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Asma persistente no adulto Adulto com recidiva de crise de asma Publicado em 26 de Janeiro de 2017 Autores: Sidnéia Tessmer Casarin Editores: Anaclaudia Fassa e Luiz Augusto Facchini Editores Associados: Deisi Cardoso Soares, Everton José Fantinel, Marciane Kessler, Rogério da Silva Linhares, Samanta Bastos Maagh Caso Caucasiano A.F.C. 22 anos Anamnese Queixa principal Falta de ar, chiado no peito, tosse seca. Histórico do problema atual Há dois dias vem apresentando tosse seca e persistente com falta de ar. Hoje apresenta intensificação dos sintomas, chiado no peito e disfonia (enfraquecimento da voz). Histórico História social Estudante universitário. Trabalha como garçom em uma pizzaria à noite. Renda variável, em torno de um salário mínimo. Mora em apartamento de quatro cômodos próximo a universidade, com mais duas pessoas. O apartamento é pouco ventilado, úmido e com áreas de mofo aparente. Um dos moradores é fumante e possui um animal de estimação (gato) que circula por todos os cômodos. Seus pais moram em outro estado da federação, distante cerca de 2.000 km. Filho de pais fumantes, experimentou o cigarro algumas vezes na adolescência, porém não persiste com o hábito. Não pratica exercícios físicos, alegando que não tem tempo devido a sua rotina na universidade e no trabalho. Antecedentes pessoais Episódios recorrentes de asma brônquica (com falta de ar e chiado no peito) desde a infância. No último ano, apresenta sintomas diurnos diários e noturnos uma vez por semana (ao menos). Algumas vezes precisa faltar às aulas na faculdade e ao trabalho em virtude da intensificação dos sintomas. Realizou espirometria aos 20 anos de idade com VEF/CEF <0,7. Quando fez acompanhamento com pneumologista, o qual abandonou há 1,5 anos ao começar a faculdade. Foi vacinado contra a influenza sazonal há três anos durante uma crise. Medicações em uso Salbutamol 120 mcg, três jatos de 4/4h, quando apresenta dispneia. Exame Físico • Inspeção tórax: diâmetro ântero-posterior aumentado; sem retração intercostal • AR: sibilos bilaterais (predominantes na expiração) • AC: normal • Extremidades e mucosas: sem cianose Sinais Vitais e Medidas Antropométricas: • FR: 44 mpm • FC: 115 bpm • T: 36,9°C • PA: 120 x 75 mmHg • Peso: 70,3 kg • Altura: 1,75m Questão 1Escolha simples Quais intervenções para confirmação diagnóstica funcional e classificação da gravidade podem ser utilizadas no caso de A.F.C.? Tomografia Raio-X tórax Não é necessário confirmação com outros exames diagnósticos Exames laboratoriais Espirometria O diagnóstico da asma é basicamente clínico, porém a prova de função pulmonar deve ser realizada sempre que possível, para a confirmação diagnóstica e para a classificação da gravidade. Exames laboratoriais como hemograma são inespecíficos e podem não estar alterados. Outros exames, como o Raio-X de tórax, BK de escarro e tomografias podem ser úteis em casos de diagnóstico diferencial (BRASIL, 2010, p. 24). Saiba mais A Medida do Pico do Fluxo Expiratório (PFE) e a Espirometria são exames considerados para a Prova de Função Pulmonar. A espirometria é o estudo da função pulmonar após expiração forçada. Seu objetivo está centrado em comprovar a presença de processo obstrutivo e demonstrar sua reversibilidade. Para tanto, é avaliado o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e a capacidade vital forçada (CVF). Os valores são comparados com a média esperada para sexo, peso e altura. Considera-se indicativo de asma os pacientes que apresentarem VEF1/CVF<0,7 do previsto para adultos e < 0,9 para crianças, na ausência de outras doenças respiratórias tais como DPOC em adultos ou bronquiolite em crianças (BRASIL, 2010, p. 26). A medida do pico do fluxo expiratório ou também chamada de peak flow é útil para diagnóstico, avaliação da gravidade da crise e para acompanhamento do tratamento. É feita a partir da medida do pico máximo obtida com medidor de pico de fluxo expiratório e expressa em litros/minutos. O aumento do PFE em 20% nos adultos e em 30% nas crianças, 15 minutos após uso de broncodilatador de ação rápida, é sugestivo de asma (BRASIL, 2010, p. 26). Figura: dispositivo para medida do pico do fluxo expiratório (peak flow) Fonte: Ministério da Saúde, 2010, p. 26. Questão 2Escolha simples Ao assumirmos que A.F.C. está apresentando uma nova crise de asma brônquica, e de acordo com o resultado da espirometria realizada há dois anos, pode-se classificar a gravidade da patologia em: persistente moderada persistente grave não controlada persistente leve intermitente “A classificação da gravidade da asma é importante para as condutas clínicas no manejo dos pacientes. Pode ser classificada quanto à gravidade em intermitente e persistente e essa última em leve, moderada e grave.” (BRASIL, 2010 p. 26) No caso de AFC a classificação é persistente moderada pela frequência dos sintomas diurnos e noturno, pela limitação de algumas atividades cotidianas e pelo uso da medicação para alívio dos sintomas. Saiba mais A classificação da asma brônquica está embasada na sintomatologia, no uso de medicação para alívio dos sintomas, no pico de fluxo expiratório (PFE) e no volume de fluxo expiratório (VEF), conforme apresentado na figura abaixo. Quadro 1: classificação da gravidade da asma. Fonte: Ministério da Saúde, 2010, p. 27. Já em relação aos níveis de controle da asma, os mesmos podem ser classificados em controlada, parcialmente controlada e não controlada. Para tanto é necessário observar os sintomas diurnos e noturnos, a limitação das atividades diárias, o uso de medicamentos de alívio dos sintomas, a função pulmonar e as exacerbações dos sintomas. Conforme representado no quadro abaixo: Quadro 2: Níveis de controle da asma Fonte: Ministério da Saúde, 2010, p. 27. Questão 3 Escolha múltipla No caso de A.F.C., a abordagem terapêutica deve objetivar: cura prevenção de internações orientação para evitar o fumo passivo controlar os sintomas mudança de hábitos de vida Além do controle dos sintomas, os objetivos da terapêutica da asma são: prevenir limitação crônica ao fluxo aéreo; permitir atividades normais (trabalho, escola e lazer); manter a melhor função pulmonar possível; evitar crises, idas a serviços de emergências e hospitalizações; reduzir a necessidade do uso de broncodilatador para alívio; minimizar efeitos adversos dos medicamentos; melhorar a qualidade de vida e reduzir o risco de morte. (BRASIL, 2010 p. 28) Saiba mais O tratamento farmacológico da asma deve ser prescrito de acordo com a classificação de gravidade, visando sempre utilizar a menor dose capaz de controlar os sintomas. Quando o controle das crises não tiver sucesso é necessário reavaliar a adesão medicamentosa, técnica de uso dos inalatórios, fatores agravantes ou desencadeantes (rinite alérgica, infecções virais, exposição a alérgenos, etc). As medicações para asma podem ser classificadas em: para controle e prevenção das exacerbações e outras manifestações da doença (dispneia e tosse aos esforços físicos, despertares e tosse noturna) e para alívio das exacerbações. As vias de administração podem ser: oral, inalatória ou parenteral. Contudo, a via inalatória é a preferencial devido à menor absorção sistêmica, maior eficácia e menor taxa de efeitos colaterais. Os corticoides inalatórios são os principais medicamentos para controle da asma, e os beta-agonistas de ação rápida associados aos corticoides sistêmicos são os mais efetivos para o alívio das crises, tanto em crianças quanto em adultos de qualquer idade. (BRASIL, 2010, p. 30) Quadro 3: Tratamento farmacológico da asma de acordo com a gravidade. Fonte: Ministério da Saúde, 2010, p. 33. Questão 4Escolha simples Tendo em vista o quadro clínico de A.F.C.e a classificação e seu quadro atual qual o melhor acompanhamento do tratamento de manutenção da asma brônquica? não é necessário acompanhamento. acompanhamento com pneumologista. acompanhamento apenas no serviço de atenção básica. acompanhamento conjunto na atenção básica e na unidade especializada. acompanhamento no pronto socorro. O tratamento de manutenção deve ser feito a partir da classificação da gravidade da asma. As pessoas com asma, independentemente da gravidade, devem ser sempre acompanhadas nas unidades de saúde. Nos casos de asma persistente moderada, pode ser necessário acompanhamento conjunto com a unidade especializada, ao passo que as pessoas com asma grave devem necessariamente ser também acompanhadas em centros de referência. (BRASIL, 2010, p. 31) Saiba mais Fonte: Ministério da Saúde, 2010 ,p. 33. Questão 5 Escolha múltipla Dentre as situações ambientais de desencadeamento de crise de asma, quais as orientações abaixo listadas, devem ser enfatizadas pelos profissionais de saúde a A.F.C. para evitar as exacerbações: evitar o fumo passivo realizar vacinação contra a influenza sazonal todos os anos. evitar contato com alérgenos desencadeantes da crise. higiene adequada do alojamento remover o animal de estimação do ambiente A presença do ácaro está associada à sensibilização e desenvolvimento da asma, desta forma medidas conjuntas que promovam a limpeza domiciliar com a remoção física da poeira mostram-se benéficas frente a prevenção da doença. Os poluentes externos são desencadeadores de crise de asma, porém quando não há como evitar a exposição, é aconselhado seguir alguns cuidados como: evitar atividades físicas ao ar livre, especialmente em dias frios; evitar baixa umidade ou exposição em dias com muita poluição; evitar fumar assim como ambientes fechados com pessoas fumando. Quanto aos animais de estimação, ensaios clínicos randomizados e estudos de revisão sistemática apontam para que, em relação aos níveis de evidência quanto a terapia, prevenção e etiologia da asma, a remoção de gatos e cães do ambiente doméstico apresentam um nível de controle de alérgenos fraco além de não apresentar nenhum benefício clínico ao paciente. Pessoas com asma moderada a grave devem ser orientados a receberem vacinação anti-influenza anualmente, apesar de que aparentemente essa recomendação pode não apresentar evidência de que evite exacerbações ou melhore o controle da asma, principalmente em crianças e adultos (BRASIL, 2010, p. 10, 29-30). Saiba mais Quadro 4: Evidências clínicas para medida de controle de asma. Fonte: Ministério da Saúde, 2010, p. 29. Objetivos do Caso Revisar abordagem sindrômica do paciente com dispneia; avaliar fatores de risco; avaliar da necessidade de exames complementares; realizar diagnóstico e diagnóstico diferencial; orientar sobre controle ambiental.
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