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Transtorno do Espectro Autista

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Raphaela Faria – Medicina XXIX 
TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA) 
 O TEA tem origem nos primeiros anos de vida, mas sua trajetória não é uniforme. Em algumas crianças, os sintomas são 
aparentes após o nascimento. Na maioria dos casos, os sintomas só são identificados entre 12 e 24 meses de idade. Não 
obstante, o diagnóstico ocorre em média, aos 4 ou 5 anos de idade. Situação lamentável, tendo em vista que a 
intervenção precoce é associada a ganhos no funcionamento cognitivo e adaptativo da criança. 
 Alguns marcadores potencialmente importantes no primeiro ano de vida incluem anormalidades e atraso no controle 
motor, sensibilidade diminuída a recompensas sociais, afeto negativo e dificuldade no controle da atenção. 
Sinais sugestivos no primeiro ano de vida:
Perder habilidades já adquiridas, como balbucio ou gesto 
de alcançar, contato ocular ou sorriso social; 
Não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente; 
Não apresentar sorriso social; 
Baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado; 
Baixa atenção à face humana (preferência por objetos); 
Demonstrar maior interesse por objetos do que por 
pessoas; 
Não seguir objetos e pessoas próximos em movimento; 
Pouca ou nenhuma vocalização; 
Não aceitar o toque; 
Não responder ao nome; 
Imitação pobre; 
Baixa frequência de sorriso e reciprocidade social, bem 
como restrito engajamento social; 
Interesses não usuais, como fixação em estímulos 
sensório-viso-motores; 
Incômodo incomum com sons altos; - distúrbio de sono 
moderado ou grave; 
Irritabilidade no colo e pouca responsividade no 
momento da amamentação; 
 
 O TEA é frequentemente associado a outros transtornos psiquiátricos (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, 
depressão e ansiedade) e a condições médicas (epilepsia; transtornos genéticos). Dificuldades motoras são relativamente 
comuns entre indivíduos com TEA, embora não são necessárias para diagnóstico. 
O TEA é causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Apesar de importantes, os fatores genéticos 
não atuam sozinhos, sendo influenciados/catalisados por fatores 
de risco ambiental, incluindo a idade dos pais na concepção, a 
negligência de cuidados, a exposição a medicações durante o 
pré-natal, o nascimento prematuro e baixo peso ao nascer. 
O DSM-V classifica a Síndrome de Asperger dentro do TEA. O 
diagnóstico é mais tardio, pois geralmente não há atraso de 
linguagem verbal e a cognição está preservada. Podem 
apresentar olhar nos olhos não sustentado, tendência a desviar 
o olhar com frequência, face pouco expressiva, pouco interesse 
no outro, interesses restritos, pouca socialização, e outros. 
Assim que uma criança apresenta atrasos ou desvios no desenvolvimento neuropsicomotor, deve ser encaminhada 
para avaliação e acompanhamento com médico especializado em desenvolvimento neuropsicomotor, com avaliação 
formal para TEA com o Psiquiatra Infantil ou o Neuropediatra. 
Criança com atraso do DNPM OU MCHAT-R alterado: 
É um transtorno do desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social e 
por comportamentos repetitivos ou restritos. Esses sintomas configuram o núcleo, mas a gravidade é variável. É um 
transtorno pervasivo e permanente, sem cura, mesmo que a intervenção altere o prognóstico e suavize os sintomas. 
 
 
 
Raphaela Faria – Medicina XXIX 
→ orientar os pais quanto à estimulação adequada – interação com os pais, contato afetivo, tempo de tela, 
qualidade de tela, tempo de sono, alimentação, brincadeiras ao ar livre. 
→ reavaliar em um mês, e se alcançou os marcos: manter acompanhamento e estimulação; 
Se não alcançou os marcos: Encaminhar para serviço de estimulação interdisciplinar especializado; 
Encaminhar para avaliação com médico especializado em TEA; 
Manter consultas próximas com a criança e os pais para apoio e acompanhamento do tratamento de reabilitação 
 
TRIAGEM – RECOMENDAÇÃO DE SCREENING NA PUERICULTURA 
Alterações na comunicação social e linguagem e comportamentos repetitivos entre 12 e 24 meses são marcadores 
precoces de autismo. Estes sinais são identificados pela maioria dos pais a partir do primeiro ano de vida, porém, muitas 
vezes só terão diagnóstico mais tarde. O diagnóstico e intervenção tardios causam prejuízos no desenvolvimento. O 
aspecto tardio é associado com baixa renda familiar, etnia, pouco estímulo, pouca observação do desenvolvimento e às 
formas clínicas menos graves dos sintomas. As primeiras preocupações observadas geralmente são: atraso na linguagem 
verbal, falha em responder ao seu nome, falta de contato visual e agitação. O lactente pode demonstrar sinais desde os 
primeiros meses de vida. É importante valorizar queixas como dificuldade de aquisição do sorriso social, desinteresse na 
face dos pais, irritabilidade, olhar não sustentado ou ausente, preferência por dormir sozinho, quieto ou irritadiço, e 
indiferença com a ausência dos pais. 
O M-CHAT-R pode ser aplicado pelo pediatra durante a 
consulta de rotina e seu objetivo é aumentar a sensibilidade, 
ou seja, detectar o maior número de casos suspeitos. Mesmo 
com resultado de triagem positivo, ainda se pode ter um não 
diagnóstico, porém, estas crianças apresentam risco elevado 
de outros atrasos ou transtornos do desenvolvimento, o que 
ajuda identificar desvios dos marcos do 
neurodesenvolvimento e na intervenção precoce, 
favorecendo o desenvolvimento destas crianças a longo 
prazo. O questionário é online, autoexplicativo e fácil de ser 
usado durante uma consulta. São 20 questões claras e, ao 
final, o resultado indica baixo risco, risco moderado ou alto 
risco: 
 Baixo risco: 0-2; se a criança < 24 meses, repetir o M-CHAT-
R em 24 meses. Não é necessária outra medida, a não ser que 
a vigilância indique risco de TEA. 
Risco moderado: 3-7; administrar a Entrevista de 
Seguimento (segunda etapa do M-CHAT-R/F) para 
informação adicional sobre o risco. Se a pontuação do M-
CHAT-R/F continuar igual ou superior a 2, a criança pontua 
positivo, se for pontuação 0-1 pontua como negativo para 
triagem. Não é necessária qualquer outra medida, a não ser 
que a vigilância indique risco de TEA, a criança deverá fazer 
triagem novamente em futuras consultas. 
Alto risco: 8-20; pode-se prescindir da necessidade da 
Entrevista de seguimento e deve-se encaminhar para 
avaliação diagnóstica e para avaliação de necessidade de 
intervenção. 
 
 
 
 
 
Raphaela Faria – Medicina XXIX 
O M-CHAT-R/F é validado para rastreio em crianças de 16 a 30 meses para avaliar o risco do TEA. O M-CHAT-R/F contém 
os mesmos itens do M-CHAT-R, porém somente os itens em que a criança falhou inicialmente necessitam ser 
administrados para a entrevista completa. A entrevista será 
considerada positiva se a criança falhar em quaisquer itens 
na Entrevista de Seguimento, e então é recomendado que 
a família seja orientada sobre a estimulação e o 
encaminhamento para intervenção e avaliação 
especializada. 
EXAMES DURANTE A INVESTIGAÇÃO 
Anamnese: de relevante importância dados do recém-
nascido no nascimento como prematuridade, hipoxemia e 
isquemia, que podem causar alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, no aspecto cognitivo e comportamental, 
além de informações sobre a gestação e as condições do parto. Deve-se identificar fatores de risco para TEA: idade dos 
pais (pais mais idosos apresentam risco maior), gravidez de risco ou induzida, uso de medicamentos, drogas, álcool e 
tabagismo durante a gestação. Na história familiar é relevante a presença de transtornos de desenvolvimento em 
familiares, presença de síndromes genéticas. 
Investigar exposição durante a gestação à agentes tóxicos, como ácido valpróico, o DDT e seus subprodutos, os 
bifenilospoliclorados (PCBs) e metais pesados como chumbo e mercúrio, causas ambientais que funcionam como gatilho 
para desencadear esse transtorno. 
 É importante saber a época em que os pais notaram perda de habilidades já adquiridasou alterações no comportamento, 
como diminuição do contato visual, indiferença ou resposta reduzida de expressão, redução do sorriso social, atraso da 
linguagem como balbucio aos nove meses, nenhuma palavra até os dezesseis meses, não formar frases até dois anos, 
ecolalia, pouco interesse em pessoas, ausência de resposta ao chamar pelo nome, não ter noção de perigo e não apontar 
aos 12 meses. No segundo ano de vida, podem aparecer comportamentos repetitivos com o corpo e objetos. 
COMORBIDADES 
As manifestações clínicas mais frequentes associadas ao TEA são: 
• transtornos de ansiedade, incluindo generalizadas e 
fobias, transtornos de separação, TOC, tiques motores, 
episódios depressivos e auto lesivos; 
• transtornos de déficit de atenção e hiperatividade; 
• deficiência intelectual (DI); 
• déficit de linguagem; 
• alterações sensoriais; 
• doenças genéticas, como Síndrome do X Frágil, 
Esclerose Tuberosa, Síndrome de Williams; 
• transtornos gastrointestinais e alterações alimentares; 
• distúrbios neurológicos como Epilepsia e distúrbios do 
sono; 
• comprometimento motor como Dispraxia, alterações 
de marcha ou alterações motoras finas. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Os principais diagnósticos diferenciais do TEA são: 
• déficits auditivos (sem prejuízo na sociabilização e 
respondem outros estímulos sonoros); 
• deficiência intelectual, que cursa com alterações no 
desenvolvimento cognitivo e comportamental, que 
tende a melhorar com o tempo; 
 
 
Raphaela Faria – Medicina XXIX 
• transtornos de linguagem, que interferem na 
sociabilização; 
• TDAH (alteração da comunicação social e 
comportamentos repetitivos são infrequentes); 
• transtorno de ansiedade e do apego reativo (TAR) 
alteram comunicação social e sociabilização, mas 
apresentam melhora quando se sentem confortáveis; 
• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). O início é mais 
tardio e geralmente não está associado a prejuízo na 
comunicação; 
• Esquizofrenia. Prejuízos na interação social e padrões 
de pensamentos incomuns. Mas costuma se manifestar 
após um período normal de desenvolvimento e 
apresenta delírios e alucinações (inexistentes no TEA); 
• Síndrome de Landau-Kleffner (afasia epiléptica 
adquirida). Se inicia entre 2 e 8 anos com prejuízo 
significativo à linguagem. A alteração mais precoce é a 
perda da linguagem receptiva com afasia de expressão 
na sequência. A piora é progressiva e pode abarcar 
prejuízo cognitivo e do comportamento global; 
• Síndrome de Rett. Quadro genético com prejuízos 
cognitivo e físicos, regressão no desenvolvimento 
psicomotor após os primeiros 6 meses. Queda na curva 
do perímetro cefálico, perdas de habilidades manuais, de 
linguagem, de marcha e presença de estereotipias, 
comprometimento na comunicação e interação social. 
EXAME FÍSICO 
O exame físico e psíquico complementa o diagnóstico. Devem ser checados os sistemas, a presença de dismorfias que 
remetam à suspeita de síndromes genéticas. Controle de peso, estatura e perímetro cefálico são obrigatórios. Inspeção 
da pele para detectar lesões sugestivas de Síndromes Neurocutâneas. Alterações neurológicas, hiper ou hiporreatividade 
a estímulos sensoriais do ambiente, alterações de coordenação motora, dos pares cranianos, tônus e reflexos superficiais, 
profundos e primitivos devem ser relacionados com doenças específicas. A observação do comportamento engloba a 
interação da criança com os familiares, com o examinador e com o meio. Importante checar se ela reage quando chamada 
pelo nome, voltando o olhar para quem chama. Observe sua expressão facial, se imita gestos e palavras, se participa de 
brincadeiras, se possui preferência a objetos, se olha nos olhos, se tem rigidez comportamental, irritabilidade 
desproporcional, estereotipias motoras, verbais ou rituais. 
Testes padronizados de avaliação do DNPM são obrigatórios para avaliar se o desenvolvimento cognitivo, 
comportamental e da linguagem estão adequados para a idade cronológica. A avaliação audiológica diferencia os déficits 
auditivos, e o acompanhamento com fonoaudióloga contribui para diagnóstico precoce. 
QUESTÕES DE COGNIÇÃO, COMPORTAMENTO, SOCIALIZAÇÃO E ROTINAS 
Pacientes com TEA apresentam alterações das habilidades de comunicação e socialização associadas ou não a déficits 
cognitivos. A estimulação com estratégias de ensino visa promover a neuroplasticidade, acelerando as sequências do 
desenvolvimento. A abordagem do comportamento envolve aspectos como: 
• Rotina diária da criança: Adequação nutricional e sono; tempo e conteúdo de telas; atividades ao ar livre; modalidade 
de brincadeiras; horário e adequação escolar; 
• Família: Tempo destinados ao paciente; qualidade das relações; fatores de risco para estresse tóxico; doenças 
nos cuidadores(depressão, transtornos psiquiátricos); quantidade, idade, estado de saúde e emocional de irmãos. 
• Escola: Adequações escolares em relação ao conteúdo e planejamento pedagógico, inclusão escolar com possibilidade 
de monitor individual para potencializar a aprendizagem e socialização. 
 
QUESTÕES DE COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO ESPECTRO DO AUTISMO 
As quatro principais alternativas, relacionadas à comunicação e linguagem, que demandam consideração são: surdez 
ou deficiências auditivas graves, distúrbios específicos de linguagem (DEL), apraxia de fala da infância (AFI) e distúrbios 
de comunicação social. Ausência de linguagem e desinteresse pelo contato social podem ser características associadas 
aos TEA. O diagnóstico de apraxia de fala está relacionado a dificuldades no planejamento motor da fala, ininteligibilidade, 
trocas fonêmicas são inconsistentes e a articulação imprecisa. Embora as não apresentem dificuldades articulatórias 
relevantes, quando há suspeita de um transtorno motor da fala, é difícil obter sua colaboração para avaliações de fala. A 
intenção comunicativa é o elemento mais importante para o diagnóstico diferencial. 
QUESTÕES SENSORIAIS NO TEA 
 
 
Raphaela Faria – Medicina XXIX 
Crianças com TEA respondem a experiências sensoriais de forma diferente, com dificuldades na percepção, integração 
e modulação de suas respostas a estímulos sensoriais, com impacto significativo nas atividades. Apesar da 
heterogeneidade, os principais comportamentos observados em crianças com TEA: 
1. Baixa energia/fraqueza: parece ter músculos fracos, não consegue carregar objetos pesados, preensão fraca etc. 
2. Sensibilidade tátil/ao movimento: reage agressivamente ao toque; medo de altura ou movimento. 
3. Sensibilidade gustativa/olfativa: come apenas alguns sabores; escolhe pela textura; evita alguns sabores e cheiros. 
4. Sensibilidade auditiva/visual: tampa os olhos e ouvidos com as mãos; fica incomodado com luzes e barulhos; 
5. Procura sensorial/distraibilidade: excitação em atividades com movimento; pula de uma atividade para outra; tem 
dificuldade em prestar atenção; toca pessoas ou objetos; produz barulhos estranhos. 
6. Hiporresponsividade: parece não notar quando o rosto e mãos estão sujos; não responde quando o nome é chamado, 
apesar da audição estar boa; parece não ouvir o que lhe é dito; deixa a roupa embolada no corpo. 
O paciente com TEA pode apresentar uma ou mais alterações descritas acima, e é importante que ela seja avaliada 
por um profissional habilitado a intervir nas disfunções de integração sensorial. 
INSTRUMENTOS E ESCALAS: 
 A avaliação clínica acurada, as informações dos pais, educadores, observação da criança e outros instrumentos são 
efetivos para crianças com dois anos de vida ou mais velhas. Naquelas com idade menor que dois anos especialmente em 
menores de 18 meses, instrumentos de triagem são utilizados com cautela pois os sintomas de atrasos no 
desenvolvimento são inespecíficos e podem ser interpretados erroneamente. 
As escalas avaliam três dimensões de comportamento e são baseadas nos critérios do DSM V: (1) interação social 
recíproca; (2) comunicação e linguagem; e (3) interessesrestritos e comportamentos repetitivos e estereotipados. 
ADI-R (Autism Diagnostic Interview™ Revised): escala semiestruturada para pais, fornece informações sobre suspeita de 
TEA. Para confirmação do diagnóstico, os pontos devem estar acima do corte. Apropriada para idade mental> 18 meses. 
Necessita pelo menos duas horas para a administração, o que compromete seu uso na clínica pediátrica diária. 
 
Childhood Autism Rating Scale (CARS): é a mais antiga e largamente utilizada durante a consulta pelo clínico. Avalia 15 
itens e discrimina entre não apresentar sintomas autistas, sintomas leves e graves. O tempo é de 20 a 30 minutos. 
 
GARS Gilliam Autism Rating Scale Second Edition: entrevista semiestruturada para pais, muito utilizada na triagem e 
diagnóstico. Discrimina outros problemas comportamentais. O tempo é de dez minutos, o que facilita sua utilização. 
 
ADOS-G (The ADOS™ - Generic): apresenta tarefas em 4 módulos referentes ao nível de desenvolvimento e habilidades 
de fluência verbal. Cada módulo tem um tempo de administração que varia de 30 a 60 minutos. Uma versão revisada, 
ADOS -2, incluiu um módulo para 12-30 meses. É o instrumento com melhor sensibilidade e especificidade, mas é limitado 
pela necessidade de treinamento com certificação, além do alto custo e tempo de administração. 
 
Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT-R): é uma entrevista estruturada para pais de crianças de 16 a 30 
meses. Para complementar a avaliação, a entrevista de acompanhamento do M-CHAT deve ser administrada para 
resultados positivos ou limítrofes M-CHAT. Um resultado positivo não justifica um dispendioso processo de avaliação de 
TEA em todos os casos. Aquelas com M-CHAT positivo, embora não tenham TEA, geralmente apresentam atrasos no 
desenvolvimento podendo se beneficiar de uma intervenção. 
COMUNICAÇÃO DIAGNÓSTICA E AMPARO FAMILIAR 
O vínculo entre paciente, família e pediatra é muito importante no diagnóstico, já que a qualidade das informações 
repercute na forma como os familiares enfrentam o problema, encorajando a realizar questionamentos e tomar decisão 
no tratamento. Uma boa ferramenta é o kit “100 Primeiros Dias” do “www.autismspeaks.org”, com informações e 
esclarecimento de dúvidas. O site “www.autismo.institutopensi.org.br” disponibiliza manuais com estratégias e 
informações. 
INTERVENÇÃO PRECOCE 
http://www.autismspeaks.org/
 
 
Raphaela Faria – Medicina XXIX 
O tratamento padrão-ouro para é a intervenção precoce, iniciada quando há suspeita ou imediatamente após 
o diagnóstico por uma equipe interdisciplinar. Consiste em modalidades terapêuticas que visam aumentar o potencial do 
desenvolvimento social e de comunicação, proteger o funcionamento intelectual reduzindo danos, melhorar a qualidade 
de vida e dirigir competências para autonomia, além de diminuir as angústias da família. 
Cada paciente apresenta necessidades individualizadas, de acordo com a funcionalidade, dinâmica familiar e recursos 
da comunidade, necessitando de uma avaliação que permita estabelecer um plano de intervenção. Dentre as 
modalidades terapêuticas estão: 
• Modelo Denver de Intervenção Precoce para Crianças Autistas: estimulação intensiva e diária baseada em Análise do 
Comportamento Aplicada (ABA), visa promover interações sociais e aumento da motivação em competências sociais, 
desenvolvimento da comunicação receptiva e expressiva e de habilidades cognitivas e motoras; 
• Estimulação Comportamental baseada em ABA: programa amplamente utilizado, que visa desenvolver habilidades 
sociais e comunicativas, com estratégias de reforço; 
• “Coaching Parental”: orientações e treinamento dos pais, visando manejo do comportamento, adequações de rotinas 
e corresponsabilização para estimulação; 
• Comunicação suplementar e alternativa: a partir do uso de sinais, gestos, símbolos e figuras em autistas não-verbais; 
• Método TEACCH (Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com outros prejuízos na comunicação): mais utilizado 
na educação, estrutura o ambiente pedagógico-terapêutico, com rotinas e planejamento das atividades; 
• Terapia de integração sensorial: crianças com alterações no processamento sensorial; 
EQUIPE INTERDISCIPLINAR 
Os principais pilares são a família, equipe de educação e de saúde com objetivo de aprendizado e modificações 
comportamentais por equipes interdisciplinares(psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, 
assistentes sociais, fisioterapeutas, educadores físicos). O pediatra tem papel no encaminhamento e articulação desses 
profissionais, que deverão recorrer a modelos terapêuticos interdisciplinares, tomar decisões e trabalhar em conjunto e 
com a participação da família para promover o desenvolvimento da criança na tríade clínica de dificuldades (interação, 
comunicação e comportamentos repetitivos e interesses restritos). Os pais também devem ser capacitados pelos 
profissionais para trabalhar no âmbito domiciliar. 
INTERVENÇÕES DIETÉTICAS 
 Um aspecto conhecido em pacientes com TEA são alterações no hábito alimentar, desde aversão e seletividade até 
a recusa de determinados alimentos e comportamentos obsessivos disfuncionais. Além de associações de sintomas 
gastrointestinais, como constipação, diarreia, distensão gasosa e dor abdominal. Prevalência elevada de manifestações 
alérgicas e autoimunes também foram descritas. Não há embasamento que justifique restrições alimentares, pois expõem 
os pacientes a outros prejuízos que podem comprometer o neurodesenvolvimento. As restrições podem se associar à 
rejeição social e dificuldades na socialização. Dessa forma, só devem ser submetidos a dietas de exclusão caso haja 
diagnósticos de Doença Celíaca, intolerância ao glúten não celíaca, alergia alimentar, intolerância ou hipersensibilidade. 
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO 
Geralmente o paciente demanda tratamento psicofarmacológico para controle de sintomas associados ao quadro. 
Quando necessário, restringe-se ao grupo que manifesta comportamentos disruptivos, como: irritabilidade, 
impulsividade, agitação, auto e ou heteroagressividade e destrutividade. Merecem atenção também as comorbidades: 
ansiedade, depressão, TOC, TDAH, epilepsia e transtornos do sono. 
Entre as medicações mais utilizadas estão a risperidona, um antipsicótico atípico, bloqueador serotonérgico e 
dopaminérgico, a olanzepina, a quetiapina, a ziprasidona, a clozapina e o aripiprazol. Eficazes como antipsicóticos de 
segunda geração, mas que podem provocar efeitos colaterais como aumento de peso, síndrome metabólica, 
hiperprolactinemia, síndrome extrapiramidal, diminuição do limiar convulsígeno e, raro, síndrome neuroléptica maligna. 
Na ausência de sintomas que justifiquem o uso, a criança deve ser tratada sem psicofármacos, que podem ser 
administradas por especialistas que tenham hábito na sua indicação precisa. 
O uso de melatonina tem sido associado a melhores parâmetros do sono, resultados adversos mínimos e melhor 
comportamento diurno. Os probióticos têm sido utilizados com base no eixo cérebro-intestino visando restaurar a 
 
 
Raphaela Faria – Medicina XXIX 
microbiota de pacientes com distúrbios gastrintestinais ligados à disbiose, e taxa mais alta de irritabilidade, raiva, 
comportamentos agressivos e distúrbios do sono. 
TRATAMENTOS ALTERNATIVOS 
Abordagens alternativas são frequentemente adotadas pelas famílias. Embora algumas tenham promessa teórica e 
mereçam pesquisas(ácidos graxos, ômega 3, dietas especiais, probióticos), outras são prejudiciais (como quelação) ou 
caras e ineficazes (como secretina e a ocitocina). 
ADOLESCENTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO 
Mudanças físicas da puberdade, aquisição de caracteres sexuais e o crescimento transformam o corpo infantil no 
adulto. O estágio do prejuízo funcional varia de acordo com características do indivíduo e seu ambiente. Déficits na 
comunicação e interação social dificultam a inserção nos grupos e na busca de uma parceria amorosae/ou sexual. Alguns 
adolescentes com TEA não conseguem ultrapassar a ausência e interesse por pares. A hiper ou hiporreatividade a 
estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente dificultam que frequente espaços de 
interesse para outros adolescentes. 
Adolescentes com TEA devem ter um projeto terapêutico que contemple o apoio a cada domínio psicopatológico. 
Importante valorizar as habilidades para orientação das escolhas escolares, profissionais e afetivas. O adolescente e sua 
família apresentam necessidades de acordo com sua funcionalidade, dinâmica familiar, recursos da comunidade, por isso 
um plano de intervenção que deve envolver o adolescente, sua família e sua escola. 
PROGNÓSTICO 
O TEA não tem cura. Entretanto, terapias de intervenção podem apresentar ganhos no desenvolvimento 
neuropsicomotor de crianças. Quanto mais precoce a detecção das alterações no DNPM, maior a capacidade de 
organização neural através da neuroplasticidade e potencial de mielinização cerebral, uma vez que nos primeiros anos de 
vida que a formação sináptica apresenta maior velocidade e resultados satisfatórios. Além disso, a estimulação precoce 
aproveita o período sensitivo determinado pelas janelas de oportunidades no cérebro da criança. Assim, de forma precoce 
e intensiva, é possível formar redes neurais que servirão de base da arquitetura cerebral, moldando a tendência genética, 
com resultados de indivíduos mais capacitados, e melhor qualidade de vida. 
O início do convívio do diagnóstico de TEA na família gera necessidades, como: assistência médica adequada e 
interdisciplinar e busca de apoio social. A sobrecarga emocional dos pais é um dos desafios encontrados. Os principais 
fatores responsáveis pela sobrecarga aumentada dos pais foram classificados em seis categorias: 
• Postergação diagnóstica: falta de capacitação dos profissionais e de instrumentos adequados na puericultura. Além do 
prejuízo na reabilitação da criança, gera estresse e induz sentimento de impotência e desesperança nos pais; 
• Dificuldade de lidar com diagnóstico e sintomas: sentimento de culpa e angústia nos pais; 
• Deficiente acesso ao serviço de saúde e apoio social: escassez de serviços especializados e de qualidade gera aumento 
do estresse e a diminuição da qualidade de vida de cuidadores; 
• Escassez de atividades adaptadas: compromete a qualidade de vida e a reabilitação da criança; 
• Situação financeira: maiores jornadas de trabalho e demanda maior presença em tempo. Muitas mães renunciam à 
carreira profissional, ocasionando redução da contribuição financeira para o lar e desorganização da estrutura familiar. 
• Preocupação com o futuro: devido à sua limitação para a independência e o sustento próprio.

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