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Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 1 Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 2 Ygor Geann dos Santos Leite Cibelly Arianda Matos dos Santos Suelania Cristina Gonzaga de Figueiredo (Organizadores) Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 1ª Edição Belo Horizonte Poisson 2021 Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 3 Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade Conselho Editorial Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais Ms. Davilson Eduardo Andrade Dra. Elizângela de Jesus Oliveira – Universidade Federal do Amazonas MS. Fabiane dos Santos Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy Ms. Valdiney Alves de Oliveira – Universidade Federal de Uberlândia Corpo Científico M.Sc. Cinara da Silva Cardoso M.Sc. Gerson de Mendoça Nogueira D.Sc. Luciane Farias Ribas M.Sc Luciana Oliveira do Valle Carminé M.Sc. Rejane Flores da Costa D.Sc. Rute Holanda Lopes M.Sc Wanilse do Socorro Pimentel Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) T674 Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas / Organizadores: Ygor Geann dos Santos Leite, Cibelly Arianda Matos dos Santos Suelania Cristina Gonzaga de Figueiredo – MG: Poisson, 2021 Formato: PDF ISBN: 978-65-5866-046-0 DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0 Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia 1. Engenharia 2. Construção Civil I. LEITE, Ygor Geann dos Santo. II. SANTOS, Cibelly Arianda Matos dos III. FIGUEIREDO, Suelania Cristina Gonzaga de IV. Título CDD-614 Sônia Márcia Soares de Moura – CRB 6/1896 O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores. Baixe outros títulos gratuitamente em www.poisson.com.br contato@poisson.com.br Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 4 Prefácio O setor de construção civil é uma das áreas que mais movimentam o mercado, sendo essencialmente um dos fatores que mais agregam a economia, com participação expressiva no PIB brasileiro, atingindo a marca de 6,2% em 2019, segundo o SEBRAE. Além disso, existe uma quantidade muito grande de atividades que se desenvolvem e concentram com foco específico na construção civil, o que consequentemente implica na exigência de profissionais habilitados e capacitados para a execução de procedimentos técnicos, onde estes devem estar alinhados com o compromisso da qualidade nos seus serviços, além dos requisitos propostos regidos pelas legislações. Neste sentido, ressalta-se uma tendência na identificação de tecnologias e inovações que possam facilitar o cumprimento convincente das atividades mais críticas, propondo ainda o envolvimento de um número significativo de profissionais e atribuições correlacionadas. Assim, destaca-se a necessidade de alinhar a construção civil aos conceitos e aperfeiçoamentos contemporâneos aplicados, de modo que seja possível atender a diversos requisitos cruciais, sejam em relação a mão de obra disponível, normas técnicas ou ainda ações que influenciam e impactam na sustentabilidade. Dessa maneira, a construção da presente obra teve como objetivo desenvolver o senso crítico e inovador dos pós-graduandos do curso de Gerenciamento de Obras e Empreendimentos na Construção Civil, de modo que os mesmos pudessem apresentar os conceitos práticos por meio de suas perspectivas acadêmicas e profissionais. Considerando a diversidade de ideias, bem como formulações de conteúdos específicos, apresenta-se um compilado de trabalhos construídos por meio de pesquisas, vivências e práticas, resultando em informações relevantes e consistentes que certamente servirão de base para pesquisas que buscar associar a construção civil as metodologias direcionadas, tecnologias e informações. Com grande satisfação esta publicação, representa o empenho e dedicação do orientador, professores e coordenação da pós-graduação com o objetivo único de envolver os pós-graduandos a pesquisa, levando assim a estimulação necessária para contribuição da pesquisa no estado do Amazonas e no país como um todo. Destaca-se ainda todo o esforço dos acadêmicos na identificação dos contextos mais expressivos em relação a área de pesquisa destaca. Professor MSc. Ygor Geann dos Santos Leite Professor Orientador Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 5 Organizadores Ygor Geann dos Santos Leite Professor no Centro Universitário Fametro em Manaus-AM, Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM (Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais - PPGCEM), pesquisador atuando no desenvolvimento de materiais zeólitos aplicados como catalisador na esterificação de ácido oleico para obtenção de oleato de metila (biodiesel) e adsorção de contaminantes em recursos hídricos. Tecnólogo em Gestão da Qualidade, com especialização em Engenharia da Qualidade e Seis Sigma. Cibelly Arianda Matos dos Santos Possui graduação em Turismo pelo Instituto Manauara de Ensino Superior (2001) e é especialista em Metodologia do Ensino à Docência Superior pela Faculdade Metropolitana de Manaus (2005). Cursando Mestrado Profissional em Gestão de Negócios Turísticos na Universidade Estadual do Ceará - UECE. Coordenadora do curso de Bacharelado em Turismo desde 2004 e atualmente também Coordenadora de Ensino do Centro Universitário CEUNI - FAMETRO. Interesse nas áreas de Turismo e Educação, Turismo e Gastronomia. Suelania Cristina Gonzaga de Figueiredo Possui graduação em Economia, mestrado em Desenvolvimento Regional e doutorado em Ciências da Educação. Atualmente é Coordenadora de Pesquisa e Extensão do Instituto Metropolitano de Ensino _ IME, atuando principalmente nos seguintes temas: Sustentabilidade, Pesquisa, Iniciação Cientifica, Articulação entre Pesquisa, Ensino e Extensão. Autora do Projeto Produzir e Publicar. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 6 SUMÁRIO Capítulo 1: Construção seca: Um estudo comparativo com a construção convencional ............................................................................................................................................................................ 08 Bruna de Melo Macedo, Jéssica Albano Guimarães, Saulo Di Tarso Farias de Castro, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.01 Capítulo 2: Redução do consumo de energia elétrica ao utilizar poliestireno expandido como isolante térmico em vedações verticais ............................................................................... 14 Valdson Viana Batista, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.02 Capítulo 3: Desenvolvimento de sistema de reaproveitamento de materiais de construção em pequenas obras: Um estudo de caso na cidade de Manaus ...................... 23 Kátia Hellany Pacheco Costa, Carlos Samuel Castro Oliveira, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.03 Capítulo 4: Reaproveitamento do RCD do piso como agregado na preparação de novo concreto para calçada lateral da clínica renal ............................................................................... 30 Alan Caio Medeiros Fernandes, Deivid Dias de Sousa, Nilson Lopez Cintra, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.04 Capítulo 5: Disseminação do ensino BIM nas universidades do município de Manaus/AM .................................................................................................................................................. 39 Jéssicka Pamela da Silva Gomes, Renan Barbosa Amaral, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.05 Capítulo 6: Construção e gerenciamento de projetos utilizando a plataforma BIM: A metodologia BIM e suas tecnologias na construção civil ......................................................... 47 Izabela Lopes da Silva, Marcela Cristina Moreira Francisco, Rosimara Bentes de Oliveira, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.06 Capítulo 7: Inovação tecnológica na construção civil - Utilização de drone para gerenciamento de obra ............................................................................................................................ 54 Alan Apolinário de Gouveia, José Palheta dos Santos, Patricia Nascimento dos Santos, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.07 Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 7 SUMÁRIO Capítulo 8: Estudo comparativo entre os sistemas de Construção convencional (On-Site) e construção industrializada (Off-Site). ........................................................................................... 61 Felipe Pereira Ferreira, Kallin Neves Santa Brígida, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.08 Capítulo 9: Estudo de caso: Utilização da ferramenta de gerenciamento de escopo do Guia PMBOK para gestão de uma obra de reforma de fachada em Manaus. .................... 68 Pâmela Jordânia Sampaio Pereira, Diones Lima dos Santos, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.09 Capítulo 10: Gerenciamento de projeto em pequenas empresas da construção civil 77 Giselle de Aguiar Coelho, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.10 Capítulo 11: Sistema construtivo de parede de concreto ....................................................... 86 Daniberg Mendes Carvalho, Rafael Arnô Feitosa Batista, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.11 Capítulo 12: Sustentabilidade na construção civil: Sugestão para triagem e reutilização de resíduos sólidos de concreto no canteiro de obras. .............................................................. 91 Barbara Honorato Moreira da Silva, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.12 Capítulo 13: Gerenciamento de obras no planejamento de auditoria de obras públicas ............................................................................................................................................................................ 99 Silvia Aparício Barros, Ygor Geann dos Santos Leite DOI: 10.36229/978-65-5866-046-0.CAP.13 Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 8 Capítulo 1 Construção seca: Um estudo comparativo com a construção convencional Bruna de Melo Macedo Jéssica Albano Guimarães Saulo Di Tarso Farias de Castro Ygor Geann dos Santos Leite Resumo: O presente artigo descreve uma pesquisa exploratória conduzida através de um estudo comparativo entre construções convencionais e construções secas. Partindo das premissas que englobam a sustentabilidade, produção e orçamento, tendo como objetivo expor a possibilidade de utilização de outros materiais mais sustentáveis, versáteis e de rápida produção e manutenção, que proporcionam um menor prazo de execução da obra, racionalização da mão de obra e também dos insumos em relação aos processos convencionais. Para realização do estudo de caso, foi tomado como base uma construção de aproximadamente 50m², considerando os gastos com alvenaria convencional com orçamentos estimados através do Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) no Amazonas, e o que seria gasto com a utilização dos materiais do sistema de construção seca com valores fornecidos por uma empresa especializada em São Paulo. Por conta deste estudo foi possível constatar que a construção seca apresenta um custo mais elevado inicialmente, porém, consegue-se desenvolver melhor em um curto prazo, além de sua qualidade ser superior em detrimento de sua estrutura ser gerada em ambiente fabril, chegando a obra somente para a fase de montagem, não necessitando de água, gerando menos resíduos, além de uma maior economia de energia e uma obra mais limpa. Palavras chave: Construção seca; Construção convencional; Sustentabilidade; Racionalização. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 9 1. INTRODUÇÃO As inovações tecnológicas estão se tornando cada vez mais presentes no mundo e principalmente na construção civil. Para um bom gerenciamento de obras é de suma importância ponderar os elementos mais dominantes de um bom planejamento: custo e prazo. Com isso, a construção civil está buscando maneiras para atender estes elementos de forma sustentável, com menor custo e mais rapidez. A construção seca vem ganhando mais espaço nas obras devido suas vantagens como a redução de água, diminuição na produção de resíduos, reparos com maior facilidade e ganho de tempo, gerando economia e maior rentabilidade dos projetos. Dentre as principais técnicas utilizadas de construção a seco podemos destacar as Placas de Gesso, EPS, Steel Frame e Estruturas Pré-Moldadas em concreto. A utilização do sistema no Brasil é recente e as primeiras construções começaram apenas em 1998. Atualmente, já existem algumas construtoras especializadas neste sistema aqui no Brasil, tornando-o cada dia mais acessível, possibilitando construções de diversos padrões residenciais e comerciais. Essa técnica consiste basicamente na montagem e instalação de estruturas previamente fabricadas em ambiente industrial, dispensando a utilização de água para a produção dos mesmos. É importante ressaltar o déficit da mão de obra especializada, pois este método é muito diferente de outros modelos mais convencionais. Após um estudo comparativo entre uma construção convencional e uma construção seca, pôde-se analisar os materiais empregados, mão de obra, custo e prazo, onde constatou-se que a construção seca é mais rápida, possui excelente proteção térmica e atende com excelência os projetos de cunho sustentável. Já a convencional usa mais insumos, tempo e mão de obra pela complexidade da obra, variações no orçamento e problemas de execução indesejados. Como uma desvantagem da técnica seca, podemos destacar que o custo inicial ainda é um pouco superior a de uma edificação convencional, porém o prazo de entrega da obra é reduzido de 20 a 50% em comparação a mesma, o que torna os custos equivalentes. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A construção seca teve seu surgimento e desenvolvimento na América do Norte, entre 1810 e 1860, anos estes em que os Estados Unidos começaram a ter um grande crescimento populacional, o que gerou o aumento da demanda por habitações. Na época, a madeira, por meio do sistema Wood Frame era o material mais viável para resolver os problemas. No entanto, com o passar dos anos, o aço foi introduzido como matéria-prima por meio do Steel Frame. Hoje, a construção seca é utilizada em diversas partes do mundo, principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Europa. A utilização do sistema no Brasil é recente, onde as primeiras construções neste estilo começaram apenas em 1998, sendo o aço o principal elemento estrutural. A introdução deste método construtivo ocorreu com o objetivo de ser um formador de opinião, romper os conceitos culturais do mercado e da sociedade, além de se adequar às possibilidades de financiamento existentes. Essa técnica construtiva teve como projetos pioneiros as construções residenciais de médio e alto padrão, ressaltando a existência de algumas construtoras especializadas neste sistema em nosso país. O sistema “frame” tem se tornado cada dia mais acessível, possibilitando construções de diversos padrões residenciais, comerciais, entre outros. Construir uma edificação exige planejamento e a necessidade de seguir algumas etapas. Para elaborar um projeto de construção de forma exímia é preciso seguir algumas etapas obrigatórias, onde cada tipo de construção exige um tipo de planejamento e projetos diferentes, podendo variar por conta do material utilizado, do programa de necessidades, do valor a ser investido, entre outros fatores. Sabendo que na construção convencional, existem etapas comuns a qualquer projeto do início ao fim, sendo estas a elaboração do projeto inicial, preparação do terreno, locação dos alicerces, vedação, cobertura, elétrica, hidráulica e acabamento, nos tópicos seguintes será abordado um método que está sendo cada vez mais utilizado no mercado da construção civil, seu conceito e etapas de construção que facilitam muito mais o decorrer de uma obra. 3. CONCEITO DE CONSTRUÇÃO SECA A construção seca nada mais é do que um método construtivo que não utiliza água em sua composição, que também é conhecido como “Sistema CES” que seria uma Construção Energitérmica Sustentável, onde são utilizadas estruturas de perfis de caráter leve em Madeira (Wood Frame) ou Aço (Steel Frame), e a vedação contra as diversas intempéries é executada em placas de Drywall, Painéis EPS ou estruturas de Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 10 placas cimentícias, o que a diferencia da alvenaria convencional, em que é necessário produzir argamassa para assentar as peças, executar a fundação e interligar as estruturas. Esse modelo de edificação foi idealizado para ser prático, resistente, econômico e sustentável. Onde a união dos materiais utilizados proporciona forma, firmeza e sustentação à obra. O método de estruturação por vigas é versátil e é possível contar com algumas boas opções de isolamento. Têm-se como desvantagens a questão do custo para sua execução, tendo em vista que ainda é superior ao de uma edificação convencional, porém o prazo de entrega da obra é reduzido de 20% a 50% em relação a mesma. Ainda, por estar conquistando espaço no mercado brasileiro, o número de profissionais e empresas especializadas também está em crescimento, enquanto poucas empresas oferecem o serviço e o terceirizam para diversas partes do país. 4. PRINCIPAIS TIPOS DE CONSTRUÇÃO SECA Os modelos de construção a seco variam conforme o local a ser instalado, os materiais e as técnicas empregadas no processo. Em geral, são quatro os tipos mais aplicados nos canteiros de obras: 4.1 AÇO - STEEL FRAME O Steel Frame é a parte do esqueleto estrutural, tecnicamente conhecido como Light Steel Framing (LSF), é executado a partir de perfis de aço fixados sobre uma fundação, onde a montagem sobre essa base ocorre com o uso de chumbadores e o acabamento nesse tipo de construção envolve diferentes materiais, como os forros de madeira ou de gesso acartonado (Drywall), proporcionando versatilidade no uso de materiais de acabamento. Figura 1 – montagem estrutural. Figura 2 – vedação das estruturas. Fonte: http://fullestruturas.com.br/o-sistema-construtivo- light-steel-framing/ Fonte: https://casaeconstrucao.org/materiais/steel- frame/ 4.2 PLACAS DE GESSO Nesse sistema, os componentes de gesso utilizados para vedação são dispostos sobre uma estrutura de aço e, posteriormente, cobertos com papel cartonado que pode apresentar diferentes espessuras. As paredes costumam ser montadas com duas placas de gesso, o que proporciona bom isolamento tanto térmico quanto acústico, fato este muito importante em relação a utilização deste método em Manaus, por ser uma cidade extremamente quente e que obriga as pessoas a fazerem uso de aparelhos de ar condicionado recorrentemente por conta do acúmulo de calor nas estruturas de edificações convencionais. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 11 Figura 3 – colocação de placa. Figura 4 – placas posicionadas. Fonte: https://thorusengenharia.com.br/quais-sao-os- tipos-e-as-vantagens-de-construcao-a-seco-entenda/ Fonte: https://thorusengenharia.com.br/quais-sao-os- tipos-e-as-vantagens-de-construcao-a-seco-entenda/ 4.3 PAINÉIS EPS O modelo de painéis EPS, também utilizados para vedação, teve seu uso difundido no Brasil em meados da década de 90 e é o mais estável no mercado nacional. Esse sistema consiste em aplicar painéis de poliestireno expandido sobre telas de aço que, posteriormente, são concretadas ou parafusadas. A técnica garante uma estrutura resistente, com baixo peso e que atua como isolante térmico. Por esse motivo, é bastante empregada em locais que têm câmaras frigoríficas. Figura 5 – painel EPS. Figura 6 – vista do poliestireno expandido. Fonte: https://www.aecweb.com.br/prod/e/painel-eps- isolante_3229_15968 Fonte: https://www.aecweb.com.br/prod/e/painel-eps- isolante_3229_15968 4.4 PAREDE DUPLA DE CONCRETO Nesse modelo, placas de concreto são usadas para compor paredes e chegam prontas ao canteiro de obras. A execução é rápida pois consiste em conectar as placas a uma armadura de treliça com função estrutural. O interior das paredes pode ser preenchido com isopor, poliuretano expandido ou concreto. É um método bastante utilizado na construção de shoppings e galpões, pela sua versatilidade, facilidade de uso e rapidez na execução. Figura 7 – parede dupla de concreto. Figura 8 – execução da parede dupla de concreto. Fonte: https://www.sienge.com.br/blog/construcao-a- seco/ Fonte: https://www.sienge.com.br/blog/construcao-a- seco/ Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 12 4.5 CONSTRUÇÃO CONVENCIONAL X CONSTRUÇÃO SECA No método convencional, as etapas de um projeto costumam ser mais demoradas e envolver processos mais complexos, onde é necessário o uso de mais insumos, prazos mais longos e mão de obra pela complexidade da obra, podendo sofrer variações no orçamento e problemas de execução indesejados. Já a técnica de construção a seco, que está em processo de difusão e inovação, é mais rápida podendo diminuir em torno de 30% a 35% o prazo da obra, propicia excelente proteção térmica, atende com excelência os projetos de cunho sustentável por conta da baixa utilização de água, economia de energia, utilização de material reciclável e baixo volume de resíduos gerados no canteiro. Além de proporcionar versatilidade e precisão construtiva, permitindo executar vários partidos arquitetônicos. Não esquecendo do maior controle sobre os custos e melhor controle do canteiro de obras com mão de obra qualificada e em menor volume. 5. METODOLOGIA O desenvolvimento deste trabalho foi realizado através de pesquisas bibliográficas, livros, artigos e plataformas acadêmicas, considerando pesquisa iconográfica, estudos de caso e levantamento de dados, com a finalidade de assegurar o embasamento do projeto. Para uma fundamentação teórico-prático completa foram realizados levantamentos de informações e materiais, além de um estudo de caso para o melhor entendimento e desenvolvimento do presente artigo, onde foi usado um modelo de uma edificação de 50m². Visando apresentar uma comparação de custo entre uma construção convencional e uma construção seca, com a finalidade de analisar os materiais empregados, a mão de obra, o custo e o prazo, para apresentar a vantagem de uma obra seca em relação a uma convencional. Não foi levado em consideração os valores extras que seriam a compra do lote e custos indiretos. Os valores que serão abordados se referem somente a questão de insumos, os quais englobam a estrutura steel frame, drywall, placas EPS e placas duplas de concreto na construção seca. Já no valor referente a construção convencional, foi levado em consideração a utilização de tijolos, argamassa, elementos de supraestrutura e cobertura. 6. ESTUDO DE CASO Para a elaboração deste estudo, foi tomado como modelo uma edificação de 50m², onde foi possível diferenciar de uma forma simples a equiparação desta obra se fosse executada da maneira convencional e se fosse executada utilizado os métodos construtivos apresentados. Considerando os gastos utilizando a alvenaria convencional que foram estimados através do Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) no Amazonas para o mês de junho de 2020. O custo médio por metro quadrado da construção civil é de R$1.500,00, gerando um custo de aproximadamente R$75.000,00, com tempo estimado de 6 meses para a entrega da obra. No entanto, para os gastos utilizando o sistema de construção seca, fazendo uso do Steel frame e de placas Drywall, foi estimado através do valor fornecido por uma empresa especializada no sistema Steel Frame, localizada em São Paulo, no ano de 2020 de R$1.750,00 o metro quadrado, gerando um custo de aproximadamente R$87.500,00, com tempo estimado de 3 meses para a entrega da obra. Como isso, mesmo com a divergência de valores de execução da edificação, a construção seca é mais econômica a longo prazo pois proporciona agilidade na entrega, menos complexidade em sua manutenção e maior conforto térmico. Isso significa que apresenta um menor consumo de energia em que se enquadra a redução de utilização de aparelhos de ar condicionado ou aquecedores. Logo, não se deve avaliar somente os custos para a implantação do sistema a curto prazo, em detrimento das inúmeras vantagens apresentadas a longo prazo. Para que a execução da construção a seco obtenha êxito, assim como outros métodos, precisa ter suas etapas conduzidas por profissionais qualificados. Eles que vão assegurar uma obra produtiva e de qualidade. A durabilidade e a segurança desse tipo de obra também dependem de uma execução adequada. Logo, parcerias com empresas especializadas em diferentes soluções são boas estratégias para ter sucesso. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 13 7. CONCLUSÃO É notável que as construções secas vêm ganhando espaço no mercado brasileiro, conforme aumenta a demanda por rapidez, economia e sustentabilidade. Contudo, o mercado de construção ainda não está adaptado a utilização em larga escala desse método, pois há carência de mão de obra especializada, além do fato da alvenaria convencional já ser um método cultural utilizado por anos. Em virtude do que foi abordado neste trabalho, observou-se que as construções a seco podem melhorar a qualidade na construção civil, isso porque os sistemas industrializados se destacam pela padronização e racionalização dos mesmos, proporcionando um melhor controle de qualidade, principalmente nos sistemas onde a produção das peças é feita em ambiente fabril, além de apresentar as vantagens de um orçamento preciso, proporcionando a flexibilização de mudanças e redução de prazo de entrega da obra. Esta técnica não convencional está diretamente ligada a sustentabilidade, o que de fato tem um maior peso para a sociedade, pois com os sistemas construtivos industrializados reduzimos intensivamente o desperdício de materiais em comparação com os métodos construtivos tradicionais. Em contrapartida ao fator cultural e devido à falta de conhecimento, muitas pessoas não estão preparadas para estes avanços, estão acostumadas com a aparente solidez dos sistemas convencionais, e por isso não aceitam muito bem os sistemas industrializados. REFERÊNCIAS [1] ATOS ARQUITETURA. Dicas para quem vai construir a sua casa - Construção em EPS. Disponível em: https://atosarquitetura.com.br/noticias/dicas-para-quem-vai-construir-sua-casa-construcao-em-eps/. Acesso em: 20 nov. 2020. [2] CBIC. CUB/m² Estadual. Disponível em: http://www.cub.org.br/cub-m2-estadual/AM/. Acesso em: 21 nov. 2020. [3] CONSTRUTORA SERVICON. Sistema Construtivo Light Steel Frame. Disponível em: http://www.construtoraservicon.com/2018/07/25/sistema-construtivo-light-steel-frame/. Acesso em: 20 nov. 2020. [4] ECOFRAMING. História da Construção Seca. Disponível em: http://www.ecoframing.com.br/construcao.php?id=Tmc9PQ==#:~:text=A%20constru%C3%A7%C3%A3o%20seca %20surgiu%20e,IX%2C%20entre%201810%20e%201860.&text=No%20Brasil%2C%20a%20utiliza%C3%A7%C3% A3o%20do,o%20a%C3%A7o%20o%20elemento%20estrutural.. Acesso em: 20 nov. 2020. [5] IMOVELWEB. Quais são as fases de uma construção residencial?. Disponível em: https://www.imovelweb.com.br/noticias/socorretor/dicas-para-corretor/quais-sao-fases-de-uma-construcao- residencial/. Acesso em: 20 nov. 2020. [6] MOBUSSCONTRUÇÃO. Conheça 4 técnicas de construção a seco e suas vantagens. Disponível em: https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/construcao-a-seco/. Acesso em: 20 nov. 2020. BLOG DO SISTEMA LIGHT STEEL FRAME. Casa Steel Frame x Casa de Alvenaria: Comparação de preços. Disponível em: http://lightsteelframe.eng.br/casa-steel-frame-x-casa-de-alvenaria-comparacao-de-precos/. Acesso em: 20 nov. 2020. [7] REGIONAL TELHAS. Construção a seco: entenda como funciona e conheça as vantagens. Disponível em: https://blog.regionaltelhas.com.br/construcao-a-seco-entenda-como-funciona-e-conheca-as-vantagens/. Acesso em: 20 nov. 2020. [8] SIENGE PLATAFORMA. Construção a Seco: características, vantagens e desvantagens. Disponível em: https://www.sienge.com.br/blog/construcao-a- seco/#:~:text=Como%20o%20projeto%20a%20seco%20funciona&text=A%20estrutura%20por%20vigas%20%C3 %A9,3%20de%20uma%20constru%C3%A7%C3%A3o%20convencional.. Acesso em: 20 nov. 2020. [9] VALOR AMAZÔNICO. Preços da Construção Civil no Amazonas sobem para 0,40% em junho. Disponível em: https://valoramazonico.com/2020/07/10/precos-da-construcao-civil-no-amazonas-sobem-040-em- junho/#:~:text=O%20%C3%8Dndice%20Nacional%20da%20Constru%C3%A7%C3%A3o,maio%20(0%2C05%25).. Acesso em: 20 nov. 2020. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 14 Capítulo 2 Redução do consumo de energia elétrica ao utilizar poliestireno expandido como isolante térmico em vedações verticais Valdson Viana Batista Ygor Geann dos Santos Leite Resumo: A cidade de Manaus possui características geográficas que lhe confere um clima de temperatura elevada, a metrópole possui uma grande densidade demográfica, prédios e áreas pavimentadas, o que acarreta o surgimento de ilhas de calor. Esse fenômeno climático, pode atrapalhar o cotidiano das pessoas pois gera um desconforto térmico. Para minimizar este tipo de desafio, normalmente se utiliza meios tecnológicos como o emprego de ar-condicionado, porem essa ação gera grande consumo de energia elétrica, o que acarreta altos custos cobrados. Nesse contexto pretende-se analisar a redução do consumo de energia elétrica ao utilizar poliestireno expandido como isolante térmico nas aplicado nas vedações verticais de um quarto residencial. Para se alcançar esse objetivo, serão analisados, a eficácia do isolante, coleta de temperatura e tempo de uso do aparelho, bem como, calcular a redução do consumo de energia. Os resultados apontam que, o EPS é a melhor escolha para isolante, devido sua resistência térmica (1,25 m².k/W), e custo (R$ 4,64). O período em que o ambiente permanece com o clima agradável é de aproximadamente 3 horas. A economia gerada com a aplicação do EPS, é de R$ 57,00. Palavras-chave: Conforto térmico, Consumo de energia, Resistencia térmica. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 15 1. INTRODUÇÃO O papel das edificações de modo geral é proporcionar conforto e proteção ao ser humano, para que este possa desempenhar suas atividades com maior comodidade possível. Dentre as diversas características que uma edificação deve possuir para ser classificada como ideal, diz respeito ao conforto térmico. Esse aspecto pode ser alcança de muitas formas, como a arquitetura, localização e uso de aparelhos que garantam o controle do clima interno da residência. (MÄHLMANN, 2018) Em locais em que as temperaturas são elevadas como é o caso da cidade de Manaus- AM, que possui várias ilhas de calor, buscar formas de amenizar a sensação de calor, são indispensáveis. Usualmente, utiliza-se meios tecnológicos, como o ar-condicionado, para se obter o conforto térmico, entretendo este meio acaba por consumir muito da energia elétrica distribuída pela concessionarias de energia. Nesse contexto, nota-se a relevância de estudos relacionados ao conforto térmico, e redução no consumo de energia elétrica, de modo que se possa propor soluções viáveis do ponto de vista técnico, social e econômico. (CHAIR, 2017) O presente artigo tem como objetivo principal, analisar a redução do consumo de energia elétrica ao utilizar Poliestireno expandis (EPS) como isolante térmico em vedações verticais de um quarto residencial. Como forma de alcançar este objetivo, deverão ser realizados cálculos quanto a resistência térmica do material isolante, afim de determinar sua eficácia, bem como coleta de dados referentes a variação de temperatura interna do objeto de estudo, com base nesses dados determinar a economia no consumo de energia elétrica, com a aplicação do EPS. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 CLIMA NO AMAZONAS Segundo Machado (2017), por estar próximo a linha do Equador, o Amazonas possui o clima equatorial, este tipo de clima está sob ação constante das massas de ar equatorial continental e equatorial atlântica, este possui ar quente e úmido. Chair (2017), explica que devido a sua localização, a presença de densa florestas e prédios que impedem a circulação de ventos, além de uma grande densidade demográfica, Manaus (capital do estado) vem apresentando o surgimento de ilhas de calor. Este fenômeno climático contribui para o aumento da temperatura, o que gera um desconforto térmico nas edificações que acabam por absorver o calor. 2.2 CONFORTO TÉRMICO O conforto térmico pode ser definido como, a condição mental que expressa satisfação, bem estar, com relação ao ambiente. Desse modo entende-se que o ambiente não deve apresentar extremos como, muito frio ou muito quente. Ao se projetar uma edificação, alguns pontos devem ser observados, a localização do imóvel, e o clima da região. Dessa forma se pode estabelecer estratégias que garantam um aclima ameno. (MÄHLMANN, 2018). Ainda Mählmann (2018), afirma que existem duas principais formas de se alcançar o conforto térmico, o natural (uso de vãos e áreas abertas), e artificial (condicionador de ar), e aplicação de isolante térmico nas vedações verticais. 2.3 ISOLAMENTO TÉRMICO Conforme afirma Grabasck (2019), o isolamento térmico é a nomenclatura dada a uma técnica de empregar materiais com alta resistência térmica, nas vedações ou coberturas de modo a dificultar que a temperatura externa interfira no ambiente interno através da troca de calor. Um exemplo desses materiais são os polímeros, pois estes possuem baixa condutividade térmica, dessa forma ajudam na preservação da sensação de conforto nos cômodos das residências (CALLISTER JR. e RETHWISCH, 2018). 2.4 CONDUTIVIDADE E RESISTÊNCIA TÉRMICA Callister e Rethwisch (2018), explicam que condutividade térmica é tão somente a transferência de energia térmica de um corpo ou superfície com temperaturas mais elevadas para os que apresentam baixa temperatura, representado pela unidade w/m.k de acordo com o SI (SISTEMA INTERNACIONAL DE Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 16 UNIDADE) . Dependendo da composição dos materiais, esse fenômeno ocorre de forma mais rápida que em outros. A resistência térmica, é o termo utilizado na engenharia, designar uma propriedade do calor, onde este se trata do contraponto da condução térmica, ou seja, é o quanto o material resiste a condução térmica, sua unidade de medida pode ser expressa como: m².k/w. É valido lembrar que quanto maior for o valor da resistência térmica, maior a eficácia do isolamento. (KRUGER, 2016) 2.5 USO DO CONDICIONADOR DE AR De acordo com Mitchell e Braun (2018), embora o termo condicionamento de ar, seja popularmente atribuído apenas ao resfriamento do ambiente, este na verdade se refere a todo tipo de modificação na temperatura interna das edificações. Logo pode-se definir condicionamento de ar, todo processo que leva a alteração da temperatura de modo que se obtenha conforto térmico nos ambientes. Lara (2020) explica que, nos meses de verão intenso, há uma tendência natural de acionar o aparelho de ar-condicionado, geralmente isso ocorre sem uma preocupação com o consumo, acarretando um impacto de 50% de aumento nas contas de energia elétrica. Um ar-condicionado de 12.000 BTU, consome aproximadamente 25kWh/mês, se ligado apenas uma hora ao dia. 3. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo de caso, consiste em verificar a redução no consumo de energia elétrica gerado por um condicionador de ar, através da aplicação de isolante térmico (poliestireno expandido) nas paredes. O objeto de estudo em questão trata-se de um quarto com 8,40 m² e pé direito de 2,80 m. Este está localizado no bairro Cidade Nova 1, Zona Norte da cidade de Manaus, conforme a figura 1. Figura 1 – Localização do Objeto de estudo Fonte: Google Maps, 2020 EQUAÇÕES E CÁLCULOS NECESSÁRIOS Como forma de avaliar a eficácia do poliestireno expandido como material isolante deve ser aplicado, o cálculo quanto a resistência térmica (Eq. 1), coleta-se dados de condutividade térmica (valor tabelado encontrado no anexo B da NBR 1522-2/2005). Para determinar o consumo de um condicionador de ar faz- se uso da (Eq. 2) Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 17 Equação 1 Equação 2 R = e / λ Onde: R - resistência térmica e - espessura do elemento λ - Condutividade ((H x D)x consumo x 0,66)/30 Onde: H - horas de funcionamento D - Dias 4. MATERIAIS E FERRAMENTAS 4.1 TERMÔMETRO PARA AMBIENTE Para se obter dados referentes as temperaturas internas e externas do objeto de estudo, foi utilizado termômetro para ambiente da marca Incoterm (figura 2), este possui as seguintes características: Dimensões (15,0x8,0 cm); peso (90 g); faixa de temperatura (- 50ºC a 70ºC/ºF); Resolução (0,1 ºC/ºF); Precisão (±1ºC/ºF). Figura 2 – Termômetro Fonte: Autoria Própria, 2020 4.2 AR-CONDICIONADO UTILIZADO O aparelho condicionador utilizado para o estudo de caso, foi escolhido devido a sua disponibilidade. Suas características técnicas são: ar-condicionado de Janela da marca (Springer Mídia); manuseio (Mecânico); classificação de energia (A); potência (9.000 BTU’s); pesa (25 kg). (figura 3). Figura 3 – Ar-condicionado, 7.500 BTU’s Fonte: Autoria Própria, 2020 Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 18 4.3 PLACA DE POLIESTIRENO EXPANDIDO Nas paredes, como revestimento aplicou-se placa de EPS, placas isopor térmico antichamas da marca F ISOPOR, dimensões: 100x50cm x 50mm. Figura 4 – Placa de EPS Fonte: Autoria Própria, 2020 5. CONTROLE E OBTENÇÃO DE DADOS 5.1 DETERMINAR A ESCOLHA DO ISOLANTE TÉRMICO Para atestar a eficácia do EPS como material isolante a frente da lã de vidro e lã de rocha – isolantes normalmente empregados na construção – considera-se, o custo apresentado pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices para a Construção Civil– SINAPI, Amazonas, base de outubro de 2020, dos o valor obtido pelo cálculo da resistência térmica e o comparativo da condutividade térmica de cada elemento. Coleta de temperatura interna e externa Para coletar os dados de temperatura, conforme indica a NBR 15575 – 1/2013: Desempenho – parte 1: Requisitos Gerais, três dias com as temperaturas mais elevadas serão considerados. O procedimento se dá da seguinte forma: Durante um período de 14 dias será coletado os dados de temperatura, 7 dias referentes as paredes sem isolante, e mais 7 com paredes contendo o isolante, dos quais seleciona-se os três dias de cada sistema. Deve-se aferir, a média diária, tomar nota temperatura do ambiente interno do quarto (Ta), em seguida ligar o ar-condicionado, deixá-lo ligado por aproximadamente 20 min. Após o prazo, aferir a temperatura do resfriamento. Desligar o ar-condicionado, conferir o tempo que leva para que a temperatura resfriada (Tr) se iguale a temperatura ambiente (Ta). Avaliar o consumo de energia Após a coleta dos dados quanto ao tempo e temperatura do ambiente interno da edificação, deve-se observar o período em que o aparelho condicionador de ar ficou desligado sem que o clima interno tenha sofrido grandes alterações. Com base nessas informações, realiza-se média aritmética do tempo, e cálculo de consumo de energia do período em que o aparelho está desligado, dessa forma determinar a economia gerada com o desligamento do ar-condicionado. PROPOSTA DE SOLUÇÃO Devido ao auto consumo de energia elétrica nas residências, o valor cobrado pela concessionaria que presta o serviço de fornecimento, se torna proporcionalmente maior. Este elevado consumo é consequência de uma gama de fatores, dentre eles, está a utilização de aparelhos condicionadores de ar, que tem a função de tornar o clima interno de determinado local mais agradável. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 19 Pretende-se, portanto, verificar meios para diminuir o tempo de uso desses aparelhos através da aplicação de isolante térmico, mantendo o conforto térmico do ambiente. Esta verificação se dá por meio de cálculo para determinar a eficácia do EPS quanto a resistência térmica, realiza-se também coleta de dados quanto as temperaturas internas e o tempo percorrido para a refrigeração do ambiente e sua normalização. PROPOSTA DE SOLUÇÃO Tabela 1 – Proposta de solução Plano de Ação Etapas da Proposta Escolha do Objeto de estudo especificação do objeto de estudo Um quato de 8,4 m², localizado em area com grande incidencia dos raios solares Escolher Isolante Realizar calculos de resistencia termica Verificar na Tabela contida na NBR 15220-2/2005, valores de condução termica Utilizar composição do SINAPI, para verificar o valor de mercado Coleta de daodos de tempeperatura 1ª fase: consiste em aferir a temperatura interna do quarto ainda sem o isolante e com o ar-condicionado ligado, durante pelo mentos uma semana e observar os dias mais quentes. Isso para verificar qm quanto tempo o ambinete fica refrigerado, após a refrigeração desligar o aparelho e aferiir a temperatura num intervalo de 20 em 20 min, até que o ambinete interno volte a temperatura proxima a exterior. 2ª fase: Realizar o mesmo procedimento, entretanto com as paredes já revestidas com o isolante Analisar os resultados dos dados coletados Verificar e analisar a quantidade de tempo necessario para que a temperatura interna do quarto se iguala a temperatura externa e dessa forma, determinar a quantidade em horas que o condicinador de ar pode ficar desliga sem que isso comprometa o conforto termico Alocação de recursos Ferrmanta ou recurso Custo Termometro Digital, Incoterm R$ 56,70 Ar-condicionado, Springer Midea R$ - Placa de EPS 100 x 50 cm 50 mm R$ 226,36 Total: R$ 283,06 Fonte: Autoria Própria, 2020 6. DISCUSSÃO E RESULTADOS 6.1 ESCOLHA DE ISOLANTE Dados como, custo, e resistência térmica e condutividade térmica foram dispostos na tabela 2. Os isolantes mais usuais no mercado fazem parte dos materiais candidatos a escolha. Tabela 2 - Comparativo para escolha do material isolante Comparativo de Materiais isolantes Materia isolante Espessura (MM) Condutivida de Térmica (W/m.k) Resistência Térmica (m².k/W) Custo do Unitário (R$) valor base Lã de rocha 50 0,045 1,11 R$ 14,67 SINAPI (AM 10/2020) Lã de vidro 50 0,045 1,11 R$ 16,67 SINAPI (AM 10/2020) Poliestireno expandido 50 0,04 1,25 R$ 4,64 SINAPI (AM 10/2020) Fonte: Autoria Própria, 2020 Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 20 Ao analisar os dados obtidos na tabela acima, nota-se que: O EPS, obteve resistência igual a 1,25 m².k/W Quanto ao custo o Poliestireno expandido, apresentou valor de R$ 4,64 (quatro reais e sessenta e quatro centavos). É possível notar que os valores de condutividade térmica de todos os isolantes considerados, são muito próximos, logo percebe-se que houve uma diferença de 0,14 m².k/W entre os valores de resistência. Tendo em vista que os valores físicos apresentaram valores próximos, o que determina a escolha é o custo unitário de cada material. 6.2 TESTES DE TEMPERATURA INTERNA DO QUARTO A coleta de dados foi deu origem aos quadros 1, nele estão os valores de temperatura do ambiente antes e após o acionamento do ar-condicionado. Gráfico 1- Resultados da coleta de dados Fonte: autoria Própria, 2020 De acordo com os dados apresentados pelo gráfico, nota-se que: As temperaturas do ambiente são próximas, com uma diferença de 0,2 °C; período adotado para resfriamento do ambiente foi de 30 min para; Houve diferença entre as temperaturas após o resfriamento, cerca de 1,7°C; Diferença entre Ta e Tr, aproximadamente 169 minutos Para garantir, maior confiabilidade de os períodos em que o ambiente ficou, com o aparelho regulador de temperatura ligado, são iguais. As temperaturas do ambiente antes do condicionador de ar ser ligado, são pouco diferentes, para que se pudesse realizar comparativo de sistemas em condições semelhantes. As temperaturas após o aparelho ser desligados apresentam diferença de 1,7°C, pois as paredes ser o isolante térmico continuam a realizar troca de calor o meio externo, desse modo sua temperatura rapidamente se iguala a temperatura exterior. Ao aplicar, poliestireno expandido, que é um material com má condução térmica, pois este contém bolsões de ar que retém o calor, dificultando a troca de energia térmica, assim mantendo o ambiente interno com temperatura menor que a externa por mais tempo (3,5 horas) Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 21 6.3 ECONOMIA NO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA Aplica-se todos os dados quanto ao consumo de energia térmica, e utiliza-se o tempo calculado pelo experimento anterior, de modo que se obtenha o tempo de uso do aparelho, conforme a tabela 3. Tabela 3 – Análise comparativa do consumo de energia elétrica Sem aplicação de EPS Com aplicação de EPS Dias por mês 30 dias 30 dias Consumo de Energia 25 kW/h p/ mês 25 kW/h p/ mês Tempo de consumo 8 h 4,5 h Tarifa da concessionária R$ 0,66 R$ 0,66 Valor cobrado R$ 132,00 Valor cobrado R$ 74,25 Fonte: Autoria Própria, 2020 Os resultados indicam que: Com uso médio de 8 horas de ar-condicionado a importância de R$ 132,00 é cobrada; Ao reduzir o tempo de uso em 3,5 horas, resultaram em R$ 74,25. Com base nos resultados apresentados, nota-se que houve redução no tempo de uso do aparelho, que costumava ser em média 8 horas por dia, e passou a ser de 4,5 horas, isso significa que 3,5 horas, com o aparelho desligado, ainda se mantem o conforto térmico. Essa diferença, representa uma economia de R$ 57,75 na conta de energia elétrica. Isso em períodos de clima quente, é possível que em períodos de climas frios, esse tempo de uso do ar-condicionado seja reduzido ainda mais. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o consumo de energia elétrica cada vez mais evidente, devido as altas temperaturas da cidade de Manaus-Am, busca-se formas de minimizar o desconforto gerado pelo calor. Dentre outros métodos, a aplicação de revestimento de paredes com material isolante térmico, tem mostrado resultados atrativos. É notório a necessidade de estudos, que atestem e contribuam para o desenvolvimento e aplicação de isolantes térmicos em edificações, a fim de assegurar o conforto térmico das edificações. O estudo de caso realizado, apresentou uma gama de resultados satisfatórios, quanto ao uso de Poliestireno expandido como isolante térmico, aplicado em vedações verticais. Dentre os quais se destaca, sua resistência térmica de 1,25 m².k/W, bem como seu custo, que é mais o acessível dentre os comparados nesse estudo, cerca de R$ 4,64/m². Outro ponto a ser levado em consideração, é a redução no consumo de energia, após verificar o período que um ar-condicionado pode ficar inativo, sem que o ambiente externo possa alterar a temperatura o ambiente interno. Foi através dos testes em ambiente controlado, que geraram dados com relação ao tempo de funcionamento, do aparelho regulador de ar, 30 min com o aparelho ligado, lhe garante aproximadamente 3,5 horas de temperatura amena no ambiente interno. Ao verificar o tempo em que o aparelho fica desligado, observou-se uma economia de R$ 57,75 o que representa cerca de 56,25% a menos que o valor cobrado em edificações com vedações convencionais ou em qualquer tipo de tratamento térmico. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 22 REFERÊNCIAS [1] ALMEIDA, Anderson W.N. et. al. Termodinâmica da economia: redução dos custos de energia elétrica através do revestimento de paredes com fibras de coco e tetra pak®. Dezembro de 2019. 7 f. Artigo acadêmico - CEAP, Amapá- AP, 2019. [2] ALMEIDA, Tamires. Como calcular o consumo de energia do ar-condicionado. Industria Hoje, 2016. Disponível em <https://industriahoje.com.br/como-calcular-o- consumo-de-energia-do-ar-condicionado>. Acesso em 23/11/2020. [3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 15220: Desempenho [4] térmico de edificações: Parte 2: Métodos de cálculo da transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico, e do fator solar de elementos e componentes de edificações. Rio de Janeiro, p. 3. 2005. a. NBR 15575: Edificações habitacionais: Desempenho: Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, p. 19. 2013. [5] CALLISTER Jr, William D; RETHWISCH, David G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 9. ed. - [Reimpr.]. Rio de Janeiro: LTC, 2018. [6] CHAIR, Glaucia. Por que Manaus é tão quente? Você ja ouviu falar de ilha de calor?. Em tempo, Manaus-AM, 2 de out. De 2017, M. Disponível em: <https://d.emtempo.com.br/_/80869/por-que-manaus-e-tao-quente-voce-ja- ouviu-falar-em- ilhas-de-calor>. Acesso em 23/11/2020. [7] GRABASCK,Jaqueline Ramos. Arquitetura sustentável. Porto Alegre: SAGAH, 2019. [8] KRUGER, Abe. Construção verde: princípios e práticas em construção residencial. São Paulo: Cengage Learning, 2016. [9] LARA, Rodrigo. Ar-condicionado aumenta muito a conta de luz; veja se vale a pena para você. Tilt, 2020. Disponível em <https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/10/01/ar-condicionado-aumenta-muito- a- conta-de-luz-veja-se-vale-a-pena-para-voce.htm>. Acesso em 23/11/2020. [10] MACHADO, Vanessa de S. Princípios de climatologia e hidrologia. Porto Alegre: SAGAH, 2017. [11] MÄHLMANN, Fabiana Galves. Conforto ambiental. Porto Alegre: SAGAH, 2018 [12] MITCHELL, Jonh W.; BRAUN, James E. Princípios de Aquecimento, ventilação e condicionamento de ar em edificações. Rio de Janeiro: LTC, 2018. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 23 Capítulo 3 Desenvolvimento de sistema de reaproveitamento de materiais de construção em pequenas obras: Um estudo de caso na cidade de Manaus Kátia Hellany Pacheco Costa Carlos Samuel Castro Oliveira Ygor Geann dos Santos Leite Resumo: O setor da construção civil é um dos maiores geradores de resíduos, em especial as pequenas obras, propícias a um menor manejo de resíduos por tratarem-se de obras muitas vezes irregulares ou sem acompanhamento de profissional técnico. Partindo da necessidade de dar um destino útil a estes materiais e resíduos, este artigo tem por objetivo propor um aplicativo onde os usuários poderão ofertar e adquirir materiais de segunda mão que estejam em boas condições de uso na capital de Manaus, utilizando assim a tecnologia a favor da sustentabilidade. Para consolidação da proposta utilizou-se o método de abordagem mista através da pesquisa bibliográfica e os resultados de um levantamento de campo, no qual se pode comprovar as chances de reaproveitamento dos resíduos de obra. Assim, este artigo mostra sua relevância quanto a proposta de uma ferramenta fomentadora para a prática mais consciente e sustentável nas obras de pequeno porte e reformas. Palavras-chave: obras; reformas; resíduos; construção civil; sustentabilidade. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 24 1. INTRODUÇÃO A construção civil, como se tem constatado no decorrer dos anos, é a atividade que mais consome recursos naturais (renováveis e não renováveis) e utiliza energia de forma intensa, o que vem causado grandes impactos ao meio ambiente. Sabe-se que o menor controle de manejo sustentável na construção civil encontra-se nas pequenas construções e reformas. No entanto, devido à grande quantidade destas obras, muitas vezes irregulares e sem o acompanhamento de um profissional qualificado, gera-se um acúmulo de atividades não sustentáveis isoladas que compõem um grande grupo nocivo ao meio ambiente. Uma pesquisa realizada pelo CAU/BR - Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, demonstrou que o índice de obras regulares e amparadas por profissionais competentes no Norte do Brasil é muito baixo. Em Manaus, o CAU/AM constatou que as zonas Norte e Sul de Manaus foram as mais denunciadas por obras irregulares (CAU/AM, 2017). Este dado implica também no consequente descarte irregular de resíduos e materiais. Parte daí a problemática deste trabalho. Como amenizar os danos ao meio ambiente através do reaproveitamento de materiais, mais especificamente em pequenas obras e reformas na cidade de Manaus? Portanto, é proposto como objetivo geral o desenvolvimento de uma proposta de sistema digital de reaproveitamento de resíduos e materiais em condições de uso, que possa ser utilizado não somente pelo arquiteto contratado, mas também pelos próprios proprietários que estejam reformando suas edificações de pequeno porte. E como objetivos específicos pretende-se levantar dados referentes a procedimentos de reaproveitamento e direcionamento de resíduos de obras, apresentar métodos e técnicas para reaproveitamento de materiais em pequenas obras e reformas, elaborar proposta de sistema digital de doação e venda de resíduos e materiais de maneira interativa visando o parâmetro da procura e da oferta. Buscando contribuir com a sustentabilidade local no setor que mais afeta o meio ambiente, a construção civil, e consequentemente melhorar a qualidade de vida dos manauaras, este trabalho mostra sua relevância quanto ferramenta fomentadora para uma prática mais consciente nas obras de pequeno porte e reformas. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A construção civil, segundo o CIB - Conselho Internacional de Construção (MMA, 2014), é a atividade que mais consome os recursos naturais e utiliza a energia de forma intensa, causando grandes impactos ao meio ambiente, estimando que, dentro do conjunto de atividades humanas, cerca de mais de 50% dos resíduos gerados sejam provenientes das construções. A busca pela sustentabilidade neste ramo tornou-se uma luta diária através de programas de conscientização, desenvolvimento de novas tecnologias, estudos de gerenciamento consciente, etc. Em 2018, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018), através da Pesquisa Anual da Indústria da Construção – PAIC, divulgou um levantamento onde demonstra o crescimento das obras residenciais em contrapartida à diminuição das obras de infraestrutura do setor público. Esse resultado se dá principalmente por conta do aumento da construção de edifícios, contando com a expansão dos programas de aquisição habitacional. Vale ressaltar também o aumento de poder de compra de imóveis residenciais das famílias entre os anos de 2009 e 2018. Deve-se levar em consideração que a PAIC 2018 foi realizada com base na produção de empresas cadastradas e obras registradas apenas, desconsiderando as obras irregulares, concluindo assim que a variação apresentada pelo IBGE pode ser ainda maior do que a divulgada. Na região Norte do país, conforme pesquisa realizada pelo CAU/BR, apenas 10% das obras são regulares e acompanhadas por profissional da área da construção civil. Segundo o CAU/AM (2017), as zonas Norte e Sul de Manaus foram as mais denunciadas à instituição por obras irregulares, ainda assim a quantidade de denúncias recebidas está muito abaixo da dimensão dessa problemática, já que facilmente encontram-se obras sem placas de liberação pela cidade. Sem o acompanhamento adequado, essas obras contribuem para o descontrole no descarte de resíduos e materiais que poderiam facilmente ser reaproveitados. Diante disso, a sustentabilidade no setor da construção civil tem se tornado uma preocupação, visto o impacto que o resíduo proveniente de suas atividades tem sobre o meio ambiente e a paisagem urbana. Assim, a reciclagem dos resíduos, materiais, equipamentos e objetos em geral que sejam descartados, Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 25 torna-se uma alternativa de amenizar estes impactos. 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS A Resolução 307/02, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (2002) determina os procedimentos, critérios e diretrizes para gestão de resíduos provenientes da construção civil, orientando atitudes necessárias para atenuar os danos ambientais. Assim esta resolução classifica os resíduos da seguinte forma: Classe A - aqueles reutilizáveis oriundos de construções, demolições, reformas, reparos de pavimentação, infraestrutura e solos nativos de terraplanagem. Inclui também blocos, tijolos, revestimentos, telhas, concreto, argamassa e resíduos provenientes da fabricação e demolição de peças pré-moldadas com produção no próprio canteiro de obra; Classe B - são os recicláveis mais comuns: papel/papelão, plástico, vidros, metais, madeira, gesso e embalagens vazias de tinta; Classe C - são os resíduos com menor possibilidade de reutilização, onde ainda não foram desenvolvidas tecnologias viáveis financeiramente para o processo de reciclagem ou recuperação; Classe D - são aqueles resíduos com alto índice de intoxicação humana quando manuseados e/ou armazenados de maneira incorreta, tais como: solventes, óleos, tintas, ou com algum tipo de contaminação ou oriundos de demolições, prejudiciais à saúde, de obras em clínicas radiológicas ou industriais, assim como qualquer materiais que contenha amianto ou produtos nocivos, como alguns tipos de telhas. Todos esses resíduos listados na Resolução acima citada devem ser analisados quanto às suas condições de uso e reaproveitamento antes e após manuseio, uma vez que há a impossibilidade de reuso por motivos diversos, como quebra, necessidade de descarte específico como de baterias, desconfiguração do formato do material, risco toxicológico, etc. Após a triagem desses materiais, é necessário que sejam armazenados de modo a conservar ao máximo seu estado atual, evitando perdas e minimizando danos que impossibilitem uma futura venda ou doação. 3. METODOLOGIA OU MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida com base em estudos teóricos e análise de campo reunidos através da revisão bibliográfica constituída por livros, artigos, periódicos, revistas e teses, envoltos na área da sustentabilidade e resíduos da construção civil e avaliação de pequenas obras em andamento. Adotaram-se os procedimentos acima citados buscando fundamentar a necessidade da proposta aqui apresentada utilizando o objeto principal deste trabalho que são as pequenas obras e reformas. O levantamento de dados bibliográficos é a base teórica da problemática aqui exposta junto ao levantamento de campo, que consolida os objetivos listados neste trabalho. Buscando alcançar o objetivo almejado da pesquisa, utilizou-se o método de abordagem mista, que integra a forma qualitativa e a quantitativa (CRESWELL, 2007, p. 35), onde uma complementa a outra, facilitando o entendimento de problemas e hipóteses, bem como a análise de resultados. Foram escolhidas e analisadas três obras em andamento na cidade de Manaus, todas residenciais, sendo duas de reforma e uma de interiores. Entre as obras de reforma tem-se uma de pequeno impacto projetual e uma de grande impacto projetual. O critério de escolha dos projetos foi de acordo com a condição do imóvel, de maneira que uma residência está em bom estado por ser um imóvel relativamente novo (baixo impacto), outra estava abandonada a aproximadamente cinco anos (alto impacto) e um imóvel que envolve apenas adequação, instalação de piso e troca de peças e mobiliário. Sucedendo a pesquisa realizou-se o diagnóstico dos aspectos não sustentáveis que envolvem o descarte de resíduos e materiais de obras e possível implementação de uma nova maneira de tratar o destino destes de modo a reaproveita-los ao máximo. As principais adversidades encontradas para solucionar o problema de reaproveitamento de materiais e resíduos da construção civil são, principalmente, as obras irregulares, sem orientação de profissional técnico da área, a cultura fraca de separação seletiva dos resíduos, planejamento da obra e manuseio Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 26 correto dos materiais possíveis de reaproveitamento quando mantidos em bom estado de uso. 3.1 PROPOSTA DE SOLUÇÃO A proposta de solução contempla o sistema digital de reaproveitamento de resíduos e materiais em condições de uso através de venda e/ou doação, que estabelece o principal objetivo do trabalho, buscando responder a problemática da pesquisa: Como amenizar os danos ao meio ambiente através do reaproveitamento de materiais, mais especificamente em pequenas obras e reformas na cidade de Manaus? O sistema proposto baseia-se nos dados fornecidos pela revisão bibliográfica a respeito da geração de resíduos na construção civil, complementado por um levantamento de campo, afim de embasar a importância e viabilidade do sistema proposto. 3.2 PROCESSOS E ETAPAS DO SISTEMA Partindo das características que se espera do sistema, propõe-se que o mesmo seja realizado através de três processos: Cadastro do usuário; busca/acesso aos produtos e cadastro de produtos. O processo inicia-se pelo Cadastro do usuário. A partir desta etapa, o usuário informará se está ofertando (venda ou doação) ou se pretende comprar um produto. No caso de ofertar um produto, o usuário escolherá entre doação ou venda, onde as doações serão feitas de materiais usualmente recicláveis como papelão, plástico, vidro e metal, informando se o material será entregue ou se há necessidade de busca no local. Ainda neste caso, para que esse material chegue a seu destino adequado, as cooperativas de reciclagem serão contactadas para que se cadastrem no aplicativo e mantenham seus dados atualizados. Na escolha de venda, o usuário deverá inserir o valor, postar no mínimo duas fotos nítidas do produto ofertado, descrever características como medidas e peso aproximados, cor e tipo de material, tempo de uso aproximado, informar se o produto será entregue ou se há necessidade de busca no local. No momento de cadastramento do produto, serão disparados informativos de conscientização ambiental e incentivo à contratação de profissionais técnicos como engenheiros e arquitetos, ainda que apenas para Consultoria, um serviço com valor mais acessível, porém de muita eficácia, esclarecendo dúvidas e orientando quanto ao andamento da obra, separação de materiais a serem ofertados e seus cuidados. Ao pretender fazer uma compra, o usuário poderá escolher parâmetros de busca que envolvem o raio de distância e região da cidade, tipo de material, valor mínimo e máximo, tempo de uso, etc. Diante do propósito que rege esse sistema, que é a sustentabilidade, busca-se torná-lo um ambiente dinâmico, de fácil acesso e usual ao usuário. Apesar do sistema ser pensado para a problemática da capital amazonense, sabe-se que o mesmo afeta diversas cidades do nosso país e do mundo. Portanto o sistema proposto poderá também ser estendido a outras cidades e capitais afim de fomentar a ideia. 3.3 PLANEJAMENTO DA PROPOSTA Para tornar o sistema uma realidade, serão aplicadas as seguintes atividades: Tabela 1 - Atividades ETAPA ATIVIDADE DESCRIÇÃO 1 Fazer especificação e modelagem do sistema. Definir as soluções computacionais a serem adotadas para eficácia da implementação do sistema, bem como avaliar a melhor maneira de portabilidade. 2 Desenvolver e implementação da proposta As soluções estabelecidas na Etapa 1 serão implementadas como funcionalidade ao sistema, nesta etapa haverá colaboração intensa entre participantes buscando garantir a proposta de usabilidade do sistema. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 27 Tabela 1 – Atividades (continuação…) ETAPA ATIVIDADE DESCRIÇÃO 3 Validar o protótipo Criado o aplicativo, o mesmo será apresentado aos possíveis usuários alvos buscando avaliar a aceitabilidade do produto, além de buscar eventuais desafios que compliquem a usabilidade do sistema. 4 Documentar a proposta Nesta etapa busca-se fazer o registo da patente, elaboração da documentação técnica e de uso da proposta, assim como os documentos de código fonte e de manuais para usuário. 5 Publicar os resultados Nesta última etapa, busca-se publicar os resultados alcançados pelo aplicativo em eventos científicos, publicações em periódicos e conferencias sobre sustentabilidade na construção. Fonte: Os autores, 2020 Proposta (telas protótipo) Imagem 01: Tela de login. Imagem 02: Tela de ação. Imagem 03: Tela de busca (comprar). Imagem 04: Tela de Ofertar. Imagem 05: Tela de Cadastro (parte 01) Imagem 06: Tela de Cadastro (parte 02) Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 28 4. DISCUSSÃO E RESULTADOS De acordo com as bases bibliográficas, podemos observar a necessidade de cuidado na gestão de resíduos na construção civil, uma vez que esta atividade é a que mais utiliza os recursos naturais e a que menos recicla. Voltando essa problemática para a cidade de Manaus, vimos que há uma grande quantidade de obras irregulares espalhadas pela cidade, o que agrava a falta de gestão de resíduos. Na necessidade de dar um destino mais útil aos materiais e resíduos das obras, idealizou-se uma espécie de brechó digital da construção civil, através de aplicativo, onde os usuários poderão ofertar ou adquirir materiais de segunda mão que estejam em condições de uso, buscando também facilitar a comunicação com empresas que trabalhem com recicláveis como papelão, plástico, vidro, metal, etc. Com o levantamento de campo podemos comprovar que as chances de reaproveitamos dos resíduos de obra são grandes, como listados no quadro abaixo: OBRA IMPACTO MATERIAIS / RESÍDUOS 01 Reforma (casa) Imóvel com 5 anos de vida. Baixo Telhas cerâmicas; louça de banheiro; box de banheiro; janela de vidro, correr, duas folhas; porta de PVC amadeirado; papelão. 02 Reforma (casa) Imóvel com mais de 10 anos de vida e 5 anos de abandono, sem uso. Alto Fôrma de vigota e EPS para laje pré-moldada; ferragem; louça de banheiro; placa de granito; bancada de granito; telha galvanizada; solo de escavação; louça de tanque para lavar roupa; cano de PVC; papelão. 03 Interiores (apto) Imóvel novo. Baixo Box de banheiro; pia de cozinha; piso de porcelanato*; móveis que serão substituídos (sofá; cama casal; painel de TV; guarda- roupa); papelão. *O piso de porcelanato não foi instalado, pois no momento da compra do imóvel os compradores solicitaram que o piso fosse entregue “no osso” (apenas no contra-piso). No entanto, em contrato, o valor do material piso permanece incluso no valor de venda do imóvel, dessa maneira, a construtora deve entregar a quantidade equivalente do material do piso ao cliente, ainda que não instalado, mas em caixas. Vivemos um momento onde o uso da tecnologia de aplicativos em smartfones, tablets, computadores, torna possível a execução de diversas tarefas em qualquer lugar e a qualquer distância. Na busca de auxiliar a comunicação entre consumidor e ofertante na área de construção civil na cidade de Manaus, especificamente de reformas e pequenas obras, apresentou-se a proposta de um aplicativo que proporcione essa comunicação. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através do presente artigo, apresentou-se como proposta de solução complementar à problemática da falta de gestão de resíduos e materiais em pequenas obras e reformas e seu potencial risco ao meio ambiente na cidade de Manaus, um aplicativo para venda ou doação destes, podendo ser utilizado tanto pelo proprietário da obra em questão quanto pelos profissionais e cooperativas de reciclagem. As análises realizadas dos dados e resultados do estudo de campo demonstraram a presença de materiais com alto potencial de reutilização presentes em pequenas obras e reformas em Manaus, fundamentando a proposta de venda e/ou doação desses materiais. O sistema proposto, além de beneficiar o meio ambiente como uma proposta sustentável, beneficia o público alvo deste trabalho, que por vezes não possui condição financeira elevada para aquisição de materiais novos, podendo adquirir materiais de segunda mão que estejam em boas condições de uso, como telhas, louças e móveis por exemplo, tornando esta ideia não apenas sustentável como social. Através do aplicativo proposto também buscou-se fomentar a contratação de arquitetos e engenheiros através de consultorias que auxiliam no planejamento das obras e conjuntamente na separação de resíduos, sendo este um serviço com valor acessível aos futuros usuários do aplicativo. Assim, concluímos que a melhoria de comunicação entre consumidor e ofertante, dentro da temática neste trabalho desenvolvida, é capaz de reduzir desperdícios desnecessários de materiais e resíduos da Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 29 construção civil que podem facilmente ser reutilizáveis, trazendo conscientização ambiental e melhorando a paisagem urbana da cidade de Manaus. REFERÊNCIAS [1] CAU/AM – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas. Zonas Norte e Sul lideram denúncias sobre obras irregulares em Manaus, 2017. Disponível em: http://www.cauam.gov.br/rede-tiradentes-zonas-norte-e-sul- lideram-denuncias-sobre-obras-irregulares-em-manaus/. Acessado em 14 de nov. 2020. [2] CONAMA. Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, nº 136, 17 de julho de 2002. Seção 1, p. 95-96. Disponível em <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=307> Acesso em: 22 de out. 2020. [3] CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2007, 35 p. [4] IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Anual da Indústria da Construção – PAIC 2018. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/pe riodicos/54/paic_2018_v28_informativo.pdf. Acesso em: 09 de nov. 2020. [5] MMA - Ministério do Meio Ambiente. Estudo técnico aborda a sustentabilidade na construção civil. 2014. Disponível em: https://www.mma.gov.br/informma/item/12421-noticia-acom-2014-11- 585.html#:~:text=O%20Conselho%20Internacional%20da%20Cons tru%C3%A7%C3%A3o,humanas%20sejam%20provenientes%20da%20constru%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 24 de out. de 2020. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 30 Capítulo 4 Reaproveitamento do RCD do piso como agregado na preparação de novo concreto para calçada lateral da clínica renal Alan Caio Medeiros Fernandes Deivid Dias de Sousa Nilson Lopez Cintra Ygor Geann dos Santos Leite Resumo: A construção civil é uma das áreas que produz mais empreendimentos de grandes portes e a que mais desperdiça quando utiliza recursos naturais. Dessa Forma, o entulho na maioria das vezes é motivo de discussão, por trazer prejuízos monetários, sociais e ambientais para a comunidade. Este estudo tem como objetivo analisar o reaproveitamento do concreto descartado na demolição das construções no geral, já que o grande desafio na construção é transformar esse resíduo em uma fonte alternativa de matéria-prima através da reciclagem do RCD, o método é adicionar e analisar a adição do resíduo de construção civil de demolição como agregado graúdo. Estima-se que até 10% de todo o material entregue no canteiro de obras é desperdiçado devido a deficiência no processo de construção, imprecisões ou omissões na elaboração e execução dos projetos. Somente os concretos com substâncias contaminantes, como sulfato de cálcio cloreto e óleos podem trazer prejuízos as propriedades do concreto no estado endurecido, não o permitindo ser reciclado. Os resíduos de concreto podem ser triturados, chegando a pedaços e 75 a 120 mm, e misturados com areia, água e cimento para se obter um novo concreto fresco. Este é geralmente usado como camada de base para projetos de construção de pisos e calçadas, o que ajuda a minimizar os custos e o impacto ambiental na Construção Civil. Com a reciclagem do concreto é possível obter agregados com características semelhantes ao produto original, diminuindo a extração dos recursos naturais e contribuindo muito com a preservação do meio ambiente. Palavras-chave: Sustentabilidade, Desenvolvimento, Reciclagem. Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 31 1. INTRODUÇÃO Na construção civil a utilização de matérias primas para a confecção de um empreendimento, tem origem em grandes atividades de extração em jazidas de areia e extração de material argiloso ou pétreo, neste contexto é necessário ter cuidados com o meio ambiente, uma vez que os impactos são notáveis e as retiradas descontroladas em longo prazo, implicam em escassez do material procurado. Assim, a utilização de um método renovável, além de se tornar sustentável podendo elevar a qualidade do seu empreendimento, pode ser mais barato do que os métodos convencionais (HOOD, 2016). A reutilização e reciclagem de resíduos de construção civil como matéria-prima, pode trazer inúmeros benefícios econômicos e ambientais, minimizando a extração de recursos minerais, além de reduzir os níveis de poluição atmosférica, processamento e transporte. O grande obstáculo a ser ultrapassado pelo setor de construção civil é a geração desses resíduos. Pois o maior desafio da área é conciliar seus processos de produção com o desenvolvimento consciente dentro da obra, portanto a alternativa encontrada para solucionar essa problemática é o reaproveitamento. A recuperação de pisos de concreto ou de calçamentos que não serão solicitados com grandes cargas traz a oportunidade da aplicação de resíduos de demolição no traço que será aplicado na pavimentação nova. Em contexto, o afundamento do piso de concreto da área lateral da Clínica Renal de Manaus, localizada na Av. Castelo Branco, bairro da Cachoeirinha, pode ser citada. Nesta ocasião o carreamento de partículas de solo abaixo do piso ocorreu devido a uma infiltração na caixa de drenagem de águas pluviais, causando o afundamento deste elemento, gerando a necessidade de manutenção que se enquadra na reutilização de RCD. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Os resíduos de construção tem se desenvolvido bastante atualmente, porém há registros na antiguidade. Segundo com Levy (1997), na Alemanha, por volta de 1860, foram utilizadas sobras de blocos de concreto de cimento Portland, na produção de artefatos de concreto. Ainda o mesmo autor, diz que só a partir de 1928 começaram a ser desenvolvidas pesquisas de forma sistemática, para avaliar o efeito do consumo de cimento, da quantidade de água e da granulometria dos agregados. 2.2 DESPERDÍCIOS E PERDAS DE MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Sabe-se que a preocupação com o desperdício de materiais na construção civil e a geração de toneladas de resíduos de entulho produzidas diariamente nos canteiros de obra das cidades não é recente. Nos últimos anos, o interesse no assunto tem crescido com a discussão de questões ambientais, área de grande enfoque no milênio. Levantamentos indicam que a quantidade de materiais consumida pela construção gira em torno de 1.000 kg por m2 construído (KAGUE, 2009, p. 03). O QUADRO 1 demonstra as porcentagens de perda de materiais durante os processos construtivos. Quadro 1 - Perda de materiais em processos construtivos convencionais. Fonte: PINTO (2008). Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 32 2.3 IMPACTO AMBIENTAL Conforme (SANTOS, 2004): “A expressão impacto ambiental é encontrada diariamente, associada a algum dano a natureza na maioria das vezes, tais como mortandade da fauna silvestre, após um vazamento de petróleo no mar ou em um rio, ou quando imagens de aves totalmente negras devido a camada de óleo que as recobre chocam a opinião pública.” 2.4 MATERIAL RECICLADO EM OBRAS DE CALÇAMENTOS Segundo as Resoluções nº 307 e nº 348 os RCD da construção civil são classificados em quatro classes conforme a figura 1: Figura 1: classes dos resíduos sólidos Fonte: Brasileiro e Mattos (2015) A construção civil apresenta grande receptividade para absorção dos resíduos sólidos, no entanto, a reciclagem de RCD pode ser aplicada para diversos fins, tais como: camadas de base e sub-base para pavimentação, coberturas primárias de vias, fabricação de argamassas de assentamento e revestimento, fabricação de concretos, fabricação de pré-moldados (blocos, meio-fio, dentre outros), camadas drenantes, etc. (BRASILEIRO e MATOS, 2015). 2.5 UTILIZAÇÃO DO RCD “A utilização de um RCD devidamente processado com vista à sua integração como matéria-prima numa indústria carece de um tipo de análise caso-a-caso.” (AGÊNCIA,2011, p. 6). Para que haja a utilização do RCD na construção civil, o segredo está relacionado a triagem, que nada mais é a separação dos resíduos. Segundo a Agência (2011), a triagem no local de produção de resíduos, caso demostre inviável, poderá ser encaminhado para um operador de gestão de licenciado para esse efeito. É fundamental o processo de triagem, não somente para separar os resíduos, como quantificar e classificar, pois, somente após o processo de triagem é permitida a deposição do RCD em aterro. Segundo Addis (2010), para que sejam utilizados esses resíduos, é necessário focar nas políticas governamentais e nos aspectos, o aspecto importante é na redução de extração de novas matérias primas, isto é, a reutilização beneficia o meio ambiente em vários aspectos, sendo o principal, a redução de extração de materiais naturais, reduzindo com isso os recursos necessários para o seu processamento; outro aspecto seria a redução significativa na quantidade de entulho gerada e descartada, sendo assim, a reutilização e a Tópicos em construção civil: Tecnologia, inovação e metodologias aplicadas 33 reciclagem tirando os materiais do meio urbano, antes que os mesmos sejam descartados de forma incorreta ou parar em aterros. O RCD. vem sendo estudado, para