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Cleane Fernandes dos Santos
DO DESENHO À LETRA
Sumário
INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3
SURGIMENTO DA ESCRITA ��������������������������� 5
Viagem histórica: do desenho à escrita ������������������������������ 5
O alfabeto ���������������������������������������������������������������������������� 11
A TIPOGRAFIA ��������������������������������������������� 14
A inovação de Gutenberg ��������������������������������������������������� 14
Compreendendo tipografia ������������������������������������������������ 19
FORMATAÇÃO DOS TIPOS DE LETRAS ������� 24
Produção de conteúdo, Anatomia e estilo tipográfico ����� 24
Tipos de letras populares e as propriedades �������������������� 29
Fonte, tipo, fonte tipográfica e tipografia �������������������������� 31
A TIPOGRAFIA NO DESIGN GRÁFICO ���������� 34
A relação de tipos no design ���������������������������������������������� 34
Tipografia e os princípios de design ���������������������������������� 37
Biblioteca tipográfica e edição de tipos para designs 
criativos ������������������������������������������������������������������������������� 38
TIPOGRAFIA E MENSAGEM ������������������������� 41
CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������������� 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & 
CONSULTADAS �������������������������������������������� 45
2
INTRODUÇÃO
Neste e-book, você conhecerá o histórico da 
comunicação escrita, a “impressão dos tipos”, e 
aprenderá a utilizar a tipografia em composições 
gráficas.
Os temas que trataremos são o surgimento da 
escrita, no qual faremos um resgate histórico 
resumido dos primórdios da escrita até o atual 
sistema que conhecemos, utilizados para produ-
zir comunicação, e a tipografia, compreendendo 
a invenção dos tipos móveis de Gutenberg, meio 
pelo qual o inventor imprimiu o livro B-42, ou seja, 
a Bíblia de 42 linhas por página, que se tornou um 
dos marcos da evolução tecnológica humana�
Estudaremos também, neste material, o que é tipo-
grafia e sua composição (a formatação dos tipos 
de letras), com exemplo de anatomia do tipo, estilo 
dos tipos e as formatações usuais. Além disso, 
iremos compreender e distinguir as expressões 
“fonte”, “tipo”, “fonte tipográfica” e “tipografia”, sa-
bendo que há uma certa confusão em saber a que 
se refere cada uma delas� Esse conhecimento pode 
facilitar muito o trabalho quando necessitarmos 
realizar uma pesquisa sobre fonte e/ou tipografia.
Exploraremos o tema tipografia no design gráfico, 
compreendendo a relação dos tipos no design, 
3
com exemplos gráficos, e os princípios de design 
para o aprimoramento de uso da tipografia em 
design� Além disso, conheceremos os caminhos 
que podemos percorrer para criar uma biblioteca 
tipográfica e para editar os tipos para necessidades 
de composições criativas e personalizadas.
Por fim, encerraremos o tópico de estudos com uma 
discussão sobre o tema tipografia e mensagem, 
retomando a importância da tipografia em projetos 
gráficos e seu poder de impacto na transmissão 
de mensagens, quando adequadas e coerentes 
com o público destinado�
Aproveite bem este material, pois há uma série de 
informações valiosas que poderão nortear você 
na busca por conhecimentos sobre o universo da 
tipografia e do design e, também, na construção 
do seu repertório teórico e criativo, fonte para a 
realização de projetos encantadores e profissionais. 
Quanto mais sabemos sobre determinado assunto, 
melhor nos tornamos em falar e executar tarefas 
relacionadas a ele�
4
SURGIMENTO DA ESCRITA
Iniciaremos nosso estudo explorando as origens 
da escrita, como ela surgiu e evoluiu até chegar ao 
que conhecemos hoje� Essa perspectiva histórica é 
uma base importante para você que tem interesse 
em comunicação, pois ela está por toda parte nas 
sociedades, seja em contextos profissionais, seja 
em contextos pessoais�
VIAGEM HISTÓRICA: DO DESENHO 
À ESCRITA
Sabemos que comunicar é um ato intrínseco ao 
ser humano e é por isso que as formas/meios 
de comunicação estão em constante mudança� 
Com os avanços da mentalidade da humanidade, 
inovadoras tecnologias surgem para atender às 
novas necessidades sociais, isso justifica nossa 
história contínua de evolução.
Antes da escrita, o homem realizava seus regis-
tros por meio do que conhecemos como pintura 
rupestre, ou artes no interior de cavernas� Essa era 
a técnica/forma que essa ancestralidade tinha para 
representar o seu dia a dia ou contar sua história�
Você deve estar se perguntando: qual é a relação 
das pinturas rupestres com a escrita? A resposta 
é simples: as pinturas rupestres comprovam que a 
5
humanidade tem em si uma necessidade de regis-
trar fatos e experiências e isso se percebe desde a 
pré-história, justamente pelas pinturas rupestres, 
que eram uma técnica de registro�
Quer conhecer ou saber mais sobre as pinturas rupes-
tres? Confira o vídeo “lascaux caves virtual tour”: https://
www�youtube�com/watch?v=2hiFqqqjTxQ�
Há indícios de que o primeiro alfabeto teve origem 
entre o ano de 1700 a�C� e 1500 a�C, mas muitos 
estudiosos consideram que foi em meados de 3�500 
a�C� que um sistema de escrita foi primeiramente 
desenvolvido, um exemplo é a escrita cuneiforme 
criada pelos sumérios na Mesopotâmia� Esse pe-
ríodo mais antigo da história é um tanto incerto 
em relação à especificidade das datas, por isso 
sempre utilizamos expressões como “em meados” 
ou “por volta” do ano tal�
Além da escrita cuneiforme, é importante você saber 
que no mesmo período havia outros sistemas de 
escrita, criados pelos diversos povos antigos� Não 
há um consenso sobre o lugar específico onde se 
originou a escrita, cada sociedade desenvolvia sua 
forma de registro para promover a organização da 
produção agrícola e a comunicação de modo que 
SAIBA MAIS
6
https://www.youtube.com/watch?v=2hiFqqqjTxQ
https://www.youtube.com/watch?v=2hiFqqqjTxQ
atendesse às próprias necessidades� Observe a 
seguir um exemplo da escrita cuneiforme�
Figura 1: Escrita cuneiforme�
Fonte: https://upload�wikimedia�org/wikipedia/com-
mons/c/ca/Cuneiform_script2�jpg�
7
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ca/Cuneiform_script2.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ca/Cuneiform_script2.jpg
Os sumérios utilizavam objetos em forma de cunha 
para produzir o alfabeto e tinham como matéria-
-prima tábuas de argila que, se levadas ao forno, 
tornavam os registros duráveis�
Os egípcios apresentaram uma evolução no pro-
cesso de escrita que pode ser percebida pelas 
três formas que se tem conhecimento� São elas:
 y Hieroglífica: eram símbolos usados para re-
presentar objetos e ideias religiosas, por exemplo;
 y Hierática: é considerada uma forma de escrita 
simples, do tipo cursiva, produzida em folhas de 
papiro;
 y Demótica: foi um avanço da escrita hierática, 
só foi possível após o contato dos povos egípcios 
com os povos gregos�
Os chamados hieróglifos – ideogramas e pictogra-
mas – eram desenhos que representavam ideias e 
objetos da realidade, então, por meio da combinação 
desses desenhos, era possível fazer circular, ainda 
que de maneira limitada, a comunicação escrita�
Tanto na Mesopotâmia quanto no Egito um sis-
tema escrito foi desenvolvido com o propósito 
de organizar a estrutura social e contabilizar as 
produções agrícolas. Observe a seguir um exemplo 
do sistema de escrita egípcia.
8
Figura 2: Hieróglifos egípcios.
Fonte: Wikimedia�
Os hieróglifos, compostos por 500 símbolos 
variados que representavam pessoas, animais, 
utensílios e plantas, eram bastante utilizados para 
realizar registros em túmulos e templos� Devemos 
considerar, na evolução dos hieróglifos, a escrita 
pictográfica, que são as representações por meio 
de imagens e/ou caracteres que tinham a função 
de palavra, e a forma fonograma, que eram os sons 
associados pelos egípcios aos hieróglifos.
Muitos escritos baseados nos sistemas hieróglifos 
e cuneiforme foram produzidos com o passar do 
tempo, mas eles se mostravam confusos confor-
me aumentavaa quantidade de informações que 
essas sociedades queriam registrar� Além disso, a 
9
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/49/LuxorTemple03.jpg
comunicação por meio de símbolos se mostrava 
limitada, apenas determinadas figuras sociais, 
como os escribas, tinham acesso aos registros�
A compreensão das mensagens escritas por pic-
togramas só foi possível após séculos de estudos 
e pesquisas, e foi com o surgimento da escrita 
grega que os hieróglifos ganharam sentido e foram 
disseminados para mais sociedades�
As teorias sobre o surgimento da escrita são 
inúmeras e os cientistas ainda discutem, sem 
chegarem a um consenso, sobre como e quando 
emergiu entre nossos antepassados a capacida-
de de se expressar por meio de uma linguagem 
falada e escrita. A maioria dessas teorias propõe 
que a escrita originou-se dos pictogramas, figuras 
representativas de algum objeto ou conceito, e que, 
em algum momento da evolução humana, esses 
sinais foram gradualmente se articulando como 
uma linguagem de símbolos fonéticos (FONSECA, 
2008, p� 17)�
Já podemos muito bem perceber, até aqui, a evolução 
que ocorreu na história da escrita, não é mesmo? 
Assim, os registros feitos pela humanidade substi-
tuíram a forma ilustrativa, as pinturas, e adotaram a 
representação por símbolos, evoluindo até chegar 
ao processo de escrita por letras�
10
Todas as formas de registros antes da escrita que 
conhecemos hoje tinham em comum a restrição, 
pois apenas pessoas com competências e/ou 
habilidades de leitura poderiam decodificar as 
mensagens escritas, ou seja, era preciso ser alfa-
betizado, e não havia um sistema de ensino para 
todos nas sociedades, portanto a escrita, até aqui, 
ainda era um meio de comunicação para poucos�
Você sabia que as letras do alfabeto, próximas ao 
que temos hoje, foram criadas em Roma? Essas 
letras, na versão maiúscula, foram reproduzidas, 
nesse período antigo, em pergaminhos e utilizadas 
na escritura da Bíblia. Veja o exemplo a seguir, é 
possível perceber a proximidade dos traços antigos 
aos traços das letras atuais do nosso alfabeto�
Figura 3: Reprodução de letras cursivas maiúsculas de 
Roma�
Fonte: Wikimedia�
O ALFABETO
Chegamos ao período em que a escrita fonética 
foi de fato desenvolvida, em meados de 1700 a�C 
e 1500 a.C os fenícios organizaram um sistema de 
11
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7d/Hocgracili.jpg
23 ou 24 caracteres, criando o alfabeto baseado no 
som da fala na Fenícia. Após esse grande avanço 
na forma da escrita, o alfabeto fenício passou a ser 
a referência adotada para o desenvolvimento da 
escrita de outros povos antigos, como os aramaicos, 
os hebreus e os gregos. Desse período em diante a 
circulação do alfabeto fenício só cresceu e foi em 
meados de 800 a�C� que a Grécia Antiga o adotou e 
o tornou oficial em seu território, porém, de modo 
mais elaborado, no sentido de produção escrita, 
e foi por meio da escrita grega que o alfabeto em 
sua forma moderna surgiu na Europa�
Se você quiser se aprofundar no estudo da escrita grega 
e de outros povos antigos, acesse o “Museu Virtual da 
Imprensa”, onde você poderá explorar melhor os tipos de 
escrita. Disponível em: http://www�museudaimprensa�
pt/museuvirtpress/port/alfa�html�
Agora que você conheceu as origens da escrita, 
analise a linha do tempo na figura a seguir, por meio 
dela você terá um panorama visualmente resumido 
sobre o surgimento e a evolução da escrita�
SAIBA MAIS
12
http://www.museudaimprensa.pt/museuvirtpress/port/alfa.html
http://www.museudaimprensa.pt/museuvirtpress/port/alfa.html
Figura 4: Linha do tempo – origem e evolução da escrita��
Pinturas Rupestres
Pedra
4000 a.C
Meados de 3000 a.C
Meados de 2000 a.C
Meados de 800 a.C
Hieróglifos
Papiro
Traços de Alfabeto
Consonantal
Alfabeto Grego
Adoção do alfabeto
fenício
Pinturas Rupestres
Argila
Meados de 
3200-3500 a.C
Alfabeto Fenício
Registro do som falado
Meados de 
1500 a.C
Desenvolvimento de 
sistemasde escrita 
entre os povos
Continuação da 
circulação do alfabeto 
entre os povos até a 
modernidade
Fonte: Elaboração própria�
13
A TIPOGRAFIA
Neste tópico falaremos sobre a invenção dos tipos 
móveis, compreenderemos o que é tipografia e seu 
impacto na sociedade enquanto inovação� Além 
disso, faremos algumas reflexões.
A INOVAÇÃO DE GUTENBERG
Conforme o entendimento da humanidade evoluiu, 
em relação a si e ao mundo que habita, as neces-
sidades de registrar as informações para além da 
contabilização de produtos das trocas mercantis 
e registros importantes em templos e espaços 
significativos cresceram.
Você já deve ter percebido que, cada vez mais, produzi-
mos quantidades de informações as quais não damos 
conta de armazenar em nossa mente, certo?
Imagine se deixássemos todas as informações que 
precisamos consultar, ocasionalmente, na responsabili-
dade da memória? Toda a história a qual temos acesso, 
hoje em dia, por meio de livros e registros impressos e 
digitais, só existe porque lá atrás o sistema de escrita 
foi inventado. Será que poderíamos saber tudo o que 
aconteceu nas sociedades antigas, ao menos o que sa-
REFLITA
14
bemos, se o sistema de escrita não tivesse sido criado? 
Será que esses povos dariam conta de repassar todas 
as informações pela oralidade e ainda assim manter a 
história viva?
O homem está sempre em busca de novas tec-
nologias que facilitem suas tarefas ou que lhe 
permitam realizar algo que se mostrava impossível 
aos olhos da população geral� Bem, isso é uma 
verdade inquestionável, pois podemos perceber 
claramente que desde a Pré-História as tecno-
logias que já foram desenvolvidas pelo homem 
trouxeram grandes benefícios e quebraram um 
antigo processo, que não fazia mais sentido ou 
não atendia à demanda social� Contextualizando 
isso em nosso estudo sobre tipografia, é hora de 
trazermos dos registros históricos o alemão e 
artesão Johannes Gutenberg�
15
Figura 5: Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg 
(gravador, gráfico, inventor). Criador do sistema mecânico 
de tipos móveis�
Fonte: Wikimedia�
A produção de escritos ainda era feita à mão, o 
que tornava demorado e trabalhoso realizar gran-
des quantidades de informação escrita� Tudo isso 
mudou com Gutenberg e sua invenção: a prensa 
16
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/33/Gutenberg.jpg
de tipos móveis. Após essa tecnologia, teve início 
o processo de produção de textos em massa e, em 
consequência, a proliferação de livros e escritos 
que propiciou a alfabetização da população ao 
longo das décadas�
A prensa móvel era composta por caracteres indivi-
duais, havia toda uma técnica para a reprodução dos 
textos, como fundir cada peça (caractere) e mantê-las 
alinhadas, além de variar em larguras diferentes os 
caracteres, considerando caixa alta e caixa baixa, 
características que definiam o estilo do tipo.
Você já ouviu falar sobre a Bíblia de Gutenberg? Se-
gundo registros históricos, mais de 15�000 caracteres 
de chumbo foram fundidos para essa bíblia, em dois 
volumes de 1282 páginas de 30,5cm por 40,5cm�
Bíblia de Gutenberg era uma obra de dois volumes, 
com cada página medindo 30 cm por 40 cm de altura, 
num total de 1�282 páginas em ambos os volumes� 
A maioria das cópias foi impressa em papel feito 
de trapos, com cerca de um quarto delas impresso 
em velino� Remanescem hoje apenas 48 das 180 
cópias originais da edição (FONSECA, 2008, p. 46).
Percebeu como várias técnicas e tecnologias fo-
ram desenvolvidas até chegarmos à escrita que 
utilizamos na contemporaneidade? Saímos de 
um período dos tipos de argila para a inovação de 
Gutenberg com os tipos de chumbo e passamos a 
17
diagramar textos com uma técnica mais avançada 
que permitia a reprodução de 1000 caracteres 
por hora� A inovação é uma grande aliada dos 
avanços ocorridos ao longo dos séculos� Para ser 
inovador é preciso olhar para a sociedade, para o 
mundo, enxergar a necessidade e encontrar uma 
oportunidade de proporcionar uma solução� Foiexatamente isso que Gutenberg fez� Acompanhe 
a seguir uma ilustração da prensa de Gutenberg�
Figura 6: Reprodução de letras cursivas maiúsculas de 
Roma�
Fonte: Wikimedia�
18
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/Presse_a_bras_en_bois_de_ Gutemberg.jpg
As impressões de tipos pela prensa de Gutenberg 
tinham o estilo similar a um manuscrito, e essa era 
a intenção do artesão, que os textos parecessem 
com os escritos feitos à mão, por isso, os caracte-
res eram da categoria de tipografia gótica. Agora, 
falaremos sobre tipografia. Como você já deve 
ter notado, a tipografia é um processo de criação. 
Hoje, esse processo está bem mais avançado do 
que nos dias de Gutenberg e nos tempos que o 
precediam�
Você conseguiu parar para pensar no impacto causado 
pela inovação de Gutenberg no mundo? Imagine todas 
as sociedades em que as informações eram restritas a 
pequenos grupos sociais, igrejas e figuras que estavam 
no topo do poder econômico. As informações eram 
facilmente manipuladas e a população só tinha conhe-
cimento sobre o que esses poderosos desejassem que 
ela soubesse� Esse passado é bastante oposto ao que 
vivemos hoje, não é mesmo? Pois estamos bombardeados 
de informações em todas as línguas e essa explosão 
de circulação da informação foi iniciada por Gutenberg�
COMPREENDENDO TIPOGRAFIA
Como estudamos anteriormente, Gutenberg criou 
os tipos móveis que permitiram a impressão de 
REFLITA
19
textos, certo? Logo, podemos compreender a 
tipografia como a impressão de tipos.
Antes de Gutenberg, a reprodução e/ou impressão 
de textos era manuscrita pelos escribas ou os 
chamados copistas, que replicavam os textos já 
existentes, compilando, desse modo, uma série 
de cópias. Esse trabalho manuscrito, finalizado, 
também é considerado uma impressão de tipos e 
classificado como tipos manuscritos, uma prática 
comum da igreja, que era a detentora da maior 
parte das informações e do conhecimento em 
tempos remotos�
A palavra “tipografia” vem do latim typographia (typos, 
“forma”, e graphein, “escrita”). Significa impressão e 
escrita e é composta por termos que vêm do grego: 
[týpos], γραφί, [-graphía].
A tipografia é composta por tipos que variam em 
estilo. Segundo Fonseca (2008, p. 48), “muitos des-
ses novos caracteres tipográficos eram variações 
de formas de escrita historicamente existentes, 
como as unciais e a carolíngia. Isso marcou o iní-
cio do desenho de fontes tipográficas como uma 
arte independente”�
SAIBA MAIS
20
A tipografia de Gutenberg era um tanto densa e 
deixava o texto com um estilo pesado, o que na-
turalmente, com o passar das décadas, motivou a 
criação de novas formas tipográficas, justamente 
pela necessidade de tornar a impressão dos textos 
e a leitura mais leves� Observe a imagem a seguir, 
trata-se da bíblia de Gutenberg.
Figura 7: A bíblia de Gutenberg.
Fonte: Wikimedia�
Depois de Gutenberg, outra figura muito importante 
e admirada no universo da história da tipografia 
foi o francês Nicolas Jenson, que estudou os tipos 
móveis que já estavam em evidência e, após abrir 
21
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b0/Gutenberg_Bible.jpg
uma gráfica no ano de 1470, criou a letra romana, 
conhecida como Roman Type, em 1472�
Por meio dessa família tipográfica de Jenson, 
o mundo ganhou mais uma alternativa de ti-
pos móveis, que poderia substituir os tipos de 
Gutenberg dependendo do objetivo do texto, já 
que ela tinha características distintas dos tipos 
de Gutenberg, sendo uma delas deixar o texto 
com uma leitura mais fluída e o visual menos 
carregado�
E esses foram os grandes e inovadores tipos 
que reescreveram a história da escrita e da 
informação, e muitas outras formas de letras 
foram inventadas até aqui� Atualmente, com o 
advento das tecnologias digitais, as opções de 
tipografias para composições gráficas e forma-
tações de textos são enormes, eu diria que é 
praticamente impossível utilizar todos os tipos 
inventados até hoje� Conheça a seguir o tipo 
romano criado por Jenson�
22
Figura 8: Tipo romano de Nicholas Jenson, 1472�
Fonte: www�gutenberg�org�
Em meados de 1041, antes da invenção dos tipos móveis 
por Gutenberg, havia um sistema de escrita criado pelo 
chinês Bi Sheng� Nesse sistema, os caracteres chineses 
eram representados em um bloco e assim ocorria a 
impressão das palavras e frases�
Você perceberá que a tipografia, atualmente, tem 
um significado mais amplo, seu sentido está asso-
ciado aos caracteres, aos estilos, aos formatos e 
aos tamanhos que serão definidos para composi-
ções impressas e/ou digitais. Além disso, os tipos 
podem ser manipulados para além de sua forma 
pura, mas isso saberemos melhor mais adiante�
FIQUE ATENTO
23
https://www.gutenberg.org/files/24829/24829-h/24829-h.htm
FORMATAÇÃO DOS TIPOS 
DE LETRAS
Neste tópico iremos entender como se dá a for-
matação de tipos de letras, conhecendo os estilos 
tipográficos e a diferença entre os termos fonte, 
tipo, fonte tipográfica e tipografia.
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO, 
ANATOMIA E ESTILO TIPOGRÁFICO
Provavelmente, você já teve que fazer alguns pro-
jetos escolares, acadêmicos ou para o trabalho, 
certo? Ao realizar essas tarefas, você já trabalhou 
com a formatação de tipos, talvez, sem perceber�
Vivemos em um mundo que exige cada vez mais de 
todos� Até pouco tempo atrás, produzir conteúdo 
era uma tarefa designada para pessoas específi-
cas, como pesquisadores, escritores, gestores e 
professores, por exemplo, mas isso mudou com-
pletamente� Atualmente, utilizamos equipamentos 
tecnológicos que facilitam bastante nossas tarefas 
e o que temos que produzir por meio da comuni-
cação escrita, imagética e/ou audiovisual�
Produzir conteúdo é mais do que um requisito, faz 
parte do nosso dia a dia no âmbito pessoal e/ou 
profissional. Estamos constantemente produzindo 
pesquisas, artigos, livros, e-mails, comunicação 
24
empresarial, comunicação publicitária, textos para 
redes sociais etc�, por isso, é necessário entender 
sobre tipografia e formatação de tipos de letras, 
pois isso poderá beneficiar muito você.
O caractere tipográfico é normalmente parte de 
uma família de tipos com design coordenado. 
Os tipos são reconhecidos individualmente pela 
família a que pertencem e especificados com uma 
designação, tal como itálico, negrito ou condensa-
do. Por exemplo, o “estilo itálico da família Times” 
é a referência de um determinado tipo ou fonte� 
(FONSECA, 2008, p. 80).
Partindo do exemplo mencionado pelo autor Fon-
seca, observe a seguir os principais detalhes da 
anatomia tipográfica do tipo Times.
Figura 9: Exemplo de anatomia do tipo Times�
Fonte: Elaboração própria�
Ao falarmos sobre tipos de letras, referimo-nos ao 
estilo do tipo, ou fonte, de uma letra e seu conjunto 
de letras que chamamos de família tipográfica, mas 
25
uma família tipográfica apresenta uma variação 
de design para o tipo a ser utilizado�
Há seis categorias que são referências para a 
classificação do estilo da diversidade de tipos que 
encontramos atualmente, por conta das caracte-
rísticas específicas dos tipos bases, cada novo 
tipo de letras, ou família tipográfica, pertence a 
um dos grupos a seguir, isso ocorre por causa da 
semelhança em sua anatomia�
Estilo antigo (ou Old Style)
Esse estilo se baseia nas letras cursivas, as que 
eram produzidas pelos escribas, também conhe-
cido como estilo de traço humano�
Uma das características do estilo antigo é a serifa, 
isso ajuda bastante na classificação da tipogra-
fia. Além disso, a ênfase diagonal está presente 
nesse estilo, isso quer dizer que há um contraste 
que pode ser observado ao se traçar uma linha 
nos traços mais curvados do tipo, já que há uma 
transição grosso-fino que é exatamente a passa-
gem do grosso ao fino nos tipos do estilo antigo. 
São exemplos do estilo antigo os tipos: Gouldy, 
Palatino, Garamond, Baskerville, Times�
26
Moderna (ou estilo mais mecânico)
O mundo moderno afetou também o universo da 
tipografia, novas percepções, novasculturas, novas 
necessidades, novos estilos de vida, novos tipos� 
Com o avanço social, a escrita do estilo antigo 
passa a ser, digamos, mais secundária, embora 
alguns detalhes da anatomia, como a serifa, tenha 
permanecido no estilo de tipo moderno� Mas, por 
não se tratar mais de uma fonte baseada apenas 
na escrita humana, a inclinação dos tipos, que é 
a marca da escrita cursiva, deixa de fazer parte e 
esse tipo se torna totalmente vertical� São bastante 
finas e elegantes e percebe-se também uma certa 
dureza em sua estrutura� São exemplos do estilo 
moderno os tipos: Times Bold, Onyx, Bodoni, Didot 
e Walbaum�
Serifa grossa (ou tipos egípcios)
Esse estilo de tipo ganhou vida com a publicidade 
em uma nova fase conceitual e ao lado da Revolu-
ção Industrial� O detalhe da anatomia mais forte 
são os traços, que se tornaram mais grossos, uma 
espécie de estilo moderno editado, sem transição 
grosso-fino. Esse estilo de tipo ficou popular na 
fase egiptomania no ocidente, no século 19 e 20, 
em que ocorreu um grande interesse e respeito 
pelo Antigo Egito� São exemplos do estilo serifa 
27
grossa: Black, New Century, Memphis, Silica Re-
gular e Clarendon�
Sem serifa (ou Sans Serif)
O estilo sem serifa classifica os tipos em que são 
praticamente ausentes as transições grosso-fino. 
As letras são basicamente iguais, possuem o mes-
mo traço grosso� Esse estilo foi desenvolvido após 
muito tempo de circulação dos tipos pelo mundo 
e hoje é mais utilizado e valorizado do que no pe-
ríodo que antecedeu o século 20. São exemplos 
do estilo sem serifa: Syntax, Folio, Bailey Sans, 
Formata, Proxima nova�
Manuscrita (ou tipo escrito)
O estilo manuscrito engloba todos os tipos que se 
assemelham à escrita feita à mão� Esse estilo deve 
ser usado com cautela e para pequenos blocos 
de texto, já que seu uso em excesso pode causar 
aversão� Podemos considerar algumas categorias 
dentro desse estilo, os tipos com ligações e sem 
ligações, uma caligrafia de alguém e caligrafia 
tradicional, por exemplo� São exemplos do estilo 
manuscrito: Emily Austin, Arid, Ministry Script�
Decorativa (ou tipos divertidos)
Os tipos do grupo decorativa têm uma função de 
deixar um texto divertido, seu uso é mais bem apli-
28
cado em títulos, por exemplo. É um estilo um tanto 
carregado, que seria desagradável em blocos de 
textos longos, pois são tipos diferentes, com um 
tom extravagante� São exemplos do estilo decora-
tiva: Fajita, The Wall, Tabitta, Blue Sland e Juniper�
TIPOS DE LETRAS POPULARES E 
AS PROPRIEDADES
Você certamente utiliza softwares ou aplicativos 
digitais para produzir textos, como o Microsoft Word� 
Ao produzir algum texto no Word, ou em qualquer 
outra ferramenta de texto, você já explorou a lista 
de tipografias disponíveis?
Pelo Word, na maioria das vezes, realizamos uma 
formatação que vai de configurações de página ao 
design do conteúdo� Alguns dos tipos padrão em 
softwares e na web são: Times New Roman, tipo 
com serifa; Arial, tipo com serifa, e Monospace, 
tipo com letras que possuem o mesmo espaço 
horizontal�
Ao trabalhar com tipografia na criação de uma peça 
publicitária, ou mesmo em um arquivo simples de 
texto, devemos saber selecionar qual é o melhor 
tipo ou família tipográfica. As formatações básicas 
são o estilo, o tamanho, o contraste, a combinação 
entre tipos e suas propriedades, que podem ser 
descritas em idiomas diversos, isso dependerá 
29
do país de origem do tipo. As propriedades mais 
usuais são: regular, itálico regular, negrito, bold 
itálico, extra negrito, extra bold itálico, thin, thin 
itálico, extra light, extra light itálico, light itálico, 
itálico. Observe a seguir algumas formatações 
aplicadas aos tipos da família tipográfica Times.
Figura 10: Formatação do tipo Times� Ferramenta Adobe 
Illustrator�
Fonte: Elaboração própria�
Essas propriedades podem ser aplicadas na forma-
ção dos tipos de uma família tipográfica. Alguns 
tipos de letras possuem todas as propriedades 
que estão em curso de uso no design, e na produ-
ção de conteúdo, mas isso não é padrão, porque 
alguns tipos são mais limitados, oferecem apenas 
as propriedades mais comuns como regular, bold 
e itálico, e ainda pode oferecer apenas uma das 
propriedades, isso dependerá do criador do tipo�
Ao explorar o universo da tipografia, você per-
ceberá que os tipos são identificados por nome, 
isso porque é a forma de conceder os créditos ao 
criador, ou fundidor, do tipo de letra ou da família 
30
tipográfica. Observe a seguir uma impressão de 
texto com o tipo Old Style�
Figura 11: O espécime original da Miller & Richard para 
suas fontes old style�
Fonte: Wikimedia�
FONTE, TIPO, FONTE TIPOGRÁFICA 
E TIPOGRAFIA
Todo e qualquer profissional precisa ter clareza 
sobre as terminologias de sua área� No caso de 
31
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f7/Old_Style.jpg
designers, publicitários ou produtores multimídia, 
há uma confusão em relação aos tipos de letras, 
pois em linguagem popular circula o uso que, pelo 
viés normativo, é equivocado� Vamos entender 
melhor os significados que permeiam o universo 
da tipografia?
Tipo e fonte têm o mesmo significado, porém, o 
correto mesmo seria apenas tipo de letra e não fonte, 
mas fonte tem sido utilizado em substituição ao 
tipo no mundo da criação, portanto, popularmente, 
tipo e fonte têm o mesmo significado. Fonte tipo-
gráfica diz respeito às fontes de tipos, os tipos de 
letras são os estilos que a que temos acesso para 
utilizar em uma composição, os tipos geralmente 
pertencem a uma família tipográfica, já a tipografia 
é o processo criativo, o arranjo visual com uso de 
fontes tipográficas e outros elementos no design.
Assista ao vídeo Johannes Gutenberg e a Máquina de 
Impressão para conhecer de maneira mais aprofun-
dada os eventos em torno da invenção da escrita e 
dos tipos. Disponível em: https://www�youtube�com/
watch?v=Z3BswXJvakE�
SAIBA MAIS
32
https://www.youtube.com/watch?v=Z3BswXJvakE
https://www.youtube.com/watch?v=Z3BswXJvakE
Após todos esses temas, é parte do nosso pro-
cesso de aprendizagem analisar, refletir e praticar 
o que aprendemos. Essas estratégias beneficiam 
nossa compreensão sobre o que estudamos� Dito 
isso, sugiro a você que faça um estudo por meio 
de um software, ferramenta ou aplicativo que 
tenha acesso, pode ser no Word, no Illustrator da 
Adobe ou na web� Produza um texto e explore as 
ferramentas de formatação do tipo de letra (estilo). 
Observe cada tipo ou família tipográfica disponível, 
fazendo uma lista de blocos de textos aplicando 
as propriedades de modo alternado� Use bold, itá-
lico, regular e todas as propriedades disponíveis, 
compare alguns tipos, os estilos que você viu no 
tema formatação de tipos de letras e brinque com 
a formatação de modo criativo�
33
A TIPOGRAFIA NO DESIGN 
GRÁFICO
Agora, falaremos sobre a tipografia no design grá-
fico, entenderemos a relação de tipos, a tipografia 
e os princípios de design. Conheceremos também 
como criar uma biblioteca tipográfica e editar tipos 
para designs criativos�
A RELAÇÃO DE TIPOS NO DESIGN
Você já conhece os estilos de tipos e as proprie-
dades disponíveis para os tipos, lembrando que, 
dependendo do tipo ou da família tipográfica, as 
propriedades variam� Esse conhecimento é o prin-
cípio para se trabalhar com a tipografia no design 
gráfico. Quanto mais conhecimento você tiver 
sobre as categorias de tipos, que crescem cons-
tantemente a cada dia, melhor você trabalhará com 
tipografia em seus projetos gráficos. Retomando as 
categorias de estilo, temos: estilo antigo, moderno, 
serifa grossa, sem serifa, manuscrita e decorativa�
A tipografia tem um peso extremamente importante 
no design gráfico, pode ser considerada a base do 
todo design� Se bem trabalhada torna o projeto um 
sucesso, se mal trabalhada pode levar o projeto 
ao fracasso� Tanto no impresso quanto no digital 
é preciso estabelecer uma relação que pode ser 
34
concordante, conflitante ou contrastante. Vamos 
entenderisso melhor?
A relação concordante é a que não varia em estilo, 
peso e propriedades, usa-se apenas uma família de 
tipos de letras, dependendo do trabalho realizado, 
como a diagramação, pode passar a impressão 
de serenidade, calma ou formalidade, porém, o 
objetivo principal da concordante é deixar o projeto 
harmonioso;
 y A relação conflitante é quando ocorre o uso de 
mais de um tipo de letra, tipos distintos que, apesar 
de não pertencerem à mesma família tipográfica, 
são similares, ou seja, o conflito se mostra pela 
semelhança e pela diferença, ocorre uma atração 
visual pelo que parece ser concordante, mas há um 
conflito pouco perceptível porque não há contraste 
pela diferença;
 y A relação contrastante é quando se utiliza tipos 
notavelmente distintos, que geram o contraste, e 
que somados a elementos visuais que também 
contrastam chamam a atenção, pois geram uma 
atratividade�
Ao partirmos para uma composição gráfica, é 
preciso bastante atenção para selecionarmos as 
tipografias de modo que elas cumpram o objetivo 
de comunicação. Uma peça gráfica pode ter o 
objetivo de ser provocativa, de ser engraçada, de 
35
ser irritante ou de causar mal-estar� A atenção é 
essencial para que não provoquemos mal-estar e 
irritação ao invés de bem-estar e tranquilidade, ou 
comunicar de modo engraçado quando o objetivo é 
ser formal� Isso tudo pode ocorrer se a combinação 
de tipos não for adequada� Observemos a seguir 
alguns exemplos gráficos simples:
Figura 12: Relação concordante: tipo Barlow Semi Con-
densed (primeira letra e primeira palavra com a proprieda-
de bold)�
Fonte: Elaboração própria�
Figura 13: Relação conflitante: tipos Barlow Semi Conden-
sed e Roboto Condensend (o texto diferenciado usa o tipo 
Roboto no trecho “aplique em seus designers[���]”)�
Fonte: Elaboração própria�
Figura 14: Relação contrastante: tipos Barlow Semi Con-
densed e Boogaloo Regular (o texto com a propriedade 
bold é o tipo Boogaloo)�
Fonte: Elaboração própria�
36
TIPOGRAFIA E OS PRINCÍPIOS DE 
DESIGN
Ao trabalharmos com tipografia, os princípios de 
design devem sempre ser retomados� Você sabe 
quais são esses princípios? Falaremos sobre eles, 
mas, antes, queremos que saiba que os princípios 
de design são aplicados em toda uma composição, 
você que definirá o design a partir das possibili-
dades criativas, norteadas pelas boas práticas de 
design, que começam pelos princípios que são: 
contraste, repetição, alinhamento e proximidade� 
Observe a seguir um exemplo simples de contraste 
com tipografia.
Figura 15: Contraste tipográfico – contraste de tamanho, 
cor e propriedade�
Fonte: Elaboração própria�
Quer se aprofundar de maneira leve no estudo de ti-
pografia e entender seu uso no design gráfico? O livro 
Design para quem não é designer: princípios de design 
e tipografia para iniciantes, de Robin Williams, oferece 
SAIBA MAIS
37
uma série de informações sobre o universo do design 
gráfico, e isso inclui a tipografia.
BIBLIOTECA TIPOGRÁFICA E EDIÇÃO 
DE TIPOS PARA DESIGNS CRIATIVOS
Se você é designer, publicitário, produtor de conte-
údo ou se pretende exercer essas funções, já deve 
ter compreendido a importância da tipografia em 
projetos gráficos. Nós falamos em nossa jornada 
de estudos que é importante sempre buscar refe-
rências, os projetos visuais que vemos pela web 
ou até nas ruas, em painéis de metrô e/ou relógios 
de rua, são ótimas fontes de inspiração� Observe 
como o trabalho com tipografia é realizado.
Agora, sabendo tudo que você sabe, é hora de ter 
sua própria biblioteca tipográfica. E como fazer isso? 
É simples. Há disponível na web uma infinidade de 
tipos para download gratuito ou pagando pequenos 
valores para os designers que os criaram� Explore 
o acervo de tipos disponíveis e faça o download 
dos tipos que lhe agradam de cada estilo� Utilize 
algum software e/ou ferramenta que permita a 
instalação dos tipos (ou das fontes) e faça um 
teste com os tipos obtidos�
38
Explore os sites e vá montando sua biblioteca tipográ-
fica. Confira abaixo:
dafont.com. Disponível em: https://www�dafont�com/pt/�
Google fonts. Disponível em: https://fonts�google�com/�
Com os avanços tecnológicos e as ferramentas 
disponibilizadas no mercado, podemos produzir 
coisas incríveis, inclusive realizar composições 
editando os tipos que obtemos pela web, ou que 
já vêm acessíveis em ferramentas e softwares. 
Observe a seguir uma edição de tipo de letra rea-
lizada no software Adobe Illustrator�
Figura 16: Edição de tipo de letra (software Adobe 
Illustrator)�
Fonte: Elaboração própria�
Note que o texto “tipo” está em caixa alta e é se-
rifado, trata-se do tipo Times� Já a outra parte do 
SAIBA MAIS
39
https://www.dafont.com/pt/
https://fonts.google.com/
texto, “de letra”, está em caixa baixa e é sem serifa, 
o tipo utilizado é Myriad Variable Concept�
A tipografia e o público
Algo que é de extrema importância é compreender 
o objetivo de comunicação de uma peça gráfica� 
Precisamos conhecer o público-alvo com o qual uma 
campanha, uma revista, um anúncio ou um post irá se 
comunicar� Para impactar o público de modo assertivo, 
devemos conhecer suas características socioculturais; 
por exemplo, ao criar uma peça para impactar crianças, 
um estilo moderno não é o mais adequado para o título 
destaque da peça, o estilo decorativo pode ser muito 
mais interessante, pois esse estilo possui uma variedade 
de tipos que são divertidos, engraçados, que soam a 
infância� Entendeu? Sempre que for criar, analise seu 
público e faça um estudo de tipos de letras�
Se você tiver acesso a esse software, ou qualquer 
outro que permita realizar edições como essa, 
coloque a mão na massa e comece a explorar sua 
criatividade no design� E essa é a última proposta 
prática que deixo para você�
SAIBA MAIS
40
TIPOGRAFIA E MENSAGEM
Nós já estudamos tipografia, sabemos o grau de 
sua importância em um projeto gráfico, mas pre-
cisamos olhar para a tipografia em suas raízes. 
Foi por meio da criação dos tipos de letras que as 
mensagens passaram a circular pelo mundo� Des-
de a escrita cuneiforme, e as demais variações do 
mesmo período, até os tipos móveis de Gutenberg, 
a escrita sofreu grandes avanços e possibilitou a 
transmissão de mensagens em grande escala� No 
entanto, as mensagens precisavam ser decodificadas 
para além das restrições entre escribas e algumas 
figuras sociais que tinham acesso privilegiado.
O lado bom de toda inovação e avanço tecnológico 
é que, com isso, ocorre a necessidade de mudança 
na estrutura social, e foi isso que a evolução da 
escrita exigiu, pois, as mensagens precisavam de 
decodificadores, de leitores para se manterem vivas 
e, para isso, a população precisaria aprender a ler e 
a escrever� Com o acesso de um maior número de 
pessoas à alfabetização, as mensagens ganharam 
cada vez mais espaço na sociedade e na vida das 
pessoas, proliferando sabedorias, conhecimentos 
e ensinamentos�
Podemos observar na contemporaneidade quanto 
avanço ocorreu em nossa sociedade, quantas novas 
invenções, explanações e produções de conheci-
41
mentos a escrita possibilitou, quantas mensagens 
circularam pelo mundo de um estado para outros, 
de um país para outro, por meio de cartas, bilhetes 
e, atualmente, por e-mails e chats�
Mensagem é pensamento, sem pensamento não 
há mensagem com sentido e sem meio para ma-
terializar a mensagem só teríamos o pensamento 
no espaço da mente� A sociedade já produziu uma 
infinidade de mensagens escritas em meios como 
livros, cartas, revistas, jornais e peças publicitárias�
No início da publicidade, havia uma ênfase nos 
tipos de letras para os anúncios, que seguiam um 
certo padrão porque havia pouca variedade� Hoje, 
há tantos tipos de letras e/ou famílias tipográficas 
que temos dificuldades para escolher uma tipo-
grafia para a nossa mensagem, principalmente se 
for para uma peça publicitária, porque precisamos 
adequar o tipo de letra ao perfil do público, o que 
não era uma exigência no iníciodos tempos da 
publicidade, devido à escassez de tipos� Mas os 
tempos mudaram, as pessoas são mais conscien-
tes, alfabetizadas e possuem acesso a diversas 
mensagens o tempo todo, por isso, o mundo se 
tornou mais exigente�
A mensagem para um público infantil requer uma 
tipografia específica e existe uma variedade de 
tipos de letra, como as decorativas, que possuem 
42
traços divertidos e engraçados, por exemplo� Se a 
tipografia não for coerente com o perfil do público, 
certamente o efeito da mensagem não ocorrerá 
como planejado e/ou desejado, portanto, é preciso 
selecionar sempre a tipografia de acordo com a 
mensagem�
Você já parou para pensar como seria nossa sociedade 
nos dias de hoje se não fôssemos alfabetizados? O 
que estaríamos produzindo e fazendo no mundo? E os 
escritores, os jornalistas, pesquisadores, professores, 
o que eles seriam?
Possivelmente não haveria livros, o sistema de educação 
que existe, este e-book que você está lendo, não existiria�
Será que o mundo teria evoluído tanto sem a criação e 
a evolução da escrita? Certamente, a mentalidade da 
humanidade estaria bem distante da realidade de hoje e 
a quantidade de informações que temos não teria sinais 
de existência, pois evoluímos por meio dos estudos, do 
contato com as diversas mensagens escritas em suas 
mais variadas formas e propósitos. A tipografia, dentro 
de sua perspectiva existencial, além de nos informar e 
formar, nos apresenta as mensagens com estilo, quando 
há um bom trabalho de design� Por isso, é importante 
valorizar a tipografia e a mensagem.
REFLITA
43
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste e-book estudamos como surgiu a escrita por 
uma viagem histórica em nosso mundo e como 
se deu o seu processo de evolução até os nossos 
dias atuais� Descobrimos a origem do alfabeto e 
quando se desenvolveu a escrita alfabética, você 
observou uma linha do tempo da escrita, que ajuda 
a compreender melhor o processo evolutivo�
Estudamos a tipografia desde a inovação dos tipos 
móveis de Gutenberg, que impulsionou a cultura 
escrita e a impressão de textos escritos, conhece-
mos as formatações de tipos de letras, os estilos 
dos tipos antiga, moderna, serifa grossa, sem serifa, 
manuscrita e decorativa, e também observamos 
um exemplo de anatomia do tipo�
Conhecemos as propriedades dos tipos disponí-
veis como regular, bold e itálico, dentre outras, e 
diferenciamos o significado entre fonte, tipo, fonte 
tipográfica e tipografia. Estudamos a tipografia 
no design gráfico, compreendendo a relação de 
tipo concordante, conflitante e contrastante, en-
tendendo quais são os princípios de design e, por 
fim, aprendemos o caminho para construir uma 
biblioteca tipográfica e para editar tipos de letras.
44
Referências Bibliográficas 
& Consultadas
BUENO, L� Linguagem das artes visuais� 
Curitiba: InterSaberes, 2012� [Biblioteca Virtual]�
CONSOLO, C� Marcas: design estratégico – do 
símbolo à gestão da identidade corporativa. São 
Paulo: Blucher, 2015� [Biblioteca Virtual]�
FARINA, M�; BASTOS, D�; PEREZ, C� 
Psicodinâmica das cores em comunicação� 6� 
ed� São Paulo: Blucher, 2011� [Biblioteca Virtual]�
FONSECA, J� da� Tipografia & Design gráfico: 
design e produção de impressos e livros� Porto 
Alegre: Bookman, 2008�
FREITAS, R� O� T� de� Design de superfície: 
ações comunicacionais táteis nos processos 
de criação� São Paulo: Blucher, 2018� [Biblioteca 
Virtual]�
MAZZAROTO, M� Design gráfico aplicado 
à publicidade� Curitiba: InterSaberes, 2018� 
[Biblioteca Virtual]�
PIETROFORTE, A� V� Análise do texto visual: a 
construção da imagem� São Paulo: Contexto, 
2007� [Biblioteca Virtual]�
WILLIAMS, R� Design para quem não é designer� 
São Paulo: Callis, 2013� [Biblioteca Virtual]�
WOLF, P� J� Design gráfico: um dicionário visual 
de termos para um design global� São Paulo: 
Blucher, 2011� [Biblioteca Virtual]�
	_Hlk89614713
	_Hlk89509962
	Introdução
	Surgimento da escrita
	Viagem histórica: do desenho à escrita
	O alfabeto
	A tipografia
	A inovação de Gutenberg
	Compreendendo tipografia
	Formatação dos tipos de letras
	Produção de conteúdo, Anatomia e estilo tipográfico
	Tipos de letras populares e as propriedades
	Fonte, tipo, fonte tipográfica e tipografia
	A tipografia no Design Gráfico
	A relação de tipos no design
	Tipografia e os princípios de design
	Biblioteca tipográfica e edição de tipos para designs criativos
	Tipografia e mensagem
	Considerações finais
	Referências Bibliográficas & Consultadas

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