Buscar

O Império e a Formação da Elite na Educação Brasileira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 � identificar os aspectos sociais e políticos desse período histórico;
 � compreender a influência da constituição do Império 
e da classe elitista na formação educacional brasileira; e.
 � analisar as reformas educacionais a partir do contexto 
da vinda da família real para o Brasil. 
O Império e a formação da elite
INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA UNIDADE 01 AULA 02
2
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite
2 COMEÇANDO A HISTÓRIA
Vamos iniciar esta nova aula apresentando, através de um fragmento do 
texto de Piletti; Piletti (2000, p. 176), um panorama da vinda da família real 
portuguesa para o Brasil e as contribuições para o avanço ou recuo da nossa 
educação. 
Com a vinda da família real Portuguesa para o Brasil 
(1808) e com a independência (1822), a preocupação 
fundamental do governo, no que se refere à educação, 
passou a ser a formação das elites dirigentes do país. 
Ao invés de procurar montar um sistema nacional de 
ensino, integrado em todos os seus graus e modalidades, 
as autoridades preocuparam-se mais em criar algumas 
escolas superiores e em regulamentar as vias de acesso a 
seus cursos, especialmente através do curso secundário 
e dos exames de ingresso aos estudos de nível superior. 
(PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. Filosofia e História da 
Educação. 15. ed. São Paulo: Ática, 2000. p. 176)
Nesse fragmento de texto, no qual os autores introduzem, no seu livro, o 
período da constituição do Império e da formação da nossa elite, é necessário 
pararmos para refletir sobre o fenômeno da vinda da família real para o Brasil, 
trazendo algumas questões que, confrontadas com a era educacional dos 
jesuítas, nos remete a compreender as verdadeiras intenções desses momentos 
pelos quais passaram a formação da educação brasileira.
3 TECENDO CONHECIMENTO
3.1 Vinda da família real para o Brasil: transformações reais 
e providenciais
A mudança da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, foi um divisor 
de águas para a sociedade brasileira, pois mudou a sua situação, elevando sua 
posição, que passa de colônia para se tornar a sede do Reino, trazendo, com 
isso, transformações sociais, políticas e econômicas durante os primeiros vinte 
anos do século XIX. E com toda essa efervescência de acontecimentos, resta-nos 
a seguinte questão, caro aluno: como ficou organizado o sistema educacional 
no Brasil, diante de todas essas transformações?
Do ponto de vista econômico, extinguiram-se as relações de exploração 
metrópole-colônia tão presente e deu-se início à implantação de atividades 
industriais, sejam elas estatais ou privadas, para subsidiar o comércio que 
interessava a metrópole. 
Nessa perspectiva, a vinda de D. João VI originou as modificações do sistema 
econômico que se deu a partir da abertura dos portos e da revogação do alvará 
que proibia a instalação de manufaturas. Todas essas transformações no Brasil 
já apontavam para a proclamação de sua independência, tema esse que iremos 
tratar mais adiante. 
No contexto político, a necessidade da instalação e acomodação do 
governo português no Brasil obrigou uma reorganização administrativa com 
a nomeação de titulares dos ministérios e o estabelecimento da cidade do Rio 
de Janeiro como capital de quase todos os órgãos de administração pública e 
da justiça. 
Outro aspecto que merece destaque é o desenvolvimento urbano de 
Salvador, Recife e Vila Rica, que contou com o aumento da sua população. 
Daremos destaque à cidade do Rio de Janeiro, que recebeu mais de 15.000 
pessoas, dobrando a sua população e, agora, no lugar de ruas pacatas e 
tranquilas, vemos a invasão de cortesãos, uma cidade movimentada, onde os 
próprios moradores tinham dificuldades de se adequar ao novo ritmo de vida 
que lhes foi imposto. 
Figura 1: Chegada da 
família real ao Brasil. 
3
UNIDADE 01 AULA 02 
4
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite
Para responder a questão anteriormente colocada, em relação a nossa 
educação, podemos dizer que o nosso sistema educacional sofreu profundas 
modificações em toda a sua estrutura, desde a criação de cursos para atender 
a preparação de pessoal para diversas áreas, até a criação da Imprensa Régia, 
Biblioteca Pública, Museu Nacional. 
Caro aluno, você poderá pensar que, diante da nossa colocação anterior, 
com todas essas criações que permearam o campo educacional e cultural do 
nosso país, a tendência natural para essa situação seria uma educação de boa 
qualidade, que desse conta do acesso para as camadas mais carentes da nossa 
população, contudo, a nossa reflexão deverá sempre estar entremeada de uma 
questão: para quem e para quê a educação iria servir? Comecemos por parte... 
Para a educação corresponder a todas essas transformações que ocorriam 
simultaneamente, era necessário caminhar com passos largos e deixar para trás 
toda a prática jesuítica, buscando com veemência cumprir toda a proposta do 
Marquês de Pombal, que era de tornar em sua essência a laicidade, as escolas 
seriam úteis, com a finalidade de servir ao Estado. Agora, mais do que nunca, 
seria necessário formar a elite dirigente do país, criando vários cursos que 
dessem conta dessa nova demanda. 
Neste primeiro item da aula, apresentamos para você um pouco das 
transformações ocorridas após a chegada da família real ao Brasil, já pontuando 
algumas ações de cunho educativo voltadas para atender a demanda social e 
econômica da época. Agora vamos aprofundar mais os avanços e recuos da 
nossa educação neste contexto.
3.2 O império e a educação: três níveis de ensino
De maneira geral, podemos entender que no século XIX ainda não havia uma 
política sistemática e planejada voltada para pensar a educação do nosso país, 
o que nos leva a crer que as mudanças foram pontuais e isoladas, direcionadas 
para atender somente a resolução de problemas imediatos, sem encará-los de 
forma séria e comprometida, como um todo. 
De acordo com Aranha (2006, p. 221): “Quando a família real chegou ao 
Brasil, existiam as aulas régias do tempo de Pombal, o que obrigou o rei a criar 
escolas, sobretudo superiores, a fim de atender às necessidades vigentes”. 
Dentre os cursos superiores criados por D. João, podemos, através de uma 
linha de tempo, citar os que funcionaram no Rio de Janeiro e na Bahia: 
 � 1808 – Academia de Marinha/ Curso de Anatomia e Cirurgia/ Cadeira 
de Economia
 � 1810 – Academia Real Militar 
 � 1812 – Laboratório de Química e Curso de Agricultura
 � 1816 – Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios
 � 1817 – Curso de Química e de Desenho Técnico
Outras cidades, nessa mesma época, ofereceram também cursos superiores, 
como é o caso de Recife e de Vila Rica, dentre os quais destacamos: cadeira de 
Matemática, História e Desenho. 
Neste momento, em que iniciamos nossa temática central, que é sobre a 
constituição do sistema educacional no Império, e como já observamos que a 
principal preocupação do governo era o ensino secundário e o ensino superior, 
pois, como vimos anteriormente, seu objetivo era preparar a elite dirigente, 
resta-nos questioná-los a partir de uma analogia sobre a construção de uma 
casa: ao se construir uma casa, o pedreiro começa pela cobertura ou pelo 
alicerce, que é a base? Se começasse a construir pela cobertura, o que ocorreria? 
Ele conseguiria dar sustento a essa casa? Qual a relação desse exemplo com o 
que estamos discutindo? 
Para que você visualize melhor a situação da educação daquela época, 
apresentaremos um quadro que resume os três níveis de ensino, baseando-
nos nos seguintes autores: Aranha (2006) e Piletti;Piletti (2000). O quadro é 
construído levando-se em consideração três perspectivas que mostram, ao 
final, o avanço ou não desse nível de ensino, trazendo três categorias:
 � Real - como se encontravam os níveis de ensino na colônia;
 � Pensado - como teoricamente se constituíam esses níveis;� Executado - como de fato estava sendo efetivado na prática. 
5
UNIDADE 01 AULA 02 
6
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite
En
si
no
 P
ri
m
ár
io
O
 E
ns
in
o 
Té
cn
ic
o-
Pr
ofi
ss
io
na
l 
e 
o 
En
si
no
 N
or
m
al
En
si
no
 S
ec
un
dá
ri
o 
e 
En
si
no
 S
up
er
io
r
Real Pensado Executado
 � Oferta de poucas 
escolas, cujas ativi-
dades se restringiam 
à instrução elemen-
tar de ler, 
escrever e contar. 
 � Práticas educativas 
informais de quali-
ficação para suprir 
a mão de obra da 
época. 
 � A formação humanis-
ta, característica mar-
cante na educação 
da época, não esta-
belecia relação com 
os problemas práticos 
e econômicos.
 � Quanto ao ensino 
secundário, per-
manecia sendo 
oferecido a partir de 
aulas avulsas para 
os meninos, herança 
ainda do período co-
lonial, sem a devida 
fiscalização.
 � O ensino superior 
despontava com 
toda a força.
 � Implantação do método de 
ensino mútuo ou monitorial, 
copiado do pedagogo inglês 
Lancaster, cujo objetivo era 
instruir o maior número de 
alunos com o menor gasto 
possível.
 � A instrução primária é gratuita 
a todo cidadão.
Aumentou consideravelmente 
os pedidos de criação de escolas 
de primeiras letras.
 � O ensino não acontecia nas 
escolas, mas no próprio local de 
trabalho, como cais, hospitais, 
marinha, entre outros ambi-
entes.
 � Em 1809 é criado o “Colégio das 
Fábricas”, por meio do decreto 
do Príncipe regente (futuro D. 
João VI).
 � Os principais estabelecimentos 
públicos de ensino secundário 
foram o Ateneu (Rio Grande do 
Norte) e os Liceus da Paraíba 
e Bahia. 
 � O ensino superior é o nível que 
mais interessa às autoridades. 
 � Cursos oferecidos para formar 
a elite dirigente de uma so-
ciedade aristocrática, como a 
brasileira.
 � O ensino secundário foi conturbado 
na medida em que se configurava 
propedêutico, sendo atrelado aos 
interesses do ingresso nos cursos 
superiores. 
 � O ensino superior foi gerido pelo poder 
central.
 � Formação instrumental do trabalho 
para os desvalidos versus formação 
propedêutica, academicista para os 
privilegiados.
 � O ensino técnico-profissional tornou-
se incipiente e marginalizado pelo 
governo, visto que ele não preparava o 
indivíduo para a sua entrada no ensino 
superior. 
 � As primeiras escolas normais foram cria-
das nas províncias da Bahia e do Rio de 
Janeiro, contudo não lograram sucesso 
devido à falta de incentivo e apoio do 
poder público.
 � Os estudos normais abrangiam, além do 
ensino literário, característica dos cursos 
secundários, algumas matérias refer-
entes à função docente.
 � Durante todo o império, pouco ou nada se 
fez em relação à formação dos professores. 
 � Dificuldade de sistematização dos dois 
primeiros níveis, por conta dos inter-
esses elitistas.
 � Por falta de infra-estrutura e de preparo 
por parte dos professores, o método de 
ensino utilizado não surtiu efeito. 
 � O ensino primário continuava sendo 
oferecido em nível de instrumentali-
zação técnica (ler, escrever e contar.)
Diante desse quadro, o que observamos é um panorama do que representou 
a constituição da nossa educação durante o período imperial, o que nos leva a 
compreender a ausência de uma evolução no que diz respeito aos movimentos 
pedagógicos, nos quais constatamos que foram poucas as mudanças, pois o 
aspecto de maior relevância que diz respeito às iniciativas realizadas por D. 
João, apresenta-nos apenas um único propósito de oferecer educação para 
uma elite aristocrática e nobre que se compunha a Corte, fato confirmado com 
a preocupação específica de criação do ensino superior, ficando relegados em 
último plano os outros níveis de ensino (ROMANELLI, 2010).
3.3 Independência e Educação
Outro fator que merece destaque para essa época corresponde à 
independência do Brasil, proclamada por D. Pedro I, no ano de 1822. Esse 
movimento significou a vitória do partido brasileiro, dos moderados, 
constituídos pelos grandes proprietários de terra, defensores da manutenção 
do escravismo e, assim, enquanto a Europa dava voos cada vez mais altos 
para a industrialização, no Brasil a reforma política não propiciou mudanças 
econômicas e sociais significativas (ARANHA, 2006).Ainda, segundo Niskier 
(1989, p. 97): 
O rompimento do vínculo de sujeição política a Portugal em 
consequência dos acontecimentos políticos ocorridos no 
Brasil desde a jornada do Fico, em 09 de janeiro de 1822, até 
a solene cerimônia da coroação e sagração do Imperador 
D. Pedro I, em 1º de dezembro do mesmo ano iria provocar 
sensíveis alterações na estrutura administrativa do país. 
Conseguida a autonomia política em 1822, fazia-se necessário uma 
Constituição. Então a Assembleia Geral 
Constituinte e Legislativa do Império do Brasil, 
prevista desde 3 de junho de 1822, compôs-se de 
90 deputados, contudo, o anteprojeto 
constitucional foi elaborado por uma comissão 
de seis deputados que, motivados pelos ideais da 
Revolução Francesa, eles aspiraram, para a 
educação, a um sistema nacional de instrução 
pública, que resultou em lei nunca cumprida.
 
Figura 2:
Constituição de 1824. 
7
UNIDADE 01 AULA 02 
8
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite
A lei de 1827, que trata da criação de um sistema de ensino, é a única, de 
acordo com Aranha (2006, p. 222), “[...] que em mais de um século se promulgou 
sobre o assunto para todo país e que determina a criação de escolas de primeiras 
letras em todas as cidades, vilas e lugarejo.” O que percebemos, caro aluno, com 
a fala da autora supracitada, o ideal de ensino concebido a partir da Lei não 
apresentou grandes evoluções em virtude de seu fracasso por vários fatores, 
dentre os quais destacamos: econômicos, políticos e técnicos. 
O que podemos compreender deste momento de transformações do 
Brasil, situação dada a partir de dois fatores: a vinda da família real para o Brasil 
e a Proclamação da independência por D. Pedro I, deram o mote inicial para 
a composição da cantiga de viola que tem como tema principal a educação 
brasileira, porém não foi eficiente, suscitando muitas expectativas, mas 
frustrando muitos anseios e desejos de mudanças de uma população que 
pouco ganha com os interesses da classe dominante. 
Na verdade, a sistematização da oferta de um ensino público e de qualidade 
para todos fica restrita ao papel, visto que havia muito mais uma preocupação 
com a formação da elite dirigente deste país do que com a formação do povo 
brasileiro, em que os níveis de ensino – primário, técnico-profissional e normal 
– tiveram pouco ou nenhum investimento do poder central.
EXERCITANDO
Acesse os seguintes links, que apresentam a primeira e última Constituição 
do Brasil,apresentada nessa aula e construa questões de análise a partir dos 
capítulos que tratam da Educação. Coloque os seus questionamentos e 
reflexões em um chat, discutindo o seu posicionamento com seus colegas de 
curso. 
Constituição de 1824: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constituicao24.htm
Constituição de 1988: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constitui%C3%A7ao.htm
4 APROFUNDANDO SEU CONHECIMENTO
Para aprofundar melhor seu conhecimento, 
apresentamos o livro: História da Educação e da 
Pedagogia: geral e Brasil, da autora Maria Lúcia de 
Arruda Aranha, Editora Moderna, 384p.ano: 2006.
A autora discute os aspectos sociais, políticos e 
econômicos dos quais o fenômeno da educação 
não se desvincula. A história da educação e 
da pedagogia brasileiras são apresentadas em 
concomitância com a educação geral.
5 TROCANDO EM MIÚDOS
Nesta aula, tratamos da vinda da família real, da independência e da 
construção da 1ª Constituição do Brasil , sempre trazendo para a discussão os 
reflexos para a constituição do nosso sistema educacional, em que, mesmo 
ocorrendo algumas mudanças, praticamente não houve evolução e sim alguns 
retrocessos. Nesse contexto, percebe-se claramente o abismo criadoentre a 
educação para a elite e a educação voltada para as classes menos abastadas, 
reforçando mais ainda a dualidade educacional do nosso país.
Figura 3
9
UNIDADE 01 AULA 02 
10
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite
6 AUTOAVALIANDO
Brasil
(Cazuza)
Não me convidaram
 Pra esta festa pobre
 Que os homens armaram
 Pra me convencer
 A pagar sem ver
 Toda essa droga
 Que já vem malhada
 Antes de eu nascer...
Não me ofereceram
 Nem um cigarro
 Fiquei na porta
 Estacionando os carros
 Não me elegeram
 Chefe de nada
 O meu cartão de crédito
 É uma navalha...
Brasil!
 Mostra tua cara
 Quero ver quem paga
 Pra gente ficar assim
 Brasil!
 Qual é o teu negócio?
 O nome do teu sócio?
 Confia em mim...
Não me convidaram
 Pra essa festa pobre
 Que os homens armaram
 Pra me convencer
 A pagar sem ver
 Toda essa droga
 Que já vem malhada
 Antes de eu nascer...
Não me sortearam
 A garota do Fantástico
 Não me subornaram
 Será que é o meu fim?
 Ver TV a cores
 Na taba de um índio
 Programada
 Prá só dizer "sim, sim"
Brasil!
 Mostra a tua cara
 Quero ver quem paga
 Pra gente ficar assim
 Brasil!
 Qual é o teu negócio?
 O nome do teu sócio?
 Confia em mim...
Grande pátria
 Desimportante
 Em nenhum instante
 Eu vou te trair
 Não, não vou te trair...
Brasil!
 Mostra a tua cara
 Quero ver quem paga
 Pra gente ficar assim
 Brasil!
 Qual é o teu negócio?
 O nome do teu sócio?
 Confia em mim...(2x)
Confia em mim
 Brasil!!
Fonte: Disponível em: <http://letras.terra.com.br/
cazuza/7246/>. Acesso em março de 2012.
Analise a letra da música e, no fórum, faça uma apreciação pessoal sobre 
o texto e a realidade tratada nessa aula, abordando as seguintes dimensões: 
social, econômica, política e educacional do nosso país.
"Brasil" foi composta por Cazuza, George Israel e Nilo Romero no final dos anos oitenta 
(mais precisamente em 1988). 
A música foi uma espécie de manifesto político e social criado em um momento muito 
particular da história do país. Tratava-se do período de redemocratização do Brasil, 
queríamos deixar para trás o passado marcado pela ditadura militar e caminhar em 
direção a um futuro livre e democrático. 
A canção é a sexta faixa do CD Ideologia, lançado em 1988. Estima-se que até hoje 
o álbum tenha vendido mais de 2 milhões de cópias, um número impressionante 
para o mercado nacional.
 Rebeca Fuks Doutora em Estudos da Cultura
Não me convidaram 
Pra esta festa pobre 
Que os homens armaram 
Pra me convencer 
A pagar sem ver 
Toda essa droga 
Que já vem malhada 
Antes de eu nascer 
Com o fim do tenso período marcado pela Ditadura Militar, em 1985, o país estava 
diante da esperança de ver a tão sonhada democracia em vigor. 
Acontece que os políticos, ainda com sede de imposição, montaram um colégio 
eleitoral para a implementação do voto indireto. Ou seja, ainda não seria naquele 
momento que o presidente seria escolhido pelo povo. 
Diretas Já 
Movimento Diretas Já / Créditos: Divulgação 
Por isso, Cazuza usou no primeiro verso o termo festa pobre, porque ele e milhões 
de brasileiros ficaram de fora do circo 
De maneira genial, Cazuza deu nome ao que considerava imoral, desprovido de 
sensibilidade e inteligência por parte dos “homens” que armaram a farsa para 
continuarem no poder oprimindo o povo. 
Não me ofereceram 
Nem um cigarro 
Fiquei na porta 
Estacionando os carros 
Não me elegeram 
Chefe de nada 
O meu cartão de crédito 
É uma navalha 
É sobre a desigualdade e a sensação de não pertencimento, mesmo tendo 
financiado a festa. Afinal, o povo paga os impostos, deveria ser soberano nas 
decisões. E essa era a perspectiva, que não se concretizou e fez com que todos se 
sentissem de fora da festa ( e, de fato, ficaram). 
Quem fica de fora, nada recebe, nem um cigarro, e o que resta é continuar servindo 
a uma minoria. Este segundo verso é a nítida representação da figura do brasileiro 
sem direito a nada, sem poder de compra decente, já que com a inflação não dava 
para garantir o mínimo. 
Brasil! 
Mostra tua cara 
Quero ver quem paga 
Pra gente ficar assim 
Brasil! 
Qual é o teu negócio? 
O nome do teu sócio? 
Confia em mim 
O refrão não deixa de ser uma comemoração de Cazuza por poder, com o fim da 
ditadura militar, criar com mais liberdade e falar, sem censura, aquilo que pensava 
sobre o país. 
Certamente, uma letra que incentiva o povo a se rebelar e deixar o medo de lado 
não teria passado pelo crivo dos militares três anos antes. 
Movimento Diretas Já 
Movimento Diretas Já / Créditos: Divulgação 
Ciente dos interesses financeiros por trás e de alianças, a música questiona qual 
seria o negócio, ou seja, qual seria o plano e quem seria o sócio? A última frase 
surge como um pedido para que se confie no povo. 
Não me sortearam 
A garota do Fantástico 
Não me subornaram 
Será que é o meu fim? 
Ver TV a cores 
Na taba de um índio 
Programada 
Pra só dizer: Sim, sim 
Aqui, Cazuza ironiza a influência da televisão para manipular as pessoas a 
aceitarem o inaceitável, dizendo sempre amém para tudo. 
Como podemos entender que a voz de Cazuza fala por um povo no contexto da 
música, ele não ter sido subornado significa que isso só não ocorreu porque ele 
não participou. Ele sugere que, apesar da esperança de dias melhores, o país 
continuava com as mesmas práticas da política velha. 
Grande pátria 
Desimportante 
Em nenhum instante 
Eu vou te trair 
Não, não vou te trair 
O trecho acima é uma lástima: como um país tão grandioso em riquezas naturais 
é tratado com tamanho desdém político? 
Em seguida, Cazuza toma o lugar de brasileiro apaixonado, que sabe que, apesar 
de todos os problemas, não desiste nunca. 
Até titubeia em alguns momentos, mas escolhe não trair a pátria, um local de 
identidade e pertencimento. 
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Aruda. História da Educação e da Pedagogia: geral e 
Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. 
MANFREDI, Sílvia Maria. Educação Profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002. 
NISKIER, Arnaldo. Educação Brasileira: 500 anos de história (1500-2000). São 
Paulo: Melhoramentos,1989. 
PILETTI, Claudino;PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. 15 ed. São 
Paulo: Ática, 2000.
RIBEIRO, Maria Luísa dos Santos. História da Educação Brasileira: a organização 
escolar. 14 ed. São Paulo: Autores Associados, 1995.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil: (1930-1973) 32. 
ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
	O Império e a formação da elite
	1  OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
	2  COMEÇANDO A HISTÓRIA
	3  TECENDO CONHECIMENTO
	3.1  Vinda da família real para o Brasil: transformações reais e providenciais
	3.2  O império e a educação: três níveis de ensino
	3.3  Independência e Educação
	4  APROFUNDANDO SEU CONHECIMENTO
	5  TROCANDO EM MIÚDOS
	6  AUTOAVALIANDO
	REFERÊNCIAS

Continue navegando