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As Influências dos movimentos sociais e dos sindicatos na formação e desenvolvimento do serviço Social

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As Influências dos movimentos sociais e 
dos sindicatos na formação e 
desenvolvimento do serviço Social
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo!
Os movimentos sociais no Brasil se confundem com a história do Serviço Social no país. Tanto 
um quanto outro, são uma resposta às necessidades das massas e surgem como reflexo dos proce
ssos de exploração do capital. Ambos objetivam, por meio da organização e do fazer profissiona
l, soluções de enfrentamento para as mais variadas questões da sociedade, que, na maioria das v
ezes, oprime e incapacita as populações mais vulnerabilizadas.
Nesta Unidade de Aprendizagem você vai identificar as causas que fazem emergir os moviment
os sociais e o processo de desenvolvimento do Serviço Social frente a essas demandas.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever a situação dos movimentos sociais e dos sindicatos na década de 60.•
Relacionar os movimentos sociais e sindicais com o Serviço Social.•
Analisar o trabalho que os assistentes sociais desenvolvem em movimentos sociais e sindic
atos.
•
DESAFIO
O período pós 1945 foi uma época fértil para o crescimento dos movimentos sociais e sindicais 
no país.
Considerando esse cenário, você foi designado para realizar uma assembleia com moradores de 
um recém-criado assentamento irregular de moradores de um determinado bairro. A assembleia 
será para discutir sobre uma possível realocação desses indivíduos para um conjunto habitaciona
l próximo e a desapropriação do assentamento atual. Você não conhece os moradores. Qual a pri
meira ação de aproximação que você pode fazer para executar tal tarefa?
INFOGRÁFICO
Uma das formas mais eficazes de legitimar um processo de mobilização social é pela criação de 
uma associação. Ela pode abarcar as mais diversas formas de movimentos, como: movimentos d
e bairros, de produtores rurais, de amigos por determinada causa, de pessoas com deficiência, de 
esportistas, entre outros.
Acompanhe no infográfico a seguir um passo a passo para constituição de uma associação. 
CONTEÚDO DO LIVRO
A temática dos movimentos sociais no Brasil deve ser compreendida como algo oriundo de uma 
série de fricções culturais, sociais e interétnicas. Historicamente, os movimentos de lutas sociais 
surgiram a partir das demandas da população civil, em especial das camadas populacionais de b
aixa renda.
Na leitura do capítulo, você vai compreender as principais causas que corroboraram para que em
ergissem os movimentos sociais e o processo de desenvolvimento do Serviço Social frente a ess
as demandas.
Leia o capítulo Influência dos movimentos sociais e dos sindicatos na formação e desenvolvime
nto do Serviço Social, da obra Fundamentos históricos e teórico-metodológicos do Serviço Soci
al I e II, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
FUNDAMENTOS 
HISTÓRICO E TEÓRICO 
METODOLÓGICOS
Anderson 
Barbosa Scheifler
As influências dos 
movimentos sociais e dos 
sindicatos na formação 
e no desenvolvimento 
do Serviço Social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a situação dos movimentos sociais e dos sindicatos na 
década de 1960.
  Relacionar os movimentos sociais e sindicais com o Serviço Social.
  Reconhecer o trabalho que os assistentes sociais desenvolvem em 
movimentos sociais e sindicatos.
Introdução
A trajetória dos movimentos sociais no Brasil se confunde com a história 
do Serviço Social no País. Ambos são uma resposta às necessidades das 
massas e surgem como reflexo dos processos de exploração do capital. 
Eles buscam, por meio da organização e do fazer profissional, soluções 
de enfrentamento para as mais variadas questões da sociedade, que na 
maioria das vezes oprime e incapacita as populações mais vulneráveis.
Neste capítulo, você vai identificar as causas que fazem emergir os 
movimentos sociais. Além disso, vai ver o desenvolvimento do Serviço 
Social frente a essas demandas.
C08_InflunciadosMovimentosSociais.indd 1 26/06/2018 08:37:21
Movimentos sociais da década de 1960
Os movimentos sociais brasileiros são oriundos de uma série de fricções 
culturais, sociais e interétnicas. Historicamente, em especial no caso do Brasil, 
os movimentos de lutas sociais surgiram a partir das demandas da população 
civil, principalmente das camadas populacionais de baixa renda. Estas, muitas 
vezes apartadas de direitos, cidadania e condições mínimas de subsistência, 
rebelaram-se inúmeras vezes contra a ordem estabelecida e, infelizmente, na 
maior parte das vezes tiveram suas lutas retratadas sob o ponto de vista de 
seus opositores, militares, tiranos e outros. Gohn (1995, p. 18) destaca que, 
“[...] no período do Brasil colônia e império, os confl itos emergiram inclusive 
de problemáticas relacionadas à divisão territorial do País e da falta de comu-
nicação entre as suas províncias”. 
Para compreender melhor esses conflitos, Gohn (1995) destaca seis cate-
gorias que sintetizam as lutas do século XIX. São elas:
1. lutas relacionadas aos processos da escravidão;
2. lutas em torno das cobranças do fisco (impostos); 
3. lutas dos pequenos camponeses; 
4. lutas contrárias a legislações e/ou atos do poder público; 
5. lutas em prol da mudança do regime político (tanto pela manutenção 
da república quanto pela volta da monarquia); 
6. lutas entre categorias socioeconômicas (comerciantes brasileiros versus 
portugueses).
Todos esses conflitos alcançaram as zonas urbanas e rurais. Gohn (1995) 
também afirma que a monocultura do café, predominante na época, e o 
sistema produtivo baseado na produção rural e no processamento no meio 
urbano foram grandes motivadores dos conflitos. Além disso, foram rele-
vantes a questão escravagista e a proclamação da República. Na Figura 1, 
a seguir, você pode ver uma fotografia desse período. À direita, a criança 
branca se diverte com seu brinquedo, enquanto os pequenos escravos apa-
recem à frente, sentados. 
As influências dos movimentos sociais e dos sindicatos na formação e no desenvolvimento do Serviço...2
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Figura 1. Fazenda Quititi, Rio de Janeiro, 1865 (Georges Leuzinger/Acervo 
Instituto Moreira Salles). 
Fonte: 10 Raras... (2014).
Para compreender as lutas e os movimentos sociais da década de 1960, 
é necessário conhecer o cenário político do Brasil na época, em especial as 
transformações ocorridas após o período de redemocratização iniciado em 
1945. O período nacional-desenvolvimentista foi propício à efervescência de 
movimentos sociais e sindicais. A multiplicação de juntas político-partidárias 
no País concebeu um cenário favorável à multiplicação de sindicatos, asso-
ciações e demais órgãos de representação popular, alguns oficiais e outros 
considerados paralelos. Esses movimentos emergiram reivindicando, entre 
outras pautas, a necessidade de implementação de reformas de base, políticas 
nacionalistas e projetos que permitissem um suporte adequado à população que 
se multiplicava na cidade em razão do crescente êxodo rural (GOHN, 1995). 
O meio urbano foi, em meados da década de 1960, o grande propulsor das 
principais formas de organização popular no País. O movimento migratório 
que teve como destino os grandes centros urbanos criou demandas relacionadas 
a condições de moradia, água, luz, saneamento e políticas públicas em geral. 
Gohn (1999) classifica esses movimentos a partir de três formas de agregação: 
as Sociedades Amigos de Bairros (SABs), as Associações de Favelas (AFs) e 
as Associações e Movimentos Comunitários (AMCs).
3As influências dos movimentos sociais e dos sindicatos na formação e no desenvolvimento do Serviço...
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As SABs tinham como característica um grande envolvimento político. 
Elas utilizavam o voto e a mobilização popular para alcançar suas demandas 
diante dos governos populistasde até então. Além disso, estabeleciam uma 
relação clientelista com o Estado e, geralmente, eram lideradas por integrantes 
da “esquerda política”. Suas principais bandeiras relacionavam-se com a busca 
de melhores condições de transporte, infraestrutura, água, luz e saneamento. 
Elas também propunham a construção de conjuntos habitacionais, na grande 
maioria das vezes executados pelo setor privado, pela autoconstrução e, em 
menor parte, com a participação do poder público (em especial na construção 
de moradias para o funcionalismo público). As SABs passaram por um pro-
cesso de institucionalização na década de 1960, agrupando-se em conselhos 
e federações. 
A segunda principal forma de agregação são as chamadas associações de 
favelas. Surgidas no Rio de Janeiro na década de 1960, tinham como objetivo 
oferecer um contraponto aos interesses conservadores da época, que iniciavam 
um processo de remoção das comunidades. O grande marco desse processo 
foi a criação da Federação das Associações de Favela do Estado da Guanabara 
(FAFEG), fundada em 12 de junho de 1963:
A FAFEG foi uma importante frente de articulação política coletiva de rei-
vindicação. Em sua atuação, a federação colocava-se pronta a colaborar com 
as autoridades, mas, ao mesmo tempo, se reservava o direito de resistir a 
iniciativas que julgasse inconvenientes àqueles que representava, além de 
promover a fiscalização do emprego de verbas públicas nos territórios de 
favelas (OAKIM, 2014, p. 31).
A terceira forma de organização popular urbana foram as associações e 
movimentos comunitários. Elas foram impulsionadas pela influência da Igreja 
Católica em sua ala conhecida como “teologia da libertação”. As AMCs tinham 
como principais características: a base social ampla e homogênea, formada 
por setores populares; a organização por regiões geográficas, geralmente 
paróquias; o envolvimento em diversas frentes de luta; a presença de agentes 
pastorais, padres, freiras, líderes populares e assessores; a divisão do trabalho, 
com destaque para a função dos agentes pastorais; e o foco nas populações 
mais miseráveis e vulneráveis da sociedade, com foco na lógica da garantia 
de direitos (GOHN, 1999).
Os sindicatos tiveram papel fundamental na liderança dos grandes movi-
mentos grevistas da década de 1960. As disputas políticas, o esgotamento do 
sistema econômico vigente e as demandas pela implantação de uma profunda 
reforma de base no País foram fatores que incitaram diversos processos grevis-
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tas. Naquele período, tais processos, entre outras pautas, buscavam o reajuste 
do salário mínimo e a sanção da lei do décimo terceiro salário, aprovada em 
1963 pelo presidente João Goulart (Figura 2).
Figura 2. A imprensa da época se opunha à criação do décimo ter-
ceiro salário.
Fonte: Campante (2017).
Após o golpe militar de 1964, os movimentos sociais ingressaram em um 
processo de resistência ao regime opressor de controle social e político imposto 
pelos militares. As torturas, prisões e perseguições contra os movimentos de 
esquerda mobilizaram esses agentes e criaram um período de efervescência 
das lutas sociais. 
As frentes de esquerda dividiram-se em diversos grupos que operavam 
na clandestinidade. Muitos deles utilizavam a luta armada como método de 
combate ao regime militar da época. Nesse momento, os movimentos de 
resistência tinham como norte a luta em favor da reforma agrária e o apoio 
aos movimentos estudantis. 
Por outro lado, a redefinição econômica imposta pelo sistema capitalista 
instaurado vinha avançando por meio da instalação de indústrias multinacio-
nais, do crescimento do setor de construção civil e do crescente aumento do 
poder de consumo da população. Esses processos ocasionaram um aumento 
populacional nas periferias das grandes cidades, o que serviu de base para os 
movimentos sociais que emergiram na década seguinte.
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Os movimentos de resistência tiveram suma importância no período. A região do ABC 
paulista, maior parque industrial do País, foi o berço do movimento sindical contem-
porâneo. No link a seguir, você pode ver uma entrevista sobre o livro O Movimento 
Operário no ABC Paulista contado por seus autores.
https://goo.gl/XvTpAk
O Serviço Social e os movimentos sociais
O surgimento do Serviço Social remonta à metade do século XIX. Ele nasceu 
por volta dos anos 1860, na Europa, e se desenvolveu especialmente na In-
glaterra. Seu aparecimento está ligado às condições do sistema capitalista da 
época, que criavam insatisfação nas populações de baixa renda e se convertiam 
em demandas dos trabalhadores. 
A classe dominante, a burguesia, tinha de buscar formas de conter esses 
conflitos e manter o status quo, ou seja, o sistema por meio do qual obtinha 
riqueza. Assim, uniu-se com a Igreja e o Estado a fim de implementar o ideário 
da chamada Escola Filantrópica, que, segundo Martinelli (2000), não possuía o 
objetivo de produzir nenhuma mudança substancial na ordem social, tampouco 
de permitir que as classes baixas assumissem qualquer tipo de protagonismo 
sobre suas causas. A Escola Filantrópica tinha por finalidade manter a ordem 
social vigente, dando absoluto controle para a burguesia, a despeito das lutas 
populares, e eliminando arestas que poderiam desestabilizar o projeto de 
poder das classes altas. 
Sobre isso, considere o seguinte:
Ocultando suas reais intenções em um abstrato discurso humanitário, baseado 
na igualdade e na harmonia entre as classes, a prática social burguesa procurava 
gerar a ilusão de que havia, por parte da sociedade, um real interesse sobre as 
condições de vida da família operária, por seu salário, por suas condições de 
habitação, saúde, educação. Assim, atendendo a determinações da burguesia, 
colocando-se a seu serviço, os reformistas, eles próprios membros da classe 
burguesa, proporcionaram todas as condições para que a prática social fosse 
plasmada de acordo com seus interesses de classe, fazendo da face da prática 
social a face da burguesia, que era, na verdade, a classe dominante da sociedade 
europeia durante toda a metade do século XIX (MARTINELLI, 2000, p. 65).
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O Serviço Social, portanto, é cria do sistema capitalista e por muito tempo 
serviu de instrumento da classe dominante para garantir a reprodução desse 
sistema. O processo de ruptura iniciou-se no período pós-Segunda Guerra 
Mundial. Com diversos países trabalhando na recuperação das suas economias 
e na reestruturação social, surge um cenário ideal para a aceleração da cons-
ciência da classe trabalhadora, inclusive dos profissionais de Serviço Social. 
Martinelli (2000) destaca que, em especial no Brasil, esse processo de 
ruptura se deu por meio de circunstâncias que favoreceram a reflexão coletiva 
sobre as práticas profissionais. Entre os aspectos que favoreceram tal reflexão 
estariam a crescente ampliação do contingente profissional, a diversificação 
dos profissionais da área, que passaram a trazer diferentes percepções de 
mundo, e, em especial, o próprio processo de institucionalização do Serviço 
Social junto ao meio empresarial, vivenciando as lutas da classe trabalhadora. 
É nesse momento, principalmente nas décadas de 1960 e 1970, que a profis-
são começa a romper com o Serviço Social tradicional. A partir daí, ela passa 
a assumir um compromisso político com classes trabalhadoras, movimentos 
sociais, associações e sindicatos.
Barroco (2006) afirma que, nesse processo de ruptura profissional, surge 
uma parcela da categoria que faz a opção pela ampliaçãoda consciência política 
e cívica, rompendo com os interesses da classe burguesa, aproximando-se do 
marxismo e voltando suas práticas para as demandas das classes populares 
e suas lutas. Outra parte, a chamada “militância católica”, opta também por 
atuar junto aos pobres e necessitados, com ações especialmente voltadas 
para a educação popular e a formação política. Ela rompe com os chamados 
aparelhos ideológicos do Estado e volta sua atuação para o desenvolvimento 
de ações no meio urbano, em especial nas favelas e periferias, unindo suas 
forças às dos movimentos sociais populares e tornando-se a face militante 
desses movimentos. 
Esse é, até então, o momento mais importante na trajetória do Serviço 
Social no Brasil e na América Latina. O processo de ruptura produz um novo 
significado à profissão. Isso permite desenvolver um pensamento crítico rela-
cionado a questões como os processos de geração de riquezas, a exploração do 
capital e a garantia de direitos. Nessa fase, também surgem novos referenciais 
teóricos que permitem uma crítica às teorias tradicionais do Serviço Social. 
Além disso, emergem os debates entre profissionais de outros países e o 
intercâmbio entre eles. Assim, firma-se o compromisso profissional com a 
classe trabalhadora. 
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Em meio ao golpe militar de 1964, os profissionais assumiram uma postura 
de resistência aos retrocessos, reforçando ainda mais sua posição de ruptura 
com as velhas práticas e pautando suas ações em vista da emancipação dos 
sujeitos (Figura 3). 
Figura 3. O Serviço Social participou ativamente dos movimentos sociais 
de resistência ao regime militar.
Fonte: Memórias... ([200-?]).
Para conhecer melhor a história do Serviço Social, leia o artigo O Serviço Social no Brasil: 
das origens à renovação ou o “fim” do “início”, apresentado no 4º Simpósio Mineiro de 
Assistentes Sociais (SILVA; SILVA; SOUZA JUNIOR, 2016).
O Serviço Social no contexto da desigualdade
Em uma sociedade como a brasileira, as camadas sociais estratifi cam-se em 
diversas segmentos. Nessa divisão, há a classe dominante, os trabalhadores 
e ainda uma terceira classe, composta por aqueles que se encontram excluí-
dos do mercado de trabalho. Estes incluem trabalhadores informais, jovens, 
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imigrantes, mulheres, menores que vivem na rua, idosos aposentados, etc. 
A parcela de excluídos reúne os principais atores sociais dos movimentos de 
luta e reivindicação de direitos. 
Nessa perspectiva, é necessário que esses atores busquem formas de so-
brevivência, até mesmo para suprir as suas necessidades mais básicas, como 
moradia, alimentação e outras. Essa busca envolve processos de luta, mobiliza-
ção e participação popular. Assim, a organização social é o que pode garantir 
a subsistência dessas camadas. Nesse contexto, o profissional de Serviço 
Social assume papel importante, trabalhando em conjunto com prefeituras, 
associações de moradores e trabalhadores, instituições de ensino superior, 
Organizações Não Governamentais (ONGs) e outros grupos.
Todos esses processos de exclusão são frutos do sistema capitalista, gerador 
de desigualdades sociais, que são familiares por fazerem parte do cotidiano de 
todos. Alguns as encaram como condição natural dos seres humanos, indepen-
dentes do sistema vigente. Outros, por sua vez, veem o processo de geração 
das desigualdades sociais como algo perverso e que deve ser transformado. 
Costa (2012) trata as desigualdades como um aspecto estruturante e trans-
versal das sociedades, porém afirma que nos últimos anos a temática voltou 
a estar presente nos debates sociais e políticos. Esse retorno tem até mesmo 
ocasionado maior sensibilização. O autor destaca ainda que os processos de 
desigualdades sociais na sociedade contemporânea muitas vezes ocorrem 
em sentidos opostos. Por um lado, há aumento da desigualdade salarial e da 
ocupação de cargos de gerência por homens em detrimento de mulheres; por 
outro lado, há superioridade das taxas de escolaridade feminina.
Cunha (1981) caracteriza em três dimensões teóricas os processos de 
desigualdades contemporâneas: desigualdades vitais, desigualdades existen-
ciais e desigualdades de recurso. O conceito de desigualdades vitais engloba 
as desigualdades relacionadas à vida, à morte e à saúde. As desigualdades 
existenciais agrupam as desigualdades de liberdade, direitos, reconhecimento 
e respeito. O racismo, o patriarcado e a escravatura são algumas manifestações 
dessa dimensão teórica de desigualdade. Por fim, as desigualdades de recurso 
incluem as desigualdades de rendimentos e de riqueza, de escolaridade e de 
qualificação profissional, de competências cognitivas e culturais, de posição 
hierárquica nas organizações e de acesso a redes sociais. Nesse contexto, os 
movimentos de participação e organização social atuam a fim de alterar a 
condição de exclusão e desigualdade social, buscando a igualdade de direitos 
e a garantia de sobrevivência.
Ciconello (2008) retrata o processo de consolidação da participação so-
cial no Brasil a partir dos anos 1980, com o retorno do regime democrático 
9As influências dos movimentos sociais e dos sindicatos na formação e no desenvolvimento do Serviço...
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pós-ditadura militar. A democracia participativa deveria obedecer a alguns 
princípios ideais para a sua real efetivação. Com base nesses princípios, a 
democracia deveria: ser um processo educativo voltado para o exercício pleno 
da cidadania, levando ao estabelecimento de conexões e influências mútuas 
entre as esferas públicas e privadas; permitir que as decisões coletivas fossem 
aceitas mais facilmente pelos indivíduos, uma vez que eles tomam parte no 
processo de decisão; produzir maior integração social, na medida em que produz 
um sentimento de pertencimento de cada cidadão isolado à sua comunidade 
ou grupo organizado (associação, sindicato, movimento social).
Ainda no período da ditadura militar, surgiram muitos espaços de mobilização 
e debates na base da sociedade brasileira. Organizações formais e informais, 
compostas por militantes, religiosos, intelectuais e movimentos sociais, emergi-
ram nesses espaços na busca por melhores condições de educação, de liberdade, 
de trabalho e outras pautas inspiradas por referenciais teóricos da época, como 
a teologia da libertação e a chamada educação popular de Paulo Freire. 
Esses movimentos tinham por objetivo alcançar a emancipação e a cons-
ciência cidadã, que seria obtida também por meio do referencial marxista. Na 
perspectiva do pensador Antônio Gramsci (apud CICONELLO, 2008, p. 2): 
“[...] a mudança só poderia ocorrer a partir de uma maior consciência de 
classe e das estruturas de desigualdade e de opressão a que estava submetida 
a maior parte da população brasileira” .
Esses processos de mobilização popular e participação social vêm avan-
çando no Brasil nos últimos tempos. Iniciativas que envolvem Estado, sociedade 
civil e população têm se apresentado como possibilidades de superação frente 
ao processo de desresponsabilização do Estado. Aqui, você pode considerar os 
processos de apoio e incentivo às ações de geração de trabalho e renda, assim 
como as problemáticas encontradas para a implantação do trabalho coletivo 
junto às classes trabalhadoras oriundas do trabalho informal e precário.
Nas últimas décadas, grandes transformações ocorreram na sociedade; o 
sistema neoliberal, a reestruturação produtiva e a acumulação flexível têm 
produzido inúmeras mazelas decorrentes do processo de acumulação do capital. 
Entre elas, você pode considerar o desemprego, a precarização do trabalho e a 
exploração inconsequente dosbens naturais. O homem alienado dentro de um 
sistema de produção capitalista produz mercadorias degradando o ambiente 
de forma globalizada (ANTUNES, 2008).
Nesse sentido, a historiografia apresenta o relato e a análise das transfor-
mações do sistema capitalista, suas estratégias para manter a hegemonia e 
as mudanças que ocorrem na vida dos trabalhadores do mundo todo, que se 
adaptam às novas formas de trabalho. Entre essas novas formas de trabalho, 
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destacam-se as formas precárias e as associativas, como é o caso dos catadores 
de materiais recicláveis.
Com o abandono de algumas camadas da população por parte da atual 
política de recorte neoliberal, algumas empresas (por meio de ações de res-
ponsabilidade social) e organizações do terceiro setor acabam por assumir 
responsabilidades do Estado, investindo em projetos e pesquisas na busca de 
desenvolvimento social, certificações e isenção de impostos.
Nesse cenário, emerge a prática dos assistentes sociais. Como você viu, no 
atual contexto de precarização do trabalho, o profissional encontra campo para 
o desenvolvimento de ações, programas e projetos que visam à organização 
coletiva de trabalhadores e também ao suporte a sindicatos e movimentos 
sociais como um todo. Outro foco de relevância crescente para a realização da 
prática profissional são as organizações de terceiro setor, como as ONGs e as 
Organizações de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). Esses grupos 
geralmente se inserem na rede socioassistencial em pontos estratégicos nos 
quais o Estado não consegue suprir a demanda da população. Como exemplos 
dessas organizações, você pode considerar aquelas que apoiam pessoas com 
deficiências e crianças em situação de abandono, bem como as que investem 
em reinserção social de presos, geração de trabalho e renda e apoio a pessoas 
com doenças como câncer, AIDS e outras. 
10 RARAS fotos de escravos brasileiros. Pragmatismo Político, maio 2014. Disponível 
em: <https://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/05/10-raras-fotos-de-escravos-
-brasileiros.html>. Acesso em: 23 jun. 2018.
ANTUNES, R. Século XXI: nova era da precarização estrutural do trabalho? In: SE-
MINÁRIO NACIONAL DE SAÚDE MENTAL E TRABALHO, 1. 2008. Anais..., São Paulo, 
2008. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/Arquivos/sis/EventoPortal/
AnexoPalestraEvento/Mesa%201%20-%20Ricardo%20Antunes%20texto.pdf>. Acesso 
em: 23 jun. 2018.
BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 4. ed. São Paulo: 
Cortez, 2006.
CAMPANTE, R. G. O 13º veio de uma greve geral. Brasil de Fato, maio 2017. Disponível 
em: <https://www.brasildefato.com.br/2017/05/03/o-13o-veio-de-uma-greve-geral/>. 
Acesso em: 23 jun. 2018.
CICONELLO, A. A participação social como processo de consolidação da democracia. 
In: GREEN, D. From poverty to power: how active citizens and a effective states can 
change the world. Oxford: Oxfam International, 2008.
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COSTA, A. F. Desigualdades sociais contemporâneas. Lisboa: Mundos Sociais, 2012.
CUNHA, L. A. Educação e desenvolvimento social no Brasil. 6. ed. Rio de Janeiro: Livraria 
Francisco Alves, 1981.
GOHN, M. da G. História dos movimentos e lutas sociais: a construção da cidadania dos 
brasileiros. São Paulo: Loyola, 1995.
GOHN, M. da G. Movimentos e educação. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
MARTINELLI, M. L. Serviço Social: identidade e alienação. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
MEMÓRIAS da ditadura: pichação “abaixo a ditadura” (1968). [200-?]. Disponível em: 
<http://memoriasdaditadura.org.br/obras/pichacao-abaixo-ditadura-1968/index.
html>. Acesso em: 23 jun. 2018.
OAKIM, J. Urbanização sim, remoção não: a atuação da Federação das Associações de 
Favelas do Estado da Guanabara nas décadas de 1960 e 1970. 2014. 211 f. Dissertação 
(Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014. Disponível 
em: <https://app.uff.br/riuff/handle/1/286>. Acesso em: 23 jun. 2018.
SILVA, A. B.; SILVA, D. T.; SOUZA JUNIOR, L. C. O Serviço Social no Brasil: das origens à 
renovação ou o “fim” do “início”. In: SIMPÓSIO MINEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS, 4. 
2016. Anais... Belo Horizonte, 2016. Disponível em: <http://cress-mg.org.br/hotsites/
Upload/Pics/ec/ecd5a070-a4a6-4ba1-8e4a-81b016479890.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2018.
Leituras recomendadas
BRASIL. Lei nº. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência 
Social e dá outras providências. 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L8742compilado.htm>. Acesso em: 23 jun. 2018.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Norma Operacio-
nal Básica NOB/SUAS: construindo as bases para a implantação do sistema único de 
assistência social. Brasília: MDS, 2005. Disponível em: <http://www.assistenciasocial.
al.gov.br/sala-de-imprensa/arquivos/NOB-SUAS.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Código de ética profissional dos assistentes 
sociais. In: COLETÂNEA de leis revista e ampliada. Porto Alegre: CRESS 10ª região. 2005.
REDE TVT. Livro traz depoimentos de operários que viveram o movimento sindical 
nas décadas de 50, 60 e 70. Youtube, jan. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=J4jpjCIyIVQ>. Acesso em: 23 jun. 2018.
SCHEIFLER, A. B. O bolsista prouni na universidade de Cruz Alta: perspectivas e impactos 
sociais. 2016. 100 f. Dissertação (Mestrado em Práticas Socioculturais e Desenvolvi-
mento Social) - UNICRUZ, Cruz Alta, 2016. Disponível em: <https://home.unicruz.
edu.br/wp-content/uploads/2017/03/DISSERTACAO-ANDERSON-VERSAO-FINAL.
pdf>. Acesso em: 23 jun. 2018.
As influências dos movimentos sociais e dos sindicatos na formação e no desenvolvimento do Serviço...12
C08_InflunciadosMovimentosSociais.indd 12 26/06/2018 08:37:24
 
DICA DO PROFESSOR
O Serviço Social ao longo de sua história passou por inúmeros processos de transição, readequa
ção e até mesmo por algumas rupturas bruscas, como aquelas vistas nos anos de 1960 e 1970. Ai
nda assim, os assistentes sociais sofrem com um alto grau de desinformação da população em ge
ral com relação às atribuições desses profissionais.
No vídeo da Dica do Professor você verá quais as diferenças entre serviço social, assistente soci
al, assistência social e assistencialismo.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
NA PRÁTICA
João é assistente social de um pequeno Município, onde uma considerável parcela da população 
sobrevive como catadores de materiais recicláveis.
Para auxiliar essas pessoas, conhecer suas principais necessidades e dificuldades, João fez um pr
ojeto para iniciar a organização de um grupo de catadores de materiais recicláveis no Munícipio. 
 
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/0822a23493f2385da78b1f851b900ad9
 
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:
Palestra: Luta de classes, movimentos sociais e Serviço Social
O vídeo aborda informações sobre os movimentos sociais e o Serviço Social no Brasil.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Projeto: Profissão Catador
Acesse o site para conhecer mais sobre o projeto "Profissão Catador", que tem como propósito c
onstituir uma rede de comercialização de materiais recicláveis, fortalecendo a organização econ
ômica e social dos catadores de materiais recicláveis do Município de Cruz Alta (RS).
https://www.youtube.com/embed/pUcsXAcd2kg
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A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA SINDICAL DOSERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
http://profissaocatador.blogspot.com/
https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:J3YWjgqFykcJ:https://periodicos.ufes.br/abepss/article/view/23266/16024+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

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