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INTAÇÃ R A- ANI D ICÇÃO A radiografia simples do tórax continua sendo o primeiro instrumento de avaliação de pacientes com problemas cardiológicos. A análise cardíaca, pelos métodos de imagem, vem apresentando constante ascensão, principalmente em virtude dos avanços da TC e RM, que permitiram um novo escopo sobre o coração. A anatomia cardíaca radiológica resume as estruturas que são delimitadas nas incidências póstero-anterior (PA) e perfil. As estruturas visualizadas em PA são dos contornos mediastinais. Já em perfil visualizamos estruturas cardíacas. Anteriormente, e em íntimo contato com o esterno, temos o ventrículo direito, e posteriormente o átrio esquerdo. O ventrículo esquerdo origina a aorta que segue centrolateralmente à direita em sua porção ascendente, seguindo sua porção transversa, cruzando posteriormente para esquerda, formando o botão aórtico. O ventrículo direito origina o tronco da artéria pulmonar, que tem um trajeto lateral esquerdo, formando a segunda concavidade da linha paracardíaca esquerda. a) Átrio direito ➛ responsável pelo abaulamento da segunda concavidade da linha paracardíaca direita. i) Seu crescimento projeta o coração para direita. ii) Relaciona-se com a doença valvar tricúspide isoladamente, ou como via final de insuficiência cardíaca. b) Ventrículo direito ➛ observado pelo aumento do contato da área cardíaca com o esterno, posteriormente elevando a ponta do coração (bate no esterno e é rechaçado para trás e para esquerda), aumentando o diâmetro transverso do coração. i) Está relacionado com distúrbios da valva pulmonar, shunt da esquerda para direita e hipertensão pulmonar. c) Átrio esquerdo ➛ há aumento do diâmetro transverso do coração e projeção do átrio esquerdo na linha paracardíaca direita (sinal do duplo contorno arterial) e projeta-se posteriormente, rechaçando o átrio e a aorta descendente. d) Ventrículo esquerdo ➛ aumentado em condições patológicas de valva mitral e aórtica, sobrecargas pressóricas (HAS) e doenças do músculo cardíaco (infarto e miocardiopatias). RESUMO DA ANATOMIA ● O coração situa-se no hemitórax anterior, à esquerda da linha média, com o VE posicionado sobre o diafragma esquerdo. ● O átrio direito se estende à direita da linha média para receber o sangue sistêmico da Veia Cava Superior (VCS), Veia Cava Inferior (VCI) e seio coronário. ● O átrio direito e o ventrículo direito situam-se anteriormente ao átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. ● O ventrículo direito é a câmara mais anterior e faz contato com o esterno. ● O átrio esquerdo tem posição subcarinal (abaixo da bifurcação da traquéia, a carina) e é suprido pelas veias pulmonares superiores e inferiores direita e esquerda. ● Na projeção frontal, a margem cardíaca direita é formada pelo AD, com a VCS entrando superiormente e com a VCI inferiormente. ● A margem cardíaca esquerda é dada principalmente pelo VE. A artéria pulmonar e o botão aórtico estendem-se superiormente. ● Na projeção em perfil, o VC forma a margem anterior, adjacente ao esterno. O AE e o VE formam as margens posteriores. AVALIAÇÃO DA SILHUETA CARDÍACA Tamanho: - Índice cardiotorácico: As linhas paracardíacas podem ser utilizadas para uma avaliação subjetiva do seu tamanho. Esta técnica é denominada aferição do índice cardiotorácico, em que se considera o coração de tamanho normal quando o seu maior diâmetro transverso não ultrapassa 50% do diâmetro dos campos pleuro-pulmonares. ● Até 0,5 - PA (em pé); ● Até 0,6 - AP (deitado). Formas: - Coração em moringa - derrame pericárdico ou miocardiopatia generalizada. ● Alargamento do mediastino. Há um aspecto em garrafa ou moringa exibido pelo derrame pericárdico no raio X. Há um grande número do índice cardiotorácico com formato que lembra o de uma garrafa. - Configuração ventricular esquerda ou “Shomoo” - arredondamento e alongamento da borda cardíaca esquerda por aumento do VE. ● Coração mergulhante. Há a retificação da borda cardíaca esquerda, por exemplo, por cardiopatia reumática. - Hipertrofia e dilatação do VD - tende a levantar o ápice e criar um vetor mais horizontal para o eixo cardíaco. ● Coração em “bota”. - Retificação da borda cardíaca esquerda - vista na cardiopatia reumática e estenose mitral. - Aumento do AE: ● Sinal do duplo contorno; ● Sinal da bailarina. - “Montinhos do coração”: ● Botão aórtico aumentado: Presente em ectasias, dilatação ou aneurisma de aorta. ● Arco pulmonar aumentado: O segundo montinho chama mais atenção. Pode ocorrer por hipertensão pulmonar, TEP ou DPOC. ● Aurícula esquerda aumentada: VASCULARIZAÇÃO PULMONAR - Hipertensão arterial pulmonar: Há dilatação do tronco do arco pulmonar e das artérias pulmonares (direita e esquerda). É mais na região hilar, as artérias pulmonares afilam-se rapidamente e a vascularização periférica diminui. O hilo pode estar mais evidente do outro lado. - Hipertensão venosa pulmonar: Pode ser causada por estenose mitral, insuficiência mitral, ou elevação da pressão do VE (estenose aórtica ou ICC). Com o aumento da pressão venosa, ocorrerá edema perivascular, acometendo primeiro os lobos inferiores (o líquido começa a ir para o terceiro espaço). Com a perda de complacência nos lobos inferiores, o fluxo começa a subir, aumentando os vasos do terço superior (a cefalização do fluxo), que é o primeiro sinal radiográfico da ICC e da hipertensão venosa pulmonar. Assim, os vasos ficam mais evidentes na parte superior e o hilo também. - Edema pulmonar - Linhas de Kerley: Linhas horizontais, que fazem conexão com a superfície pleural nas proximidades dos seios costofrênicos. Indica espessamento de septos interlobulares. - Insuficiência cardíaca congestiva: ● Cardiomegalia; ● Aumento de VE e AE; ● Cefalização do fluxo sanguíneo; ● Linhas de Kerley; ● Espessamento das fissuras pulmonares; ● Derrame pleural; ● Edema alveolar em asas de morcego ou borboleta (para dentro do alvéolo) - fase final da hipertensão venosa pulmonar) - opacidade perihilar. INTAÇÃ R OGI Divã atôa d Aéri Aa ANOMALIAS CONGÊNITAS 1. Artéria subclávia direita aberrante: a. Anomalia congênita mais comum (0,5% da população). b. A artéria emerge diretamente do arco aórtico, na sua porção distal e cruza o mediastino obliquamente da esquerda para a direita, posteriormente à traquéia e ao esôfago. c. A dilatação da artéria na sua origem forma o divertículo de Kommerel (até 60% dos casos), pode cursar com disfagia. 2. Arco aórtico à direita: a. Radiografia de tórax evidencia opacidade paratraqueal à direita, com desvio contralateral da traquéia. b. A artéria subclávia esquerda cruza o mediastino posteriormente ao esôfago e à traquéia, podendo determinar diafagia. 3. Arco aórtico duplo: a. Anomalia rara em que os arcos aórticos envolvem a traqueia e o esôfago como um anel. b. As artérias carótidas comum e subclávia direita emergem do arco direito e as esquerdas, do arco esquerdo. Ambos arcos se unem posteriormente formando a aorta descendente. c. Um dos arcos é menor que o outro, rudimentar. d. Pode ser assintomático ou causar disfagia, estridor e pneumonia de repetição. 4. Coartação da aorta: a. Doença congênita obstrutiva luminal em que ocorre um estreitamento focal no segmento descendente proximal, usualmente na região do ducto arterioso. b. Pode haver associação com outras malformações (defeito do septo IV, valva aórtica bicúspide, entre outras). c. A obstrução determina o desenvolvimento de circulação colateral. d. Clinicamente - HAS, pulsos amplos nos MMSS e diminuição ou ausência deles nos MMII. Há visualização de erosões bilaterais no bordo inferior dos arcos costais. Assim como aumento do arco aórtico na radiografia em PA, formando a imagem de um 3. ANEURISMAS Definidos por: uma dilatação localizada, de modo permanente.Quando na aorta, o diâmetro fica 1,5x maior comparado ao normal. As causas mais comuns de aneurismas (80%) são por HAS e aterosclerose. A maioria dos aneurismas tem configuração fusiforme, e os demais saculares. 1. Aneurisma aterosclerótico: a. Causa mais comum de aneurisma, sendo uma doença característica do envelhecimento, que acomete principalmente homens. b. Tendem a ser fusiformes e localizados nos segmentos descendentes da aorta abdominal e infra renal no abdome (sendo concomitantes em até 29% dos casos). c. Observa-se calcificações nas paredes dos vasos. Classificação de Crawford I da subclávia esquerda até o abdome superior II da subclávia esquerda até o segmento distal da aorta III do início do segmento distal da aorta torácica até a bifurcação aórtica IV toda extensão da aorta abdominal 2. Aneurisma micótico: a. Origem inflamatória/infecciosa. b. Principais agentes: Streptococcus, Staphylococcus, Pneumococcus, Salmonella e Gonococcus. c. Sem intervenção cirúrgica podem expandir rapidamente. d. Mais propensos a ruptura. e. São saculares, excêntricos, com contornos irregulares e sem calcificações. Gás na parede ou periférico sugere natureza infecciosa. COMPLICAÇÕES DOS ANEURISMAS A história natural dos aneurismas relaciona-se ao seu calibre, sendo a ruptura a complicação mais grave (mortalidade de 70-94%). ● Sinais de ruptura: ○ Descontinuidade de uma calcificação circunferencial; ○ Crescente periférico com densidade aumentada; ○ Parede posterior indistinta; ○ Extravasamento do meio de contraste. SÍNDROME AÓRTICA AGUDA Dissecção: - Na dissecção aórtica ocorre uma laceração primária da íntima, que permite o acesso do sangue à camada média, com separação das camadas íntima e adventícia. Classificações: 1. De Bakey: a. Tipo I: i. Acomete Ao ascendente e descendente. b. Tipo II: i. Acomete somente Ao ascendente. c. Tipo III: i. acomete somente Ao descendente. 2. Stanford: a. Tipo A: i. acomete Ao ascendente. b. Tipo B: i. acomete apenas a Ao descendente. O diagnóstico de dissecção baseia-se na caracterização do flap intimal (membrana que separa a luz verdadeira da falsa). ❖ Localização (fator determinante do tratamento): ➢ O acometimento da Ao ascendente (50-75% dos casos) indica tratamento cirúrgico pelo risco de complicações (extensão para artérias coronárias, valva aórtica, pericárdio ou pleura; ➢ O acometimento da Ao descendente (normalmente se inicial logo após emergência da subclávia esquerda) usualmente tem tratamento conservador, na ausência de complicações; ➢ É muito importante localizar os sítios de laceração porque a cirurgia e os procedimentos de coloração de prótese objetivam a oclusão da laceração e a formação de trombo na luz falsa. ❖ Definição da luz verdadeira e falsa: ➢ Luz verdadeira: ■ Encontra-se comprimida em 80% dos casos; ■ Quando uma luz envolve a outra, a luz interna é a verdadeira; ■ Calcificações na parede da aorta não permitem separação das duas camadas, assim sua presença indica a íntima da luz verdadeira. ➢ Luz falsa: ■ Em geral, tem calibre maior (fluxo mais lento). ■ Tem maior propensão à trombose; ■ Sinal do bico - ângulo formado na junção da íntima dissecada e da parede da luz falsa. INTAÇÃ R ECA CA PESÃ IÁRA Através da cineangiocoronariografia temos uma avaliação anatômica invasiva, mas não conseguimos determinar qual a repercussão funcional da estenose visualizada e o grau de viabilidade do miocárdio. ECOCARDIOGRAFIA TRANSTORÁCICA ● Baixo custo, alta disponibilidade, auxilia quando a história clínica e o eletrocardiograma não são conclusivos. ● Informa sobre as funções sistólicas e diastólicas do VE e dos fluxos transvalvares. CINTILOGRAFIA DE PERFUSÃO MIOCÁRDICA - CPM ● A CPM é bem indicada para diabéticos, idosos, e pacientes com doença renal crônica. ● Estabelece a presença ou ausência de estenose coronariana significativa.
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