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AO JUÍZO DO TRABALHO DA XX VARA DO TRABALHO DE BELO HORIZONTE - MG PAULO DE ANDRADE FERREIRA, brasileiro, casado, desempregado, nascido em XX, inscrito no RG nº 358 e no CPF nº 8989888, portador da CTPS nº XX, inscrito no PIS sob o nº XX, filho de Felisberta de Assis Ferreira, endereço eletrônico XX, residente e domiciliado em Rua Ibiraci, 553, Salgado Filho - Belo Horizonte - CEP 30225, por intermédio de seu advogado subscritor (conforme procuração em anexo), com endereço profissional em XX, para fins do artigo 77, inc. V, do CPC, vem a este juízo, propor, pelo procedimento ordinário, na forma do artigo 840, §1º da CLT. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de SOCIEDADE EMPRESÁRIA COLINA FERRAGENS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº XX, representada por XX, endereço eletrônico XX, com sede em Belo Horizonte/MG, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor. I - GRATUIDADE DE JUSTIÇA O ora RECLAMANTE, com base nos artigos 790, §3º e §4º da CLT e 98 e 99, §2º e §3º do CPC/2015, vem pleitear a concessão dos benefícios da justiça gratuita, dado que não dispõe de condições financeiras para custear as despesas processuais sem causar prejuízo a seu próprio sustento e de sua família. II - DOS FATOS O ora RECLAMANTE, conforme cópia da CTPS que instrui a inicial, prestou serviços como ferramentista à sociedade empresária COLINA FERRAGENS LTDA, ora RECLAMADA, na sede da referida empresa, localizada em Belo Horizonte-MG, pelo período de 02/12/2019 a 06/03/2021, de segunda à sábado, das 20h às 5h, com intervalo de 20 minutos para refeição, recebendo, como contraprestação, o valor de um salário mínimo por mês. Em 15/12/2020 o reclamante foi eleito e empossado como presidente de classe, para um mandato de 02 anos, fato que foi devidamente comunicado à RECLAMADA por escrito, cuja cópia do documento instrui a exordial. A demissão ocorreu em 06/03/2021, sem justa causa, tendo o reclamante recebido as verbas inerentes à rescisão contratual, conforme consta da cópia da CTPS acostada aos autos. Ainda, de acordo com o reclamante, após dois meses de trabalho, passou a dirigir o veículo da sociedade empresária reclamada como manobrista, em pelo menos quatro vezes por semana, circunstância que caracterizaria acúmulo funcional com a atividade de ferramentista, razão pela qual requer o pagamento de 30% sobre o valor do seu salário. Diante do exposto a seguir, propõe-se a presente reclamação trabalhista com o propósito de que os direitos do reclamante sejam resgatados. III – DOS FUNDAMENTOS a) DA ESTABILIDADE O RECLAMANTE, conforme documentos em anexo, foi eleito e empossado como presidente do sindicato de classe em 15/12/2020 para mandato de 02 anos. Nesse ponto, frise-se que a entidade sindical comunicou a empresa por escrito acerca da eleição, conforme preconiza o art. 543, §5º, da CLT. Assim, goza de estabilidade provisória até um ano após o fim do mandato, a teor do que orientam os artigos 543, §3º, da CLT c/c art. 8º, VIII da CRFB/88. Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Art. 543 – (...) § 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. Nesse sentido, inclusive é o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho: SÚMULA N.º 369 - DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. Assim, pugna-se pelo reconhecimento da estabilidade e a consequente reintegração na função. Caso, entretanto, não seja esse o entendimento de V. Excelência, requer a conversão da reintegração em indenização substitutiva, na forma do art. 496, da CLT: Art. 496 - Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos termos do artigo seguinte b) DAS HORAS EXTRAS E DA CONCESSÃO PARCIAL DO INTERVALO INTRAJORNADA O reclamante exercia sua função laboral de segunda a sábado, das 20h às 5h, com 20 minutos de intervalo intrajornada. Em operação aritmética simples, verifica-se que o RECLAMANTE trabalhava efetivamente por 8h40min, ou seja, 40 minutos além das 08 horas diárias previstas no art. 58, da CLT, de forma que a jornada semanal ultrapassava em 4 horas o limite de 44 horas semanais, constitucionalmente previsto no art. 7, XIII da CRFB. Assim, pugna-se pelo reconhecimento do trabalho extraordinário de 4 horas semanais, pelo período trabalhado entre 02/12/2019 a 06/03/2021, e, como consequência, a condenação da RECLAMADA ao pagamento das horas trabalhadas, com o acréscimo legal de 50%, na forma do art. 59, §1º, da CLT. Além disso, o RECLAMANTE gozava apenas de 20 minutos a título de intervalo intrajornada. Como prevê o artigo 71 da CLT, o intervalo intrajornada é devido nos seguintes termos: Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. No caso em tela, como restou demonstrado acima, a jornada diária era de 8h40min, de forma que o RECLAMANTE fazia jus ao gozo de 1h de intervalo intrajornada. Além disso, verifica-se a redução do horário noturno, o qual, conforme estipulado o art. 73, §1º, da CLT é aquele executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. Verificado o descumprimento da normativa, a Consolidação das Leis Trabalhistas prevê como sanção, a teor do §4º do artigo supramencionado, que a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. Dessa forma, requer seja a RECLAMADA condenada ao pagamento dos valores correspondentes à supressão diária de 40 minutos do intervalo intrajornada, com o acréscimo legal de 50%, na forma do artigo 71, §4º da CLT. c) DO PAGAMENTO DE ADICIONAL NOTURNO A jornada de trabalho do ferramentista iniciava-se às 20h e encerrava-se às 5h. Para fins de conceituação de trabalho noturno, é o que dispõe o artigo 73, §2º, da CLT: Art. 73, § 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. No caso em tela, verifica-se que o RECLAMANTE trabalhava em horários mistos, ou seja, 02h em horário diurno e 7h em horário noturno e, conforme orienta o §4º do art. 73, “nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.” Diante disso, pugna-se pelo reconhecimento do direito ao adicional noturno de 20%, conforme o art. 73, caput, da CLT, e o pagamento desteem relação a 7h diárias trabalhadas em horário noturno durante o período de 02/12/2019 a 06/03/2021. d) DO ACÚMULO DE FUNÇÃO Conforme pode ser verificado em sua CTPS, o reclamante foi contratado, unicamente, para exercer a função de ferramentista. Acontece que além das atribuições de ferramentista, após dois meses, outra lhe foi imposta, cumulativamente com esta, qual seja a de manobrista. Contudo, a contraprestação correspondeu apenas ao exercício da função de ferramentista, nada lhe sendo pago pela função de manobrista. Nesse sentido, é sabido que o contrato de trabalho faz lei entre as partes, ao passo que qualquer alteração em suas cláusulas deve ser por mútuo acordo, conforme dispõe o art. 468, da CLT: Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Assim, no caso concreto, o que se extrai é que a reclamada determinou que o reclamante realizasse funções diferentes das que foi contratado, sem a sua concordância, assim como não foi remunerado por isso, motivo pelo qual se constata a alteração unilateral do contrato, o que é indevido. Assim, em razão do acúmulo de função, requer-se o pagamento das diferenças salariais emergentes da situação, estimadas em 30% do salário contratual percebido pelo reclamante. IV – DOS PEDIDOS Diante do exposto, o autor requer a esse juízo: a) A concessão da gratuidade de justiça, na forma dos artigos 790, §3º e §4º da CLT e 98 e 99, §2º e §3º do CPC/2015; b) A procedência do pedido, de modo que seja a RECLAMADA condenada: a. A reintegrar o RECLAMANTE na função de ferramentista, dada a demissão durante o período de estabilidade, ou, caso não seja esse o entendimento de V. Excelência, a pagar a indenização substitutiva, na forma do art. 496, da CLT; b. Ao pagamento de horas extras, devidamente acrescidas do adicional de 50%, relativas ao excesso de jornada diária e semanal, em 40 minutos e 4 horas, bem como de seus reflexos nas verbas contratuais e rescisórias; c. Ao pagamento horas relativas à supressão diária de 40 minutos do intervalo intrajornada, com o devido acréscimo de 50%; d. Ao pagamento de adicional noturno, na razão de 20% sobre a jornada diária (22h às 5h), bem como de seus reflexos nas verbas contratuais e rescisórias; e. Ao pagamento de acúmulo de função, na razão de 30% sobre o salário. c) A notificação da RECLAMADA oferecer resposta à presente reclamação, sob pena de ser considerada revel; d) Que seja julgado procedente o pedido para condenar a RECLAMADA nas custas processuais e nos honorários advocatícios no valor de 15%, a teor do art. 791-A da CLT V - DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial a prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o depoimento pessoal do Réu. VI - DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ XX (valor expresso em reais). Pede deferimento. Local, (Dia), (Mês) de (Ano). Nome do Advogado OAB/(Sigla do Estado)
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