a deposição de Getúlio 
e a redemocratização do país, foram convocadas 
eleições no final desse mesmo ano. Em 1946, foi 
criada uma nova Constituição, visando assegurar 
os direitos dos cidadãos brasileiros.
A democracia presidencialista foi reestabele-
cida e voltou a vigorar um sistema de divisão dos 
poderes. O sufrágio feminino foi assegurado, mas 
os analfabetos continuaram excluídos do processo 
eleitoral. Entre 1946 e 1964, o país contou com elei-
ções livres e os cidadãos recuperaram sua liberdade 
de manifestação.
	■ Queima das bandeiras dos estados brasileiros durante 
o Estado Novo, ordenada por Getúlio Vargas para rea-
firmar a unidade nacional. Rio de Janeiro (RJ), 1937.
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Ainda assim, a liberdade não era plena. O Partido Comunista, por 
exemplo, teve seu registro cassado, e os sindicatos dos trabalhadores 
sofreram perseguições do governo, cujo objetivo era conter a organiza-
ção da luta por direitos trabalhistas.
Esse período também foi marcado por crises políticas. Em 1950, Getúlio 
Vargas voltou ao poder, desta vez eleito democraticamente, porém não 
completou seu mandato. Em 1954, diante do fortalecimento da oposição, 
o presidente se suicidou.
Outro exemplo de crise ocorreu em 1961, quando o presidente Jânio 
Quadros (1917-1992) renunciou ao cargo. Setores conservadores da socie-
dade não aceitavam que o vice-presidente, João Goulart (1919-1976), 
assumisse o governo, como mandava a Constituição, o que resultou no 
estabelecimento de um curto período parlamentarista na história brasi-
leira, entre 1961 e 1963.
Essas crises culminaram em um novo golpe de Estado, a partir da 
articulação de militares com setores da sociedade civil, dando origem a 
uma ditadura que vigorou no país de 1964 a 1985.
Nesse período, novamente o Poder Executivo se impôs sobre os 
demais poderes, e os direitos individuais foram anulados. As eleições 
diretas foram suspensas e uma nova Constituição foi outorgada em 1967. 
As oposições foram duramente reprimidas e milhares de pessoas foram 
torturadas e mortas por agentes do governo.
	■ Reprodução de man-
chete do jornal Folha 
de S.Paulo de 12 de 
dezembro de 2018 
lembrando os 50 anos 
do decreto do AI-5, ato 
institucional que deu 
ao presidente o poder 
de fechar o Congresso, 
promover censura e 
cassar direitos políticos, 
entre outras formas de 
repressão.FO
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> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NOLIVRO
• Durante a ditadura que governou o Brasil entre 1964 e 1985, os partidos políticos foram extintos 
e somente dois puderam existir: a Arena, partido da situação, e o MDB, partido da oposição. Em 
sua opinião, qual é o impacto que a extinção dos diversos partidos políticos provoca em um 
regime democrático?
89
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A Nova República e o problema 
da corrupção
Por mais de vinte anos o Brasil esteve sob o regime de ditadura 
civil-militar. A crescente pressão da sociedade civil obrigou o governo 
a promover um lento processo de reabertura política, que culminou na 
eleição indireta do presidente da República, em 1985.
Em 1988, uma nova Constituição foi promulgada. Dessa vez, o 
texto constitucional foi criado com a participação de amplos setores 
da sociedade civil. O documento reconheceu direitos inéditos aos 
cidadãos brasileiros, como a extensão do voto aos analfabetos, a 
garantia do direito dos povos indígenas 
a viver em suas terras segundo seus cos-
tumes, a defesa da reforma agrária, o 
reconhecimento das terras quilombolas e 
a criminalização do racismo.
O processo de redemocratização do 
país deu início à chamada Nova República, 
uma democracia presidencialista que per-
manece em vigor até o presente. Essa 
forma de governo trouxe avanços políticos 
importantes, ampliando a participação e as 
liberdades dos cidadãos, mas também vem 
sendo marcada por problemas graves.
Um dos principais problemas da Nova 
República é a permanência de práticas de 
corrupção por agentes públicos e priva-
dos. No plano político, a corrupção ocorre 
quando o bem público é prejudicado, ou 
seja, quando bens públicos são utilizados 
para atender a interesses privados. 
Patrimonialismo e a crise da democracia
A corrupção não é recente na história do Brasil; ela marcou o pro-
cesso de construção e consolidação do Estado nacional brasileiro. 
Muitos pesquisadores, como Raymundo Faoro (1925-2003), defendem a 
ideia de que a origem das práticas de corrupção está relacionada com 
o problema do patrimonialismo.
Esse conceito, formulado pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-
1920), foi utilizado para analisar a confusão que ocorre em determinadas 
sociedades entre as esferas públicas e privadas. Em uma sociedade 
	■ Placa de terra indí- 
gena protegida, 
em Primavera do 
Leste (MT), 2018.
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patrimonialista, agentes 
privados se organizam 
para utilizar os recursos 
públicos (provenientes 
de tributos e impostos) 
de modo a beneficiar 
seus próprios interesses 
em detrimento dos inte-
resses de outros grupos.
Um exemplo claro 
de prática patrimonia-
lista ocorre quando se 
desvia dinheiro de obras 
públicas. Uma emprei-
teira pode cobrar um 
valor mais alto do que o 
custo real para a cons-
trução de um hospital. O político responsável pela aprovação do 
orçamento aceita a proposta e ambos dividem o valor extra. Dessa 
forma, os recursos públicos são usados indevidamente, prejudicando 
a sociedade.
O patrimonialismo marcou a história da sociedade brasileira e con-
tinua presente. As práticas de corrupção estão arraigadas em nossa 
sociedade, o que enfraquece os mecanismos democráticos do país.
A corrupção fragiliza a democracia na medida em que parte da 
sociedade passa a olhar os políticos com desconfiança. Essa reali-
dade marcou a história brasileira ao longo do século XX, colocando a 
democracia sob constante ameaça, já que muitas pessoas, ao perder 
a confiança na democracia, enxergam na ditadura uma solução para 
o problema da corrupção.
Acontece, porém, que em governos ditatoriais as práticas patrimo-
nialistas podem ser reforçadas, uma vez que a repressão às oposições 
e à imprensa dificulta as denúncias e investigações de crimes de cor-
rupção. A forma mais eficiente de se combater o patrimonialismo é 
fortalecer a democracia e o controle da sociedade civil sobre os meca-
nismos do governo.
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Em sua opinião, de que maneira a sociedade civil pode fortalecer a de-
mocracia no país?
	■ A participação dos 
cidadãos na política é 
essencial para defender 
seus direitos e com-
bater a corrupção nos 
gastos públicos. 
Na foto, manifestação 
pela educação em 
Maceió (AL), 2019.
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NÃO ESCREVA 
NO LIVROATIVIDADES>
• Democracia é o tema da tirinha reproduzida abaixo. Observe-a com aten-
ção e responda ao que se pede.
 1. Na tirinha vemos personagens que representam dois grupos distintos. 
a) Quais grupos são representados? 
b) Que elementos presentes na tirinha embasam sua resposta? 
 2. A tirinha faz referência à democracia. 
a) O que é a democracia, no seu entendimento? 
b) De que maneira essa ideia encontra-se expressa na charge? 
 3. Pode-se dizer que a imagem mostra um equilíbrio de forças entre dois 
grupos? Justifique.
 4. De acordo com a cartunista, de que modo é possível haver um equilí-
brio de forças? 
Como essa ideia é transmitida na charge? Você concorda com essa
ideia?
 5. Além da democracia, a tirinha faz referência a outro elemento funda-
mental da vida política. Qual é ele? 
 6. Resuma em uma frase a mensagem que a tirinha transmite, em sua 
opinião. 
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LAERTE. [Tirinha]. Folha de S.Paulo, 1o maio 2018.
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DIAGNÓSTICO DA REALIDADE
De acordo com os Relatórios de 2018 da We Are Social e da Hootsuite, 66% da 
população brasileira tem acesso à internet (porcentagem relativamente baixa em 
relação aos países desenvolvidos). Essas pessoas passam cerca de nove horas 
diárias conectadas à rede, das quais três horas e meia são dedicadas às redes 
sociais, o que representa quase o dobro da média mundial.
Nesse cenário, devem ser consideradas duas realidades: o analfabetismo e o 
analfabetismo funcional. No primeiro caso, estão incluídas as pessoas que não 
sabem ler, escrever ou interpretar formalmente textos escritos; no segundo caso, 
incluem-se as pessoas que, embora saibam ler, possuem pouca ou nenhuma 
habilidade para interpretar o que leem.
Segundo estudo realizado pelo Ibope Inteligência, em 2018, no Brasil, 29% da 
população era considerada analfabeta funcional e 8%, analfabeta, o que não sig-
nifica que essas pessoas não utilizem as redes sociais.
Independentemente desses fatores, o fato é que nem sempre lemos na íntegra 
os conteúdos que acessamos por meio da internet e das redes sociais, como 
destaca o texto a seguir:
Mesmo quando os links são clicados, poucos leitores vão 
passar dos primeiros parágrafos, o que facilita ainda mais o 
trabalho de elaboração de uma notícia falsa. Estudo do Nielsen 
Norman Group divulgado em 2013 mostrou que 81% dos leitores 
voltam os olhos – o que não significa necessariamente que estão, 
de fato, a ler – para o primeiro parágrafo de um texto na internet, 
enquanto 71% chegam ao segundo. São 63% os que olham para o 
terceiro parágrafo, e apenas 32% voltam os olhos para o quarto. 
[...] Outro desafio ainda se coloca na qualidade da leitura. “A não 
ser que se preste atenção especial ao que está lendo, os artigos 
ficam descontextualizados em relação às suas fontes e fatos se 
misturam livremente com ficção” (Chen, Conroy & Rubin, 2015b, 
tradução própria).
DELMAZO, C.; VALENTE, J. C. L. Fake news nas redes sociais on-line: propagação e 
reações à desinformação em busca de cliques. Media & Jornalismo, v. 18, n. 32, 
Lisboa, abr. 2018. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_ 
arttext&pid=S2183-54622018000100012.Acesso em: 11 ago. 2020.
O que torna o problema das fake news ainda mais grave é a existência de 
grupos que operam na deep web, uma parte da rede oculta ao público. Esses 
grupos criam uma página na internet e programam um robô para disseminar o 
link nas redes. Quanto mais um tema é mencionado, mais o robô dispara infor-
mações, numa velocidade que pode chegar a dois segundos.
As limitações de leitura e interpretação de texto, somadas à forma apressada 
como são lidas as informações na internet, ao volume e à velocidade de disse-
minação das fake news e à dificuldade que os leitores, de modo geral, têm em 
identificá-las, podem levar a um cenário desastroso em relação à maneira como 
as pessoas se informam, constroem juízos de valor e agem na sociedade.
Etapa
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CAPÍTULO
6
Em junho de 2020, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, 
organizou um comício para sua campanha de reeleição na cidade de 
Tulsa, no estado de Oklahoma. A equipe do presidente acreditava que 
o estádio onde ocorreria o evento lotaria, com mais de 19 mil pessoas, 
considerando o número de solicitações de convite para o evento.
O estádio, porém, não tinha sequer um terço do público esperado: 
autoridades estimam que cerca de 6 mil pessoas tenham participado 
do evento. O que teria causado o “sumiço” das pessoas, se havia tantos 
interessados? Usuários de uma rede social e fãs do gênero musical K-pop
reconheceram ter organizado uma ação para solicitar convites, porém, 
sem intenção de comparecer. Assim, enganaram a equipe do presi-
dente, ao fazê-la acreditar que havia um interesse real das pessoas em 
participar do comício.
A ação, cujo objetivo foi desestabilizar a campanha de Trump, é um 
claro exemplo de participação política de jovens para mudar os rumos 
políticos do país. Esse tipo de ação colaborativa, que se tornou muito 
comum nos últimos anos, faz uso intenso da internet como plataforma 
de organização popular para dialogar com os governos e pressioná-los.
Neste capítulo, vamos refletir sobre o conceito de participação polí-
tica, conhecendo as várias maneiras pelas quais os indivíduos podem 
tomar parte das decisões dos governos e da sociedade. Também vamos 
refletir sobre o impacto da internet na participação política e conhecer 
exemplos de outras ações organizadas por jovens para participar da 
vida política de seus países.
Participação política
■ Homem em arquiban-
cada vazia do estádio 
onde ocorreu o comício 
de Donald Trump, 
em Tulsa, Oklahoma 
(Estados Unidos), em 
junho de 2020.
refletir sobre o impacto da internet na participação política e conhecer 
exemplos de outras ações organizadas por jovens para participar da 
vida política de seus países.
em Tulsa, Oklahoma 
(Estados Unidos), em 
junho de 2020.
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Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo 
e sobre o trabalho com as atividades.
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O que é participação política?
A expressão participa-
ção política é utilizada com 
grande frequência no mundo 
contemporâneo. Se você fizer 
uma busca rápida na internet 
por vídeos sobre participação 
política, encontrará mais de 100 
mil resultados.
Em junho de 2020, era 
possível encontrar quase um 
milhão de páginas contendo 
essa expressão. Nessa vastidão 
de resultados, pode não ser 
tão fácil entender com clareza 
o seu significado. 
O que significa participar 
da política? Significa apenas 
votar ou é preciso se tornar 
um político? Discutir política é uma forma de participação? Escrever ou 
gravar postagens sobre política também é uma maneira de participar? 
E comparecer a manifestações públicas ou tentar modificar aspectos 
comportamentais da sociedade, pode também ser considerada parti-
cipação política?
As ciências humanas podem nos ajudar a responder a essas questões 
e a compreender melhor o conceito de participação política. Entender 
esse conceito é importante não apenas para ter mais clareza do seu sig-
nificado, mas, principalmente, para nos ajudar a transformar a política 
no mundo em que vivemos e a construir uma sociedade mais igualitária.
Participação política e governo
Vimos no capítulo anterior que, ao longo do tempo, foram criadas 
diversas formas de organização do governo, o que significa que houve 
diferentes maneiras de participação política no decorrer da História. 
Mesmo nos dias atuais, existem diferentes modos de participar da polí-
tica, de acordo com o tipo de governo ou de sociedade, e esses modos 
também poderão se alterar no futuro.
A definição de participação política, portanto, envolve distintas 
possibilidades de intervenção dos indivíduos ou grupos humanos nas 
decisões políticas e na sociedade em que vivem. 
	■ Divina Maloum recebe 
prêmio de Kailash 
Satyarthi, durante a 
cerimônia do Prêmio 
Internacional da Paz 
das Crianças. Haia 
(Holanda), 20 de 
novembro de 2019.
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O cientista político italiano Gianfranco Pasquino (1942-) define 
participação política como o conjunto de ações e condutas que são 
utilizadas por indivíduos e grupos para influenciar a organização e as 
ações do governo e modificar a sociedade.
Essa definição fica mais clara com a ajuda de alguns exemplos. 
Vamos supor que o presidente de um país decida, com o apoio de seus 
aliados, cortar os recursos federais para a manutenção das universida-
des públicas. Essa decisão irá desagradar uma parcela da sociedade, 
que, na tentativa de reverter os cortes, passará a se mobilizar por 
meio de uma série de ações: manifestando-se nas redes sociais, ques-
tionando o governo, organizando passeatas ou greves, publicando 
textos em jornais, entre outras possibilidades. Todas essas ações são 
exemplos de participação política.
Caso o presidente ignore as reivindicações e mantenha sua decisão 
de corte de investimentos públicos, essa parcela da sociedade pode 
dar sua resposta nas urnas, nas próximas eleições, votando em outros 
candidatos. Essa também é uma forma de participação política.
Assim, a participação política é bastante ampla e envolve múltiplas 
possibilidades de pressão, diálogo e convencimento, visando influen-
ciar as decisões e ações do governo ou a sociedade, de modo geral.
	■ Estudantes da rede 
estadual paulista 
de ensino realizam 
protesto contra o 
fechamento das 
escolas em São Paulo 
(SP), 2015.
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Outras formas de participação 
política ao longo do tempo
Uma das formas de participação política adotadas na atualidade é 
a representação. Nas democracias contemporâneas, os políticos são 
eleitos para representar os interesses dos cidadãos. 
Nem toda sociedade, porém, se organiza segundo o princípio da 
representação. A antiga democracia ateniense constitui um exemplo de 
sistema direto de participação política. Em Atenas, todos os cidadãos 
participavam das assembleias e podiam ocupar cargos políticos na pólis.
Nesse sistema, a participação política dos cidadãos ocorria a partir 
do envolvimento nas assembleias e discussões realizadas na ágora. 
Todo cidadão tinha direito a igual participação no exercício do poder, 
podendo agir diretamente para mudar decisões do governo.
Outro exemplo de participação pode ser encontrado nas socieda-
des ameríndias. De acordo com o antropólogo francês Pierre Clastres 
(1934-1977), existem sociedades indígenas que se organizam de forma 
igualitária.Embora as aldeias tenham um chefe, ele não tem o poder de 
decisão sobre os assuntos da comunidade. O chefe precisa apresentar 
suas ideias e encontrar meios de influenciar as decisões do grupo. Há, por-
tanto, uma inversão da ordem da participação política que conhecemos.
Ágora
Praça principal das 
antigas cidades gregas.
	■ Mulheres lutam o huka-
-huka durante a Festa do 
Uluri, ritual de formação 
de liderança feminina 
da comunidade. Aldeia 
Kamayurá Ipavu, Gaúcha 
do Norte (MT), em 2018.
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Um cidadão pode ter uma atuação política independente de vínculos com partidos políticos? Que 
outras formas de organização política são possíveis?
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A invenção do sufrágio como forma 
de participação política
A participação política representativa está associada ao sufrá-
gio. Durante muitos séculos, porém, a ideia de que toda a sociedade 
deveria participar das decisões políticas por meio do voto não existia.
Na Europa do Antigo Regime, entre os séculos XV e XVIII, a partici-
pação política estava restrita a uma pequena parcela de privilegiados, 
à qual era dado o direito 
de influenciar os rumos 
do governo, geralmente 
por meio de petições e 
reclamações aos monarcas 
absolutistas.
As revoluções ocor-
ridas a partir do final do 
século XVIII provocaram a 
queda do Antigo Regime 
na Europa e na América. 
Assim começou a se formar 
a ideia de que os cidadãos 
deveriam participar ativa-
mente da organização do 
governo e da construção 
de suas políticas. Foi nesse 
processo que o sufrágio se 
transformou em uma fer-
ramenta importante para assegurar a representação dos desejos e 
projetos políticos dos cidadãos.
Esse processo deu origem ao sistema moderno de partidos polí-
ticos. Um partido político é uma organização social que se constitui 
em torno de interesses políticos comuns e se propõe alcançar o poder. 
No Brasil, por exemplo, os filiados a um partido podem se candidatar 
a um cargo público de vereador, prefeito, governador, deputado esta-
dual ou federal, senador ou presidente por meio de eleições. 
Durante grande parte do século XX, a participação política se 
manifestou predominantemente por meio do voto e do envolvimento 
com partidos políticos tradicionais das mais diversas democracias do 
planeta. Embora não tenha sido a única, o engajamento partidário 
representou uma forma de participação importante para compreen-
der as disputas e a dinâmica política das democracias no período.
Sufrágio
Ato de votar em uma 
eleição.
	■ Mulher vota nas 
eleições para 
novos membros do 
Parlamento no Rio de 
Janeiro (RJ), em 1933.
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Os dois textos a seguir discutem a questão da participação política. O primeiro é da filósofa 
brasileira Marilena Chaui (1941-); o segundo é um poema atribuído a Bertolt Brecht (1898-1956), 
um dos mais importantes escritores alemães do século XX. Após a leitura de ambos, realize as 
atividades propostas.
As pessoas que [...] não querem ouvir falar em política, recusam-se a participar de atividades 
sociais que possam ter finalidade ou cunho políticos, afastam-se de tudo quanto lembre ativi-
dades políticas, mesmo tais pessoas, com seu isolamento e sua recusa, estão fazendo política, 
pois estão deixando que as coisas fiquem como estão e, portanto, que a política continue tal 
qual é. A apatia social é, pois, uma forma passiva de fazer política
CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003. p. 379.
O analfabeto político
O pior analfabeto 
É o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
Da sua ignorância política
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais.
Poema atribuído a Bertolt Brecht apud SOUSA, R. A. de et al. Portal do Professor. Como trabalhar com o conceito de analfabeto político [...]. 
Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=34664. Acesso em: 12 ago. 2020.
 1. Segundo Marilena Chaui, por que o fato de alguém se manter alheio à vida política deve ser consi-
derado um gesto político?
 2. Por que, para o texto atribuído a Bertolt Brecht, “o pior analfabeto é o analfabeto político”?
 3. Em sua opinião, não participar das eleições, votar em branco ou anular o voto é também um ato 
político? Por quê?
 4. Escreva no caderno um texto comparando as ideias de Marilena Chaui com o poema. Procure rela-
cionar o que leu com a realidade social, política e econômica do Brasil atual.
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> NÃO ESCREVA NO LIVRO
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A participação política 
na era da internet
Nas últimas décadas, o desenvolvimento da internet e das tecnolo-
gias de comunicação provocou mudanças importantes na forma como 
os cidadãos participam da política. Em alguns países, essas mudanças 
provocaram o enfraquecimento dos partidos políticos tradicionais e o 
surgimento de novas estratégias de organização e participação políticas.
Alguns cientistas sociais, como o sociólogo espanhol Manuel 
Castells (1942-), defendem a ideia de que a internet provocou uma 
revolução na forma como a democracia é praticada no mundo, uma 
vez que possibilitou ampliar a participação política dos cidadãos, 
criando uma ágora digital na qual os indivíduos podem participar da 
democracia de forma direta. 
Entretanto, não existe consenso entre os pesquisadores. Segundo 
o entendimento de parte dos cientistas sociais, a internet cria meca-
nismos que aprimoram a participação dos cidadãos na democracia 
representativa existente, mas que não asseguram efetivamente o exer-
cício de uma democracia direta. Há também aqueles que consideram 
alguns aspectos da internet como ameaças à democracia.
Para refletir sobre essas diferentes visões, é importante pensar um 
pouco sobre o desenvolvimento da internet e o modo como o mundo 
digital se tornou um ambiente que permite aos cidadãos participar e 
se organizar politicamente.
	■ Diversas mobilizações 
populares atualmente 
são organizadas pelas 
redes sociais. A foto 
mostra um celular 
exibindo a hashtag 
#blackouttuesday, 
campanha de para-
lisação do trabalho 
iniciada pela indús-
tria da música, em 
solidariedade aos 
protestos antirracismo, 
que floresceu nas redes 
sociais. Washington DC 
(Estados Unidos), 2020.
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Internet e colaboração
É provável que você 
passe a maior parte do seu 
tempo na internet utilizando 
as redes sociais. Uma das 
principais características 
dessas plataformas é que 
elas se organizam por meio 
da interação de seus usuá-
rios. Quando, por exemplo, 
você grava um vídeo e o 
compartilha em uma rede 
social, você está produzindo 
um conteúdo que poderá ser 
utilizado por outras pessoas.
A internet atualmente 
é uma rede colaborativa e 
descentralizada. Cada internauta pode produzir conteúdos e divulgar 
informações, dividindo-os com pessoas conhecidas ou desconhecidas. 
Ao contrário de outros meios de comunicação, como o jornal, o rádio 
e a televisão, na internet não existeuma hierarquia clara entre quem 
produz conteúdo e quem utiliza o conteúdo.
Um jornal, uma emissora de rádio ou de televisão têm a possibili-
dade de selecionar notícias e informações, determinando previamente 
o que será divulgado, de acordo com seus critérios. Desse modo, o 
público leitor, ouvinte ou telespectador não participa da produção 
desses conteúdos. 
Na internet, os grandes portais de notícias também fazem uma 
seleção prévia de conteúdos, porém os usuários conseguem intera-
gir com o veículo (no caso dos que permitem comentários) e podem 
compartilhar os textos em suas redes sociais, o que abre novas possibili-
dades de participação política. A rede permite aos internautas defender 
suas visões políticas de uma forma que não era possível nos veículos de 
comunicação tradicionais.
	■ Aluna de um Centro 
Educacional Unificado (CEU) 
participa de uma aula sobre 
fake news, em São Paulo 
(SP), 2018.
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Um dos principais problemas advindos da rápida expansão da internet é a facilidade para transmitir 
notícias e informações falsas ou que induzem a erro. São as chamadas fake news, que se disseminam 
sobretudo em períodos eleitorais. Em sua opinião, qual é o interesse de quem divulga esse tipo de 
conteúdo e como é possível combatê-lo?
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A internet e a organização 
de movimentos sociais
O caráter colaborativo da internet começou a ser explorado nos anos 1990, 
quando teve início a expansão da rede de computadores por todo o planeta, per-
mitindo as trocas de informações e mensagens entre pessoas das mais diversas 
partes do mundo. Desde então, tornou-se possível a organização de movimentos 
sociais que visam à participação popular nas decisões políticas.
Um exemplo foi o movimento zapatista, cuja aparição pública ocorreu no estado 
mexicano de Chiapas, em 1994. Fazendo uso dos recursos de correio eletrônico e 
das redes de comunicação via internet, os zapatistas construíram uma rede de soli-
dariedade formada por ativistas de direitos humanos em todo o mundo para lutar 
por melhores condições de vida para as populações indígenas do México.
O uso da internet para a articulação de movimentos sociais e grupos políticos 
ganhou mais força na década de 2000. A partir de então, organizações não gover-
namentais, grupos políticos, movimentos sociais e cidadãos comuns passaram a 
se manifestar e a compartilhar ideias pela rede com o objetivo de influenciar as 
decisões do governo.
A internet se transformou em um veículo importante para o ativismo político 
e social no mundo contemporâneo. Por essa razão, alguns pensadores consideram 
que a internet pode ajudar a criar uma forma de democracia direta.
Outros pensadores lembram que a participação política digital tem limitações. 
Segundo eles, a internet não é capaz de substituir o sistema de representação, mas 
oferece aos cidadãos a possibilidade de influenciar a tomada de decisões do governo 
e acompanhar de forma mais ativa as ações dos políticos eleitos, zelando para que 
eles defendam os interesses da sociedade que os elegeu.
É importante, porém, destacar que o caráter colaborativo da internet 
esbarra nos limites concretos de acesso a ela, já que a inclusão digital ainda é bas-
tante desigual no Brasil e no mundo.
	■ Mulheres e crianças 
participam de marcha 
pelos direitos humanos 
na revolta zapatista. 
O movimento ganhou 
destaque internacional 
no dia 1o de janeiro de 
1994, quando homens 
do Exército Zapatista 
de Libertação Nacional 
(EZLN) ocuparam as 
prefeituras de diversas 
cidades mexicanas. 
Chiapas (México), 1994.MA
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O problema da 
desigualdade de 
acesso à internet
O acesso à internet no Brasil avançou 
nos últimos dez anos, mas revela dife-
renças sociais importantes. Segundo 
dados de um estudo que mede os 
hábitos e comportamentos de usuários 
da internet, TIC Domicílios 2018 (TIC é 
a sigla de Tecnologia da Informação e 
Comunicação), o acesso da população 
brasileira à internet teve um avanço de 
quatro pontos percentuais em relação a 
2018, alcançando 74% de usuários (133,8 
milhões de pessoas). Contudo, esse índice 
mostra que um em cada quatro brasileiros 
ainda não tem acesso à internet. 
É importante verificar a taxa de 
usuários que acessam a internet exclusi-
vamente pelo celular, já que nem sempre 
os aparelhos permitem a realização de 
atividades mais complexas. A pesquisa 
indica que 58% dos internautas brasilei-
ros se conectam apenas pelo telefone 
móvel. Em 2014, 80% dos usuários aces-
savam a internet pelo computador. Em 
2018, esse índice caiu para 42%. Essa 
diferença é ainda maior se considerar-
mos as classes sociais: dos usuários que 
se conectam à internet unicamente pelo 
celular, 85% pertencem às classes D e E. 
Observe os gráficos ao lado:
Fonte: PESQUISA sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos 
domicílios brasileiros: TIC Domicílios 2018 . São Paulo: Comitê Gestor da Internet 
no Brasil, 2019. p. 105. Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/ 
12225320191028-tic_dom_2018_livro_eletronico.pdf. Acesso em: 11 ago. 2020.
Brasil: domicílios com acesso à 
internet, por área, 2008-2018
2009 2010 201320122011 2014 2015 2016 2017 2018
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domicílios (%)
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67
36
4 6 6
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15
22 22
26
34
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8
2008
Urbana Total Rural
Fonte: PESQUISA sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos 
domicílios brasileiros: TIC Domicílios 2018 . São Paulo: Comitê Gestor da Internet 
no Brasil, 2019. p. 111. Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/ 
12225320191028-tic_dom_2018_livro_eletronico.pdf. Acesso em: 11 ago. 2020.
Brasil: usuários de internet por área, grau de 
instrução, faixa etária e classe social, 2008-2018
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49
14
57
88
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83
90 86
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28
92 91
76
48
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Total da 
população (em %)
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Área Grau de
instrução
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NÃO ESCREVA 
NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM
 1. Observe atentamente os gráficos desta página e escreva no caderno um pequeno texto a respeito 
do que os dados revelam sobre o acesso à internet no Brasil. De 2018 até o presente, e considerando 
a sua realidade e a das pessoas que conhece, você avalia que as diferenças entre os grupos repre-
sentados tiveram mudanças significativas? 
 2. O acesso à internet exerce um importante papel a fim de promover melhorias nas condições de vida 
da população. Em sua opinião, como a ampliação do acesso à internet na sua comunidade poderia 
contribuir para isso?
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	■ Estudantes e 
trabalhadores 
participam de 
manifestação em 
Paris (França), 
em maio de 1968.
O jovem e a participação 
política
Ao longo do século XX, os jovens se tornaram uma força política 
importante, organizando ações variadas para influenciar governos e 
promover transformações sociais.
Na década de 1960, por exemplo, uma onda de protestos de 
estudantes na França mobilizou milhões de pessoas no movimento 
chamado Maio de 1968. Defendendo mudanças radicais nas estrutu-
ras da sociedade da época, os jovens tomaram as ruas de Paris e de 
outrascidades francesas. 
As manifestações estudantis estimularam os trabalhadores france-
ses a iniciar uma série de greves por melhores condições de vida. Os 
protestos paralisaram a França durante dois meses e inspiraram jovens 
de diversas partes do mundo a lutar por mudanças sociais. 
Muitos artistas aderiram ao movimento por meio da criação de 
canções, peças teatrais, filmes e outras obras de arte que defendiam 
novos valores sociais e combatiam o machismo, o racismo e outras 
espécies de preconceito e desigualdade. Produções artísticas também 
são uma forma de participação política.
Outro exemplo de participação política organizada por jovens ocorreu 
no Brasil no início dos anos 1990. Milhares de estudantes organizaram o 
movimento dos caras-pintadas para exigir a cassação do então presidente 
Fernando Collor de Mello, acusado de envolvimento em esquemas de 
corrupção. Collor acabou sofrendo um processo de impeachment que 
resultou na cassação de seus direitos políticos em 1992.
Esses dois exemplos demonstram a influência dos jovens na política 
do século XX e sua ativa participação na sociedade em diversas partes 
do mundo. No século XXI, a internet tem servido de plataforma para a 
articulação de novos movimentos juvenis.
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As Jornadas de Junho de 2013 e a 
mobilização estudantil de 2015
No Brasil, na segunda década do século XXI, dois movimentos con-
taram com intensa participação dos jovens: as Jornadas de Junho de 
2013 e a mobilização estudantil de 2015.
As jornadas tiveram início após o anúncio de aumento das tarifas de 
transporte público em diversas cidades brasileiras. Esse episódio defla-
grou a articulação de movimentos sociais que lutam pelo direito ao 
transporte. Esses movimentos, encabeçados por jovens, se organizaram 
nas redes sociais e conquistaram a opinião pública, especialmente em 
razão da forte repressão policial contra os manifestantes.
Com a adesão de boa parcela da população, os protestos ganharam 
força. Grandes manifestações populares ocorreram nos centros urbanos 
de várias partes do Brasil. O movimento acabou extrapolando o objetivo 
inicial de luta pela redução das tarifas de transporte e incorporou pautas 
variadas, incluindo a reivindicação de reformas políticas. 
A mobilização estudantil de 2015 ocorreu no estado de São Paulo 
e foi organizada por estudantes do Ensino Médio e universitários que 
questionavam a decisão do governo do 
estado de promover uma reestruturação 
do ensino público paulista. O movimento 
utilizou as redes sociais para organizar a 
ocupação de escolas e expor seus argu-
mentos contra a reforma. Durante as 
ocupações, os jovens realizaram tarefas 
de manutenção dos prédios e promove-
ram eventos artísticos e aulas livres.
Apesar das tentativas do governo do 
estado de conter o movimento, os jovens 
conquistaram apoio de amplos setores da 
sociedade civil e forçaram a Secretaria de 
Educação a rever a reforma.
	■ Em 2015, estudantes 
do Ensino Médio e uni-
versitários ocuparam 
cerca de 200 escolas no 
estado de São Paulo. 
Na foto, faixas em 
frente à Escola Estadual 
Fernão Dias Leme, 
na zona oeste de São 
Paulo (SP), 2015.
RONALDO SILVA/FUTURA PRESS
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• O ativismo por meio da internet tem sido cada vez mais praticado por grupos defensores de diver-
sas causas: políticas, sociais, educacionais, ecológicas, de gênero, entre muitas outras. Com seus 
colegas, discutam as seguintes questões: Qual é a importância desses grupos e o impacto deles na 
sociedade? Vocês participam de algum movimento semelhante? Em caso positivo, qual e por quê?
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Os documentos a seguir permitem discutir a ideia de participação política na 
sociedade. Inicialmente, apresentamos o trecho de uma entrevista concedida pela 
desenhista gaúcha Fabiane Langona, na qual ela explica sua visão sobre a relação 
entre arte e política. Em seguida, reproduzimos desenhos da artista sobre questões 
femininas. Analise os documentos com atenção e responda ao que se pede.
É muito difícil elencar o que é político ou não. Comportamento é político. Amor 
é político. Todas as coisas são políticas de forma geral. [...] O contexto político 
está inserido em todo nosso comportamento, em tudo que vivemos. Você fala em 
“questão feminina”. Quer luta, ou tema mais político que esse? [...] Não são “ques-
tões femininas”, são questões de toda a sociedade. São questões de todas e todos 
que estão dispostos a repensar a história dando real dimensão a abordagens antes 
deixadas para trás por conta de uma sociedade misógina que nos empurra um 
papel secundário, no qual as narrativas e experiências femininas são vistas como 
de segunda classe ou menores.
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> NÃO ESCREVA NO LIVRO
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 1. Que tipos de situação Fabiane Langona apresenta em seus desenhos? Que discussão 
ela traz à tona?
 2. Que relação pode ser feita entre os desenhos da artista e o trecho reproduzido de sua 
entrevista?
 3. Fabiane Langona aponta exemplos de discursos machistas observados na sociedade 
brasileira. Em sua opinião, a arte tem o poder de promover mudanças nesse tipo de 
comportamento? Por quê?
 4. Os desenhos de Fabiane são um exemplo de participação política por meio da arte. 
Cite outro trabalho artístico que, na sua opinião, apresenta essa proposta e justifique 
a sua escolha.
 5. Em um trecho da entrevista, Fabiane afirma que "É muito difícil elencar o que é político 
ou não. Comportamento é político. Amor é político. Todas as coisas são políticas de 
forma geral". Você concorda com a artista? Justifique.
EXPRESSA. Rio de 
Janeiro, n. 3, p. 9, 
nov. 2019.FA
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O Complexo do Alemão, ou Morro do Alemão, na zona norte do 
Rio de Janeiro, é formado por 13 comunidades e abriga uma população 
de 180 mil pessoas. Esses moradores convivem com uma série de pro-
blemas, como ruas esburacadas, falta de eletricidade e de saneamento 
básico. Em 2010, os moradores do Complexo do Alemão viveram um 
momento de grande tensão quando tropas das Forças Armadas e da 
Polícia Militar ocuparam o morro, e as ruas se transformaram em um 
palco de guerra entre militares e traficantes. Foi a partir desse momento 
que Rene Silva ganhou reconhecimento.
Na época com 17 anos, Rene, de dentro de sua casa – localizada no 
Morro do Adeus, uma das comunidades do complexo –, começou a 
publicar em uma rede social informações sobre o confronto em tempo 
real. Suas postagens se tornaram a principal fonte de notícias sobre 
os conflitos e viralizaram com rapidez. Em poucas horas, o perfil Voz 
das Comunidades, criado por Rene em uma rede social para divulgar 
as informações, recebeu milhares de seguidores do Brasil e de vários 
outros países. Mais do que isso, ganhou destaque nas mídias nacionais 
e internacionais.
A experiência de Rene com o jornalismo comunitário começou aos 
11 anos, quando lançou na escola o jornal Voz das Comunidades, para 
divulgar os problemas do Morro do Adeus. Com apenas quatro páginas 
e uma tiragem de 50 exemplares, o periódico ajudou a comunidade a 
chamar a atenção do poder público para suas reivindicações.
■ Rene Silva, funda-
dor do jornal Voz 
das Comunidades, 
no Complexo do 
Alemão, Rio de 
Janeiro (RJ), em 2020.
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DIÁLOGOS> EU TAMBÉM POSSO>
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Contando com uma equipe reduzida de colaboradores, todos da 
mesma faixa etária de Rene, o jornal passou a ser patrocinado por comer-
ciantes locais, o número de páginas aumentou e a tiragem saltou para 5 mil 
exemplares. Tudo isso antes dos acontecimentos de 2010.
Desde então, o Voz das Comunidades só cresceu, e seu campo 
de atuação se expandiu, transformando-se em um portal na internet. 
Além disso, ele tem contas em diversas redes sociais que conquistaram 
centenas de milhares de seguidores. O jornal, que no início circulava 
apenas no Morro do Adeus, chegava a dez comunidades do Complexo 
do Alemão em 2020. 
Além de dar voz aos moradores do Complexo do Alemão e mostrar 
as potencialidades do lugar, o Voz das Comunidades passou a realizar 
atividades ligadas à cultura, à assistência social, à educação e ao lazer. 
Todo esse trabalho desenvolvido por Rene lhe rendeu projeção inter-
nacional. Em 2018, a Mipad, uma organização sediada em Nova York e 
ligada às causas dos afrodescendentes, elegeu Rene como uma das 100 
pessoas negras mais influentes do mundo. 
No Brasil, o trabalho de Rene serviu de inspiração para a criação de 
outros portais comunitários, como o Nordeste Eu Sou, de Salvador; e 
o Diário de Ceilândia, no Distrito Federal. A respeito de seu trabalho, 
Rene declarou:
A realidade das favelas é não ter voz, não ter espaço, não ter mídia, 
e o meu desejo é fazer com que a gente tenha voz e espaço e que 
consiga, de fato, mais jovens assim como eu.
XAVIER, E. Do Complexo do Alemão ao mundo, Rene Silva amplia voz de quem não tem palavra. GQ, 20 jul. 
2020. Disponível em: https://gq.globo.com/Prazeres/Poder/noticia/2020/07/do-complexo-do-alemao-ao-
mundo-rene-silva-amplia-voz-de-quem-nao-tem-palavra.html. Acesso em: 12 ago. 2020.
 1. Com base na leitura do capítulo, pode-se dizer que o trabalho de Rene 
Silva é um exemplo de participação política? Por quê?
 2. Rene afirma: “A realidade das favelas é não ter voz, não ter espaço, não 
ter mídia”. Em sua opinião, por que isso acontece? Qual é o impacto dessa 
realidade para os moradores das comunidades?
 3. A pouca idade não impediu Rene de realizar o desejo de escrever um 
jornal para a comunidade em que vivia. Como você reage quando se 
depara com algum problema que pode impedir a concretização de um 
objetivo seu? Você desiste ou procura alternativas? Conte para seus cole-
gas sobre seu comportamento nessas ocasiões, procurando ilustrar com 
uma experiência vivida por você.
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
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PLANEJAMENTO
Atualmente, o que chamamos de mídias tradicionais são revistas, jornais (em 
versão impressa ou on-line), rádio e televisão. 
O que, de modo geral, diferencia as mídias tradicionais das demais é o fato 
de que elas devem provar a veracidade das notícias por meio de depoimentos, 
documentos, imagens etc. antes de divulgá-las, e há uma equipe de jornalis-
tas responsáveis pela divulgação dos conteúdos. Em tese, portanto, as mídias 
tradicionais seriam mais confiáveis.
Isso não significa, porém, que as mídias tradicionais sejam neutras, ou seja, 
isentas de parcialidade. Ainda que as notícias veiculadas sejam baseadas em 
fontes fidedignas, há sempre um posicionamento político, econômico ou social 
que nem sempre está explícito. Por exemplo, dois veículos de comunicação 
podem noticiar um mesmo fato de maneiras bastante distintas. O jornal X pode 
apresentar a seguinte chamada: “Manifestantes param o trânsito e causam 
tumulto na cidade de Porto Alegre”, enquanto o jornal Y decide usar a manchete 
“Estudantes se manifestam por melhorias na educação, em Porto Alegre”. 
Reúnam-se e organizem uma roda de conversa para trocar ideias sobre 
a forma como vocês lidam com as notícias e informações que buscam ou 
recebem.
• Quais meios de comunicação vocês utilizam? 
• Vocês têm o hábito de ler ou escutar as notícias na íntegra?
• Ao buscar informações sobre uma mesma notícia em diferentes fontes, cos-
tumam desconfiar de alguma mídia ou tipo de notícia?
Ao longo ou ao final da conversa, façam anotações em seus cadernos.
Elaborem em conjunto um pequeno questionário com o objetivo de identificar 
se as pessoas da sua família e da sua comunidade escolar (de diferentes faixas 
etárias) sabem o que são fake news, se acreditam em informações enviadas 
por amigos ou conhecidos por meio de redes sociais e se ficam em dúvida 
quanto à veracidade de algum tipo de informação. 
Decidam quantas pessoas cada um de vocês irá entrevistar e de que forma as 
respostas deverão ser recolhidas (por escrito, redigidas pelos próprios entre-
vistados ou anotadas pelo entrevistador; gravadas e transcritas). 
É importante que as perguntas sejam simples e diretas e que possam ser 
facilmente tabuladas e analisadas. No entanto, é aconselhável prever uma per-
gunta que dê ao entrevistado a chance de relatar alguma dificuldade específica 
ou alguma experiência que teve com fake news. 
Em seguida, reúnam todas as informações e identifiquem as principais 
dúvidas e dificuldades dos entrevistados em relação às fake news. Esse rela-
tório servirá de base para vocês começarem a planejar a elaboração do folheto 
informativo sobre o tema.
Etapa
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> SAIBA MAIS
 Eleições
Direção: Alice Riff. Brasil, 2018. DVD (100 min).
Documentário que acompanha o processo de organização das eleições para o grêmio estudantil de uma 
escola pública brasileira. O filme permite refletir sobre a questão da participação política e da organização 
dos jovens no Brasil.
As sufragistas
Direção: Sarah Gavron. Reino Unido, 2015. DVD (106 min).
O filme retrata a luta das mulheres pelo direito ao voto na Inglaterra, no início do século XX. Um grupo de 
militantes decide coordenar atos de insubordinação, sofrendo violenta repressão policial e pressão dos 
familiares para que retornem ao lar.
Acabou a paz, isto aqui vai virar o Chile
Direção: Carlos Pronzato. Brasil, 2016. DVD (60 min).
Por meio de imagens de arquivo e relatos de participantes e pesquisadores, o documentário analisa a 
mobilização estudantil de 2015, em São Paulo, e revela características do movimento e seu impacto na 
organização das escolas públicas do estado.
Maio de 68: o início dos movimentos universitários
TV Cultura. Vídeo (5min40s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PNZRlpeMfFo. Acesso 
em: 16 set. 2020.
O vídeo, produzido pela TV Cultura, analisa o movimento de maio de 1968 e reflete sobre o desenvolvimento 
das manifestações estudantis no período.
O livro da política 
Vários autores. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2017. 
O livro apresenta de forma didática e com muitos recursos visuais algumas das ideias centrais para refletir 
sobre a política no mundo contemporâneo. Há análises sobre a divisão dos poderes, as diferentes formas 
e regimes de governo e outras informações importantes para entender conceitos relacionados à política.
História do voto no Brasil
Jairo Nicolau. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
Com linguagem didática, o livro apresenta uma breve história do voto no Brasil, analisando o processo de 
transformação e extensão do direito ao voto ao longo do tempo e o resultado dessas mudanças na organi-
zação do governo brasileiro.
 Cúpula da Juventude pelo Clima
Disponível em: https://www.unenvironment.org/pt-br/events/summit/cupula-da-juventude-para-o-clima. 
Acesso em: 8 set. 2020.
Site da Cúpula da Juventude pelo Clima, organizado pela ONU, traz informações sobre a organização, que é 
um exemplo de ativismo de jovens no mundo contemporâneo.
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112
UNIDADE
112
 1. Com base em sua vivência, quais aspectosda sociedade brasileira você considera de-
mocráticos e em quais ainda precisamos 
avançar?
 2. De acordo com seu ponto de vista, o que signi-
fica exercer a democracia no espaço escolar?
Organização 
do Estado
Liberdade de opinião e de expressão e 
participação política por meio de eleições não 
são elementos suficientes para caracterizar 
um regime democrático. A democracia tem 
a função de assegurar o exercício dos direitos 
humanos, possibilitando a todos os cidadãos 
o acesso à educação, ao trabalho e a condi-
ções dignas de vida, devendo ainda promover 
e garantir o respeito às diferenças étnicas, de 
gênero e religiosas, entre outras. 
O racismo, o preconceito, a intolerância, as 
desigualdades sociais, o desrespeito pela reli-
gião do outro são atitudes que colocam em 
risco a existência de Estados democráticos. 
Nesta unidade vamos conhecer o processo 
histórico que resultou na formação dos 
Estados nacionais e refletir sobre a importân-
cia de lutar por uma sociedade democrática. 
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NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
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ACERVO MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO ASSIS CHATEAUBRIAND, SÃO PAULO
113113
■ Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, Brasil [Brazil], 
1990). Éramos as cinzas e agora somos o fogo, 
da série Pardo é papel, 2018. Látex, graxa, henê, 
betume, corante, acrílica, vinílica, grafite, caneta 
esferográfica, carvão e bastão oleoso sobre 
papel pardo, 318,7 cm x 480 cm. Acervo Museu 
de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. 
Doação Alfredo Setubal, Heitor Martins e Telmo 
Porto, no contexto da exposição Histórias 
afro-atlânticas, 2019. MASP.10813. Foto MASP.
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CAPÍTULO
7 A organização do Estado
“Eu não gosto de política.” É provável que você já tenha ouvido 
alguém dizer essa frase, justificando-a com argumentos como “política 
é chata” ou “prefiro não me envolver com política”. O que ganhamos – 
ou perdemos – nos distanciando da política? 
Se nós não participarmos da política, outros o farão em nosso lugar 
e decidirão por nós. É por meio da ação política que os cidadãos ou 
seus representantes discutem ideias, expõem argumentos e decidem 
por uma ou outra proposta. 
Um elemento essencial para entender como ocorre a participação 
política é o estudo da organização do Estado. No Brasil, por exemplo, 
existem diversas instituições das quais os cidadãos podem participar. 
Para isso, é muito importante conhecer como o Estado está organizado 
e quais são as funções de cada instituição.
Este capítulo aborda a organização do Estado a partir de uma 
breve contextualização histórica da emergência do Estado centralizado, 
seguida de uma discussão a respeito da organização do Estado brasi-
leiro, destacando as principais instituições que administram o país. 
Finalmente, uma análise sobre o processo de construção das nações 
e sobre a luta das nações sem Estado por sua emancipação política no 
mundo contemporâneo permite uma reflexão crítica sobre o Estado 
atual e sobre as diferentes formas de participar da política.
Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítu-
lo e sobre o trabalho com as atividades.
CRIS FAGA/NURPHOTO/GETTY IMAGES 
■ O Estado está presente 
em diversas situações 
da nossa vivência em 
sociedade, como nos 
transportes públicos. 
Na foto, passageiros 
aguardam embarque 
em trem do metrô de 
São Paulo (SP), 2019.
114
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A gênese do Estado moderno
Atualmente, o território brasileiro é administrado por um Estado 
centralizado. Isso significa que existem diferentes instituições, como 
tribunais e assembleias, com funções que se combinam para assegurar 
a administração de vários aspectos da vida em sociedade.
No mundo contemporâneo, quase toda a população está orga-
nizada em Estados. Assim como o Brasil, outros países constituem 
Estados formados por instituições responsáveis pela administração 
de seus territórios.
Algumas nações não possuem Estado, como é o caso dos curdos e 
dos palestinos. Esses povos lutam pelo direito de constituir seus pró-
prios Estados para assegurar seus direitos.
Atualmente, temos a tendência de considerar natural a existência de 
Estados, como se essa fosse a única forma possível de viver em socie-
dade. Será que essa ideia tem fundamento?
Os Estados tal qual conhecemos hoje foram criados em um período 
histórico determinado. Eles nem sempre existiram e não é possível afirmar 
que sempre existirão. Muitas sociedades humanas se organizaram e ainda 
se organizam sem a presença de instituições administrativas centralizadas. 
O Estado centralizado foi uma invenção que teve origem nas amplas 
transformações sociais ocorridas nas sociedades europeias a partir do 
final da Idade Média (476-1453), entre as quais se destaca o advento do 
capitalismo. Por isso, compreender o processo de formação do Estado é 
muito importante para entender a maneira como vivemos no presente 
e refletir sobre o funcionamento do capitalismo e seu impacto sobre a 
vida das pessoas.
	■ Mulheres participam 
da marcha "Juntos 
por uma sociedade 
palestina com justiça 
social e igualdade", 
na Faixa de Gaza, em 
março de 2019. 
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O fortalecimento da autoridade dos reis
A formação dos primeiros Estados centralizados ocorreu na Europa, na passagem da Idade 
Média para a Idade Moderna (1453-1789). Durante parte da Idade Média, a maioria das regiões 
europeias se organizava segundo o sistema feudal.
Nesse sistema, não havia uma autoridade capaz de exercer total controle sobre amplos ter-
ritórios. O senhor feudal, como era chamada a principal autoridade, exercia o domínio sobre as 
terras chamadas de feudos e tinha poderes para determinar as leis e a cobrança de tributos.
O senhor feudal era também a principal liderança militar nessa sociedade, pois era respon-
sável pela defesa do feudo. A Europa era dividida em inúmeros feudos, por isso a autoridade 
era fragmentada. Os reis exerciam um papel secundário, pois não eram capazes de impor sua 
autoridade aos senhores feudais.
No século X, esse modelo de sociedade estava consolidado em importantes regiões da Europa. 
Em um processo lento e gradual, os reis começaram a fortalecer sua autoridade, provocando o 
colapso do feudalismo.
Por meio de alianças militares com nobres e comerciantes que viviam nas cidades medievais, 
os chamados burgos, os reis conseguiram recursos para ampliar suas forças militares, o que pos-
sibilitou a organização de guerras contra senhores feudais que se opunham aos monarcas.
Os recursos financeiros dos burgueses, como eram chamados os moradores dos burgos, foram 
decisivos nesse processo. O fortalecimento dos reis interessava aos comerciantes, já que isso facilitava 
o comércio de longa distância na Europa e nas regiões vizinhas. Além disso, os reis criavam leis que 
favoreciam a burguesia, padronizando moedas e impostos.
	■ D'WAVRIN, J. Batalha de Aljubarrota. In: CHRONIQUE d 'Angleterre (Volume III). S. Holanda (Bruges), final 
do século XV. A iluminura medieval representa a batalha que marcou o fim da Revolução de Avis e o início da 
Dinastia de Avis.
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Os primeiros Estados 
centralizados: as 
monarquias nacionais
O processo de fortalecimento dos reis deu origem, entre os séculos 
XIV e XVI, às primeiras monarquias nacionais, como Portugal, Espanha, 
França e Inglaterra.Esses monarcas conseguiram submeter os senho-
res feudais à sua autoridade e impor seu domínio sobre grandes 
áreas territoriais.
Uma característica fundamental desses Estados centralizados é a exis-
tência de um conjunto de instituições administrativas estatais que regulam 
a sociedade.
Essas instituições detêm três 
prerrogativas fundamentais: 
a criação de leis, o estabeleci-
mento dos tributos e o direito 
do exercício da força legítima. 
Isso significa que as institui-
ções estatais são as únicas que 
podem criar as leis que regem 
a vida dos habitantes de um 
território. Além disso, são res-
ponsáveis por determinar quais 
tributos devem ser pagos pela 
população.
Finalmente, o mais impor-
tante é que as instituições 
estatais controlam o monopólio da violência legítima, ou seja, é o 
Estado que determina se uma violência é legítima ou não. Segundo 
esse princípio, a repressão de uma revolta, por exemplo, pode resultar 
na morte legítima dos revoltosos, porém, se um indivíduo assassina 
outro, sem autorização do Estado, ele comete uma ação ilegítima, isto 
é, um crime.
Esse modelo de Estado se expandiu ao redor do planeta nos 
séculos seguintes, tornando-se a principal referência de organização 
administrativa de territórios. 
	■ BRUEGHEL, P. O 
cobrador de 
impostos. 1616. 
Óleo sobre madeira, 
75 cm × 125 cm. 
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> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• O modelo de Estado que conhecemos nos dias de hoje tem suas origens na aliança entre os reis e 
a burguesia, que atendia aos interesses de ambos os grupos. Do seu ponto de vista, na atualidade, 
os Estados estão a serviço de todos ou apenas de grupos específicos? Discuta essa questão com 
seus colegas e formule argumentos baseados em exemplos concretos. 
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Leia trechos da entrevista do professor Sérgio Adorno, coordenador do 
Núcleo de Estudos da Violência (NEV), ao Conselho Nacional de Justiça e 
depois responda às questões: 
[...] “Eu acho que nós precisamos conquistar o monopólio estatal da 
violência no Brasil, que nunca foi efetivamente conquistado. Quando você 
tem policiais, por exemplo, agindo em grupos de extermínio, você não tem 
monopólio. Se o policial está do lado do crime, então o monopólio estatal 
não existe. Isso sem falar em questões tradicionais como, por exemplo, 
de exércitos particulares no campo para conter conflitos rurais. Então o 
espectro de privatização da violência é muito grande no Brasil” [...].
[...] “Eu vejo isso (monopólio estatal da violência) como positivo; é um 
avanço das sociedades ocidentais. Agora, o problema é o controle que a 
sociedade civil deve ter sobre os eventuais abusos dos agentes do Estado 
no exercício do monopólio estatal da violência” [...].
[...] “eu acho que uma fiscalização, não só da corregedoria da polícia, 
que é uma corregedoria interna, como uma fiscalização externa, no caso 
o Ministério Público, [...] é fundamental para erradicar o problema dos 
maus-tratos, sobretudo da tortura, que ainda é um problema das prisões 
brasileiras, sobretudo nas cadeias públicas”.
[...] “É preciso pensar a questão do monopólio também pensando num 
modelo de Justiça que seja eficiente e eficaz, que possa estar presente, que 
as pessoas, ao verificarem que a Justiça e a polícia cumprem suas funções 
dentro do estado de direito, ou seja, cumprem a lei sem o uso abusivo da 
força, elas comecem a confiar nas instituições, ou passem a confiar mais 
nas instituições, e a Justiça possa, de fato, prevalecer” [...].
VASCONCELLOS, J. Fonape: Falta de confiança no Estado incentiva criminalidade, diz professor. JusBrasil, 
2016. Disponível em: https://cnj.jusbrasil.com.br/noticias/307592966/fonape-falta-de-confianca-no-estado-
incentiva-criminalidade-diz-professor. Acesso em: 4 ago. 2020. 
 1. O intertítulo deste capítulo, “A gênese do estado moderno”, aponta como uma 
das características do Estado moderno a existência de diferentes instituições 
que se combinam para assegurar a administração. Com base na entrevista de 
Sérgio Adorno, exemplifique a afirmação.
 2. “Se o policial está do lado do crime, então o monopólio estatal não existe.” 
Explique o que você entendeu dessa frase. Segundo o seu entendimento, 
Sérgio Adorno estaria se colocando contra a ação da polícia? Apresente 
argumentos. 
 3. Outro problema que o texto aponta é a questão dos maus-tratos e das torturas 
que ocorrem nas prisões brasileiras, perpetrados por agentes do Estado. Com 
base na fala do professor Sérgio Adorno e nas informações do capítulo 4, 
sobre Direitos Humanos, por que podemos dizer que essa não é uma prática 
correta?
Monopólio estatal 
da violência
Ideia de que apenas 
o Estado centralizado 
pode legitimamente 
utilizar a violência 
para manter a 
ordem social.
Corregedoria 
da polícia
Órgão da polícia 
que tem a função 
de avaliar possíveis 
crimes cometidos 
por policiais.
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> NÃO ESCREVA NO LIVRO
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A organização do 
Estado brasileiro
A organização do Estado brasileiro segue o modelo geral de Estado 
centralizado, no qual existem diferentes instituições responsáveis pela 
administração do território. 
No caso do Estado brasileiro, trata-se de uma república federativa. 
Isso significa que as unidades que compõem o Estado são autônomas, 
mas estão subordinadas a uma entidade central. 
A federação brasileira está dividida nos seguintes 
entes federados: os estados, o Distrito Federal, os 
municípios e a União. O Brasil conta atualmente 
26 estados e o Distrito Federal. Em 2020, havia no 
país 5 570 municípios.
Cada ente da federação possui autonomia 
para regulamentar diferentes aspectos da admi-
nistração, desde que essa autonomia respeite a 
Constituição federal de 1988. Assim, a União, um 
estado ou um município não podem estabelecer 
leis ou medidas que contrariem as determina-
ções gerais da Constituição.
A autonomia de cada ente da federação se expressa no estabele-
cimento de regras para a cobrança de tributos, já que existem tributos 
municipais, estaduais e federais (da União), e na possibilidade de criação 
de leis próprias ou mesmo no exercício da violência legítima por meio 
das forças armadas (União) e das forças de polícia (estados e municípios).
Como vimos no capítulo 5, o governo brasileiro está organizado 
segundo o princípio da divisão dos poderes. Assim, cada ente da federa-
ção conta com diferentes instituições que promovem a divisão de suas 
atribuições, visando assegurar a administração democrática do território. 
Conhecer e compreender o papel dessas instituições é muito importante 
para todos os cidadãos, já que é uma forma de entender as possibilidades 
e limites de transformar a realidade de cada instituição. O infográfico a 
seguir apresenta as linhas gerais de organização do Estado brasileiro.
	■ O menos populoso dos 
5 570 municípios brasi-
leiros, com apenas 781 
habitantes, segundo 
estimativa feita pelo 
IBGE em 2019, é Serra 
da Saudade (MG). Foto 
de 2020.
ANNA LÚCIA SILVA/G1
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Como vimos, o município é um dos componentes da república federativa brasileira. Leia o artigo 
30 da Constituição, que trata das competências dos municípios. Em seguida, organize grupos para 
pesquisar como seu município atende a essas competências. Ao final, cada grupo deverá fazer uma 
exposição oral sobre o tema pesquisado.
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NÃO ESCREVA 
NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM
• Com base no infográfico e em seus conhecimentos, como você consideraa divisão dos poderes no 
Brasil? Por exemplo, existe alguma atribuição que você acredita que deveria ser incumbência de 
outro poder? Ou algum aspecto que você não vê representado?
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É a partir dessa estrutura geral que o Estado brasileiro se organiza e exerce 
a administração do território nacional. Cada ente da federação desempenha um 
papel próprio na construção de políticas públicas e na organização de múltiplas 
instituições que asseguram direitos básicos aos cidadãos.
Um exemplo disso é a organização do sistema escolar público no Brasil. Esse 
sistema está distribuído entre os entes da federação de modo a assegurar aos cida-
dãos a possibilidade de realizar sua formação desde os anos iniciais da Educação 
Básica até o Ensino Superior.
É por essa razão que é importante conhecer a dinâmica de funcionamento de 
todos os entes da federação. Quando há falta de vagas na Educação Básica, por 
exemplo, os cidadãos podem pressionar as autoridades municipais, já que elas são 
encarregadas de assegurar esse direito a todos.
Os entes da federação, porém, não são inteiramente autônomos e muitas vezes 
as políticas públicas passam por diversos deles. O financiamento da Educação Básica 
não é feito apenas com recursos municipais, mas conta também com o Fundo de 
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais 
da Educação (Fundeb).
Criado em 2005, esse fundo conta com recursos de todos os entes da federação e 
é administrado pela União. Assim, para assegurar a qualidade das escolas municipais, 
os cidadãos também podem pressionar a União para ampliar os recursos do fundo.
Esse exemplo demonstra como a estrutura do Estado centralizado está direta-
mente relacionada com a vida cotidiana de todos os cidadãos, já que os recursos 
públicos fundamentais para o exercício da cidadania circulam pelas diversas insti-
tuições públicas e as afetam.
	■ Alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso (IFMT) parti-
cipam de aula no laboratório de Física do 2o ano do Ensino Médio em técnico de informática. 
Pontes e Lacerda (MT), 2018. 
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Estado-nação e 
nações sem Estado
Nações e nacionalismo
Os Estados centralizados administram um território formado por um 
povo que compartilha tradições e costumes e possui uma história em 
comum. Por isso, esse povo recebe o nome de nação.
O Estado-nação é um desdobramento do processo 
de formação dos Estados centralizados. Durante a Idade 
Média, uma pessoa que vivia no norte do atual território da 
França e outra que vivia no sul desse mesmo território não 
se imaginavam como membros da mesma nação.
O processo de construção dos Estados centralizados foi 
acompanhado por ações como a construção de estátuas, a 
produção de pinturas, a composição de hinos nacionais, o 
registro de narrativas folclóricas e de outras tradições que 
representariam o conjunto dessa população. Desse modo, 
os membros do Estado passaram a se identificar como 
membros da mesma nação. É por isso que os Estados cen-
tralizados também são chamados de Estados-nação.
Esse movimento de construção da ideia de nação 
ganhou mais força a partir do século XIX, quando o nacio-
nalismo se tornou uma forma de pensamento importante 
em diferentes partes do mundo. Como explica o histo-
riador Eric Hobsbawm (1917-2012), o nacionalismo é um 
pensamento que defende que a unidade política de um 
território deve corresponder à unidade de uma nação. 
Indivíduos e grupos inspirados por ideias nacionalistas passaram 
a lutar pelo direito de criar Estados sob o controle de nações que até 
então se encontravam sob o domínio de outras nacionalidades.
Muitas vezes, o nacionalismo inspira ações que enxergam outras 
nacionalidades de forma negativa. Assim, o nacionalismo pode ser 
usado para defender o direito de uma nação se impor sobre outras 
nações, inclusive de forma violenta. Uma das causas da Primeira Guerra 
Mundial foi o nacionalismo exacerbado entre os europeus. 
	■ Cartaz de propaganda 
britânica do século 
XX, com os dizeres: 
“Serviço Nacional. 
Defenda sua ilha 
da ameaça mais 
sombria que sempre 
a ameaçou. Todo 
homem de 18 a 61 deve 
se inscrever hoje”.
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NÃO ESCREVA 
NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM
• O nacionalismo foi um dos fatores que resultaram na Primeira Guerra Mundial, um conflito que 
durou de 1914 a 1918 e matou mais de 8 milhões de pessoas. A propaganda foi bastante utilizada 
para mobilizar as pessoas. Observe a imagem desta página e busque identificar elementos de 
exaltação do nacionalismo. 
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Nacionalismo e conflitos 
contemporâneos
A base do nacionalismo é a ideia de que a nação tem o direito de 
criar seu próprio Estado. Essa ideia incentivou movimentos variados, 
como a formação da Itália e da Alemanha (que somente se tornaram 
Estados centralizados no final do século XIX) e a emancipação das colô-
nias africanas e asiáticas ao longo do século XX.
No mundo contemporâneo, ocorrem diversos conflitos e tensões 
envolvendo diferentes povos que reivindicam a criação de um Estado, 
como curdos e palestinos, no Oriente Médio; bascos, catalães e ciganos, 
na Europa; chechenos, no Cáucaso; tibetanos, na Ásia Meridional.
Há, contudo, Estados multinacionais onde vive mais de uma nação, 
como é o caso da Federação Russa, que possui territórios historica-
mente habitados por povos de distintas origens, culturas e tradições. Há 
também nações que se espalham por diversos Estados, como os curdos.
Entretanto, como vimos, o nacionalismo pode dar origem a posturas 
violentas contra outras nações, resultando em práticas de xenofobia, 
racismo e intolerância, o que pode causar conflitos entre nações.
Um exemplo de conflito provocado pela luta de uma nação sem 
Estado é o que ocorre na região da Palestina, no Oriente Médio.
	■ A xenofobia é algo que coloca o mundo em perigo. Participantes da 13a Marcha dos Imigrantes e Refugiados, 
organizada pelo Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI), exibem faixas na avenida Paulista. São Paulo 
(SP), 2019.
Xenofobia
Segundo a ONU, 
xenofobia é um conjunto 
de “atitudes, preconceitos 
e comportamentos 
que rejeitam, excluem 
e frequentemente 
difamam pessoas, com 
base na percepção de 
que eles são estranhos 
ou estrangeiros à 
comunidade, sociedade 
ou identidade nacional”.
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O conflito na Palestina
Os palestinos são uma nação sem Estado que conta mais de 11 milhões de 
pessoas. Para compreender o processo de construção da identidade nacional 
palestina, é necessário analisar a criação do Estado de Israel. 
Motivada pela perseguição religiosa que causou a morte de 6 milhões de 
judeus durante a Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas 
(ONU) decidiu, em 1947, criar um Estado judeu na Palestina, estabelecendo a 
divisão do território em três partes: Estado de Israel, Estado da Palestina e Cidade 
Internacional de Jerusalém, considerada sagrada por judeus e árabes. 
Na proposta de partilha da ONU, o Estado árabe e o Estado judeu teriam seus 
territórios divididos. A Palestina seria constituída pelas áreas conhecidas como 
Faixa de Gaza (oeste) e Cisjordânia (leste). Israel ficaria com o restante do território. 
Os palestinos não aceitaram a proposta da ONU. Mesmo assim, em 1948, Israel 
declarou sua independência.A presença de um Estado judeu na Palestina não foi aceita pelos demais países 
árabes. Egito, Síria, Iraque, Jordânia e Líbano declararam guerra a Israel, um dia após 
sua fundação. O conflito, conhecido como Guerra da Partilha, se estendeu de maio 
de 1948 a janeiro de 1949, quando chegou ao fim com a vitória de Israel e a ampliação 
de seu poder sobre as áreas que seriam destinadas ao Estado palestino. Os palesti-
nos passaram a viver em um território que lhes pertence, mas sem autonomia para 
administrá-lo, já que está sob o domínio de Israel. 
Desde então, ocorrem conflitos entre palestinos e israelenses. A partir da 
década de 1990, foram empreendidas ações para construir um acordo de paz na 
região e assegurar os direitos das duas nações. Entretanto, os conflitos retorna-
ram e voltaram a se intensificar nos últimos anos. 
O conflito entre israelenses e palestinos se torna mais complexo a cada ano. 
Frequentemente, há um motivo ou outro para que recomecem os ataques de 
ambas as partes. A paz entre os dois povos, bem como a criação do Estado da 
Palestina, continua distante.
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Em grupo, busquem informações sobre a existência de estudantes estrangeiros em 
sua escola. De forma acolhedora e respeitosa, e sob a orientação do professor, es-
colha um desses estudantes para uma entrevista, que pode ser gravada (com au-
torização). Perguntem como era a vida dessa pessoa em seu país de origem, quais 
as razões e expectativas que a fizeram vir para o Brasil, quais as dificuldades que 
enfrentou aqui, como são suas relações na escola, entre outras questões. Caso não 
haja a presença de estrangeiros na escola, você e seu grupo podem entrevistar 
algum que seja morador do município ou buscar o relato de um jovem estrangeiro 
que viva no Brasil. 
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D3-CH-EM-3075-V2-U4-C7-116-131-LA-G21.indd 125D3-CH-EM-3075-V2-U4-C7-116-131-LA-G21.indd 125 17/09/2020 00:1117/09/2020 00:11
NÃO ESCREVA 
NO LIVROATIVIDADES>
 1. O Estado brasileiro é formado por diferentes instituições, responsáveis por diversos 
aspectos da coletividade. Ainda assim, todo brasileiro pode participar da política do 
país por meio de diversos mecanismos, como voto para eleger seus representantes, 
conselhos municipais que cuidam da saúde, educação, entre outros. Em grupo, façam 
uma pesquisa sobre a realidade de seu município e avaliem possíveis canais de parti-
cipação. Ao final, juntem todas as informações e produzam um material on-line, que 
deve ser enviado à comunidade escolar e às famílias.
 2. O nacionalismo pode ser um sentimento positivo quando visa à independência e ao de-
senvolvimento de uma nação, mas também pode ser negativo, quando parte da ideia de 
superioridade e incentiva atitudes de dominação, ódio, intolerância e discriminação em 
relação a outros povos. Com base em seus conhecimentos, você acredita que o povo bra-
sileiro, de modo geral, tem uma atitude positiva ou negativa em relação a outros povos? 
Organize seus argumentos para uma exposição oral, citando exemplos. 
 3. O primeiro texto reproduzido a seguir é um trecho do preâmbulo da Constituição de 
1988. O segundo é um excerto de um artigo de um geó grafo. Após a leitura de ambos 
os documentos, responda às questões.
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exer-
cício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade 
fraterna, pluralista e sem preconceitos [...]. 
ATIVIDADE Legislativa: Constituição Federal (Texto compilado até a Emenda Constitucional no 99 de 14/12/2017). Brasília, DF: 
Senado Federal, 2017. Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_14.12.2017/CON1988.asp. 
Acesso em: 5 ago. 2020.
[...] os interesses e ações de cada Estado-Nação, investido de poder político pelo 
povo nos regimes democráticos, não necessariamente coincidem com os interesses 
do povo pertencente a este estado nacional, visto que o poder político apenas inter-
vém de maneira a estabilizar-se no poder, evitando sua transferência para outrem. 
Ele pode, porventura, atender a algumas demandas sociais com vistas à manuten-
ção da estabilidade social, mas quando o próprio poder político é composto dos 
detentores do capital ou aliam-se ao capital, desenvolvem projetos econômicos de 
modo a favorecer o crescimento de ambos por meio da manutenção dos poderes 
político e econômico.
[...]
ANTUNES, M. G. Espaço, poder e nação: bases para a Constituição de um Estado-nação. GeoAtos, Presidente Prudente, v. 3, n. 
10, p. 5-31, jan.-abr. 2019. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/geografiaematos/article/viewFile/5893/pdf. 
Acesso em: 5 ago. 2020.
 a) Segundo o preâmbulo, quais os valores centrais do Estado brasileiro?
 b) Em que sentido o segundo documento se contrapõe ao preâmbulo?
 c) O segundo documento afirma que “o poder político apenas intervém de maneira 
a estabilizar-se no poder, evitando sua transferência para outrem”. Você concorda 
com essa afirmação? Justifique.
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COLETA DE DADOS E INFORMAÇÃO
Para a realização desta etapa, sigam as instruções:
1. Dividam-se em grupos de quatro ou cinco integrantes. Cada grupo deve 
escolher um jornal ou revista da mídia tradicional, que pode ter circulação 
local, estadual ou nacional. O objetivo de cada grupo é verificar se a mídia 
escolhida trata do tema fake news, em qual tipo de notícia a fake news é 
tratada (notícias internacionais, política, economia, tecnologia, cultura 
etc.) e se traz informações aos leitores sobre como identificar e evitar 
fake news.
2. Decidam coletivamente o recorte temporal, ou seja, o período que a pes-
quisa irá considerar. Uma possibilidade de recorte temporal é o ano de 
2016, quando jornais e revistas do mundo inteiro abordaram as fake news
envolvendo o então candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald 
Trump, que utilizou informações falsas em sua campanha. 
3. Durante a pesquisa, não se esqueçam de anotar os seguintes dados:
• nome do meio de comunicação, periodicidade e abrangência;
• nome do redator, redator-chefe ou responsável pela notícia;
• se a notícia foi consultada em meio impresso ou on-line, como foi feita a 
pesquisa, quantas vezes o tema fake news foi mencionado e em quais datas, 
o título da notícia na qual o tema foi abordado e qual o posicionamento dessa 
mídia com relação às fake news;
• se há informações de como identificar e prevenir fake news e outras infor-
mações que vocês julguem importantes.
4. Na data combinada, cada grupo deve apresentar os resultados obtidos e 
estabelecer uma comparação entre o material que foi analisado. Busquem 
identificar pontos comuns e diferentes na abordagem do tema nos perió-
dicos pesquisados. Organizem as informações, preferencialmente, de 
duas formas: como as mídias tradicionais tratam o tema das fake news e 
se trazem informações de como identificá-las e evitá-las.
5. Organizem um debate sobre as informações recolhidas, identifiquem o 
que mais chamou a atenção de vocês, em qual tipo de matéria as fake 
news foram mais ou menos abordadas e quais foram as consequências 
apontadas pelos veículos de comunicação. Pensem coletivamente sobre a 
importância do tema e as possíveis formas de conscientizar a comunidade 
escolar e a comunidade em que vivem a esse respeito.
6. Por fim, organizados em grupos, busquem na internet sites de verificação 
de fake news. Neles, além de orientações claras sobre o tema, é possível 
verificar diretamente se determinada notícia é verdadeira ou falsa. Façam 
testes com informações recentes que vocês tenham recebido via redes 
sociais, observando quais elementos esses sites utilizam ou indicam para 
verificar se a notícia é falsa ou não.
Etapa3
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CAPÍTULO
8 A democracia pode morrer?
Segundo a organização internacional Polity Project, em 1985 exis-
tiam em todo o mundo 42 democracias que concentravam 20% da 
população do planeta. Em 2015, esse número passou para 103, concen-
trando 56% da população mundial.
Esses dados demonstram um importante crescimento da demo-
cracia no planeta. Entretanto, esse crescimento foi acompanhado pelo 
aumento do número de pessoas insatisfeitas com os governos demo-
cráticos. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Cambridge, 
em 2019, essa porcentagem era de 57,5%, maior índice registrado desde 
o início da pesquisa, na década de 1990. 
Os pesquisadores atribuem esse crescimento à crise econômica 
global e a problemas sociais, como o aumento do número de refugia-
dos, a polarização política e a falta de medidas políticas para melhorar 
o nível de vida da população em geral.
Atualmente, o modelo democrático de governo atravessa um 
período de crise e tem sido questionado. Entretanto, desde que a demo-
cracia foi inventada na Grécia antiga, ocorrem embates entre grupos da 
sociedade que a defendem e outros que se opõem a ela.
Neste capítulo, vamos analisar a história da democracia para enten-
der como esses embates possibilitaram o avanço da democratização de 
diversos países no mundo, ao mesmo tempo em que levaram a recuos, 
dando origem a regimes autoritários. Além disso, vamos refletir sobre o 
risco de que a perda de confiança na democracia resulte em um novo 
período de governos autoritários espalhados pelo planeta.
■ Mensagens afixadas 
em muro, escritas 
por manifestantes 
pró-democracia, 
reivindicando 
autonomia política 
e direito ao sufrágio 
universal em Hong 
Kong (China), em 2014.
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Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre 
o capítulo e sobre o trabalho com as atividades.
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Origens da democracia
No capítulo 2, vimos que os gregos inventaram a política, uma 
forma de lidar com os problemas da comunidade. Cada pólis tinha 
suas próprias instituições, que organizavam a prática de discussão e 
convencimento de modo a garantir o exercício da política. Por isso, 
o mundo grego foi marcado por diferentes formas de governo, entre 
as quais a democracia.
O principal modelo democrático da Grécia antiga foi o governo de 
Atenas. Por muito tempo, essa pólis foi governada por reis escolhidos 
pela aristocracia da cidade. Posteriormente, o sistema monárquico foi 
abandonado e substituído por um sistema de assembleias, que conti-
nuaram sob o controle dos aristocratas.
Esse sistema provocou o crescimento das desigualdades sociais, já 
que algumas leis prejudicavam os interesses dos mais pobres. Muitos 
deles perderam suas terras e propriedades, enquanto outros se sujei-
tavam ao trabalho escravo para pagar suas dívidas com os aristocratas.
A tensão social cresceu entre os séculos VII a.C. e VI a.C., resultando 
em conflitos que ameaçaram a estabilidade da pólis. Essa situação 
levou alguns legisladores a promover reformas nas leis, como a proi-
bição da escravidão por dívidas.
Foi nesse contexto que um desses legisladores, Clístenes (570 
a.C.- 492 a.C.), promoveu uma reforma política importante em Atenas. 
Em 508 a.C., o território da 
cidade foi dividido em uni-
dades políticas chamadas 
demos e os cidadãos passa-
ram a participar da escolha 
do governante de cada 
demo e a se manifestar 
livremente na assembleia 
que governava Atenas.
A partir daí, o governo 
de Atenas deixou de ser uma 
aristocracia e se tornou um 
governo dos demos, que 
pode ser traduzido como 
governo do povo, dando 
origem à democracia ate-
niense. Nesse sistema, os 
cidadãos da pólis passaram a 
participar das decisões polí-
ticas da cidade.
Fonte: DUBY, G. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2007. p. 34.
Mar Negro
OCEANO
ATLÂNTICO
Mar Mediterrâneo 
0°
40° N
Mar do
Norte
PENÍNSULA
IBÉRICA
Málaga
Emeroscópio
Ampúrias
Agde
Massília
(Marselha)
Olbia
Nice
Alália
Cumas
Pitecusa
Nápoles
Tarento
Pesto Síbaris
CrotonaMessina
Locri
Reggio
Naxos
Agrigento
Gela Catânia
Siracusa
Epidamo
Apolônia
Mégara Tebas
Lêucade Cálcide
AtenasCorinto
Argos
Esparta
Cnossos
Macedônia
Potideia
Cirene
Náucratis
EGITO
FENÍCIA
Ásia Menor
Aspendo
Rodes
Mileto
Samos
Foceia
Lâmpsaco
Cízico
Bizâncio
Apolônia
Odessa
Istro
Heracleia
Sinope
Amiso
Dioscúridas
Quersoneso
Tanais
Mar
Tirreno
M
ar Adriático
Mar
Jônico
Mar
Egeu
Cidades da Grécia antiga
Territórios colonizados
0 435
Cidades gregas e territórios 
colonizados, séculos IX a.C. a VI a.C.
Demo
Termo comumente 
traduzido como conjunto 
de indivíduos que vivem 
em uma comunidade, 
povo, também tem o 
significado de terra, 
território; divisão admi-
nistrativa criada na antiga 
sociedade ateniense e 
generalizada por toda 
a Grécia nos tempos 
modernos.
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Os limites da democracia ateniense
Atualmente, o conceito de democracia pressupõe a participação de 
todos, mas por muito tempo a participação política esteve restrita a 
alguns cidadãos.
Na antiga Grécia, grande parte da população não pertencia ao 
grupo dos cidadãos. Apenas os homens livres atenienses eram conside-
rados cidadãos. As mulheres, os estrangeiros e os escravizados estavam 
excluídos do direito à cidadania. Segundo estimativas, de um total de 
400 mil pessoas que viviam em Atenas no século V a.C., apenas 40 mil 
eram consideradas cidadãs.
Espinosa: uma defesa radical 
da democracia
Na história do pensamento filosófico ocidental, o regime demo-
crático foi visto de forma crítica durante séculos. Até mesmo alguns 
pensadores gregos não consideravam a democracia a melhor forma 
de governo possível. Para Aristóteles (385 a.C.-323 a.C.), por exemplo, 
uma sociedade na qual todos participassem do governo resultaria em 
desordem, sob risco de esse governo se transformar em uma tirania.
Essa concepção crítica da democracia foi hegemônica no Ocidente 
até a Idade Moderna (1453-1789). Um dos primeiros a se afastar da tradição 
ocidental que enxergava a democracia com desconfiança para defendê-la 
como elemento fundamental na garantia da liberdade e do bem-estar de 
todos foi o filósofo holandês Bento de Espinosa (1632-1677).
Espinosa considerava a democracia o regime de governo que mais 
se aproximava da condição natural dos seres humanos, uma vez que 
ela assegura a liberdade dos indivíduos, permitindo a todos manter sua 
potência de agir e criar um corpo coletivo (o governo) capaz de expres-
sar os interesses e as necessidades individuais.
Tirania
Governo de um tirano, 
que comanda segundo 
sua vontade, ignorando 
as leis.
	■ Manifestantes em 
defesa da democracia, 
em São Paulo (SP) 2020. 
ANTONIO MOLINA/FOTOARENA
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As revoluções do século XVIII: 
a disseminação 
dos ideais democráticos
As ideias de Espinosa e de outros pensadores dos séculos XVII e 
XVIII inspiraram diferentes indivíduos e grupos sociais a lutar contra as 
estruturas do Antigo Regime, abrindo caminho para revoluções que 
deram origem a novos governos democráticos. 
A Revolução Francesa e os movimentos de independência dos 
Estados Unidos, do Haiti e, posteriormente, de outras colônias america-
nas provocaram a queda de monarquias e impulsionaram a organização 
de repúblicas democráticas na América e na Europa.
Esses governos ainda eram marcados pelaideia de que a democra-
cia não implicava a participação de todos. A democracia estadunidense, 
por exemplo, que se constituiu a partir da independência das colônias 
inglesas em 1783, promoveu diferentes formas de exclusão dos escravi-
zados e negros.
Ao longo do século XIX, vários grupos sociais se organizaram para 
reivindicar participação política nas democracias. Em muitos países 
da Europa e da América, houve luta pela inclusão das mulheres, dos 
negros e dos mais pobres, estendendo a esses segmentos da população 
o direito ao sufrágio. A democracia foi se consolidando progressiva-
mente como um modelo de governo associado à participação de todos 
e como a melhor forma de organizar o Estado.
> MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Em grupo, discutam a seguinte afirmação: “A democracia é muito mais do 
que o sufrágio universal”. Vocês concordam com essa afirmação? Por quê?
	■ Suffragettes caminham 
pela rua portando 
cartazes que 
reivindicam o voto para 
as mulheres. Londres 
(Inglaterra), 1912.
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Antigo Regime 
Período da história euro-
peia que vai do século XV 
até a Revolução Francesa 
(1789), marcado por 
monarquias que centrali-
zavam o poder nas mãos 
do rei ou do imperador.
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Democracia no século XX
A democracia se disseminou lentamente ao longo do século XIX. 
Apesar do temor por parte de setores das elites de que a inclusão polí-
tica da população mais pobre pudesse provocar revoluções sociais, os 
movimentos organizados em diversas partes do mundo resultaram em 
reformas democratizantes em muitos países.
Na década de 1870, França, Alemanha, Suíça, Dinamarca e Inglaterra 
já haviam instituído sistemas eleitorais com sufrágio universal mascu-
lino. Embora ainda estivesse distante da noção atual de democracia, 
representou um avanço importante nos direitos políticos. A Inglaterra 
promoveu reformas democráticas entre 1867 e 1883 que elevaram o 
número de votantes de 4% da população para 29%.
Na Bélgica, uma grande 
greve, ocorrida em 1893, fez 
a população com direito ao 
voto saltar de 3,9% para 37,3% 
em 1894. Ainda mais radical 
foi o salto da Finlândia: após 
um movimento revolucioná-
rio, o país assegurou o direito 
de voto a 76% dos indivíduos 
adultos do país em 1905.
Fora da Europa, no início 
do século XX, já existiam 
sistemas democráticos con-
solidados nos Estados Unidos, 
na Austrália, na Nova Zelândia 
e na Argentina. Nesse período, 
o sistema democrático no 
Brasil era extremamente limitado: menos de 10% da população brasi-
leira participava das eleições.
No México, uma revolução iniciada em 1910 deu origem a uma nova 
Constituição, que ampliou de forma considerável o direito ao voto mas-
culino, incluindo setores populares.
Esses dados demonstram um claro avanço do sufrágio masculino no 
início do século XX, mas o voto feminino avançou mais lentamente. A Nova 
Zelândia foi o primeiro país a garantir às mulheres o direito ao voto, em 
1893. Esse direito foi legalizado na Austrália em 1902 e na Finlândia em 1906. 
Apenas a partir da década de 1920, porém, o sufrágio feminino começou 
a se expandir pelo mundo. No Brasil, isso ocorreu na década de 1930 e na 
Suíça, somente na década de 1970. 
	■ Mulheres carregam 
faixa com os dizeres 
"Mulheres na luta 
por vida digna" 
durante manifestação 
realizada no Dia 
Internacional da 
Mulher, no centro do 
Rio de Janeiro (RJ), 
em 2020. 
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O fascismo e a crise da democracia
No período entreguerras (1918-1939), diversos países foram marcados 
pela formação de regimes autoritários.
Na Europa, em 1926, Portugal sofreu um golpe de Estado que 
interrompeu o processo de democratização do país. Na Espanha, um 
golpe militar em 1939 derrubou o governo democrático e instaurou 
uma ditadura. 
Na América, muitos países passaram por golpes que interromperam 
a democracia. O Brasil, por exemplo, foi governado de forma autoritária 
por Getúlio Vargas entre 1937 
e 1945. Na Argentina, ocorre-
ram golpes militares em 1930 e 
1943, fragilizando a democra-
cia do país.
O principal sinal de crise 
da democracia no período, 
porém, foi a formação de 
governos fascistas na Itália e na 
Alemanha. Benito Mussolini, 
líder do Partido Fascista, e 
Adolf Hitler, líder do Partido 
Nazista, tomaram o poder 
nesses países nas décadas de 
1920 e 1930, respectivamente.
Esses governos represen-
taram as formas mais radicais de regimes autoritários, marcados pela 
forte concentração de poderes nas mãos de um pequeno grupo e pela 
rigorosa repressão política e policial, que passou a afetar a vida de todos 
os cidadãos.
Para evitar oposições, os meios de comunicação foram censurados, 
os partidos políticos, proibidos, e muitas pessoas foram perseguidas e 
enviadas a prisões políticas. Na Alemanha nazista, os campos de con-
centração foram criados, primeiramente, para receber presos políticos, 
como socialistas e comunistas. Depois foram usados para aprisionar 
judeus, que eram perseguidos e exterminados em nome do regime.
Campo de 
concentração
Espaço de confinamento 
no qual prisioneiros eram 
submetidos a múltiplas 
violências, inclusive 
tortura e assassinato.
	■ Grupo de judeus 
é escoltado por 
soldados da SS 
nazista em direção 
a um campo de 
concentração, 
sob o olhar de 
curiosos. Berlim 
(Alemanha), 1934.
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• O nazismo e o fascismo foram pioneiros no desenvolvimento de propagandas voltadas às massas, 
procurando incutir na população a defesa incondicional da pátria, o amor à hierarquia e o ódio aos 
adversários do regime. Em sua opinião, esse tipo de propaganda ainda encontra espaço nos dias 
de hoje? Justifique sua resposta.
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A retomada da democratização no pós-guerra
Os regimes fascistas também foram marcados por grande belicismo, utilizando a guerra 
como uma forma de consolidar o poder e expandir as forças do Estado. Durante a Segunda 
Guerra Mundial (1939-1945), as forças da Alemanha nazista e da Itália fascista ocuparam grande 
parte da Europa, provocando o fim dos regimes democráticos de países como França, Bélgica 
e Holanda, entre outros.
Os regimes fascistas foram derrotados ao final da Segunda Guerra Mundial, o que pos-
sibilitou a retomada do processo de democratização do planeta. Todos os países da Europa 
ocidental adotaram governos democráticos com sufrágio universal. O mesmo não ocorreu 
na Europa oriental, cujos países se tornaram zona de influência do governo comunista da 
União Soviética.
Ainda no contexto do pós-guerra, teve início o processo de emancipação das colônias 
europeias na África e na Ásia. Esse processo deu origem a diversos governos democráticos 
nesses continentes, ainda que conflitos sociais e guerras civis tenham inviabilizado a conso-
lidação imediata de democracias em diversos países que conquistaram sua independência.
A América Latina também passou por um processo de redemocratização, como é o caso do 
Brasil a partir de 1945. Entretanto, especialmente a partir da década de 1960, conflitos sociais 
e políticos resultaram na formação de ditaduras civis-militares em vários países dessa região. 
	■ Mapa da Europa 
no pós-guerra.
Fonte: DUBY, G. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2007. p. 298.
Zonas de influência na Europa, 
após a Segunda Guerra Mundial
ISLÂNDIA
IRLANDA
REINO
UNIDO
PORTUGAL
ESPANHA
FRANÇA
PAÍSES
BAIXOS
BÉLGICA
REPÚBLICA
FEDERATIVA
DA
ALEMANHA
REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA
ALEMÃ POLÔNIA
SUÍÇA ÁUSTRIAIUGOSLÁVIA
ITÁLIA
ROMÊNIA
BULGÁRIA
ALBÂNIA
HUNGRIA
UNIÃO SOVIÉTICA
GRÉCIA
TURQUIA
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União Soviética
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FEDERATIVA
DA
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REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA
ALEMÃ POLÔNIA
SUÍÇA ÁUSTRIA
IUGOSLÁVIA
ITÁLIA
ROMÊNIA
BULGÁRIA
ALBÂNIA
HUNGRIA
UNIÃO SOVIÉTICA
GRÉCIA
TURQUIA
LUXEMBURGO
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TCHECOSLOVÁQUIA
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Círculo Polar Ártico 
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ATLÂNTICO
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União Soviética
Países do Leste Europeu
Europa ocidental capitalista
Bloco comunista
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Abaixo, duas produções artísticas abordam a questão da democracia. 
A primeira produção é uma tira em quadrinhos da Mafalda, personagem criada em 1964 pelo 
cartunista argentino Quino, cujas histórias foram publicadas até 1973. A outra é uma pintura do 
artista canadense Chris Harris, intitulada Democracia vê a si própria. Essa obra faz parte de uma 
série de pinturas que o artista chamou de Guerra – Propagando a democracia. 
O nome da série foi inspirado em uma frase do então presidente estadunidense George W. 
Bush, que afirmou, em 2003, que a invasão do Iraque por tropas dos Estados Unidos era uma 
forma de propagar a democracia pelo mundo. 
Analise os dois documentos com atenção e responda ao que se pede:
DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS>
■ HARRIS, C. 
Democracia vê 
a si própria. s/d. 
Acrílico sobre tela, 
60 cm X 84 cm.
 1. A tirinha da Mafalda e a pintura de Harris apresentam duas representações distintas de uma mesma 
ideia. Explique essas representações e identifique como elas se manifestam nas obras.
 2. Em sua opinião, quais foram as intenções de Quino e de Harris ao produzirem esses trabalhos?
 3. Que sensações você teve ao ler a tira da Mafalda? E após ver a pintura de Harris? Foram sensações 
semelhantes ou diferentes? Compartilhe suas experiências com os colegas.
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QUINO. Toda Mafalda.São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 415.
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A democracia e o 
sistema internacional
A partir do pós-guerra, o ideal democrático se expandiu pelo mundo, 
mas isso não significa que o período apresentou um crescimento cons-
tante e que a democracia não passou por crises. Na realidade, como vimos, 
esse processo foi marcado por avanços e recuos. Para melhor compreen-
são, é importante analisar o mundo bipolar que se formou nesse contexto.
O impacto dos conflitos do 
mundo bipolar no processo 
de democratização
Com o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a 
União Soviética tornaram-se duas potências globais que passaram a 
disputar o controle geopolítico do planeta. Por essa razão, o pós-guerra 
inaugurou o chamado mundo bipolar e o período que ficou conhecido 
como Guerra Fria.
A disputa entre as duas potências pelo controle de regiões do 
planeta, visando transformá-las em zonas de influência, em muitos 
casos resultou em conflitos militares indiretos. 
A Guerra da Coreia (1950-1953) e a Guerra do Vietnã (1959-1975), por 
exemplo, foram conflitos nos quais forças estadunidenses tentaram 
impedir a formação de regimes comunistas na Ásia. Já a Guerra do 
Afeganistão (1979-1989) foi um conflito no qual forças soviéticas inva-
diram o país asiático para assegurar o controle do território por um 
governo soviético.
Esses conflitos causaram desestabilizações regionais e ameaçaram a 
liberdade de nações, que não podiam estabelecer livremente seus siste-
mas de governo. Entretanto, não foram apenas os conflitos militares que 
ameaçaram o processo de democratização nesse período.
Estados Unidos e União Soviética apoiaram 
movimentos organizados em diversos países 
para derrubar governos democráticos visando 
à constituição de regimes alinhados aos inte-
resses dessas potências. Na América Latina, por 
exemplo, vários golpes militares que derruba-
ram governos democraticamente eleitos foram 
apoiados pelos Estados Unidos.
Na África, as duas potências também 
apoiaram movimentos pró-comunistas e 
anticomunistas, o que gerou instabilidade e 
alimentou conflitos sociais e guerras civis.
	■ Crianças sul- 
-vietnamitas observam 
a passagem de um 
comboio de tanques 
blindados do Exército 
dos Estados Unidos 
por uma estrada 
de terra próxima a 
Saigon (Vietnã), 
década de 1960.
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Organismos internacionais e o 
processo de democratização
Os conflitos do período da Guerra Fria demonstram como o poder 
político-militar exercido pelas duas potências funcionou muitas vezes 
como fator limitador do processo de democratização, enfraquecendo 
movimentos e grupos sociais que lutavam por participação política e 
pela consolidação de regimes efetivamente democráticos. 
Uma das decisões dos países vitoriosos ao final da Segunda Guerra 
Mundial foi a criação de uma organização internacional que teria a fina-
lidade de promover a paz mundial e o progresso de todas as nações. 
Assim nasceu, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU).
Como vimos na unidade 2, a ONU teve um papel importante na 
disseminação dos direitos humanos pelo planeta. Além disso, essa 
instituição contribuiu para fortalecer a luta pela democracia e pela par-
ticipação política no mundo. Um exemplo foi a criação da Convenção 
sobre os Direitos Políticos da Mulher, de âmbito internacional, estabe-
lecida pela ONU em 1952.
Esse documento ajudou a introduzir o sufrágio feminino em países que 
ainda não reconheciam esse direito e consolidou a ideia de que homens e 
mulheres de todo o mundo devem ter os mesmos direitos políticos.
Assim como essa convenção, a ONU e outros organismos inter-
nacionais criados no pós-guerra ajudaram a consolidar os valores 
democráticos como sinônimos da participação de todos, o que foi fun-
damental para construir a noção de democracia que temos no presente.
	■ Discurso do 
ex-primeiro-ministro 
do Reino Unido 
Clement Attle durante 
a primeira reunião 
da Assembleia Geral 
da ONU. Londres 
(Inglaterra), 1946. 
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Democracia e 
desigualdade social
Não são apenas os conflitos e tensões entre nações que podem 
desestabilizar os regimes democráticos. Outra grave ameaça à demo-
cracia é a concentração de renda. 
No decorrer do século XX, alguns pensadores defenderam a ideia 
de que, a longo prazo, a combinação do avanço da industrialização e 
da democratização no mundo reduziria a concentração de renda e as 
desigualdades sociais.
Segundo esse pensamento, a criação de políticas sociais seria capaz 
de construir sociedades mais igualitárias. A tributação de grandes 
fortunas, por exemplo, ocorreria por meio da dinâmica democrática, 
favorecendo a população de baixa renda.
Entretanto, esse processo não ocorreu. No início do século XXI, quando 
a maioria dos países contava com governos democráticos, observou-se 
uma concentraçãode renda inédita na história da humanidade. Em 2015, 
1% da população global detinha a mesma riqueza dos 99% restantes. 
O gráfico desta página demonstra a evolução do processo de con-
centração de renda no período entre 2000 e 2015.
Dados mais recentes, divulgados no início de 2020 no relatório 
Tempo de cuidar – O trabalho de cuidado não remunerado e mal 
pago e a crise global da desigualdade, produzido pela organiza-
ção não governamental britânica Oxfam, 
revelaram que os 2 153 mais ricos do 
mundo detinham mais riqueza do que 
4,6 bilhões de pessoas, cerca de 60% da 
população mundial. 
Esses dados confirmam as análises 
de Thomas Piketty (1971-), registradas no 
livro O capital no século XXI, publicado 
em 2013, no qual o economista francês 
afirma que as desigualdades sociais 
fazem parte do sistema capitalista, o 
que põe em xeque o modelo das atuais 
democracias liberais. 
	■ Gráfico representando
a evolução da riqueza 
dos 50% mais pobres 
do planeta e das 62 
pessoas mais ricas 
entre 2000 e 2015.
Fonte dos dados: REUBEN, A. 1% da população global detém 
mesma riqueza dos 99% restantes, diz estudo. BBC, 18 jan. 2016. 
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/
noticias/2016/01/160118_riqueza_estudo_oxfam_fn. Acesso em: 
22 ago. 2020.
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Ano
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Riqueza total em
bilhões de dólares
Riqueza dos 50% mais pobres
Riqueza das 62 pessoas mais ricas
As 62 pessoas mais ricas do mundo possuem
mais riqueza do que os 50% mais pobres, 2000-2015
Evolução do processo de concentração 
de renda, 2000-2015
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A tese de Piketty e os dados produzidos por organizações internacionais e pesquisadores de 
diferentes partes do mundo demonstram que não existe uma relação natural entre democracia e 
redução das desigualdades. As diferenças crescentes entre ricos e pobres ameaçam a democracia, 
por isso o combate às desigualdades exige a ação dos governos e da sociedade civil.
Nesse cenário de crescimento das desigualdades sociais, a população mais pobre corre o risco 
de ser alijada de seus direitos de cidadania e de participação política. Esse contexto contribui 
para o descrédito da democracia e dos processos de representação política, que abrem caminho 
para governos com posturas autoritárias.
	■ A imagem 
aérea revela 
desigualdades 
sociais entre duas 
áreas residenciais 
localizadas na 
Cidade do México 
(México), 2016.
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM
• Observe novamente o gráfico da página anterior. O que ele revela a respeito da concentração de 
renda dos dois grupos analisados? 
Por essa razão, Piketty e outros pensadores defendem que é necessário promover medidas 
democráticas para a redução das desigualdades. Uma das principais soluções apontadas pelo 
economista é a criação de mecanismos tributários mais eficientes. De acordo com as conclusões 
do relatório da Oxfam, se o 1% dos mais ricos do planeta pagasse uma taxa extra de 0,5% sobre 
sua riqueza, seria possível fornecer educação a 262 milhões de crianças que estão fora da escola 
e serviços de saúde que salvariam a vida de 3,3 milhões de pessoas.
Uma proposta é modificar as regras do imposto de renda de modo que ele tenha um caráter 
progressivo, ou seja, que os mais pobres paguem menos tributos e os mais ricos paguem mais 
impostos. 
Essa estratégia permitiria a tributação das grandes fortunas, o que forneceria recursos ao 
Estado para a criação de políticas sociais voltadas à redução da pobreza e à promoção de par-
ticipação política de todos. 
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Uma nova crise 
da democracia?
Uma teoria clássica do pensamento político é a de que os governos democráti-
cos podem entrar em crise ao longo do tempo, tornando-se uma versão corrompida 
de suas características originais. Pensadores gregos, como Platão (c. 427 a.C.-347 a.C.) 
e Aristóteles, formularam esse problema na Antiguidade. Outros pensadores, como 
Maquiavel (1469-1527) e Montesquieu (1689-1755), retomaram essa questão para enten-
der os fatores que provocariam a corrupção política de um governo.
De modo geral, a ideia de crise é utilizada para analisar a passagem de um governo 
que visava ao bem-comum para um governo que privilegia os interesses particulares 
de um grupo. 
A tese da crise dos governos foi atualizada por alguns pensadores contemporâ-
neos para refletir sobre os indicadores que apontam um novo período de crise da 
democracia.
Os cientistas políticos Daniel Ziblatt (1972-) e Steven Levitsky (1968-), por exemplo, 
se dedicaram a analisar as transformações nas práticas políticas dos Estados Unidos 
a partir da eleição de Donald Trump. 
Ziblatt e Levitsky consideram que a eleição de Trump representa uma séria ameaça 
a uma das democracias mais antigas do planeta, já que ela vem provocando o enfra-
quecimento das “salvaguardas institucionais” da democracia, como o equilíbrio entre 
os poderes.
Esse processo é acompanhado pela corrosão da confiança na democracia e pelo 
fortalecimento de grupos sociais que defendem ações autoritárias contra opositores, 
inclusive a interrupção das eleições ou a proibição de partidos políticos.
Na análise de Ziblatt e Levitsky, os Estados Unidos não são o único país que vem 
sofrendo um processo de crise democrática. Esses cientistas políticos acreditam que 
vivemos um novo contexto de crise da democracia global e ressaltam que atualmente 
existe uma forma diferente de ameaça.
As democracias podem morrer em consequência de um lento processo de cor-
rupção nas práticas e ações de políticos eleitos democraticamente. Isso significa 
que a grande crise das democracias atuais não está mais relacionada a golpes de 
Estado diretos, ela é produzida pelos próprios governos eleitos, que corrompem a 
democracia no seu interior. 
> DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• De que maneira você pode contribuir para o fortalecimento das práticas democráticas 
na sociedade?
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NÃO ESCREVA 
NO LIVROATIVIDADES>
 1. Os cientistas políticos Steven Levitsky e Daniel Ziblatt defendem a ideia de que, na 
atualidade, golpes militares ou tomadas violentas de poder são episódios cada vez 
mais raros. Mesmo assim, a democracia está sob ameaça em muitos países, que, em-
bora mantenham em vigor a Constituição e assegurem eleições, adotam medidas que 
corroem a democracia em sua essência. Leia o trecho abaixo e, em seguida, responda 
ao que se pede.
Muitos esforços do governo para subverter a democracia são “legais”, no sentido 
de que são aprovados pelo Legislativo ou aceitos pelos tribunais. Eles podem até 
mesmo ser retratados como esforços para aperfeiçoar a democracia – tornar o 
Judiciário mais eficiente, combater a corrupção ou limpar o processo eleitoral. Os 
jornais continuam a ser publicados, mas são comprados ou intimidados e levados 
a se autocensurar. Os cidadãos continuam a criticar o governo, mas muitas vezes 
se veem envolvidos em problemas com impostos ou outras questões legais. Isso 
cria perplexidade e confusão nas pessoas. Elas não compreendem imediatamente 
o que está acontecendo. Muitos continuam a acreditar que estão vivendo sob uma 
democracia. [...] Aqueles que denunciam os abusos do governo podem ser des-
cartados como exagerados ou falsos alarmistas. A erosão da democracia é, para 
muitos, quase imperceptível.
LEVITSKY, S.; ZIBLATT, D. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018. p. 17.
 a) De acordo com o texto, quais estratégias costumam ser postas em prática por 
governos para restringir as práticasdemocráticas de um país?
 b) Segundo os autores, por que a população muitas vezes não percebe que a demo-
cracia está sendo erodida?
 c) Levitsky e Ziblatt afirmam que uma das ações de governos com caráter autoritário 
é a intimidação aos veículos de comunicação. Em grupo, discutam a seguinte 
questão: Qual é a importância da liberdade de imprensa em uma sociedade 
democrática?
 2. Observe a tirinha abaixo e interprete-a.
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BECK, A. Armandinho Doze. Florianópolis: Edição do autor, 2019. p. 11.
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INVESTIGAÇÃO>
Política tributária e desigualdade social
Diversos estudos apontam que uma das propostas para reduzir as desi-
gualdades sociais seria a criação de mecanismos tributários mais eficientes. 
Tributo é tudo aquilo que os governos arrecadam para que possam 
prestar serviços públicos essenciais, como educação, saúde, segurança. Eles 
se dividem em impostos, taxas e contribuições.
No Brasil não existe uma tributação unificada; há cerca de 80 tribu-
tos diferentes. 
Segundo levantamento feito pela Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo internacional que em 2020 
contava 37 países, boa parte deles de IDH alto, a carga média de tributos 
brasileiros se situa abaixo da média dos países-membros: a desses países 
representa entre 34% e 35% do PIB e a do Brasil, entre 32% e 33%.
Por que nosso modelo tributário resulta em grande desigualdade 
social? De acordo com diversos estudos, isso ocorre porque esses tribu-
tos incidem sobre o consumo e não sobre a renda, como acontece em 
muitos países da OCDE.
Observe o infográfico abaixo:
Considerando que a pessoa A e a pessoa B compram uma cesta de 
alimentos que custa em torno de R$ 60,00, destes, R$ 25,00 correspon-
dem a tributos e R$ 35,00, ao preço de custo mais o lucro. 
Nesse caso, a pessoa A paga o equivalente a 2,5% de seu salário 
em tributos e a pessoa B gasta o equivalente a 0,25% de seu salário. 
Ou seja, uma pessoa que ganha 10 vezes mais paga o mesmo valor em 
impostos que uma pessoa que ganha muito menos, o que significa que, 
proporcionalmente ao salário, o gasto é maior para quem ganha menos.
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Com base nessas informações, o grupo deverá:
 1. Buscar exemplos de impostos, taxas e contribuição vigentes no Brasil, identificar a 
diferença entre eles e verificar onde são empregados. 
 2. Pesquisar exemplos de pelo menos três países com bom desenvolvimento econômico 
e social (como os países-membros da OCDE) e procurar saber se a tributação é feita 
pela renda ou pelo consumo. 
 3. Organizar entrevistas com pessoas de categorias profissionais variadas: operário, dono 
de mercadinho, profissional liberal, microempreendedor individual, por exemplo. 
Perguntar aos entrevistados qual é a percepção que eles têm desses tributos e qual é 
a relação deles com a desigualdade social. Algumas sugestões de pergunta: 
 a) Em sua opinião, o Brasil tem impostos adequados? Por quê?
 b) Você acredita que os impostos arrecadados no país são bem empregados? 
Exemplifique.
 c) Você sabe citar alguns impostos arrecadados pelos governos federal, estadual e 
municipal? 
 d) Você vê alguma relação entre desigualdade social e tributos? 
 e) Responda se você concorda com as frases a seguir e justifique:
• O Brasil tem a maior carga tributária do mundo.
• A educação e a saúde devem ser responsabilidade de cada cidadão. 
Após realizadas as entrevistas, cada grupo deve reunir as informações recolhidas e 
organizá-las em forma de cartaz, ilustrado com imagens, como gráficos e tabelas (de 
compreensão acessível), que permita apresentar os dados para toda a turma. 
Finalizada a apresentação do material, a turma deverá montar, de forma colaborati-
va, uma cartilha para ser enviada por e-mail à comunidade escolar, às famílias e aos 
amigos. 
Na produção da cartilha, pensem em um título atraente e utilizem uma linguagem 
acessível a todos. Tenham em mente que esse material deve ser um instrumento que 
ajude as pessoas a refletir sobre tributação e justiça social. 
Os links indicados a seguir podem servir para complementar as informações: 
CREMASCO, D. M. F. A carga tributária no Brasil é alta comparada à de outros países? 
Politize, 27 jun. 2017. Disponível em: https://www.politize.com.br/carga-tributaria- 
brasileira-e-alta/. Acesso em: 22 ago. 2020.
FACHIN, P. Reforma Tributária Solidária no combate à desigualdade social. CEE Fiocruz, 
17 jun. 2019. Disponível em: https://cee.fiocruz.br/?q=Reforma-Tributaria-Solidaria- 
no-combate-as-desigualdades. Acesso em 22 ago. 2020.
VALOR Econômico: reforma tributária e desigualdade. Oxfam Brasil, c2020. Disponível 
em: https://www.oxfam.org.br/blog/reforma-tributaria-e-desigualdade/. Acesso em: 
22 ago. 2020.
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Etapa
4
ELABORAÇÃO DE PRODUTO 
FINAL E DIVULGAÇÃO
De posse de todas as informações, vocês irão produzir um folheto informa-
tivo sobre fake news. Decidam em conjunto o tamanho do folheto e as formas 
de divulgação. Lembrem-se de que muitas pessoas têm dificuldade em lidar 
com as redes sociais e, portanto, o folheto deve apresentar linguagem fácil, 
porém informativa. Com relação à divulgação, é possível pensar em uma versão 
impressa e em uma versão que possa ser divulgada nas redes sociais. Para 
isso, vocês deverão se dividir em quatro grupos, de acordo com as afinidades 
pessoais ou habilidades.
1. O grupo 1 fará um pequeno texto explicando o que são fake news e por que
elas são perigosas em nossa vida social e individual.
2. O grupo 2 criará uma lista de dicas para que as pessoas identifiquem as fake 
news e indicará sites que permitem checar a veracidade das notícias.
3. O grupo 3 será responsável pelo visual do folheto e deverá decidir se haverá 
imagens, escolher as cores e tipologias de texto e pensar na disposição das 
informações na página.
4. O grupo 4 divulgará o folheto na escola e nas redes sociais. Além disso,
deverá criar um endereço de e-mail (que deve constar no folheto) para tirar
eventuais dúvidas sobre fake news ou sobre o processo de trabalho de
vocês.
É importante entender que o trabalho de um grupo depende do trabalho dos
demais. Montem um calendário conjunto com prazos de entrega para acompa-
nhar o processo de produção e a divulgação do folheto.
Ao fim do projeto, façam avaliações conjuntas e individuais.
• Como você avalia os resultados do projeto como um todo?
• O que poderia ter sido feito de outra forma?
• Como os diferentes grupos trabalharam e se comunicaram entre si?
• Como foi a receptividade do folheto?
• Como você avalia sua participação no grupo?
• O que você mais gostou de fazer?
• De que forma você ajudou o grupo?
• Você acredita que poderia ter ajudado mais?
Essas reflexões devem servir para que vocês utilizem essa experiência em
futuros trabalhos e em projetos que desenvolverão ao longo da vida.
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 Winter on fire: Ukraine’s fight for freedom
Direção: Evegny Afineevsky. Estados Unidos/Ucrânia, 2015. Vídeo (98 min).
O documentário, cujo título pode ser traduzido como “Inverno em chamas: a luta 
da Ucrânia pela liberdade”, aborda a Revolução Ucraniana de 2014, quando jovens 
foram às ruas protestar contra a aproximação entre o governo ucraniano e a União 
Europeia. O filme mostra a complexa rede de influências formada por países como 
Rússia e Estados Unidos, além da União Europeia e partidos de extrema direita.
Disponível em: https://www.netflix.com/br/title/80031666.Acesso em: 5 set. 2020.
A onda
Direção: Dennis Gansel. Alemanha, 2009. DVD (107 min).
O filme narra a história de um professor que ministra aulas sobre regimes 
autocráticos por meio de práticas pedagógicas pouco convencionais. A narrativa 
mostra a facilidade com que discursos autocráticos conseguem manipular as 
massas, principalmente os jovens, que estão em processo de formação de 
personalidade.
> SAIBA MAIS
E-democracia
Disponível em: http://www.edemocracia.leg.br/. Acesso em: 22 ago. 2020.
A plataforma, criada em 2009 pela Câmara dos Deputados, permite a participação 
popular por meio da gestão de dados públicos. É possível encontrar diversos 
modelos de participação, como edição colaborativa de projetos de lei e interação 
em audiências. 
Oxfam Brasil
Disponível em: https://www.oxfam.org.br/justica-social-e-economica/forum-
economico-de-davos/tempo-de-cuidar/. Acesso em: 22 ago. 2020.
O link dá acesso a informações recentes sobre a desigualdade econômica no mundo 
e ao relatório Tempo de cuidar – O trabalho de cuidado não remunerado e mal pago 
e a crise global da desigualdade, disponível para download. Navegando no site da 
organização, é possível acessar notícias atualizadas sobre desigualdades e direitos 
humanos; juventudes, gênero e raça; e justiça econômica. 
A ONU e a democracia
Disponível em: https://nacoesunidas.org/acao/democracia/. Acesso em: 06 set. 
2020.
A página das Organização das Nações Unidas apresenta o trabalho desenvolvido 
pela ONU na promoção da democracia, incluindo o apoio à participação política das 
mulheres no mundo.
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> FICHAS DE AUTOAVALIAÇÃO
Autoavaliação
Esta é a hora de se autoavaliar em seu percurso 
de estudos. Para tanto, sugerimos que retome os 
objetivos propostos para as unidades. Depois, leia 
atentamente cada um dos itens relacionados a seguir
e escreva em seu caderno como considera seu atual 
momento de aprendizagem. A resposta para cada 
um dos itens pode ser sim, não ou em algumas 
situações. Registre também uma justifi cativa para 
suas respostas.  
Unidade 1
 Critérios
1.Identifi co os diferentes conceitos de ética ao 
longo do tempo.
2. Identifi co os diferentes conceitos de política 
ao longo do tempo.
3. Posso reconhecer a importância de práticas 
políticas éticas na organização das sociedades 
contemporâneas.
4. Consigo problematizar discursos que negam 
a política no mundo contemporâneo.
5. Sou capaz de perceber e analisar a impor-
tância de ações éticas nas sociedades 
contemporâneas.
6. Consigo reconhecer e valorizar posturas 
éticas para a construção de uma sociedade 
mais justa.
7. Sinto que minhas escolhas se pautam por 
valores éticos, comprometidos com a demo-
cracia e a construção de uma cultura de paz.
Comente, a partir dos tópicos acima, seus 
pontos fortes e os pontos que você ainda 
precisa trabalhar. Converse com seu professor 
para, juntos, estabelecerem um plano de ação.
Unidade 2
 Critérios
1. Compreendo que o conceito de cidadania 
não se desenvolveu de forma linear e não 
está acabado, pois é resultado de diferentes 
processos históricos de luta.
2. Consigo identifi car como se deu o processo 
de formação do conceito de cidadania que 
conhecemos no presente, reconhecendo a 
influência da democracia na conquista de 
direitos humanos.
3. Sou capaz de compreender que a igualdade 
jurídica entre homens e mulheres não garante 
a igualdade de gênero no Brasil.
4. Compreendo os desafios de se garantir 
cidadania no contexto atual de globalização 
considerando as diferenças étnicas, religio-
sas, culturais, sociais e econômicas.
5. Tenho facilidade em analisar e comparar 
indicadores que evidenciam a ausência 
de infraestrutura que garantam os direitos 
sociais (fixos sociais) no Brasil. 
6. Sou capaz de identifi car e combater situações 
de violação dos Direitos Humanos, adotando 
princípios éticos, democráticos, inclusivos e 
solidários.
7. Compreendo a importância da atuação dos 
indivíduos e dos movimentos sociais na manu-
tenção e ampliação dos direitos humanos.
8. Sinto que minhas escolhas pessoais e pro-
fissionais podem ser potencializadas a partir 
de iniciativas de engajamento pessoal em 
projetos de combate às desigualdades em 
minha comunidade.
Comente, a partir dos tópicos acima, seus 
pontos fortes e os pontos que você ainda 
precisa trabalhar. Converse com seu professor 
para, juntos, estabelecerem um plano de ação.
NÃO ESCREVA 
NO LIVRO
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D3-CH-EM-3075-V2-FINAIS-146-160-LA-G21_VU1_4.indd 146D3-CH-EM-3075-V2-FINAIS-146-160-LA-G21_VU1_4.indd 146 17/09/2020 15:4517/09/2020 15:45
Unidade 3
 Critérios
1. Identifico diferentes formas de organização 
do governo ao longo do tempo. 
2. Consigo analisar o problema da divisão de 
poderes.
3. Posso identificar o processo histórico de 
construção do governo no Brasil.
4. Sou capaz de conceituar patrimonialismo e 
relacionar o conceito com problemas políticos 
contemporâneos no Brasil.
5. Consigo entender que existem diferentes 
formas de participação política.
6. Sou capaz de relacionar participação política 
com o sufrágio. 
7. Sou capaz de analisar o impacto da internet 
nas formas de participação política no mundo 
contemporâneo.
8. Sinto que minhas escolhas pessoais afetam e 
também são afetadas pelas várias formas de 
participação política.
Comente, a partir dos tópicos acima, seus 
pontos fortes e os pontos que você ainda 
precisa trabalhar. Converse com seu professor 
para, juntos, estabelecerem um plano de ação.
Unidade 4
 Critérios
1. Sou capaz de diferenciar o modelo democrá-
tico de outros modelos, como aristocrático ou 
monárquico.
2. Reconheço a transformação do conceito 
de democracia ao longo da história desde a 
Grécia Antiga até os dias atuais.
3. Sou capaz de analisar as causas para a centra-
lização do poder no nascimento dos Estados 
modernos.
4. Percebo que existem ameaças à democracia 
e que posso agir para combatê-las.
5. Analiso a importância dos Direitos Humanos 
para a consolidação do ideal democrático.
6. Sou capaz de compreender como a demo-
cracia foi uma construção histórica de lutas e 
disputas políticas, como a luta pela ampliação 
do sufrágio, entre outras conquistas. 
7. Sinto que minhas escolhas profissionais, edu-
cacionais e como cidadão são afetadas pelas 
políticas públicas e índices socioeconômicos, 
como indicadores de desigualdades sociais.
8. Sou capaz de identificar discursos antidemo-
cráticos, de ódio ou de cunho nacionalista na 
história e na atualidade.
Comente, a partir dos tópicos acima, seus 
pontos fortes e os pontos que você ainda 
precisa trabalhar. Converse com seu professor 
para, juntos, estabelecerem um plano de ação.
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> BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as competências são 
identifi cadas por números (de 1 a 10) e as habilidades, por códigos alfa-
numéricos, por exemplo, EM13CHS101, cuja composição é explicada da 
seguinte maneira:
§ as duas primeiras letras indicam a etapa da Educação Básica, no caso, 
Ensino Médio (EM);
§ o primeiro par de números indica que as habilidades descritas podem 
ser desenvolvidas em qualquer série do Ensino Médio (13);
§ a segunda sequência de letras indica a área (três letras) ou o compo-
nente curricular (duas letras): MAT = Matemática e suas Tecnologias; 
LGG = Linguagens e suas Tecnologias; LP = Língua Portuguesa; CNT = 
Ciências da Natureza e suas Tecnologias; CHS = Ciências Humanas e 
Sociais Aplicadas;
§ os três números fi nais indicam a competência específi ca (1o número) 
e a habilidade específi ca (dois últimos números).
A seguir, os textos na íntegra das competências gerais, competências 
específi cas e habilidades mencionadas nesta obra.
Competências gerais 
da EducaçãoBásica
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos 
sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar 
a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de 
uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria 
das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a 
imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar 
hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive 
tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das 
locais às mundiais, e também participar de práticas diversifi cadas da 
produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, 
como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como 
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conhecimentos das linguagens artística, matemática e científi ca, 
para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sen-
timentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao 
entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação 
e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas 
diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comuni-
car, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, 
resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida 
pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apro-
priar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem 
entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer esco-
lhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, 
com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confi áveis, 
para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões 
comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a cons-
ciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, 
regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado 
de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocio-
nal, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo 
suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para 
lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de confl itos e a coope-
ração, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos 
direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de 
indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e 
potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabili-
dade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões 
com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, susten-
táveis e solidários.
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Ciências Humanas e Sociais Aplicadas no Ensino Médio: 
competências específicas e habilidades
Competência específi ca 1: Analisar processos políticos, econô-
micos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, 
nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade 
de procedimentos epistemológicos, científi cos e tecnológicos, de 
modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a 
eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões 
baseadas em argumentos e fontes de natureza científi ca.
(EM13CHS101) Identifi car, analisar e comparar diferentes fontes 
e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à com-
preensão de ideias fi losófi cas e de processos e eventos históricos, 
geográfi cos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS102) Identifi car, analisar e discutir as circunstâncias 
históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambien-
tais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, 
evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), 
avaliando criticamente seu signifi cado histórico e comparando-as 
a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e 
compor argumentos relativos a processos políticos, econômi-
cos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base 
na sistematização de dados e informações de diversas naturezas 
(expressões artísticas, textos fi losófi cos e sociológicos, documentos 
históricos e geográfi cos, gráfi cos, mapas, tabelas, tradições orais, 
entre outros).
(EM13CHS104) Analisar objetos e vestígios da cultura material e 
imaterial de modo a identifi car conhecimentos, valores, crenças e 
práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de 
diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.
(EM13CHS105) Identifi car, contextualizar e criticar tipologias 
evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e 
oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civiliza-
dos/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.), explicitando 
suas ambiguidades.
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D3-CH-EM-3075-V2-FINAIS-146-160-LA-G21_VU1_4.indd 150D3-CH-EM-3075-V2-FINAIS-146-160-LA-G21_VU1_4.indd 150 17/09/2020 15:4517/09/2020 15:45
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfi ca, gráfi ca e ico-
nográfi ca, diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de 
informação e comunicação de forma crítica, signifi cativa, refl exiva 
e ética nas diversas práticas sociais, incluindo as escolares, para se 
comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimen-
tos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida 
pessoal e coletiva.
Competência específi ca 2: Analisar a formação de territórios 
e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compre-
ensão das relações de poder que determinam as territorialidades 
e o papel geopolítico dos Estados-nações.
(EM13CHS201) Analisar e caracterizar as dinâmicas das popu-
lações, das mercadorias e do capital nos diversos continentes, 
com destaque para a mobilidade e a fi xação de pessoas, grupos 
humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos, eco-
nômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e 
posicionar-se criticamente em relação a esses processos e às pos-
síveis relações entre eles.
(EM13CHS202) Analisar e avaliar os impactos das tecnologias 
na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e sociedades 
contemporâneos (fl uxos populacionais, fi nanceiros, de mercado-
rias, de informações, de valores éticos e culturais etc.), bem como 
suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, eco-
nômicas e culturais.
(EM13CHS203) Comparar os signifi cados de território, fronteiras 
e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferentes sociedades, 
contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/bar-
bárie, nomadismo/sedentarismo, esclarecimento/obscurantismo, 
cidade/campo, entre outras).
(EM13CHS204) Comparar e avaliar os processos de ocupação 
do espaço e a formação de territórios, territorialidades e fronteiras, 
identifi cando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e 
culturais, impérios, Estados Nacionais e organismos internacionais) 
e considerando os confl itos populacionais (internos e externos), a 
diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas, 
políticas e tecnológicas.
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(EM13CHS205) Analisar a produção de diferentes territorialidades em 
suas dimensões culturais, econômicas, ambientais, políticas e sociais, no 
Brasile no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
(EM13CHS206) Analisar a ocupação humana e a produção do espaço 
em diferentes tempos, aplicando os princípios de localização, distribui-
ção, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que 
contribuem para o raciocínio geográfi co.
Competência específi ca 3: Analisar e avaliar criticamente as relações 
de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza (produção, dis-
tribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais, 
com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a 
consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito 
local, regional, nacional e global.
(EM13CHS301) Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos 
de produção, reaproveitamento e descarte de resíduos em metrópoles, 
áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características 
socioeconômicas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que 
promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate à poluição 
sistêmica e o consumo responsável.
(EM13CHS302) Analisar e avaliar criticamente os impactos econômi-
cos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de 
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambien-
tes e escalas de análise, considerando o modo de vida das populações 
locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comunidades 
tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a 
sustentabilidade.
(EM13CHS303) Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das 
culturas de massa no estímulo ao consumismo, seus impactos econômi-
cos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades 
criadas pelo consumo e à adoção de hábitos sustentáveis.
(EM13CHS304) Analisar os impactos socioambientais decorrentes de 
práticas de instituições governamentais, de empresas e de indivíduos, 
discutindo as origens dessas práticas, selecionando, incorporando e pro-
movendo aquelas que favoreçam a consciência e a ética socioambiental 
e o consumo responsável.
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(EM13CHS305) Analisar e discutir o papel e as competências legais 
dos organismos nacionais e internacionais de regulação, controle e 
fi scalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção 
e a garantia de práticas ambientais sustentáveis.
(EM13CHS306) Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de 
diferentes modelos socioeconômicos no uso dos recursos naturais e 
na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do 
planeta (como a adoção dos sistemas da agrobiodiversidade e agro-
fl orestal por diferentes comunidades, entre outros).
Competência específi ca 4: Analisar as relações de produção, 
capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, 
discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e 
transformação das sociedades.
(EM13CHS401) Identifi car e analisar as relações entre sujeitos, 
grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas diante 
das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das 
novas formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços 
(urbanos e rurais) e contextos.
(EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, traba-
lho e renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a 
processos de estratifi cação e desigualdade socioeconômica.
(EM13CHS403) Caracterizar e analisar os impactos das transfor-
mações tecnológicas nas relações sociais e de trabalho próprias 
da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação 
das desigualdades sociais, da opressão e da violação dos Direitos 
Humanos.
(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do 
trabalho em diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou 
geográfi cos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, 
levando em consideração, na atualidade, as transformações técnicas, 
tecnológicas e informacionais.
Competência específica 5: Identificar e combater as diversas 
formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios 
éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os 
Direitos Humanos.
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(EM13CHS501) Analisar os fundamentos da ética em diferentes 
culturas, tempos e espaços, identifi cando processos que contri-
buem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, 
a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência 
democrática e a solidariedade.
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de 
vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando 
formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, 
e identifi car ações que promovam os Direitos Humanos, a solidarie-
dade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS503) Identifi car diversas formas de violência (física, 
simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas 
sociais, psicológicas e afetivas, seus signifi cados e usos políticos, 
sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para com-
batê-las, com base em argumentos éticos.
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políti-
cos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas, 
científi cas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdo-
bramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, 
sociedades e culturas.
Competência específi ca 6: Participar do debate público de 
forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas 
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com 
liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
(EM13CHS601) Identifi car e analisar as demandas e os prota-
gonismos políticos, sociais e culturais dos povos indígenas e das 
populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil 
contemporâneo considerando a história das Américas e o contexto 
de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e 
econômica atual, promovendo ações para a redução das desigual-
dades étnico-raciais no país.
(EM13CHS602) Identifi car e caracterizar a presença do paterna-
lismo, do autoritarismo e do populismo na política, na sociedade e 
nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e 
democráticos, relacionando-os com as formas de organização e de 
articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade, 
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do diálogo e da promoção da democracia, da cidadania e dos direi-
tos humanos na sociedade atual.
(EM13CHS603) Analisar a formação de diferentes países, povos 
e nações e de suas experiências políticas e de exercício da cidada-
nia, aplicando conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, 
sistemas e regimes de governo, soberania etc.).
(EM13CHS604) Discutir o papel dos organismos internacionais 
no contexto mundial, com vistas à elaboração de uma visão crítica 
sobre seus limites e suas formas de atuação nos países, conside-
rando os aspectos positivos e negativos dessa atuação para as 
populações locais.
(EM13CHS605) Analisar os princípios da declaração dos Direitos 
Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade e fraterni-
dade, identifi car os progressos e entraves à concretização desses 
direitos nas diversas sociedades contemporâneas e promover ações 
concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos 
em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de 
cada grupo e de cada indivíduo.
(EM13CHS606) Analisar as características socioeconômicas da 
sociedade brasileira – com base na análise de documentos (dados, 
tabelas, mapas etc.)de diferentes fontes – e propor medidas para 
enfrentar os problemas identifi cados e construir uma sociedade 
mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de 
seus cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a 
autoconfi ança e a empatia.
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ABBAGNANO, N. Dicionário de Filoso� a. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
§ O dicionário apresenta, de forma didática, alguns dos principais con-
ceitos, ideias e fi lósofos que marcaram a tradição fi losófi ca ocidental, 
sendo uma ferramenta importante para a refl exão fi losófi ca.
AMARAL, D. F. do A. História do pensamento político ocidental. 
Coimbra: Almedina, 2011.
§ Nesse volume, o autor analisa as ideias de pensadores que, desde a 
Antiguidade até o século XX, trouxeram importantes refl exões para a 
construção do pensamento político do mundo ocidental.
AZEVEDO, A. C. do A. Dicionário de nomes, termos e conceitos histó-
ricos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
§ Dicionário com cerca de 1.400 verbetes dos principais conceitos fre-
quentemente presentes na área de História.
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
§ Nessa obra, o sociólogo Zygmunt Bauman refl ete sobre o conceito 
de modernidade líquida e suas implicações políticas, sociais e éticas.
BOBBIO, N. Direita e esquerda: razões e signifi cados de uma distinção 
política. São Paulo: Unesp, 1995.
§ Neste livro, o autor analisa os conceitos de direita e esquerda na polí-
tica e discute o signifi cado desses termos na atualidade.
BOBBIO, N. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da polí-
tica. São Paulo: Paz & Terra, 2017.
§ Livro no qual o autor reúne quatro ensaios que se inter-relacionam e 
discutem os seguintes conceitos: Estado, poder e governo; sociedade 
civil; o público e o privado; democracia e ditadura.
BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política. Brasília, 
DF: Universidade de Brasília; São Paulo: Imprensa Ofi cial, 2000. 2 v.
§ Obra em dois volumes que oferece uma ampla interpretação dos prin-
cipais conceitos que fazem parte do discurso político, expondo sua 
evolução histórica, analisando sua utilização atual e fazendo referência 
aos conceitos afi ns.
BOTELHO, A.; SCHWARCZ, L. M. (org.). Cidadania: um projeto em con-
trução. São Paulo: Claro Enigma, 2012.
> BIBLIOGRAFIA COMENTADA
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§ Reunião de textos que tratam de assuntos ligados a questões de cida-
dania no Brasil contemporâneo, abordando temas como combate 
à desigualdade, segurança pública, luta contra o racismo, luta pelos 
direitos civis e políticos, entre outros.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: 
educação é a base. Brasília, DF, 2018. Disponível em: http://basenacional
comum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofi nal_site.pdf. 
Acesso em: 15 set. 2020.
§ Documento que estabelece as bases do currículo e das práticas de 
aprendizagem da Educação Básica no Brasil.
BOURDON, R.; BOURRICAUD, F. Dicionário crítico de Sociologia. São 
Paulo: Ática, 2001.
§ Ao longo de 101 verbetes, o dicionário aponta as questões fun-
damentais da Sociologia, discutindo as orientações teóricas mais 
importantes do ponto de vista dos fenômenos sociais. Cada 
verbete vem acompanhado de uma bibliografi a básica a respeito 
daquele tópico.
CARVALHO, J. M. de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
§ O autor aborda a construção da cidadania no Brasil, com ênfase na 
questão dos direitos civis, sociais e políticos.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2013. 
§ Uma obra clássica sobre as transformações sociais provocadas pelo 
processo de desenvolvimento da internet e outras tecnologias de 
comunicação no mundo contemporâneo.
CASTRO, I. E. de C. Geogra� a e política: território, escalas de ação e 
instituições. São Paulo: Bertrand, 2005.
§ A obra trabalha as relações entre espaço e política, buscando com-
preender como a política, no seu sentido institucional e operacional, 
se insere nas mais diferentes esferas da sociedade contemporânea.
CHAUÍ, M. Introdução à história da Filoso� a. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2002. v. 1.
§ A obra analisa aspectos centrais do pensamento fi losófi co na Grécia 
Antiga, contribuindo para a compreensão do processo histórico de 
formação da tradição fi losófi ca ocidental.
CLAPHAM, A. Human rights: a very short introduction. Oxford: Oxford 
University Press, 2009.
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§ Nesse livro, o autor analisa o conceito de direitos humanos, abor-
dando de suas origens históricas até o presente, trazendo à tona 
discussões que vão desde o direito à saúde até a prática de deten-
ções arbitrárias no contexto de combate ao terrorismo.
DORTIER, J.-F. (dir.). Dicionário de Ciências Humanas. São Paulo: WMF 
Martins Fontes, 2010. 
§ Dicionário enciclopédico com os principais conceitos da área das 
Ciências Humanas, abrangendo as disciplinas de antropologia, 
demografi a, economia, geografi a, história, linguística, fi losofi a, ciên-
cias políticas e da educação, entre outras.
ESPINOSA, B. de. Ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
§ Em sua principal obra, o fi lósofo holandês elabora suas ideias sobre 
ética e o modo de se alcançar uma vida ética.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. São Paulo: Paz & Terra, 2014.
§ Essa obra reúne diversos textos do fi lósofo francês que exploram a 
questão do poder e suas implicações sociais.
GIDDENS, A.; SUTTON, P. W. Conceitos essenciais da Sociologia. São 
Paulo: Unesp, 2014.
§ A obra apresenta alguns dos conceitos essenciais da Sociologia, 
fornecendo elementos para a compreensão de temas e processos 
sociais que marcam o mundo contemporâneo.
HUNT, L. A invenção dos direitos humanos: uma história. Tradução: 
Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
§ A historiadora estadunidense Lynn Hunt traça a gênese e a evolução 
da ideia e da prática dos direitos humanos no mundo, mobilizando 
conhecimentos que vão da fi losofi a à história do cotidiano na Europa 
e na América.
LEE, K. et al. (ed.). Human and civil rights: essential primary sources. 
Farmington Hills: Thomson Gale, 2006.
§ Essa obra reúne e contextualiza documentos variados – discursos, 
legislação, artigos de revistas e jornais, ensaios, memórias, cartas, 
entrevistas, romances, canções e obras de arte – que abordam ques-
tões referentes aos direitos humanos. 
LEVITSKY, S.; ZIBLATT, D. Como as democracias morrem. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2018.
§ O livro analisa os diferentes momentos em que as democracias tra-
dicionais entraram em crise e procura mostrar de que forma muitos 
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governos na atualidade vêm colocando em risco a democracia em 
seus países, utilizando-se das regras de funcionamento das próprias 
instituições democráticas.
LEWIS, J. R.; SKUTSCH, C. The human rights enciclopedia. New York: 
Sharpe Reference, 2001.
§ Essa enciclopédia sobre direitos humanos oferece uma abordagem 
país a país, com verbetes sobre tortura, escravidão, asilo, genocídio, 
reféns, prisão e liberdade de imprensa, entre muitos outros.
MARCONDES, D. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2007.
§ A obra traz uma seleção de textos de fi lósofos que se dedicaram a 
analisar problemas de ética, fornecendo um panorama geral da his-
tória da fi losofi a e do modo como diferentes pensadores refl etiram 
sobre questões éticas.
MARTINS, A. R. de Q.; ELOY, A. A. da S. (org.). Educação integralpor 
meio do pensamento computacional. Curitiba: Appris, 2019.
§ Conjunto de artigos relacionados ao pensamento computacional e 
relatos de experiências sobre como esse conceito foi aplicado em 
sala de aula.
MORAES, A. C. R. Ideologias geográ� cas: espaço, cultura e política no 
Brasil. São Paulo: Annablume, 2005.
§ A obra analisa a Geografi a por meio de uma visão crítica, levantando 
indagações e valorizando a política, a democracia e a liberdade.
MOTA, C. G.; LOPEZ, A. História do Brasil: uma interpretação. São 
Paulo: Editora 34, 2016.
§ Os autores traçam um olhar panorâmico sobre a história do 
Brasil, desde os tempos pré-cabralinos até as primeiras décadas 
do século XXI, aprofundando as discussões sobre o desenvolvi-
mento do país e os entraves que impedem a real modernização 
da sociedade brasileira. 
PIKETTY, T. O capital no século XXI. São Paulo: Intrínseca, 2014.
§ A obra analisa o processo de concentração de riqueza no mundo 
contemporâneo e suas implicações sociais, políticas e econômicas.
PINSKY, J.; PINSKY, C. B. (org.). História da cidadania. São Paulo: 
Contexto, 2014.
§ Essa obra reúne ensaios de diferentes historiadores, que analisam 
como se deu a construção da ideia de cidadania. O livro mostra 
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os diferentes signifi cados que esse conceito adquiriu desde a 
Antiguidade até os dias de hoje.
SARTRE, J.-P. Existencialismo é um humanismo. São Paulo: 
Vozes, 2014.
§ Nessa obra, o fi lósofo francês sistematiza suas ideias de forma didá-
tica, explorando as implicações éticas da perspectiva existencialista.
SANTOS, J. de O. Educação emocional na escola. Salvador: 
Faculdade Castro Alves, 2000.
§ A obra discute o conceito de inteligência emocional e as possibi-
lidades de trabalhar com essas questões em sala de aula.
SANTOS, M. O espaço do cidadão. São Paulo: Edusp, 2007.
§ Livro lançado em 1987 que continua bastante atual para discutir 
desigualdades e território no Brasil.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma bibliografi a. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2015.
§ As autoras constroem um amplo painel dos mais de 500 anos 
da história do Brasil, lançando um olhar não só para os fatos 
marcantes mas também para o cotidiano, incluindo as minorias, 
as diferentes formas de expressão artística e os embates sociais.
SCHWARCZ, L. M. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2019.
§ Essa obra refl ete sobre a tradição política brasileira e o impacto 
de práticas autoritárias na formação do Brasil.
SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São 
Paulo: Contexto, 2006.
§ Dicionário com importantes conceitos históricos discutidos e ana-
lisados de forma a relacionar o saber histórico com a prática em 
sala de aula. Muitas vezes, os conceitos apresentados estabelecem 
relação com a realidade brasileira e latino-americana.
VINCENT-LACRAIN, S. et al. Desenvolvimento da criatividade e do 
pensamento crítico dos estudantes: o que signifi ca na escola. São 
Paulo: Fundação Santillana, 2020.
§ Obra elaborada pela Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE) reunindo artigos de espe-
cialistas na área da educação que discutem como construir 
ambientes de aprendizagem nos quais os alunos possam exercitar 
suas competências de criatividade e pensamento crítico.
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Orientações 
para o professor
Sumário
• Parte I • Um mundo em transformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
Educação para o século XXI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
Brasil: o mundo mudou, e a nossa escola? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
• Parte II • O Novo Ensino Médio e a BNCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
• Parte III • Abordagem teórico-metodológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
Principais fundamentos metodológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
Práticas de pesquisa sociais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
Metodologias ativas de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
• Parte IV • Recursos e estratégias didáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
Organização das seções de textos e atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
Sugestões de cronogramas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
• Parte V • O processo de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
Avaliar para quê? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
Principais modelos de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
• Parte VI • O trabalho com este volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
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Um mundo em transformação
Educação para o século XXI 
No século XXI, a aceleração das inovações tecnológicas ocorre em intervalos de tempo 
cada vez mais curtos, acarretando nas sociedades uma série de transformações nos âmbitos 
político, econômico, social e cultural.
Diante dessas transformações vertiginosas da tecnologia, surgem novos produtos e 
novas maneiras de produzi-los; profissões são extintas e outras são criadas; alteram-se as 
formas de comunicação e as relações interpessoais. As instituições também são modificadas 
para se adequar à nova realidade. A escola, por exemplo, se vê diante da necessidade de 
rever suas práticas na formação dos sujeitos que vivem nesse mundo atual. 
A educação contemporânea pressupõe a formação para a vida, no sentido de habilitar 
o jovem à leitura e à análise crítica da realidade, além de promover o seu desenvolvimento 
integral, individual e social. Para atingir esse objetivo, é importante valorizar os conheci-
mentos prévios dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem.
O biólogo, psicólogo e filósofo suíço Jean Piaget (1896-1980) foi um dos pioneiros no 
estudo do desenvolvimento cognitivo e intelectual e do processo de construção do conhe-
cimento. Embora o foco de Piaget não fosse a educação formal, suas pesquisas serviram de 
base para que outros estudiosos entendessem que o ponto de partida para a construção 
de um novo conhecimento é aquilo que o estudante já sabe. Amparado nas pesquisas de 
Piaget, David Ausubel (1918-2008), psicólogo estadunidense da área educacional, foi um dos 
primeiros a usar o termo conhecimento prévio. Para ele, o conjunto de saberes que um 
estudante traz é extremamente importante para a elaboração de novos conhecimentos e 
para a garantia de uma aprendizagem significativa1.
Na escola do século XXI, marcada pelo fenômeno da globalização e da sociedade da 
informação, torna-se também fundamental a promoção da discussão, da interpretação 
dos fatos, da análise crítica das informações e o uso criativo das novas tecnologias para a 
construção de conhecimentos. Segundo Maria Lúcia de Arruda Aranha:O problema educacional não está, portanto, apenas em utilizar a tecnologia como 
instrumento avançado no ensino, acompanhar a sua evolução no mundo do trabalho, 
ou ainda estabelecer a interação entre a escola e a educação informal dos meios de 
comunicação de massa, 
mas questionar como deve ser daqui em diante uma pedagogia que realmente 
oriente o cidadão para compreender o mundo transformado pela técnica e atuar sobre 
ele de maneira crítica. Mais ainda, aprender de modo contínuo — tanto o aluno como o 
professor —, já que essas transformações continuarão ocorrendo de modo vertiginoso2.
1Como aponta a pedagoga Cynthia Duk: “A aprendizagem significativa implica proceder a uma representação interna e pessoal 
dos conteúdos escolares, estabelecendo relações substantivas entre o novo conteúdo de aprendizagem e o que já se sabe. Neste 
processo de construção modificam-se conhecimentos e esquemas prévios e cria-se uma nova representação ou conceituação. Nesta 
perspectiva, a aprendizagem não é um processo linear de acumulação de conhecimentos, mas uma nova organização do conhe-
cimento, que diz respeito tanto ao ‘saber sobre algo’ (esquemas conceituais), como o ‘saber o que fazer’ e, ainda, como ‘com o que 
se sabe’ (esquemas de procedimentos) e o ‘saber quando utilizá-lo’ (em que situações usar o que se sabe). In: DUK, C. Educar na 
diversidade. Brasília: MEC/SEESP], 2006. p. 172-173.
2ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2006, p. 440-441.
> PARTE I
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Essa reflexão pode ser complementada com a seguinte afirmação do historiador 
Nicolau Sevcenko (1952-2014): “[a crítica] é a contrapartida cultural diante da técnica, é o 
modo de a sociedade dialogar com as inovações, ponderando sobre seu impacto, avaliando 
seus efeitos e perscrutando seus desdobramentos. A técnica, nesse sentido, é socialmente 
consequente quando dialoga com a crítica”3.
Nesse sentido, a escola e a sociedade como um todo precisam estabelecer um diálogo 
crítico com essas inovações tecnológicas para a avaliação dos seus impactos, efeitos e des-
dobramentos no mundo contemporâneo. Segundo Sevcenko, esse diálogo pressupõe três 
movimentos fundamentais:
O primeiro consiste em conseguirmos desprender-nos do ritmo acelerado das 
mudanças atuais [...]. O segundo requer que recuperemos [...] o tempo histórico, aquele 
que nos fornece o contexto no interior do qual podemos avaliar a escala, a natureza, a 
dinâmica e os efeitos das mudanças em curso, bem como quem são seus beneficiários 
e a quem elas prejudicam. O terceiro movimento seria, então, o de sondar o futuro a 
partir da crítica em perspectiva histórica, ponderando como a técnica pode ser posta a 
serviço de valores humanos, beneficiando o maior número de pessoas.4
> REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS
• ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2006.
O livro apresenta um amplo panorama da história da educação e da pedagogia. Cada um dos capítulos 
da obra está dividido em: Introdução, Contexto histórico, Educação (descrição de práticas educativas), 
Pedagogia, textos e atividades complementares. O livro traz importantes referências para a discussão 
dos rumos da educação na atualidade.
• SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2001.
Nesse livro, Sevcenko utiliza a imagem da montanha-russa para tratar do desenvolvimento tecnológico 
das sociedades ocidentais. Na obra, o historiador desenvolve o conceito de “síndrome do loop” para 
caracterizar a postura de muitos contemporâneos ante as grandes mudanças políticas e econômicas 
e da difusão das novas tecnologias globais. Essa síndrome, segundo Sevcenko, tende a acentuar a pas-
sividade das pessoas e torná-las menos reflexivas e críticas diante da precipitação das transformações 
tecnológicas.
Brasil: o mundo mudou, e a nossa escola? 
No Brasil, após o término do regime civil-militar (1964-1985) e o restabelecimento 
da democracia, algumas conquistas foram alcançadas, entre elas a promulgação da 
Constituição Federal de 1988, que estabelece a educação como direito de todos e 
dever do Estado e da família, a fim de garantir o pleno desenvolvimento do indi-
víduo, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
Veja a seguir as principais mudanças educacionais no Brasil a partir dessas diretrizes 
constitucionais.
3SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 17.
4Idem, ibidem, p. 19.
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» Mudanças educacionais no Brasil
Acompanhe o percurso das principais leis e diretrizes educacionais da década de 1990 a 2018.
3 Muitas foram as contribuições da LDB para o avanço das reflexões educacio-
nais no país, entre elas as diretrizes fornecidas para a elaboração dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais, que deram ênfase à compreensão do processo de aprendiza-
gem do estudante, ao desenvolvimento de competências e habilidades, à formação 
para o exercício da cidadania e à discussão de temas transversais, como Ética, 
Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Trabalho, Consumo e Orientação Sexual.
> PCNS 1997-1998
1 Após um longo período de debates, foi aprovada 
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 
no 9394/96), que dispôs sobre os princípios e fins da 
educação no país, baseados na igualdade de condições 
para o acesso e permanência na escola; na liberdade 
de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o 
pensamento, a arte e o saber; no pluralismo de ideias e 
de concepções pedagógicas; no respeito à liberdade e 
apreço à tolerância, entre outros princípios. 
> LDB 1996
6 Em 2018, foram atualizadas as Diretrizes Curriculares 
Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM/2018). As 
DCNEM/2018 trazem orientações e definições para o 
planejamento dos currículos escolares e para os siste-
mas de ensino. As DCMs determinam que a proposta 
pedagógica das unidades escolares deve considerar, 
entre outros aspectos, o reconhecimento e atendimento 
da diversidade e das diferentes nuances da desigualdade 
e da exclusão na sociedade brasileira e a promoção 
dos direitos humanos mediante a discussão de temas 
relativos a raça e etnia, religião, gênero, identidade de 
gênero e orientação sexual, pessoas com deficiência, 
entre outros, bem como práticas que contribuam para 
a igualdade e para o enfrentamento de preconceitos, 
discriminação e violência sob todas as formas.
> DCNEM 2018
2 Desde 1996, o Programa Nacional do Livro Didático 
(PNLD) prevê a avaliação pedagógica dos livros inscritos no 
processo de seleção do Ministério da Educação. Essa avalia-
ção toma como base os documentos oficiais da educação do 
país. O PNLD garantiu a universalização da distribuição do 
livro didático na rede pública de ensino e a livre escolha dos 
docentes das obras aprovadas.
> PNLD 1996
5 O processo de elaboração da Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC) durou cerca de quatro 
anos e, para isso, foram consultadas diversas 
entidades representativas dos diferentes seg-
mentos envolvidos com a Educação Básica. Em 
dezembro de 2017, a BNCC da Educação Infantil 
e do Ensino Fundamental foi normatizada pelo 
Conselho Nacional de Educação e homologada 
pelo MEC. A parte referente ao Ensino Médio foi 
entregue ao CNE em abril de 2018 e aprovada e 
homologada em dezembro do mesmo ano.
> BNCC 2017-2018
4 Um novo modelo de 
Ensino Médio foi sancio-
nado pela Lei no 13.415, de 
16 de fevereiro de 2017, 
que alterou a LDB de 1996. 
Essa lei determinou o 
aumento da carga horária 
mínima, a ampliação das 
escolas de tempo integral 
e a possibilidade de todos 
os estudantes dessa etapa 
escolar poderem escolher

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