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1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM � identificar os aspectos sociais e políticos desse período histórico; � compreender a influência da constituição do Império e da classe elitista na formação educacional brasileira; e. � analisar as reformas educacionais a partir do contexto da vinda da família real para o Brasil. O Império e a formação da elite INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARAÍBA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA UNIDADE 01 AULA 02 2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite 2 COMEÇANDO A HISTÓRIA Vamos iniciar esta nova aula apresentando, através de um fragmento do texto de Piletti; Piletti (2000, p. 176), um panorama da vinda da família real portuguesa para o Brasil e as contribuições para o avanço ou recuo da nossa educação. Com a vinda da família real Portuguesa para o Brasil (1808) e com a independência (1822), a preocupação fundamental do governo, no que se refere à educação, passou a ser a formação das elites dirigentes do país. Ao invés de procurar montar um sistema nacional de ensino, integrado em todos os seus graus e modalidades, as autoridades preocuparam-se mais em criar algumas escolas superiores e em regulamentar as vias de acesso a seus cursos, especialmente através do curso secundário e dos exames de ingresso aos estudos de nível superior. (PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. 15. ed. São Paulo: Ática, 2000. p. 176) Nesse fragmento de texto, no qual os autores introduzem, no seu livro, o período da constituição do Império e da formação da nossa elite, é necessário pararmos para refletir sobre o fenômeno da vinda da família real para o Brasil, trazendo algumas questões que, confrontadas com a era educacional dos jesuítas, nos remete a compreender as verdadeiras intenções desses momentos pelos quais passaram a formação da educação brasileira. 3 TECENDO CONHECIMENTO 3.1 Vinda da família real para o Brasil: transformações reais e providenciais A mudança da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, foi um divisor de águas para a sociedade brasileira, pois mudou a sua situação, elevando sua posição, que passa de colônia para se tornar a sede do Reino, trazendo, com isso, transformações sociais, políticas e econômicas durante os primeiros vinte anos do século XIX. E com toda essa efervescência de acontecimentos, resta-nos a seguinte questão, caro aluno: como ficou organizado o sistema educacional no Brasil, diante de todas essas transformações? Do ponto de vista econômico, extinguiram-se as relações de exploração metrópole-colônia tão presente e deu-se início à implantação de atividades industriais, sejam elas estatais ou privadas, para subsidiar o comércio que interessava a metrópole. Nessa perspectiva, a vinda de D. João VI originou as modificações do sistema econômico que se deu a partir da abertura dos portos e da revogação do alvará que proibia a instalação de manufaturas. Todas essas transformações no Brasil já apontavam para a proclamação de sua independência, tema esse que iremos tratar mais adiante. No contexto político, a necessidade da instalação e acomodação do governo português no Brasil obrigou uma reorganização administrativa com a nomeação de titulares dos ministérios e o estabelecimento da cidade do Rio de Janeiro como capital de quase todos os órgãos de administração pública e da justiça. Outro aspecto que merece destaque é o desenvolvimento urbano de Salvador, Recife e Vila Rica, que contou com o aumento da sua população. Daremos destaque à cidade do Rio de Janeiro, que recebeu mais de 15.000 pessoas, dobrando a sua população e, agora, no lugar de ruas pacatas e tranquilas, vemos a invasão de cortesãos, uma cidade movimentada, onde os próprios moradores tinham dificuldades de se adequar ao novo ritmo de vida que lhes foi imposto. Figura 1: Chegada da família real ao Brasil. 3 UNIDADE 01 AULA 02 4 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite Para responder a questão anteriormente colocada, em relação a nossa educação, podemos dizer que o nosso sistema educacional sofreu profundas modificações em toda a sua estrutura, desde a criação de cursos para atender a preparação de pessoal para diversas áreas, até a criação da Imprensa Régia, Biblioteca Pública, Museu Nacional. Caro aluno, você poderá pensar que, diante da nossa colocação anterior, com todas essas criações que permearam o campo educacional e cultural do nosso país, a tendência natural para essa situação seria uma educação de boa qualidade, que desse conta do acesso para as camadas mais carentes da nossa população, contudo, a nossa reflexão deverá sempre estar entremeada de uma questão: para quem e para quê a educação iria servir? Comecemos por parte... Para a educação corresponder a todas essas transformações que ocorriam simultaneamente, era necessário caminhar com passos largos e deixar para trás toda a prática jesuítica, buscando com veemência cumprir toda a proposta do Marquês de Pombal, que era de tornar em sua essência a laicidade, as escolas seriam úteis, com a finalidade de servir ao Estado. Agora, mais do que nunca, seria necessário formar a elite dirigente do país, criando vários cursos que dessem conta dessa nova demanda. Neste primeiro item da aula, apresentamos para você um pouco das transformações ocorridas após a chegada da família real ao Brasil, já pontuando algumas ações de cunho educativo voltadas para atender a demanda social e econômica da época. Agora vamos aprofundar mais os avanços e recuos da nossa educação neste contexto. 3.2 O império e a educação: três níveis de ensino De maneira geral, podemos entender que no século XIX ainda não havia uma política sistemática e planejada voltada para pensar a educação do nosso país, o que nos leva a crer que as mudanças foram pontuais e isoladas, direcionadas para atender somente a resolução de problemas imediatos, sem encará-los de forma séria e comprometida, como um todo. De acordo com Aranha (2006, p. 221): “Quando a família real chegou ao Brasil, existiam as aulas régias do tempo de Pombal, o que obrigou o rei a criar escolas, sobretudo superiores, a fim de atender às necessidades vigentes”. Dentre os cursos superiores criados por D. João, podemos, através de uma linha de tempo, citar os que funcionaram no Rio de Janeiro e na Bahia: � 1808 – Academia de Marinha/ Curso de Anatomia e Cirurgia/ Cadeira de Economia � 1810 – Academia Real Militar � 1812 – Laboratório de Química e Curso de Agricultura � 1816 – Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios � 1817 – Curso de Química e de Desenho Técnico Outras cidades, nessa mesma época, ofereceram também cursos superiores, como é o caso de Recife e de Vila Rica, dentre os quais destacamos: cadeira de Matemática, História e Desenho. Neste momento, em que iniciamos nossa temática central, que é sobre a constituição do sistema educacional no Império, e como já observamos que a principal preocupação do governo era o ensino secundário e o ensino superior, pois, como vimos anteriormente, seu objetivo era preparar a elite dirigente, resta-nos questioná-los a partir de uma analogia sobre a construção de uma casa: ao se construir uma casa, o pedreiro começa pela cobertura ou pelo alicerce, que é a base? Se começasse a construir pela cobertura, o que ocorreria? Ele conseguiria dar sustento a essa casa? Qual a relação desse exemplo com o que estamos discutindo? Para que você visualize melhor a situação da educação daquela época, apresentaremos um quadro que resume os três níveis de ensino, baseando- nos nos seguintes autores: Aranha (2006) e Piletti;Piletti (2000). O quadro é construído levando-se em consideração três perspectivas que mostram, ao final, o avanço ou não desse nível de ensino, trazendo três categorias: � Real - como se encontravam os níveis de ensino na colônia; � Pensado - como teoricamente se constituíam esses níveis;� Executado - como de fato estava sendo efetivado na prática. 5 UNIDADE 01 AULA 02 6 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite En si no P ri m ár io O E ns in o Té cn ic o- Pr ofi ss io na l e o En si no N or m al En si no S ec un dá ri o e En si no S up er io r Real Pensado Executado � Oferta de poucas escolas, cujas ativi- dades se restringiam à instrução elemen- tar de ler, escrever e contar. � Práticas educativas informais de quali- ficação para suprir a mão de obra da época. � A formação humanis- ta, característica mar- cante na educação da época, não esta- belecia relação com os problemas práticos e econômicos. � Quanto ao ensino secundário, per- manecia sendo oferecido a partir de aulas avulsas para os meninos, herança ainda do período co- lonial, sem a devida fiscalização. � O ensino superior despontava com toda a força. � Implantação do método de ensino mútuo ou monitorial, copiado do pedagogo inglês Lancaster, cujo objetivo era instruir o maior número de alunos com o menor gasto possível. � A instrução primária é gratuita a todo cidadão. Aumentou consideravelmente os pedidos de criação de escolas de primeiras letras. � O ensino não acontecia nas escolas, mas no próprio local de trabalho, como cais, hospitais, marinha, entre outros ambi- entes. � Em 1809 é criado o “Colégio das Fábricas”, por meio do decreto do Príncipe regente (futuro D. João VI). � Os principais estabelecimentos públicos de ensino secundário foram o Ateneu (Rio Grande do Norte) e os Liceus da Paraíba e Bahia. � O ensino superior é o nível que mais interessa às autoridades. � Cursos oferecidos para formar a elite dirigente de uma so- ciedade aristocrática, como a brasileira. � O ensino secundário foi conturbado na medida em que se configurava propedêutico, sendo atrelado aos interesses do ingresso nos cursos superiores. � O ensino superior foi gerido pelo poder central. � Formação instrumental do trabalho para os desvalidos versus formação propedêutica, academicista para os privilegiados. � O ensino técnico-profissional tornou- se incipiente e marginalizado pelo governo, visto que ele não preparava o indivíduo para a sua entrada no ensino superior. � As primeiras escolas normais foram cria- das nas províncias da Bahia e do Rio de Janeiro, contudo não lograram sucesso devido à falta de incentivo e apoio do poder público. � Os estudos normais abrangiam, além do ensino literário, característica dos cursos secundários, algumas matérias refer- entes à função docente. � Durante todo o império, pouco ou nada se fez em relação à formação dos professores. � Dificuldade de sistematização dos dois primeiros níveis, por conta dos inter- esses elitistas. � Por falta de infra-estrutura e de preparo por parte dos professores, o método de ensino utilizado não surtiu efeito. � O ensino primário continuava sendo oferecido em nível de instrumentali- zação técnica (ler, escrever e contar.) Diante desse quadro, o que observamos é um panorama do que representou a constituição da nossa educação durante o período imperial, o que nos leva a compreender a ausência de uma evolução no que diz respeito aos movimentos pedagógicos, nos quais constatamos que foram poucas as mudanças, pois o aspecto de maior relevância que diz respeito às iniciativas realizadas por D. João, apresenta-nos apenas um único propósito de oferecer educação para uma elite aristocrática e nobre que se compunha a Corte, fato confirmado com a preocupação específica de criação do ensino superior, ficando relegados em último plano os outros níveis de ensino (ROMANELLI, 2010). 3.3 Independência e Educação Outro fator que merece destaque para essa época corresponde à independência do Brasil, proclamada por D. Pedro I, no ano de 1822. Esse movimento significou a vitória do partido brasileiro, dos moderados, constituídos pelos grandes proprietários de terra, defensores da manutenção do escravismo e, assim, enquanto a Europa dava voos cada vez mais altos para a industrialização, no Brasil a reforma política não propiciou mudanças econômicas e sociais significativas (ARANHA, 2006).Ainda, segundo Niskier (1989, p. 97): O rompimento do vínculo de sujeição política a Portugal em consequência dos acontecimentos políticos ocorridos no Brasil desde a jornada do Fico, em 09 de janeiro de 1822, até a solene cerimônia da coroação e sagração do Imperador D. Pedro I, em 1º de dezembro do mesmo ano iria provocar sensíveis alterações na estrutura administrativa do país. Conseguida a autonomia política em 1822, fazia-se necessário uma Constituição. Então a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil, prevista desde 3 de junho de 1822, compôs-se de 90 deputados, contudo, o anteprojeto constitucional foi elaborado por uma comissão de seis deputados que, motivados pelos ideais da Revolução Francesa, eles aspiraram, para a educação, a um sistema nacional de instrução pública, que resultou em lei nunca cumprida. Figura 2: Constituição de 1824. 7 UNIDADE 01 AULA 02 8 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite A lei de 1827, que trata da criação de um sistema de ensino, é a única, de acordo com Aranha (2006, p. 222), “[...] que em mais de um século se promulgou sobre o assunto para todo país e que determina a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugarejo.” O que percebemos, caro aluno, com a fala da autora supracitada, o ideal de ensino concebido a partir da Lei não apresentou grandes evoluções em virtude de seu fracasso por vários fatores, dentre os quais destacamos: econômicos, políticos e técnicos. O que podemos compreender deste momento de transformações do Brasil, situação dada a partir de dois fatores: a vinda da família real para o Brasil e a Proclamação da independência por D. Pedro I, deram o mote inicial para a composição da cantiga de viola que tem como tema principal a educação brasileira, porém não foi eficiente, suscitando muitas expectativas, mas frustrando muitos anseios e desejos de mudanças de uma população que pouco ganha com os interesses da classe dominante. Na verdade, a sistematização da oferta de um ensino público e de qualidade para todos fica restrita ao papel, visto que havia muito mais uma preocupação com a formação da elite dirigente deste país do que com a formação do povo brasileiro, em que os níveis de ensino – primário, técnico-profissional e normal – tiveram pouco ou nenhum investimento do poder central. EXERCITANDO Acesse os seguintes links, que apresentam a primeira e última Constituição do Brasil,apresentada nessa aula e construa questões de análise a partir dos capítulos que tratam da Educação. Coloque os seus questionamentos e reflexões em um chat, discutindo o seu posicionamento com seus colegas de curso. Constituição de 1824: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituicao24.htm Constituição de 1988: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constitui%C3%A7ao.htm 4 APROFUNDANDO SEU CONHECIMENTO Para aprofundar melhor seu conhecimento, apresentamos o livro: História da Educação e da Pedagogia: geral e Brasil, da autora Maria Lúcia de Arruda Aranha, Editora Moderna, 384p.ano: 2006. A autora discute os aspectos sociais, políticos e econômicos dos quais o fenômeno da educação não se desvincula. A história da educação e da pedagogia brasileiras são apresentadas em concomitância com a educação geral. 5 TROCANDO EM MIÚDOS Nesta aula, tratamos da vinda da família real, da independência e da construção da 1ª Constituição do Brasil , sempre trazendo para a discussão os reflexos para a constituição do nosso sistema educacional, em que, mesmo ocorrendo algumas mudanças, praticamente não houve evolução e sim alguns retrocessos. Nesse contexto, percebe-se claramente o abismo criadoentre a educação para a elite e a educação voltada para as classes menos abastadas, reforçando mais ainda a dualidade educacional do nosso país. Figura 3 9 UNIDADE 01 AULA 02 10 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - O Império e a formação da elite 6 AUTOAVALIANDO Brasil (Cazuza) Não me convidaram Pra esta festa pobre Que os homens armaram Pra me convencer A pagar sem ver Toda essa droga Que já vem malhada Antes de eu nascer... Não me ofereceram Nem um cigarro Fiquei na porta Estacionando os carros Não me elegeram Chefe de nada O meu cartão de crédito É uma navalha... Brasil! Mostra tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim... Não me convidaram Pra essa festa pobre Que os homens armaram Pra me convencer A pagar sem ver Toda essa droga Que já vem malhada Antes de eu nascer... Não me sortearam A garota do Fantástico Não me subornaram Será que é o meu fim? Ver TV a cores Na taba de um índio Programada Prá só dizer "sim, sim" Brasil! Mostra a tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim... Grande pátria Desimportante Em nenhum instante Eu vou te trair Não, não vou te trair... Brasil! Mostra a tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim...(2x) Confia em mim Brasil!! Fonte: Disponível em: <http://letras.terra.com.br/ cazuza/7246/>. Acesso em março de 2012. Analise a letra da música e, no fórum, faça uma apreciação pessoal sobre o texto e a realidade tratada nessa aula, abordando as seguintes dimensões: social, econômica, política e educacional do nosso país. "Brasil" foi composta por Cazuza, George Israel e Nilo Romero no final dos anos oitenta (mais precisamente em 1988). A música foi uma espécie de manifesto político e social criado em um momento muito particular da história do país. Tratava-se do período de redemocratização do Brasil, queríamos deixar para trás o passado marcado pela ditadura militar e caminhar em direção a um futuro livre e democrático. A canção é a sexta faixa do CD Ideologia, lançado em 1988. Estima-se que até hoje o álbum tenha vendido mais de 2 milhões de cópias, um número impressionante para o mercado nacional. Rebeca Fuks Doutora em Estudos da Cultura Não me convidaram Pra esta festa pobre Que os homens armaram Pra me convencer A pagar sem ver Toda essa droga Que já vem malhada Antes de eu nascer Com o fim do tenso período marcado pela Ditadura Militar, em 1985, o país estava diante da esperança de ver a tão sonhada democracia em vigor. Acontece que os políticos, ainda com sede de imposição, montaram um colégio eleitoral para a implementação do voto indireto. Ou seja, ainda não seria naquele momento que o presidente seria escolhido pelo povo. Diretas Já Movimento Diretas Já / Créditos: Divulgação Por isso, Cazuza usou no primeiro verso o termo festa pobre, porque ele e milhões de brasileiros ficaram de fora do circo De maneira genial, Cazuza deu nome ao que considerava imoral, desprovido de sensibilidade e inteligência por parte dos “homens” que armaram a farsa para continuarem no poder oprimindo o povo. Não me ofereceram Nem um cigarro Fiquei na porta Estacionando os carros Não me elegeram Chefe de nada O meu cartão de crédito É uma navalha É sobre a desigualdade e a sensação de não pertencimento, mesmo tendo financiado a festa. Afinal, o povo paga os impostos, deveria ser soberano nas decisões. E essa era a perspectiva, que não se concretizou e fez com que todos se sentissem de fora da festa ( e, de fato, ficaram). Quem fica de fora, nada recebe, nem um cigarro, e o que resta é continuar servindo a uma minoria. Este segundo verso é a nítida representação da figura do brasileiro sem direito a nada, sem poder de compra decente, já que com a inflação não dava para garantir o mínimo. Brasil! Mostra tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim O refrão não deixa de ser uma comemoração de Cazuza por poder, com o fim da ditadura militar, criar com mais liberdade e falar, sem censura, aquilo que pensava sobre o país. Certamente, uma letra que incentiva o povo a se rebelar e deixar o medo de lado não teria passado pelo crivo dos militares três anos antes. Movimento Diretas Já Movimento Diretas Já / Créditos: Divulgação Ciente dos interesses financeiros por trás e de alianças, a música questiona qual seria o negócio, ou seja, qual seria o plano e quem seria o sócio? A última frase surge como um pedido para que se confie no povo. Não me sortearam A garota do Fantástico Não me subornaram Será que é o meu fim? Ver TV a cores Na taba de um índio Programada Pra só dizer: Sim, sim Aqui, Cazuza ironiza a influência da televisão para manipular as pessoas a aceitarem o inaceitável, dizendo sempre amém para tudo. Como podemos entender que a voz de Cazuza fala por um povo no contexto da música, ele não ter sido subornado significa que isso só não ocorreu porque ele não participou. Ele sugere que, apesar da esperança de dias melhores, o país continuava com as mesmas práticas da política velha. Grande pátria Desimportante Em nenhum instante Eu vou te trair Não, não vou te trair O trecho acima é uma lástima: como um país tão grandioso em riquezas naturais é tratado com tamanho desdém político? Em seguida, Cazuza toma o lugar de brasileiro apaixonado, que sabe que, apesar de todos os problemas, não desiste nunca. Até titubeia em alguns momentos, mas escolhe não trair a pátria, um local de identidade e pertencimento. REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lúcia de Aruda. História da Educação e da Pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. MANFREDI, Sílvia Maria. Educação Profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002. NISKIER, Arnaldo. Educação Brasileira: 500 anos de história (1500-2000). São Paulo: Melhoramentos,1989. PILETTI, Claudino;PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. 15 ed. São Paulo: Ática, 2000. RIBEIRO, Maria Luísa dos Santos. História da Educação Brasileira: a organização escolar. 14 ed. São Paulo: Autores Associados, 1995. ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil: (1930-1973) 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. O Império e a formação da elite 1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 2 COMEÇANDO A HISTÓRIA 3 TECENDO CONHECIMENTO 3.1 Vinda da família real para o Brasil: transformações reais e providenciais 3.2 O império e a educação: três níveis de ensino 3.3 Independência e Educação 4 APROFUNDANDO SEU CONHECIMENTO 5 TROCANDO EM MIÚDOS 6 AUTOAVALIANDO REFERÊNCIAS
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