Prévia do material em texto
DOMINA CONCURSOS PDF 2022 DOMINA CONCURSOS QUEM SOMOS A Domina Concursos, especialista há 8 anos no desenvolvimento e comercialização de apostilas digitais e impressas para Concurso Públicos, tem como foco tornar simples e eficaz a forma de estudo. Com visão de futuro, agilidade e dinamismo em inovações, se consolida com reconhecimento no segmento de desenvolvimento de materiais para concursos públicos. É uma empresa comprometida com o bem-estar do cliente. Atua com concursos públicos federais, estaduais e municipais. Em nossa trajetória, já comercializamos milhares de apostilas, sendo digitais e impressas. E esse número continua aumentando. MISSÃO Otimizar a forma de estudo, provendo apostilas de excelência, baseados nas informações de editais dos concursos públicos, para incorporar as melhores práticas, com soluções inovadoras, flexíveis e de simples utilização e entendimento. VISÃO Ser uma empresa de Classe Nacional em Desenvolvimento de Apostilas para Concursos Públicos, com paixão e garra em tudo que fazemos. VALORES • Respeito ao talento humano • Foco no cliente • Integridade no relacionamento • Equipe comprometida • Evolução tecnológica permanente • Ambiente diferenciado • Responsabilidade social PROIBIDO CÓPIA Não é permitida a revenda, rateio, cópia total ou parcial sem autorização da Domina Concursos, seja ela cópia virtual ou impressa. Independente de manter os créditos ou não, não importando o meio pelo qual seja disponibilizado: link de download, Correios, etc… Caso houver descumprimento, o autor do fato poderá ser indiciado conforme art. 184 do CP, serão buscadas as informações do responsável em nosso banco de dados e repassadas para as autoridades responsáveis. Conhecimentos básicos “É melhor você tentar algo, vê-lo não funcionar e aprender com isso, do que não fazer nada.” Mark Zuckerberg COACHING PARA CONCURSOS – ESTRATÉGIAS PARA SER APROVADO 1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR LÍNGUA PORTUGUESA 1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Compreensão e Interpretação de Textos Compreensão e interpretação de textos é um tema que nos acompanha na vida escolar, nos vestibulares, no Enem e em todos os concursos públicos. Comumente encontrarmos pessoas que se queixam de que não sabem compreender e interpretar textos. Muitas pessoas se acham incapazes de resolver questões sobre compreensão e interpretação de textos. Nos concursos públicos, este tema está presente nas mais variadas formas. Nas provas, há sempre vários textos, alguns bem grandes, sobre os quais há muitas perguntas com o objetivo de testar a habilidade do concurseiro em leitura, compreensão e interpretação de textos. É preciso ler com muita atenção, reler, e na hora de examinar cada alternativa, voltar aos trechos citados para responder com muita confiança. Entender as técnicas de compreensão e interpretação de textos, além de ser importante para responder as questões específicas, é fundamental para que você compreenda o enunciado das questões de atualidades, de matemática, de direito e de raciocínio lógico, por exemplo. Muitos candidatos, embora tenham bastante conhecimentos das matérias que caem nas provas, erram nas questões, simplesmente porque não entendem o que a banca examinadora está pedindo. Já pensou, nadar, nadar, nadar... e morrer na praia? Então não deixe de estudar e preste atenção nas dicas que vamos dar neste blog. "As questões de compreensão e interpretação de textos vêm ganhando espaço nos concursos públicos. Também é a partir de textos que as questões normalmente cobram a aplicação das regras gramaticais nos grandes concursos de hoje em dia. Por isso é cada vez mais importante observar os comandos das questões. Normalmente o candidato é convidado a: • identificar: Reconhecer elementos fundamentais apresentados no texto. • comparar: Descobrir as relações de semelhanças ou de diferenças entre situações apresentadas no texto. • comentar: Relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. • resumir: Concentrar as ideias centrais em um só parágrafo. • parafrasear: Reescrever o texto com outras palavras. • continuar: Dar continuidade ao texto apresentado, mantendo a mesma linha temática. Por isso, consideramos que são condições básicas para o candidato fazer uma correta interpretação de textos: o conhecimento histórico (aí incluída a prática da leitura), o conhecimento gramatical e semântico (significado das palavras, aí incluídos homônimos, parônimos, sinônimos, denotação, conotação), e a capacidade de observação, de síntese e de raciocínio"¹. Como Interpretar Textos É muito comum, entre os candidatos a um cargo público a preocupação com a interpretação de textos. Isso acontece porque lhes faltam informações específicas a respeito desta tarefa constante em provas relacionadas a concursos públicos. Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder as questões relacionadas a textos. TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR). CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota- se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial. INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores LÍNGUA PORTUGUESA 2 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR através de citações. Esse tipo de recurso denomina-se INTERTEXTO. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: 1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). 2. COMPARAR – é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto. 3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. 4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo. 5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com outras palavras. EXEMPLO TÍTULO DO TEXTO PARÁFRASES "O HOMEM UNIDO ” A INTEGRAÇÃO DO MUNDO A INTEGRAÇÃO DA HUMANIDADE A UNIÃO DO HOMEM HOMEM + HOMEM = MUNDO A MACACADA SE UNIU (SÁTIRA) CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR Fazem-se necessários: a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática; b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonimia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros. c) Capacidade de observação e de síntese e d) Capacidade de raciocínio. INTERPRETAR x COMPREENDER INTERPRETAR SIGNIFICA COMPREENDER SIGNIFICA - EXPLICAR, COMENTAR, JULGAR, TIRAR CONCLUSÕES, DEDUZIR. - TIPOS DE ENUNCIADOS • Através do texto, INFERE-SE que... • É possível DEDUZIR que... • O autor permite CONCLUIR que... • Qual é a INTENÇÃO do autor ao afirmar que... - INTELECÇÃO, ENTENDIMENTO, ATENÇÃO AO QUE REALMENTE ESTÁ ESCRITO. - TIPOS DE ENUNCIADOS:• O texto DIZ que... • É SUGERIDO pelo autor que... • De acordo com o texto, é CORRETA ou ERRADA a afirmação... • O narrador AFIRMA... LÍNGUA PORTUGUESA 3 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR ERROS DE INTERPRETAÇÃO É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes são: a) Extrapolação (viagem) Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. b) Redução É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido. c) Contradição Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão. OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso qualquer, o que deve ser levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e nada mais. COESÃO - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito. OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de adequação ao antecedente. Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber: QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM QUALQUER ANTECEDENTE. MAS DEPENDE DAS CONDIÇÕES DA FRASE. QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR. QUEM (PESSOA) CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O POSSUIDOR E DEPOIS, O OBJETO POSSUÍDO. COMO (MODO) ONDE (LUGAR) QUANDO (TEMPO) QUANTO (MONTANTE) EXEMPLO: Falou tudo QUANTO queria (correto) Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria aparecer o demonstrativo O ). • VÍCIOS DE LINGUAGEM – há os vícios de linguagem clássicos (BARBARISMO, SOLECISMO,CACOFONIA...); no dia-a-dia, porém , existem expressões que são mal empregadas, e, por força desse hábito cometem-se erros graves como: LÍNGUA PORTUGUESA 4 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR - “ Ele correu risco de vida “, quando a verdade o risco era de morte. - “ Senhor professor, eu lhe vi ontem “. Neste caso, o pronome correto oblíquo átono correto é O . - “ No bar: “ME VÊ um café”. Além do erro de posição do pronome, há o mau uso a) Pré-compreensão: toda leitura supõe que o leitor entre no texto já com conhecimentos prévios sobre o assunto ou área específica. Isso significa dizer, por exemplo, que se você pegar um texto do 3º ano do curso de Direito estando ainda no 1º ano, vai encontrar dificuldades para entender o assunto, porque você não tem conhecimentos prévios que possam embasar a leitura. b) Compreensão: já com a pré-compreensão ao entrar no texto, o leitor vai se deparar com informações novas ou reconhecer as que já sabia. Por meio da pré-compreensão o leitor “prende” a informação nova com a dele e “agarra” (compreende) a intencionalidade do texto. É costume dizer: “Eu entendi, mas não compreendi”. Isso significa dizer que quem leu entendeu o significado das palavras, a explicação, mas não as justificativas ou o alcance social do texto. c) Interpretação: agora sim. A interpretação é a resposta que você dará ao texto, depois de compreendê-lo (sim, é preciso “conversar” com o texto para haver a interpretação de fato). É formada então o que se chama “fusão de horizontes”: o do texto e o do leitor. A interpretação supõe um novo texto. Significa abertura, o crescimento e a ampliação para novos sentidos. Sabendo disso, aqui vão 4 dicas para fazer com que você consiga atingir essas três etapas! Confira abaixo: 1) Leia com um dicionário por perto Não existe mágica para atingir a primeira etapa, a da pré-compreensão. O único jeito é ter um bom nível de leituras. Além de ler bastante, você pode potencializar essa leitura se estiver com um dicionário por perto. Viu uma palavra esquisita, que você não conhece? Pegue um caderninho (vale a pena separar um só pra isso) e anote-a. Em seguida, vá ao dicionário e marque o significado ao lado da palavra. Com o tempo o seu vocabulário irá crescer e não vai ser mais preciso ficar recorrendo ao dicionário toda hora. 2) Faça paráfrases Para chegar ao nível da compreensão, é recomendável fazer paráfrases, que é uma explicação ou uma nova apresentação do texto, seguindo as ideias do autor, mas sem copiar fielmente as palavras dele. Existem diversos tipos de paráfrase, só que as mais interessantes para quem está estudando para o vestibular são três: a paráfrase-resumo, a paráfrase-resenha e paráfrase-esquema. – Paráfrase-resumo: comece sublinhando as ideias principais, selecione as palavras-chave que identificar no texto e parta para o resumo. Atente-se ao fato de que resumir não é copiar partes, mas sim fazer uma indicação, com suas próprias palavras, das ideias básicas do que estava escrito. – Paráfrase-resenha: esse outro tipo, além dos passos do resumo, também inclui a sua participação com um comentário sobre o texto. Você deve pensar sobre as qualidades e defeitos da produção, justificando o porquê. – Paráfrase-esquema: depois de encontrar as ideias ou palavras básicas de um texto, esse tipo de paráfrase apresenta o esqueleto do texto em tópicos ou em pequenas frases. Você pode usar setinhas, canetas coloridas para diferenciar as palavras do seu esquema… Vai do seu gosto! 3) Leia no papel Um estudo feito em 2014 descobriu que leitores de pequenas histórias de mistério em um Kindle, um tipo de leitor digital, foram significantemente piores na hora de elencar a ordem dos eventos do que aqueles que leram a mesma história em papel. Os pesquisadores justificam que a falta de possibilidade de virar as páginas pra frente e pra trás ou controlar o texto fisicamente (fazendo notas e dobrando as páginas) limita a experiência sensorial e reduz a memória de longo prazo do texto e, portanto, a sua capacidade de interpretar o que aprendemos. Ou seja, sempre que possível, estude por livros de papel ou imprima as explicações (claro, fazendo um uso sábio do papel, sem LÍNGUA PORTUGUESA 5 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR desperdícios!). Vale fazer notas em cadernos, pois já foi provado também que quem faz anotações à mão consegue lembrar melhor do que estuda. 4) Reserve um tempo do seu dia para ler devagar Uma das maiores dificuldades de quem precisa ler muito é a falta de concentração. Quem tem dificuldades para interpretar textos e fica lendo e relendo sem entender nada pode estar sofrendo de um mal que vem crescendo na população da era digital. Antes da internet, o nosso cérebro lia de forma linear, aproveitando a vantagem de detalhes sensoriais (a própria distribuição do desenho da página) para lembrar de informações chave de um livro. Conforme nós aumentamos a nossa frequência de leitura em telas, os nossos hábitos de leitura se adaptaram aos textos resumidos e superficiais (afinal, muitas vezes você tem links em que poderá “ler mais” – a internet é isso) e essa leitura rasa fez com que a gente tivesse muito mais dificuldade de entender textos longos. Os especialistas explicam que essa capacidade de ler longas sentenças (principalmente as sem links e distrações) é uma capacidade que você perde se você não a usar. Os defensores do “slow-reading” (em tradução literal, da leitura lenta) dizem que o recomendável é que você reserve de30 a 45 minutos do seu dia longe de distrações tecnológicas para ler. Fazendo isso, o seu cérebro poderá recuperar a capacidade de fazer a leitura linear. Os benefícios da leitura lenta vão bem além. Ajuda a reduzir o estresse e a melhorar a sua concentração! Ensino de Estratégia de Leitura Estratégias de leitura são técnicas ou métodos que os leitores usam para adquirir a informação, ou ainda procedimentos ou atividades escolhidas para facilitar o processo de compreensão em leitura. São planos flexíveis adaptados às diferentes situações que variam de acordo com o texto a ser lido e a abordagem elaborada previamente pelo leitor para facilitar a sua compreensão (Duffy & cols., 1987; Brown, 1994; Pellegrini, 1996; Kopke, 2001). Duke e Pearson (2002) identificaram seis tipos de estratégias de leitura que as pesquisas realizadas têm sugerido como auxiliares no processo de compreensão, a saber: predição, pensar em voz alta, estrutura do texto, representação visual do texto, resumo e questionamento. A predição implica em antecipar, prever fatos ou conteúdo do texto utilizando o conhecimento já existente para facilitar a compreensão. Pensar em voz alta é quando o leitor verbaliza seu pensamento enquanto lê. Tem sido demonstrado melhora na compreensão dos alunos quando eles mesmos se dedicam a esta prática durante a leitura e também quando professores usam rotineiramente esta mesma estratégia durante suas aulas. A análise da estrutura textual auxilia os alunos a aprenderem a usar as características dos textos, como cenário, problema, meta, ação, resultados, resolução e tema, como um procedimento auxiliar para compreensão e recordação do conteúdo lido. A representação visual do texto, por sua vez, auxilia leitores a entenderem, organizarem e lembrarem algumas das muitas palavras lidas quando formam uma imagem mental do conteúdo. Resumir as informações do texto facilita a compreensão global do texto, pois implica na seleção e destaque das informações mais relevantes do texto. Questionar o texto auxilia no entendimento do conteúdo da leitura, uma vez que permite ao leitor refletir sobre o mesmo. Pesquisas indicam também que a compreensão global da leitura é melhor quando alunos aprendem a elaborar questões sobre o texto. Além disso, a utilização de estratégias de leitura compreende três momentos: o antes, o durante e o após a leitura. Na pré-leitura, é feita uma análise global do texto (do título, dos tópicos e das figuras/gráficos), predições e também o uso do conhecimento prévio. Durante a leitura é feita uma compreensão da mensagem passada pelo texto, uma seleção das informações relevantes, uma relação entre as informações apresentadas no texto e uma análise das predições feitas antes da leitura, para confirmá-las ou refutá-las. Depois da leitura é feita uma análise com o objetivo de rever e refletir sobre o conteúdo lido, ou seja, a importância da leitura, o significado da mensagem, a aplicação para solucionar problemas e a verificação de diferentes perspectivas apresentadas para o tema. Também é realizada uma discussão da leitura, com expressão e comunicação do conteúdo lido LÍNGUA PORTUGUESA 6 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR após análise e reflexão, seguida de um resumo e de uma releitura do texto ( Kopke, 1997 ; Duke & Pearson, 2002). É importante lembrar que as estratégias de leitura também auxiliam no estudo, favorecendo a obtenção de um nível de compreensão melhor. Exigem participação ativa do leitor, podendo ser aplicadas a qualquer tipo de texto e em qualquer momento da leitura, com ou sem ajuda externa Oakhill e Garnham (1988). Considerando-se esses aspectos, o ensino de estratégias de leitura abre novas perspectivas para uma potencialização da leitura, possibilitando aos alunos ultrapassarem dificuldades pessoais e ambientais de forma a conseguir obter um maior sucesso escolar. Essas podem e devem ser ensinadas nas séries iniciais do ensino fundamental. O professor exerce um papel de grande importância ao propiciar não somente a aprendizagem em leitura, mas também ao propor modelos técnicos e procedimentos que proporcionem a compreensão em leitura. O processo de ensinar seria uma forma de possibilitar ao estudante desenvolver estruturas conceituais e procedimentais que implementem seu desempenho. Dentre as estratégias de leitura que professores podem ensinar está focar a atenção dos alunos nas idéias principais; perguntar aos alunos questões sobre seu entendimento para ajudá-lo a monitorar sua compreensão; relacionar o conhecimento prévio dos alunos com nova informação; professores podem questionar e designar feedback para ajudar os alunos a aplicarem técnicas e estratégias de estudo apropriadas; podem treinar os alunos a usarem essas estratégias e técnicas de maneira mais efetiva; utilizar reforços positivos verbais e de escrita com os alunos que apresentam baixa compreensão; pode-se fazer questões aos alunos para ajudar a reconhecer a contradição entre o que ele realmente conhece e o que ele pensou conhecer, mas não conhece; além de considerarem a variedade dos textos estruturados na preparação dos textos para alunos e plano de aula. Como exemplo de um modelo de instrução que consiste em 4 etapas. Na primeira - O quê - o professor informa os tipos de estratégia de leitura que podem ser usadas. Na segunda etapa - Por quê - o professor diz ao aluno porquê a estratégia de compreensão é importante e como a aquisição pode ajudar a tornar-se um leitor melhor. A terceira etapa - Como - envolve a instrução direta da estratégia. Ela pode envolver explanação verbal, modelo ou pensar em voz alta. E a quarta etapa - Quando - envolve a comunicação de quando a estratégia deve ser usada ou não, e como evoluir e corrigir seu uso. Outra forma é ensinar estratégias específicas, como fez Song (1998) em seu estudo. O professor de uma classe de leitura de língua estrangeira de uma universidade ensinava a resumir, questionar, esclarecer e predizer. Os estudantes, por sua vez, recebiam um guia prático no qual pontuavam quando eram capazes de utilizá-las sozinhos. O resultado desse trabalho indicou que o treino de estratégias foi eficaz para o aprimoramento da leitura, e que a eficácia variou com a proficiência em leitura inicial do sujeito. Além disso, foi possível identificar melhora no desempenho geral em leitura dos alunos. Várias pesquisas sobre o ensino das estratégias de leitura têm constatado que essa é uma ação eficaz para não somente para alunos com dificuldade em compreensão, mas também para os leitores hábeis (Song, 1998; Magliano, Trabasso & Graesser,1999; Rhoder, 2002; Ferreira & Dias; 2002). Cabe destacar que o psicólogo escolar pode ser responsável por avaliar e assessorar os professores para a realização dessa atividade de ensino. IMPLÍCITOS E PRESSUPOSTOS Muitos candidatos ao ENEM se perguntam como melhorar sua capacidade de interpretação dos textos. Primeiramente, é preciso ter em mente que um texto é formado por informações explícitas e implícitas. As informações explícitas são aquelas manifestadas pelo autor no próprio texto. As informações implícitas não são manifestadas pelo autor no texto, mas podem ser subentendidas. Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura eficiente, é preciso ir além do que foi dito, ou seja, ler nas entrelinhas. Por exemplo, observe este enunciado: - Patrícia parou de tomar refrigerante. LÍNGUA PORTUGUESA 7 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR A informação explícita é “Patrícia parou de tomar refrigerante”. A informação implícita é “Patrícia tomava refrigerante antes”. Agora, veja este outro exemplo: -Felizmente, Patrícia parou de tomar refrigerante. A informação explícita é “Patrícia parou de tomar refrigerante”. A palavra “felizmente” indica que o falante tem uma opinião positiva sobre o fato – essa é a informação implícita. Com esses exemplos, mostramos como podemos inferir informações a partir de um texto. Fazer uma inferência significa concluiralguma coisa a partir de outra já conhecida. Nos vestibulares, fazer inferências é uma habilidade fundamental para a interpretação adequada dos textos e dos enunciados. A seguir, veremos dois tipos de informações que podem ser inferidas: as pressupostas e as subentendidas. PRESSUPOSTOS Uma informação é considerada pressuposta quando um enunciado depende dela para fazer sentido. Considere, por exemplo, a seguinte pergunta: “Quando Patrícia voltará para casa?”. Esse enunciado só faz sentido se considerarmos que Patrícia saiu de casa, ao menos temporariamente – essa é a informação pressuposta. Caso Patrícia se encontre em casa, o pressuposto não é válido, o que torna o enunciado sem sentido. Repare que as informações pressupostas estão marcadas através de palavras e expressões presentes no próprio enunciado e resultam de um raciocínio lógico. Portanto, no enunciado “Patrícia ainda não voltou para casa”, a palavra “ainda” indica que a volta de Patrícia para casa é dada como certa pelo falante. SUBENTENDIDOS Ao contrário das informações pressupostas, as informações subentendidas não são marcadas no próprio enunciado, são apenas sugeridas, ou seja, podem ser entendidas como insinuações. O uso de subentendidos faz com que o enunciador se esconda atrás de uma afirmação, pois não quer se comprometer com ela. Por isso, dizemos que os subentendidos são de responsabilidade do receptor, enquanto os pressupostos são partilhados por enunciadores e receptores. Em nosso cotidiano, somos cercados por informações subentendidas. A publicidade, por exemplo, parte de hábitos e pensamentos da sociedade para criar subentendidos. Já a anedota é um gênero textual cuja interpretação depende a quebra de subentendidos. PALAVRAS E EXPRESSÕES Por mais que você leia, releia e pratique, a Língua Portuguesa sempre encontra uma brecha para te confundir, não é verdade? Vamos a algumas expressões e palavras usadas em concursos que, às vezes, levam o candidato à cometerem erros bobos e perderem pontos preciosos. Bimensal x Bimestral Bimensal: publicação, revista ou documento lançado duas vezes por mês Bimestral: lançamento ou ocorrência com frequência a cada dois meses Aterrisar ou Aterrissar? NÃO existe a palavra com um R só. O correto para esta palavra é o dígrafo “ss”. Onde x Aonde LÍNGUA PORTUGUESA 8 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Onde: usado quando acompanhado de verbos estáticos, como “onde está meu chapéu?” Aonde: usado quando acompanhado de verbos que indicam movimento, como “aonde eles vão?” Custas x Custa A expressão “custas” só é usada no âmbito jurídico. Você já deve ter ouvido falar em “custas” do processo, não é mesmo? Pois bem! Portanto, quando disser que “alguém vive a custa de outrem”, use sempre o singular, ok? Em princípio x A princípio Em princípio: sinônimo de “em tese”. Ex: em princípio, todos concordaram com ela. A princípio: o mesmo que “inicialmente, antes de mais nada”. Ex: a princípio, não houve feridos naquele acidente. Pronomes demonstrativos Este: indica aquilo que está próximo da pessoa que fala (espaço), com o tempo atual (tempo) ou o termo mais próximo (termos). Ex: Esta é Ana / Esta noite está sendo ótima / André e Arthur não são mais amigos. Este (Arthur) mentiu para todos. Esse: indica aquilo que está próximo da pessoa com quem se fala (espaço), com o passado próximo (tempo) ou a ideia mais mencionada (termos). Ex: Essa é a comida de que lhe falei / Fui para a Argentina em 2008. Nesse ano, fiquei noiva / Assista ao filme Meu irmão é filho único. Esse filme é encantador. Aquele: indica aquilo que está distante das duas pessoas (espaço), passado distante (tempo) ou o termo mais distante (termos). Ex: Aquele rapaz roubou a loja / A ditadura durou várias décadas. Aquele tempo era muito sombrio / Fiz três cursos: Hotelaria, Letras e Jornalismo. Aquele (Hotelaria) foi o que me empregou primeiro. Preço é caro ou alto? É barato ou baixo? O preço nunca é caro ou barato. Se precifica algo em alto ou baixo. Agora, o produto, sim, pode ser classificado como barato ou caro. Sendo assim, o valor daquele carro é alto. Ou, ainda, aquele vestido é muito barato. Censo ou senso? Os dois estão corretos se usado na forma correta (claro). O censo é aquilo que o IBGE faz para mensurar a população e suas características econômicas, etc. Concurso IBGE Censo Agropecuário, lembra? Agora, quando diz que uma pessoa não tem sua própria opinião ou não opina sobre algo, você diz que não tem senso crítico, ok? Comprimento e cumprimento Aí outro caso em que não vai errar se souber onde usar cada palavra. Quando você vai comprar um tecido, você pede uma peça com dois metros de comprimento. Agora, é falta de educação entrar em um recinto sem cumprimentar as pessoas, não é? Deu para entender a diferença entre as duas? Mal ou mau? Quando você não está passando bem, você está o que? Passando mal! E quando alguém comete uma crueldade, você o chame de que? De mau caráter! Ou seja: o mal é o contrário de bem, enquanto mau é tudo aquilo que não é bom! Significação Contextual de Palavras e Expressões LÍNGUA PORTUGUESA 9 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Referindo-nos ao adjetivo “recorrente”, estamos justamente enfatizando sobre o uso corriqueiro de alguns termos que mediante ao atributo da língua escrita precisam estar em consonância com o padrão formal. Esses termos, na maioria das vezes, são alvo de dúvidas entre os usuários, mesmo porque quase todos são dotados de extrema semelhança sonora. Todavia, graficamente, apresentam divergências, e são estas que lhes atribuem também significados diferentes. Entretanto, nada que uma efetiva prática de leitura e escrita não consiga sanar em relação a esses “supostos” questionamentos, ampliando, assim, ainda mais a nossa competência como um todo. E para tal, algumas dicas tendem a tão somente nos auxiliar rumo à conquista dessas habilidades. Sendo assim, eis que segue uma relação precedida dos principais casos: Abaixo/ A baixo Abaixo revela o sentido de lugar menos elevado, inferior. Exemplo: Para Marcela, era inaceitável que ocupasse uma posição abaixo de suas verdadeiras pretensões. A baixo significa “para baixo”. Exemplo: Quando percebemos, lá estava o brinquedo sendo levado correnteza a baixo. A cerca de/ Acerca de/ Cerca de/ Há cerca de A cerca de ou cerca de retrata o sentido de “aproximadamente, mais ou menos”. Exemplo: O parque foi construído a cerca de quinhentos metros do condomínio. O tempo estimado pelo profissional foi cerca de três semanas para a conclusão das obras. Acerca de corresponde ao sentido de “a respeito de, sobre”. Exemplo: Durante a reunião muito se discutiu acerca da problemática ambiental. Há cerca de relaciona-se ao sentido de tempo decorrido, haja vista que o verbo haver se encontra na sua forma impessoal. Exemplo: Há cerca de três anos não visito meus familiares. Acima/ A cima Acima retrata o sentido de “um lugar mais elevado, superior”. Exemplo: Conforme pode perceber, na lista de aprovados seu nome se encontra acima do meu. A cima significa “para cima”. Exemplo: Todos os convidados me olharam de baixo a cima. A fim/ Afim A fim encontra-se relacionado ao sentido de “finalidade, objetivo pretendido”. Exemplo: A fim de evitar maiores contratempos, ele resolveu afastar-se de sua amiga. Afim classifica-se como um adjetivo invariável, cuja significância se atribui à semelhança, afinidade. Exemplo: Como na antiga grade havia matérias afins, pude adiantar bastante o meu curso. A menos de/ Há menos de A menos, classifica-se como locução prepositiva e retrata o sentido de tempo futuro ou distância aproximada. LÍNGUA PORTUGUESA 10 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Exemplos: Encontramo-nos a menos de dois quilômetros do destino almejado. A menos de um mês estaremos de férias. Há menos de significa “aproximadamente, mais ou menos” e, conjuntamente ao verbo haver na forma impessoal,denota tempo decorrido. Exemplo: Ele saiu de casa há menos de dois anos. Ao encontro de/ De encontro a Ao encontro de revela o sentido de a favor de. Exemplo: As propostas dos candidatos vão ao encontro do que se espera a população. De encontro a significa oposição, ideia contrária. Exemplo: Suas opiniões vão de encontro às minhas. Ao invés de/ Em vez de Ao invés denota o sentido de “ao contrário de”. Exemplo: Ao invés de calar-se, continuou discutindo com seu superior. Em vez exprime a ideia de substituição, “em lugar de’. Exemplo: Em vez de viajar nas férias, optou por descansar em casa. A par/ Ao par A par significa estar ciente de algo, informado sobre um determinado assunto. Exemplo: Quando ela resolveu se abrir, seus pais já estavam a par de tudo. Ao par indica o sentido de equivalência cambial. Exemplo: O euro e o dólar já estiveram ao par por algum tempo. Demais/ De mais Demais, caracterizado como advérbio de intensidade, se equivale a muito, excessivamente. Exemplo: Nossa! A meu ver você parece egoísta demais. Como pronome indefinido corresponde a “os restantes, os outros”. Exemplo: Ele foi o único que se sobressaiu entre os demais. De mais caracteriza-se como o oposto do termo “de menos”. Exemplo: Há alunos de mais nesta sala. Há/ A Há, depreendendo o sentido de impessoalidade (por isso permanece sempre na terceira pessoa do singular), revela o sentido de existir ou fazer. Exemplo: Nesta sala há verdadeiros talentos na área de exatas. O A tanto pode indicar tempo futuro (que se conta de hoje para o futuro) ou apenas se revelar como uma preposição. LÍNGUA PORTUGUESA 11 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Exemplos: Daqui a alguns meses concluiremos nossa pesquisa. Não entregue está encomenda a ele. Mas/ Mais Mas integra a classe das conjunções, revelando o sentido de ideia contrária, oposição. Exemplo: Não pôde comparecer ao aniversário, mas enviou o presente. Mais pode ser classificado como advérbio de intensidade ou pronome indefinido. Exemplo: Clarice foi a menina que mais se destacou durante a apresentação. Mau/ Mal Mau pertence à classe dos adjetivos, podendo ser utilizado quando significar o contrário de “bom”. Exemplo: Ele é um mau aluno. (Poderíamos substituí-lo por bom) Mal pode adquirir os seguintes valores morfológicos: advérbio de modo – podendo ser substituído por “bem”. Exemplo: Carlos foi mal sucedido durante o tempo em que atuou nesta profissão. (O contrário poderia ter acontecido) conjunção subordinativa temporal – denota o sentido de “assim que, quando”. Exemplo: Mal chegava em casa, já começavam as discussões. substantivo – neste caso, sempre aparece precedido de artigo ou qualquer outro determinante. Exemplo: Este mal só pode ser resolvido com a chegada dele. Onde/ Aonde Onde é utilizado mediante o emprego de verbos que indicam sentido estático, permanente. Exemplo: Gostaria muito de saber onde ele mora. Aonde é utilizado com verbos que indicam movimento. Exemplo: Aonde vais com tamanha pressa? Por que/ Porque/ Por quê/ Porquê Por que – Trata-se de duas palavras – preposição (por) + pronome (que). Desta forma assume as seguintes posições: quando equivale a “pelo qual” e demais variações: Exemplo: Esta é a conquista por que sempre busquei. (pela qual) quando equivale a “por qual razão”, “por qual motivo”. Neste caso, trata-se da preposição “que” + o pronome interrogativo “quê”. Exemplo: Por que não compareceu à reunião? (por qual motivo) Por quê – ocorrência esta que se efetiva quando o pronome interrogativo se posiciona no final da frase ou aparece seguido de uma pausa forte, fato que permite que o monossílabo átono(que) passe a ser concebido como tônico (quê). LÍNGUA PORTUGUESA 12 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Exemplo: Vocês saíram mais cedo da festa, por quê? Porque somente pode ser utilizado quando retratar o sentido das conjunções equivalentes a visto que, uma vez que, pois ou para que. Exemplo: Não poderemos viajar porque minhas férias não coincidem com as suas. Porquê é empregado quando se classifica como um substantivo, revelando o sentido de causa, motivo. Nesse caso, sempre aparece acompanhado por um determinante. Exemplo: Desconhecemos o porquê de tanta desorganização. (o motivo) Se não/ Senão Se não equivale a caso não, indicando, assim, uma probabilidade. Exemplo: Se não chover, iremos ao cinema amanhã. Senão equivale a “caso contrário” ou “a não ser’. Exemplo: Espero que estejas bem preparado, senão não conseguirás obter bom resultado. Na medida em que/ À medida que Na medida em que exprime relação de causa, equivalendo-se a porque, já que, uma vez que. Exemplo: Na medida em que os inquilinos não cumpriam com o pagamento em dia, iam sendo despejados. À medida que indica proporção, simultaneidade. Exemplo: À medida que o tempo passa, mais aumenta a saudade. Tampouco/ Tão pouco Tampouco equivale a “também não”. Exemplo: Quem não respeita a si próprio, tampouco respeita a seus semelhantes. Tão pouco equivale a muito pouco. Exemplo: Como posso me divertir se ganho tão pouco? SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS E EXPRESSÕES I) Sabemos que as palavras podem associar-se de várias maneiras, ou seja, quando as palavras se relacionam pelo sentido, temos um campo semântico. Não se trata de sinônimos ou antônimos, mas de aproximação de sentido num dado contexto. Ex.: perna, braço, cabeça, olhos, cabelos, nariz -> partes do corpo humano azul, verde, amarelo, cinza, marrom, lilás – cores martelo, serrote, alicate, torno, enxada -> ferramentas II) As palavras têm de assumir significados variados de acordo com o contexto – POLISSEMIA. Ex.: Ele anda muito. Mário anda doente. Aquele executivo só anda de avião. Meu relógio não anda mais. LÍNGUA PORTUGUESA 13 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR ATENTEM-SE! O verbo andar tem origem no latim ambulare. Possui inúmeros significados em português, portanto polissêmico. III) Há sinonímia quando duas ou mais palavras têm o mesmo significado em determinado contexto. Diz-se, então, que são sinônimos. Ex.: O comprimento da sala é de oito metros. A extensão da sala é de oito metros. ATENTEM-SE! Em verdade, as palavras são sinônimas em certas situações, mas podem não ser em outras. Por exemplo, pode-se dizer, em princípio, que face e rosto são dois sinônimos: ela tem um belo rosto, ela tem uma bela face. Mas não se consegue fazer a troca de face por rosto numa frase do tipo: em face do exposto, aceitarei. IV) A ideia antonímica,o emprego de palavras de sentido contrário, requer os mesmos cuidados da sinonímia. Na realidade, tudo é uma questão de bom vocabulário. Ex.: É um menino corajoso. É um menino medroso. V) Relações de hominínia e/ou paronímia * Palavras homônimas ou homônimos são palavras que são pronunciadas da mesma forma, mas têm significados diferentes. Existem três tipos de homônimos: homônimos perfeitos, homófonos e homógrafos. acender – pôr fogo a ascender – elevar-se acento – inflexão da voz assento – objeto onde se senta asado – com asas azado – oportuno caçar – perseguir cassar – anular cegar – tirar a visão segar – ceifar, cortar cela – cômodo pequeno sela – arreio censo – recenseamento senso – juízo LÍNGUA PORTUGUESA 14 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR cerração – nevoeiro serração – ato de serrar cheque – ordem de pagamento xeque – lance do jogo de xadrez cidra – certa fruta sidra – um tipo de bebida conserto – reparo concerto – harmonia estático – firme, parado extático – em êxtase espiar – olhar expiar – sofrer estrato – camada; tipo de nuvem extrato – que se extraiu passo – passada paço – palácio imperial incerto – duvidoso inserto – inserido incipiente – que está no início insipiente – que não sabe lasso – cansado laço – tipo de nó remissão – perdão remição – resgate seda – tipo de tecido ceda – flexão do verbo ceder taxa– imposto tacha – tipo de prego viagem – jornada viajem – flexão do verbo viajar * Palavras parônimas ou parônimos são palavras que são escritas de forma parecida e são pronunciadas de forma parecida, mas que apresentam significados diferentes. Ex.: O tráfego era intenso naquela estrada. LÍNGUA PORTUGUESA 15 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR O tráfico de escravos é uma nódoa em nossa história. As palavras tráfego e tráfico são parecidas, mas não se trata de homônimos, pois a pronúncia e a grafia são diferentes. Tráfego é movimento de veículo; tráfico, comércio. amoral – sem o senso da moral imoral – contrário à moral apóstrofe – chamamento apóstrofo – tipo de sinal gráfico cavaleiro – que anda a cavalo cavalheiro – gentil comprimento – extensão cumprimento – saudação conjetura – hipótese conjuntura – situação delatar – denunciar dilatar – alargar descrição – ato de descrever discrição – qualidade de discreto descriminar – inocentar discriminar – separar despercebido – sem ser notado desapercebido – desprevenido destratar – insultar distratar – desfazer docente – professor discente – estudante emergir – vir à tona, sair imergir – mergulhar emigrar – sair de um país imigrar – entrar em um país eminente – importante iminente – que está para ocorrer estada – permanência de alguém estadia – permanência de veículo LÍNGUA PORTUGUESA 16 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR flagrante – evidente fragrante – aromático fluir – correr; manar fruir -desfrutar inflação – desvalorização infração – transgressão infligir – aplicar pena infringir – transgredir mandado – ordem judicial mandato – procuração prescrever – receitar; expirar (prazo) proscrever – afastar, desterrar ratificar – confirmar retificar – corrigir sortir – abastecer surtir – resultar tráfego – movimento de veículo tráfico – comércio vultoso – grande vultuoso – vermelho e inchado DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO Fato: O fato é algo que é de conhecimento de todos. Sendo um fato, ele pode ser provado através de documentos, ou de outras formas de registros. O crescimento acelerado dos grandes centros econômicos mundiais aumenta os problemas sociais; O aumento dos estudantes estrangeiros nas universidades brasileiras. Opinião: A opinião é a maneira particular de olhar um fato. A opinião vai divergir de acordo com inúmeros fatores socioculturais. Se meu amigo não fosse tão baixinho, ele poderia jogar futebol; Homens que assistem novelas são bons maridos. Quando é importante saber a diferença Várias são as oportunidades de usar a diferença com propriedade, mas duas delas são principais. Quando nos engajamos em um debate de algum tema polêmico; Quando somos testados e devemos escrever um texto dissertativo. As variantes dissertativas são: LÍNGUA PORTUGUESA 17 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Expositiva: Quando as ideias do texto estão claramente vinculadas a alguma reportagem ou notícia de jornais, revistas impressas ou eletrônicas, cujo conteúdo é conhecido por todos através do rádio ou da televisão, sendo, por sua vez, inquestionável. A dissertação expositiva tem como objetivo expor o fato, ficando em segundo plano a discussão sobre ele. Argumentativa: A dissertação argumentativa é aquela que exige de nós maior reflexão ao escrever sobre certos temas, mas que possui por objetivo a exposição do ponto de vista pessoal. Quem disserta, através de sua opinião bem embasada, faz com que os fatos ali apresentados e discutidos tenham uma conclusão. Esta é uma das maneiras mais difíceis de dissertar por apresentar juízos de valores que endossam a análise crítica de quem escreve. Mista: Esta é uma forma de dissertação que tem inseridos nela os elementos dos dois outros tipos dissertativos. Nela podemos expor os fatos como forma de exemplo, ou mesmo como argumento de autoridade para dar força às opiniões, juízos e análise crítica a serem feitos sobre o tópico ou tópicos discutidos. Resumindo: O fato é aquilo que realmente aconteceu, que existe e pode ser provado enquanto que a opinião é o que alguém pensa que ocorreu, uma interpretação dos fatos., é o ponto de vista que uma pessoa tem a respeito de algo, que pode ser verdadeiro ou não. É importante considerar: Vivemos num mundo em que tomamos decisões a partir de informações; Estas nos chegam por meio de relatos de fatos e expressões de opiniões; Fatos usualmente podem ser submetidos à prova: por números, documentos, registros; Opiniões, por outro lado, refletem juízos, valores, interpretações; Muitas pessoas confundem fatos e opiniões, e quando isso ocorre temos de ter cuidado com as informações que vêm delas; Igualmente temos de estar atentos às nossas próprias opiniões, pois elas podem ser tomadas como fatos por outros; Nossas decisões devem ser baseadas em fatos, mas podem levar em conta as opiniões de gente qualificada sobre tais fatos. DIFERENÇA ENTRE TEMA E TÍTULO Tema: é o assunto a ser desenvolvido em seu texto dissertativo argumentativo, que é o estilo cobrado na Redação do Enem. Título: o título indica o enfoque do texto, traz o aspecto central das ideias desenvolvidas no texto da Redação do Enem. Por isso, recomenda-se que seja o último elemento criado. Exemplo de diferença entre Tema e Título: Vamos supor que o Tema da Redação fosse “Amor incondicional”. Você começou a desenvolver seu texto listando tudo o que você conhece sobre o assunto: amor de mãe e filho; amor de irmãos; amor pelos animais; amar o próximo e assim por diante. Em seguida, você optou por dar o seguinte enfoque ao seu texto: “amor de mãe e filho”. Sua Redação poderia ter Títulos como: “Um amor que nasceu no ventre” ou “Mãe: meu amor e gratidão”. No entanto, se você repetir no Título da redação o Tema sugerido (Amor incondicional), ou criar algo muito próximo, “Mãe: amor incondicional”, provavelmente sua redação vai perder pontos por falta de criatividade. Pior que não ser criativo é se esquecer de escrever o Título, então não fique de bobeira. GÊNEROS TEXTUAIS LÍNGUA PORTUGUESA 18 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Ao longo de nossas vidas, somos expostos a variados tipos de leituras e envolvemo-nos em diversas situações comunicacionais. Elaboramos diferentes métodos para interagir com as pessoas e, de acordo com a circunstância, o discurso oral ou escrito pode ser alterado. Assim é a linguagem, um veículo poderoso de ação e adaptação. Da necessidade de nos comunicar nasceram os gêneros textuais e, antes mesmo deles, os tipos textuais, estruturas nas quais os mais variados textos apoiam-se. Os tipos são limitados e estão relacionados com a forma, enquanto os gêneros são incontáveis e estão relacionados com o tipo de conteúdo veiculado. Os gêneros estão ancorados em modelos predefinidos e assim se apresentam para os leitores e interlocutores. São também tipos estáveis de enunciados, com estruturas e conteúdos temáticos que facilitam sua definição. Observe alguns exemplos de gêneros textuais: Artigo Crônica Conto Reportagem Notícia E-mail Carta Relatório Resumo Resenha Biografia Diário Fábula Ofício Poema Piada Acompanhando o dinamismo da linguagem e da comunicação, os gêneros podem sofrer modificações ao longo do tempo. Esse fenômeno é chamado de transmutabilidade, ou seja, novas formas surgem a partir de formas já existentes. Foi o que aconteceu com as cartas, que antigamente escrevíamos e enviávamos via correios. As inovações tecnológicas praticamente substituíram esse gênero por outro bastante usual, utilizado para as mais variadas finalidades: o e-mail. Contudo, embora as cartas não sejam mais tão usuais, os e-mails que mandamos para nossos amigos ou os utilizados em nossas relações profissionais guardam traços comuns com seu gênero matricial. Os gêneros textuais apresentam uma função social em uma determinada situação comunicativa, ou seja, a cada texto produzido,seleciono, ainda que inconscientemente, um gênero em função daquilo que desejo comunicar e em função do efeito que espero produzir em meu interlocutor. Os gêneros estão intrinsecamente ligados à história da comunicação e da linguagem e não importa a situação, nós nos comunicamos estritamente por meio desses enunciados relativamente estáveis, seja no bilhete que deixamos afixados na geladeira, nos comentários feitos nas redes sociais ou até nas anedotas que contamos para nossos amigos. FUNÇÃO SOCIOCOMUNICATIVA DOS GÊNEROS TEXTUAIS LÍNGUA PORTUGUESA 19 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR São realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas, ou seja, dentro de um contexto cultural e com função comunicativa. Primeiramente, vamos entender a diferença entre tipos textuais e gêneros textuais, muito cobrada no Enem. Muitas vezes não se faz distinção entre esses conceitos, mas eles são bem diferentes! Analisemos o quadro a seguir, em que há uma coluna que explica “tipos textuais” e outra que explica “gêneros textuais”: Tipos Textuais Gêneros Textuais São definidos por propriedades linguísticas que vão caracterizar os gêneros: vocabulário, relações lógicas, tempos verbais, construções frasais, etc. São realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas, ou seja, dentro de um contexto cultural e com função comunicativa. São eles: narração, argumentação, descrição, injunção (ordem) e exposição (que é o texto informativo). Abrangem um conjunto praticamente ilimitado de características determinadas pelo estilo do autor, conteúdo, composição e função. Geralmente variam entre 5 e 9 tipos. Alguns exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, aula expositiva, romance, reunião de condomínio, lista de compras, conversa espontânea, cardápio, receita culinária, inquérito policial, blog, e-mail, etc. São infinitos! Tipologia Textual 1. Narração Modalidade em que um narrador, participante ou não, conta um fato, real ou fictício, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que nos contam histórias infantis até às piadas do cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc. 2. Descrição Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto se Pega. É um tipo textual que se agrega facilmente aos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem predominância em gêneros como: cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc. 3. Dissertação Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Dependendo do objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou argumentativo. 3.1 Dissertação-Exposição Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apresenta informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia ideias de modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe LÍNGUA PORTUGUESA 20 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR ideias sobre um determinado assunto. A intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais, etc. 3.1 Dissertação-Argumentação Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de vista do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante em: sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais e revistas. 4. Injunção / Instrucional Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para montagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de comportamento; textos de orientação (ex: recomendações de trânsito); receitas, cartões com votos e desejos (de natal, aniversário, etc.). OBS1: Muitos estudiosos do assunto listam apenas os tipos acima. Alguns outros consideram que existe também o tipo predição. 5. Predição Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma coisa, a qual ainda está por ocorrer. É o tipo predominante nos gêneros: previsões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões escatológicas/apocalípticas. OBS2: Alguns estudiosos listam também o tipo Dialogal, ou Conversacional. Entretanto, esse nada mais é que o tipo narrativo aplicado em certos contextos, pois toda conversação envolve personagens, um momento temporal (não necessariamente explícito), um espaço (real ou virtual), um enredo (assunto da conversa) e um narrador, aquele que relata a conversa. Dialogal / Conversacional Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante nos gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat, etc. Gêneros Textuais Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos, sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em situações específicas. Pode-se dizer que se tratam das variadas formas de linguagem que circulam em nossa sociedade, sejam eles formais ou informais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio, podendo então, ser identificado e diferenciado dos demais através de suas características. Exemplos: Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do tipo dissertativo- argumentativo com uma linguagem formal, em que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a presença de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é mais comum. No caso da "carta denúncia", em que há o relato de um fato que o autor sente necessidade de o expor ao seu público, os tipos narrativos e dissertativo-expositivo são mais utilizados. Propaganda: é um gênero textual dissertativo-expositivo onde há a o intuito de propagar informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar o leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as emoções e a sensibilidade do mesmo. Bula de remédio: trata-se de um gênero textual descritivo, dissertativo-expositivo e injuntivo que tem por obrigação fornecer as informações necessárias para o correto uso do medicamento. LÍNGUA PORTUGUESA 21 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Receita: é um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo informar a fórmula para preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e o preparo destes, além disso, com verbos no imperativo, dado o sentido de ordem, para que o leitor siga corretamente as instruções. Tutorial: é um gênero injuntivo que consiste num guia que tem por finalidade explicar ao leitor, passo a passo e de maneira simplificada, como fazer algo. Editorial: é um gênero textual dissertativo-argumentativo que expressa o posicionamento da empresa sobre determinado assunto, sem a obrigação da presença da objetividade. Notícia: podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato ocorrido que se deu em um determinado momento e em um determinado lugar, envolvendodeterminadas personagens. Características do lugar, bem como dos personagens envolvidos são, muitas vezes, minuciosamente descritos. Reportagem: é um gênero textual jornalístico de caráter dissertativo-expositivo. A reportagem tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de uma maneira clara, com linguagem direta. Entrevista: é um gênero textual fundamentalmente dialogal, representado pela conversação de duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter informações sobre ou do entrevistado, ou de algum outro assunto. Geralmente envolve também aspectos dissertativo- expositivos, especialmente quando se trata de entrevista a imprensa ou entrevista jornalística. Mas pode também envolver aspectos narrativos, como na entrevista de emprego, ou aspectos descritivos, como na entrevista médica. História em quadrinhos: é um gênero narrativo que consiste em enredos contados em pequenos quadros através de diálogos diretos entre seus personagens, gerando uma espécie de conversação. Charge: é um gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustração cômica, através de caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira, crítica ou comentário sobre algum acontecimento atual, em sua grande maioria. Poema: trabalho elaborado e estruturado em versos. Além dos versos, pode ser estruturado em estrofes. Rimas e métrica também podem fazer parte de sua composição. Pode ou não ser poético. Dependendo de sua estrutura, pode receber classificações específicas, como haicai, soneto, epopeia, poema figurado, dramático, etc. Em geral, a presença de aspectos narrativos e descritivos são mais frequentes neste gênero. Importante também é a distinção entre poema e poesia. Poesia é o conteúdo capaz de transmitir emoções por meio de uma linguagem, ou seja, tudo o que toca e comove pode ser considerado como poético. Assim, quando aplica-se a poesia ao gênero <poema>, resulta-se em um poema poético, quando aplicada à prosa, resulta-se na prosa poética (até mesmo uma peça ou um filme podem ser assim considerados). Canção: possui muitas semelhanças com o gênero poema, como a estruturação em estrofes e as rimas. Ao contrário do poema, costuma apresentar em sua estrutura um refrão, parte da letra que se repete ao longo do texto, e quase sempre tem uma interação direta com os instrumentos musicais. A tipologia narrativa tem prevalência neste caso. Adivinha: é um gênero cômico, o qual consiste em perguntas cujas respostas exigem algum nível de engenhosidade. Predominantemente dialogal. Anais: um registro da história resumido, estruturado ano a ano. Atualmente, é utilizado para publicações científicas ou artísticas que ocorram de modo periódico, não necessariamente a cada ano. Possui caráter fundamentalmente dissertativo. Anúncio publicitário: utiliza linguagem apelativa para persuadir o público a desejar aquilo que é oferecido pelo anúncio. Por meio do uso criativo das imagens e da linguagem, consegue utilizar todas as tipologias textuais com facilidade. Boletos, faturas, carnês: predomina o tipo descrição nestes casos, relacionados a informações de um indivíduo ou empresa. O tipo injuntivo também se manifesta, através da orientação que cada um traz. LÍNGUA PORTUGUESA 22 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Profecia: em geral, estão em um contexto religioso, e tratam de eventos que podem ocorrer no futuro da época do autor. A predominância é a do tipo preditivo, havendo também características dos tipos narrativo e descritivo. Gêneros literários: · Gênero Narrativo: Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos, o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa com características diferentes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamente todas as obras narrativas possuem elementos estruturais e estilísticos em comum e devem responder a questionamentos, como: quem? o que? quando? onde? por quê? Vejamos a seguir: Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisséia, de Homero. Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos e de caráter mais verossímil. Também conta as façanhas de um herói, mas principalmente uma história de amor vivida por ele e uma mulher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos obstáculos que o separam, o casal vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e, por isso, costuma ser punido no final. É o tipo de narrativa mais comum na Idade Média. Ex: Tristão e Isolda. Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade do conto. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka. Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual conto surgiram na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve personagens do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto mais próximo da realidade; contos folclóricos (conto popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que envolvem o suspense e a solução de um mistério. Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais são não humanos e a finalidade é transmitir alguma lição de moral. Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornal, revistas e programas da TV.. Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alternância entre os momentos narrativos e manifestos descritivos. Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Locke. · Gênero Dramático: Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis das personagens nas cenas. LÍNGUA PORTUGUESA 23 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era "uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror". Ex: Romeu e Julieta, de Shakespeare. Farsa: A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o engano. Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares. Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do realcom o imaginário. Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da realidade vivida por este povo. · Gênero Lírico: É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem. Elegia: é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e yufa, de william shakespeare. Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais. Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acompanhamento musical; Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos (muito rara); Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico. Acalanto: ou canção de ninar; Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase; Balada: uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se destinam à dança; Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com acompanhamento musical; Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio; Haicai: expressão japonesa que significa “versos cômicos” (=sátira). E o poema japonês formado de três versos que somam 17 sílabas assim distribuídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 sílabas; 3° verso 5 sílabas; Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rima geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d. Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto. LÍNGUA PORTUGUESA 24 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR RELAÇÃO ENTRE TEXTOS Assunto comum no Enem, a intertextualidade acontece quando um texto retoma uma parte ou a totalidade de outro texto – o texto fonte. Geralmente, os textos fontes são aqueles considerados fundamentais em uma determinada cultura. No exemplo dado, compositores brasileiros contemporâneos retomam um dos textos mais reverenciados da literatura portuguesa. Nos anos 90, Pedro Luis e Fernanda Abreu lançaram a canção “Tudo vale a pena”, cujo refrão diz o seguinte: “Tudo vale a pena, sua alma não é pequena”. O mote, na verdade, faz referência ao famoso poema “Mar português” (1934), do poeta Fernando Pessoa: Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Como podemos ver, temos dois textos que, apesar de distantes no tempo e no espaço, dialogam entre si. A intertextualidade é exatamente essa relação, uma forma de diálogo entre dois ou mais textos. É importante considerar que a intertextualidade pode ocorrer entre textos de mesma natureza ou de naturezas diferentes. Veja, por exemplo, que o cartum de Caulos tem como texto fonte o poema No Meio do Caminho de Carlos Drummond de Andrade, de 1930. No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. LÍNGUA PORTUGUESA 25 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR A seguir, veremos vários exemplos de intertextualidade, seja em forma de citação, paródia ou paráfrase. CITAÇÃO Esse procedimento intertextual acontece quando um texto reproduz outro texto ou parte dele. Para sinalizar que houve a reprodução de outro texto, são utilizados alguns marcadores, como as aspas. Dessa forma, o texto deixa claro que o trecho ou o texto citado foi tirado de outra fonte. A compreensão adequada de um intertexto depende, naturalmente, do conhecimento do texto fonte. No exemplo dado, a propaganda buscou inspiração no texto bíblico "Do pó vieste e ao pó voltarás", marcando sua reprodução por meio de aspas. LOCUÇÕES COM DUAS PREPOSIÇÕES A norma aceita as sequências de duas preposições (por exemplo, «para com», «por entre», «de entre»), mas tal não significa que essas expressões sejam todas classificadas como locuções prepositivas. Também não se pode dizer que existam regras; o mais que se deteta são tendências na associação de preposições. Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, 2002, p. 301/302), referindo-se à possibilidade de acúmulo de preposições, faz as seguintes observações: «Não raro duas preposições se juntam para dar maior efeito expressivo às ideias, guardando cada uma seu sentido primitivo: Andou por sobre o mar. Estes acúmulos de preposições não constituem uma locução prepositiva porque valem por duas preposições distintas. Combinam-se com mais frequência as preposições: de, para e por com entre, sob e sobre. "De uma vez olhou por entre duas portadas mal fechadas para o interior de outra sala..." [CBr. 1, 175]. "Os deputados oposicionistas conjuravam-no a não levantar mão de sobre os projetos depredadores" [CBr. 1] OBSERVAÇÕES: 1.ª) Pode ocorrer depois de algumas preposições acidentais (exceto, salvo, tirante inclusive, etc. de sentido exceptivo ou inclusivo) outra preposição requerida pelo verbo, sendo que esta última preposição não é obrigatoriamente explicitada: Gosto de todos daqui, exceto ela (ou dela). Sem razão, alguns autores condenam, nestes casos, a explicitação da segunda preposição (dela, no exemplo acima): Senhoreou-se de tudo, exceto dos dois sacos de parta [CBr apud MBa.3, 326] [...].»* Note-se que «a locução prepositiva até a é a única formada por duas preposições simples: a preposição de base até, seguida da preposição de ligação a», conforme observa a Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, p. 1505), que não inclui sequências como «por entre», «de entre», «para com» e «para depois» entre as locuções prepositivas, com a seguinte justificação: «[Nestas sequências] as duas preposições mantêm o seu significado e uso básicos: trata-se de casos em que uma preposição toma como complemento outro sintagma preposicional independente [...]; p. e. [...], ele foi generoso [SP para [SP com [SN o Luís]]].» * A sigla CBr refere-se ao escritor português Camilo Castelo Branco. LÍNGUA PORTUGUESA 26 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR DIFERENTES SENTIDOS DAS PREPOSIÇÕES Vamos relembrar um fato que nos ajudará a compreender melhor as características do assunto a ser estudado agora: As muitas palavras existentes na língua portuguesa, dependendo do momento e das circunstâncias em que são empregadas, adquirem sentidos, significados diferentes. Sendo assim, esse fato ocorre também nas preposições, pois uma mesma preposição pode obter sentidos diferentes, dependendo da forma como é utilizada. Mas antes de partirmos para o nosso objetivo, qual é o significado da palavra “preposição”? Preposição é uma palavrinha que serve para ligar dois termos em uma oração, de modo que a ideia fique completa. Vamos ver um exemplo? Urso de pelúcia Notamos que entre as palavras “urso” e “pelúcia” há um outro termo que as une – que é exatamente ela (a preposição). INTERTEXTUALIDADE A intertextualidadeé um recurso realizado entre textos, ou seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de ambos: forma e conteúdo. Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros. TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE Há muitas maneiras de realizar a intertextualidade sendo que os tipos de intertextualidade mais comuns são: Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmente, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego (parodès) a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante à outra”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos. Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), significa a “repetição de uma sentença”. Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras, textos científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): "A cultura é o melhor conforto para a velhice". Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar. Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Outras formas de intertextualidade são o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. Exemplos LÍNGUA PORTUGUESA 27 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Segue abaixo alguns exemplos de intertextualidade na literatura e na música: Intertextualidade na Literatura Fenômeno recorrente nas produções literárias, segue alguns exemplos de intertextualidade. O poema de Casimiro de Abreu (1839-1860), “Meus oito anos”, escrito no século XIX, é um dos textos que gerou inúmeros exemplos de intertextualidade, como é o caso da paródia de Oswald de Andrade “Meus oito anos”, escrito no século XX: Texto Original “Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!” (Casimiro de Abreu, “Meus oito anos”) Paródia “Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra! Da rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais” (Oswald de Andrade) Outro exemplo é o poema de Gonçalves Dias (1823-1864) intitulado Canção do Exílio o qual já rendeu inúmeras versões. Dessa forma, segue um dos exemplos de paródia, o poema de Oswald de Andrade (1890-1954), e de paráfrase com o poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): Texto Original “Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá, As aves que aqui gorjeiam LÍNGUA PORTUGUESA 28 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Não gorjeiam como lá.” (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”) Paródia “Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar os passarinhos daqui não cantam como os de lá.” (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”) Paráfrase “Meus olhos brasileiros se fecham saudosos Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? Eu tão esquecido de minha terra... Ai terra que tem palmeiras Onde canta o sabiá!” (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”) Intertextualidade na Música Há muitos casos de intertextualidade nas produções musicais, veja alguns exemplos: A música “Monte Castelo” da banda legião urbana cita os versículos bíblicos 1 e 4, encontrados no livro de Coríntios, no capítulo 13: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” e “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece”. Além disso, nessa mesma canção, ele cita os versos do escritor português Luís Vaz de Camões (1524-1580), encontradas na obra “Sonetos” (soneto 11): “Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se e contente; É um cuidar que ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata, lealdade. LÍNGUA PORTUGUESA 29 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?” Igualmente, a música “GoBack” do grupo musical Titãs, cita o poema “Farewell” do escritor chileno Pablo Neruda (1904-1973): “Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos, ya no se endulzará junto a ti mi dolor. Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada y hacia donde camines llevarás mi dolor. Fui tuyo, fuiste mía. ¿Qué más? Juntos hicimos un recodo en la ruta donde el amor pasó. Fui tuyo, fuiste mía. Tú serás del que te ame, del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo. Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste. Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy. ...Desde tu corazón me dice adiós un niño. Y yo le digo adiós.” Coesão Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de um texto. Percebemos tal definição quando lemos um texto e verificamos que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao outro. Os elementos de coesão determinam a transição de ideias entre as frases e os parágrafos. Observe a coesão presente no texto a seguir: “Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém o ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra.” As palavras destacadas têm o papel de ligar as partes do texto, podemos dizer que elas são responsáveis pela coesão do texto. Há vários recursos que respondem pela coesão do texto, os principais são: - Palavras de transição: são palavras responsáveis pela coesão do texto, estabelecem a inter- relação entre os enunciados (orações, frases, parágrafos), são preposições, conjunções, alguns advérbios e locuções adverbiais. Veja Algumas Palavras e Expressões de Transição e seus Respectivos Sentidos: - inicialmente (começo, introdução) - primeiramente (começo, introdução) - primeiramente (começo, introdução) - antes de tudo (começo, introdução) - desde já (começo, introdução) - além disso (continuação) - do mesmo modo (continuação) LÍNGUA PORTUGUESA 30 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR - acresce que (continuação) - ainda por cima (continuação) - bem como (continuação) - outrossim (continuação) - enfim (conclusão) - dessa forma(conclusão) - em suma (conclusão) - nesse sentido (conclusão) - portanto (conclusão) - afinal (conclusão) - logo após (tempo) - ocasionalmente (tempo) - posteriormente (tempo) - atualmente (tempo) - enquanto isso (tempo) - imediatamente (tempo) - não raro (tempo) - concomitantemente (tempo) - igualmente (semelhança, conformidade) - segundo (semelhança, conformidade) - conforme (semelhança, conformidade) - assim também (semelhança, conformidade) - de acordo com (semelhança, conformidade) - daí (causa e consequência) - por isso (causa e consequência) - de fato (causa e consequência) - em virtude de (causa e consequência) - assim (causa e consequência) - naturalmente (causa e consequência) - então (exemplificação, esclarecimento) - por exemplo (exemplificação, esclarecimento) - isto é (exemplificação, esclarecimento) - a saber (exemplificação, esclarecimento) - em outras palavras (exemplificação, esclarecimento) - ou seja (exemplificação, esclarecimento) - quer dizer (exemplificação, esclarecimento) - rigorosamente falando (exemplificação, esclarecimento). Ex.: A prática de atividade física é essencial ao nosso cotidiano. Assim sendo, quem a pratica possui uma melhor qualidade de vida. - Coesão por referência: existem palavras que têm a função de fazer referência, são elas: - pronomes pessoais: eu, tu, ele, me, te, os... - pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso... - pronomes demonstrativos: este, esse, aquele... - pronomes indefinidos: algum, nenhum, todo... - pronomes relativos: que, o qual, onde... - advérbios de lugar: aqui, aí, lá... Ex.: Marcela obteve uma ótima colocação no concurso. Tal resultado demonstra que ela se esforçou bastante para alcançar o objetivo que tanto almejava. - Coesão por substituição: substituição de um nome (pessoa, objeto, lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do texto por uma palavra ou expressão que tenha sentido próximo, evitando a repetição no corpo do texto. Ex.: Porto Alegre pode ser substituída por “a capital gaúcha”; Castro Alves pode ser substituído por “O Poeta dos Escravos”; João Paulo II: Sua Santidade; Vênus: A Deusa da Beleza. LÍNGUA PORTUGUESA 31 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Ex.: Castro Alves é autor de uma vastíssima obra literária. Não é por acaso que o "Poeta dos Escravos" é considerado o mais importante da geração a qual representou. Assim, a coesão confere textualidade aos enunciados agrupados em conjuntos. Tipos de Coerência São seis os tipos de coerência: sintática, semântica, temática, pragmática, estilística e genérica. Conhecê-los contribui para a escrita de uma boa redação. Conhecer os tipos de coerência pode ajudar na construção da coerência global de um texto, seja ele oral ou escrito. Você já deve saber que alguns elementos são indispensáveis para a construção de um bom texto. Entre esses elementos, está a coerência textual, fator que garante a inteligibilidade das ideias apresentadas em uma redação. Quando falta coerência, a construção de sentidos fica seriamente comprometida. É importante que você saiba que existem tipos de coerência, elementos que colaboram para a construção da coerência global de um texto. São eles: • Coerência sintática: está relacionada com a estrutura linguística, como termo de ordem dos elementos, seleção lexical etc., e também à coesão. Quando empregada, eliminamos estruturas ambíguas, bem como o uso inadequado dos conectivos. • Coerência semântica: Para que a coerência semântica esteja presente em um texto, é preciso, antes de tudo, que o texto não seja contraditório, mesmo porque a semântica está relacionada com as relações de sentido entre as estruturas. Para detectar uma incoerência, é preciso que se faça uma leitura cuidadosa, ancorada nos processos de analogia e inferência. • Coerência temática: Todos os enunciados de um texto precisam ser coerentes e relevantes para o tema, com exceção das inserções explicativas. Os trechos irrelevantes devem ser evitados, impedindo assim o comprometimento da coerência temática. • Coerência pragmática: Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Os textos, orais ou escritos, são exemplos dessas sequências, portanto, devem obedecer às condições para a sua realização. Se o locutor ordena algo a alguém, é contraditório que ele faça, ao mesmo tempo, um pedido. Quando fazemos uma pergunta para alguém, esperamos receber como resposta uma afirmação ou uma negação, jamais uma sequência de fala desconectada daquilo que foi indagado. Quando essas condições são ignoradas, temos como resultado a incoerência pragmática. • Coerência estilística: Diz respeito ao emprego de uma variedade de língua adequada, que deve ser mantida do início ao fim de um texto para garantir a coerência estilística. A incoerência estilística não provoca prejuízos para a interpretabilidade de um texto, contudo, a mistura de registros — como o uso concomitante da linguagem coloquial e linguagem formal — deve ser evitada, principalmente nos textos não literários. • Coerência genérica: Refere-se à escolha adequada do gênero textual, que deve estar de acordo com o conteúdo do enunciado. Em um anúncio de classificados, a prática social exige que ele tenha como objetivo ofertar algum serviço, bem como vender ou comprar algum produto, e que sua linguagem seja concisa e objetiva, pois essas são as características essenciais do gênero. Uma ruptura com esse padrão, entretanto, é comum nos textos literários, nos quais podemos encontrar um determinado gênero assumindo a forma de outro. É importante ressaltar que em alguns tipos de texto, especialmente nos textos literários, uma ruptura com os tipos de coerência descritos anteriormente pode acontecer. Nos demais textos, a coerência contribui para a construção de enunciados cuja significação seja aceitável, ajudando na compreensão do leitor ou do interlocutor. Todavia, a coerência depende de outros aspectos, como o conhecimento linguístico de quem acessa o conteúdo, a situacionalidade, a informatividade, a intertextualidade e a intencionalidade. A TESE NO TEXTO ARGUMENTATIVO LÍNGUA PORTUGUESA 32 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR A tese nada mais é do que a apresentação do tema a ser discutido e a sua opinião sobre ele. Pense assim, o seu leitor não faz ideia do assunto que será abordado – por mais que ele seja o corretor e já tenha decorado a proposta –, por isso você precisa informá-lo sobre o que será dito. Depois disso, ele precisa saber qual é a sua opinião sobre o tema, para que ele entenda o caminho que você irá percorrer ao construir o desenvolvimento. Ok. Na teoria é tudo muito bonito, mas e na prática? Trouxe para você o primeiro parágrafo de um dos textos nota 1000 no ENEM 2012, cujo tema era “Movimento imigratório para o Brasil no século XXI”, para que você veja como se constrói a tese. Catalisador Estrangeiro No final do século XX, o país passou por um período de grande prosperidade econômica que ficou conhecido como “Milagre econômico”. O otimismo gerado por essa conjuntura traduziu-se em uma frase que permanece, até hoje, na cultura popular: “Brasil: o país do futuro”. O crescente número de imigrantes que buscam terras tupiniquins, porém, revela que talvez o futuro esteja próximo de chegar. Dessa forma, é preciso enxergar a oportunidade de crescimento que tal fenômeno representa e propor medidas que maximizem os benefícios e minimizem os problemas. O trecho em negrito corresponde à tese do texto. Observe que, na primeira parte, ele constrói a contextualização do tema para o leitor “O crescente número de imigrantes” e, na segunda, já traz o seu posicionamento “revela que talvez o futuro esteja próximo de chegar”. Desse modo, ele já traz os dois requisitos necessários para que o leitor entenda que o texto defenderá que o movimento imigratório para o Brasil no século XXI será benéfico. ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS PARA MELHORAR SUA REDAÇÃO Em um texto de opinião, nosso objetivo é apresentar edefender um posicionamento crítico. Como bem sabemos, para que isso seja alcançado, são necessários alguns cuidados com a elaboração de nosso projeto de texto e o desenvolvimento de cada ideia selecionada por nós. No texto dissertativo-argumentativo, temos esta organização textual: Introdução: problematização do tema; Desenvolvimento: argumentação/fundamentação/defesa do ponto de vista; Conclusão: balanço da discussão realizada ao longo do texto. Com essa divisão textual, podemos notar que o desenvolvimento é o maior representante da função principal de um texto dissertativo-argumentativo, uma vez que a parte de maior concentração da argumentação está localizada ali. Hoje, o sítio de Português, pensando na relevância do desenvolvimento de um texto de opinião, separou três estratégias argumentativas para auxiliá-los na produção de textos argumentativos melhores. → Argumentação por exemplificação Um exemplo é sempre um elemento que traz força para a defesa de um ponto de vista, visto que é a melhor forma de comprovar uma opinião. Além desse benefício, há outro ganho ao fazer uso dessa estratégia: é um mecanismo bastante acessível. O que isso quer dizer? Há, no geral, três formas de exemplificação, e isso faz com que as possibilidades de uso pelos falantes sejam inúmeras. Observem: – Fatos divulgados na mídia “O artigo 5° da Constituição Federal diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza''. Mas, na prática, a legislação brasileira confere o privilégio de não ficar em cárcere comum até o trânsito em julgado de uma decisão penal condenatória para alguns grupos. Como os detentores de diploma de curso superior. Com a decisão do Supremo, esse tempo vai se encurtar, mas a cela especial continua lá. LÍNGUA PORTUGUESA 33 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR O Senado Federal havia derrubado essa aberração presente no artigo 295, inciso VII, do Código de Processo Penal, mas a Câmara os Deputados barrou a mudança. Isso é bastante paradigmático em um país em que milhares de pobres seguem presos sem julgamento de primeira instância – um escárnio.” Dados estatísticos “Pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular, encomendada pelo Catraca Livre para a campanha “Carnaval sem assédio'', apontou que 61% dos homens abordados afirmaram que uma mulher solteira que vai pular carnaval não pode reclamar de ser cantada e, para 49% dos mancebos, bloco de carnaval não é lugar para mulher “direita”. Além disso, 70% acreditam que as mulheres se sentem felizes quando ouvem um assobio e 59% acham que elas ficam felizes quando ouvem uma cantada na rua. Nessa hora, não tem como não sonhar com o meteoro vindo e dando reset nas coisas.” Situações fictícias “Noite de quarta-feira em Ipanema, bairro carioca de classe média alta. Restaurante da moda, repleto de jovens bem-nascidos, sofre o terceiro ‘arrastão’ do mês. Clientes e funcionários são assaltados e ameaçados de morte. Eis aqui o cotidiano violento da cidade maravilhosa.’’ Argumento de autoridade A argumentação de autoridade consiste em apresentar e interpretar a opinião de outros autores. Por que fazer isso em nosso texto? É simples essa resposta: com o objetivo de dar maior sustentação às nossas ideias e credibilidade ao nosso texto, acessamos reflexões de autoridades no assunto (líderes políticos, artistas, filósofos, historiadores) a fim de que as nossas ideias tenham como fundamentação os argumentos de especialistas no tema abordado. Os argumentos de autoridade podem ser colocados em prática por meio de: Citações: é quando citamos, precisamente, a ideia de determinado autor. Nesse caso, as palavras do autor devem estar entre aspas. “O sociólogo Michel Foucault afirma que 'nada é político, tudo é politizável, tudo pode tornar-se político'. A publicidade politiza o que é imprescindível ao consumidor à medida que abarca a função apelativa associada à linguagem empregada na disseminação da imagem de um produto, persuadindo o público-alvo a adquiri-lo.” Paráfrases: é quando, com as nossas palavras, apresentamos a ideia de outro autor. Frase de Karl Marx: “A religião é o ópio do povo.” “Marx considera que a religião é uma forma de alienação. Nela verifica-se a fractura entre o mundo concreto e um mundo ideal, entre o mundo em que o homem vive e o mundo em que ele desejaria viver. Por que razão surge esse mundo ideal? Marx diz que o mundo celeste é o resultado de um protesto da criatura oprimida contra o mundo em que vive e sofre. Ou seja, procura-se um refúgio no mundo divino porque o mundo em que o homem vive é desumano.” Argumento por alusão histórica Assim como na argumentação por citação, a intertextualidade é uma das intenções dessa estratégia. Há, além disso, a relação com a argumentação por exemplificação, uma vez que fatos históricos também são meios que podem comprovar determinada afirmação/reflexão crítica. Dessa forma, temos, com a alusão histórica, dois benefícios: possibilidade de comprovar a nossa opinião e dar maior credibilidade ao texto, uma vez que ser entendedor da história é demonstrar autoridade no assunto recortado. O autor, ao fazer uso dessa estratégia argumentativa, estará comparando o passado e o presente e, a partir dessa comparação, tecerá sua reflexão crítica em relação ao recorte histórico realizado. Observem: LÍNGUA PORTUGUESA 34 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR “Há exatos 122 anos, era declarada ilegal a propriedade de um ser humano sobre outro no Brasil. Contudo, a Lei Áurea – curta, grossa e lacônica – não previu nenhuma forma de inserir milhões de recém-libertos como cidadãos do país, muitos menos alguma compensação pelos anos de cárcere para que pudessem começar uma vida independente. Para substituir os escravos, veio a imigração de mão-de-obra estrangeira, agora assalariada. Os fazendeiros não precisavam mais comprar trabalhadores, podiam apenas pagar-lhes o mínimo necessário à subsistência. Ou nem isso. Enquanto isso, o trabalho escravo moderno deu lugar a formas contemporâneas de escravidão, em que trata-se o trabalhador como animal, explora-se sua força física aos limites da exaustão e cria-se maneiras de prendê-lo à terra, seja por dívidas ilegais, seja por qualquer outra forma.” DIFERENCIAR AS PARTES PRINCIPAIS DA SECUNDÁRIA EM UM TEXTO Conceito de Ideias Secundárias Em todo argumento ou raciocínio existem ideias que são principais, ou seja, são os pontos destacados desse discurso pessoal. Ideias que valorizam determinado ponto de vista. Entretanto, estas ideias principais contam com o reforço das ideias secundárias, estas últimas que são muito valiosas e contribuem com aspectos positivos do ponto de vista pessoal. Saber distinguir a ideia principal das complementares Um dos pontos mais importantes na oratória consiste precisamente em saber diferenciar claramente quais são os pontos de destaque numa exposição oral e quais são as ideias secundárias para poder contribuir com uma estrutura lógica nesta exposição. Contribuir com argumentos Do mesmo modo, está diferenciação também é essencial ao aplicar uma das técnicas de estudo mais habituais na compreensão de um texto: o sublinhado. Ao sublinhar em um texto as ideias destacadas com alguma cor chamativa é indispensável grifar apenas as informações que são valiosas. As ideias secundárias de um texto são aquelas que trazem informação complementar, ideias derivadas de um argumento principal. Atuam como se tratasse de um complemento. Existe uma relação de ligação entre a ideia principal e a ideia secundária de um texto, estão relacionadas entre si na qual o significado completo de uma ideia secundária pode ser compreendido melhor em relação ao ponto de vista principal. Estas ideias têm uma função de reforço na mensagem, como também trazem mais justificativas e aspectos concretos à mesma. Como identificar a ideia principal do texto O uso das ideias secundárias não significa dar rodeios. Existe um ponto importante paradiferenciar qual é a ideia principal de um texto daquela que é secundária. A ideia principal é aquela que mesmo com a diminuição do parágrafo continua tendo o mesmo valor e significado por si só. Em compensação, não ocorre o mesmo com o resto das ideias. Esta aprendizagem tem grande valor, uma vez que permite melhorar a compreensão da leitura, da comunicação oral e a ter melhor domínio da linguagem através da expressão escrita com uma estrutura mais coerente. Por outro lado, esta compreensão traz mais eficiência para a comunicação. Um texto contém muito mais ideias secundárias do que ideias principais. Os conteúdos das ideias secundárias não são os mais importantes, mas sem eles o texto não flui – torna-se pesado. Na verdade, não é possível escrever um texto sem as ideias secundárias. Para lembrar As ideias secundárias funcionam como atores coadjuvantes. Cumprem um papel secundário, mas imprescindível. Redigir bem depende muito do domínio que o autor tem dessas ideias. LÍNGUA PORTUGUESA 35 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Colocadas em excesso, as ideias secundárias dificultam a compreensão do essencial. Mas quando há ideias de menos, o texto fica sintético demais, telegráfico. As ideias secundárias são dispensáveis somente quando queremos fazer uma síntese ou um resumo do conteúdo. No texto seguinte, as ideias principais compõem todo o primeiro parágrafo. O segundo e o terceiro parágrafos desenvolvem ideias principais e secundárias ou complementares. Esta primeira conferência será dedicada à oposição leveza-peso e argumentarei a favor da leveza. Não quer dizer que considero menos válido o argumento do peso, mas apenas que penso ter mais coisas a dizer sobre a leveza. →Ideias principais Depois de haver escrito ficção por quarenta anos, de haver explorado vários caminhos e realizado experimentos diversos, chegou o momento de buscar uma definição global de meu trabalho. →Ideia principal. Gostaria de propor o seguinte: no mais das vezes, minha intervenção se traduziu por uma subtração do peso; esforcei-me por retirar peso, ora às figuras humanas, ora aos corpos celestes, ora às cidades; esforcei-me sobretudo por retirar peso à estrutura da narrativa e à linguagem. Nesta conferência, buscarei explicar – tanto para mim quanto para os ouvintes – a razão por que fui levado a considerar a leveza antes um valor que defeito; →Ideia principal direi quais são, entre as obras do passado, aquelas em que reconheço o meu ideal de leveza; indicarei o lugar que reservo a esse valor no presente e como o projeto no futuro. (Italo Calvino, Seis propostas para o próximo milênio) LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL Comunicação é o processo de troca de informações entre um emissor e um receptor. Um dos aspectos que pode interferir nesse processo é o código a ser utilizado, que deve ser entendível para ambos. Quando falamos com alguém, lemos um livro ou revista, estamos utilizando a palavra como código. Esse tipo de linguagem é conhecido como linguagem verbal, sendo a palavra escrita ou falada, a forma pela qual nos comunicamos. Certamente, essa é a linguagem mais comum no nosso dia a dia. Quando alguém escreve um texto, por exemplo, está usando a linguagem verbal, ou seja, está transmitindo informações através das palavras. A outra forma de comunicação, que não é feita nem por sinais verbais nem pela escrita, é a linguagem não verbal. Nesse caso, o código a ser utilizado é a simbologia. A linguagem não verbal também é constituída por gestos, tom de voz, postura corporal, etc. Se uma pessoa está dirigindo e vê que o sinal está vermelho, o que ela faz? Para. Isso é uma linguagem não verbal, pois ninguém falou ou estava escrito em algo que ela deveria parar, mas como ela conhece a simbologia utilizada, apenas o sinal da luz vermelha já é suficiente para compreender a mensagem. Ao contrário do que alguns pensam, a linguagem não verbal é muito utilizada e importante na vida das pessoas. Quando uma mãe diz de forma áspera, gritando e com uma expressão agressiva, que ama o filho, será que ele interpretará assim? Provavelmente não. Esse é apenas um exemplo entre muitos, para ilustrar a importância da utilização da linguagem não verbal. Outra diferença entre os tipos de linguagens é que, enquanto a linguagem verbal é plenamente voluntária, a não verbal pode ser uma reação involuntária, provindo do inconsciente de quem se comunica. ARGUMENTO DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA, COMPARAÇÃO E DEDUÇÃO – SILOGISMO HIPOTÉTICO E SILOGISMO DISJUNTIVO Argumento de causa e consequência • Se uma determinada causa provoca uma determinada consequência, é lógico concluir que causa e consequência estão correlacionadas, mas é preciso demonstrar por que razão isso ocorre. LÍNGUA PORTUGUESA 36 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Assim, é correto afirmar que “falar demais e alto” (A) causa/provoca/tem como consequência a “afonia” (B), apresentando a razão que liga A e B: as cordas vocais se cansam. • Mais de uma causa pode ser apresentada para uma consequência: “falar alto” (A), “fumar muito” (B), “beber demais” (C) podem provocar “afonia” (D). A, B e C são causas da consequência D. Nesse caso, a eliminação de uma ou mais causas não garante a eliminação da consequência. • Quando há várias causas para uma consequência, é necessário selecionar a mais expressiva. A violência, como consequência de condições sociais desfavoráveis, tem como causa maior a miséria. • Na relação de causa e consequência, os fatos devem estar relacionados e comprovados: se alguém fica afônico porque fala demais, é necessário comprovar se “falar demais” foi a causa da afonia, ou ainda, se todas as pessoas que falam demais tornamse afônicas. • Várias consequências podem ser fruto de uma única causa “maior”: afonia, estafa, cansaço respiratório, comprometimento do coração podem ter como causa “fumar demais”. • As causas, geralmente, são complexas, porque podem ser efeitos de outras causas/conseqúên cias: um indivíduo fuma demais porque é nervoso; é nervoso porque sofre de rejeição; sofre de rejeição porque foi abandonado pelos pais etc. • Não se deve concluir além do que a(s) causa(s) su gere(m)/suporta(m), pois o fato de se ter encontrado pelo menos uma causa já demonstra capacidade de percepção por parte do enunciador. Argumento de comparação (analogia) • Para se criar o argumento por analogia, não é necessário comparar mais de dois termos (duas ideias, duas situações, dois indivíduos etc). Basta destacar o que os assemelha. Há inúmeros aspectos que servem de elementos comparativos entre o ensino ministrado nas escolas particulares e nas escolas públicas. É preciso eleger o mais expressivo. • Os termos confrontados na comparação devem partir de premissas verdadeiras. • Analogia que elege um modelo, há pessoas que preferem tratamento com a medicina alternativa, portanto tudo que se aproxima dessa área é confiável. • Analogia que privilegia um termo em detrimento de outro: cigarros sem filtro são mais saborosos que os com filtro. Argumento por dedução • É possível haver um grau de incerteza em todos os argumentos, mas, no raciocínio dedutivo bem construído, a verdade contida nas premissas nos dá segurança de que as conclusões são verdadeiras. Se as premissas “todos os homens são mortais” e “sou homem” são verdadeiras, então também é verdadeira a conclusão de que “sou mortal”. Para se discordar desse argumento, é necessário discordar das premissas o que garantiria um atestado de loucura a quem ousasse ser discordante, pois se trata de premissas incontestáveis. • Apresentamos em seguida dois tipos de silogismo com o quais se pode elaborar um argumento lógico: a) Silogismo hipotético Premissa: Se a prática de exercícios físicos contribui para uma vida saudável. Premissa: Se a vida sedentária não é saudável. Conclusão: Portanto serei mais saudável praticando exercícios físicos. b) Silogismo disjuntivo Premissa: O jovem ou se entrega ao convívio social para ser aceito, ouse afasta da companhia de todos e vive em seu mundo ocluso. Premissa: O jovem não pode se isolar de seu grupo porque corre o risco de ser marginalizado. LÍNGUA PORTUGUESA 37 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Conclusão: Logo o jovem deve entregarse ao convívio social. • Argumento dedutivo em várias etapas: “Aquele jovem não olhou para ninguém (A), o seu rosto estava abatido e os olhos avermelhados (B); evitou todas as aproximações (C); sua namorada não veio à aula (D); quando lhe perguntaram onde ela estava, respondeu que não queria saber (E). Com certeza, ele levou um fora (F). As etapas de A a E conduzem à conclusão F. RELAÇÕES DISCURSIVAS Pode-se prever que as questões sobre essa temática certamente irão versar sobre aspectos relacionados à interpretação de texto e à substituição de termos vinculados às expressões originais (sem que haja mudança de contexto). Assim, para que o candidato tenha noção dessas relações lógico-discursivas, decidimos separar algumas dicas sobre como perceber essas relações e as diferenças entre elas. Antes de mais nada, o candidato precisa reparar que as relações discursivas são aquelas que dão sentido ao texto, como em “Lá no fundo do rio, vivia Pepita”, em que a frase após a vírgula denota a relação de explicação. Causalidade A causalidade é aquela que representa o motivo, a causa, pela qual uma ação aconteceu. A principal conjunção utilizada é o ‘porque’, entretanto, no próprio texto pode não haver uma conjunção e aí será necessário compreender o sentido de causa e efeito por si só, conforme o contexto. Exemplo: "Porque/como/visto que estava doente, fui na farmácia". Consequência A consequência é o efeito que é declarado na oração principal. Geralmente, utiliza-se apenas a conjunção ‘que’ para exprimir essa relação, como em: "Estava com tanta sede que bebi muitos litros de água". Condição As relações condicionais são aquelas que expressam uma imposição para que algo aconteça. É necessário impor para que seja realizado ou não. A conjunção mais conhecida da condição é a partícula ‘se’, que já indica a probabilidade. Exemplo: "Se todo mundo concordar, libero a festa". Concessão Para o concurseiro não esquecer jamais o que indica concessão, tenha em mente a palavra contraste, porque é esse tipo de simbologia que essa relação lógica-discursiva oferece. É na concessão que acontece contradição, por exemplo, nesta frase: "Eu irei, mesmo que ela não vá". Comparação Para essa relação, utiliza-se muito a conjunção ‘como’, para estabelecer uma comparação entre os elementos e pelas ações que serão proferidas na oração principal. Olhe um exemplo: "Ele come como um leão". Mesmo que haja uma metáfora inserida, a comparação ainda existe metaforicamente, indicando o quanto a pessoa se alimenta bem, por exemplo. Conformidade A conformidade é aquela relação em que só poderá realizar um fato se seguir uma regra, uma norma, conforme como se pede. Pode-se utilizar “Segundo”, “De acordo”, “Conforme”. Exemplo: "Conforme foi dito, realizei a tarefa". Temporalidade É no tempo que conseguimos exprimir as noções de posterioridade e anterioridade, além de simultaneidade. É o fato que pode expressar essa causa de tempo, que geralmente está acompanhado pela expressão ‘quando’. Por exemplo: "Sempre que acontece isso, você fica assim" (expressa a condição do tempo, do que aconteceu). LÍNGUA PORTUGUESA 38 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Finalidade A finalidade é aquilo que você responde: qual o objetivo da ação? A onde você quer chegar? Através da construção ‘a fim de que’, ‘para que’, você consegue exprimir essa relação lógica-discursiva, como acontece no período a seguir: "Fui viajar, para que pudesse esquecer de você". RECONHECER O EFEITO DE SENTIDO DECORRENTE DO USO DA PONTUAÇÃO E DE OUTROS RECURSOS GRÁFICOS Leia o texto abaixo: Sobre a liberdade [...] Quando falo de liberdade, é a isso que estou me referindo: ao que nos diferencia das térmitas e das marés, de tudo o que se move de modo necessário e inevitável. É certo que não podemos fazer qualquer coisa que queiramos, mas também é certo que não somos obrigados a querer fazer uma única coisa. Aqui convém fazer dois esclarecimentos a respeito da liberdade: Primeiro: Não somos livres para escolher o que nos acontece (termos nascido num determinado dia. de determinados pais, num determinado país, [...] mas livres para responder ao que nos acontece de um ou outro modo (obedecer ou nos rebelar, ser prudentes ou temerários, (...) Segundo: Sermos livres para tentar algo não significa consegui-lo infalivelmente. A liberdade (que consiste em escolher dentro do possível) não é o mesmo que a onipotência (que seria conseguir sempre o que se quer, mesmo parecendo impossível). Por isso, quanto maior for nossa capacidade de ação, melhores resultados poderemos obter de nossa liberdade. [...) Há coisas que dependem da minha vontade (e isso é ser livre), mas nem tudo depende de minha vontade (senão eu seria onipotente), pois no mundo há muitas outras vontades e muitas outras necessidades que não controlo conforme meu gosto. Se eu não conhecer a mim mesmo e ao mundo em que vivo. minha liberdade às vezes irá esbarrar com o necessário. Mas - isso é importante - nem por isso deixarei de ser livre... mesmo que me queime. SAVATER. Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Martos Pontes. 1993. p. 28, 29. (P090690EX_SUP) (P090693EX) No trecho "... a respeito da liberdade:" (linha 5), o uso dos dois pontos introduz uma a) enumeração de questões envolvendo a liberdade. b) explicação sobre problemas da liberdade. c) opinião sobre como exercer a liberdade. d) síntese das vantagens da liberdade. GABARITO - A Este item avalia a habilidade de identificar o efeito de sentido decorrente da escolha de um sinal de pontuação. O suporte é um fragmento de uma obra literária, gênero familiar a alunos desse nível de escolarização no ambiente escolar. A temática e a linguagem do texto podem ser obstáculos à compreensão. Há várias interrupções e comentários no interior do texto que podem dificultar a leitura. O comando solicita que o aluno escolha, entre as alternativas de resposta, aquela que justifica o uso dos dois-pontos no fragmento selecionado. O aluno que atentou para a sequência textual optou pela letra A, o gabarito. O estudante que optou pela letra B pode ter se confundido entre enumeração e explicação. O aluno que optou pela letra C pode ter presumido que o autor iria expor suas opiniões e aquele que optou pela letra D considerou apenas o lado positivo da liberdade. LÍNGUA PORTUGUESA 39 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR A IRONIA E O HUMOR Muitas vezes, as falas e os textos não devem ser interpretados ao pé da letra. A função crítica da ironia É frequente encontrarmos ironia em diferentes textos com os quais entramos em contato diariamente. Para o desenvolvimento da nossa competência de bons leitores, é essencial que saibamos identificar a ocorrência da ironia nos textos, pois somente assim seremos capazes de dar a esses textos a interpretação pretendida pelo seu autor. O cartum é um gênero textual que tem como uma de suas características promover uma reflexão crítica sobre situações políticas, econômicas e sociais da atualidade. Espera-se que, em uma sociedade democrática, todos os cidadãos tenham direitos e deveres iguais. No cartum, observa-se uma família de brasileiros pobres barrada à porta do Clube Brasil por não serem “sócios”. É irônico que brasileiros pobres, vivendo em um país supostamente democrático, não possam participar da “festa”. Esse termo, usado também em sentido irônico, leva a concluir que apenas os privilegiados (os “sócios”) têm direito, em uma sociedade com grande desigualdade social, de fazer parte do “clube da democracia” a que, constitucionalmente, todos deveriam ter acesso. O cartunista, por meio da ironia, denuncia a existência no Brasil de diferentes “categorias” de cidadãos. A ironia comorecurso literário A ironia é um recurso muito utilizado por autores de textos literários. Em alguns casos, ela chega a definir um estilo. É o que acontece com Machado de Assis. Nos seus romances, o grande escritor brasileiro dirige um olhar claramente irônico para a sociedade do Segundo Reinado.Veja um exemplo: “Óbito do autor” Na cena, Brás Cubas narra seu próprio enterro. Quando fala dos poucos amigos que acompanharam a cerimônia, destaca um dos “fiéis da última hora” que chegou a comparar o estado da natureza à tristeza provocada pela morte de Brás. O comentário final do narrador revela a força da sua ironia e desnuda os interesses do amigo “fiel”: “Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei”. Essa observação obriga o leitor a reavaliar os motivos que levaram esse “amigo” a fazer um discurso emocionado. Na verdade, era alguém movido somente por interesses financeiros (iria herdar algumas apólices) e não por um sentimento sincero. Em todas as obras de Machado de Assis são inúmeros os exemplos de observações como essa, o que faz com que a ironia seja uma das características definidoras do seu estilo literário. LÍNGUA PORTUGUESA 40 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Humor 1. Considerando as falas das personagens no primeiro quadrinho, explique por que Hagar imagina que o homem com quem conversa seria “sentimental”. 2. A resposta dada pelo homem à pergunta de Hagar é a esperada? Justifique. 3. Qual pode ter sido a intenção do autor da tira ao mudar o foco do diálogo? Explique. Uma das características que distinguem os seres humanos das demais espécies é a capacidade de rir e de provocar o riso. Muitas vezes relacionado a um uso específico da linguagem, esse comportamento manifesta-se em diferentes circunstâncias. Rimos de situações que parecem absurdas, cômicas, inesperadas, surpreendentes (como o diálogo da tira acima). O discurso humorístico Certamente você já ouviu e já contou piadas. Mas já parou para analisá-las? Já se perguntou o que, nesse gênero textual, desencadeia o riso? Veremos, a seguir, que a raiz de humor das piadas liga-se a duas situações: ao que é tematizado ou ao modo como a linguagem é utilizada: O presente A mãe de Juca estava grávida e perguntou a ele o que preferia ganhar: um irmãozinho ou uma irmãzinha. Juca respondeu: — Mamãe, se não for pedir muito eu preferiria uma bicicleta. Na piada acima, o riso nasce da resposta inesperada dada pelo filho a uma pergunta da mãe. Trata- se, portanto, de um humor gerado pela questão tematizada: a reação de filhos à notícia de que “ganharão” um irmão ou uma irmã de “presente”. Riso e linguagem Duplo sentido, interpretação literal de algo que precisa ser entendido em sentido figurado, representações estereotipadas de variedades linguísticas estigmatizadas são recursos associados à linguagem presentes em muitas piadas. Observe: Haja coração! A professora pergunta: — Quantos corações nós temos? O aluno: — Temos dois, professora! — Dois? — Sim: o meu e o seu! LÍNGUA PORTUGUESA 41 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR A graça desse texto está na interpretação que o aluno faz do pronome nós utilizado pela professora. Em situações como essa, geralmente o pronome deve ser entendido como fazendo referência à raça humana. O aluno faz uma interpretação mais específica e entende que o pronome se refere a duas pessoas: ele e a professora. Cuidado com o preconceito: Verbos A professora pergunta para a Mariazinha: — Mariazinha, me dê um exemplo de verbo. — Bicicreta! — respondeu a menina. — Não se diz “bicicreta”, e sim “bicicleta”. Além disso, bicicleta não é verbo. Pedro, me diga você um verbo. — Prástico! — disse o garoto. — É “plástico”, não “prástico”. E também não é verbo. Laura, é sua vez: me dê um exemplo correto de verbo — pediu a professora. — Hospedar! — respondeu Laura. — Muito bem! — disse a professora. Agora, forme uma frase com este verbo. — Os pedar da bicicreta é de prástico! Disponível em: . Várias piadas trabalham com o estereótipo da fala “caipira” para provocar o riso. Mas, não se deve recorrer ao modo como as pessoas falam para justificar qualquer tipo de discriminação ou preconceito. Mesmo que a brincadeira com a interpretação equivocada de Os pedar, na piada, provoque o riso, é preciso reconhecer que o texto faz uma caracterização estereotipada e preconceituosa dos alunos que são falantes de variedades de português diferentes da chamada norma culta. A PONTUAÇÃO E OS EFEITOS DE SENTIDO A pontuação só interfere nos aspectos sintáticos do texto? Seguramente, não. Ela pode influenciar também nos aspectos semânticos, ou seja, na significação. Ensinar pontuação é sempre um desafio, porque muitas vezes os alunos decoram os sinais, mas não se preocupam em entender a intencionalidade discursiva que há por trás de cada um. Então, é muito importante que os profissionais que trabalham com a língua portuguesa mostrem não só os aspectos sintáticos que a envolvem, mas também o semântico. A proposta de aula abaixo pretende aliar esses dois aspectos. Todos sabem o gosto que os adolescentes têm por desafios, por isso o objetivo é ensinar sobre pontuação usando exercícios desafiadores e que demostrem, na prática, a importância da pontuação para o sentido do texto. Apresentaremos um exemplo, mas há muitos outros que podem ser utilizados em sala com êxito. Antes de iniciar o desafio seria interessante que houvesse uma revisão sobre a pontuação. Destaque, principalmente, aqueles sinais de pontuação que em geral os alunos apresentam mais dificuldade, como a vírgula, por exemplo. Além disso, procure revisar a função das aspas no texto, pois é comum restringir seu uso à indicação de citação, mas poucos a associam ao diálogo. O importante é que a revisão seja rápida para dar tempo para os alunos “brincarem” com os exercícios. LÍNGUA PORTUGUESA 42 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR O objetivo do exercício, como dito anteriormente, é levar o aluno a entender a importância da pontuação para a construção de sentido do texto, e o enunciado a ser utilizado como desafio é: Felipe toma banho e sua mãe diz ele quero banho frio. Peça que pontuem da forma que acharem melhor, sempre buscando dar sentido à frase. (Separe uns 5 minutos para essa atividade.) É provável que fiquem irritados, dizendo que a frase não faz sentido. Neste momento é interessante começar a facilitar um pouco; para isso, diga-lhes que podem usar duas vezes a vírgula e duas vezes o ponto final. Dê mais um tempinho para que possam praticar. (Aproximadamente 10 minutos.) A essa altura, muitos estarão próximos de decifrar o “enigma” e outros estarão aflitos pela resposta correta. Chegou a hora de dizer-lhes que trata-se de um diálogo, portanto, as aspas devem aparecer para marcar a fala das personagens. Indique que as aspas também apareceram duas vezes. (Dê mais uns minutos) Agora consiga a atenção dos alunos para o quadro e responda o “enigma”, que ficará assim:. Felipe toma banho e sua. “Mãe”, diz ele, “quero banho frio”. Após a resolução do desafio, enfatize a importância da pontuação para que o texto faça sentido. Se quiser, é possível também ampliar a proposta fazendo uma revisão sobre o vocativo. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA – A LÍNGUA EM MOVIMENTO A variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa. Pode ser compreendida por meio das influências históricas e regionais sobre os falares. A variação linguística é um fenômeno que acontece com a língua e pode ser compreendida por intermédio das variações históricas e regionais. Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua pode sofrer diversas alterações feitas por seus falantes. Como não é um sistema fechado e imutável, a língua portuguesa ganha diferentes nuances. O português que é falado no Nordeste do Brasil pode ser diferente do português falado no Sul do país. Claro que um idioma nos une, mas as variações podem ser consideráveis e justificadasde acordo com a comunidade na qual se manifesta. As variações acontecem porque o princípio fundamental da língua é a comunicação, então é compreensível que seus falantes façam rearranjos de acordo com suas necessidades comunicativas. Os diferentes falares devem ser considerados como variações, e não como erros. Quando tratamos as variações como erro, incorremos no preconceito linguístico que associa, erroneamente, a língua ao status. O português falado em algumas cidades do interior do estado de São Paulo, por exemplo, pode ganhar o estigma pejorativo de incorreto ou inculto, mas, na verdade, essas diferenças enriquecem esse patrimônio cultural que é a nossa língua portuguesa. Leia a letra da música “Samba do Arnesto”, de Adoniran Barbosa, e observe como a variação linguística pode ocorrer: Samba do Arnesto O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás Nós fumos não encontremos ninguém Nós voltermos com uma baita de uma reiva Da outra vez nós num vai mais Nós não semos tatu! No outro dia encontremo com o Arnesto Que pediu desculpas mais nós não aceitemos Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa Mas você devia ter ponhado um recado na porta LÍNGUA PORTUGUESA 43 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Um recado assim ói: "Ói, turma, num deu pra esperá Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância, Assinado em cruz porque não sei escrever. Samba do Arnesto, Adoniran Barbosa Há, na letra da música, um exemplo interessante sobre a variação linguística. É importante ressaltar que o código escrito, ou seja, a língua sistematizada e convencionalizada na gramática, não deve sofrer grandes alterações, devendo ser preservado. Já imaginou se cada um de nós decidisse escrever como falamos? Um novo idioma seria inventado, aboliríamos a gramática e todo o sistema linguístico determinado pelas regras cairia por terra. Contudo, o que o compositor Adoniran Barbosa fez pode ser chamado de licença poética, pois ele transportou para a modalidade escrita a variação linguística presente na modalidade oral. As variações linguísticas acontecem porque vivemos em uma sociedade complexa, na qual estão inseridos diferentes grupos sociais. Alguns desses grupos tiveram acesso à educação formal, enquanto outros não tiveram muito contato com a norma culta da língua. Podemos observar também que a língua varia de acordo com suas situações de uso, pois um mesmo grupo social pode se comunicar de maneira diferente, de acordo com a necessidade de adequação linguística. Prova disso é que você não vai se comportar em uma entrevista de emprego da mesma maneira com a qual você conversa com seus amigos em uma situação informal, não é mesmo? A tirinha Calvin e Haroldo, do quadrinista Bill Watterson, mostra-nos um exemplo bem divertido sobre a importância da adequação linguística. Já pensou se precisássemos utilizar uma linguagem tão rebuscada e cheia de arcaísmos nas mais corriqueiras situações de nosso cotidiano? Certamente perderíamos a espontaneidade da fala, sem contar que a dinamicidade da comunicação seria prejudicada. Podemos elencar também nos tipos de variação linguística os falares específicos para grupos específicos: os médicos apropriam-se de um vocabulário próprio de sua profissão quando estão exercendo o ofício, mas essas marcas podem aparecer em outros tipos de interações verbais. O mesmo acontece com os profissionais de informática, policiais, engenheiros etc. Portanto, apesar de algumas variações linguísticas não apresentarem o mesmo prestígio social no Brasil, não devemos fazer da língua um mecanismo de segregação cultural, corroborando com a ideia da teoria do preconceito linguístico, ao julgarmos determinada manifestação linguística superior a outra, sobretudo superior às manifestações linguísticas de classes sociais ou regiões menos favorecidas. MARCAS LINGUÍSTICAS São os termos (as palavras) que fazem parte dos enunciados e que, obviamente, fazem parte da língua. Exemplo: «Este vai ser o meu próximo empreendimento: "sombra e água fresca".» No enunciado acima, temos muitas marcas: não somente as palavras como também as pontuações são marcas linguísticas. Por exemplo, as aspas acima representam um rótulo humorístico, uma chamada especial; os dois pontos indicam que, em seguida, vem uma explicação. A marca linguística LÍNGUA PORTUGUESA 44 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 'este' aponta para alguma coisa que vai ser mostrada; a marca linguística 'vai' remete para uma afirmativa futura, e assim por diante. Todas as palavras e pontuações são marcas da língua, portanto - "linguísticas". LOCUTOR OU INTERLOCUTOR Estas duas palavras existem na língua portuguesa e estão corretas. Porém, seus significados são diferentes e devem ser usadas em situações diferentes. A palavra locutor se refere a uma pessoa falante, podendo ser qualquer emissor ou apresentador e a palavra interlocutor se refere a um colocutor, ou seja, a qualquer pessoa que fala com outra. Locutor é um substantivo masculino com origem na palavra em latim locutore, que significa aquele que fala. Locutore tem sua origem na palavra loqui, que significa falar. Assim, se refere a uma pessoa que fala, ou seja, um falante, um emissor, um enunciador ou um destinador. Pode significar também um profissional que apresenta programas, notícias, comunicações,…, ou seja, um apresentador, comentador, comentarista ou narrador. Exemplos: Num processo de comunicação, o locutor assume o papel de emissor. Ele é locutor de rádio e tem a voz mais bonita que eu já ouvi. Ele é o melhor locutor de rodeio da atualidade. Interlocutor é também um substantivo masculino, sendo formado a partir de derivação prefixal, ou seja, é acrescentado um prefixo a uma palavra já existente, alterando o sentido da mesma. Assim, temos o prefixo inter- mais a palavra em latim locutore, proveniente de loqui. O prefixo inter- é de origem latina e pode transmitir uma noção de posição média ou de relação recíproca. Assim, indica a relação de reciprocidade existente entre cada uma das pessoas que participam numa conversa. Pode significar também uma pessoa que que fala em nome de outra. Exemplos: Os interlocutores participam no processo de comunicação. Estava tão distraído que mal ouvia as palavras de seu interlocutor. Por favor, faça de meu interlocutor e resolva esse assunto para mim. DIALETOS E REGISTROS Os diferentes dialetos e registros comprovam que a língua portuguesa é um elemento dinâmico que sofre modificações históricas, culturais e sociais. A língua portuguesa é o código mais utilizado entre os brasileiros. Poderoso instrumento de interação social, a língua pertence a todos os membros de uma comunidade, o que faz dela um patrimônio social e cultural que evolui e transforma-se historicamente. Pensar na língua como um elemento imutável é um grande equívoco: a língua é dinâmica e modifica-se de acordo com a necessidade dos grupos sociais que dela fazem uso. As variedades linguísticas corroboram a ideia de dinamismo da língua: de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas, a língua sofre variações que melhor se adaptam às necessidades de determinado grupo. Entre os tipos de variações linguísticas estão os dialetos e registros, fenômenos que comprovam na prática que não existe um modelo linguístico a ser seguido na modalidade oral. Mas o que são dialetos e registros? É chamada de dialeto a variedade de uma língua própria de uma região ou território. Devem ser consideradas também as diferenças linguísticas originadas em virtude da idade dos falantes, sexo, classes ou grupos sociais e da própria evolução histórica da língua: pessoas que se identificam e utilizam uma linguagem mais ou menos comum, com vocabulário, expressões e gírias próprias do grupo. As diferenças regionais, no que diz respeito ao vocabulário, são exemplos de variação LÍNGUA PORTUGUESA 45 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR territorial. É caso, por exemplo,da raiz que em determinadas regiões é conhecida como “mandioca”, mas que em outras áreas recebe o nome de “aipim” ou “macaxeira”. Observe o exemplo: “A farinha é feita de uma planta da família das euforbiáceas, euforbiáceas de nome manihot utilíssima que um tio meu apelidou de macaxeira e foi aí que todo mundo achou melhor!... A farinha tá no sangue do nordestino eu já sei desde menino o que ela pode dar e tem da grossa, tem da fina se não tem da quebradinha vou na vizinha pegar pra fazer pirão ou mingau farinha com feijão é animal! O cabra que não tem eira nem beira lá no fundo do quintal tem um pé de macaxeira a macaxeira é popular é macaxeira pr`ali, macaxeira pra cá e em tudo que é farinhada a macaxeira tá você não sabe o que é farinha boa farinha é a que a mãe me manda lá de Alagoas...”. (Farinha - Djavan) Chamamos de registros as variações que ocorrem de acordo com o grau de formalismo existente em uma determinada situação: há situações em que a variedade padrão, ou norma culta, é a melhor opção, aquela que estabelecerá uma maior sintonia entre os interlocutores. Nas entrevistas de emprego, em redações para concursos e vestibulares e em exposições públicas, por exemplo, a variedade linguística exigida, na maioria das vezes, é a padrão, por isso é indispensável conhecê-la bem para adequarmos a comunicação de acordo com a pertinência do momento. Em contrapartida, há situações de uso em que a variedade não padrão (gírias, regionalismos, jargões) é aquela que melhor se encaixa no contexto comunicacional. LÍNGUA PORTUGUESA 46 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Os diferentes dialetos e registros comprovam que a língua é um conjunto de variedades, ou seja, há diversas maneiras de falar ou escrever. Em relação à fala, jugar que existe o certo e o errado significa desconsiderar e desprestigiar determinado dialeto ou registro, manifestações culturais, sociais e históricas legítimas de um grupo. Quando entendemos que as línguas são conjuntos de variedades, entendemos também que as regras da língua portuguesa são variáveis, e não categóricas. Dizer que alguém fala o português melhor ou pior do que alguém, desconsiderando fatores sociais como o nível de escolaridade ou grupo e classes diferentes, só reforça a combatida ideia do preconceito linguístico, tão presente em nossa cultura. Semântica Semântica (do grego σημαντικός, sēmantiká, plural neutro de sēmantikós, derivado de sema, sinal), é o estudo do significado. Incide sobre a relação entre significantes, tais como palavras, frases, sinais e símbolos, e o que eles representam, a sua denotação. A semântica linguística estuda o significado usado por seres humanos para se expressar através da linguagem. Outras formas de semântica incluem a semântica nas linguagens de programação, lógica formal, e semiótica. A semântica contrapõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo é expresso (por exemplo, as relações entre predicados e seus argumentos). Dependendo da concepção de significado que se tenha, têm-se diferentes semânticas. A semântica formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica cognitiva, descrevem o mesmo fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes. Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em consideração: Sinonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou seja, os sinônimos. Exemplos: Cômico - engraçado / Débil - fraco, frágil / Distante - afastado, remoto. Antonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, os antônimos: Exemplos. Economizar - gastar / Bem - mal / Bom - ruim. Homonímia: É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, ou seja, os homônimos. As homônimas podem ser: • Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular presente indicativo do verbo gostar) / concerto (substantivo) - conserto (1ª pessoa singular presente indicativo do verbo consertar); • Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão (substantivo) - sessão (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar ( verbo); • Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão (substantivo) / cedo (verbo) - cedo (advérbio); • Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos: Exemplos: cavaleiro - cavalheiro / absolver - absorver / comprimento - cumprimento/ aura (atmosfera) - áurea (dourada)/ conjectura (suposição) - conjuntura (situação decorrente dos acontecimentos)/ descriminar (desculpabilizar) - discriminar (diferenciar)/ desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear (passar as folhas de uma publicação)/ despercebido (não notado) - desapercebido (desacautelado)/ geminada (duplicada) - germinada (que germinou)/ mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar)/ percursor (que percorre) - precursor (que antecipa os outros)/ sobrescrever (endereçar) - subscrever (aprovar, assinar)/ veicular (transmitir) - vincular (ligar) / descrição - discrição / onicolor - unicolor. LÍNGUA PORTUGUESA 47 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados. Exemplos: Ele ocupa um alto posto na empresa. / Abasteci meu carro no posto da esquina. / Os convites eram de graça. / Os fiéis agradecem a graça recebida. • Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e origem completamente distintos. Exemplos: São(Presente do verbo ser) - São (santo) • Hiperônimo: é uma palavra que pertence ao mesmo campo semântico de outra mas com o sentido mais abrangente, podendo ter várias possibilidades para um único hipônimo. Por exemplo, a palavra flor está associada a todos os tipos de flores: rosa, dália, violeta, etc. • Hipônimo: têm sentido mais restrito que os hiperônimos, ou seja, hipônimo é um vocábulo mais específico. Por exemplo: Observar, examinar, olhar, enxergar são hipônimos de ver. Hiperônimo e hipônimo são dois termos usados pela semântica moderna. São elementos importantes na coesão do texto evitando repetições através da retomada de ideias anteriores. Conotação e Denotação: • Conotação: é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração de pedra. • Denotação: é o uso da palavra com o seu sentido original. Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas. A construção de um muro de pedras. Concordância Nominal e Verbal Concordância verbal é a concordância em número e pessoa entre o sujeito gramatical e o verbo. Exemplos de concordância verbal • Eu li; • Ele leu; • Nós lemos; • Eles leram. Casos Particulares de Concordância Verbal Concordância com pronome relativo que O verbo estabelece concordância com o antecedente do pronome: sou eu que quero, somos nós que queremos, são eles que querem. Concordância com pronome relativo quem O verbo estabelece concordância com o antecedente do pronome ou fica na 3.ª pessoa do singular: sou eu quem quero, sou eu quem quer. Concordância com: a maioria, a maior parte, a metade,... Preferencialmente, o verbo estabelece concordância com a 3.ª pessoa do singular. Contudo, o uso da 3.ª pessoa do plural é igualmente aceitável: a maioria das pessoas quer, a maioria das pessoas querem. Concordância com um dos que O verbo estabelece sempre concordância com a 3.ª pessoa do plural: um dos que ouviram, um dos que estudarão, um dos quesabem. Concordância com nem um nem outro O verbo pode estabelecer concordância com a 3.ª pessoa do singular ou do plural: nem um nem outro veio, nem um nem outro vieram. LÍNGUA PORTUGUESA 48 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Concordância com verbos impessoais O verbo estabelece sempre concordância com a 3.ª pessoa do singular, uma vez que não possui um sujeito: havia pessoas, houve problemas, faz dois dias, já amanheceu. Concordância com a partícula apassivadora se O verbo estabelece concordância com o objeto direto, que assume a função de sujeito paciente, podendo ficar no singular ou no plural: vende-se casa, vendem-se casas. Concordância com a partícula de indeterminação do sujeito se O verbo estabelece sempre concordância com a 3.ª pessoa do singular quando a frase é formada por verbos intransitivos ou por verbos transitivos indiretos: precisa-se de funcionário, precisa-se de funcionários. Concordância com o infinitivo pessoal O verbo no infinitivo sofre flexão sempre que houver um sujeito definido, quando se quiser definir o sujeito, quando o sujeito da segunda oração for diferente do da primeira: é para eles lerem, acho necessário comprarmos comida, eu vi eles chegarem tarde. Concordância com o infinitivo impessoal O verbo no infinitivo não sofre flexão quando não houver um sujeito definido, quando o sujeito da segunda oração for igual ao da primeira oração, em locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos imperativos: eles querem comprar, passamos para ver você, eles estão a ouvir. Concordância com o verbo ser O verbo estabelece concordância com o predicativo do sujeito, podendo ficar no singular ou no plural: isto é uma mentira, isto são mentiras; quem é você, quem são vocês. Concordância nominal é a concordância em gênero e número entre os diversos nomes da oração, ocorrendo principalmente entre o artigo, o substantivo e o adjetivo. Concordância em gênero indica a flexão em masculino e feminino. Concordância em número indica a flexão em singular e plural. Concordância em pessoa indica a flexão em 1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa. Exemplos de concordância nominal • O vizinho novo; • A vizinha nova; • Os vizinhos novos; • As vizinhas novas. Casos particulares de concordância nominal Concordância com pronomes pessoais O adjetivo estabelece concordância em gênero e número com o pronome pessoal: ela é simpática, ele é simpático, elas são simpáticas, eles são simpáticos. Concordância com vários substantivos O adjetivo estabelece concordância em gênero e número com o substantivo que está mais próximo: caderno e caneta nova, caneta e caderno novo. Pode também estabelecer concordância com a forma no masculino plural: caneta e caderno novos, caderno e caneta novos. Concordância com vários adjetivos Quando há dois ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular apenas se houver um artigo entre os adjetivos. Sem a presença de um artigo, o substantivo deverá ser escrito no plural: o escritor brasileiro e o chileno, os escritores brasileiro e chileno. Concordância com: é proibido, é permitido, é preciso, é necessário, é bom Estas expressões estabelecem concordância em gênero e número com o substantivo quando há um LÍNGUA PORTUGUESA 49 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR artigo que determina o substantivo, mas permanecem invariáveis no masculino singular quando não há artigo: é permitida a entrada, é permitido entrada, é proibida a venda, é proibido venda. Concordância com: bastante, muito, pouco, meio, longe, caro e barato Estas palavras estabelecem concordância em gênero e número com o substantivo quando possuem função de adjetivo: comi meio chocolate, comi meia maçã, há bastante procura, há bastantes pedidos, vi muitas crianças, vi muitos adultos. Concordância com menos A palavra menos permanece sempre invariável, quer atue como advérbio ou como adjetivo: menos tristeza, menos medo, menos traições, menos pedidos. Concordância com: mesmo, próprio, anexo, obrigado, quite, incluso Estas palavras estabelecem concordância em gênero e número com o substantivo: resultados anexos, informações anexas, as próprias pessoas, o próprio síndico, ele mesmo, elas mesmas. Concordância com um e outro Com a expressão um e outro, o adjetivo deverá ser sempre escrito no plural, mesmo que o substantivo esteja no singular: um e outro aluno estudiosos, uma e outra pergunta respondidas. Regência No funcionamento da língua, um importante mecanismo estabelecedor de relações é o de subordinação ou regência, que atua desde a estrutura dum morfema até a relação complexa entre orações num período composto, ou mesmo além, na própria malha textual. Assim, um prefixo ou sufixo se subordine ao radical a que se adiciona. Por exemplo, sabemos que o sufixo –oso, formador de adjetivos, indica abundância, plenitude e ideias afins, só totalmente explicitadas quando anexo a um radical; daí gostoso, perigoso, medroso e tantos outros exemplos. De modo similar, podemos pensar, em nível da oração, o sujeito como termo que subordina a forma verbal, essa, por sua vez, regente/subordinante de complementos verbais, quando se tratar de verbos transitivos, claro. Mesmo em níveis mais amplos, poderíamos, facilmente, observar e comprovar que um dado parágrafo de um texto argumentativo, por exemplo, subordina-se ao conjunto desse texto e seus objetivos gerais. Subordinar é reger. Em contrapartida, há os termos regidos e subordinados. Nomes e verbos, frequentemente, estabelecem uma relação de regência sobre seus complementos, respectivamente, nominais e verbais (esses últimos, mais comumente, chamados objetos). Vejamos isso mais claramente. No exemplo temos um termo regente, o verbo gostar. Consequentemente, há um termo regido, no caso, um objeto, cinema italiano. Esse objeto é dito indireto pois necessita de uma preposição para ser regido pelo verbo em questão. O estudo dos processos de regências, habitualmente, diz respeito à análise das situações em que nomes e verbos pedem ou não determinada preposição para desempenhar sua função regente sobre seus complementos. LÍNGUA PORTUGUESA 50 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR No exemplo acima, o verbo apresenta o mesmo padrão de regência tanto em linguagem corrente quanto no uso culto da língua. Contudo, muitos são os exemplos que destoam disso, havendo um padrão de regência, usualmente, divergente do praticado em linguagem espontânea. Um caso recorrente é o do verbo assistir, indicado, em linguagem padrão, como regente da preposição a. Então, teríamos, Assistimos ao jogo de vôlei ontem. Ocorre que, como dito, essa regência, bem comumente, realiza-se diretamente, ou seja, sem qualquer intermédio de preposição. Uma consequência efetiva e prática disso é a possibilidade da versão passiva O jogo de vôlei foi assistido ontem por nós, o que não seria de se esperar de uma construção, afinal, com objeto indireto. Também é transitivo indireto assistir em sentido de caber, dizer respeito a: Tratava-se dum princípio que assistia a todos. Considere-se ainda o verbo assistir significando dar assistência a, como em Assistia os filhos enquanto estavam doentes, em construção de regência direta. REGÊNCIA VERBAL Além do verbo assistir, há outros que apresentam um padrão distinto do uso corrente. Desses, vale lembrar, em termos de regência verbal: Aspirar a) regência transitiva indireta, significando pretender, almejar, com a preposição a: Aspiramos a uma boa formação intelectual. b) regência transitiva direta, no sentido de inalar, inspirar, respirar. É bom aspirar esse ar aqui da serra. Chamar a) é transitivo indireto, regendo a preposição por, no sentido de invocar, conclamar: - No ritual, chamava por várias divindades. b) é transitivo direto, na acepção de convocar: - Chamaram urgentemente os responsáveis dela à escola. c) pode ser transitivo tanto direto quanto indireto, acompanhado da preposição de e/ou a, alternando as seguintes possibilidadesde construções: - Chamam-no doidivanas. - Chamam-lhe doidivanas. - Chamam-no de doidivanas. - Chamam-lhe de doidivanas. Esquecer/(Re)Lembrar a) quando transitivos indiretos, são pronominais e regem a preposição de: - Lembrei-me de nossa reunião. b) quando transitivos diretos, perdem a faceta pronominal. - Esqueci a carteira em casa. Implicar Assume regência transitiva direta: Tal decisão implicará sérios prejuízos a todos nós. (Des)Obedecer a) transitivo direto, quando o objeto corresponde a coisa. - Obedeceram rigorosamente as regras de trânsito. LÍNGUA PORTUGUESA 51 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR b) transitivo indireto quando o objeto corresponde a alguém. - Insensatamente, desobedeceram aos guardas de trânsito. Obs.: lembrando que, devido à flutuação de regência entre esse registro padrão e a linguagem corrente, encontramos, por isso, Os guardas de trânsito foram desobedecidos. Preferir É bitransitivo, tendo objeto indireto, introduzido por preposição a: - Preferia cinema a teatro. Responder a) É transitivo indireto, na acepção de dar resposta a: - Respondeu a todas as perguntas do teste. Obs.: aí também pode assumir comportamento intransitivo. Ex.: Foi chamado, mas não respondeu. b) É transitivo direto, introduzindo oração objetiva direta, em seu uso como verbo narrativo/declarativo; - Ele respondeu que não viria. Obs.: nessa mesma acepção, pode ser ainda bitransitivo. Ex.: Ele respondeu aosecretário que não viria. Visar a) É transitivo indireto, exigindo a preposição a, se equivalente a ter em vista, desejar, almejar: - Visava a uma ambiciosa carreira. b) É transitivo direto, se corresponde a mirar ou dar visto: - O despachante já havia visado todos os documentos. - Visou o alvo e disparou. REGÊNCIA NOMINAL Já os casos de regência nominal são de sistematização ainda mais esparsa. Apresentamos abaixo alguns exemplos emblemáticos. Nome Preposição acessível, alheio, alusão, análogo, atento, benéfico, estranho, favorável, fiel, grato, habituado, leal, necessário, nocivo, obediência, paralelo, posterior, preferível, prejudicial, propício, referente, relativo, sensível, simpático A alheio, contemporâneo, junto, próximo A/DE admiração, aversão, preferência, respeito, simpatia A/POR curioso A/DE/POR apto, atenção, odiável, propenso, tendência, útil A/PARA LÍNGUA PORTUGUESA 52 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR atento A/PARA/EM acostumado, permissivo A/COM ódio A/CONTRA compatível, cuidadoso, liberal, misericórdia, respeitoso COM (para com: uso enfático) satisfeito COM/DE/EM/POR capaz, culpado, distante, maior, natural, necessidade, suspeito, DE ambicioso, querido DE/POR bacharel, hábil, indeciso, residente, versado EM ansioso POR CRASE Note-se que, normalmente, os antônimos, sejam formados por prefixos ou sejam palavras novas, mantêm a mesma regência preposicional. Assim, simpático/ antipático a ou (in) acessível a, (des)favorável a. Uma curiosa exceção ocorre com o par leal a/desleal com. Há ainda situações em que a mudança de preposição indica mudança de significação como ser próprio de ou ser próprio para. Chama a atenção a recorrência, em língua padrão, da preposição a, em contraposição ao verificado em uso espontâneo e cotidiano. Aí se assenta a suposta dificuldade com a marcação da crase, fenômeno que envolve o encontro de dois a, em geral, preposição e artigo feminino. Teríamos, então: Vamos para a praia. = Vamos a a praia. = Vamos aa praia. = Vamos À praia. Pode-se dizer que a forma À corresponde ao feminino da forma ao: - Ainda não chegaram ao fim da discussão. - Ainda não chegaram à conclusão da discussão. A crase ocorrerá, portanto, nos contextos em que puder haver a artigo, junto a a preposição. Logo, não cabe o uso de crase diante de nomes masculinos, nem de verbos, por exemplo. Pode-se ainda marcar crase no encontro da preposição a com o pronome aquele(a)/ aquilo, como podemos ver em: Estávamos desacostumados àqueles hábitos. Com verbos de movimento, o uso da crase ficará condicionado à presença do artigo feminino. Comparemos: LÍNGUA PORTUGUESA 53 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Vim da Bahia. Uso de artigo feminino Vou À Bahia. Vim de Belo Horizonte. Ausência de artigo Vou a Belo Horizonte. Vim do Rio de Janeiro. Uso de artigo masculino Vou ao Rio de Janeiro. Por fim, lançamos mão da indicação de crase em expressões/locuções formadas a partir de substantivo feminino: às claras, à meia-noite, à espera, às voltas, etc. Dispensa-se essa marcação em caso de repetição do substantivo: cara a cara. A regência verbal é a relação sintática de dependência que se estabelece entre o verbo — termo regente — e o seu complemento — termo regido. A regência determina se uma preposição é necessária para ligar o verbo a seu complemento. Os termos, quando exigem a presença de outro chamam-se regentes ou subordinantes; os que completam a significação dos anteriores chamam-se regidos ou subordinados. Quando o termo regente é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), ocorre a regência nominal. Quando o termo regente é um verbo, ocorre a regência verbal. Na regência verbal, o termo regido pode ser ou não preposicionado. Na regência nominal, ele é obrigatoriamente preposicionado. Exemplos Agradar a) Com sentido de acariciar: transitivo direto Ele sempre agradava a namorada quando se encontravam. b) Com sentido de satisfazer, ser agradável: transitivo indireto. As mudanças que fizemos na loja agradou aos consumidores. Aspirar a) Quando tem o sentido de sorver, tragar, inspirar: transitivo direto Ele aspirou toda a poeira. b) Quando tem o sentido de pretender, desejar, almejar: transitivo indireto ( necessita do uso da preposição a) O jogador aspirava a uma falta. Obs.: Quando o verbo aspirar for transitivo indireto, não se admite a substituição da preposição (a) por lhe ou lhes. Deve-se-á usar em seu lugar (a ele, a eles, a ela ou a elas). Obs.: Quando o verbo aspirar vier acompanhado por (àquele ou àquela), o à craseado terá função de preposição, transformando assim o verbo em transitivo indireto. Assistir a) Quando tem sentido de ver: transitivo indireto Eu assisti ao jogo. LÍNGUA PORTUGUESA 54 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Obs: Não se admite a substituição da preposição (a) por lhe ou lhes. Deve-se-á usar em seu lugar (a ele, a eles, a ela ou a elas). b) Quando tem sentido de morar, residir: transitivo indireto (exige-se a preposição em). Eu assisto em São Paulo c) Quando tem sentido de ajudar: verbo transitivo direto ou indireto (indiferentemente). O médico assistiu o doente/ ao doente. d) Quanto tem sentido de pertencer, caber (direito a alguém): transitivo indireto Não lhe assiste o direito de escolher agora. Atender[ a) Se o complemento for pessoa: transitivo direto ou indireto. O professor atendeu os/aos alunos. (O professor os atendeu) b) Se o complemento for coisa: transitivo direto. Modernamente já é aceito o complemento direto para coisa. Quem vai atender o/ao telefone? Chamar a) Quando significa convocar, fazer vir: transitivo direto. Ela chamou minha atenção. b) Quando tem o significado de invocar, pedir auxílio ou atenção: transitivo indireto. Ele chamava por seus poderes. c) Com o sentido de apelidar ele pode ou não necessitar de preposição: transitivo direto ou indireto. Chamaram-no medroso. Chamaram-no de medroso. Chamaram-lhe medroso. Chamaram-lhe de medroso. Chegar/ir Estes e outros verbos de movimento são tradicionalmente regidos pela preposição a. Vou ao dentista. Cheguei a Belo Horizonte. Em português brasileiro vernáculo, esse uso é raro. É extremamente comum que tais verbos sejam regidos pelas preposições para e em. Estes usos são diferentes da norma-padrão, porém, pesquisas mostram que eles provêm de usos que já existiam desde o latim antigo, e é possível encontrar esse tipo de utilização em textos escritos até mesmoantes da colonização do Brasil por Portugal. Comunicar Eu COMUNICO ALGO A ALGUÉM pois neste caso a ênfase cai sobre a coisa em detrimento da pessoa LÍNGUA PORTUGUESA 55 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Comunicamos ao proprietário a nossa decisão. Cientificar Eu CIENTIFICO ALGUÉM DE ALGO pois neste caso a ênfase cai sobre a pessoa em detrimento da coisa Cientifiquei o réu da sentença. Implicar a) com o sentido de não estar de acordo, não concordar com: transitivo indireto A irmã todo dia implica com o irmão mais novo. b) com o sentido de acarretar, ter como consequência, originar: transitivo direto Um escolha errada que implicou grandes prejuízos a empresa. Morar/residir Normalmente vêm introduzidos pela preposição em. -Ele mora em Guarapirópolis dos alferes. -Maria reside em Santa Catarina. Namorar Não se usa "com" como preposição. Gabriel namora Giulia. Jhuliana de Almeidas namora Alberto. Como eu namorarei Fernanda Moraes. Antonio namora Gabrielle. (em vez de: Antonio namora com Gabrielle.) Obedecer/desobedecer Exigem a preposição a. As crianças obedeceram aos pais. O aluno desobedeceu ao professor. Obs.: Mesmo sendo verbo transitivo indireto, ele pode ser usado na voz passiva. Simpatizar/antipatizar Exigem a preposição com. Simpatizo com Lúcio. Ver O verbo ver é transitivo direto, por isso não necessita de preposição. Ele veria muitos filmes em cartazes. Visar a) no sentido de mirar, apontar a mira: transitivo direto LÍNGUA PORTUGUESA 56 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Visei o alvo. b) no sentido de pôr o visto: transitivo direto Ele visou o documento. c) no sentido de pretender, ter em vista: transitivo indireto. Modernamente já se aceita o complemento direto Visei o/ao lucro. Suceder a) No sentido de substituir; vir depois: transitivo indireto. Os atuais supermercados sucederam aos antigos armazéns. b) no sentido de ocorrer: intransitivo Uma catástrofe sucedeu no México. Ensinar a) no sentido de educar: intransitivo. O professor ensina bem. b) no sentido de castigar, adestrar, educar: transitivo direto. A experiência ensina os professores. c) É verbo transitivo direto e indireto, admitindo objeto direto de coisa e indireto de pessoa. Os professores ensinam os alunos a decorar. Emprego do Sinal Indicativo de Crase CRASE: é uma palavra de origem grega e significa "mistura", "fusão". Nos estudos de Língua Portuguesa, é o nome dado à fusão ou contração de duas letras "a" em uma só. A crase é indicada pelo acento grave (`) sobre o "a". Crase, portanto, NÃO é o nome do acento, mas do fenômeno (junção a + a) representado através do acento grave. A crase pode ser a fusão da preposição a com: 1) o artigo feminino definido a (ou as): Fomos à cidade e assistimos às festas. 2) o pronome demonstrativo a (ou as): Irei à (loja) do centro. 3) os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: Refiro-me àquele fato. 4) o a dos pronomes relativos a qual e as quais: Há cidades brasileiras às quais não é possível enviar correspondência. Observe que a ocorrência da crase depende da verificação da existência de duas vogais "a" (preposição + artigo ou preposição + pronome) no contexto sintático. REGRAS PRÁTICAS 1 - Substitua a palavra feminina por uma masculina, de mesma natureza. Se aparecer a combinação ao, é certo que OCORRERÁ crase antes do termo feminino: Amanhã iremos ao colégio / à escola. Prefiro o futebol ao voleibol / à natação. LÍNGUA PORTUGUESA 57 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Resolvi o problema / a questão. Vou ao campo / à praia. Eles foram ao parque / à praça. 2 - Substitua o termo regente da preposição a por outro que exija uma preposição diferente (de, em, por). Se essas preposições não se contraírem com o artigo, ou seja, se não surgirem as formas da(s), na(s) ou pela(s), não haverá crase: Refiro-me a você. (sem crase) - Gosto de você / Penso em você / Apaixonei-me por você. Refiro-me à menina. (com crase) - Gosto da menina / Penso na menina / Apaixonei-me pela menina. Começou a gritar. (sem crase) - Gosta de gritar / Insiste em gritar / Optou por gritar. 3 - Substitua verbos que transmitem a idéia de movimento (ir, voltar, vir, chegar etc.) pelo verbo voltar. Ocorrendo a preposição "de", NÃO haverá crase. E se ocorrer a preposição "da", HAVERÁ crase: Vou a Roma. / Voltei de Roma. Vou à Roma dos Césares. / Voltei da Roma dos Césares. Voltarei a Paris e à Suiça. / Voltarei de Paris e da Suiça. Ocorrendo a preposição "de", NÃO haverá crase. E se ocorrer a preposição "da", HAVERÁ crase: Vou a Roma. / Voltei de Roma. Vou à Roma dos Césares. / Voltei da Roma dos Césares. Voltarei a Paris e à Suiça. / Voltarei de Paris e da Suiça. 4 - A crase deve ser usada no caso de locuções, ou seja, reunião de palavras que equivalem a uma só idéia. Se a locução começar por preposição e se o núcleo da locução for palavra feminina, então haverá crase: Gente à toa. Vire à direita. Tudo às claras. Hoje à noite. Navio à deriva. Tudo às avessas. No caso da locução "à moda de", a expressão "moda de" pode vir subentendida, deixando apenas o "à" expresso, como nos exemplos que seguem: Sapatos à Luiz XV. Relógios à Santos Dummont. Filé à milanesa. Churrasco à gaúcha. No caso de locuções relativas a horários, somente no caso de horas definidas e especificadas ocorrerá a crase: LÍNGUA PORTUGUESA 58 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR À meia-noite. À uma hora. À duas horas. Às três e quarenta. Pontuação: Os sinais de pontuação são recursos de linguagem empregados na língua escrita e desempenham a função de demarcadores de unidades e de sinalizadores de limites de estruturas sintáticas nos textos escritos. Assim, os sinais de pontuação cumprem o papel dos recursos prosódicos, utilizados na fala para darmos ritmo, entoação e pausas e indicarmos os limites sintáticos e unidades de sentido. Como na fala temos o contato direto com nossos interlocutores, contamos também com nossos gestos para tentar deixar claro aquilo que queremos dizer. Na escrita, porém, são os sinais de pontuação que garantem a coesão e a coerência interna dos textos, bem como os efeitos de sentidos dos enunciados. Vejamos, a seguir, quais são os sinais de pontuação que nos auxiliam nos processos de escrita: Ponto ( . ) Indicar o final de uma frase declarativa: Gosto de sorvete de goiaba. b) Separar períodos: Fica mais um tempo. Ainda é cedo. c) Abreviar palavras: Av. (Avenida) V. Ex.ª (Vossa Excelência) p. (página) Dr. (doutor) Dois-pontos ( : ) Iniciar fala de personagens: O aluno respondeu: – Parta agora! b) Antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem ideias anteriores. Esse é o problema dos caixas eletrônicos: não tem ninguém para auxiliar os mais idosos. Anote o número do protocolo: 4254654258. c) Antes de citação direta: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.” Reticências ( ... ) LÍNGUA PORTUGUESA 59 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Indicar dúvidas ou hesitação: Sabe... andei pensando em uma coisa... mas não é nada demais. b) Interromper uma frase incompleta sintaticamente: Quem sabe se tentar mais tarde... c) Concluir uma frase gramaticalmente incompleta com a intenção de estender a reflexão: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar) d) Suprimir palavras em uma transcrição: “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner) Parênteses ( ) Isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo, datas e também podem substituir a vírgula ou o travessão: Manuel Bandeira não pôde comparecer à Semana de Arte Moderna (1922). "Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois dumagrande tormenta no fim do verão.” (O milagre das chuvas no Nordeste- Graça Aranha) Ponto de Exclamação ( ! ) Após vocativo Ana, boa tarde! b) Final de frases imperativas: Cale-se! c) Após interjeição: Ufa! Que alívio! d) Após palavras ou frases de caráter emotivo, expressivo: Que pena! Ponto de Interrogação ( ? ) Em perguntas diretas: Quantos anos você tem? b) Às vezes, aparece com o ponto de exclamação para enfatizar o enunciado: Não brinca, é sério?! Vírgula ( , ) De todos os sinais de pontuação, a vírgula é aquele que desempenha o maior número de funções. Ela é utilizada para marcar uma pausa do enunciado e tem a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma unidade sintática. Por outro lado, quando há umarelação sintática entre termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula. LÍNGUA PORTUGUESA 60 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Antes de explicarmos quais são os casos em que devemos utilizar a vírgula, vamos explicar primeiro os casos em que NÃO devemos usar a vírgula para separar os seguintes termos: Sujeito de Predicado; Objeto de Verbo; Adjunto adnominal de nome; Complemento nominal de nome; Predicativo do objeto do objeto; Oração principal da Subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa). Casos em que devemos utilizar a vírgula: A vírgula no interior da oração Utilizada com o objetivo de separar o vocativo: Ana, traga os relatórios. O tempo, meus amigos, é o que nos confortará. b) Utilizada com o objetivo de separar apostos: Valdirene, minha prima de Natal, ligou para mim ontem. Caio, o aluno do terceiro ano B, faltou à aula. c) Utilizada com o objetivo de separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado: Quando chegar do trabalho, procurarei por você. Os políticos, muitas vezes, são mentirosos. d) Utilizada com o objetivo de separar elementos de uma enumeração: Estamos contratando assistentes, analistas, estagiários. Traga picolé de uva, groselha, morango, coco. e) Utilizada com o objetivo de isolar expressões explicativas: Quero o meu suco com gelo e açúcar, ou melhor, somente gelo. f) Utilizada com o objetivo de separar conjunções intercaladas: Não explicaram, porém, o porquê de tantas faltas. g) Utilizada com o objetivo de separar o complemento pleonástico antecipado: A ele, nada mais abala. h) Utilizada com o objetivo de isolar o nome do lugar na indicação de datas: Goiânia, 01 de novembro de 2016. Utilizada com o objetivo de separar termos coordenados assindéticos: É pau, é pedra, é o fim do caminho. LÍNGUA PORTUGUESA 61 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Utilizada com o objetivo de marcar a omissão de um termo: Ele gosta de fazer academia, e eu, de comer. (omissão do verbo gostar) Casos em que se usa a vírgula antes da conjunção e: Utilizamos a vírgula quando as orações coordenadas possuem sujeitos diferentes: Os banqueiros estão cada vez mais ricos, e o povo, cada vez mais pobre. 2) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e” repete-se com o objetivo de enfatizaralguma ideia (polissíndeto): E eu canto, e eu danço, e bebo, e me jogo nos blocos de carnaval. 3) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e” assume valores distintos que não retratam sentido de adição (adversidade, consequência, por exemplo): Chorou muito, e ainda não conseguiu superar a distância. A vírgula entre orações A vírgula é utilizada entre orações nas seguintes situações: Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas: Meu filho, de quem só guardo boas lembranças, deixou-nos em fevereiro de 2000. b) Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”: Cheguei em casa, tomei um banho, fiz um sanduíche e fui direto ao supermercado. Estudei muito, mas não consegui ser aprovada. c) Para separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração principal: "No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho." (O selvagem - José de Alencar) d) Para separar as orações intercaladas: "– Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em estar plantando-a...” e) Para separar as orações substantivas antepostas à principal: Quando sai o resultado, ainda não sei. Ponto e vírgula ( ; ) Utilizamos ponto e vírgula para separar os itens de uma sequência de outros itens: Antes de iniciar a escrita de um texto, o autor deve fazer-se as seguintes perguntas: O que dizer; A quem dizer; Como dizer; Por que dizer; Quais objetivos pretendo alcançar com este texto? LÍNGUA PORTUGUESA 62 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Utilizamos ponto e vírgula para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto tenso." (O Visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay) Travessão ( — ) Utilizamos o travessão para iniciar a fala de um personagem no discurso direto: A mãe perguntou ao filho: — Já lavou o rosto e escovou os dentes? b) Utilizamos o travessão para indicar mudança do interlocutor nos diálogos: — Filho, você já fez a sua lição de casa? — Não se preocupe, mãe, já está tudo pronto. c) Utilizamos o travessão para unir grupos de palavras que indicam itinerários: Disseram-me que não existe mais asfalto na rodovia Belém—Brasília. d) Utilizamos o travessão também para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas: Pelé — o rei do futebol — anunciou sua aposentadoria. Aspas ( “ ” ) As aspas são utilizadas com as seguintes finalidades: Isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares: A aula do professor foi “irada”. Ele me pediu um “feedback” da resposta do cliente. b) Indicar uma citação direta: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós) FIQUE ATENTO! Caso haja necessidade de destacar um termo que já está inserido em uma sentença destacada por aspas, esse termo deve ser destacado com marcação simples ('), não dupla ("). VEJA AGORA ALGUMAS OBSERVAÇÕES RELEVANTES: Dispensam o uso da vírgula os termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem. Observe: Preferiram os sorvetes de creme, uva e morango. Não gosto nem desgosto. Não sei se prefiro Minas Gerais ou Goiás. LÍNGUA PORTUGUESA 63 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Caso os termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem aparecerem repetidos, com a finalidade de enfatizar a expressão, o uso da vírgula é, nesse caso, obrigatório. Observe: Não gosto nem do pai, nem do filho, nem do cachorro, nem do gato dele. Classes de Palavras Você sabe o que são as classes gramaticais e para que elas servem? Bom, a língua portuguesa é um rico objeto de estudo – você certamente já percebeu isso. Por apresentar tantas especificidades, é natural que ela fosse dividida em diferentes áreas, o que facilita sua análise. Entre essas áreas, está a Morfologia, que é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. Na Morfologia, as palavras são estudadas isoladamente, desconsiderando-se a função que exercem dentro da frase ou do período, estudo realizado pela Sintaxe. Nos estudos morfológicos, as palavras estão agrupadas em dez classes, que podem ser chamadas de classes de palavras ou classes gramaticais. São elas: Classes de Palavras Substantivo: palavra que dá nome aos seresem geral, podendo nomear também ações, conceitos físicos, afetivos e socioculturais, entre outros que não podem ser considerados “seres” no sentido literal da palavra; Artigo: palavra que se coloca antes do substantivo para determiná-lo de modo particular (definido) ou geral (indefinido); Adjetivo: palavra que tem por função expressar características, qualidades ou estados dos seres; Numeral: palavra que exprime uma quantidade definida, exata de seres (pessoas, coisas etc.), ou a posição que um ser ocupa em determinada sequência; Pronome: palavra que substitui ou acompanha um substantivo (nome), definindo-lhe os limites de significação; Verbo: palavra que, por si só, exprime um fato (em geral, ação, estado ou fenômeno) e localiza-o no tempo; Advérbio: palavra invariável que se relaciona com o verbo para indicar as circunstâncias (de tempo, de lugar, de modo etc.) em que ocorre o fato verbal; Preposição: palavra invariável que liga duas outras palavras, estabelecendo entre elas determinadas relações de sentido e dependência; Conjunção: palavra invariável que liga duas orações ou duas palavras de mesma função em uma oração; Interjeição: palavra (ou conjunto de palavras) que, de forma intensa e instantânea, exprime sentimentos, emoções e reações psicológicas. A classificação das palavras sofreu alterações ao longo do tempo, o que é normal, haja vista que a língua é mutável, isto é, sofre alterações e adaptações de acordo com as necessidades dos falantes. Classificar uma palavra não é tarefa fácil, porém, possível, prova disso é que na língua portuguesa todos os vocábulos estão incluídos dentro de uma das dez classes de palavras. Conhecer a gramática que rege nosso idioma é fundamental para aprimorarmos a comunicação. Foi por essa razão que o Brasil Escola preparou uma seção voltada ao estudo das classes gramaticais. Nela você encontrará diversos artigos que explicarão a morfologia da língua de maneira simples e direta por meio de textos e variados exemplos. A primeira gramática do ocidente foi de autoria de Dionísio de Trácia, que identificava oito partes do discurso: nome, verbo, particípio, artigo, preposição, pronome, advérbio e conjunção. Atualmente, são LÍNGUA PORTUGUESA 64 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR reconhecidas dez classes gramaticais pela maioria dos gramáticos: substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, conjunção, interjeição, preposição, artigo, numeral e pronome. Como podemos observar, houve alterações ao longo do tempo quanto às classes de palavras. Isso acontece porque a nossa língua é viva, e portanto vem sendo alterada pelos seus falantes o tempo todo, ou seja, nós somos os responsáveis por estas mudanças que já ocorreram e pelas que ainda vão ocorrer. Classificar uma palavra não é fácil, mas atualmente todas as palavras da língua portuguesa estão incluídas dentro de uma das dez classes gramaticais dependendo das suas características. A parte da gramática que estuda as classes de palavras é a MORFOLOGIA (morfo = forma, logia = estudo), ou seja, o estudo da forma. Na morfologia, portanto, não estudamos as relações entre as palavras, o contexto em que são empregadas, ou outros fatores que podem influenciá-la, mas somente a forma da palavra. Há discordância entre os gramáticos quanto a algumas definições ou características das classes gramaticais, mas podemos destacar as principais características de cada classe de palavras: SUBSTANTIVO – é dita a classe que dá nome aos seres, mas não nomeia somente seres, como também sentimentos, estados de espírito, sensações, conceitos filosóficos ou políticos, etc. Exemplo: Democracia, Andréia, Deus, cadeira, amor, sabor, carinho, etc. ARTIGO – classe que abriga palavras que servem para determinar ou indeterminar os substantivos, antecedendo-os. Exemplo: o, a, os, as, um, uma, uns, umas. ADJETIVO – classe das características, qualidades. Os adjetivos servem para dar características aos substantivos. Exemplo: querido, limpo, horroroso, quente, sábio, triste, amarelo, etc. PRONOME – Palavra que pode acompanhar ou substituir um nome (substantivo) e que determina a pessoa do discurso. Exemplo: eu, nossa, aquilo, esta, nós, mim, te, eles, etc. VERBO – palavras que expressam ações ou estados se encontram nesta classe gramatical. Exemplo: fazer, ser, andar, partir, impor, etc. ADVÉRBIO – palavras que se associam a verbos, adjetivos ou outros advérbios, modificando-os. Exemplo: não, muito, constantemente, sempre, etc. NUMERAL – como o nome diz, expressam quantidades, frações, múltiplos, ordem. Exemplo: primeiro, vinte, metade, triplo, etc. PREPOSIÇÃO – Servem para ligar uma palavra à outra, estabelecendo relações entre elas. Exemplo: em, de, para, por, etc. CONJUNÇÃO – São palavras que ligam orações, estabelecendo entre elas relações de coordenação ou subordinação. Exemplo: porém, e, contudo, portanto, mas, que, etc. INTERJEIÇÃO – Contesta-se que esta seja uma classe gramatical como as demais, pois algumas de suas palavras podem ter valor de uma frase. Mesmo assim, podemos definir as interjeições como palavras ou expressões que evocam emoções, estados de espírito. Exemplo: Nossa! Ave Maria! Uau! Que pena! Oh! LÍNGUA PORTUGUESA 65 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Segundo um estudo morfológico da língua portuguesa, as palavras podem ser analisadas e catalogadas em dez classes de palavras ou classes gramaticais distintas, sendo elas: substantivo, artigo, adjetivo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Substantivo Substantivos são palavras que nomeiam seres, lugares, qualidades, sentimentos, noções, entre outros. Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (diminutivo, normal, aumentativo). Exercem sempre a função de núcleo das funções sintáticas onde estão inseridos (sujeito, objeto direto, objeto indireto e agente da passiva). Substantivos simples • casa; • amor; • roupa; • livro; • felicidade. Substantivos compostos • passatempo; • arco-íris; • beija-flor; • segunda-feira; • malmequer. Substantivos primitivos • folha; • chuva; • algodão; • pedra; • quilo. Substantivos derivados • território; • chuvada; • jardinagem; • açucareiro; • livraria. Substantivos próprios • Flávia; LÍNGUA PORTUGUESA 66 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • Brasil; • Carnaval; • Nilo; • Serra da Mantiqueira. Substantivos comuns • mãe; • computador; • papagaio; • uva; • planeta. Substantivos coletivos • rebanho; • cardume; • pomar; • arquipélago; • constelação. Substantivos concretos • mesa; • cachorro; • samambaia; • chuva; • Felipe. Substantivos abstratos • beleza; • pobreza; • crescimento; • amor; • calor. Substantivos comuns de dois gêneros • o estudante / a estudante; • o jovem / a jovem; • o artista / a artista. LÍNGUA PORTUGUESA 67 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Substantivos sobrecomuns • a vítima; • a pessoa; • a criança; • o gênio; • o indivíduo. Substantivos epicenos • a formiga; • o crocodilo; • a mosca; • a baleia; • o besouro. Substantivos de dois números • o lápis / os lápis; • o tórax / os tórax; • a práxis / as práxis. Leia mais sobre substantivos. Artigo Artigos são palavras que antecedem os substantivos, determinando a definição ou a indefinição dos mesmos. Sendo flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), indicam também o gênero e o número dos substantivos que determinam. Artigos definidos • o; • a; • os; • as. Artigos indefinidos • um; • uma; • uns; • umas. Leia mais sobre artigos. LÍNGUA PORTUGUESA 68 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Adjetivo Adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo, conferindo-lhe uma qualidade, característica, aspecto ou estado. Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (normal,comparativo, superlativo). Adjetivos simples • vermelha; • lindo; • zangada; • branco. Adjetivos compostos • verde-escuro; • amarelo-canário; • franco-brasileiro; • mal-educado. Adjetivo primitivo • feliz; • bom; • azul; • triste; • grande. Adjetivo derivado • magrelo; • avermelhado; • apaixonado. Adjetivos biformes • bonito; • alta; • rápido; • amarelas; • simpática. Adjetivos uniformes • competente; • fácil; LÍNGUA PORTUGUESA 69 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • verdes; • veloz; • comum. Adjetivos pátrios • paulista; • cearense; • brasileiro; • italiano; • romeno. Leia mais sobre adjetivos. Pronome Pronomes são palavras que substituem o substantivo numa frase (pronomes substantivos) ou que acompanham, determinam e modificam os substantivos, atribuindo particularidades e características aos mesmos (pronomes adjetivos). Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa do discurso). Pronomes pessoais retos • eu; • tu; • ele; • nós; • vós; • eles. Pronomes pessoais oblíquos • me; • mim; • comigo; • o; • a; • se; • conosco; • vos. Pronomes pessoais de tratamento • você; LÍNGUA PORTUGUESA 70 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • senhor; • Vossa Excelência; • Vossa Eminência. Pronomes possessivos • meu; • tua; • seus; • nossas; • vosso; • sua. Pronomes demonstrativos • este; • essa; • aquilo; • o; • a; • tal. Pronomes interrogativos • que; • quem; • qual; • quanto. Pronomes relativos • que; • quem; • onde; • a qual; • cujo; • quantas. Pronomes indefinidos • algum; • nenhuma; LÍNGUA PORTUGUESA 71 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • todos; • muitas; • nada; • algo. Leia mais sobre pronomes. Numeral Numerais são palavras que indicam quantidades de pessoas ou coisas, bem como a ordenação de elementos numa série. Alguns numerais podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), outros são invariáveis. Numerais cardinais • um; • sete; • vinte e oito; • cento e noventa; • mil. Numerais ordinais • primeiro; • vigésimo segundo; • nonagésimo; • milésimo. Numerais multiplicativo • duplo; • triplo; • quádruplo; • quíntuplo. Numerais fracionários • um meio; • um terço; • três décimos. Numerais coletivos • dúzia; • cento; • dezena; LÍNGUA PORTUGUESA 72 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • quinzena. Leia mais sobre numerais. Verbo Verbos são palavras que indicam, principalmente, uma ação. Podem indicar também uma ocorrência, um estado ou um fenômeno. Podem ser flexionados em número (singular e plural), pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa do discurso), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), tempo (passado, presente e futuro), aspecto (incoativo, cursivo e conclusivo) e voz (ativa, passiva e reflexiva). Verbos regulares • cantar; • amar; • vender; • prender; • partir; • abrir. Verbos irregulares • medir; • fazer; • ouvir; • haver; • poder; • crer. Verbos anômalos • ser; • ir. Verbos principais • comer; • dançar; • saltar; • escorregar; • sorrir; • rir. Verbos auxiliares • ser; LÍNGUA PORTUGUESA 73 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • estar; • ter; • haver; • ir. Verbos de ligação • ser; • estar; • parecer; • ficar; • tornar-se; • continuar; • andar; • permanecer. Verbos defectivos • falir; • banir; • reaver; • colorir; • demolir; • adequar. Verbos impessoais • haver; • fazer; • chover; • nevar; • ventar; • anoitecer; • escurecer. Verbos unipessoais • latir; • miar; • cacarejar; LÍNGUA PORTUGUESA 74 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • mugir; • convir; • custar; • acontecer. Verbos abundantes • aceitado / aceito; • ganhado / ganho; • pagado / pago. Verbos pronominais essenciais • arrepender-se; • suicidar-se; • zangar-se; • queixar-se; • abster-se; • dignar-se. Verbos pronominais acidentais • pentear / pentear-se; • sentar / sentar-se; • enganar / enganar-se • debater / debater-se. Leia mais sobre verbos. Advérbio Advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um advérbio, indicando uma circunstância (tempo, lugar, modo, intensidade,…). São invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número. Contudo, alguns advérbios podem ser flexionados em grau. Advérbio de lugar • aqui; • ali; • atrás; • longe; • perto; • embaixo. LÍNGUA PORTUGUESA 75 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Advérbio de tempo • hoje; • amanhã; • nunca; • cedo; • tarde; • antes. Advérbio de modo • bem; • mal; • rapidamente; • devagar; • calmamente; • pior. Advérbio de afirmação • sim; • certamente; • certo; • decididamente. Advérbio de negação • não; • nunca; • jamais; • nem; • tampouco. Advérbio de dúvida • talvez; • quiçá; • possivelmente; • provavelmente; • porventura. LÍNGUA PORTUGUESA 76 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Advérbio de intensidade • muito; • pouco; • tão; • bastante; • menos; • quanto. Advérbio de exclusão • salvo; • senão; • somente; • só; • unicamente; • apenas. Advérbio de inclusão • inclusivamente; • também; • mesmo; • ainda. Advérbio de ordem • primeiramente; • ultimamente; • depois. Leia mais sobre advérbios. Preposição Preposições são palavras que estabelecem conexões com vários sentidos entre dois termos da oração. Através de preposições, o segundo termo (termo consequente) explica o sentido do primeiro termo (termo antecedente). São invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número. Preposições simples essenciais • a; • após; • até; • com; LÍNGUA PORTUGUESA 77 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • de; • em; • entre; • para; • sobre. Preposições simples acidentais • como; • conforme; • consoante; • durante; • exceto; • fora; • mediante; • salvo; • segundo; • senão. Preposições compostas ou locuções prepositivas • acima de; • a fim de; • apesar de; • através de; • de acordo com; • depois de; • em vez de; • graças a; • perto de; • por causa de. Leia mais sobre preposições. Conjunção Conjunções são palavras utilizadas como elementos de ligação entre duas orações ou entre termos de uma mesma oração, estabelecendo relações de coordenação ou de subordinação. São invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número. LÍNGUA PORTUGUESA 78 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Conjunções coordenativas aditivas • e; • nem; • também; • bem como; • não só...mas também. Conjunções coordenativas adversativas • mas; • porém; • contudo; • todavia; • entretanto; • no entanto; • não obstante. Conjunções coordenativas alternativas • ou; • ou...ou; • já…já; • ora...ora; • quer...quer; • seja...seja. Conjunções coordenativas conclusivas • logo; • pois; • portanto; • assim; • por isso; • por consequência; • por conseguinte. Conjunções coordenativas explicativas • que; • porque; LÍNGUA PORTUGUESA 79 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • porquanto; • pois; • isto é. Conjunções subordinativas integrantes • que; • se. Conjunções subordinativas adverbiais causais • porque; • que; • porquanto; • visto que; • uma vez que; • já que; • pois que; • como. Conjunções subordinativas adverbiais concessivas • embora; • conquanto; • ainda que; • mesmo que; • se bem que; • posto que. Conjunções subordinativas adverbiais condicionais • se; • caso; • desde; • salvo se; • desde que; • exceto se; • contando que. Conjunções subordinativas adverbiais conformativas • conforme; LÍNGUA PORTUGUESA 80 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • como; • consoante; • segundo. Conjunções subordinativas adverbiais finais• a fim de que; • para que; • que. Conjunções subordinativas adverbiais proporcionais • à proporção que; • à medida que; • ao passo que; • quanto mais… mais,… Conjunções subordinativas adverbiais temporais • quando; • enquanto; • agora que; • logo que; • desde que; • assim que; • tanto que; • apenas. Conjunções subordinativas adverbiais comparativas • como; • assim como; • tal; • qual; • tanto como. Conjunções subordinativas adverbiais consecutivas • que; • tanto que; • tão que; • tal que; LÍNGUA PORTUGUESA 81 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • tamanho que; • de forma que; • de modo que; • de sorte que; • de tal forma que. Interjeição Interjeições são palavras que exprimem emoções, sensações, estados de espírito. São invariáveis e seu significado fica dependente da forma como as mesmas são pronunciadas pelos interlocutores. Interjeições de alegria • Oh!; • Ah!; • Oba!; • Viva!; • Opa!. Interjeições de estímulo • Vamos!; • Força!; • Coragem!; • Ânimo!; • Adiante!. Interjeições de aprovação • Apoiado!; • Boa!; • Bravo!. Interjeições de desejo • Oh!; • Tomara!; • Oxalá!. Interjeições de dor • Ai!; • Ui!; • Ah!; LÍNGUA PORTUGUESA 82 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • Oh!. Interjeições de surpresa • Nossa!; • Cruz!; • Caramba!; • Opa!; • Virgem!; • Vixe!. Interjeições de impaciência • Diabo!; • Puxa!; • Pô!; • Raios!; • Ora!. Interjeições de silêncio • Psiu!; • Silêncio!. Interjeições de alívio • Uf!; • Ufa!; • Ah!. Interjeições de medo • Credo!; • Cruzes!; • Uh!; • Ui!. Interjeições de advertência • Cuidado!; • Atenção!; • Olha!; • Alerta!; • Sentido!. LÍNGUA PORTUGUESA 83 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Interjeições de concordância • Claro!; • Tá!; • Hã-hã!. Interjeições de desaprovação • Credo!; • Francamente!; • Xi!; • Chega!; • Basta!; • Ora!. Interjeições de incredulidade • Hum!; • Epa!; • Ora!; • Qual!. Interjeições de socorro • Socorro!; • Aqui!; • Piedade!; • Ajuda!. Interjeições de cumprimentos • Olá!; • Alô!; • Ei!; • Tchau!; • Adeus!. Interjeições de afastamento • Rua!; • Xô!; • Fora!; • Passa!. LÍNGUA PORTUGUESA 84 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Pronomes Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha o nome, indicando-o como pessoa do discurso. Quando o pronome substituir um substantivo, será denominado pronome substantivo; quando acompanhar um substantivo, será denominado pronome adjetivo. Por exemplo, na frase Aqueles garotos estudam bastante; eles serão aprovados com louvor. Aqueles é um pronome adjetivo, pois acompanha o substantivo garotos e eles é um pronome substantivo, pois substitui o mesmo substantivo. Pronome substantivo x pronome adjetivo Esta classificação pode ser atribuída a qualquer tipo de pronome, podendo variar em função do contexto frasal. pron. substantivo: substitui um substantivo, representando-o. (Ele prestou socorro) pron. adjetivo: acompanha um substantivo, determinando-o. (Aquele rapaz é belo) Obs.: Os pronomes pessoais são sempre substantivos Pessoas do discurso São três: 1ª pessoa: aquele que fala, emissor 2ª pessoa: aquele com quem se fala, receptor 3ª pessoa: aquele de que ou de quem se fala, referente Tipos de pronomes · pessoal · possessivo · demonstrativo · relativo · indefinido · interrogativo Pessoal Indicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um substantivo. Podem também representar, quando na 3ª pessoa, uma forma nominal anteriormente expressa. Ex.:A moça era a melhor secretária, ela mesma agendava os compromissos do chefe. Apresentam variações de forma dependendo da função sintática que exercem na frase, dividindo-se em retos e oblíquos. Pronomes Pessoais número pessoa pronomes retos pronomes oblíquos tônicos átonos singular 1a. 2a. 3a. eu tu ele, ela mim, comigo ti, contigo ele, ela, si, consigo me te se, o, a, lhe plural 1a. 2a. 3a. nós vós eles, elas nós, conosco vós, convosco eles, elas, si, consigo nos vos se, os, as, lhes Os pron. pessoais retos desempenham, normalmente, função de sujeito; enquanto os oblíquos, geralmente, de complemento. LÍNGUA PORTUGUESA 85 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Obs.: os pron. oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco e convosco, a preposição com já é parte integrante do pronome. Os pron. de tratamento estão enquadrados nos pron. pessoais. São empregados como referência à pessoa com quem se fala (2ª pess.), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pess. Abrev. Tratamento Uso V. A. Vossa Alteza príncipes, arquiduques, duques V. Em.ª Vossa Eminência cardeais V. Ex.ª Vossa Excelência altas autoridades do governo e das classes armadas V. Mag.ª Vossa Magnificência reitores das universidades V. M. Vossa Majestade reis, imperadores V. Rev.ma Vossa Reverendíssima sacerdotes em geral V. S. Vossa Santidade papas V. S.ª Vossa Senhoria funcionários públicos graduados, oficiais até coronel, pessoas de cerimônia Obs.: também são considerados pron. de tratamento as formas você, vocês (provenientes da redução de VossaMercê), Senhor, Senhora e Senhorita. Emprego · você hoje é usado no lugar das 2as pessoas (tu/vós), levando o verbo para a 3ª pessoa · as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à pessoa e de Sua, quando fizermos referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S. · quando precedidos de preposição, os pron. retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como oblíquos · os pron. acompanhados das palavras só ou todos assumem a forma reta (Estava só ele no banco / Encontramos todos eles ali) · as formas oblíquas o, a, os, as não vêm precedidas de preposição; enquanto lhe e lhes vêm regidos das preposições a ou para (não expressas) · eu e tu não podem vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de um verbo no infinitivo (Isto é para eu fazer ? para mim fazer) · me, te, se, nos, vos - podem ter valor reflexivo · se, nos, vos - podem ter valor reflexivo e recíproco · si e consigo - têm valor exclusivamente reflexivo · conosco e convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem com modificadores (todos, outros, mesmos, próprios ou um numeral) · o, a, os e as viram lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r, s ou z e viram no(a/s), se a terminação verbal for em ditongo nasal · os pron. pess. retos podem desempenhar função de sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo, este último com tu e vós (Nós temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor Jesus) LÍNGUA PORTUGUESA 86 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR · pode-se omitir o pron. sujeito, pois as DNPs verbais bastam para indicar a pessoa gramatical · plural de modéstia - uso do "nós" em lugar do "eu", para evitar tom impositivo ou pessoal · num sujeito composto é de bom tom colocar o pron. de 1ª pess. por último (José, Maria e eu fomos ao teatro). Porém se for algo desagradável ou que implique responsabilidade, usa-se inicialmente a 1ª pess. (Eu, José e Maria fomos os autores do erro) · não se pode contrair as preposições de e em com pronomes que sejam sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu ? Vi as bolsas dele bem aqui) · os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-me o dinheiro) Obs.: as regras de colocação dos pronomes pessoais do caso oblíquos átonos serão vistas em separado Possessivo Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam em gênero e número com a coisa possuída. Pronomes possessivos pessoa um possuidor vários possuidores 1ª meu (s), minha (s) nosso (a/s) 2ª teu (a/s) vosso (a/s) 3ª seu (a/s) seu (a/s) Emprego · normalmente, vem antes do nomea que se refere; podendo, também, vir depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase · seu (a/s) pode causar ambiguidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele (a/s) (Ele disse que Maria estava trancada em sua casa - casa de quem?) · pode indicar aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos) · nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de Senhor Demonstrativo Indicam posição de algo em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço. São: este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo. Mesmo, próprio, semelhante, tal e o (a/s) podem desempenhar papel de pron. demonstrativo. Emprego · indicando localização no espaço - este (aqui), esse (aí) e aquele (lá) · indicando localização temporal - este (presente), esse (passado próximo) e aquele (passado remoto ou bastante vago) · fazendo referência ao que já foi ou será dito no texto - este (ainda se vai falar) e esse (já mencionado) · o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele (a/s) LÍNGUA PORTUGUESA 87 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR · tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este (a) ou aquele (a) · mesmo e próprio são demonstrativos quando significarem "idêntico" ou "em pessoa". Concordam com o nome a que se referem · podem apresentar valor intensificador ou depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele estava com aquela paciência / Aquilo é um marido de enfeite) · nisso e nisto (em + pron.) podem ser usados com valor de "então" ou "nesse momento" (Nisso, ela entrou triunfante) Relativo Retoma um termo expresso anteriormente (antecedente). São eles que, quem e onde - invariáveis; além de o qual (a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s). Emprego · quem será precedido de preposição se estiver relacionado a pessoas ou seres personificados · quem = relativo indefinido quando é empregado sem antecedente claro, não vindo precedido de preposição · cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse e não concorda com o antecedente e sim com seu consequente · quanto (a/s) normalmente tem por antecedente os pronomes indefinidos tudo, tanto (a/s) Indefinido Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico. Podem fazer referência a pessoas, coisas e lugares. Alguns também podem dar idéia de conjunto ou quantidade indeterminada. Pronomes indefinidos pessoas quem, alguém, ninguém, outrem lugares onde, algures, alhures, nenhures coisas que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a), nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s), cada Emprego · algum, após o substantivo a que se refere, assume valor negativo (= nenhum) (Computador algum resolverá o problema) · cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma) · certo é indefinido se vier antes do nome a que estiver se referindo. Caso contrário é adjetivo (Certas pessoas deveriam ter seus lugares certos) · bastante pode vir como adjetivo também, se estiver determinando algum substantivo · o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa" · o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está nada contente hoje) · o pronome outro (a/s) ganha valor adjetivo se equivaler a diferente" (Ela voltou outra das férias) LÍNGUA PORTUGUESA 88 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR · existem algumas locuções pronominais indefinidas - quem quer que seja, seja quem for, cada um etc. Interrogativo Usados na formulação de uma pergunta direta ou indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso. Na verdade, são os pronomes indefinidos que, quem, qual (a/s) e quanto (a/s) em frases interrogativas. (Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe contou) Flexão É a variação de forma e, consequentemente, de significado de uma palavra. * Flexão de Gênero Gênero é o termo que a gramática utiliza para enquadrar as palavras variáveis da língua em masculinas e femininas. Temos os gêneros masculino e feminino. As classes de palavras que apresentam flexão de gênero são: substantivo, adjetivo, artigo, pronome e numeral. - palavras do gênero masculino. seres animais: moço, menino, leão, gato, cantor. coisas: pente, lápis, disco, amor, mar. - palavras do gênero feminino. seres animais: moça, menina, leoa, gata, cantora. coisas: colher, revista, fumaça, raiva, chuva. As demais palavras que admitem esse tipo de flexão (artigo, adjetivo, pronome e numeral) acompanham o gênero do substantivo a que se referem. Exemplos: As crianças órfãs. Pequenos índios. Esses meninos. Duas crianças. * Flexão de Número As palavras variáveis podem mudar sua terminação para indicar singular ou plural. Apresentam flexão de número: o substantivo, o artigo, o adjetivo, o numeral e o verbo. Exemplo: Sua irmã sofreu um arranhão. (singular) Suas irmãs sofreram uns arranhões. (plural) OBS: 1) A flexão de gênero e de número do substantivo implica flexão correspondente do adjetivo. alunos espertos subst. adj. LÍNGUA PORTUGUESA 89 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR masc. pl. masc. pl. 2) Há casos de erro de concordância em que a concordância de número pode não acontecer de fato e um dos termos pode ficar sem flexão numérica. Tinha mãos grande. Achei coisas meio esquisita por aqui ... * Flexão de Grau São as mudanças efetuadas na terminação para indicar tamanho (nos substantivos) e intensidade (nos adjetivos). O menino estava nervoso. O menininho estava nervoso. O menino estava nervosíssimo. O grau pode expressar estado emotivo e não somente intensidade ou tamanho: Que doutorzinho, hein ! (ironia) Filhinho, venha cá. (carinho) O advérbio, embora seja uma palavra invariável, admite flexão de grau: O fato aconteceu cedo. (advérbio não flexionado) O fato aconteceu cedinho. (advérbio flexionado) Pronomes Pessoais Os pronomes pessoais são aqueles que indicam uma das três pessoas do discurso: a que fala, a com quem se fala e a de quem se fala. Pronomes pessoais do caso reto Pronomes pessoais do caso reto são os que desempenham a função sintática de sujeito da oração. São os pronomes:eu, tu, ele, ela, nós, vós eles, elas. Pronomes pessoais do caso oblíquo São os que desempenham a função sintática de complemento verbal (objeto direto ou indireto), complemento nominal, agente da passiva, adjunto adverbial, adjunto adnominal ou sujeito acusativo (sujeito de oração reduzida). Os pronomes pessoais do caso oblíquo se subdividem em dois tipos: os átonos, que não são antecedidos por preposição, e os tônicos, precedidos por preposição. Pronomes oblíquos átonos: Os pronomes oblíquos átonos são os seguintes: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes. Pronomes oblíquos tônicos: Os pronomes oblíquos tônicos são os seguintes: mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas. Usos dos Pronomes Pessoais LÍNGUA PORTUGUESA 90 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 01) Eu, tu / Mim, ti Eu e tu exercem a função sintática de sujeito. Mim e ti exercem a função sintática de complemento verbal ou nominal, agente da passiva ou adjunto adverbial e sempre são precedidos de preposição. Ex. Trouxeram aquela encomenda para mim. Era para eu conversar com o diretor, mas não houve condições. Agora, observe a oração Sei que não será fácil para mim conseguir o empréstimo. O pronome mim NÃO é sujeito do verbo conseguir, como à primeira vista possa parecer. Analisando mais detalhadamente, teremos o seguinte: O sujeito do verbo ser é a oração conseguir o empréstimo, pois que não será fácil? resposta: conseguir o empréstimo, portanto há uma oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo, que é a oração que funciona como sujeito, tendo o verbo no infinitivo. O verbo seré verbo de ligação, portanto fácil é predicativo do sujeito. O adjetivo fácil exige um complemento, pois conseguir o empréstimo não será fácil para quem? resposta: para mim, que funciona como complemento nominal. Ademais a ordem direta da oração é esta: Conseguir o empréstimo não será fácil para mim. 02) Se, si, consigo Se, si, consigo são pronomes reflexivos ou recíprocos, portanto só poderão ser usados na voz reflexiva ou na voz reflexiva recíproca. Ex. Quem não se cuida, acaba ficando doente. Quem só pensa em si, acaba ficando sozinho. Gilberto trouxe consigo os três irmãos. 03) Com nós, com vós / Conosco, convosco Usa-se com nós ou com vós, quando, à frente, surgir qualquer palavra que indique quem "somos nós" ou quem "sois vós". Ex. Ele conversou com nós todos a respeito de seus problemas. Ele disse que sairia com nós dois. 04) Dele, do + subst. / De ele, de o + subst. Quando os pronomes pessoais ele(s), ela(s), ou qualquer substantivo, funcionarem como sujeito, não devem ser aglutinados com a preposição de. Ex. É chegada a hora de ele assumir a responsabilidade. No momento de o orador discursar, faltou-lhe a palavra. 05) Pronomes Oblíquos Átonos Os pronomes oblíquos átonos são me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os as, lhes. Eles podem exercer diversas funções sintáticas nas orações. São elas: A) Objeto Direto LÍNGUA PORTUGUESA 91 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Os pronomes que funcionam como objeto direto são me, te, se, o, a, nos, vos, os, as. Ex. Quando encontrar seu material, traga-o até mim. Respeite-me, garoto. Levar-te-ei a São Paulo amanhã. Notas: 01) Se o verbo for terminado em M, ÃO ou ÕE, os pronomes o, a, os, as se transformarão em no, na, nos, nas. Ex. Quando encontrarem o material, tragam-no até mim. Os sapatos, põe-nos fora, para aliviar a dor. 02) Se o verbo terminar em R, S ou Z, essas terminações serão retiradas, e os pronomes o, a, os, as mudarão paralo, la, los, las. Ex. Quando encontrarem as apostilas, deverão trazê-las até mim. As apostilas, tu perde-las toda semana. (Pronuncia-se pérde-las) As garotas ingênuas, o conquistador sedu-las com facilidade. 03) Independentemente da predicação verbal, se o verbo terminar em mos, seguido de nos ou de vos, retira-se a terminação -s. Ex. Encontramo-nos ontem à noite. Recolhemo-nos cedo todos os dias. 04) Se o verbo for transitivo indireto terminado em s, seguido de lhe, lhes, não se retira a terminação s. Ex. Obedecemos-lhe cegamente. Tu obedeces-lhe? B) Objeto Indireto Os pronomes que funcionam como objeto indireto são me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Ex. Traga-me as apostilas, quando as encontrar. Obedecemos-lhe cegamente. C) Adjunto adnominal Os pronomes que funcionam como adjunto adnominal são me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando indicarem posse (algo de alguém). LÍNGUA PORTUGUESA 92 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Ex. Quando Clodoaldo morreu, Soraia recebeu-lhe a herança. (a herança dele) Roubaram-me os documentos. (os documentos de alguém - meus) D) Complemento nominal Os pronomes que funcionam como complemento nominal são me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando complementarem o sentido de adjetivos, advérbios ou substantivos abstratos. (algo a alguém, não provindo a preposição a de um verbo). Ex. Tenha-me respeito. (respeito a alguém) É-me difícil suportar tanta dor. (difícil a alguém) E) Sujeito acusativo Os pronomes que funcionam como sujeito acusativo são me, te, se, o, a, nos, vos, os, as, quando estiverem em um período composto formado pelos verbos fazer, mandar, ver, deixar, sentir ou ouvir, e um verbo noinfinitivo ou no gerúndio. Ex. Deixei-a entrar atrasada. Mandaram-me conversar com o diretor. Pronomes Relativos O Pronome Relativo Que Este pronome deve ser utilizado com o intuito de substituir um substantivo (pessoa ou "coisa"), evitando sua repetição. Na montagem do período, deve-se colocá-lo imediatamente após o substantivo repetido, que passará a ser chamado de elemento antecedente. Por exemplo, nas orações Roubaram a peça. A peça era rara no Brasil há o substantivo peça repetido. Pode-se usar o pronome relativo que e, assim, evitar a repetição de peça. O pronome será colocado após o substantivo. Então teremos Roubaram a peça que... . Este que está no lugar da palavra peça da outra oração. Deve-se, agora, terminar a outra oração: ...era rara no Brasil, ficando Roubaram a peça que era rara no Brasil. Pode-se, também, iniciar o período pela outra oração, colocando o pronome após o substantivo. Então, tem-se A peça que... Este que está no lugar da palavra peça da outra oração. Deve-se, agora, terminar a outra oração:...roubaram, ficando A peça que roubaram... . Finalmente, conclui-se a oração que se havia iniciado: ...era rara no Brasil, ficando A peça que roubaram era rara no Brasil. Outros exemplos: 01) Encontrei o garoto. Você estava procurando o garoto. Substantivo repetido = garoto Colocação do pronome após o substantivo = Encontrei o garoto que ... Restante da outra oração = ... você estava procurando. Junção de tudo = Encontrei o garoto que você estava procurando. LÍNGUA PORTUGUESA 93 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Começando pela outra oração: Colocação do pronome após o substantivo = Você estava procurando o garoto que ... Restante da outra oração = ... encontrei Junção de tudo = Você estava procurando o garoto que encontrei. 02) Eu vi o rapaz. O rapaz era seu amigo. Substantivo repetido = rapaz Colocação do pronome após o substantivo = Eu vi o rapaz que ... Restante da outra oração = ... era seu amigo. Junção de tudo = Eu vi o rapaz que era seu amigo. Começando pela outra oração: Colocação do pronome após o substantivo = O rapaz que ... Restante da outra oração = ... eu vi ... Finalização da oração que se havia iniciado = ... era seu amigo Junção de tudo = O rapaz que eu vi era seu amigo. 03) Nós assistimos ao filme. Vocês perderam o filme. Substantivo repetido = filme Colocação do pronome após o substantivo = Nós assistimos ao filme que ... Restante da outra oração = ... vocês perderam. Junção de tudo = Nós assistimos ao filme que vocês perderam. Começando pela outra oração: Colocação do pronome após o substantivo = Vocês perderam o filme que ... Restante da outra oração = ... nós assistimos Junção de tudo = Vocês perderam o filme que nós assistimos. Observe que, nesse último exemplo, a junção de tudo ficou incompleta, pois a primeira oração é Nós assistimos ao filme, porém, na junção, a prep. a desapareceu. Portanto o período está inadequado gramaticalmente. A explicação é a seguinte: Quando o verbo do restante da outra oração exigir preposição, deve-se colocá-la antes do pronome relativo. Então teremos: Vocês perderam o filme a que nós assistimos. 04) O gerente precisa dos documentos. O assessor encontrou os documentos Substantivo repetido = documentos Colocação do pronome após o substantivo = O gerente precisa dos documentos que ... Restante da outra oração = ... o assessor encontrou Junção de tudo = O gerente precisa dos documentos que o assessor encontrou. Começando pela outra oração: LÍNGUA PORTUGUESA 94 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Colocação do pronome após o substantivo = O assessor encontrou os documentos que ... Restante da outra oração = ... o gerente precisa. O verbo precisar está usado com a prep. de, portanto ela será colocada antes do pronome relativo. Junção de tudo = O assessor encontrou os documentos de que o gerente precisa. Obs: O pronome que pode ser substituído por o qual, a qual, os quais e as quais sempre. O gênero e o número são de acordo com o substantivo substituído. Os exemplos apresentados ficarão, então, assim, com o que substituído por qual: Encontrei o livro o qual você estava procurando. Você estava procurando o livro o qual encontrei. Eu vi o rapaz o qual é seuamigo. O rapaz o qual vi é seu amigo. Nós assistimos ao filme o qual vocês perderam. Vocês perderam o filme ao qual nós assistimos. O gerente precisa dos documentos os quais o assessor encontrou. O assessor encontrou os documentos dos quais o gerente precisa. Obs: Todos os pronomes relativos iniciam Oração Subordinada Adjetiva, portanto todos os períodos apresentados contêm oração subordinada adjetiva. O Pronome Relativo Cujo Este pronome indica posse (algo de alguém). Na montagem do período, deve-se colocá-lo entre o possuidor e o possuído (alguém cujo algo) Por exemplo, nas orações Antipatizei com o rapaz. Você conhece a namorada do rapaz. o substantivo repetido rapaz possui namorada. Deveremos, então usar o pronome relativo cujo, que será colocado entre o possuidor e o possuído: Algo de alguém = Alguém cujo algo. Então, tem-se a namorada do rapaz = o rapaz cujo a namorada. Não se pode, porém, usar artigo (o, a, os, as) depois de cujo. Ele deverá contrair-se com o pronome, ficando: cujo + o = cujo; cujo + a = cuja; cujo + os = cujos; cujo + as = cujas. Então a frase ficará o rapaz cuja namorada. Somando as duas orações, tem-se: Antipatizei com o rapaz cuja namorada você conhece. Outros exemplos: 01) A árvore foi derrubada. Os frutos da árvore são venenosos. Substantivo repetido = árvore - o substantivo repetido possui algo. Algo de alguém = Alguém cujo algo: os frutos da árvore = a árvore cujos frutos. Somando as duas orações, tem-se: A árvore cujos frutos são venenosos foi derrubada. Começando pela outra oração: Colocação do pronome que após o substantivo = Os frutos da árvore que... Restante da outra oração = ...foi derrubada ... Finalização da oração que se havia iniciado = ...são venenosos Junção de tudo = Os frutos da árvore que foi derrubada são venenosos. 02) O artista morreu ontem. Eu falara da obra do artista. Substantivo repetido = artista - o substantivo repetido possui algo. LÍNGUA PORTUGUESA 95 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Algo de alguém = Alguém cujo algo: a obra do artista = o artista cuja obra. Somando as duas orações, tem-se: O artista cuja obra eu falara morreu ontem. Observe que, nesse último exemplo, a junção de tudo ficou incompleta, pois a segunda oração é: Eu falara da obra do artista, porém, na junção, a prep. de desapareceu. Portanto o período está inadequado gramaticalmente. A explicação é a seguinte: Quando o verbo da oração subordinada adjetiva exigir preposição, deve-se colocá-la antes do pronome relativo. Então, tem-se: O artista de cuja obra eu falara morreu ontem. 03) As pessoas estão presas. Eu acreditei nas palavras das pessoas. Substantivo repetido = pessoas - o substantivo repetido possui algo. Algo de alguém = Alguém cujo algo: as palavras das pessoas = as pessoas cujas palavras. Somando as duas orações, tem-se As pessoas cujas palavras acreditei estão presas. O verbo acreditar está usado com a prep. em, portanto ela será colocada antes do pronome relativo. As pessoas em cujas palavras acreditei estão presas. Começando pela outra oração: Colocação do pronome que após o substantivo = Eu acreditei nas palavras das pessoas que ... Restante da outra oração = ... estão presas Junção de tudo = Eu acreditei nas palavras das pessoas que estão presas. Obs: Todos os pronomes relativos iniciam Oração Subordinada Adjetiva, portanto todos os períodos apresentados contêm oração subordinada adjetiva. O Pronome Relativo Quem Este pronome substitui um substantivo que representa uma pessoa, evitando sua repetição. Somente deve ser utilizado antecedido de preposição, inclusive quando funcionar como objeto direto, Nesse caso, haverá a anteposição obrigatória da prep. a, e o pronome passará a exercer a função sintática de objeto direto preposicionado. Por exemplo na oração A garota que conheci está em minha sala, o pronome que funciona como objeto direto. Substituindo pelo pronome quem, tem-se A garota a quem conheci ontem está em minha sala. Há apenas uma possibilidade de o pronome quem não ser precedido de preposição: quando funcionar como sujeito. Isso só ocorrerá, quando possuir o mesmo valor de o que, a que, os que, as que, aquele que, aquela que, aqueles que, aquelas que, ou seja, quando puder ser substituído por pronome demonstrativo (o, a, os, as, aquele, aquela, aqueles, aquelas) mais o pronome relativo que. Por exemplo: Foi ele quem me disse a verdade = Foi ele o que me disse a verdade. Nesses casos o pronome quem será denominado de Pronome Relativo Indefinido. Na montagem do período, deve-se colocar o pronome relativo quem imediatamente após o substantivo repetido, que passará a ser chamado de elemento antecedente. Por exemplo: nas orações Este é o artista. Eu me referi ao artista ontem, há o substantivo artista repetido. Pode-se usar o pronome relativo quem e, assim, evitar a repetição de artista. O pronome será colocado após o substantivo. Então, tem-se Este é o artista quem... Este quem está no lugar da palavra artista da outra oração. Deve-se, agora, terminar a outra oração: ...eu me referi ontem, ficando Este é o artista quem me referi ontem. Como o verbo referir-se exige a preposição a, ela será colocada antes do pronome relativo. Então tem-se: Este é o artista a quem me referi ontem. LÍNGUA PORTUGUESA 96 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Não se pode iniciar o período pela outra oração, pois o pronome relativo quem só funciona como sujeito, quando puder ser substituído por o que, a que, os que, as que, aquele que, aqueles que, aquela que, aquelas que. Outros exemplos: 01) Encontrei o garoto. Você estava procurando o garoto. Substantivo repetido = garoto Colocação do pronome após o substantivo = Encontrei o garoto quem... Restante da outra oração = ...você estava procurando. Junção de tudo = Encontrei o garoto quem você estava procurando. Como procurar é verbo transitivo direto, o pronome quem funciona como objeto direto. Então, deve-se antepor a prep. a ao pronome relativo, funcionando como objeto direto preposicionado. Encontrei o garoto a quem você estava procurando. Começando pela outra oração: Colocação do pronome após o substantivo = Você estava procurando o garoto quem ... Restante da outra oração = ... encontrei Junção de tudo = Você estava procurando o garoto quem encontrei. Novamente objeto direto preposicionado: Você estava procurando o garoto a quem encontrei. 02) Aquele é o homem. Eu lhe falei do homem. Substantivo repetido = homem Colocação do pronome após o substantivo = Aquele é o homem quem... Restante da outra oração = ...lhe falei. Junção de tudo = Aquele é o homem quem lhe falei. Como falar está usado com a prep. de, deve-se antepô-la ao pronome relativo, ficando Aquele é o homem de quem lhe falei. Não se esqueça disto: O pronome relativo quem somente deve ser utilizado antecedido de preposição; Quando for objeto direto, será antecedido da prep. a, transformando-se em objeto direto preposicionado; Somente funciona como sujeito, quando puder ser substituído por o que, os que, a que, as que, aquele que, aqueles que, aquela que, aquelas que. O Pronome Relativo Qual Este pronome tem o mesmo valor de que e de quem. É sempre antecedido de artigo, que concorda com o elemento antecedente, ficando o qual, a qual, os quais, as quais. Se a preposição que anteceder o pronome relativo possuir duas ou mais sílabas, só poderemos usar o pronome qual, e não que ou quem. Então só se pode dizer O juiz perante o qual testemunhei. Os assuntos sobre os quais conversamos, e não O juiz perante quem testemunhei nem Os LÍNGUA PORTUGUESA 97 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR assuntos sobre que conversamos. Outro exemplo: Meu irmão comprou o restaurante. Eu falei a você sobre o restaurante. Substantivo repetido = restaurante Colocação do pronome após o substantivo = Meu irmão comprou o restaurante que ... Restante da outra oração = ... eu falei a você.Junção de tudo = Meu irmão comprou o restaurante que eu falei a você. Observe que o verbo falar, na oração apresentada, foi usado com a preposição sobre, que deverá ser anteposta ao pronome relativo: Meu irmão comprou o restaurante sobre que eu falei a você. Como a preposição sobre possui duas sílabas, não se pode usar o pronome que, e sim o qual, ficando, então: Meu irmão comprou o restaurante sobre o qual eu falei a você. O Pronome Relativo Onde Este pronome tem o mesmo valor de em que. Sempre indica lugar, por isso funciona sintaticamente como Adjunto Adverbial de Lugar. Se a preposição em for substituída pela prep. a ou pela prep. de, substituiremos onde por aonde e donde, respectivamente. Por exemplo: O sítio aonde fui é aprazível. A cidade donde vim fica longe. Será Pronome Relativo Indefinido, quando puder ser substituído por O lugar em que. Por exemplo, na frase: Eu nasci onde você nasceu. = Eu nasci no lugar em que você nasceu. Outro exemplo: Eu conheço a cidade. Sua sobrinha mora na cidade. Substantivo repetido = cidade Colocação do pronome após o substantivo = Eu conheço a cidade que... Restante da outra oração = ... sua sobrinha mora. Junção de tudo = Eu conheço a cidade que sua sobrinha mora. O verbo morar exige a prep. em, pois quem mora, mora em algum lugar. Então: Eu conheço a cidade em que sua sobrinha mora. Eu conheço a cidade na qual sua sobrinha mora. Eu conheço a cidade onde sua sobrinha mora. O Pronome Relativo Quanto Este pronome é sempre antecedido de tudo, todos ou todas, concordando com esses elementos (quanto, quantos, quantas). Ex: Fale tudo quanto quiser falar. Traga todos quantos quiser trazer. Beba todas quantas quiser beber. LÍNGUA PORTUGUESA 98 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Pronomes de Tratamento São pronomes empregados no trato com as pessoas, familiarmente ou respeitosamente. Embora o pronome de tratamento se dirija à segunda pessoa, toda a concordância deve ser feita com a terceira pessoa. Usa-seVossa, quando conversamos com a pessoa, e Sua, quando falamos da pessoa. Ex. Vossa Senhoria deveria preocupar-se com suas responsabilidades e não com as dele. Sua Excelência, o Prefeito, que se encontra ausente. Eis uma pequena lista de pronomes de tratamento: AUTORIDADES DE ESTADO Civis Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado para 1 - Vossa Excelência - V. Ex.a - Presidente da República, Senadores da República, Ministro de Estado, Governadores, Deputados Federais e Estaduais, Prefeitos, Embaixadores, Vereadores, Cônsules, Chefes das Casas Civis e Casas Militares. 2 - Vossa Magnificência - V. M. - Reitores de Universidade 3 - Vossa Senhoria - V. S.a - Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Municipais Judiciárias Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado para 1 - Vossa Excelência - V. Ex.a - Desembargador da Justiça, curador, promotor 2 - Meritíssimo Juiz - M. - Juiz, Juízes de Direito 3 - Vossa Senhoria - V. S.a - Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Municipais Militares Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado para 1 - Vossa Excelência - V. Ex.a - Oficiais generais (até coronéis) 2 - Vossa Senhoria - V. S.a - Outras patentes militares 3 - Vossa Senhoria - V. S.a - Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Municipais AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado para 1 - Vossa Santidade - V. S. - Papa 2 - Vossa Eminência Reverendíssima - V. Em.a Revm.a - Cardeais, arcebispos e bispos 3 - Vossa Reverendíssima - V. Revma - Abades, superiores de conventos, outras autoridades eclesiásticas e sacerdotes em geral AUTORIDADES MONÁRQUICAS Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado para LÍNGUA PORTUGUESA 99 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 1 - Vossa Majestade - V. M. - Reis e Imperadores 2 - Vossa Alteza - V. A. - Príncipe, Arquiduques e Duques 3 - Vossa Reverendíssima - V. Revma - Abades, superiores de conventos, outras autoridades eclesiásticas e sacerdotes em geral OUTRAS AUTORIDADES Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado para 1 - Vossa Senhoria - V. S.a - Dom 2 - Doutor - Dr. - Doutor 3 – Comendador - Com. - Comendador 4 – Professor - Prof. - Professor Pronomes Possessivos São aqueles que indicam posse, em relação às três pessoas do discurso. São eles: meu(s), minha(s), teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), nosso(s), nossa(s), vosso(s), vossa(s). Empregos dos pronomes possessivos: 01) O emprego dos possessivos de terceira pessoa seu, sua, seus, suas pode dar duplo sentido à frase (ambiguidade). Para evitar isso, coloca-se à frente do substantivo dele, dela, deles, delas, ou troca-se o possessivo por esses elementos. Ex. Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documentos. De quem eram os documentos? Não há como saber. Então a frase está ambígua. Para tirar a ambiguidade, coloca-se, após o substantivo, o elemento referente ao dono dos documentos: se for Joaquim: Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documentos dele; se for Sandra: Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documentos dela. Pode-se, ainda, eliminar o pronome possessivo: Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com os documentos dele (ou dela). 02) É facultativo o uso de artigo diante dos possessivos. Ex. Trate bem seus amigos. ou Trate bem os seus amigos. 03) Não se devem usar pronomes possessivos diante de partes do próprio corpo. Ex. Amanhã, irei cortar os cabelos. Vou lavar as mãos. Menino! Cuidado para não machucar os pés! 04) Não se devem usar pronomes possessivos diante da palavra casa, quando for a residência da pessoa que estiver falando. Ex. Acabei de chegar de casa. Estou em casa, tranquilo. LÍNGUA PORTUGUESA 100 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Pronomes Demonstrativos Pronomes demonstrativos são aqueles que situam os seres no tempo e no espaço, em relação às pessoas do discurso. São os seguintes: 01) Este, esta, isto: São usados para o que está próximo da pessoa que fala e para o tempo presente. Ex. Este chapéu que estou usando é de couro. Este ano está sendo cheio de surpresas. 02) Esse, essa, isso: São usados para o que está próximo da pessoa com quem se fala, para o tempo passado recente e para o futuro. Ex. Esse chapéu que você está usando é de couro? 2003. Esse ano será envolto em mistérios. Em novembro de 2001, inauguramos a loja. Até esse mês, nada sabíamos sobre comércio. 03) Aquele, aquela, aquilo: São usados para o que está distante da pessoa que fala, e da pessoa com quem se fala e para o tempo passado remoto. Ex. Aquele chapéu que ele está usando é de couro? Em 1974, eu tinha 15 anos. Naquela época, Londrina era uma cidade pequena. Outros usos dos demonstrativos: 01) Em uma citação oral ou escrita, usa-se este, esta, isto para o que ainda vai ser dito ou escrito, e esse, essa, isso para o que já foi dito ou escrito. Ex. Esta é a verdade: existe a violência, porque a sociedade a permitiu. Existe a violência, porque a sociedade a permitiu. A verdade é essa. 02) Usa-se este, esta, isto em referência a um termo imediatamente anterior. Ex. O fumo é prejudicial à saúde, e esta deve ser preservada. Quando interpelei Roberval, este assustou-se inexplicavelmente. 03) Para estabelecer-se a distinção entre dois elementos anteriormente citados, usa-se este, esta, isto em relação ao que foi mencionado por último e aquele, aquela, aquilo, em relação ao que foi nomeado em primeiro lugar. Ex. Sabemos que a relação entre o Brasil e os Estados Unidos é de domínio destes sobre aquele. Os filmes brasileiros não são tão respeitados quanto as novelas, mas eu prefiro aqueles a estas. LÍNGUA PORTUGUESA 101 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 04) O, a, os, as são pronomes demonstrativos, quando equivalem a isto, isso, aquilo ou aquele(s), aquela(s). Ex. Não concordo com o que ele falou. (aquilo que ele falou) Tudo o que aconteceu foi um equívoco.(aquilo que aconteceu) Pronomes Indefinidos Os pronomes indefinidos referem-se à terceira pessoa do discurso de uma maneira vaga, imprecisa, genérica. São eles: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, cada, outrem, mais, menos, demais, algum, alguns, alguma, algumas, nenhum, nenhuns, nenhuma, nenhumas, todo, todos, toda, todas, muito, muitos, muita, muitas, bastante, bastantes, pouco, poucos, pouca, poucas, certo, certos, certa, certas, tanto, tantos, tanta, tantas, quanto, quantos, quanta, quantas, um, uns, uma, umas, qualquer, quaisquer, (além das locuções pronominais indefinidas): cada um, cada qual, quem quer que, todo aquele que, tudo o mais... Usos de alguns pronomes indefinidos: 01) Todo: O pronome indefinido todo deve ser usado com artigo, se significar inteiro e o substantivo à sua frente o exigir; caso signifique cada ou todos não terá artigo, mesmo que o substantivo exija. Ex. Todo dia telefono a ela. (Todos os dias) Fiquei todo o dia em casa. (O dia inteiro) Todo ele ficou machucado. (Ele inteiro, mas a palavra ele não admite artigo) 02) Todos, todas: Os pronomes indefinidos todos e todas devem ser usados com artigo, se o substantivo à sua frente o exigir. Ex. Todos os colegas o desprezam. Todas as meninas foram à festa. Todos vocês merecem respeito. 03) Algum: O pronome indefinido algum tem sentido afirmativo, quando usado antes do substantivo; passa a ter sentido negativo, quando estiver depois do substantivo. Ex. Amigo algum o ajudou. (Nenhum amigo) Algum amigo o ajudará. (Alguém) 04) Certo: A palavra certa será pronome indefinido, quando anteceder substantivo e será adjetivo, quando estiver posposto a substantivo. Ex. Certas pessoas não se preocupam com os demais. LÍNGUA PORTUGUESA 102 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR As pessoas certas sempre nos ajudam. 05) Qualquer: O pronome indefinido qualquer não deve ser usado em sentido negativo. Em seu lugar, deve-se usar algum, posteriormente ao substantivo, ou nenhum. Ex. Ele entrou na festa sem qualquer problema. Essa frase está inadequada gramaticalmente. O adequado seria: Ele entrou na festa sem problema algum. Ele entrou na festa sem nenhum problema. Pronomes Interrogativos São os pronomes que, quem, qual e quanto usados em frases interrogativas diretas ou indiretas. Ex. Que farei agora? - Interrogativa direta. Quanto te devo, meu amigo? - Interrogativa direta. Qual é o seu nome? - Interrogativa direta. Não sei quanto devo cobrar por esse trabalho. - Interrogativa indireta. Notas: 01) Na expressão interrogativa Que é de? subentende-se a palavra feito: Que é do sorriso? (= Que é feito do sorriso? ), Que é dele? (= Que é feito dele?). Nunca se deve usar quédê, quedê ou cadê, pois essas palavras oficialmente não existem, apesar de, no Brasil, o uso de cadê ser cada dia mais constante. 02) Não se deve usar a forma o que como pronome interrogativo; usa-se apenas que, a não ser que o pronome seja colocado depois do verbo. Ex. Que você fará hoje à noite? e não: O que você fará hoje à noite? Que queres de mim? e não: O que queres de mim? Você fará o quê? Ortografia Oficial Todas as regras ortográficas da gramática portuguesa. Caso x / ch 1) x / ch nas palavras provenientes do latim: 1.1) Emprego do ch: Ao passar do latim para o português, as sequências "cl", "pl" e "fl", transformaram-se em "ch": afflare > achar flagrare > cheirar flamma > chama caplu > cacho LÍNGUA PORTUGUESA 103 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR clamare > chamar claven > chave masclu > macho planus > chão plenus > cheio plorare > chorar plumbum > chumbo pluvia > chuva 1.2) Emprego do x: a) Proveniente do x latino: exaguare > enxaguar examen > exame laxare > deixar luxu > luxo b) Palatização do S em grupos como ssi ou sce: miscere > mexer passione > paixão pisce > peixe 2) Emprega-se a letra x: x1) Após ditongo: ameixa caixa peixe Exceções: recauchutar (do francês recaoutchouter) guache (do francês gouache) caucho (espécie de árvore. Tem origem na palavra cauchu "lágrimas da árvore", é de um idioma indígena, mas está em nossa ortografia oficial) x2) Em palavras iniciadas por ME: Mexerica México Mexilhão Mexer LÍNGUA PORTUGUESA 104 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Exceção: mecha (de cabelos), que tem sua origem no fracês mèche. Não confundir com a forma verbal "mexa" do verbo mexer, que deve ser grafada com x. X3) Em palavras iniciadas por EN: Enxada Enxerto Enxurrada Exceção1: enchova (regionalismo de anchova, que origina-se do genovês anciua); Exceção2: Palavras formadas por prefixação de en + radical com ch: enchente, encher e derivados = prefixo en + radical de cheio; encharcar = en + radical de charco; enchiqueirar = en + radical de chiqueiro; enchapelar = en + radical de chapéu; enchumaçar = en + radical de chumaço x4) Em palavras com origem Tupi. As mais conhecidas são: Araxá - lugar alto onde primeiro se avista o sol. Abacaxi - de yá, ou ywa (fruta), e katy (que recende, cheira); Capixaba - roça, roçado, terra limpa para plantação. Caxumba Pataxó - tribo. Queixada - “o que corta”. Xará - de xe rera, "meu nome". Xavante - tribo. Xaxim - do tupi-guarani Xá = cachoeira, Xim = pequena. Ximaana – tribo. Xingu - água boa, água limpa, na língua Kamayurá. Exceção: Chapecó – Cidade de SC. Derivação do tupi Xapecó (de donde se avista o caminho da roça). x5) Em palavras com origem árabe. As mais conhecidas são: Almoxarife Almoxarifado Elixir (al-Axir) Enxaqueca (xaqiqa - meia cabeça) Haxixe (hashish - maconha) Oxalá (in sha allah ou inshallah - se Deus quiser) Xarope LÍNGUA PORTUGUESA 105 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Xadrez (xatranj) Xarope (xarab - bebida, poção) Xeque Xeque-mate Exceções: Alcachofra (Alkharshof - fruto do cardo manso) Chafariz x6) Em palavras com origem africana. As mais conhecidas são: Afoxé Axé Borocoxô Exu Fuxico Maxixe Orixá Xendengue (magro, franzino) Xangô (Xa - Senhor; Ag + No - Fogo Oculto; Gô = Raio, Alma) Xaxado Xingar XinXim Xodó Exceções: Cachimbo (kixima) Cachaça Cochicho Cochilar Chilique 3) Emprega-se ch: ch1) Em palavras com origem francesa. As mais conhecidas são: Avalanche (Avalónch) Cachê (Cachet) Cachecol (Cacher) Chalé (Chalet) LÍNGUA PORTUGUESA 106 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Chassi (Chânssis) Champanhe (Champagne) Champignon (Champignon) Chantilly (Chantilly) Chance (Chance) Chapéu (Chapeau) Chantagem (Chantage) Charme (Charme) Chefe (Chef) Chique (Chic) Chofer (Chauffeur) Clichê (Cliché) Creche (Crèche) Crochê (Crochet) Debochar (Débaucher) Fetiche (Fétiche) Guichê (Guichet) Manchete (Manchette) Pochete (Pochette) Revanche (Revanche) Voucher (Vocher) Caso g / j 1) Palavras provenientes do latim e do grego: 1.1) O g português representa geralmente o g latino ou grego: a) Latim: agere > agir agitare > agitar digit(i) (raiz) > digitar gestu > gesto gelu > gelo liturgia > liturgia tegella > tigela Magia < Magia (latim) < Mageia (grego) < Magush (persa) LÍNGUA PORTUGUESA 107 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR b) Grego: eksegesis > exegese gymnastics > ginástica hégemonikós > hegemônico logiké > lógico synlogismos > sologismo Exceção: aggelos > anjo (angeolatria é com g) 1.2) Não há j no grego e no latim clássico. O j provém: a) Da consonantização do I semiconsoante latino: iactu > jeito iam > já iocus > jogo maiestate > majestade b) Da palatalização do S + I, ou do grupo DI + Vogal: basiu > beijo casiu > queijo hodie > hoje radiare > rajar 2) Emprega-se a letra g: g1) Nas palavras derivadas de outras grafadas com g: engessar (de gesso) faringite (de faringe)selvageria (de selvagem) Exceção: coragem (fr. courage) => corajoso, encorajar g2) Nas palavras terminadas em ágio, égio, ígio, ógio, úgio: pedágio sacrilégio prestígio relógio refúgio g3) Os substantivos terminados em gem: LÍNGUA PORTUGUESA 108 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR viagem coragem ferrugem Exceção: pajem lambujem g4) Nos verbos terminados em ger e gir: eleger mugir g5) Em geral, após R: aspergir divergir submergir 3) Emprega-se a letra j: j1) Nas palavras derivadas de outras grafadas com j: sarjeta (de sarja) lojista (de loja) canjica (de canja) sarjeta (de sarja) gorjeta (de gorja) j2) Nos verbos terminados em jar: viajar encorajar enferrujar j3) Em palavras com origem árabe. As mais conhecidas são: alforje (al hurj <sacola>) azulejo (azzelij) berinjela (badanjanah) javali (djabali) jaleco (jalikah) jarra (djarrah) laranja (narandja) Exceções: LÍNGUA PORTUGUESA 109 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR álgebra (al-jabr) algema (al jamad <a pulseira>) giz (jibs) girafa (zarâfa (AR.) ->giraffa (IT.) -> girafa (PT.)) j4) Em palavras com origem tupi. As mais conhecidas são: beiju cajá caju canjica carijó guarajuba itajuba itajaí jequiriti jequitibá jerimum jibóia (cobra d’água). jumana (tribo). jurubeba (planta espinhosa e fruta tida como medicinal). jenipapo jururu maracujá marajó mucujê pajé Ubirajara Exceção: Sergipe J5) Em palavras com origem africana. As mais conhecidas são: acarajé Iemanjá jabá jagunço jererê (cigarro de maconha) LÍNGUA PORTUGUESA 110 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR jiló jurema Exceções: bugiganga ginga Caso c ou ç / s ou ss O c tem o valor de /s/ com as vogais E e I. Antes de A, O e U usa-se ç. acetato ácido açafrão aço açúcar Depois de consoante usa-se s. Entre vogais, usa-se ss: manso concurso expulso prosseguir girassol pessoa s1) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em ERGIR, CORRER, PELIR: aspergir = aspersão compelir = compulsório concorrer = concurso discorrer = discurso expelir = expulsão, expulso imergir = imersão impelir = impulsão, impulso s2) Verbos terminados em DAR – DER – DIR – TER – TIR – MIR recebem s quando há perda das letras “D – T – M”em suas derivações: circuncidar (circumcidere) = circuncisão, circunciso ascender (ascendere) = ascensão suceder (succedere) = sucessão / sucesso expandir (expandere) = expansão / expansível LÍNGUA PORTUGUESA 111 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR iludir (illudere) = ilusão / ilusório progredir (progredere) = progressão / progressivo / progresso submeter (submittere) = submissão / submisso discutir (discutere) = discussão suprimir (supprimere) = supressão / supresso redimir (redimere) = remissão / remisso Observe também a origem latina: excluir (de excludere) = exclusão incluir (de includere) = inclusão... c1) Verbos não terminados em DAR - DER - DIR - TER - TIR - MIR quando mudam o radical recebem ç: agir = ação excetuar = exceção proteger = proteção promover = promoção c2) Verbos que mantêm o radical recebem ç em derivações: acomodar = acomodação consolidar = consolidação conter = contenção fundar = fundação fundir = fundição remir = remição reter = retenção saudar = saudação torcer = torção distorcer = distorção Observe também a origem latina: manter (manutenere) = manutenção nadar (natare) = natação c3) Usa-se c ou ç após ditongo quando houver som de s: eleição traição foice LÍNGUA PORTUGUESA 112 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR c4) Nos sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, iço, nça, uça, uço. barca = barcaça rico = ricaço cota = cotação aguço = aguçar merece = merecer carne = carniça canil = caniço esperar = esperança cara = carapuça dente = dentuço c5) Em palavras com origem árabe. As mais conhecidas são: açafrão açoite açougue açude açúcar açucena alface alvoroço ceifa celeste cetim cifra Exceção: arsenal carmesim safra salada sultão c6) Em palavras com origem tupi. As mais conhecidas são: araçá açaí babaçu cacique caiçara camaçari LÍNGUA PORTUGUESA 113 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR cipó cupuaçu Iguaçu Iracema juçara maçaranduba maniçoba paçoca piaçava piraguaçu Exceção (todas começam com som de s, menos cipó): sabiá sagui saci samambaia sariguê savana Sergipe siri suçuarana sucuri sururu c7) Em palavras com origem africana. As mais conhecidas são: bagunça caçamba cachaça caçula cangaço jagunço lambança miçanga Exceção (todas começam com som de s): sapeca LÍNGUA PORTUGUESA 114 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR samba senzala serelepe songamonga sova (pancada) Caso z / s 1) Emprega-se a letra s: s1) Em palavras derivadas de uma primitiva grafada com s: análise = analisar, analisado pesquisa = pesquisar, pesquisado. Exceção: catequese = catequizar. s2) Após ditongo quando houver som de z: Creusa coisa maisena s3) Na conjugação dos verbos PÔR e QUERER: (Ele) pôs (Ele) quis (Nós) pusemos (Nós) quisemos (Se eu) puser (Se eu) quiser s4) Em palavras terminadas em OSO, OSA (que significa “cheio de”): horrorosa gostoso Exceção: gozo s5) Nos sufixos gregos ASE, ESE, ISE, OSE: frase tese crase crise osmose Exceções: deslize e gaze. LÍNGUA PORTUGUESA 115 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR s6) Nos sufxos ÊS, ESA, ESIA e ISA, usados na formação de palavras que indicam nacionalidade, profissão, estado social, títulos honoríficos. chinês chinesa camponês poetisa burguês burguesa freguesia Luísa Heloísa Exceção: Juíza (por derivar do masculino juiz). z1) As terminadas em EZ e EZA serão escritas com z quando forem substantivos abstratos provindos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade: escasso / escassez macio / maciez rígido / rigidez sensato / sensatez surdo / surdez avaro / avareza certo / certeza duro / dureza nobre / nobreza pobre / pobreza rico / riqueza z2) Grafam-se com "z" as palavras derivadas com os sufixos "zada, zal, zarrão, zeiro, zinho, zito, zona, zorra, zudo". O "z", neste caso, é uma consoante de ligação com o infixo. pazada cafezal homenzarrão açaizeiro papelzinho cãozito LÍNGUA PORTUGUESA 116 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR mãezona mãozorra pezudo Exceção (quando o radical das palavras de origem possuem o "s"): asa = asinha riso = risinho casa = casinha Inês = Inesita Teresa = Teresinha z3) Em derivações resultando em verbos terminados com som de IZAR: útil = utilizar terror = aterrorizar economia = economizar Exceção (quando o radical das palavras de origem possuem o "s"): análise = analisar pesquisa = pesesquisar improviso = improvisar Exceção da Exceção: catequese = catequizar. Caso ex / es 1) Como regra geral, as palavras que em latim se iniciavam por ex mantiveram a mesma grafia ao passarem do latim clássico para o português. expectorare > expectorar; expansione > expansão; expellere > expelir; experimentu > experimento; expiratione > expiração; extrinsecu > extrínseco; extensione > extensão; Há, contudo, exceções. Algumas palavras que se escreviam com ex em latim evoluíram para es ao passar do latim vulgar para o português. excusare > escusar; excavare > escavar; exprimere > espremer; extraneo > estranho; LÍNGUA PORTUGUESA 117 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR extendere > estender; O verbo "estender”, por exemplo, entrou para o léxico no século 13, originária do latim vulgar, quando o “x” antes de consoante tornava-se“s”. O vocábulo “extensão” aparece no léxico de nossa língua no século 18 e teve sua origem no latim clássico (extensione), quando a regra era manter o “x” de sua origem (extensio). Tal como "extensão", escreve-se extenso, extensivo, extensibilidade, etc. 2) Já as palavras que se iniciavam por s em latim deram origem a derivados com es em português: scapula > escápula; scrotu > escroto; spatula > espátula; spectru > espectro; speculare > especular; spiral > espiral; spontaneu > espontâneo; spuma > espuma; statura > estatura; sterile > estéril stertore > estertor; strutura > estrutura; Os termos médicos derivados de palavras gregas iniciadas por s também se escrevem com es em português. Ex: escotoma esclerótica esfenoide esplâncnico estase estenose estroma Um equívoco primário consiste na confusão entre estase (do gr. stásis, parada, estagnação) e êxtase (do gr. ekstásis - ek = fora de; stasis = estado, pelo latim extase). Também se deve distinguir estrato (do latim stratu), com o sentido de camada, de extrato (do latim extractu), aquilo que se extraiu de alguma coisa. Caso sc Utiliza-se SC em termos eruditos latinos, isto é, cuja etimologia manteve o radical latino: abscesso (abscessus); acrescer (accrescere); adolescente (adolescentis); LÍNGUA PORTUGUESA 118 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR aquiescer (acquiescere); ascender (ascendere); consciência (conscientia); crescer (crescere); descer (descendere); disciplina (disciplina); fascículo (fasciculus); fascinar (fascinare); florescer (florescere); lascivo (lascivu); nascer (nascere); oscilar (oscillare); obsceno (obscenus); rescindir (rescindere); víscera (viscus); Caso c / qu e Forma Variantes Existem palavras que podemos escrever com "c" e também com qu: catorze / quatorze cociente / quociente cota / quota cotidiano / quotidiano cotizar / quotizar E existem variantes aceitas para outras palavras: abdome e abdômen açoitar e açoutar afeminado e efeminado aluguel ou aluguer arrebitar e rebitar arremedar e remedar assoalho e soalho assobiar e assoviar assoprar e soprar Azalea e Azaleia bêbado e bêbedo bilhão e bilião bílis e bile bombo e bumbo bravo e brabo LÍNGUA PORTUGUESA 119 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR caatinga e catinga cãibra e câimbra carroçaria e carroceria catucar e cutucar chipanzé e chimpanzé coisa e cousa degelar e desgelar dependurar e pendurar derrubar e derribar desenxavido e desenxabido diabete e diabetes embaralhar e baralhar enfarte e infarto entretenimento e entretimento entoação e entonação enumerar e numerar espécime e espécimen espuma e escuma estalar e estralar este e leste (pontos cardeais) flauta e frauta flecha e frecha geringonça e gerigonça homogeneizar e homogenizar húmus e humo impingem e impigem imundícia, imundície e imundice intrincado e intricado lide e lida louro e loiro macaxeira e macaxera maltrapilho e maltrapido malvadeza e malvadez LÍNGUA PORTUGUESA 120 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR maquiagem e maquilagem marimbondo e maribondo matracar e matraquear mobiliar e mobilhar neblina e nebrina nenê e neném parênteses e parêntesis percentagem e porcentagem pitoresco, pinturesco e pintoresco plancha e prancha pólen e polem quadrênio e quatriênio quatrilhão e quatrilião radioatividade e radiatividade rastro e rasto relampear e relampejar remoinho e redemoinho salobra e salobre taberna e taverna tesoura e tesoira toicinho e toucinho transpassar, traspassar e trespassar transvestir e travestir treinar e trenar tríade e triada trilhão e trilião vasculhar e basculhar Xérox e Xerox xeretar e xeretear Caso o / u 1) Usa-se o na grafia dos seguintes vocábulos: boteco botequim LÍNGUA PORTUGUESA 121 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR cortiço engolir goela mochila moela mosquito mágoa moleque nódoa tossir toalete zoar 2) Usa-se u na grafia dos seguintes vocábulos: amuleto entupir jabuti mandíbula supetão tábua Caso e / i 1) Os verbos terminados em -UIR e em -OER: No Presente do Indicativo, as 2ª e 3ª pessoas do singular são grafadas com I. Exemplo (verbo possuir): tu possuis ele possui Ortografia oficial tu constróis ele constrói tu móis ele mói tu róis ele rói LÍNGUA PORTUGUESA 122 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 2) Os verbos terminados em -UAR e em -OAR: No Presente do Subjuntivo, todas as pessoas da conjugação serão grafadas com e. Exemplo (verbo entoar): Que eu entoe Que tu entoes Que ele entoe Que nós entoemos Que vós entoeis Que eles entoem 3) Todos os verbos que terminam em [-ear] (arrear, frear, alardear, amacear, passear...) fazem um ditongo [-ei-] no presente do indicativo e do subjuntivo nas formas rizotônicas (1ª, 2ª, 3ª do singular e 3ª do plural,): PRESENTE DO INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO FUTURO PRESENTE DO SUBJUNTIVO (que…) Eu freio Eu freei Eu frearei Eu freie Tu freias Tu freaste Tu frearás Tu freies Ele freia Ele freou Ele freará Ele freie Nós freamos Nós freamos Nós frearemos Nós freemos Vós freais Vós freastes Vós freareis Vós freeis Eles freiam Eles frearam Eles frearão Eles freiem 4) Os verbos terminados em [-iar] (arriar, criar, odiar…) são regulares, exceto o (I)MARIO: (Inter)Mediar, Ansiar, Remediar, Incendiar, Odiar, os quais são irregulares e formam ditongo [-ei-] nas formas rizotônicas: Observe a diferença entre Arriar (regular) e Mediar (irregular): PRESENTE DO INDICATIVO PRESENTE DO SUBJUNTIVO (que…) PRESENTE DO INTICATIVO PRESENTE DO SUBJUNTIVO (que…) Eu arrio Eu arrie Eu medeio Eu medeie Tu arrias Tu arries Tu medeias Tu medeies Ele arria Ele arrie Ele medeia Ele medeie Nós arriamos Nós arriemos Nós mediamos Nós mediemos Vós arriais Vós arrieis Vós mediais Vós medieis Eles arriam Eles arriem Eles medeiam Eles medeiem LÍNGUA PORTUGUESA 123 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR DECRETO Nº 6.583, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990; Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação do referido Acordo junto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa, na qualidade de depositário do ato, em 24 de junho de 1996; Considerando que o Acordo entrou em vigor internacional em 1o de janeiro de 2007, inclusive para o Brasil, no plano jurídico externo; DECRETA: Art. 1o O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, entre os Governos da República de Angola, da República Federativa do Brasil, da República de Cabo Verde, da República de Guiné-Bissau, da República de Moçambique, da República Portuguesa e da República Democrática de São Tomé e Príncipe, de 16 de dezembro de 1990, apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém. Art. 2o O referido Acordo produzirá efeitos somente a partir de 1o de janeiro de 2009. Parágrafo único. A implementação do Acordo obedecerá ao período de transição de 1o de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012, durante o qual coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida. Parágrafo único. A implementação do Acordo obedecerá ao período de transição de 1o de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2015, durante o qual coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida. (Redação dada pelo Decreto nº 7.875, de 2012) Art. 3o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacionalquaisquer atos que possam resultar em revisão do referido Acordo, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Art. 4o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 29 de setembro de 2008; 187o da Independência e 120o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Celso Luiz Nunes Amorim Este texto não substitui o publicado no DOU de 30.9.2008 ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA Considerando que o projeto de texto de ortografia unificada de língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de outubro de 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da Galiza, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional, Considerando que o texto do acordo que ora se aprova resulta de um aprofundado debate nos Países signatários, a República Popular de Angola, a República Federativa do Brasil, LÍNGUA PORTUGUESA 124 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República de Moçambique, a República Portuguesa, e a República Democrática de São Tomé e Príncipe, acordam no seguinte: Artigo 1o É aprovado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que consta como anexo I ao presente instrumento de aprovação, sob a designação de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) e vai acompanhado da respectiva nota explicativa, que consta como anexo II ao mesmo instrumento de aprovação, sob a designação de Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990). Artigo 2o Os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração, até 1 de janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas. Artigo 3o O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrará em vigor em 1o de janeiro de 1994, após depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo da República Portuguesa. Artigo 4o Os Estados signatários adotarão as medidas que entenderem adequadas ao efetivo respeito da data da entrada em vigor estabelecida no artigo 3o. Em fé do que, os abaixo assinados, devidamente credenciados para o efeito, aprovam o presente acordo, redigido em língua portuguesa, em sete exemplares, todos igualmente autênticos. Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990. PELA REPÚBLICA POPULAR DE ANGOLA JOSÉ MATEUS DE ADELINO PEIXOTO Secretário de Estado da Cultura PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL CARLOS ALBERTO GOMES CHIARELLI Ministro da Educação PELA REPÚBLICA DE CABO VERDE DAVID HOPFFER ALMADA Ministro da Informação, Cultura e Desportos PELA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU ALEXANDRE BRITO RIBEIRO FURTADO Secretário de Estado da Cultura PELA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE LUIS BERNARDO HONWANA Ministro da Cultura LÍNGUA PORTUGUESA 125 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR PELA REPÚBLICA PORTUGUESA PEDRO MIGUEL DE SANTANA LOPES Secretário de Estado da Cultura PELA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE LÍGIA SILVA GRAÇA DO ESPÍRITO SANTO COSTA Ministra da Educação e Cultura ANEXO I ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA (1990) Base I Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados 1o)O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula: a A (á) j J (jota) s S (esse) b B (bê) k K (capa ou cá) t T (tê) c C (cê) l L (ele) u U (u) d D (dê) m M (eme) v V (vê) e E (é) n N (ene) w W (dáblio) f F (efe) o O (ó) x X (xis) g G (gê ou guê) p P (pê) y Y (ípsilon) h H (agá) q Q (quê) z Z (zê) i I (i) r R (erre) Obs.: 1. Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u). 2. Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar. 2º)As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais: a)Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, by roniano; Taylor, taylorista; b)Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano; c)Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium), W-oeste (West); kg-quilograma, km-quilómetro, kW- kilowatt, yd-jarda (yard); Watt. 3º)Em congruência com o número anterior, mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; jeffersónia/jeffersônia, de Jefferson; mulleriano, de Muller, shakespeariano, de Shakespeare. LÍNGUA PORTUGUESA 126 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Os vocabulários autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis, em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/ fúchsia e derivados, buganvília/ buganvílea/ bougainvíllea). 4º)Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se em formas onomásticas da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph, ou então simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo, elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith. 5º)As consoantes finais grafadas b, c, d, g e t mantêm-se, quer sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as consagrou, nomeadamente antropónimos/antropônimos e topónimos/topônimos da tradição bíblica: Jacob, Job, Moab, Isaac; David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat. Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é sempre pronunciado; Madrid e Valhadolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calecut ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condições. Nada impede, entretanto, que dos antropónimos/antopônimos em apreço sejam usados sem a consoante final Jó, Davi e Jacó. 6º)Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Genève, por Genebra; Jutland, por Jutlândia; Milano, por Milão; Munchen, por Munique; Torino, por Turim; Zurich, por Zurique, etc. Base II Do h inicial e final 1º)O h inicial emprega-se: a)Por força da etimologia: haver, hélice, hera, hoje, hora, homem, humor. b)Em virtude de adoção convencional: hã?, hem?, hum!. 2º)O h inicial suprime-se: a)Quando, apesar da etimologia, a sua supressão está inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem erudita); b)Quando, por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir, inábil, lobisomem, reabilitar, reaver; 3º)O h inicial mantém-se, no entanto, quando, numa palavra composta, pertence a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-higiénico/anti-higiênico, contra-haste; pré-história,sobre-humano. 4º)O h final emprega-se em interjeições: ah! oh! Base III Da homofonia de certos grafemas consonânticos Dada a homofonia existente entre certos grafemas consonânticos, torna-se necessário diferençar os seus empregos, que fundamentalmente se regulam pela história das palavras. É certo que a variedade das condições em que se fixam na escrita os grafemas consonânticos homófonos nem sempre permite fácil diferenciação dos casos em que se deve empregar uma letra e daqueles em que, diversamente, se deve empregar outra, ou outras, a representar o mesmo som. LÍNGUA PORTUGUESA 127 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguintes casos: 1º)Distinção gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, capacho, capucho, chamar, chave, Chico, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, estrebucha, facho, ficha, flecha, frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho, pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim, baixel, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, elixir, enxofre, faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez, xarope, xenofobia, xerife, xícara. 2º)Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j: adágio, alfageme, Álgebra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido, almargem, Alvorge, Argel, estrangeiro, falange, ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim, geringonça, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, gíria, herege, relógio, sege, Tânger, virgem; adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie de papagaio), canjerê, canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum, jeira, jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum, Jerónimo, Jesus, jibóia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, laranjeira, lojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona, mucujê, pajé, pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito. 3º)Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes surdas: ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso, farsa, ganso, imenso, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa; abadessa, acossar, amassar, arremessar, Asseiceira, asseio, atravessar, benesse, Cassilda, codesso (identicamente Codessal ou Codassal, Codesseda, Codessoso, etc.), crasso, devassar, dossel, egresso, endossar, escasso, fosso, gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso, remessa, sossegar; acém, acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim, Cinfães, Escócia, Macedo, obcecar, percevejo; açafate, açorda, açúcar, almaço, atenção, berço, Buçaco, caçanje, caçula, caraça, dançar, Eça, enguiço, Gonçalves, inserção, linguiça, maçada, Mação, maçar, Moçambique, Monção, muçulmano, murça, negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, Seiça (grafia que pretere as erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, Suíça, terço; auxílio, Maximiliano, Maximino, máximo, próximo, sintaxe. 4º)Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idêntico valor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar, esplanada, esplêndido, espontâneo, espremer, esquisito, estender, Estremadura, Estremoz, inesgotável; extensão, explicar, extraordinário, inextricável, inexperto, sextante, têxtil; capazmente, infelizmente, velozmente. De acordo com esta distinção convém notar dois casos: a)Em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda para s sempre que está precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sistino (cf. Capela Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto. b)Só nos advérbios em –mente se admite z, com valor idêntico ao de s, em final de sílaba seguida de outra consoante (cf. capazmente, etc.); de contrário, o s toma sempre o lugar de z: Biscaia, e não Bizcaia. 5º)Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fónico/fônico: aguarrás, aliás, anis, após atrás, através, Avis, Brás, Dinis, Garcês, gás, Gerês, Inês, íris, Jesus, jus, lápis, Luís, país, português, Queirós, quis, retrós, revés, Tomás, Valdés; cálix, Félix, Fénix, flux; assaz, arroz, avestruz, dez, diz, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz, petiz, Queluz, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A propósito, deve observar-se que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não oxítona: Cádis, e não Cádiz. 6º)Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes sonoras: aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, Baltasar, besouro, besuntar, blusa, brasa, brasão, Brasil, brisa, [Marco de] Canaveses, coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposende, frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, jusante, liso, lousa, Lousã, Luso (nome de lugar, homónimo/homônimo de Luso, nome mitológico), Matosinhos, Meneses, narciso, Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa, Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa, tisana, transe, trânsito, vaso; exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável; abalizado, alfazema, Arcozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, baliza, bazar, LÍNGUA PORTUGUESA 128 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR beleza, buzina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro, Galiza, guizo, helenizar, lambuzar, lezíria, Mouzinho, proeza, sazão, urze, vazar, Veneza, Vizela, Vouzela. Base IV Das sequências consonânticas 1º)O c, com valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c com valor de sibilante), cç e ct, e o p das sequências interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt, ora se conservam, ora se eliminam. Assim: a)Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto. b)Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo. c)Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição; facto e fato, se ctor e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção. d)Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respectivamente nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e assunção; assumptível e assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade. 2º)Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: o b da sequência bd, em súbdito; o b da sequência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência gd, em amígdala, amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigdalóide, amigdalopatia, amigdalot omia; o m da sequência mn, em amnistia, amnistiar, indemne, indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.; o t, da sequência tm, em aritmética e aritmético. Base V Das vogais átonas 1º)O emprego do e e do i, assim como o do o e do u, em sílaba átona, regula-se fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história das palavras. Assim se estabelecem variadíssimas grafias: a)Com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear, boreal, campeão, cardeal (prelado, ave planta; diferente de cardial = “relativo à cárdia”), Ceará, côdea,enseada, enteado, Floreal, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor, Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, peanha, quase (em vez de quási), real, semear, semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial, amieiro, arrieiro, artilharia, capitânia, cordial (adjetivo e substantivo), corriola, crânio, criar, diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe (e identicamente Filipa, Filipinas, etc.), freixial, giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, lampião, limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso; b)Com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiça, consoada, consoar, costume, díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbaforir-se, esboroar, farândola, femoral, Freixoeira, girândola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo, Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, távoa, tavoada, távola, tômbola, veio (substantivo e forma do verbo vir); açular, água, aluvião, arcuense, assumir, bulir, camândulas, curtir, curtume, embutir, entupir, fémur/fêmur, fístula, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, lugar, mangual, Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada, tabuleta, trégua, virtualha. LÍNGUA PORTUGUESA 129 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 2º)Sendo muito variadas as condições etimológicas e histórico-fonéticas em que se fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é evidente que só a consulta dos vocabulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se deve empregar-se e ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistematizado. Convém fixar os seguintes: a)Escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tónica/tônica, os substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em – eio e – eia, ou com eles estão em relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota por aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia; aveal por aveia; baleal por baleia; cadeado por cadeia; candeeiro por candeia; cent eeira e centeeiro por centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia; correada e correame por correia. b)Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba tónica/tônica, os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual pode representar um antigo hiato: ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé; coreano, de Coreia; daomeano, de Daomé; guineense, de Guiné; poleame e poleeiro, de polé. c)Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tónica/tônica, os adjetivos e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos de formação vernácula – iano e –iense, os quais são o resultado da combinação dos sufixos –ano e –ense com um i de origem analógica (baseado em palavras onde –ano e –ense estão precedidos de i pertencente ao tema: horaciano, italiano, duriense, flaviense, etc.): açoriano, acriano (de Acre), camoniano, goisiano (relativo a Damião de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torriano, torriense (de Torre(s)). d)Uniformizam-se com as terminações –io e –ia (átonas), em vez de –eo e –ea, os substantivos que constituem variações, obtidas por ampliação, de outros substantivos terminados em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia, de haste; réstia, do antigo reste; véstia, de veste. e)Os verbos em –ear podem distinguir-se praticamente, grande número de vezes, dos verbos em – iar, quer pela formação, quer pela conjugação e formação ao mesmo tempo. Estão no primeiro caso todos os verbos que se prendem a substantivos em –eio ou –eia (sejam formados em português ou venham já do latim); assim se regulam: aldear, por aldeia; alhear, alheio; cear, por ceia; encadear, por cadeia; pear, por peia; etc. Estão no segundo caso todos os verbos que têm normalmente flexões rizotónicas/rizotônicas em –eio, -eias, etc.: clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear, nomear, semear, etc. Existem, no entanto, verbos em –iar, ligados a substantivos com as terminações átonas –ia ou –io, que admitem variantes na conjugação: negoceio ou negocio (cf. negócio); premeio ou premio (cf. prémio/prêmio); etc. f)Não é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem latina. Escreve-se, por isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressão de moto próprio); tribo, em vez de tríbu. g)Os verbos em –oar distinguem-se praticamente dos verbos em –uar pela sua conjugação nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre o na sílaba acentuada: abençoar com o, como abençoo, abençoas, etc.; destoar, com o, como destoo, destoas, etc.: mas acentuar, com u, como acentuo, acentuas, etc. Base VI Das vogais nasais Na representação das vogais nasais devem observar-se os seguintes preceitos: 1º)Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre a; por m, se possui qualquer outro timbre e termina a palavra; e por n, se é de timbre diverso de a e está seguida de s: afã, grã, Grã- Bretanha, lã, órfã, sã-braseiro (forma dialetal; o mesmo que são-brasense = de S. Brás de Alportel); clarim, tom, vacum; flautins, semitons, zunzuns. 2º)Os vocábulos terminados em –ã transmitem esta representação do a nasal aos advérbios em – mente que deles se formem, assim como a derivados em que entrem sufixos iniciados por z: cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo, maçãzita, manhãzinha, romãzeira. Base VII LÍNGUA PORTUGUESA 130 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Dos ditongos 1º)Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou: braçais, caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivar, lençóis (mas lençoizinhos), tafuis, uivar, cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), mediu, passou, regougar. Obs: Admitem-se, todavia, excepcionalmente, à parte destes dois grupos, os ditongos grafados ae(= âi ou ai) e ao (= âu ou au): o primeiro, representado nos antropónimos/antropônimos Caetano e Caetana, assim como nos respectivos derivados e compostos (caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo, representado nas combinações da preposição a com as formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos. 2º)Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos particulares: a)É o ditongo grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que se emprega nas formas de 2a e 3a pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente na da 2a pessoa do singular do imperativo dos verbos em – uir: constituis, influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as formas de 2a e 3a pessoas do singular do presente do indicativo e de 2a pessoa do singular do imperativo dos verbos em – air e em – oer: atrais, cai, sai; móis, remói, sói. b)É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a união de um u a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas como fluido de formas como gratuito. E isso não impede que nos derivados de formas daquele tipo as vogais grafadas u e i se separem: fluídico, fluidez (u-i). c)Além, dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos decrescentes, admite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes. Podem considerar-se no número deles as sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas, tais as que se representam graficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua, ténue/tênue, tríduo. 3º)Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados por vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m. Eis aindicação de uns e outros: a)Os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro, considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usado em vocábulos oxítonos e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não, quão, sótão, sotãozinho, tão; Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões. Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, colocar-se o ditongo ũi; mas este, embora se exemplifique numa forma popular como rũi = ruim, representa-se sem o til nas formas muito e mui, por obediência à tradição. b)Os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos: i)am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam, deviam, escreveram, puseram; ii)em (tónico/tônico ou átono) emprega-se em palavras de categorias morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente, pela posição e pela acentuação: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem, sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim, enquanto, homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém(variação de ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém, também; convêm, mantêm, têm (3as pessoas do plural); armazéns, desdéns, convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho. Base VIII LÍNGUA PORTUGUESA 131 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Da acentuação gráfica das palavras oxítonas 1º)Acentuam-se com acento agudo: a)As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas abertas grafadas –a, –e ou –o, seguidas ou não de –s: está, estás, já, olá; até, é, és, olé, pontapé(s); avó(s), dominó(s), paletó(s), só(s). Obs.: Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em –e tónico/tônico, geralmente provenientes do francês, esta vogal, por ser articulada nas pronúncias cultas ora como aberta ora como fechada, admite tanto o acento agudo como o acento circunflexo: bebé ou bebê; bidé ou bidê, canapé ou canapê, caraté ou caratê, croché ou crochê, guich é ou guichê, matiné ou matinê, nené ou nenê, ponjé ou ponjê, puré ou purê, rapé ou rapê. O mesmo se verifica com formas como cocó e cocô, ró (letra do alfabeto grego) e rô. São igualmente admitidas formas como judô, a par de judo, e metrô, a par de metro. b)As formas verbais oxítonas, quando, conjugadas com os pronomes clíticos lo(s) ou la(s), ficam a terminar na vogal tónica/tônica aberta grafada –a, após a assimilação e perda das consoantes finais grafadas –r, –s ou –z: adorá-lo(s) (de adorar-lo(s)), dá-la(s) (de dar-la(s) ou dá(s)-la(s)), fá- lo(s) (de faz-lo(s)), fá-lo(s)-ás (de far-lo(s)-ás), habitá-la(s)-iam (de habitar-la(s)-iam), trá-la(s)- á (de trar-la(s)-á); c)As palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no ditongo nasal grafado –em (exceto as formas da 3a pessoa do plural do presente do indicativo dos compostos de ter e vir: retêm, sustêm; advêm, provêm; etc) ou –ens: acém, detém, deténs, entretém, entreténs, harém, haréns, porém, provém, provéns, também; d)As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados –éi, –éu ou –ói, podendo estes dois últimos ser seguidos ou não de –s: anéis, batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s); corrói (de corroer), herói(s),remói (de remoer), sóis. 2º)Acentuam-se com acento circunflexo: a)As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam –e ou –o, seguidas ou não de –s: cortês, dê, dês (de dar), lê, lês (de ler), português, você(s); avô(s), pôs (de pôr), robô(s). b)As formas verbais oxítonas, quando, conjugadas com os pronomes clíticos –lo(s) ou –la(s), ficam a terminar nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam –e ou –o, após a assimilação e perda das consoantes finais grafadas –r, –s ou –z: detê-lo(s) (de deter-lo(s)), fazê-la(s) (de fazer-la(s)), fê- lo(s) (de fez-lo(s)), vê-la(s) (de ver-la(s)), compô-la(s) (de compor-la(s)), repô-la(s) (de repor-la(s)), pô- la(s) (de por-la(s) ou pôs-la(s)). 3º)Prescinde-se de acento gráfico para distinguir palavras oxítonas homógrafas, mas heterofónicas/heterofônicas, do tipo de cor (ô), substantivo, e cor (ó), elemento da locução de cor; colher (ê), verbo, e colher (é), substantivo. Excetua-se a forma verbal pôr, para a distinguir da preposição por. Base IX Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas 1º)As palavras paroxítona não são em geral acentuadas graficamente: enjoo, grave, homem, mesa, Tejo, vejo, velho, voo; avanço, floresta; abençoo, angolano, brasileiro; descobrimento, graficamente, moçambicano. 2º)Recebem, no entanto, acento agudo: a)As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em –l, –n, –r, –x e –ps, assim como, salvo raras exceções, as respectivas formas do plural, algumas das quais passam a LÍNGUA PORTUGUESA 132 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR proparoxítonas: amável (pl. amáveis), Aníbal, dócil (pl. dóceis), dúctil (pl. dúcteis), fóssil (pl. fósseis), r éptil (pl. réptéis; var. reptil, pl. reptis); cármen (pl. cármenes ou carmens; var. carme, pl. carmes); dólmen (pl. dólmenes ou dolmens), éden (pl. édenes ou edens), líquen (pl. líquenes), lúm en (pl. lúmenes ou lumens); açúcar (pl. açúcares), almíscar (pl. almíscares), cadáver (pl. cadáveres), caráter ou carácter (mas pl. carateresou caracteres), ímpar (pl. ímpares); Ájax, córtex (pl. córtex; var. córtice, pl. córtices), índex (pl. index; var. índice, pl. índices), tórax, (pl. tórax ou tóraxes; var. torace, pl. toraces); bíceps (pl. bíceps; var. bicípite, pl. bicípites), fórceps(pl. fórceps; var. fórcipe, pl. fórcipes). Obs.: Muito poucas palavras deste tipo, com as vogais tónicas/tônicas grafadas e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua e, por conseguinte, também de acento gráfico (agudo ou circunflexo): sémen e sêmen, xénon e xênon; fémur e fêmur, vómer e vômer; Fénix e Fênix, ónix e ôni x. b)As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em –ã(s), –ão(s), –ei(s), –i(s), –um, –uns ou – us: órfã (pl. órfãs), acórdão (pl. acórdãos), órfão (pl. órfãos), órgão (pl. órgãos), sótão (pl. sótãos); hóq uei, jóquei (pl. jóqueis), amáveis (pl. de amável), fáceis (pl. de fácil), fósseis (pl. de fóssil), amáreis (de amar), amáveis (id.), cantaríeis (de cantar), fizéreis (de fazer), fizésseis (id.); be ribéri (pl. beribéris), bílis (sg. e pl.), íris (sg. e pl.), júri (pl. júris), oásis (sg. e pl.); álbum (pl. álbuns), fórum (pl. fóruns); húmus (sg. e pl.), vírus (sg. e pl.). Obs.: Muito poucas paroxítonas deste tipo, com as vogais tónicas/tônicas grafadas e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua, o qual é assinalado com acento agudo, se aberto, ou circunflexo, se fechado: pónei e pônei; gónis e gônis, pénis e pênis, ténis e tênis; bónus e bônus, ónus e ônus, tónus e tônus, Vénus e Vênus. 3º)Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação: assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia, baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio (do verbo apoiar), tal como apoio (subst.), Azoia, boia, boina, comboio (subst.), tal como comboio, comboias, etc. (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia, moina, paranoico, zoina. 4º)É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentesformas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português. 5º)Recebem acento circunflexo: a)As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em –l, –n, –r ou –x, assim como as respectivas formas do plural, algumas das quais se tornam proparoxítonas: cônsul (pl. cônsules), pênsil (pênseis), têxtil (pl. têxteis); cânon, var. cânone, (pl. cânones), plâncton (pl. plânctons); Almodôvar, aljôfar (pl. aljôfares), âmbar (pl. âmbares), Câncer, Tânger; bômbax (sg. e pl.), bômbix, var. bômbice, (pl. bômbices). b)As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em –ão(s), –eis, –i(s) ou –us: bênção(s), côvão(s), Estêvão, zângão(s); devêreis (de dever), escrevêsseis (de escrever), fôreis (de ser e ir), fôsseis (id.), pênseis (p l. de pênsil), têxteis (pl. de têxtil); dândi(s), Mênfis; ânus. c)As formas verbais têm e vêm, 3as pessoas do plural do presente do indicativo de ter e vir, que são foneticamente paroxítonas (respectivamente /tãjãj/, /vãjãj/ ou /tẽẽj/, /vẽẽj/ ou ainda /tẽjẽj/, /vẽjẽj/; cf. as antigas grafias preteridas, tẽem, vẽem), a fim de se distinguirem de tem e vem, 3as pessoas do singular do presente do indicativo ou 2as pessoas do singular do imperativo; e também as correspondentes formas compostas, tais como: abstêm (cf. abstém), advêm (cf. advém), contêm (cf. contém), convêm (cf. convém), desconvê LÍNGUA PORTUGUESA 133 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR m (cf. desconvém), detêm (cf. detém), entretêm (cf. entretém), intervêm (cf. intervém), mantêm (cf. ma ntém), obtêm (cf. obtém), provêm (cf. provém), sobrevêm (cf. sobrevém). Obs.: Também neste caso são preteridas as antigas grafias detẽem, intervẽem, mantẽem, provẽem, etc. 6º)Assinalam-se com acento circunflexo: a)Obrigatoriamente, pôde (3a pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo), que se distingue da correspondente forma do presente do indicativo (pode). b)Facultativamente, dêmos (1a pessoa do plural do presente do conjuntivo), para se distinguir da correspondente forma do pretérito perfeito do indicativo (demos); fôrma (substantivo), distinta de forma (substantivo; 3a pessoa do singular do presente do indicativo ou 2a pessoa do singular do imperativo do verbo formar). 7º)Prescinde-se de acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um e tónico/tônico oral fechado em hiato com a terminação –em da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos: creem, deem (conj.), descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem, reveem, tresleem, veem. 8º)Prescinde-se igualmente do acento circunflexo para assinalar a vogal tónica/tônica fechada com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo, substantivo e flexão de enjoar, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão de voar, etc. 9º)Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (ê), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc. 10º)Prescinde-se igualmente de acento gráfico para distinguir paroxítonas homógrafas heterofónicas/heterofônicas do tipo de acerto (ê), substantivo e acerto (é), flexão de acertar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cerca (ê), substantivo, advérbio e elemento da locução prepositiva cerca de, e cerca (é), flexão de cercar; coro (ô), substantivo, e coro (ó), flexão de corar; deste (ê), contracção da preposição de com o demonstrativo este, e deste (é), flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e ir, e fora (ó), advérbio, interjeição e substantivo; piloto (ô), substantivo, e piloto (ó), flexão de pilotar, etc. Base X Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas 1º)As vogais tóncias/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas levam acento agudo quando antecedidas de uma vogal com que não formam ditongo e desde de que não constituam sílaba com a eventual consoante seguinte, excetuando o caso de s: adaís (pl. de adail), aí, atraí (de atrair), baú, caís (de cair), Esaú, jacuí, Luís, país, etc.; alaúde, amiúde, Araújo, Ataíde, atraíam (de atrair), atraísse (id.), baía, balaústre, cafeína, ciúme, egoísmo, faísca, faúlha, graúdo, influíste (de influir), juízes, Luísa, miúdo, paraíso, raízes, recaída, ruína, saída, sanduíche, etc. 2º)As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas não levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não formam ditongo, constituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de nh, l, m, n, r e z: bainha, moinho, rainha; adail, paul, Raul; Aboim, Coimbra, ruim; ainda, constituinte, oriundo, ruins, triunfo; at- rairn. demiuñrgo, influir, influirmos; juiz, raiz; etc. 3º)Em conformidade com as regras anteriores leva acento agudo a vogal tónica/tônica grafada i das formas oxítonas terminadas em r dos verbos em –air e –uir, quando estas se combinam com as formas pronominais clíticas –lo(s), –la(s), que levam à assimilação e perda daquele –r: atraí- lo(s) (de atrair-lo(s)); atraí-lo(s)-ia (de atrair-lo(s)-ia); possuí-la(s) (de possuir-la(s)); possuí-la(s)- ia (de possuir-la(s)-ia). LÍNGUA PORTUGUESA 134 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 4º)Prescinde-se do acento agudo nas vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras paroxítonas, quando elas estão precedidas de ditongo: baiuca, boiuno, cauila (var. cauira), cheiinho (de cheio), saiinha (de saia). 5º)Levam, porém, acento agudo as vogais tónicas/tônicas grafadas i e u quando, precedidas de ditongo, pertencem as palavras oxítonas e estão em posição final ou seguidas de s: Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús. Obs.: Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais vogais dispensam o acento agudo: cauim. 6º)Prescinde-se do acento agudo nos ditongos tónicos/tônicos grafados iu e ui, quando precedidos de vogal: distraiu, instruiu, pauis (pl. de paul). 7º)Os verbos arguir e redarguir prescindem do acento agudo na vogal tónica/tônica grafada u nas formas rizotónicas/rizotônicas: arguo, arguis, argui, arguem, argua, arguas, argua, arguam. Os verbos do tipo de aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e afins, por oferecerem dois paradigmas, ou têm as formas rizotónicas/rizotônicas igualmente acentuadas no u mas sem marca gráfica (a exemplo de averiguo, averiguas, averigua, averiguam; averigue, averigues, averigue, averiguem; enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxague, enxaguem, etc.; delinquo, delinquis, delinqui, delinquem; mas delinquimos, delinquís) ou têm as formas rizotónicas/rizotônicas acentuadas fónica/fônica e graficamente nas vogais a ou i radicais (a exemplo de averíguo, averíguas, averígua, averíguam; averígue, averígues, averígue, averíguem; enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguaim; enxágue, enxágues, enxágue, enxáguem; delínquo, delínques; delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínqua, delinquám). Obs.: Em conexão com os casos acima referidos, registre-se que os verbos em – ingir (atingir, cingir, constringir, infringir, tingir, etc.) e os verbos em –inguir sem prolação do u (distinguir, extinguir, etc.) têm grafias absolutamente regulares (atinjo, atinja, atinge, atingimos, etc; distingo, distinga, distingue, distinguimos, etc.) Base XI Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas 1º)Levam acento agudo: a)As palavrasproparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta: árabe, cáustico, Cleópatra, esquálido, exército, hidráulico, líquido, míope, músico, plástico, prosélito, público, rústico, tétrico, último; b)As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta, e que terminam por sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes (-ea, -eo, -ia, -ie, -io, -oa, -ua, -uo, etc.): álea, náusea; etéreo, níveo; enciclopédia, glória; barbárie, série; lírio, prélio; mágoa, nódoa; exígua, língua; exíguo, vácuo. 2º)Levam acento circunflexo: a)As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica vogal fechada ou ditongo com a vogal básica fechada: anacreôntico, brêtema, cânfora, cômputo, devêramos (de dever), dinâmico, êmbolo, excêntrico, fôssemos (de ser e ir), Grândola, hermenêutica, lâmpada, lôstrego, lôbrego, nêspera, plêiade, sôfrego, sonâmbulo, trôpego; b)As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam vogais fechadas na sílaba tónica/tônica, e terminam por sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes:amêndoa, argênteo, côdea, Islândia, Mântua, serôdio. 3º)Levam acento agudo ou acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou aparentes, cujas vogais tónicas/tônicas grafadas e ou o estão em final de sílaba e são seguidas das consoantes nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre é, respectivamente, aberto ou fechado nas pronúncias cultas LÍNGUA PORTUGUESA 135 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR da língua: académico/acadêmico, anatómico/anatômico, cénico/cênico, cómodo/cômodo, fenómeno/fenômeno, género/gênero, topónimo/topônimo; Amazónia/Amazônia, António/Antônio, blasfémia/blasfêmia, fémea/fêmea, gémeo/gêmeo, génio/gênio, ténue/tênue. Base XII Do emprego do acento grave 1º)Emprega-se o acento grave: a)Na contração da preposição a com as formas femininas do artigo ou pronome demonstrativo o: à (de a + a), às (de a + as); b)Na contração da preposição a com os demonstrativos aquele, aquela, aqueles, aquelas e aquilo ou ainda da mesma preposição com os compostos aqueloutro e suas flexões: àquele(s), àquela(s), àquilo; àqueloutro(s), àqueloutra(s); Base XIII Da supressão dos acentos em palavras derivadas 1º)Nos advérbios em –mente, derivados de adjetivos com acento agudo ou circunflexo, estes são suprimidos: avidamente (de ávido), debilmente (de débil), facilmente (de fácil), habilmente (de hábil), i ngenuamente (de ingênuo), lucidamente (de lúcido), mamente (de má), somente (de só), unicamente (de único), etc.; candidamente (de cândido), cortesmente (de cortês), dinamicamente (de dinâmico), espontanea mente (de espontâneo),portuguesmente (de português), romanticamente (de romântico). 2º)Nas palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por z e cujas formas de base apresentam vogas tónica/tônica com acento agudo ou circunflexo, estes são suprimidos: aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó), bebezito (de bebê), cafezada (de café), chapeu zinho (de chapéu), chazeiro (de chá), heroizito (de herói), ilheuzito (de ilhéu), mazinha (de má), orfãoz inho (de órfão), vintenzito (de vintém), etc.; avozinho (de avô), bençãozinha (de bênção), lampadazita (de lâmpada), pessegozito (de pêsseg o). Base XIV Do trema O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação de duas vogais que normalmente formam ditongo: saudade, e não saudade, ainda que tetrassílabo; saudar, e não saudar, ainda que trissílabo; etc. Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal especial, quer para distinguir, em sílaba átona, um i ou um u de uma vogal da sílaba anterior, quer para distinguir, também em sílaba átona, um i ou um u de um ditongo precedente, quer para distinguir, em sílaba tónica/tônica ou átona, o u de gu ou de qu de um e ou i seguintes: arruinar, constituiria, depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicultura, paraibano, reunião; abaiucado, auiqui, caiuá, cauixi, piauiense; aguentar, anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilingue), lingueta, linguista, linguístico; cinquenta, equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade. Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a Base I, 3º, em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hubneriano, de Hubner, mulleriano, de Muller, etc. Base XV Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares LÍNGUA PORTUGUESA 136 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 1º)Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha- cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato- grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul- escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta- gotas, finca-pé, guarda-chuva. Obs.: Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc. 2º)Emprega-se o hífen nos topónimos/topônimos compostos, iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre- Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a- Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes. Obs.: Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados, sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc. O topónimo/topônimo Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso. 3º)Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora-menina, couve-flor, erva- doce, feijão-verde; benção-de-deus, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio; bem-me- quer (nome de planta que também se dá à margarida e ao malmequer); andorinha-grande, cobra- capelo, formiga-branca; andorinha-do-mar, cobra-d’água, lesma-de-conchinha; bem-te-vi (nome de um pássaro). 4º)Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário do mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado (cf. malcriado), bem- ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem- nascido (cf. malnascido), bem-soante (cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto). Obs.: Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc. 5º)Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem: além-Atlântico, além-mar, além-fronteiras; aquém-mar, aquém-Pirenéus; recém-casado, recém-nascido; sem- cerimônia, sem-número, sem-vergonha. 6º)Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvoalgumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que- perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções: a)Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar; b)Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho; c)Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja; d)Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais (locução que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção, etc.), depois de amanhã, em cima, por isso; e)Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a; LÍNGUA PORTUGUESA 137 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR f)Conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que. 7º)Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares (tipo: a divisa Liberdade-Igualdade- Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique), e bem assim nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos/topônimos (tipo: Áustria- Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, etc.). Base XVI Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação 1º)Nas formações com prefixos (como, por exemplo: ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) e em formações por recomposição, isto é, com elementos não autônomos ou falsos prefixos, de origem grega e latina (tais como: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pseudo-, retro-, semi-, tele-, etc.), só se emprega o hífen nos seguintes casos: a)Nas formações em que o segundo elemento começa por h: anti-higiénico/anti-higiênico, circum- hospitalar, co-herdeiro, contra-harmónico/contra-harmônico, extra-humano, pré-história, sub-hepático, super-homem, ultra-hiperbólico; arqui-hipérbole, eletro-higrómetro, geo-história, neo-helénico/neo- helênico, pan-helenismo, semi-hospitalar. Obs.: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, desumidificar, inábil, inumano, etc. b)Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade, auto- observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno. Obs.: Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc. c)Nas formações com os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento começa por vogal, m ou n (além de h, caso já considerado atrás na alínea a): circum-escolar, circum-murado, circum-navegação; pan-africano, pan-mágico, pan-negritude. d)Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados com elementos iniciados por r: hiper-requintado, inter-resistente, super-revista. e)Nas formações com os prefixos ex- (com o sentido de estado anterior ou cessamento), sota-, soto-, vice- e vizo-: ex-almirante, ex-diretor, ex-hospedeira, ex-presidente, ex-primeiro-ministro, ex-rei; sota- piloto, soto-mestre, vice-presidente, vice-reitor, vizo-rei. f)Nas formações com os prefixos tónicos/tônicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró- quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte): pós-graduação, pós-tónico/pós- tônicos (mas pospor); pré-escolar, pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover). 2º)Não se emprega, pois, o hífen: a)Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se, prática aliás já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios científico e técnico. Assim: antirreligioso, antissemita, contrarregra, comtrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, tal como biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia. b)Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos técnicos e científicos. Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar; aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial, hidroelétrico, plurianual. LÍNGUA PORTUGUESA 138 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 3º)Nas formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim. Base XVII Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver 1º)Emprega-se o hífen na ênclise e na tmese: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe- emos. 2º)Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc. Obs.: 1. Embora estejam consagradas pelo uso as formas verbais quer e requer, dos verbos querer e requerer, em vez de quere e requere, estas últimas formas conservam-se, no entanto, nos casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s). Nestes contextos, as formas (legítimas, aliás) qué-lo e requé-lo são pouco usadas. 2. Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei- lo) e ainda nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando em próclise (por ex.: esperamos que no-lo comprem). Base XVIII Do apóstrofo 1º)São os seguintes os casos de emprego do apóstrofo: a)Faz-se uso do apóstrofo para cindir graficamente uma contração ou aglutinação vocabular, quando um elemento ou fração respectiva pertence propriamente a um conjunto vocabular distinto: d’ Os Lusíadas, d’ Os Sertões; n’ Os Lusíadas, n’ Os Sertões; pel’ Os Lusíadas, pel’ Os Sertões. Nada obsta, contudo, a que estas escritas sejam substituídas por empregos de preposições íntegras, se o exigir razão especial de clareza, expressividade ou ênfase: de Os Lusíadas, em Os Lusíadas, por Os Lusíadas, etc. As cisões indicadas são análogas às dissoluções gráficas que se fazem, embora sem emprego do apóstrofo, em combinações da preposição a com palavras pertencentes a conjuntos vocabulares imediatos: a A Relíquia, aOs Lusíadas (exemplos: importância atribuída a A Relíquia; recorro a Os Lusíadas). Em tais casos, como é óbvio, entende-se que a dissolução gráfica nunca impede na leitura a combinação fonética: a A = à, a Os = aos, etc. b)Pode cindir-se por meio do apóstrofo uma contração ou aglutinação vocabular, quando um elemento ou fração respectiva é forma pronominal e se lhe quer dar realce com o uso de maiúscula: d’Ele, n’Ele, d’Aquele, n’Aquele, d’O, n’O, pel’O, m’O, t’O, lh’O, casos em que a segunda parte, forma masculina, é aplicável a Deus, a Jesus, etc.; d’Ela, n’Ela, d’Aquela, d’A, n’A, pel’A, m’A, t’A, lh’A, casos em que a segunda parte, forma feminina, é aplicável à mãe de Jesus, à Providência, etc. Exemplos frásicos: confiamos n’O que nos salvou; esse milagre revelou-m’O; está n’Ela a nossa esperança; pugnemos pel’A que é nossa padroeira. À semelhança das cisões indicadas, pode dissolver-se graficamente, posto que sem uso do apóstrofo, uma combinação da preposição a com uma forma pronominal realçadapela maiúscula: a O, a Aquele, a Aquela(entendendo-se que a dissolução gráfica nunca impede na leitura a combinação fonética: a O = ao, a Aquela = àquela, etc.). Exemplos frásicos: a O que tudo pode; a Aquela que nos protege. c)Emprega-se o apóstrofo nas ligações das formas santo e santa a nomes do hagiológio, quando importa representar a elisão das vogais finais o e a: Sant’Ana, Sant’Iago, etc. É, pois, correto escrever: Calçada de Sant’Ana, Rua de Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem de Sant’Iago. Mas, se as ligações deste gênero, como é o caso destas mesmas Sant’Ana e Sant’Iago, se tornam perfeitas LÍNGUA PORTUGUESA 139 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR unidades mórficas, aglutinam-se os dois elementos: Fulano de Santana, ilhéu de Santana, Santana de Parnaíba; Fulano de Santiago, ilha de Santiago, Santiago do Cacém. Em paralelo com a grafia Sant’Ana e congêneres, emprega-se também o apóstrofo nas ligações de duas formas antroponímicas, quando é necessário indicar que na primeira se elide um o final: Nun’Álvares, Pedr’Eanes. Note-se que nos casos referidos as escritas com apóstrofo, indicativas de elisão, não impedem, de modo algum, as escritas sem apóstrofo: Santa Ana, Nuno Álvares, Pedro Álvares, etc. d)Emprega-se o apóstrofo para assinalar, no interior de certos compostos, a elisão do e da preposição de, em combinação com substantivos: borda-d’água, cobra-d’água, copo-d’água, estrela- d’alva, galinha-d’água, mãe-d’água, pau-d’água, pau-d’alho, pau-d’arco, pau-d’óleo. 2º)São os seguintes os casos em que não se usa o apóstrofo: Não é admissível o uso do apóstrofo nas combinações das preposições de e em com as formas do artigo definido, com formas pronominais diversas e com formas adverbiais (excetuado o que se estabelece nas alíneas 1º) a) e 1º) b)). Tais combinações são representadas: a)Por uma só forma vocabular, se constituem, de modo fixo, uniões perfeitas: i) do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste, desta, destes, destas, disto; desse, dessa, desses, dessas, disso; daquele, daquela, daqueles, daquelas, daquilo; destoutro, destoutra, destoutros, destoutras; dessoutro, dessoutra, dessoutros, dessoutras; daqueloutro, daqueloutra, daqueloutros, daqueloutras; daqui; daí; dali; dacolá; donde; dantes (= antigamente); ii) no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas; neste, nesta, nestes, nestas, nisto; nesse, nessa, nesses, nessas, nisso; naquele, naquela, naqueles, naquelas, naquilo; nestoutro, nestoutra, nestoutros, nestoutras; nessoutro, nessoutra, nessoutros, nessoutras; naqueloutro, naqueloutra, naqueloutros, naqueloutras; num, numa, nuns, numas; noutro, noutra, noutros, noutras, noutrem; nalgum, nalguma, nalguns, nalgumas, nalguém. b)Por uma ou duas formas vocabulares, se não constituem, de modo fixo, uniões perfeitas (apesar de serem correntes com esta feição em algumas pronúncias): de um, de uma, de uns, de umas, ou dum, duma, duns, dumas; de algum, de alguma, de alguns, de algumas, de alguém, de algo, de algures, de alhures, ou dalgum, dalguma, dalguns, dalgumas, dalguém, dalgo, dalgures, dalhures; de outro, de outra, de outros, de outras, de outrem, de outrora, ou doutro, doutra, doutros, doutras, doutrem, doutrora; de aquém ou daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre. De acordo com os exemplos deste último tipo, tanto se admite o uso da locução adverbial de ora avante como do advérbio que representa a contração dos seus três elementos: doravante. Obs.: Quando a preposição de se combina com as formas articulares ou pronominais o, a, os, as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios começados por vogal, mas acontece estarem essas palavras integradas em construções de infinitivo, não se emprega o apóstrofo, nem se funde a preposição com a forma imediata, escrevendo-se estas duas separadamente: a fim de ele compreender; apesar de o não ter visto; em virtude de os nossos pais serem bondosos; o fato de o conhecer; por causa de aqui estares. Base XIX Das minúsculas e maiúsculas 1º)A letra minúscula inicial é usada: a)Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes. b)Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera. c)Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocábulos, podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor LÍNGUA PORTUGUESA 140 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR do Paço de Ninães, O senhor do paço de Ninães, Menino de Engenho ou Menino de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e tambor. d)Nos usos de fulano, sicrano, beltrano. e)Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas); norte, sul (mas: SW sudoeste). f)Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena). g)Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas). 2º)A letra maiúscula inicial é usada: a)Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Pedro Marques; Branca de Neve, D. Quixote. b)Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro; Atlântida, Hespéria. c)Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno / Netuno. d)Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social. e)Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos. f)Nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo). g)Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiático. h)Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O; Sr., V. Exa. i)Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente, em início de versos, em categorizações de logradouros públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha). Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente. Base XX Da divisão silábica A divisão silábica, que em regra se faz pela soletração (a-ba-de, bru-ma, ca-cho, lha-no, ma-lha, ma- nha, má-xi-mo, ó-xi-do, ro-xo, tme-se), e na qual, por isso, se não tem de atender aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo a etimologia (a-ba-li-e-nar, bi-sa-vô, de-sa-pa-re-cer, di-sú-ri-co, e-xâ-ni-me, hi-pe-ra-cú-sti-co, i-ná-bil, o-bo-val, su-bo-cu-lar, su-pe-rá-ci-do), obedece a vários preceitos particulares, que rigorosamente cumpre seguir, quando se tem de fazer em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a partição de uma palavra: 1º)São indivisíveis no interior da palavra, tal como inicialmente, e formam, portanto, sílaba para a frente as sucessões de duas consoantes que constituem perfeitos grupos, ou sejam (com exceção apenas de vários compostos cujos prefixos terminam em b, ou d: ab- legação, ad- ligar, sub- lunar, LÍNGUA PORTUGUESA 141 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR etc., em vez de a- blegação, a- dligar, su- blunar, etc.) aquelas sucessões emque a primeira consoante é uma labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda um l ou um r: a- blução, cele- brar, du- plicação, re- primir, a- clamar, de- creto, de- glutição, re- grado; a- tlético, cáte- dra, períme- tro; a- fluir, a- fricano, ne- vrose. 2º)São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com valor de nasalidade, e uma consoante: ab- dicar, Ed- gardo, op- tar, sub- por, ab- soluto, ad- jetivo, af- ta, bet- samita, íp- silon, ob- viar, des- cer, dis- ciplina, flores- cer, nas- cer, res- cisão; ac- ne, ad- mirável, Daf- ne, diafrag- ma, drac- ma, ét- nico, rit- mo, sub- meter, am- nésico, interam- nense; bir- reme, cor- roer, pror- rogar, as- segurar, bis- secular, sos- segar, bissex- to, contex- to, ex- citar, atroz- mente, capaz- mente, infeliz- mente; am- bição, desen- ganar, en- xame, man- chu, Mân- lio, etc. 3º)As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios: se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis (de acordo com o preceito 1º), esse grupo forma sílaba para diante, ficando a consoante ou consoantes que o precedem ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão dá-se sempre antes da última consoante. Exemplos dos dois casos: cam- braia, ec- tlipse, em- blema, ex- plicar, in- cluir, ins- crição, subs- crever, trans- gredir, abs- tenção, disp- neia, inters- telar, lamb- dacismo, sols- ticial, Terp- sícore, tungs- tênio. 4º)As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que pertencem a ditongos deste tipo nunca se separam: ai- roso, cadei- ra, insti- tui, ora- ção, sacris- tães, traves- sões) podem, se a primeira delas não é u precedido de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita: ala- úde, áre- as, ca- apeba, co- ordenar, do- er, flu- idez, perdo- as, vo- os. O mesmo se aplica aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes, ou de ditongos e vogais: cai- ais, cai- eis, ensai- os, flu- iu. 5º)Os digramas gu e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se separam da vogal ou ditongo imediato (ne- gue, ne- guei; pe- que, pe- quei), do mesmo modo que as combinações gu e qu em que o u se pronuncia: á- gua, ambí- guo, averi- gueis, longín-quos, lo- quaz, quais- quer. 6º) Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen, ou mais, se a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex- -alferes, serená- -los- emos ou serená-los- -emos, vice- -almirante. Base XXI Das assinaturas e firmas Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou registro legal, adote na assinatura do seu nome. Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro público. ANEXO II NOTA EXPLICATIVA DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA (1990) 1. Memória breve dos acordos ortográficos A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo. LÍNGUA PORTUGUESA 142 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Tal situação remonta, como é sabido, a 1911, ano em que foi adotada em Portugal a primeira grande reforma ortográfica, mas que não foi extensiva ao Brasil. Por iniciativa da Academia Brasileira de Letras, em consonância com a Academia das Ciências de Lisboa, com o objetivo de se minimizarem os inconvenientes desta situação, foi aprovado em 1931 o primeiro acordo ortográfico entre Portugal e o Brasil. Todavia, por razões que não importa agora mencionar, este acordo não produziu, afinal, a tão desejada unificação dos dois sistemas ortográficos, fato que levou mais tarde à convenção ortográfica de 1943. Perante as divergências persistentes nos Vocabulários entretanto publicados pelas duas Academias, que punham em evidência os parcos resultados práticos do acordo de 1943, realizou-se, em 1945, em Lisboa, novo encontro entre representantes daquelas duas agremiações, o qual conduziu à chamada Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945. Mais uma vez, porém, este acordo não produziu os almejados efeitos, já que ele foi adotado em Portugal, mas não no Brasil. Em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram promulgadas leis que reduziram substancialmente as divergências ortográficas entre os dois países. Apesar destas louváveis iniciativas, continuavam a persistir, porém, divergências sérias entre os dois sistemas ortográficos. No sentido de as reduzir, a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboraram em 1975 um novo projeto de acordo que não foi, no entanto, aprovado oficialmente por razões de ordem política, sobretudo vigentes em Portugal. E é neste contexto que surge o encontro do Rio de Janeiro, em Maio de 1986, e no qual se encontram, pela primeira vez na história da língua portuguesa, representantes não apenas de Portugal e do Brasil mas também dos cinco novos países africanos lusófonos entretanto emergidos da descolonização portuguesa. O Acordo Ortográfico de 1986, conseguido na reunião do Rio de Janeiro, ficou, porém, inviabilizado pela reação polêmica contra ele movida sobretudo em Portugal. 2.Razões do fracasso dos acordos ortográficos Perante o fracasso sucessivo dos acordos ortográficos entre Portugal e o Brasil, abrangendo o de 1986 também os países lusófonos de África, importa refletir seriamente sobre as razões de tal malogro. Analisando sucintamente o conteúdo dos acordos de 1945 e de 1986, a conclusão que se colhe é a de que eles visavam impor uma unificação ortográfica absoluta. Em termos quantitativos e com base em estudos desenvolvidos pela Academia das Ciências de Lisboa, com base num corpus de cerca de 110.000 palavras, conclui-se que o Acordo de 1986 conseguia a unificação ortográfica em cerca de 99,5% do vocabulário geral da língua. Mas conseguia-a sobretudo à custa da simplificação drástica do sistema de acentuação gráfica, pela supressão dos acentos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas, o que não foi bem aceito por uma parte substancial da opinião pública portuguesa. Também o acordo de 1945 propunha uma unificação ortográfica absoluta que rondava os 100% do vocabulário geral da língua. Mas tal unificação assentava em dois princípios que se revelaram inaceitáveis para os brasileiros: a)Conservação das chamadas consoantes mudas ou não articuladas, o que correspondia a uma verdadeira restauração destas consoantes no Brasil, uma vez que elas tinham há muito sido abolidas. b)Resolução das divergências de acentuação das vogais tônicas e e o, seguidas das consoantes nasais m e n, das palavras proparoxítonas (ou esdrúxulas) no sentido da prática portuguesa, que consistia em as grafar com acento agudo e não circunflexo, conforme a prática brasileira. Assim se procurava, pois, resolver a divergência de acentuação gráfica de palavras como António e Antônio, cómodo e cômodo, género e gênero, oxigénio e oxigênio, etc., em favor da generalização da acentuação com o diacrítico agudo. Esta solução estipulava, contra toda a tradição LÍNGUA PORTUGUESA 143 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR ortográfica portuguesa, que o acento agudo, nestes casos, apenas assinalava a tonicidade da vogal e não o seu timbre, visando assim resolver as diferenças de pronúncia daquelas mesmas vogais. A inviabilização prática de tais soluções leva-nos à conclusão de que não é possível unificar por via administrativa divergências que assentam em claras diferenças de pronúncia, um dos critérios, aliás, em que se baseia o sistema ortográfico da línguaportuguesa. Nestas condições, há que procurar uma versão de unificação ortográfica que acautele mais o futuro do que o passado e que não receie sacrificar a simplificação também pretendida em 1986, em favor da máxima unidade possível. Com a emergência de cinco novos países lusófonos, os fatores de desagregação da unidade essencial da língua portuguesa far-se-ão sentir com mais acuidade e também no domínio ortográfico. Neste sentido importa, pois, consagrar uma versão de unificação ortográfica que fixe e delimite as diferenças atualmente existentes e previna contra a desagregação ortográfica da língua portuguesa. Foi, pois, tendo presentes estes objetivos, que se fixou o novo texto de unificação ortográfica, o qual representa uma versão menos forte do que as que foram conseguidas em 1945 e 1986. Mas ainda assim suficientemente forte para unificar ortograficamente cerca de 98% do vocabulário geral da língua. 3.Forma e substância do novo texto O novo texto de unificação ortográfica agora proposto contém alterações de forma (ou estrutura) e de conteúdo, relativamente aos anteriores. Pode dizer-se, simplificando, que em termos de estrutura se aproxima mais do acordo de 1986, mas que em termos de conteúdo adota uma posição mais conforme com o projeto de 1975, atrás referido. Em relação às alterações de conteúdo, elas afetam sobretudo o caso das consoantes mudas ou não articuladas, o sistema de acentuação gráfica, especialmente das esdrúxulas, e a hifenação. Pode dizer-se ainda que, no que respeita às alterações de conteúdo, de entre os princípios em que assenta a ortografia portuguesa, se privilegiou o critério fonético (ou da pronúncia) com um certo detrimento para o critério etimológico. É o critério da pronúncia que determina, aliás, a supressão gráfica das consoantes mudas ou não articuladas, que se têm conservado na ortografia lusitana essencialmente por razões de ordem etimológica. É também o critério da pronúncia que nos leva a manter um certo número de grafias duplas do tipo de caráter e carácter, facto e fato, sumptuoso e suntuoso, etc. É ainda o critério da pronúncia que conduz à manutenção da dupla acentuação gráfica do tipo de económico e econômico, efémero e efêmero, género e gênero, génio e gênio, ou de bónus e bônus, sémen e sêmen, ténis e tênis, ou ainda de bebé e bebê, ou metro e metrô, etc. Explicitam-se em seguida as principais alterações introduzidas no novo texto de unificação ortográfica, assim como a respectiva justificação. 4.Conservação ou supressão das consoantes c, p, b, g, m e t em certas sequências consonânticas (Base IV) 4.1.Estado da questão Como é sabido, uma das principais dificuldades na unificação da ortografia da língua portuguesa reside na solução a adotar para a grafia das consoantes c e p, em certas sequências consonânticas interiores, já que existem fortes divergências na sua articulação. Assim, umas vezes, estas consoantes são invariavelmente proferidas em todo o espaço geográfico da língua portuguesa, conforme sucede em casos como compacto, ficção, pacto; adepto, aptidão, núpcias; etc. LÍNGUA PORTUGUESA 144 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Neste caso, não existe qualquer problema ortográfico, já que tais consoantes não podem deixar de grafar-se (v. Base IV, 1º a). Noutros casos, porém, dá-se a situação inversa da anterior, ou seja, tais consoantes não são proferidas em nenhuma pronúncia culta da língua, como acontece em acção, afectivo, direcção; adopção, exacto, óptimo; etc. Neste caso existe um problema. É que na norma gráfica brasileira há muito estas consoantes foram abolidas, ao contrário do que sucede na norma gráfica lusitana, em que tais consoantes se conservam. A solução que agora se adota (v. Base IV, 1º b) é a de as suprimir, por uma questão de coerência e de uniformização de critérios (vejam-se as razões de tal supressão adiante, em 4.2.). As palavras afectadas por tal supressão representam 0,54% do vocabulário geral da língua, o que é pouco significativo em termos quantitativos (pouco mais de 600 palavras em cerca de 110.000). Este número é, no entanto, qualitativamente importante, já que compreende vocábulos de uso muito frequente (como, por ex., acção, actor, actual, colecção, colectivo, correcção, direcção, director, electricidade, factor, factura, inspector, lectivo, óptimo, etc.). O terceiro caso que se verifica relativamente às consoantes c e p diz respeito à oscilação de pronúncia, a qual ocorre umas vezes no interior da mesma norma culta (cf. por ex., cacto ou cato, dicção ou dição, sector ou setor, etc.), outras vezes entre normas cultas distintas (cf., por ex., facto, receção em Portugal, mas fato, recepção no Brasil). A solução que se propõe para estes casos, no novo texto ortográfico, consagra a dupla grafia (v. Base IV, 1º c). A estes casos de grafia dupla devem acrescentar-se as poucas variantes do tipo de súbdito e súdito, subtil e sutil, amígdala e amídala, amnistia e anistia, aritmética e arimética, nas quais a oscilação da pronúncia se verifica quanto às consoantes b, g, m e t (v. Base IV, 2º). O número de palavras abrangidas pela dupla grafia é de cerca de 0,5% do vocabulário geral da língua, o que é pouco significativo (ou seja, pouco mais de 575 palavras em cerca de 110.000), embora nele se incluam também alguns vocábulos de uso muito frequente. 4.2. Justificação da supressão de consoantes não articuladas (Base IV 1º b) As razões que levaram à supressão das consoantes mudas ou não articuladas em palavras como ação (acção), ativo (activo), diretor (director), ótimo (óptimo) foram essencialmente as seguintes: a)O argumento de que a manutenção de tais consoantes se justifica por motivos de ordem etimológica, permitindo assinalar melhor a similaridade com as palavras congêneres das outras línguas românicas, não tem consistência. Por outro lado, várias consoantes etimológicas se foram perdendo na evolução das palavras ao longo da história da língua portuguesa. Vários são, por outro lado, os exemplos de palavras deste tipo, pertencentes a diferentes línguas românicas, que, embora provenientes do mesmo étimo latino, revelam incongruências quanto à conservação ou não das referidas consoantes. É o caso, por exemplo, da palavra objecto, proveniente do latim objectu-, que até agora conservava o c, ao contrário do que sucede em francês (cf. objet), ou em espanhol (cf. objeto). Do mesmo modo projecto (de projectu-) mantinha até agora a grafia com c, tal como acontece em espanhol (cf. proyecto), mas não em francês (cf. projet). Nestes casos o italiano dobra a consoante, por assimilação (cf. oggetto e progetto). A palavra vitória há muito se grafa sem c, apesar do espanhol victoria, do francês victoire ou do italiano vittoria. Muitos outros exemplos se poderiam citar. Aliás, não tem qualquer consistência a ideia de que a similaridade do português com as outras línguas românicas passa pela manutenção de consoantes etimológicas do tipo mencionado. Confrontem-se, por exemplo, formas como as seguintes: port. acidente (do lat. accidente-), esp. accidente, fr. accident, it. accidente; port. dicionário (do lat. dictionariu-), esp. diccionario, fr. dictionnaire, it. dizionario; port. ditar (do lat. dictare), esp. dictar, fr. dicter, it. dettare; port. estrutura (de structura-), esp. estructura, fr. structure, it. struttura; etc. LÍNGUA PORTUGUESA 145 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Em conclusão, as divergências entre as línguas românicas, neste domínio, são evidentes, o que não impede, aliás, o imediato reconhecimento da similaridade entre tais formas. Tais divergências levantam dificuldades à memorização da norma gráfica, na aprendizagem destas línguas, mas não é com certeza a manutenção de consoantes não articuladas em português que vai facilitar aquela tarefa. b)A justificação de que as ditas consoantes mudas travam o fechamento da vogal precedente também é de fraco valor, já que, por umlado, se mantêm na língua palavras com vogal pré-tónica aberta, sem a presença de qualquer sinal diacrítico, como em corar, padeiro, oblação, pregar (= fazer uma prédica), etc., e, por outro, a conservação de tais consoantes não impede a tendência para o ensurdecimento da vogal anterior em casos como accionar, actual, actualidade, exactidão, tactear, etc. c)É indiscutível que a supressão deste tipo de consoantes vem facilitar a aprendizagem da grafia das palavras em que elas ocorriam. De fato, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreender que em palavras como concepção, excepção, recepção, a consoante não articulada é um p, ao passo que em vocábulos como correcção, direcção, objecção, tal consoante é um c? Só à custa de um enorme esforço de memorização que poderá ser vantajosamente canalizado para outras áreas da aprendizagem da língua. d)A divergência de grafias existente neste domínio entre a norma lusitana, que teimosamente conserva consoantes que não se articulam em todo o domínio geográfico da língua portuguesa, e a norma brasileira, que há muito suprimiu tais consoantes, é incompreensível para os lusitanistas estrangeiros, nomeadamente para professores e estudantes de português, já que lhes cria dificuldades suplementares, nomeadamente na consulta dos dicionários, uma vez que as palavras em causa vêm em lugares diferentes da ordem alfabética, conforme apresentam ou não a consoante muda. e)Uma outra razão, esta de natureza psicológica, embora nem por isso menos importante, consiste na convicção de que não haverá unificação ortográfica da língua portuguesa se tal disparidade não for revolvida. f)Tal disparidade ortográfica só se pode resolver suprimindo da escrita as consoantes não articuladas, por uma questão de coerência, já que a pronúncia as ignora, e não tentando impor a sua grafia àqueles que há muito as não escrevem, justamente por elas não se pronunciarem. 4.3. Incongruências aparentes A aplicação do princípio, baseado no critério da pronúncia, de que as consoantes c e p em certas sequências consonânticas se suprimem, quando não articuladas, conduz a algumas incongruências aparentes, conforme sucede em palavras como apocalítico ou Egito (sem p, já que este não se pronuncia), a par de apocalipse ou egipcio (visto que aqui o p se articula), noturno (sem c, por este ser mudo), ao lado de noctívago (com c por este se pronunciar), etc. Tal incongruência é apenas aparente. De fato, baseando-se a conservação ou supressão daquelas consoantes no critério da pronúncia, o que não faria sentido era mantê-las, em certos casos, por razões de parentesco lexical. Se se abrisse tal exceção, o utente, ao ter que escrever determinada palavra, teria que recordar previamente, para não cometer erros, se não haveria outros vocábulos da mesma família que se escrevessem com este tipo de consoante. Aliás, divergências ortográficas do mesmo tipo das que agora se propõem foram já aceites nas Bases de 1945 (v. Base VI, último parágrafo), que consagraram grafias como assunção ao lado de assumptivo, cativo, a par de captor e captura, dicionário, mas dicção, etc. A razão então aduzida foi a de que tais palavras entraram e se fixaram na língua em condições diferentes. A justificação da grafia com base na pronúncia é tão nobre como aquela razão. 4.4.Casos de dupla grafia (Base IV, 1º c, d e 2º) LÍNGUA PORTUGUESA 146 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Sendo a pronúncia um dos critérios em que assenta a ortografia da língua portuguesa, é inevitável que se aceitem grafias duplas naqueles casos em que existem divergências de articulação quanto às referidas consoantes ce p e ainda em outros casos de menor significado. Torna-se, porém, praticamente impossível enunciar uma regra clara e abrangente dos casos em que há oscilação entre o emudecimento e a prolação daquelas consoantes, já que todas as sequências consonânticas enunciadas, qualquer que seja a vogal precedente, admitem as duas alternativas: cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição, facto e fato, sector e setor; ceptro e cetro; concepção e conceção, recepção e receção; assumpção e assunção, peremptório e perentório, sump tuoso e suntuoso; etc. De um modo geral pode dizer-se que, nestes casos, o emudecimento da consoante (exceto em dicção, facto, sumptuoso e poucos mais) se verifica, sobretudo, em Portugal e nos países africanos, enquanto no Brasil há oscilação entre a prolação e o emudecimento da mesma consoante. Também os outros casos de dupla grafia (já mencionados em 4.1.), do tipo de súbdito e súdito, subtil e sutil, amígdala e amídala, omnisciente e onisciente, aritmética e arimética , muito menos relevantes em termos quantitativos do que os anteriores, se verificam sobretudo no Brasil. Trata-se, afinal, de formas divergentes, isto é, do mesmo étimo. As palavras sem consoante, mais antigas e introduzidas na língua por via popular, foram já usadas em Portugal e encontram-se nomeadamente em escritores dos séculos XVI e XVII. Os dicionários da língua portuguesa, que passarão a registrar as duas formas, em todos os casos de dupla grafia, esclarecerão, tanto quanto possível, sobre o alcance geográfico e social desta oscilação de pronúncia. 5.Sistema de acentuação gráfica (Bases VIII a XIII) 5.1.Análise geral da questão O sistema de acentuação gráfica do português atualmente em vigor, extremamente complexo e minucioso, remonta essencialmente à Reforma Ortográfica de 1911. Tal sistema não se limita, em geral, a assinalar apenas a tonicidade das vogais sobre as quais recaem os acentos gráficos, mas distingue também o timbre destas. Tendo em conta as diferenças de pronúncia entre o português europeu e o do Brasil, era natural que surgissem divergências de acentuação gráfica entre as duas realizações da língua. Tais divergências têm sido um obstáculo à unificação ortográfica do português. É certo que em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram dados alguns passos significativos no sentido da unificação da acentuação gráfica, como se disse atrás. Mas, mesmo assim, subsistem divergências importantes neste domínio, sobretudo no que respeita à acentuação das paroxítonas. Não tendo tido viabilidade prática a solução fixada na Convenção Ortográfica de 1945, conforme já foi referido, duas soluções eram possíveis para se procurar resolver esta questão. Uma era conservar a dupla acentuação gráfica, o que constituía sempre um espinho contra a unificação da ortografia. Outra era abolir os acentos gráficos, solução adotada em 1986, no Encontro do Rio de Janeiro. Esta solução, já preconizada no I Simpósio Luso-Brasileiro sobre a Língua Portuguesa Contemporânea, realizada em 1967 em Coimbra, tinha sobretudo a justificá-la o fato de a língua oral preceder a língua escrita, o que leva muitos utentes a não empregarem na prática os acentos gráficos, visto que não os consideram indispensáveis à leitura e compreensão dos textos escritos. A abolição dos acentos gráficos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas, preconizada no Acordo de 1986, foi, porém, contestada por uma larga parte da opinião pública portuguesa, sobretudo por tal medida ir contra a tradição ortográfica e não tanto por estar contra a prática ortográfica. LÍNGUA PORTUGUESA 147 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR A questão da acentuação gráfica tinha, pois, de ser repensada. Neste sentido, desenvolveram-se alguns estudos e fizeram-se vários levantamentos estatísticos com o objetivo de se delimitarem melhor e quantificarem com precisão as divergências existentes nesta matéria. 5.2.Casos de dupla acentuação 5.2.1.Nas proparoxítonas (Base XI) Verificou-se assim que as divergências, no que respeita às proparoxítonas, se circunscrevem praticamente, como já foi destacado atrás, ao caso das vogais tônicas e e o, seguidas das consoantes nasais m e n, com as quais aquelas não formam sílaba (v. Base XI, 3º). Estas vogais soam abertas em Portugal e nospaíses africanos recebendo, por isso, acento agudo, mas são do timbre fechado em grande parte do Brasil, grafando-se por conseguinte com acento circunflexo: académico/ acadêmico, cómodo/ cômodo, efémero/ efêmero, fenómeno/ fenômeno, génio / gênio, tónico/ tônico, etc. Existem uma ou outra exceção a esta regra, como, por exemplo, cômoro e sêmola, mas estes casos não são significativos. Costuma, por vezes, referir-se que o a tônico das proparoxítonas, quando seguido de m ou n com que não forma sílaba, também está sujeito à referida divergência de acentuação gráfica. Mas tal não acontece, porém, já que o seu timbre soa praticamente sempre fechado nas pronúncias cultas da língua, recebendo, por isso, acento circunflexo: âmago, ânimo, botânico, câmara, dinâmico, gerânio, pânico, pirâmide. As únicas exceções a este princípio são os nomes próprios de origem grega Dánae/ Dânae e Dánao/ Dânao. Note-se que se as vogais e e o, assim como a, formam sílaba com as consoantes m ou n, o seu timbre é sempre fechado em qualquer pronúncia culta da língua, recebendo, por isso, acento circunflexo: êmbolo, amêndoa, argênteo, excêntrico, têmpera; anacreôntico, cômputo, recôndito, cânfora, Grândola, Islândia, lâmpada, sonâmbulo, etc. 5.2.2.Nas paroxítonas (Base IX) Também nos casos especiais de acentuação das paroxítonas ou graves (v. Base IX, 2º), algumas palavras que contêm as vogais tônicas e e o em final de sílaba, seguidas das consoantes nasais m e n, apresentam oscilação de timbre, nas pronúncias cultas da língua. Tais palavras são assinaladas com acento agudo, se o timbre da vogal tônica é aberto, ou com acento circunflexo, se o timbre é fechado: fémur ou fêmur, Fénix ou Fênix, ónix ou ônix, sémen ou sêmen, xénon ou xênon; bónus ou b ônus, ónus ou ônus, pónei ou pônei, ténis ou tênis, Vénus ou Vênus; etc. No total, estes são pouco mais de uma dúzia de casos. 5.2.3.Nas oxítonas (Base VIII) Encontramos igualmente nas oxítonas (v. Base VIII, 1º a, Obs.) algumas divergências de timbre em palavras terminadas em e tônico, sobretudo provenientes do francês. Se esta vogal tônica soa aberta, recebe acento agudo; se soa fechada, grafa-se com acento circunflexo. Também aqui os exemplos pouco ultrapassam as duas dezenas: bebé ou bebê, caraté ou caratê, croché ou crochê, guiché ou guichê, matiné ou matinê, pur é ou purê; etc. Existe também um caso ou outro de oxítonas terminadas em o ora aberto ora fechado, como sucede em cocó ou cocô, ró ou rô. A par de casos como este há formas oxítonas terminadas em o fechado, às quais se opõem variantes paroxítonas, como acontece em judô e judo, metrô e metro, mas tais casos são muito raros. 5.2.4.Avaliação estatística dos casos de dupla acentuação gráfica LÍNGUA PORTUGUESA 148 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Tendo em conta o levantamento estatístico que se fez na Academia das Ciências de Lisboa, com base no já referido corpus de cerca de 110.000 palavras do vocabulário geral da língua, verificou-se que os citados casos de dupla acentuação gráfica abrangiam aproximadamente 1,27% (cerca de 1.400 palavras). Considerando que tais casos se encontram perfeitamente delimitados, como se referiu atrás, sendo assim possível enunciar a regra de aplicação, optou-se por fixar a dupla acentuação gráfica como a solução menos onerosa para a unificação ortográfica da língua portuguesa. 5.3.Razões da manutenção dos acentos gráficos nas proparoxítonas e paroxítonas Resolvida a questão dos casos de dupla acentuação gráfica, como se disse atrás, já não tinha relevância o principal motivo que levou em 1986 a abolir os acentos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas. Em favor da manutenção dos acentos gráficos nestes casos, ponderaram-se, pois, essencialmente as seguintes razões: a)Pouca representatividade (cerva de 1,27%) dos casos de dupla acentuação. b)Eventual influência da língua escrita sobre a língua oral, com a possibilidade de, sem acentos gráficos, se intensificar a tendência para a paroxitonia, ou seja, deslocação do acento tônico da antepenúltima para a penúltima sílaba, lugar mais frequente de colocação do acento tônico em português. c)Dificuldade em apreender corretamente a pronúncia em termos de âmbito técnico e científico, muitas vezes adquiridos através da língua escrita (leitura). d)Dificuldades causadas, com a abolição dos acentos, à aprendizagem da língua, sobretudo quando esta se faz em condições precárias, como no caso dos países africanos, ou em situação de auto- aprendizagem. e)Alargamento, com a abolição dos acentos gráficos, dos casos de homografia, do tipo de análise(s)/ analise(v.), fábrica(s.)/ fabrica(v.), secretária(s.)/ secretaria(s. ou v.), vária(s.)/ varia(v.), etc., casos que apesar de dirimíveis pelo contexto sintático, levantariam por vezes algumas dúvidas e constituiriam sempre problema para o tratamento informatizado do léxico. f)Dificuldade em determinar as regras de colocação do acento tônico em função da estrutura mórfica da palavra. Assim, as proparoxítonas, segundo os resultados estatísticos obtidos da análise de um corpus de 25.000 palavras, constituem 12%. Destes, 12%, cerca de 30% são falsas esdrúxulas (cf. génio, água, etc.). Dos 70% restantes, que são as verdadeiras proparoxítonas (cf. cômodo, gênero, etc.), aproximadamente 29% são palavras que terminam em –ico /–ica (cf. ártico, econômico, módico, prático, etc.). Os restantes 41% de verdadeiras esdrúxulas distribuem-se por cerca de duzentas terminações diferentes, em geral de caráter erudito (cf. espírito, ínclito, púlpito;filólogo; filósofo; esófago; epíteto; pássaro; pêsames; facílimo; lindíssimo; parêntesis; etc.). 5.4.Supressão de acentos gráficos em certas palavras oxítonas e paroxítonas (Bases VIII, IX e X) 5.4.1.Em casos de homografia (Bases VIII, 3º e IX, 9º e 10º) O novo texto ortográfico estabelece que deixem de se acentuar graficamente palavras do tipo de para (á), flexão de parar, pelo (ê), substantivo, pelo (é), flexão de pelar, etc., as quais são homógrafas, respectivamente, das proclíticas para, preposição, pelo, contração de per e lo, etc. As razões por que se suprime, nestes casos, o acento gráfico são as seguintes: a)Em primeiro lugar, por coerência com a abolição do acento gráfico já consagrada pelo Acordo de 1945, em Portugal, e pela Lei nº 5.765, de 18/12/1971, no Brasil, em casos semelhantes, como, por exemplo: acerto (ê),substantivo, e acerto (é), flexão de acertar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cor (ô), substantivo, e cor (ó), elemento da locação de cor; sede (ê) e sede (é), ambos substantivos; etc. LÍNGUA PORTUGUESA 149 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR b)Em segundo lugar, porque, tratando-se de pares cujos elementos pertencem a classes gramaticais diferentes, o contexto sintático permite distinguir claramente tais homógrafas. 5.4.2.Em paroxítonas com os ditongos ei e oi na sílaba tônica (Base IX, 3º) O novo texto ortográfico propõe que não se acentuem graficamente os ditongos ei e oi tônicos das palavras paroxítonas. Assim, palavras como assembleia, boleia, ideia, que na norma gráfica brasileira se escrevem com acento agudo, por o ditongo soar aberto, passarão a escrever-se sem acento, tal como aldeia, baleia, cheia, etc. Do mesmo modo, palavras como comboio, dezoito, estroina, etc., em que o timbre do ditongo oscila entre a abertura e o fechamento, oscilação que se traduz na facultatividade do emprego do acento agudo no Brasil, passarão a grafar-se sem acento. A generalização da supressão do acento nestes casos justifica-se não apenas por permitir eliminar uma diferença entre a prática ortográfica brasileira e a lusitana, mas ainda pelas seguintes razões: a) Tal supressão é coerente com a já consagrada eliminação do acento em casos de homografia heterofônica (v. Base IX, 10º, e, neste texto atrás, 5.4.1.), como sucede, por exemplo, em acerto, substantivo, e acerto, flexão de acertar, acordo, substantivo,e acordo, flexão de acordar, fora, flexão de ser e ir, e fora, advérbio, etc. b)No sistema ortográfico português não se assinala, em geral, o timbre das vogais tônicas a, e e o das palavras paroxítonas, já que a língua portuguesa se caracteriza pela sua tendência para a paroxitonia. O sistema ortográfico não admite, pois, a distinção entre, por exemplo cada (â) e fada (á), para (â) e tara (á); espelho (ê) e velho (é), janela (é) e janelo (ê), escrevera (ê), flexão de escrever, e Primavera (é); moda (ó) e toda (ô), virtuosa (ó) e virtuoso (ô); etc. Então, se não se torna necessário, nestes casos, distinguir pelo acento gráfico o timbre da vogal tónica, por que se há-de usar o diacrítico para assinalar a abertura dos ditongos ei e oi nas paroxítonas, tendo em conta que o seu timbre nem sempre é uniforme e a presença do acento constituiria um elemento perturbador da unificação ortográfica? 5.4.3.Em paroxítons do tipo de abençoo, enjoo, voo, etc. (Base IX, 8º) Por razões semelhantes às anteriores, o novo texto ortográfico consagra também a abolição do acento circunflexo, vigente no Brasil, em palavras paroxítonas como abençoo, flexão de abençoar, enjoo, substantivo e flexão de enjoar, moo, flexão de moer, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão de voar, etc. O uso do acento circunflexo não tem aqui qualquer razão de ser, já que ele ocorre em palavras paroxítonas cuja vogal tônica apresenta a mesma pronúncia em todo o domínio da língua portuguesa. Além de não ter, pois, qualquer vantagem nem justificação, constitui um fator que perturba a unificação do sistema ortográfico. 5.4.4.Em formas verbais com u e ui tônicos, precedidos de g e q (Base X, 7º) Não há justificação para se acentuarem graficamente palavras como apazigue, arguem, etc., já que estas formas verbais são paroxítonas e a vogal u é sempre articulada, qualquer que seja a flexão do verbo respectivo. No caso de formas verbais como argui, delinquis, etc., também não há justificação para o acento, pois se trata de oxítonas terminadas no ditongo tónico ui, que como tal nunca é acentuado graficamente. Tais formas só serão acentuadas se a sequência ui não formar ditongo e a vogal tônica for i, como, por exemplo, arguí (1a pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo). 6.Emprego do hífen (Bases XV a XVIII) 6.1.Estado da questão No que respeita ao emprego do hífen, não há propriamente divergências assumidas entre a norma ortográfica lusitana e a brasileira. Ao compulsarmos, porém, os dicionários portugueses e brasileiros LÍNGUA PORTUGUESA 150 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR e ao lermos, por exemplo, jornais e revistas, deparam-se-nos muitas oscilações e um largo número de formações vocabulares com grafia dupla, ou seja, com hífen e sem hífen, o que aumenta desmesurada e desnecessariamente as entradas lexicais dos dicionários. Estas oscilações verificam- se sobretudo nas formações por prefixação e na chamada recomposição, ou seja, em formações com pseudoprefixos de origem grega ou latina. Eis alguns exemplos de tais oscilações: ante-rosto e anterrosto, co-educação e coeducação, pré- frontal e prefrontal, sobre-saia e sobressaia, sobre-saltar e sobressaltar, aero- espacial e aeroespacial, auto-aprendizagem e autoaprendizagem, agro- industrial e agroindustrial, agro-pecuária e agropecuária, alvéolo-dental e alveolodental, bolbo- raquidiano e bolborraquidiano, geo-história e geoistória, micro-onda e microonda; etc. Estas oscilações são, sem dúvida, devidas a uma certa ambiguidade e falta de sistematização das regras que sobre esta matéria foram consagradas no texto de 1945. Tornava-se, pois, necessário reformular tais regras de modo mais claro, sistemático e simples. Foi o que se tentou fazer em 1986. A simplificação e redução operadas nessa altura, nem sempre bem compreendidas, provocaram igualmente polêmica na opinião pública portuguesa, não tanto por uma ou outra incongruência resultante da aplicação das novas regras, mas sobretudo por alterarem bastante a prática ortográfica neste domínio. A posição que agora se adota, muito embora tenha tido em conta as críticas fundamentadas ao texto de 1986, resulta, sobretudo, do estudo do uso do hífen nos dicionários portugueses e brasileiros, assim como em jornais e revistas. 6.2.O hífen nos compostos (Base XV) Sintetizando, pode dizer-se que, quanto ao emprego do hífen nos compostos, locuções e encadeamentos vocabulares, se mantém o que foi estatuído em 1945, apenas se reformulando as regras de modo mais claro, sucinto e simples. De fato, neste domínio não se verificam praticamente divergências nem nos dicionários nem na imprensa escrita. 6.3.O hífen nas formas derivadas (Base XVI) Quanto ao emprego do hífen nas formações por prefixação e também por recomposição, isto é, nas formações com pseudoprefixos de origem grega ou latina, apresenta-se alguma inovação. Assim, algumas regras são formuladas em termos contextuais, como sucede nos seguintes casos: a)Emprega-se o hífen quando o segundo elemento da formação começa por h ou pela mesma vogal ou consoante com que termina o prefixo ou pseudoprefixo (por ex. anti-higiênico, contra- almirante, hiper-resistente). b)Emprega-se o hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em m e o segundo elemento começa por vogal, m ou n (por ex. circum-murado, pan-africano). As restantes regras são formuladas em termos de unidades lexicais, como acontece com oito delas (ex-, sota- e soto-, vice- e vizo-; pós-, pré- e pró-). Noutros casos, porém, uniformiza-se o não emprego do hífen, do modo seguinte: a)Nos casos em que o prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, estas consoantes dobram-se, como já acontece com os termos técnicos e científicos (por ex. antirreligioso, microssistema). b)Nos casos em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente daquela, as duas formas aglutinam-se, sem hífen, como já sucede igualmente no vocabulário científico e técnico (por ex. antiaéreo, aeroespacial) 6.4.O hífen na ênclise e tmese (Base XVII) LÍNGUA PORTUGUESA 151 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Quanto ao emprego do hífen na ênclise e na tmese mantêm-se as regras de 1945, exceto no caso das formas hei de, hás de, há de, etc., em que passa a suprimir-se o hífen. Nestas formas verbais o uso do hífen não tem justificação, já que a preposição de funciona ali como mero elemento de ligação ao infinitivo com que se forma a perífrase verbal (cf. hei de ler, etc.), na qual de é mais proclítica do que apoclítica. 7.Outras alterações de conteúdo 7.1.Inserção do alfabeto (Base I) Uma inovação que o novo texto de unificação ortográfica apresenta, logo na Base I, é a inclusão do alfabeto, acompanhado das designações que usualmente são dadas às diferentes letras. No alfabeto português passam a incluir-se também as letras k, w e y, pelas seguintes razões: a)Os dicionários da língua já registram estas letras, pois existe um razoável número de palavras do léxico português iniciado por elas. b)Na aprendizagem do alfabeto é necessário fixar qual a ordem que aquelas letras ocupam. c)Nos países africanos de língua oficial portuguesa existem muitas palavras que se escrevem com aquelas letras. Apesar da inclusão no alfabeto das letras k, w e y, mantiveram-se, no entanto, as regras já fixadas anteriormente, quanto ao seu uso restritivo, pois existem outros grafemas com o mesmo valor fônico daquelas. Se, de fato, se abolisse o uso restritivo daquelas letras, introduzir-se-ia no sistema ortográfico do português mais um fator de perturbação, ou seja, a possibilidade de representar, indiscriminadamente, por aquelas letras fonemas que já são transcritos por outras. 7.2.Abolição do trema (Base XIV) No Brasil, só com a Lei nº 5.765, de 18/12/1971, o emprego do trema foi largamente restringido, ficando apenas reservado às sequências gu e quseguidas de e ou i, nas quais u se pronuncia (cf. aguentar, arguente, eloquente, equestre, etc.). O novo texto ortográfico propõe a supressão completa do trema, já acolhida, aliás, no Acordo de 1986, embora não figurasse explicitamente nas respectivas bases. A única ressalva, neste aspecto, diz respeito a palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros com trema (cf. mulleriano, de Muller, etc.). Generalizar a supressão do trema é eliminar mais um fator que perturba a unificação da ortografia portuguesa. 8.Estrutura e ortografia do novo texto Na organização do novo texto de unificação ortográfica optou-se por conservar o modelo de estrutura já adotado em 1986. Assim, houve a preocupação de reunir, numa mesma base, matéria afim, dispersa por diferentes bases de textos anteriores, donde resultou a redução destas a vinte e uma. Através de um título sucinto, que antecede cada base, dá-se conta do conteúdo nela consagrado. Dentro de cada base adotou-se um sistema de numeração (tradicional) que permite uma melhor e mais clara arrumação da matéria aí contida. Regras de Acentuação Gráfica Baseiam-se na constatação de que, em nossa língua, as palavras mais numerosas são as paroxítonas, seguidas pelas oxítonas. A maioria das paroxítonas termina em -a, -e, -o, - em, podendo ou não ser seguidas de "s". Essas paroxítonas, por serem maioria, não são acentuadas graficamente. Já as proparoxítonas, por serem pouco numerosas, são sempre acentuadas. Proparoxítonas Sílaba tônica: antepenúltima LÍNGUA PORTUGUESA 152 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR As proparoxítonas são todas acentuadas graficamente. Exemplos: trágico, patético, árvore Paroxítonas Sílaba tônica: penúltima Acentuam-se as paroxítonas terminadas em: l fácil n pólen r cadáver ps bíceps x tórax us vírus i, is júri, lápis om, ons iândom, íons um, uns álbum, álbuns ã(s), ão(s) órfã, órfãs, órfão, órfãos ditongo oral (seguido ou não de s) jóquei, túneis Acentuação Gráfica O português, assim como outras línguas neolatinas, apresenta acento gráfico. Sabemos que toda palavra da Língua portuguesa de duas ou mais sílabas possui uma sílaba tônica. Observe as sílabas tônicas das palavras arte, gentil, táxi e mocotó. Você constatou que a tonicidade recai sobre a sílaba inicial em arte, a final em gentil, a inicial em táxi e a final em mocotó. Além disso, você notou que a sílaba tônica nem sempre recebe acento gráfico. Portanto, todas as palavras com duas ou mais sílabas terão acento tônico, mas nem sempre terão acento gráfico. A tonicidade está para a oralidade (fala) assim como o acento gráfico está para a escrita (grafia). É importante aprender as regras de acentuação pois, como vimos acima, independem da fonética. Abaixo estão descritas as regras de acentuação gráfica de forma descomplicada. Trata-se de assunto relativamente simples, basta memorizar as regras. Entendemos que o conhecimento sobre separação de sílabas é pré-requisito para melhor assimilação desse tema. A Reforma Ortográfica veio descomplicar e simplificar a língua portuguesa notadamente nesta parte de acentuação gráfica. • 11Acentuam-se as palavras monossílabas tônicasterminadas em a, e, o, seguidas ou não de s. Ex: já, fé, pés, pó, só, ás. • 22Acentuam-se as palavras oxítonasterminadas em a, e, o, seguidas ou não de s , em, ens. Ex:cajá, café, jacaré, cipó, também, parabéns, metrô, inglês alguém, armazém, conténs, vinténs. LÍNGUA PORTUGUESA 153 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Não se acentuam: as oxítonas terminadas em i e u, e em consoantes nem os infinitivos em i, seguidos dos pronomes oblíquos lo, la, los, las Ex: ali, caqui, rubi, bambu, rebu, urubu, sutil, clamor, fi-lo, puni-la, reduzi-los, feri-las. • 33Acentuam-se as palavras paroxítonasexceto aquelas terminadas em a, e, o, seguidas ou não de s, em, ens, bem como prefixos paroxítonos terminados em i ou r. Ex: dândi, júri, órfã, César, mártir, revólver, álbum, bênção, bíceps, espelho, famosa, medo, ontem, socorro, polens, hifens, pires, tela, super-homem. Atenção: Acentuam-se as paroxítonas terminados em ditongo oral seguido ou não de s. Ex: jóquei, superfície, água, área, aniversário, ingênuos. • 44Acentuam-se as palavras proparoxítonas sem exceção. Ex: ótimo, incômoda, podíamos, abóbora, bússola, cântaro, dúvida, líquido, mérito, nórdico, política, relâmpago, têmpora. • 55Acentuam-se os ditongos abertosei, oi, eu, seguidos ou não de s em palavras monossílabas e oxítonas. Ex: carretéis, dói, herói, chapéu, anéis. Atenção: Pela nova ortografia não se acentuam ditongos abertos ei, oi, eu, seguidos ou não de s em palavras paroxítonas. Ex: ideia, plateia, assembleia. • 66Não se acentua, pela nova ortografia, palavras paroxítonas com hiato oo seguidos ou não de s. Ex: voos, enjoo, abençoo. • 77Também não se acentuam as palavras paroxítonas com hiato ee. Ex: creem, leem, veem, deem. • 88Acentuam-se sempre as palavras que contenham i , u: tônicas; formam hiatos; formam sílabas sozinhas ou são seguidos de s; não seguidas de nh; não precedidas de ditongo em paroxítonas; nem repetidas. Ex: aí, balaústre, baú, egoísta, faísca, heroína, saída, saúde, viúvo, juízes, Piauí. Pela regra exposta acima, não se acentuam: rainha, xiita, ruim, juiz, feiura. • 99Pela nova ortografia, não se acentua com acento agudo u tônico dos grupos que, qui, gue, gui: argui, arguis, averigue, averigues, oblique, obliques, apazigues. • 1010Da mesma forma não se usa mais o trema:aguento, frequente, tranquilo, linguiça, aguentar, arguição, unguento, tranquilizante. Emprega-se o til para indicar a nasalização de vogais: afã, coração, devoções, maçã, relação etc. • 1111O acento diferencial foi excluído. Mantém-se apenas nestas quatro palavras, para distinguir uma da outra que se grafa de igual maneira: A acentuação é um tema inerente aos postulados gramaticais que, indiscutivelmente, concebe- se como um fator relevante, em se tratando da linguagem escrita. Trata-se do fenômeno relacionado com a intensidade em que as sílabas se apresentam quando pronunciadas, podendo ser em maior ou menor grau. Quando proferidas com mais intensidade, classificam-se como tônicas, e quando soadas de maneira mais sutil, como átonas. Ainda enfatizando acerca da importância do assunto em pauta, há outro detalhe pertinente: o fato de ter havido algumas mudanças em decorrência da implantação da Nova Reforma Ortográfica. LÍNGUA PORTUGUESA 154 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Cabendo ressaltar, portanto, que os referidos postulados, abaixo descritos, encontram-se condizentes a esta. Para tanto, analisemos: De acordo com a posição da sílaba tônica, as palavras classificam-se em: Oxítonas – aquelas em que a sílaba tônica se encontra demarcada na última sílaba. Exemplos: café, cipó, coração, armazém... Paroxítonas – a sílaba tônica é penúltima sílaba. Exemplos: caderno – problema – útil – automóvel... Proparoxítonas – a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba. Exemplos: lâmpada – ônibus – cárcere – cônego... Monossílabos átonos e tônicos Os vocábulos que possuem apenas uma sílaba - ora caracterizados como monossílabos - também são proferidos de modo mais e/ou menos intenso. De modo a compreendermos como se efetiva tal ocorrência, analisemos: Que lembrança darei ao país que me deu tudo o que lembro e sei, tudo quanto senti? (Carlos Drummond de Andrade) Atendo-nos a uma análise, percebemos que os monossílabos “que”, “ao”, “me”, “o”, “e” são átonos, visto que são pronunciados tão fracamente que se apoiam na palavra subsequente. Já os monossílabos representados por “deu” e “sei” demonstram ser dotados de autonomia fonética, caracterizando-se, portanto, como tônicos. Regras fundamentais: Monossílabos tônicos Graficamente, acentuam-se os monossílabos terminados em: -a(s): chá, pá... -e(s): pé, ré,... -o(s): dó, nó... Entretanto, os monossílabos tu, noz, vez, par, quis, etc., não são acentuados.Observações passíveis de nota: * Os monossílabos tônicos formados por ditongos abertos -éis, -éu, -ói recebem o acento: Exemplos: réis, véu, dói. * No caso dos verbos monossilábicos terminados em-ê, a terceira pessoa do plural termina em eem. Essa regra se aplica à nova ortografia, perceba: Ele vê - Eles veem Ele crê – Eles creem Ele lê – Eles leem Forma verbal que antes era acentuada agora é grafada sem o sinal gráfico. * Diferentemente ocorre com os verbos monossilábicos terminados em “-em”, haja vista que a terceira pessoa termina em “-êm”, embora acentuada. Perceba: LÍNGUA PORTUGUESA 155 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Ele tem – Eles têm Ela vem – Elas vêm * Oxítonas: Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em a, e, o, seguidas ou não de “s”. Pará, café, carijó, armazém, parabéns... * Paroxítonas: Acentuam-se todos os vocábulos terminados em: -l: amável, fácil, útil... -r: caráter, câncer... -n: hífen, próton... Observação: Quando grafadas no plural, não recebem acento: polens, hifens... -x: látex, tórax... -ps: fórceps, bíceps... -ã(s): ímã, órfãs... -ão(s): órgão, bênçãos... -um(s): fórum, álbum... -on(s): elétron, nêutron... -i(s): táxi, júri... -u(s): Vênus, ônus... -ei(s): pônei, jóquei... -ditongo oral(crescente ou decrescente), seguido ou não de “s”: história, série, água, mágoa... Observações importantes: a) De acordo com a nova ortografia, os ditongos terminados em –ei e –oi, não são mais acentuados. Perceba como eram antes e como agora são grafados: Entretanto, o acento ainda permanece nas oxítonas terminadas em –éu, -ói e éis: chapéu – herói - fiéis... b) Não serão mais acentuados o “i” e “u” tônicos quando, depois de ditongo, formarem hiato: Note: No entanto, o acento permanece se a palavra for oxítona e o “i” ou “u” estiverem seguidos de “s” ou no final da palavra. Confira: LÍNGUA PORTUGUESA 156 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Piauí – tuiuiú(s) – sauí(s)... O mesmo acontece com o “i” e o “u” tônicos dos hiatos, não antecedidos de ditongos: saída – saúde – juíza – saúva – ruído... * As formas verbais que possuem o acento na raiz com o “u” tônico precedido das letras “q” e “g” e seguido de “e” ou “i” não serão mais acentuadas. Veja: Atenção: - Quando o verbo admitir duas pronúncias diferentes, usando “a” ou “i” tônicos, essas vogais serão acentuadas: Exemplos: eu águo, eles águam, eles enxáguam (a tônico); eu delínquo, eles delínquem (í tônico). tu apazíguas, que eles apazíguem. - Se a tônica, na pronúncia, cair sobre o u, ele não será acentuado: Exemplos: Eu averiguo, eu aguo. * Não será mais usado o acento agudo para diferenciar determinados vocábulos, tais como: Contudo, o acento permanece para diferenciar algumas palavras, representadas por: pôde = 3ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo (verbo poder) pode = 3ª pessoa do presente do indicativo (verbo poder) pôr = verbo por = preposição Livro Didático: Seu Papel nas Aulas de Acentuação Gráfica Com a difusão da "Pedagogia Tecnicista" no sistema educacional brasileiro, a partir da década de 1970, o uso do livro didático sofreu alterações quanto aos conceitos e a forma como passaram a ser apresentados. Anteriormente a esta fase, os materiais didáticos - As Antologias - desempenhavam o LÍNGUA PORTUGUESA 157 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR papel de auxílio das aulas. O caráter auxiliar dos materiais didáticos, depois da década de 1960, foi praticamente extinto e substituído por um papel de destaque. Em razão das necessidades econômicas e sociais da industrialização, o ensino deixou de ter uma preocupação essencialmente conceitual, enquanto a rapidez e a praticidade tornaram-se seu enfoque e levaram os livros didáticos a uma posição de direcionamento e orientação do trabalho escolar. O professor assumiu o "segundo plano" no processo ensino-aprendizagem e o livro passou a ocupar o "primeiro plano". Em lugar do material didático, o professor se transformou em auxiliar das atividades didáticas favorecendo a leitura e a realização de exercício dos livros didáticos cujo uso tornou-se obrigatório no sistema educacional brasileiro. A imagem do professor foi diretamente atingida, pois ser professor deixou de significar domínio de conhecimento e passou a representar submissão às instruções do livro didático. Essa mudança provocou a dependência do professor e até dos alunos em relação ao uso do material didático. De acordo com Machado (1996), a dependência da escola em relação aos livros didáticos vem acarretando o rebaixamento da qualidade dos conteúdos ministrados na disciplina de Língua Portuguesa. Ao encontro dessa posição, os dados das avaliações oficiais (SAEB/INEP, 2002) mostram que os alunos do ensino fundamental e médio vêm apresentando defasagem crescente, cerca de dois a três anos de atraso entre a série em que se encontram e os conhecimentos que deveriam dominar, na aprendizagem de língua portuguesa. Para Batista (1997) e Travaglia (1996), o desempenho insatisfatório dos alunos pode ser explicado pela ineficiência das metodologias de ensino de Língua Portuguesa que vêm sendo utilizadas pelas escolas. Particularmente em relação ao ensino de gramática, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) assinalam a existência de graves lacunas teóricas e práticas. Cezar, Romualdo e Calsa (2006) observam que o desempenho insatisfatório dos alunos é decorrente também da falta de compreensão sobre a necessidade de aprendizagem da língua portuguesa por parte dos falantes nativos do português. É comum os alunos questionarem o porquê e para quê são obrigados a frequentar esta disciplina com uma carga horária equivalente a outras, como a matemática, considerada mais importante para sua formação escolar. Para muitos, a aprendizagem formal da língua portuguesa não tem um significado concreto e útil, porque a linguagem formal é utilizada apenas no ambiente escolar (escrito) ou em situações muito especiais (palestras, apresentações, concursos, entre outros) com as quais não se identificam. Esse comportamento sugere não compreenderem a função de cada uma das variedades e modalidades linguísticas, como a oral e a escrita, tanto em seu registro coloquial como o culto ou padrão. Segundo a literatura (TRAVAGLIA, 1996; CALSA, 2002; CAGLIARI, 2002), a escola tem ensinado conceitos gramaticais incompletos, imprecisos e, às vezes, incorretos que não promovem reflexão sobre a importância dessa aprendizagem para a formação ampla e diversificada desses indivíduos em relação à língua portuguesa. Frente às considerações sobre as defasagens existentes no processo de aprendizagem da língua portuguesa, este artigo tem por objetivo identificar os procedimentos utilizados por dois professores - um de final do primeiro ciclo e outro de início do segundo ciclo fundamental - de uma escola pública central do município de Maringá-PR, no ensino de um conteúdo de gramática. Buscou-se verificar o uso do livro didático em sala de aula no ensino de acentuação gráfica, um tema que tem gerado confusão conceitual dos alunos por envolver conceitos e procedimentos geralmente ensinados sem a necessária distinção do conceito de tonicidade. Não ensinados adequadamente, esses conteúdos além de gerar confusão conceitual favorecem a instalação de obstáculos epistemológicos que dificultam ou impedem aprendizagens posteriores. Uso do livro didático no ensino de gramática Na década de 1960, como afirma Berger (1976), o sistema educacional brasileiro passou a ser fortemente atrelado ao sistema político do país. Com a ascensão dos militares foi introduzida a vertente pedagógica Tecnicista, de origem norte-americana. Esta modalidade de ensino foi ao encontro da necessidade de escolarização rápida e técnica dos trabalhadores que precisavam qualificar-se como mão-de-obra industrial. Segundo Ghiraldelli (1991) e Munakata (1996 apud SILVA, 1998), os objetivos da PedagogiaTecnicista foram atingidos com maior precisão por meio do uso dos livros didáticos que, nesse período, tiveram seu espaço escolar ampliado ao se tornarem obrigatórios. Em decorrência disso, em pouco tempo os professores deixaram de ser considerados a principal fonte de saber e planejamento LÍNGUA PORTUGUESA 158 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR e passaram a basear sua atuação didática nesses manuais. Com essa nova modalidade de ensino, o professor deixou de ser um educador autônomo para tornar-se um mero instrutor. Para Soares (2001), a maior demanda de alunos no ensino fundamental e médio, a qualificação ligeira dos professores, e a redução salarial que levou muitos a buscarem métodos de ensino menos exigentes em termos de dedicação profissional acabou por provocar o uso intensivo do livro didático. Consolidou-se então uma tradição de uso do livro didático no sistema educacional brasileiro, e uma crescente dependência do professor em relação a esses manuais. A fidelidade a esses materiais, de acordo com Silva (1996, p. 12), vem provocando uma espécie de "anemia cognitiva" nos professores, pois segui-los representa alimentar e cristalizar "um conjunto de rotinas altamente prejudiciais ao processo educacional do professorado e do alunado". Essa dependência está diretamente relacionada à má qualidade da formação do professor e sua superação exige políticas educacionais que promovam a autonomia conceitual e didática desses profissionais. Para o autor, os livros didáticos devem informar, orientar e instruir o processo de ensino-aprendizagem e não impor uma forma de ensinar ao professor. Em assentimento com o pensamento do autor, Lajolo (1996) lembra que os livros didáticos desempenham um papel fundamental na educação escolar, pois, dentre os outros elementos que compõem o processo ensino-aprendizagem, parece ser o de maior influência sobre as decisões e ações do professor. De acordo com a autora, no Brasil, a adoção do livro didático continua tendo como finalidade determinar os conteúdos e procedimentos de ensino tendo em vista as lacunas existentes na formação do professor e na organização do sistema educacional. Como consequência, para fugir do uso inadequado do livro didático, o professor deve avaliar sua qualidade e abordagem conceitual, pois nem sempre o referencial teórico corresponde aos conteúdos e exercícios presentes nesses manuais. Além disso, devem ser observadas suas incoerências, erros e conceitos incompletos. Lajolo (1996, p. 8) lembra, contudo, que a má qualidade conceitual e técnica do livro pode se transformar em um material didático satisfatório a partir da identificação e discussão de seus erros com os alunos. Para ela "não há livro que seja à prova de professor: o pior livro pode ficar bom na sala de um bom professor e o melhor livro desanda na sala de um mau professor. Pois o melhor livro [...], é apenas um livro, instrumento auxiliar da aprendizagem". Nenhum livro didático, por melhor que seja, pode ser utilizado sem adaptações. Machado (1996) também chama a atenção para o fato de que mais importante que a qualidade do material didático é a formação do professor, pois ele precisa estar preparado para o desenvolvimento de um ensino qualificado, que inclui a análise dos livros didáticos adotados pela instituição escolar. Em um estudo sobre os livros didáticos utilizados no sistema educacional brasileiro, Machado (1996) constatou que, além da falta de regularidade de sua atualização que tem provocado a baixa qualidade de seus conteúdos, apresentam custo demasiadamente alto para o padrão de consumo da maioria da população. O autor assinala que a melhoria da qualidade dos livros didáticos depende do estímulo dos órgãos governamentais e de uma maior qualificação dos professores. Neste caso, é imprescindível o desenvolvimento da capacidade crítica dos acadêmicos dos cursos de Pedagogia e das Licenciaturas das diversas áreas de conhecimento em relação ao papel dos livros didáticos no ensino escolar. Para Pozo (1999), Arnay (1999) e Lacasa (1999), a fragmentação dos conceitos nos manuais didáticos transmite aos alunos uma noção de "falsa ciência", e não os introduz na "cultura científica escolar", função social específica dessa instituição. Segundo Machado (1996, p. 35), a "excessiva subdivisão dos temas" dos livros didáticos em doses correspondentes à duração de uma hora-aula (50 min.) também corrobora para a fragmentação dos conceitos científicos a ponto de, em alguns casos, tornarem-se irreconhecíveis. Tonicidade e acentuação gráfica A capacidade de se comunicar e se expressar por meio da fala é inerente ao ser humano e a esta capacidade dá-se o nome de linguagem. Para realizá-la, utiliza-se o sistema denominado língua. Sabe-se, pelos estudos realizados por Saussure (1990), que a língua é um fato social, é exterior ao indivíduo, convencional, pertencente a uma comunidade linguística. Ao usá-la individualmente, o falante concretiza, por exclusão, as possibilidades que ela oferece, no ato de fala. Ao se comunicar, o falante faz uso da estrutura psíquica denominada pelo estudioso de signo linguístico, que é composto LÍNGUA PORTUGUESA 159 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR de um conceito, o significado, e uma imagem acústica, o significante. Ambos ocorrem simultaneamente no ato da fala. Os sinais físicos que se produzem na fala são os sons - os fonemas - que podem realizar-se de maneiras variadas. Para Câmara Jr. (2002, p. 118), o fonema é um "conjunto de articulações dos órgãos fonadores cujo efeito acústico estrutura formas linguísticas e constitui numa enunciação o mínimo segmento distinto". Os fonemas são unidades abstratas mínimas, indivisíveis e distintivas da língua. São abstratas por serem os tipos ideais de sons constantes do sistema língua, as possibilidades dos falantes e não a sua concretização. São indivisíveis uma vez que não podem ser separadas em unidades menores. Além dos aspectos segmentais da fala (linearidade dos signos linguísticos), a comunicação envolve elementos suprassegmentais: os acentos e tons da língua. Os acentos manifestam-se pela altura, intensidade e duração de um vocábulo, consideradas suas propriedades acústicas. Os tons estão relacionados à altura do som. Apesar da língua portuguesa não usar os tons como elementos diferenciadores do léxico, em alguns casos os aspectos suprassegmentais são importantes para a distinção e significação de um vocábulo. Em língua portuguesa, a tonicidade está vinculada às suas origens greco-latinas. A língua latina teve um enriquecimento gramatical ao entrar em contato com o alfabeto e as regras gramaticais gregas. Contudo, não incorporou os acentos gráficos gregos como marca de tonicidade. A gramática latina marca a acentuação das palavras pela intensidade da sílaba entre breve e longa. Em latim não há palavras oxítonas, portanto, todos os dissílabos são paroxítonos. A sílaba tônica é sempre a penúltima ou antepenúltima. De acordo com Câmara Jr. (2002), os latinos não seguiram os moldes de acentuação gráfica grega em razão de, em língua latina, suas regras serem demasiadamente simples. As línguas modernas de origem latina seguem, basicamente, as regras e nomenclaturas herdadas pelos romanos dos gregos. Portanto, ao se estudar tais línguas, são encontrados termos já usados pelos gregos, como acento agudo, acento circunflexo, prosódia, entre outros. A definição de sílaba tem sido um dos problemas encontrados nos estudos fonéticos. Há, entre os estudiosos, diversidade de critérios para a análise silábica. Drucksilbe (apud CÂMARA JR., 1970) define sílaba como sendo a emissão do ar por impulso, em que cada um corresponde a uma sílaba, dinâmica ou expiratória. Um segundo critério é o da energia de emissão que corresponde a maior energia de emissão, ou acento silábico, durante a articulação de uma sílaba. Por fim, Brucke (apud CÂMARA JR., 1970, p. 70) conceitua sílaba a partir de seu efeito auditivo, isto é, pela variação da perceptibilidadeem uma enunciação contínua. Denomina a sílaba de sonora por observar "que a enunciação, sob o aspecto acústico, se decompõe espontaneamente em segmentos, ou sílabas, assinalados por um ponto máximo de perceptibilidade [...]". Independente do critério utilizado, a conceituação de sílaba sempre envolve o ápice silábico que, pelos apontamentos de Borba (1975, p. 52), corresponde à tensão máxima a que se chega ao pronunciá-la. Para o autor, a sílaba se compõe de "uma tensão crescente e uma tensão decrescente. A primeira parte da sílaba é crescente até chegar à tensão máxima [...], a partir da qual começa a tensão decrescente". O ápice silábico, normalmente, é uma vogal. Câmara Jr. (2002) destaca que a vogal sempre é o ponto de maior tensão da sílaba. No caso dos ditongos haverá sempre uma vogal como ápice, sendo a outra denominada semivogal. Quando formados por mais de uma sílaba, os vocábulos sempre têm uma delas pronunciada de forma mais intensa, contraponto à sílaba átona, que é pronunciada de forma mais branda. Identificar a sílaba tônica dos vocábulos formais é uma das grandes dificuldades encontradas no processo de aprendizagem escolar, em especial, na fase de alfabetização. Para Cagliari (2002), esse problema surge principalmente pelo fato de a escola não apresentar a tonicidade das palavras como uma ocorrência da pronunciação e não da escrita. A tonicidade é identificada nas palavras somente quando alguém busca verificar a posição em que se encontra a sílaba tônica. O autor assinala que, durante o processo de alfabetização, a escola não deve abordar a diferenciação das sílabas átonas e tônicas a partir de seu conceito. Ele acredita que elas devem ser estudadas em conjunto com a tomada de consciência dos alunos sobre o ritmo da fala. Desenvolvimento da pesquisa LÍNGUA PORTUGUESA 160 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR O presente artigo teve por objetivo investigar os procedimentos utilizados pelos professores e livros didáticos de língua portuguesa no ensino de gramática do ensino fundamental, em particular, em relação ao conteúdo de acentuação gráfica e tonicidade. A amostra da pesquisa foi constituída por dois professores do ensino fundamental - um de 4.ª e um de 5.ª série de uma escola pública de Maringá-PR - selecionados a partir de seu aceite em participar da pesquisa. Tomando como referência Ludke e André (1986), para atingir os objetivos da pesquisa, optou-se por uma abordagem qualitativa dos dados considerada a mais adequada para a compreensão da dinâmica presente no ambiente escolar. Os dados foram coletados por meio de dois instrumentos: observações de aulas de gramática e análises de livros didáticos. Foram observadas as aulas que abordaram o tema tonicidade e acentuação gráfica, critério que definiu a quantidade de horas de observação em cada série (4.ª série quatro horas e meia e 5.ª série, duas horas). As observações contemplaram o desenvolvimento das atividades: apresentação do conteúdo, exercícios, uso do livro didático e outros materiais, avaliação do conteúdo. Os livros didáticos foram analisados quanto aos procedimentos subjacentes à apresentação e exercício do conteúdo. Apresentação e discussão dos resultados Para a análise, foi utilizado o livro da coleção A Escola é Nossa, de Márcia Paganini Cavéquia (2004) - 4.ª série. O volume é composto por sete unidades subdividas em oito tópicos entre eles Pensando sobre a língua e Caderno de Ortografia, únicos em que são encontrados os conteúdos investigados - acentuação gráfica e tonicidade. Em relação à segunda etapa do ensino fundamental foi analisado o livro de 5.ª série da coleção Ler, entender e criar, de Maria das Graças Vieira e Regina Figueiredo (2004). Nesta coleção cada volume é composto por dez unidades subdividas em sete tópicos. Os conteúdos de acentuação gráfica e tonicidade estão presentes no tópico Veja como se escreve. O livro didático da 4.ª série apresenta o conceito de sílaba tônica, classificação das palavras e regras de acentuação somente no Caderno de atividades de acentuação e ortografia, parte do Caderno de Ortografia. As explicações e os exercícios propostos apresentam os dois conteúdos de forma desvinculada. Para introduzir o conceito de sílaba tônica, o livro solicita que o aluno pronuncie várias vezes a palavra menina e indique a sílaba mais forte. Logo após, apresenta o conceito gramatical e exemplifica a classificação das palavras, conforme a posição da sílaba mais forte: oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. Ao explicar a acentuação gráfica de palavras oxítonas, apresenta várias palavras como amor, cipó, calor, funil e José, com o intuito de demonstrar que nem todas essas palavras são acentuadas e que para fazê-lo corretamente deve-se observar sua terminação. O exercício denominado Complete solicitado para treinar esses conteúdos parece induzir os alunos à observação da terminação de cada vocábulo descartando a identificação da sílaba tônica. Em outro exercício, é solicitado ao aluno que justifique o porquê da presença ou ausência do acento gráfico em um conjunto de palavras oxítonas. Segundo as orientações fornecidas ao professor, são consideradas corretas somente as respostas que explicam a acentuação a partir de regras de acentuação. Esse tipo de abordagem faz com que os alunos tomem como verdade a ideia de que o acento gráfico aparece somente em vocábulos nos quais tem uma sílaba mais forte e, assim, deixa de dar a ênfase necessária ao fato de que o acento solicitado é o gráfico. Com esse procedimento, não fica claro para os alunos que independentemente de sua grafia toda palavra possui uma sílaba tônica, com exceção dos monossílabos átonos. Com relação à acentuação das palavras paroxítonas e proparoxítonas, o livro apresenta somente um quadro com palavras deste tipo acentuadas graficamente. Sobre esse tema são apresentados dois exercícios: o primeiro solicita a acentuação gráfica de vocábulos e sua transcrição no caderno por ordem alfabética; o segundo solicita a busca de palavras paroxítonas e proparoxítonas em jornais e revistas. Somente dois exercícios do livro sugerem a relação entre os conceitos de tonicidade e acentuação gráfica. Nesses exercícios, é solicitado aos alunos que indiquem ou pintem a sílaba tônica e, por meio das tentativas auditivas exigidas, é favorecida a percepção dos alunos quanto a tonicidade e sua relação com a acentuação gráfica (Figura 1) LÍNGUA PORTUGUESA 161 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR O livro didático da 5.ª série aborda os conteúdos tonicidade e regras de acentuação gráfica no tópico Veja como se escreve. Nas unidades anteriores, o direcionamento gramatical vinculou-se diretamente à escrita de determinados vocábulos envolvendo aspectos relativos aos dígrafos. Nesta unidade, quando apresentadas, as questões de acentuação são relacionadas à separação silábica dos vocábulos. Para a realização do exercício, é necessário que os alunos retornem ao tópico Outra leitura, pois a tarefa refere-se a um texto contido neste item no qual é solicitado que sejam grifadas as sílabas mais fortes das duas palavras que compõem o seu título: Atrás do gato. Nessa atividade, é desconsiderado o monossílabo "do" por meio do qual poderiam ser resgatados os conceitos estudados anteriormente integrando-os à atividade presente. Depois do primeiro exercício, o livro apresenta a diferença entre sílabas tônicas e átonas, bem como a classificação das palavras conforme a posição da sílaba tônica. Apresenta como exemplos, vocábulos com e sem acento gráfico, Bidu, gato e amigo. Tais exemplos podem ser considerados importantes para o aprendizado, em favor da independência existente entre sílaba tônica e acento gráfico. Isto facilita a percepção do aluno sobre as convenções da língua portuguesa, como o caso dos acordos ortográficos. Para a introdução da acentuação gráfica de palavras oxítonas são apresentados dezesseis vocábulos com e sem acento gráfico, dos quais se solicita leitura emvoz alta para identificação auditiva quanto a sua sílaba tônica. Depois desta etapa, os alunos devem identificar a sílaba tônica e sua classificação. O último exercício relaciona a acentuação gráfica à terminação dos vocábulos oxítonos com o objetivo de que os alunos associem esses dois elementos e elaborem uma regra gramatical apresentada em um quadro logo abaixo. Depois de apresentadas as regras ortográficas, solicita-se que os alunos encontrem cinco palavras oxítonas que recebam acento gráfico e, logo em seguida, elaborem frases. A elaboração de frases permite aos alunos a percepção de que o vocábulo permanece com acento gráfico independente da localização sonora que ele assume em uma frase. No último exercício é solicitada a busca em jornais e revistas dos vocábulos ensinados, reproduzindo os exercícios apresentados nos livros didáticos do primeiro ciclo. Os vocábulos paroxítonos são abordados na sétima unidade do livro, os vocábulos oxítonos, sexta unidade e proparoxítonos na oitava unidade. Essa fragmentação de conteúdos afins, segundo a literatura, não permite que os alunos percebam as relações existentes entre os temas. Além disso, nos três casos, a classificação é apresentada no item Veja como se escreve, embora o tema relacionado à sílaba tônica se refira a um aspecto próprio da oralidade, enquanto a acentuação gráfica trata de um aspecto da língua escrita. Neste exercício novamente é solicitada a separação de sílabas antes da classificação dos vocábulos. A única mudança em relação às atividades propostas para as palavras oxítonas é tão somente a posição das sílabas tônicas. Em outro exercício é solicitada a decisão do aluno sobre a necessidade ou não de acentuação gráfica estabelecendo uma relação direta entre tonicidade e acento gráfico. Quanto aos vocábulos proparoxítonos sua apresentação ocorre, como nas outras unidades, no tópico Veja como se escreve da oitava unidade do livro. A classificação é abordada por meio de três exercícios estruturalmente iguais: em um deles é apresentada a regra gramatical de acentuação das palavras proparoxítonas sem justificar o porquê desta norma; no último exercício sobre classificação e acentuação gráfica é sugerida uma atividade em grupo para a revisão do conteúdo gramatical das LÍNGUA PORTUGUESA 162 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR unidades anteriores. Seu foco são os vocábulos acentuados graficamente e desconsidera as palavras que não possuem acento gráfico, embora sejam submetidas às mesmas regras. A comparação entre os dois livros didáticos mostra que no de 4.ª série o conteúdo é apresentado de forma integrada e o de 5.ª série tende a sua fragmentação. No primeiro manual, primeiramente, é abordado o conceito de sílaba tônica e, posteriormente, são apresentadas as regras de acentuação gráfica para a resolução dos exercícios. Este tipo de procedimento parece ser mais adequado ao desenvolvimento do tema, pois leva o aluno a compreender que quase todos os vocábulos possuem uma sílaba tônica e que somente alguns são grafados devido à vigência ortográfica da norma. O livro direcionado à segunda etapa do ensino fundamental aborda o conteúdo de acentuação em unidades distintas, revisadas em conjunto somente no tópico final. Nessas situações são priorizados os vocábulos acentuados graficamente e a estrutura dos exercícios mantém-se relacionada à classificação das palavras quanto à sua tonicidade. Apesar das diferenças, o modo como os dois livros didáticos apresentam o conteúdo sobre tonicidade e regras de acentuação favorece o estabelecimento de confusão conceitual por parte de alunos e professores, pois não mostra que a sílaba tônica é um aspecto presente na fala e as regras de acentuação na escrita. Marcando a importância dessa distinção, assinala que não diferenciar esses dois aspectos limita o processo de instrumentalização linguística dos alunos. Quanto às observações de aulas Comparando os dados das observações com as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) sobre o ensino de ortografia, pode-se afirmar que a professora de 4.ª série manifesta uma postura pedagógica distanciada desses documentos e similar aos pressupostos teórico- metodológicos da Pedagogia Tecnicista, cujo foco é o livro didático. Do tempo total da aula, 43% (115 min.) foram dedicados à resolução de exercícios do livro didático e 49% (130 min.) à correção desses exercícios no quadro de giz. Além disso, a professora de 4.ª série não fez uso do tempo das aulas observadas para expor e explicar oralmente o conteúdo gramatical (Gráfico 1). Nas aulas de 5.ª série para a exposição oral do conteúdo sem o livro didático, o professor fez uso de 23% (27 min.) do tempo de aula, 25% (30 min.) para retomada oral deste tema por parte dos alunos, 20% (25 min.) para a resolução de exercícios dos livros didáticos e 17% (20 min.) para retomada do conteúdo por meio do livro didático. Nas aulas observadas, em média de 13% (13 min.) do tempo da aula foram usados para recados, brincadeiras, enquanto a cópia de exercícios do quadro de giz, 2% (3 min). Este professor não corrigiu exercícios no quadro de giz, utilizando-se de outros recursos para o ensino do conteúdo em foco. As observações de aula mostraram que os dois professores investigados - a professora da 4.ª série e o professor da 5.ª série - utilizaram como recurso básico de ensino o livro didático. A conduta dos entrevistados mostra-se consistente com as considerações de Silva (1996, p. 13), segundo as quais o desempenho insatisfatório dos alunos pode estar vinculado ao uso do livro didático no direcionamento da atuação pedagógica dos professores. Para o autor, esse comportamento pode levar os professores a uma "anemia cognitiva" e ao rebaixamento da qualidade de seu trabalho. Além dos prejuízos causados pelo uso quase exclusivo do livro didático, é importante ressaltar que o pouco tempo de exposição do conteúdo para os alunos, como constatado nas observações realizadas na turma de 4.ª série, favorece uma aprendizagem insatisfatória dos conteúdos. Segundo Dorneles (1987), a redução do tempo de aula para a realização desse tipo de atividade é considerada um dos mecanismos seletivos da escola. Isto significa que aos sujeitos que têm menos condições de saber ou aprender o conteúdo escolar em outras situações são privadas as oportunidades LÍNGUA PORTUGUESA 163 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR necessárias à aprendizagem na instituição designada socialmente para tanto. Em outros termos, pode-se dizer que a escola não está cumprindo seu papel de transmissor do saber escolar científico a todos os cidadãos de forma equitativa. Em contrapartida, o professor de 5.ª série parece ter mantido certa coerência na distribuição do tempo de desenvolvimento das quatro categorias de atividades - exposição oral, resolução de exercícios do livro didático, resolução de exercícios no quadro e leitura do conceito gramatical que o livro didático apresenta (Gráfico 1). Observa-se que nenhum dos dois professores apresentou a acentuação gráfica como uma norma convencionada pelo conjunto social. Segundo Morais (2002), se abordado desta maneira, os alunos poderiam compreender que certos conteúdos são apenas convenções temporárias e arbitrárias que precisam ser memorizadas e conscientizadas para aquisição de uma melhor competência na linguagem oral, leitura e escrita. Estudos anteriores como os de Cagliari (1986) e Morais (2002) enfatizam que é na 4.ª e 5.ª séries do ensino fundamental o momento mais apropriado para a abordagem do conceito de sílaba tônica e acentuação gráfica, pois às séries seguintes restaria o encargo de retomar esse conteúdo apenas quando necessário, dedicando-se ao desenvolvimento de outros conceitos gramaticais. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ PARALELISMO SINTÁTICO E PARALELISMOS SEMÂNTICO 1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Paralelismo Sintático E Paralelismo Semântico Notadamente, a construção textual é concebida como um procedimento dotado de grande complexidade, haja vista que o fato de as ideias emergirem com uma certa facilidade não significa transpô-las para o papel sem a devida ordenação. Tal complexidade nos remete à noção das competências inerentes ao emissor diante da elaboração do discurso, dada a necessidade de este se perfazer pela clareza e precisão. Infere-se, portanto, que as competências estão relacionadas aos conhecimentos que o usuário tem dos fatos linguísticos, aplicando-os de acordo com o objetivo pretendido pela enunciação. De modo mais claro, ressaltamos a importância da estrutura discursiva se pautar pela pontuação, concordância, coerência, coesão e demais requisitos necessários à objetividade retratada pela mensagem. Atendo-nos de forma específica aos inúmeros aspectos que norteiam os já citados fatos linguísticos, ressaltamos determinados recursos cuja função se atribui por conferirem estilo à construção textual – o paralelismo sintático e semântico. Caracterizam-se pelas relações de semelhança existente entre palavras e expressões que se efetivam tanto de ordem morfológica (quando pertencem à mesma classe gramatical), sintática (quando há semelhança entre frases ou orações) e semântica (quando há correspondência de sentido entre os termos). Casos recorrentes se manifestam no momento da escrita indicando que houve a quebra destes recursos, tornando-se imperceptíveis aos olhos de quem a produz, interferindo de forma negativa na textualidade como um todo. Como podemos conferir por meio dos seguintes casos: Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a Holanda. Constatamos a falta de paralelismo semântico, ao analisarmos que o time brasileiro não enfrentará o país, e sim a seleção que o representa. Reestruturando a oração, obteríamos: Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a seleção da Holanda. Se eles comparecessem à reunião, ficaremos muito agradecidos. Eis que estamos diante de um corriqueiro procedimento linguístico, embora considerado incorreto, sobretudo, pela incoerência conferida pelos tempos verbais (comparecessem/ficaremos). O contrário acontece se disséssemos: Se eles comparecessem à reunião, ficaríamos muito agradecidos. Ambos relacionados à mesma ideia, denotando uma incerteza quanto à ação. Ampliando a noção sobre a correta utilização destes recursos, analisemos alguns casos em que eles se aplicam: não só... mas (como) também: A violência não só aumentou nos grandes centros urbanos, mas também no interior. Percebemos que tal construção confere-nos a ideia de adição em comparar ambas as situações em que a violência se manifesta. Quanto mais... (tanto) mais: Atualmente, quanto mais se aperfeiçoa o profissionalismo, mais chances tem de se progredir. Ao nos atermos à noção de progressão, podemos identificar a construção paralelística. Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora: A cordialidade é uma virtude aplicável em quaisquer circunstâncias, seja no ambiente familiar, seja no trabalho. PARALELISMO SINTÁTICO E PARALELISMOS SEMÂNTICO 2 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Confere-se a aplicabilidade do recurso mediante a ideia de alternância. Tanto... Quanto: As exigências burocráticas são as mesmas, tanto para os veteranos, quanto para os calouros. Mediante a ideia de adição, acrescida àquela de equivalência, constata-se a estrutura paralelística. Não... E não/nem: Não poderemos contar com o auxílio de ninguém, nem dos alunos, nem dos funcionários da secretaria. Recurso este empregado quando se quer atribuir uma sequência negativa. Por um lado... Por outro: Se por um lado, a desistência da viagem implicou economia, por outro, desagradou aos filhos que estavam no período de férias. O paralelismo efetivou-se em virtude da referência a aspectos negativos e positivos relacionados a um determinado fato. Tempos verbais: Se a maioria colaborasse, haveria mais organização. Como dito anteriormente, houve a concordância de sentido proferida pelos verbos e seus respectivos tempos. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ COLOCAÇÃO PRONOMINAL 1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Colocação Pronominal É a parte da gramática que trata da correta colocação dos pronomes oblíquos átonos na frase. Embora na linguagem falada a colocação dos pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas normas devem ser observadas, sobretudo, na linguagem escrita. Dicas: Existe uma ordem de prioridade na colocação pronominal: 1º tente fazer próclise, depois mesóclise e em último caso, ênclise. Próclise É a colocação pronominal antes do verbo. A próclise é usada: 1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que atraem o pronome para antes do verbo. São elas: a) Palavras de sentido negativo: não, nunca,