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11/12/2022 17:21 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/18
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA E
DIREITO DO CONSUMIDOR
AULA 3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/18
Prof. João Alfredo Lopes Nyegray
CONVERSA INICIAL
Você já ouviu falar nos contratos celebrados “no fio do bigode”? Ou nos chamados “contratos de
gaveta”? Práticas relativamente comuns no passado, esses hábitos consistiam em celebrar negócios
sem necessariamente redigir um contrato e assiná-lo por meios oficiais. Na imensa maioria dos casos,
os acordos celebrados sem testemunha ou provas eram integralmente cumpridos.
Por esse motivo, muitas pessoas – em especial aquelas com mais idade – dizem que no passado
as coisas eram mais corretas e os indivíduos cumpriam com sua palavra. É o famoso “no meu tempo
não tinha isso”. O que ocorre é que, naquela época, as comunidades eram certamente menores. Se
alguém prometesse algo e acabasse não cumprindo, a notícia se alastrava com relativa facilidade e o
caloteiro acabava sem credibilidade.
Hoje quase não é mais possível celebrar um acordo sem um contrato ou prova escrita. Os
contratos, sejam eles quais forem, e questões relativas a personalidade e nome, formas e
modalidades de pagamento, negócios, questões de família, condomínio, indenizações e danos são
todos tema de uma área do Direito chamada Direito Civil, que estudaremos no decorrer dessa aula.
O atual Código Civil (CC) – grande instrumento normativo desse ramo do Direito – foi instituído
pela Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, tendo entrado em vigor um ano após sua publicação.
Antes desse Código, vigorava no Brasil outro Código Civil, mas de 1916 (Lei n. 3.071, de 1 de janeiro
de 1916). Certamente que a sociedade de 2002 pouco se parecia com a de 1916. Por isso, a
necessária atualização do CC/2002.
Outro ponto de grande importância do CC/2002 é que ele revogou não apenas o Código de
1916, mas também metade do Código Comercial de 1850 (isso mesmo, do século XIX!). As questões
relativas à abertura de empresas, sociedades empresariais, contrato social, exclusão de sócios,
mudança de capital social entre outras são também abordadas pelo CC/2002.
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Esses são apenas alguns, dentre os vários temas, que estudaremos nessa e na próxima aula!
Vamos lá?
CONTEXTUALIZANDO
Imagine que você precisa muito adquirir um veículo. Seu trabalho está prosperando, você está
sendo reconhecido por seu chefe e superiores, e chegou a tão sonhada hora de tornar-se motorizado.
Depois de muito procurar, você encontra o automóvel que sempre quis num preço que cabe em seu
bolso: moderno, seminovo e muito bonito, seu carro está sempre limpo, encerado e polido,
prontinho para te levar a qualquer lugar.
Porém, nem tudo são flores, e o que era para ser sonho torna-se pesadelo. Um dia, o carro não
liga. Depois de muito insistir, ele liga, mas você ouve um grande estouro. Além do susto, um cheiro
de queimado começa a tomar conta de sua garagem. Na oficina, você descobre que o carro foi
vendido a você com um problema que o antigo dono certamente sabia. O mecânico lhe demonstra
que uma manutenção barata havia sido feita para mascarar um problema grave no motor. Se você
estivesse em uma rodovia, possivelmente o defeito poderia causar um grave acidente.
Para reparar o motor, será necessária uma pequena fortuna; e agora, o que fazer? Você deve
arcar com o prejuízo? Você deve acionar o vendedor do automóvel na Justiça, ou no Procon?
Lembre-se de que o Procon só deve ser acionado quando o lado vendedor é uma pessoa jurídica
(empresa), e não uma pessoa física. Como, então, resolver esse caso? Esse é um dos vários temas que
abordaremos nessa aula.
TEMA 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL
O Direito Civil é um ramo do Direito Privado. Há, por excelência, dois grandes lados no Direito. O
Direito Público, que envolve questões da Administração Pública, do Direito Constitucional e do
Direito Tributário, por exemplo; e o Direito Privado. Segundo Venosa (2017, p. 59), o direito privado “é
compartimento ou setor jurídico que, tradicionalmente, regula o ordenamento dos interesses de
particulares, sendo o Direito Civil o ramo do direito privado por excelência”.
O Direito Civil brasileiro, como vimos, tem como uma de suas fontes principais o Código Civil
(CC/2002). Além deste Código, o costume, os princípios gerais de Direito e os julgados dos tribunais
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são, também, fontes muito relevantes. Afirma Venosa (2017, p. 59) que o Direito Civil “trata do
conjunto de normas reguladoras das relações jurídicas dos particulares. O interesse de suas regras é
eminentemente individual. Nele estão os princípios da personalidade, o conjunto de atributos que
situam o homem na sociedade”. Por essa razão, essa área abrange tantos temas como as questões
relativas à personalidade e nome, formas e modalidades de pagamento, negócios, questões de
família, de condomínio, danos e indenizações, entre outras questões.
Antes de abordarmos o Direito Civil em si, há uma outra norma bastante relevante: a Lei de
Introdução às normas do Direito Brasileiro, o Decreto-Lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942, que
trata de temas bastante relevantes para o Direito no geral. Por exemplo, quando uma lei entra em
vigor? Diz o Decreto-Lei: “Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”.
Esse período entre a publicação da lei e sua entrada em vigor é o que se chama de vacatio legis,
e pode variar de acordo com a complexidade do tema abrangido pela lei. O CC/2002, por exemplo,
entrou em vigor um ano após sua publicação. O Código Brasileiro de Trânsito, por sua vez, levou 120
dias para vigorar.
Outro ponto bastante importante abordado pelo Decreto-Lei n. 4.657/1942 refere-se à duração
das leis: “Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique
ou revogue”. Vejamos o caso do Direito Civil, tema dessa aula. O Código Civil de 1916 estendeu-se
até 2002, ainda que tenha sofrido uma série de modificações no decorrer do século XX. Uma vez que
não se tratava de uma lei temporária, sua vigência estendeu-se até um novo Código (o de 2002), que
revogou por completo a lei anterior.
Outro ponto bastante importante sobre o Direito é que nem sempre temos leis que atendam a
todas as situações. O atual CC, como sabemos, é de 2002. Em 2002, muitas coisas que hoje são
comuns – smartphones, internet, aplicativos, drones e e-commerce – não existiam. Nesse caso, como
os juízes devem decidir? E se, por exemplo, um drone causa um dano? Ou então – para complicar um
pouco mais – se uma empresa de e-commerce que entrega seus produtos por drone acaba
despejando por engano a entrega na cabeça de alguém? Como resolver um caso como esse, já que
não temos uma lei que tutele a entrega de produtos por drone?
Nesse caso, recorremos à Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, que diz: “Art. 4º
Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
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gerais de direito”. Ou seja, quando não houver uma lei específica, pode-se efetuar a aplicação de uma
norma semelhante, ou seja, por analogia. A esse respeito, exemplifica Tartuce (2021, p. 46):
exemplo de aplicação da analogia era a incidência do Decreto-lei 2.681/1912, antes do Código Civil
de 2002. Previa esse decreto a responsabilidade civil objetiva das empresas de estradas de ferro. Por
ausência de lei específica, esse dispositivo legal passou a ser aplicado a todos os tipos de contrato
de transporte terrestre. Por uma questão lógica, e pela presença de lacuna normativa, tal comando
legal passou a incidir em ocorrências envolvendo bondes, ônibus,caminhões, automóveis, motos e
outros meios de transporte terrestre.
Obviamente que, com o atual Código Civil, os transportes são disciplinados. A situação acima
exemplifica o que seria uma analogia entre as leis. Outro ponto relevante são os costumes. Na aula
anterior, falamos sobre Direito do Trabalho. O 13º salário, atualmente um direito de todos os
trabalhadores, nasceu de um costume dos empresários em presentear seus funcionários no final do
ano. O que era um costume, tornou-se uma lei. Tartuce (2021, p. 47) explica que os costumes “podem
ser conceituados como as práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica”.
Por fim, essa é a forma de suprir eventuais lacunas da lei, ou seja, os chamados princípios gerais
de Direito. O professor Tartuce (2021, p. 54) ensina que “os princípios gerais são regramentos básicos
aplicáveis a um determinado instituto ou ramo jurídico, para auxiliar o aplicador do direito na busca
da justiça e da pacificação social”. O objetivo maior do Direito é, justamente, criar um estado de
coisas nas quais se possa viver em paz e de forma correta. Sabendo disso, Tartuce (2021, p. 54) elenca
como princípios do Direito a eticidade, socialidade e a operabilidade.
Agora que conhecemos o significado do Direito Civil e o básico da Lei de Introdução às normas
do Direito Brasileiro, estudaremos um dos pontos mais importantes do Direito Civil como um todo,
mas em especial para a área de negócios: a capacidade.
TEMA 2 – CAPACIDADE CIVIL
Quando se fala genericamente no termo capacidade, temos em mente a ideia de ser ou não apto
a fazer alguma coisa. Alguns de nós somos motoristas capazes de grandes façanhas. Outros, capazes
de realizar incríveis feitos culinários. Para o Direito, no entanto, a capacidade não é um dote, ou
habilidade de se fazer alguma coisa.
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Em sua imensa maioria, os cursos de Direito Civil iniciam tratando dos Direitos da Personalidade
e da Personalidade Jurídica. O Código Civil também o faz. A personalidade jurídica, como ensinam
Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 95) é “a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair
obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direito”. E o que isso significa?
Significa que apenas aquele que tem personalidade jurídica tem direitos e pode contrair
obrigações. Para ter essa personalidade, é necessário o registro em algum órgão? Essa resposta nos é
dada pelo próprio CC/2002: “Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Ou seja, ao nascer, a pessoa tem
personalidade jurídica. Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 96) afirmam que a “pessoa natural, para o
direito, é o ser humano, enquanto sujeito/destinatário de direitos e obrigações”. Para esses autores,
no momento em que respira e o coração segue a bater “o recém-nascido adquire personalidade
jurídica, tornando-se sujeito de direito”. Obviamente que isso não quer dizer que um recém-nascido
possa sair contratando coisas por aí. Além de ter personalidade jurídica, é necessário – para os atos
da vida civil – que a pessoa tenha capacidade para tanto.
Ensina Tartuce (2021) que a capacidade é a legitimação para que a pessoa possa praticar certos
atos jurídicos, como comprar e vender imóvel, abrir empresas e atos afins. A esse respeito, diz o
Código Civil:
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de
16 (dezesseis) anos.
[...]
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática
de todos os atos da vida civil. (Brasil, 2002)
Ou seja, é a partir dos 18 anos que a pessoa adquire a capacidade civil plena para os atos da
vida. Entre 16 e 18 anos a pessoa é relativamente capaz, ou seja, pode fazer algumas coisas (como
votar e casar, se houver autorização dos pais ou responsáveis), mas não pode fazer outras (como
dirigir). Os menores de 16 anos, por outro lado, não podem exercer ou praticar certos atos da vida
civil, devendo ser representados pelos seus pais ou responsáveis.
A distinção de capacidade ou incapacidade é importante pois, se, por exemplo, um incapaz se
passar por capaz e celebrar um contrato, esse acordo é nulo ou anulável. A personalidade e seus
direitos são muito importantes pois, como ensina Venosa (2017, p. 179),
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Para a satisfação de suas necessidades, o homem posiciona-se em um dos polos da relação jurídica:
compra, empresta, vende, contrai matrimônio, faz testamento etc. Desse modo, em tomo de sua
pessoa, o ser humano cria um conjunto de direitos e obrigações que denominamos patrimônio,
que é a projeção econômica da personalidade.
Só podem celebrar todos esses atos aqueles que estejam em pleno gozo de sua personalidade.
Os direitos da personalidade, adquiridos com o nascimento e legitimados com a maioridade, são
intransmissíveis e inalienáveis, o que significa que não podemos jamais renunciar a eles. Dentre os
mais importantes direitos da personalidade está o nome. Como diz o CC/2002: “Art. 16. Toda pessoa
tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”.
Aqueles que têm ofensas feitas ao seu nome – sejam pessoas físicas ou jurídicas – podem e
devem receber as devidas reparações. Novamente, estabelece o CC/2002: “Art. 17. O nome da pessoa
não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao
desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória”. Essa proteção também se aplica à
imagem.
Venosa (2017, p. 187) informa ainda que “a imagem da pessoa é uma das principais projeções de
nossa personalidade e atributo fundamental dos direitos ditos personalíssimos. O uso indevido da
imagem traz, de fato, situações de prejuízo e constrangimento”. É o caso de, por exemplo, um
programa televisivo veicular a imagem e nome de alguém como procurado pela justiça, sendo que a
pessoa nada deve à lei.
Nesse caso, a pessoa cujo nome e imagem foi veiculada, certamente terá direito a uma
indenização por dano moral. O mesmo se aplica a empresas: por exemplo: quando alguém ofende
uma empresa na internet, dizendo ter sido enganado ou prejudicado, o ofensor pode ser condenado
a indenizar o ofendido caso suas palavras sejam provadas falsas e caluniosas. Comenta Venosa (2017,
p. 187) que “para fins de indenização, deve ser avaliado se a divulgação atingiu a honra, a boa fama
ou a respeitabilidade da pessoa envolvida. Se a manifestação teve finalidades comerciais, aflora
diretamente o dever de indenizar”.
Em termos de imagem e vida privada, diz o CC/2002: “Art. 21. A vida privada da pessoa natural é
inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir
ou fazer cessar ato contrário a esta norma”. Aqui protege-se a intimidade das pessoas. Em tempos de
redes sociais, vazamentos de vídeos ou imagens comprometedoras tornaram-se, infelizmente,
comuns. Além desses direitos – questões relativas à capacidade, exercício e gozo de atos da vida civil,
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nome e imagem – a personalidade abrange ainda diversos outros temas, como a sucessão e a morte,
que não serão objeto de nossa discussão aqui.
Trataremos, no tema a seguir, do negócio jurídico, que tem na capacidade uma importante
condição de validade.
TEMA 3 – NEGÓCIO JURÍDICO
Nas relações particulares, ocorrem dezenas de tipos distintos de transação. Compra e venda,
aluguel, prestação de serviços. Por isso, um dos pontos centrais do Direito Civil para os negócios
relaciona-se ao chamado negócio jurídico. Seria possível, por exemplo, que um contrato celebrado
por uma pessoa intoxicada por bebidas ou alucinógenos fosse plenamente válido? Seria possível – ou
mesmo justo – que um acordo celebrado entre alguém que tenhasido coagido surtisse efeitos?
Certamente que não. É nesse cenário que discutimos os negócios jurídicos.
Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 232) afirmam que o negócio jurídico é “a declaração de
vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, com o
propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico pretendidos pelo agente”. A
questão da vontade, à qual se referem os autores, existe para deixar claro que nenhum negócio
jurídico celebrado à revelia de uma das partes pode ter validade. Gagliano e Pamplona Filho (2020, p.
232) confirmam que “a ideia de que a manifestação de vontade é seu elemento mais importante,
muito mais, inclusive, do que a forma como se materializou”.
Isso significa que, ainda que o contrato contenha erros de português – por exemplo – ou esteja
redigido à mão, em folhas amassadas, o que importa é a vontade das partes de celebrar determinado
acordo, e não necessariamente a forma da coisa em si. Sobre o negócio jurídico, o Código Civil
afirma: “Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei”.
Ou seja: são válidos os negócios jurídicos quando as partes são capazes (maiores de 18 anos),
quando o objeto de fato existe e é determinado ou determinável, e quando se respeitam as formas
prescritas e não proibidas pela lei. Esses negócios podem ser unilaterais – quando uma só pessoa
declara sua vontade – o que ocorre num testamento; bilaterais – quando envolvem duas partes; ou
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plurilaterais – quando envolvem mais de duas partes. Da mesma forma, podem ser gratuitos – como
uma doação, ou onerosos, como uma compra e venda.
O que ocorre, por exemplo, quando um negócio jurídico é celebrado mediante coação ou erro
de uma das partes? Esse tema está dentro do que chamamos de “vícios ou defeitos do negócio
jurídico”, o que torna o ato passível de anulação. O erro, nos negócios jurídicos é, como explica
Tartuce (2021, p. 420) “um engano fático, uma falsa noção, em relação a uma pessoa, ao objeto do
negócio ou a um direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o negócio”. Um
possível exemplo é de uma pessoa que achou estar comprando um automóvel da pessoa A o qual é,
na verdade, da pessoa B.
Outro ponto que pode levar à anulação de um negócio jurídico é o chamado dolo. O dolo, nos
dizeres de Tartuce (2021, p. 425) “pode ser conceituado como o artifício ardiloso empregado para
enganar alguém, com intuito de benefício próprio. O dolo é a arma do estelionatário”. É doloso o
negócio no qual alguém diz que uma caneta é de ouro e prata, buscando vender algo por um preço
muito acima da média. Ocorre dolo toda vez que alguém quer se aproveitar de outra pessoa. O erro,
por outro lado, tem o produto ou o serviço correto – sem tentar enganar sobre o que a coisa de fato
é.
Além dos negócios feitos sob coação, há aqueles realizados em estado de perigo. Diz o CC/2002:
“Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou
a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa”. É o caso da pessoa que – para salvar o filho – aceita doar sua casa, seu carro e seus bens
para quem, supostamente, tem a criança em sua posse.
No âmbito empresarial, algumas pessoas mal-intencionadas celebram negócio jurídico com a
específica intenção de fraudar credores. É o caso da pessoa que está devendo e doa seu patrimônio
aos filhos e/ou familiares para evitar que os bens sejam utilizados para pagar suas dívidas. Nesses
casos, os credores prejudicados podem anular a doação dos bens do devedor.
O CC/2002 aponta também as situações em que um dado negócio jurídico é nulo:
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
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[...]
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Trata-se de situações que, de uma determinada maneira, reforçam os temas anteriores. Da
mesma forma, negócios ilícitos ou tentativas de burlar a lei também merecem essa nulidade.  
Por fim, há que se retomar à questão colocada no início dessa aula: E se uma pessoa vende a
outra pessoa um bem que sabe ter defeitos? Na situação que colocamos na seção
“Contextualizando”, uma pessoa vende um carro a outra, sabendo que no motor há um problema
grave, cujo conserto custará caro. Essa situação é chamada, pelo Direito, de “vício redibitório”. Um
exemplo semelhante é colocado por Tartuce (2021, p. 1102):
Concretizando, vejamos um exemplo envolvendo vício redibitório. Imagine-se que alguém compre
um imóvel de um particular, que não é profissional nessa atividade de venda de imóveis, por R$
500.000,00, e este apresente um sério problema de encanamento. Como não há relação de
consumo, o caso envolve um vício redibitório, aplicando-se o Código Civil. [...] Na esteira da melhor
doutrina, não há que se confundir o vício redibitório com o erro. No caso de vício redibitório o
problema atinge o objeto do contrato, ou seja, a coisa.
O que fazer, então, quando a coisa objeto do contrato vem eivada de vício redibitório? Resta à
pessoa que sofreu o dano lançar mão da chamada “ação edilícia”. São duas opções: a primeira é a
chamada ação redibitória, na qual a parte lesada pode pedir o desfazimento do negócio jurídico.
Nesse caso, devolve-se o bem ao vendedor que, por sua vez, devolve o dinheiro ao comprador. Outra
opção é a ação estimatória, na qual a parte lesada busca do vendedor o valor necessário para efetuar
a reparação do vício redibitório, ou um abatimento no preço do total. É o que afirma o CC/2002:
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou
defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e
danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
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Com isso, encerra-se tudo o que precisamos saber sobre os negócios no Direito? Não. Por essa
razão, a seguir falaremos sobre obrigações.
TEMA 4 – OBRIGAÇÕES
Como você certamente está percebendo, o Direito tem termos muito específicos: “ação edilícia”,
“vício redibitório” e “ação estimatória”. Agora, trataremos das chamadas obrigações. Para alguém que
não vem da área jurídica, uma obrigação pode ser algo que é necessário fazer: pagar as contas em
dia, estudar as aulas cuidadosamente preparadas pelo professor, ou ir ao trabalho nos horários
corretos e chegar sem atraso.
Para o Direito, por outro lado, obrigação é outra coisa. Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 335)
explicam que as obrigações consistem em um “conjunto de normas (regras e princípios jurídicos)
reguladoras das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a
quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não
fazer”.
E o que isso significa? Significa que as obrigações tratam de relações patrimoniais, o que pode
ser – por exemplo – uma compra e venda firmada num contrato. Os contratos, a respeito dos quais
falaremos adiante, são fontes essenciais das obrigações. No entanto, além deles, há outros tipos
obrigacionais, como veremos aqui.
Tartuce (2021, p. 560) coloca que as obrigações eos contratos “assumem hoje o ponto central
do Direito Privado, sendo tido(s) por muitos como os institutos jurídicos mais importantes de todo o
Direito Civil”. A esse respeito, tudo que aqui falamos sobre a validade do negócio jurídico aplica-se
também às obrigações de forma geral. Fato é que as obrigações possuem pelo menos dois lados: o
sujeito ativo, seu credor e beneficiário; e o sujeito passivo, ou seja, o devedor.
Há vários tipos distintos de obrigações. O primeiro dos tipos é a chamada obrigação de dar. Pode
ser a obrigação de dar uma coisa certa ou de dar coisa incerta. Gagliano e Pamplona Filho (2020, p.
364) ensinam que as obrigações de dar “têm por objeto prestações de coisas, consistem na atividade
de dar (transferindo-se a propriedade da coisa), entregar (transferindo-se a posse ou a detenção da
coisa) ou restituir (quando o credor recupera a posse ou a detenção da coisa entregue ao devedor)”.
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A esse respeito, afirma o CC/2002: “Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os
acessórios dela, embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das
circunstâncias do caso”.
Quando falamos na obrigação de dar coisa certa, nos referimos a algo que pode ser
individualizado. É o imóvel situado na rua X, número Y, de matrícula Z. Ou então o automóvel da
marca A, modelo B, placa C e chassi D. Trata-se de um item específico. Quando o art. 233 do CC/2002
afirma que a obrigação de dar abrange os acessórios, isso significa que aquele que adquire um
automóvel leva junto o rádio nele instalado; aquela pessoa que adquire uma casa, leva também as
benfeitorias nela incluídas.
E o que seriam as obrigações de dar coisa incerta? Como posso saber algo se é incerto?
Explicam Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 370) que essa obrigação possui prestação que “consiste
na entrega de coisa especificada apenas pela espécie e quantidade. É o que ocorre quando o sujeito
se obriga a dar duas sacas de café, por exemplo, sem determinar a qualidade (tipo A ou B). Trata-se
das chamadas obrigações genéricas”.
Ou seja: aquilo que é incerto indica-se pelo tipo de coisa que é – soja, café, arroz, feijão. É o que
reitera o CC/2002: “Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”.
Os contratos do agronegócio incluem-se nesse tipo de obrigação.
Outro tipo muito comum de obrigação são as obrigações de fazer. É o que ocorre na prestação
de serviços de forma geral. A esse respeito, Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 379) discorrem que
nas obrigações de fazer interessa ao credor a própria atividade do devedor. Em tais casos, a
depender da possibilidade ou não de o serviço ser prestado por terceiro, a prestação do fato
poderá ser fungível ou infungível. A obrigação de fazer será fungível quando não houver restrição
negocial no sentido de que o serviço seja realizado por outrem. Assim, não obstante eu contrate a
reparação do cano da cozinha com o encanador Caio, nada impede – se as circunstâncias do
negócio não apontarem em sentido contrário – que a execução do serviço seja feita pelo seu
colega Tício. [...] Por outro lado, se ficar estipulado que apenas o devedor indicado no título da
obrigação possa satisfazê-la, estaremos diante de uma obrigação infungível. Trata-se das chamadas
obrigações personalíssimas (intuitu personae), cujo adimplemento não poderá ser realizado por
qualquer pessoa, em atenção às qualidades especiais daquele que se contratou. Tal ocorre quando
se contrata um renomado artista para pintar um retrato, ou um consagrado cantor para apresentar-
se em um baile de formatura. Tais pessoas não poderão, sem prévia anuência do credor, indicar
substitutos, sob pena de descumprirem a obrigação personalíssima pactuada.
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Além dos exemplos acima, podemos citar os serviços de consultoria. Muitos são contratados
levando em consideração a reputação e conhecimentos do consultor, de forma que são obrigações
de fazer infungíveis. E o que seriam as obrigações de não fazer? O não fazer é, antes de mais nada,
uma omissão. Você pactua com alguém que esse alguém não terá determinada conduta. Novamente,
Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 388) explicam que uma obrigação de não fazer é
o que ocorre quando alguém se obriga a não construir acima de determinada altura, a não instalar
ponto comercial em determinado local, a não divulgar conhecimento técnico para concorrente de
seu ex-empregador, a não sublocar a coisa etc. Observe-se que, em todas essas hipóteses, o
devedor descumpre a obrigação ao realizar o comportamento que se obrigara a abster.
Nesses casos, se a pessoa que se obrigou a não praticar determinado ato acabe praticando-o,
essa pessoa pode responder na justiça pelos danos que causar. Por fim, há as chamadas obrigações
solidárias. Trata-se de uma obrigação solidária toda aquela que tem mais de um credor ou mais de
um devedor. Se eu tenho mais de um credor para minha dívida – imagine que devo uma determinada
quantia para um casal – posso dar por cumprida minha obrigação quando pagar a qualquer um dos
credores.
TEMA 5 – DIREITO DOS CONTRATOS
No âmbito do negócio jurídico, há dezenas de situações específicas que ensejam vícios de
vontade ou de validade. Existem também diferentes tipos de obrigação às quais cabem diferentes
tipos contratuais. Veremos os contratos em espécie em breve, e por isso é importante que você saiba
o que são e quais os requisitos contratuais desde já.
Inicialmente, a própria definição de contratos assemelha-se à definição de obrigações de forma
geral. Tartuce (2021, p. 970) ensina que um contrato
é um ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos duas declarações de vontade, cujo objetivo é
a criação, a alteração ou até mesmo a extinção de direitos e deveres. Os contratos são, em suma,
todos os tipos de convenções ou estipulações que possam ser criadas pelo acordo de vontades e
por outros fatores acessórios.
Perceba como, novamente, a questão da vontade aparece como algo de muita importância:
lembre-se de que um negócio jurídico celebrado sob coação, ameaça ou perigo de vida não pode ser
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exigível. Os contratos servem, antes de tudo, para que as pessoas criem direitos e obrigações entre si:
“Você me dá uma quantia em dinheiro, e eu presto consultoria na empresa em que você trabalha”.
O contrato é o documento que estipula os detalhes dessa relação: a forma de pagamento, o
prazo, a data de entrega e todos os dados sobre o que combinamos estarão ali escritos. Contratos
podem ser gratuitos, quando somente uma das partes se obriga a alguma coisa, como numa doação;
ou onerosos, quando envolve vantagens patrimoniais para ambas as partes.
E quando um contrato se forma? Antes mesmo da assinatura de um dado documento, um
contrato se forma quando as vontades se encontram, como afirmam Gagliano e Pamplona Filho
(2020, p. 661):
Caio (parte 1), por exemplo, manifestando o seu sério propósito de contratar, apresenta uma
proposta ou oferta a Tício (parte 2), que, após analisá-la, aquiesce ou não com ela. Caso haja
aceitação, as manifestações de vontade fazem surgir o consentimento, consistente no núcleo
volitivo contratual.
Note-se, entretanto, que até a formação do contrato (por meio do consentimento firmado) os
interesses dos contraentes são contrários. Tome-se o exemplo de um contrato de compra e venda.
O vendedor quer vender pelo preço mais alto, e o comprador quer comprar pelo preço mais baixo.
Nessa linha, superada a fase das tratativas preliminares, formula-se uma proposta interessante
também para o comprador, que, aquiescendo, culmina por fechar o negócio.
Como vimos, para o negócio jurídico, a declaração de vontade é essencial, e aqui não vale a
velha máxima de que “quem cala, consente”. O aceite e o consentimento precisam ser expressos, ouvocê não conseguirá cobrar a parte devedora. É aqui que costuma surgir uma dúvida: as tratativas
obrigam as partes? Normalmente não, a não ser que uma das partes tenha levado a outra a acreditar
que o contrato seria efetivamente celebrado.
Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 663) comentam que, no caso das tratativas, “podemos
pensar na ideia de reparação dos prejuízos da parte que efetivou gastos na certeza da celebração do
negócio, se todos os indícios da negociação iam nesse sentido”.
Outro ponto bastante relevante é a proposta. Muitas vezes, empresas ou vendedores, sabendo
da iminência de perder um bom contrato, enviam uma proposta bastante atrativa a seus potenciais
clientes para afastar os concorrentes de um possível acordo. Uma vez que o potencial cliente
dispensa o concorrente, essas pessoas alteram as propostas. O CC/2002 afirma: “Art. 427. A proposta
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de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do
negócio, ou das circunstâncias do caso”.
É justamente por isso que indicamos que toda proposta comercial seja acompanhada de um
prazo: “a presente proposta terá validade de X dias”. Do contrário, pode-se ter dores de cabeça com
exigências incabíveis de nossa clientela.
TROCANDO IDEIAS
Infelizmente, tem sido comum que as pessoas recebam produtos muito diferentes daquilo que
compraram, especialmente quando a compra se dá via e-commerce, como tapetes que são
mousepads ou cadeiras que são repousos para smartphones. Para evitar esses dissabores, a melhor
dica possível é desconfiar de preços extremamente atrativos ou muito mais baixos do que o normal.
Isso certamente o protegerá desse tipo de fraude. Ainda no e-commerce, abundam as histórias de
crianças que pegam os telefones dos pais e acabam efetuando grandes compras. Em 2020, por
exemplo, uma criança pegou o telefone da mãe e abriu um aplicativo de delivery. A criança
encomendou cerca de R$ 400,00 em lanches de uma famosa marca de fast food. Como o cartão da
mãe estava cadastrado no aplicativo, a compra ocorreu sem maiores problemas. Tendo sido realizada
por um menor de idade plenamente incapaz para os atos da vida civil, você acha que essa compra é
válida? A mãe deveria arcar com o valor do lanche, ou a lanchonete deveria reembolsar a cliente?
Comente a respeito e observe se algum colega tem uma história semelhante. O que você faria se a
criança em questão fosse com um(a) filho(a) seu(sua)?
NA PRÁTICA
Infelizmente, segue sendo comum que compras e vendas realizadas com vícios ocultos
continuem a parar na Justiça. Conheça a jurisprudência – julgada abaixo – apresentada por Tartuce
(2021, p. 1106):
Compra e Venda. Alegação de vício redibitório. Ação de cobrança de valor destinado à
recomposição do imóvel. Ação ajuizada antes de completado um ano da data em que a autora
tomou conhecimento dos vícios ocultos. Decadência não configurada. Aplicação do artigo 445, §
1.º, do Código Civil. Imóvel sujeito a infiltrações, somente observadas quando da temporada de
chuvas. Fato que não foi levado ao conhecimento da adquirente. Danos anteriores mascarados com
a pintura recente do prédio. Valor de recomposição não impugnado. Sentença de procedência
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mantida. Agravos retidos da autora que restam prejudicados em face da decisão dada ao mérito da
demanda. Apelação desprovida” (TJSP, Apelação Cível 617.558.4/4, Acórdão 3498071, 2.ª Câmara de
Direito Privado, Catanduva, Rel. Des. Morato de Andrade, j. 03.03.2009, DJESP 26.03.2009).
Trata-se de um caso em que a pessoa comprou um imóvel e, menos de um ano após tê-lo
adquirido, constatou inúmeros problemas que não poderiam ter sido descobertos anteriormente. Nas
inspeções realizadas, muitas coisas estão realmente ocultas: encanamento, infiltrações, fiação de luz e
vários outros pontos relevantes. Como você pode perceber, a ação acima busca a cobrança
“destinada à recomposição do imóvel”, tratando-se, portanto de uma ação estimatória, como vimos
nessa aula.
FINALIZANDO
No decorrer dessa aula, você aprendeu que o atual Código Civil (CC/2002) – grande instrumento
normativo deste ramo do Direito – foi instituído pela Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, tendo
entrado em vigor um ano após sua publicação. Antes desse Código, vigorava no Brasil o Código Civil
de 1916 (Lei n. 3.071, de 1 de janeiro de 1916).
O Direito Civil é um ramo do chamado Direito Privado, e tem como uma de suas fontes
principais o Código Civil, de 2002. Além do CC/2002, o costume, os princípios gerais de Direito e os
julgados dos Tribunais são, também, fontes muito relevantes.
Em sua imensa maioria, os cursos de Direito Civil tratam inicialmente dos Direitos da
Personalidade e da Personalidade Jurídica. O Código Civil também o faz. A personalidade jurídica,
como ensinam Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 95) é “a aptidão genérica para titularizar direitos e
contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direito”.
É a partir dos 18 anos que a pessoa adquire a capacidade civil plena para os atos da vida. Entre
os 16 e os 18 anos, a pessoa é relativamente capaz, ou seja, pode fazer algumas coisas (como votar e
casar – se houver autorização dos pais ou responsáveis), mas não pode fazer outras (como dirigir). Os
menores de 16 anos, por outro lado, não podem exercer ou praticar certos atos da vida civil, devendo
ser representados pelos seus pais ou responsáveis.
Um dos pontos centrais do Direito Civil para os negócios relaciona-se ao chamado negócio
jurídico, que se refere às obrigações e aos contratos. Sobre o negócio jurídico, o Código Civil afirma:
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“Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; e III - forma prescrita ou não defesa em lei”. Quando um negócio
jurídico é celebrado mediante coação ou erro de uma das partes, esse negócio é nulo ou anulável.
Você aprendeu também que as obrigações tratam de relações patrimoniais, o que pode ser – por
exemplo – uma compra e venda firmada em um contrato. Os contratos são fontes essenciais das
obrigações. Existem vários tipos de obrigações: de dar coisa certa, de dar coisa incerta, de fazer, de
não fazer e obrigação solidária, entre outras.
Tanto as obrigações quanto os contratos possuem, nas declarações de vontade das partes, sua
condição de validade. As tratativas não obrigam as partes, mas você aprendeu que, quando um dos
lados é levado a acreditar que o acordo será celebrado, seus gastos e despesas devem ser
indenizados no caso de não celebração.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 5
dez. 2021.
GAGLIANO, P. B.; PAMPLONA FILHO, R. Manual de direito civil: volume único. São Paulo: Saraiva,
2020.
TARTUCE, F. Manual de direito civil: volume único. São Paulo: Saraiva, 2021.
VENOSA, S. de S. Direito civil: obrigações e responsabilidade civil. São Paulo: GEN, 2017.
VENOSA, S. de S. Introdução ao estudo do direito: primeiras linhas. São Paulo: GEN, 2017.
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