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UNIDADE I Estágio Supervisionado III 1 ESTÁGIO SUPERVISIONADO III UNIDADE I PARA INÍCIO DE CONVERSA Prezado (a) estudante! Tudo bem? É uma enorme satisfação recebê-lo (a) em mais uma disciplina do Estágio Supervisionado. Estamos no Estágio Supervisionado III que corresponde ao contexto da Gestão Escolar. Assim, pensaremos em ações que contemplem as atividades da gestão escolar, incluindo também as questões pertinentes à coordenação pedagógica. Desenvolveremos, portanto atividades de observação e prática, de processos de investigação e problematização nas funções do trabalho pedagógico e dos processos educativos. Logo, querido (a) aluno (a), essa é uma disciplina que tem como objetivo lhe ajudar a compreender os marcos legais que legitimam o trabalho do gestor educacional e do coordenador pedagógico lhe estimulando a refletir sobre a atuação desses sujeitos no âmbito escolar, bem como, favorecerá a aproximação com a dinâmica de trabalho desses atores. Essa é uma disciplina que também lhe ajudará a pensar sobre o fato de que embora vivamos num país democrático, reconhecemos que há muito que se fazer para alcançarmos plenamente a democracia no contexto escolar. Nesse sentido, faz-se, necessário nos posicionarmos diante do mundo, assumindo qual o projeto de sociedade que defendemos, a partir da defesa de que a educação se constitui como prática na qual os envolvidos buscam a apreensão da realidade pela consciência crítica, visando à transformação social, assumindo-a como possibilidade e não como determinação. Destacamos que o Estágio em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica deverá ser realizado individualmente em um estabelecimento legalizado pelos órgãos competentes, podendo ser realizado tanto em escolas públicas, quanto privadas. Entretanto, destacamos que sempre que possível ela possa ser desenvolvida numa escola pública, pois a mesma se organiza a partir dos preceitos legais que legitimam a gestão democrática. Para melhor lhe orientar, detalhamos as informações da organização dessa disciplina que tem a carga horária de 100h/a, assim distribuídas: 2 Tabela 1 – Organização da Disciplina Atividade a serem desenvolvidas Distribuição da Carga horária Ações a serem desenvolvidas Aulas no ambiente virtual 30horas Leitura dos guias, postagem no ambiente dos relatórios e documentos solicitados. Observação do cotidiano das ações do gestor e do coordenador pedagógico 30horas A observação da escola refere- se aos momentos em que você o estagiário se familiariza com a organização do trabalho do gestor e do coordenador pedagógico. Atenta para como esses atores estabelecem vínculos com a comunidade interna e externa e faz registros dessas impressões. Atividades extraclasse 20 horas Esse item se refere às atividades que darão suporte para a composição dos seus relatórios. Assim, será considerada atividades extraclasse: a leitura e análise do Projeto Político Pedagógico da escola, a leitura de textos para análise do cotidiano do gestor e/ou coordenador, entre outras atividades que serão propostas. Participação em atividades 10 horas A participação nas atividades que fazem parte do cotidiano do gestor ou coordenador pedagógico, tais como: reunião com os professores, funcionários responsáveis ou com os órgãos colegiados, atendimento aos responsáveis e/ou comunidade. O cumprimento dessa carga horária será registrado na ficha de frequência individual de estágio supervisionado. 3 Relatório 10 horas Durante o desenvolvimento da disciplina você produzirá dois relatórios reflexivos: um parcial e um final de acordo com os roteiros propostos. Eles corresponderão ao relatório da observação e do relatório final. Esses relatórios compõem as suas notas na disciplina. Total 100 horas Tabela 1 - Organização da Disciplina Fonte: Elaborado pela professora ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA Para lhe ajudar nesse seu Estágio III, Estágio em Gestão, este guia lhe apresenta as orientações necessárias para que você realize com êxito a sua inserção e atividades de observação e pesquisa na escola. Diferente dos outros momentos do estágio, agora não haverá regência como você deve ter observado, entretanto, também será uma experiência extremamente proveitosa para a sua formação. Assim, este guia está dividido em três seções. Vamos conhecer um a um! 1. REFLETINDO SOBRE A GESTÃO DEMOCRÁTICA – apontamos os fundamentos legais que legitimam a gestão democrática no contexto da escola pública e as principais atribuições e desafios do gestor na contemporaneidade. 2. O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO – nesse item destacamos o papel do coordenador pedagógico, salientando a importância desse agente para uma gestão de sucesso. Reconhecemos a complexidade da função e ressaltamos as suas funções. 3. ESTAGIÁRIO E A ESCOLA: COMPORTAMENTOS, ATITUDES E CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS À INSERÇÃO NA ESCOLA – apresentamos um roteiro de aspectos para os quais você precisa atentar-se durante o estágio III. Dessa forma, eu almejo que você desenvolva com muito empenho e afinco as atividades propostas pelo Estágio Supervisionado III que lhe desafia a conhecer outro lado da escola que é o contexto da gestão. Espero, caro/a aluno/a que a experiência adquirida seja um elemento fortalecedor para ampliar a sua formação e para a compreensão dos inúmeros papéis que o/a pedagogo/a podem assumir no contexto escolar. Muito sucesso! 4 REFLETINDO SOBRE A GESTÃO DEMOCRÁTICA A partir da nossa Constituição de 1988, o Brasil começou a vivenciar um importante momento de transição que também alcançou o espaço escolar. Essas mudanças se relacionam com a premência de reorganizar a relação entre o espaço escolar e o seu público buscando o reestabelecimento de novos parâmetros que considerem o compromisso pela redução das desigualdades e valorização das diferenças. Nesse contexto, o espaço escolar passa a ser influenciado por inúmeros acordos internacionais assinados pelos governos brasileiros e que provocaram profundas mudanças na organização da escola. Entre eles destacamos: ü A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM – 1948 – é um compromisso mundial com respeito aos Direitos Humanos. Nele, a Educação é vista como um dos instrumentos para a transformação social. A educação é apresentada como um Direito Humano. ü A DECLARAÇÃO DE JOMTIEN – 1990 – com ele o Brasil assumiu o compromisso de erradicar o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental no país. Para isso, o Brasil tem criado instrumentos norteadores para a ação educacional e documentos legais para apoiar a construção de sistemas educacionais inclusivos, nas diferentes esferas públicas: municipal, estadual e federal. A educação é um direito fundamental de todos. ü A DECLARAÇÃO DE SALAMANCA – 1994 – estabelece uma Linha de Ação para as Necessidades na Educação Especial em nível mundial. Esta Linha de Ação tem sido a base para a implementação de políticas de educação inclusiva e de promoção de escolas integradas, com vistas a assegurar o direito à educação das pessoas com deficiência, em todos os países signatários. ü A EDUCAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – 1992 – com base no capítulo 36 da Agenda 21, “a educação é um ‘fator crítico’ para promover o desenvolvimento sustentável e para promover a capacidade das pessoas no que se refere às questões do meio ambiente e do desenvolvimento”. ü RELATÓRIO PARA A UNESCO DA COMISSÃO INTERNACIONAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI – 1999 – destaca os quatros pilares da Educação: Aprender a Conhecer, Aprender a Fazer, Aprender a Viver Com os Outros e Aprender a Ser. Esses são conceitos baseados no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Apresenta também o conceito de Educação ao longo da vida. ü ACORDO OBJETIVOS DO MILÊNIO – 2000 – Tem como finalidade promover a melhoria das condições de vida das populações das regiões menos desenvolvidas do planeta. São oito os objetivosde desenvolvimento do milênio. Entre eles está Educação básica de qualidade para todos. A junção de todas essas demandas mundiais estabelece novas formas de pensar e gerir a escola provocando a formação de um novo perfil do gestor e coordenador pedagógico. Nesse sentido, a escola é convocada a se reinventar e organizar-se de maneira mais plural e democrática. Dessa maneira, reestabelecer novas formas de pensar e viver o cotidiano escolar são necessárias. 5 VOCÊ SABIA? Caro (a) estudante, você sabia que a palavra Gestão origina-se do latim gestio, cujo significado representa “ato de administrar, de gerenciar”, de gerere, “levar, realizar”? Pois bem, cabe inicialmente destacar que estamos tratando de gestão no contexto da escola pública. Assim, compartilhamos com Freire a concepção de que precisamos convocar todos os agentes da escola e do seu entorno para se engajarem na construção de uma escola para todos (as). Logo, “tudo o que a gente puder fazer nesse sentido é pouco ainda, considerando o trabalho imenso que se põe diante de nós, que é o de assumir esse país democraticamente” (FREIRE, 2004, p. 7). Compete-nos também elucidar que compreendemos que o conceito de gestão educacional supera a visão de administração educacional, entretanto não a exclui. De acordo com Heloísa Lück, (2008) pesquisadora da questão em debate a enquanto a administração pode ser entendida como um processo racional, linear e fragmentado, em geral organizado de forma hierárquica, a gestão demanda o desenvolvimento de ações compartilhadas e integradas. A gestão da escola é a parte encarregada de nortear as atividades e organizá-las para um bem comum. O ato de gerir pode ser definido como “colocar em ordem” ou “administrar”, ou seja, estar à frente da escola para torná-la um ambiente propício para atividades educacionais de qualidade. O pesquisador José Carlos Libâneo (2004, p. 101) a define como “a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para se atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerenciais e técnico- administrativos”. Nesse contexto, pode ser compreendida como mero sinônimo de administração. Do mesmo modo, a pesquisadora Heloísa Lück (2011) entende gestão como “um processo de mobilização da competência e da energia de pessoas coletivamente organizadas para que, por sua participação ativa e competente, promovam a realização, o mais plenamente possível, dos objetivos de sua unidade de trabalho” (p.21). Cabe também compreender que estamos falando de gestão democrática, não é verdade? Aliás, você já se perguntou o que caracteriza uma gestão democrática? Para lhe ajudar a pensar sobre essa questão assista ao vídeo do professor Vitor Henrique Paro. VEJA O VÍDEO! O vídeo “O que caracteriza uma escola democrática” possui quatro minutos e cinquenta e nove segundos. A perspectiva de gestão democrática está legitimada pela Constituição Federal (1988), pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e pelo Plano Nacional de Educação (2014-2024). A Constituição Federal, no Cap. III, Art. 206, inciso VI, apresenta como um dos seus princípios a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”. A LDB (1996) reforça esse princípio, acrescentando “e a legislação do sistema de ensino” (Art. 3º, Inc. VIII). A gestão democrática é um processo que de acordo com a LDB (1996) se inicia na elaboração do projeto pedagógico da instituição escolar, uma vez que, deve ter a participação de todos os profissionais da educação. No ser artigo 15, a LDB (1996) conceitua a Gestão Democrática como uma prática que deve orientar a convivência nas redes escolares. O atual Plano Nacional de Educação (PNE), Lei Nº 13.005, de 25 de junho de 2014, também ressalta a importância da ??? https://www.youtube.com/watch?v=pGG3Or2WhQ8 6 gestão democrática, destacando no Art. 2º a “promoção do princípio da gestão democrática da educação pública”. Assim, ao estabelecer a gestão democrática como o ponto de partida na organização da escola, observamos um rompimento com o modelo de gestão burocrata e centralizador e trazemos à tona a possibilidade da colaboração de todos os envolvidos no processo educativo nos rumos da escola o que fomenta a possibilidade de obter bons resultados e mudanças significativas na escola. É ainda Lück (2011) que elucida que “essa participação dá às pessoas a oportunidade de controlarem o próprio trabalho, assumirem autoria sobre o mesmo e sentirem-se responsáveis por seus resultados” [...]” (LÜCK, 2011, p.23), contexto que conduz a autonomia. Podemos entender como Gestão Democrática na escola, a participação e o envolvimento de alunos, família, comunidade, professores e demais profissionais da escola nas decisões em prol de melhorias na qualidade educacional, como esclarece Lück (2009) “dessa participação conjunta e organizada é que resulta a qualidade do ensino para todos, princípio da democratização da educação [...]” (p.70). A gestão participativa é uma forma significativa de relacionamento dos funcionários de uma organização no seu processo de tomada de decisão. No que diz respeito às instituições escolares, a compreensão acerca do conceito de gestão participativa vai além da relação entre professores, funcionários, pais e estudantes, pois envolve também qualquer outro representante da comunidade com a instituição e com o aperfeiçoamento do processo pedagógico. Neste contexto, Lück (2009, p. 18) defende que a participação se caracteriza pela atuação consciente pela qual os integrantes de um grupo social empoderam-se e utilizam o seu poder de influenciar a dinâmica deve grupo. Para tal, ela destaca que são necessárias (2009, p. 42) a criação de uma equipe com responsabilidade compartilhada; o desenvolvimento contínuo das habilidades individuais e pessoais; e a construção e a determinação de uma visão de conjunto do trabalho de todos na escola. Dessa forma, verificamos que os gestores eficazes utilizam o modelo de gestão compartilhada para envolver a equipe escolar no trabalho educacional. Por sua vez, Lück (2009, p. 52) afirma que esses gestores, em geral: definem objetivos claros; exibem confiança e receptividade com relação aos outros; discutem fatos abertamente; solicitam e ouvem ativamente o ponto de vista dos outros; convivem com situações ambíguas e com circunstancias que mudam constantemente, aceitando-as; utilizam a gestão participativa para conseguir a ajuda dos outros. No entanto, paradoxalmente, nem sempre acontece no ambiente escolar essa liderança eficaz desenvolvida favorecendo a melhoria da educação, pois ainda vivemos sob a égide de um regime autoritário. Assim, ainda estamos aprendendo a sermos democráticos. Aprendendo a criar espaços de fala, a ouvir, a decidir coletivamente, a construir uma escola efetivamente democrática. Destacamos ainda que também é possível perceber em escolas públicas, gestores desempenhando funções burocráticas e limitadas, ou ainda o desenvolvimento de funções sem as responsabilidades que lhes são propostas. Por comodismo, por medo de enfrentar problemas, ou porque essa é a única alternativa. Dessa maneira, deixam de serem líderes e passam esse papel para outras pessoas que podem realizar algumas ações, sem um olhar mais amplo do ensino, dentre outros preceitos fundamentais à gestão. Segundo os autores Michael Fullan e Andy Hargreaves no texto “Orientações para os Diretores” (2000, p. 105) os gestores precisam seguir um conjunto de sugestões para o desenvolvimento do seu trabalho na escola: compreender a cultura da escola; valorizar seus professores e promover o crescimento profissional 7 deles; ampliar o que você valoriza; expressar o que você valoriza; promover a colaboração, e não a cooptação; elaborar listas de opções e não de obrigações; utilizar os recursos burocráticos para facilitar e não para limitar; e conectar-se com o ambiente mais amplo. Querido (a) aluno (a), ainda de acordo com Heloísa Lück (2009) podemos organizara gestão, em duas áreas, conforme sua natureza: organização e implementação. As dimensões de organização se referem aquelas que tenham por meta assegurar uma organização fundamental para a implementação dos objetivos educativos e da gestão. Elas não promovem de forma direta os resultados propostos, mas são de grande importância para aquelas dimensões que são capazes de realização este trabalho. Neste sentido, as dimensões de organização, Lück (2009, p. 26) englobam os aspectos legais da educação e da gestão, bem como, questões referentes ao planejamento, monitoramento e também avaliação, ações que visam a garantia da aprendizagem dos estudantes. Logo, são de grande relevância, pois contribuem de maneira positiva para a implementação dos objetivos educacionais e para o trabalho da gestão escolar. As dimensões de implementação são aquelas desenvolvidas com o propósito de contribuir para mudanças no ambiente escolar. Elas objetivam transformações das atuações educacionais, de forma a aprofundar o seu alcance. Diante do exposto, Lück (2009, p. 26) enfatiza que essa é uma dimensão que perpassa a gestão democrática e participativa, a gestão de pessoas, pedagógica, administrativa, da cultura escolar e do cotidiano escolar. Neste contexto, é relevante enfatizar que essas áreas da gestão por sua vez, estabelecem relação entre si. A sua realização deve ser compreendida como um processo prático e cooperativo, tendo em vista que a sua realização de forma separada pode causar o enfraquecimento das atuações de gestão educacional. Cada área tem a sua relevância no trabalho global de gestão escolar. As informações aqui destacadas buscaram evidenciar o desafio do/a gestor no cotidiano da escola pública. Esse trabalho de extrema relevância, bem como, complexidade vem se constituindo cotidianamente no contexto das escolas públicas brasileiras almejando a qualidade da educação. Nesse contexto, caberá a você nessa disciplina observar a dinâmica de como a atuação do gestor vem se consolidando. Agora, não menos importante, você conhecerá o papel do coordenador pedagógico. Vamos lá! O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO A escola é o espaço educacional voltado para práticas intencionais que formam o ser de maneira integral, abrangendo diversos aspectos sociais e culturais. Neste contexto, é imprescindível que a organização interna desta instituição esteja preparada para atender as novas demandas sociais que exigem que a escola saiba lidar e acolher as diferenças. Sabe-se que para acontecer efetivamente o trabalho escolar existe uma equipe que articulada almeja chegar a objetivos propostos, buscando enriquecer o ensino de suas escolas e desenvolver aprendizagens significativas na vida de seus alunos. É neste contexto que falamos do papel do coordenador pedagógico, pois este é um profissional cuja função deve subsidiar as práticas educacionais vivenciadas no cotidiano escolar, na intenção de estruturar e organizar a dinâmica da escola em suas múltiplas facetas. Entendemos que a ação do coordenador pedagógico estará ligada as atividades que visam estabelecer relações de colaboração, parceria, regulação entre os pares. Sabe-se que a frente do grupo de pessoas no contexto escolar existe o gestor, qual tem uma abrangente função em seu cargo, lidando com dimensões de trabalho de ordens burocráticas, financeiras, administrativas e pedagógicas. Tendo a escola como 8 função específica a aprendizagem, é atribuída ao coordenador pedagógico a incumbência de participar de todo o processo de ensino-aprendizagem. É importante salientar que o coordenador pedagógico estará trabalhando de maneira aliada aos objetivos do gestor da escola, assim contribuindo para que o mesmo esteja ciente das situações ocorridas na instituição, sendo o elo entre as diversas dimensões atribuídas ao gestor escolar. Para você entender mais o papel do coordenador pedagógico, assista ao vídeo Programa TVE Escola Viva - Coordenação Pedagógica. VEJA O VÍDEO! O vídeo tem cinco minutos e trinta e nove segundos e aborda o papel do coordenador pedagógico. Ele está disponível neste link. De acordo com a pesquisadora Circe Ferreira Lomonico (2005, p. 21) “o coordenador pedagógico é o elemento do quadro do magistério que pertence a um sistema de supervisão de ensino” desempenhando funções de apoio ao gestor da escola. Reforçando o papel do coordenador pedagógico a pesquisadora Vera Lucia Trevisan de Souza (2010), aponta que o coordenador pedagógico é o profissional o qual tem como competência organizar, orientar e harmonizar o trabalho em grupo, por meio de metodologias que se adequem com o sistema ou contexto em que está inserido. Ainda sobre o papel do coordenador pedagógico Clovis Rosa (2004), o descreve como o responsável pela a harmonização dos recursos escolares, a orientação, auxilio, apoio, correção, acompanhamento e avaliação das atividades pedagógicas, zelando pela política e filosofia que forma a base cultural da escola. Dessa forma, entendemos que o coordenador pedagógico é um dos atores da escola que tem a responsabilidade de proporcionar mudanças e aperfeiçoamentos que são necessários para o bom funcionamento do cotidiano escolar e da qualidade de ensino, sendo imprescindível que sua prática seja dialógica e democrática. Entretanto, salientamos que o trabalho do coordenador não é tarefa fácil de cumprir, pois é necessário que possua saberes inerente a sua função, devendo lidar com variados grupos, sendo eles os alunos, pais, corpo docente, secretarias de educação e funcionários, ou seja, grupos complexos e heterogêneos, cabendo-lhe a ação-reflexão-ação na perspectiva de administrar conflitos, a democratização de decisões, orientação do trabalho pedagógico, atendimento a esses grupos, entre outras tantas funções que buscam beneficiar a escola. Como enfatiza a pesquisadora Vera Lucia Trevisan de Souza, (2010, p. 102) esse é um trabalho que articula o individual e o coletivo, o singular e o social, exigindo do coordenador pedagógico o papel de articulador “entre ações de reflexão, de planejamento, de ensino com todos os demais grupos da escola, para que se promova a educação”. Saiba que é ainda Clovis Rosa (2004) que nos ajuda a compreender o trabalho do coordenador pedagógico destacando que para que o coordenador atinja os seus objetivos na instituição ele cuidará especificamente do: 1) Projeto Pedagógico; 2) Formação continuada; 3) Avaliação do projeto pedagógico; 4) Competências pessoais da coordenação; https://www.youtube.com/watch?v=tk5YAENPAbA 9 5) A escola enquanto entidade coletiva; 6) A coordenação e o corpo docente. Logo, dentro destas atribuições será vivenciado pelo coordenador atividades que deverão contemplar os professores, os alunos, família, a equipe gestora, enfim, todos os atores escolares. De acordo com Vera Maria Nigro de Souza Placco (2010, p. 57) o papel do coordenador está atrelado a formação em serviço de seus professores: “Tenho dito – e quero reafirmá-lo – que uma função fundamental do coordenador pedagógico é cuidar da formação e do desenvolvimento profissional dos professores”. Neste sentido, o coordenador ao acompanhar cotidianamente o trabalho do corpo docente estará atento às necessidades que se tem e as que poderão aparecer, procurando atualizar as metodologias desenvolvidas em sala de aula, fazendo com o que a escola avance em seu contexto pedagógico. “A coordenação deve, então, refletir sempre sobre o currículo e práticas de ensino e aprendizagem, passando para o corpo docente novas práticas (ROSA, 2004, p.143)”. Para finalizar, é chegado o momento de você conhecer a seu respeito, ou seja, sobre o estagiário! ESTAGIÁRIO E A ESCOLA: COMPORTAMENTOS, ATITUDES E CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS À INSERÇÃO NA ESCOLA Espera-se que ao desenvolver as atividades do Estágio Supervisionado III, você, caro (a) aluno (a), apresente uma postura proativa no ambiente escolar. DICA Assim, seguem algumas dicas para você: § Seja respeitoso/acom a equipe gestora da escola, considerando que precisa de autorização para ter acesso aos documentos, bem como, precisa ter descrição para participar dos momentos que envolvem o cotidiano do gestor; § Estabeleça uma relação colaborativa com a equipe gestora, a coordenação escolar, o (s) professore (s) regente (s) e com os estudantes; § Atenda às solicitações da equipe gestora nas funções que estejam associadas às atribuições do gestor e do coordenador; § Atenda às solicitações do público em geral, em conformidade com as orientações definidas pela equipe gestora e a coordenação escolar; § Cumpra as datas e horários acordados com a escola-campo. Hora de começar! Vamos lhe orientar no passo a passo para que você possa iniciar seu Estágio Supervisionado III, de gestão e coordenação pedagógica Ø 1º Escolha da instituição onde o estágio será realizado A primeira atitude que você deverá fazer é a escolha da escola-campo para o desenvolvimento do estágio. O estágio poderá ser vivenciado em escolas da rede pública ou privada, preferencialmente nas escolas públicas porque você encontrará todas as dimensões da gestão democrática. Entretanto, fique atento, a escola privada precisa ser devidamente regularizada pelos órgãos competentes. Não basta que ela tenha 10 apenas CNPJ, ela tem que ter portaria de autorização de funcionamento. Esse é o carimbo que deverá constar em todas as suas fichas do estágio. Caso, a escola não a tenha, ela não está habilitada para ser um campo de estágio. Todas as escolas da rede pública já têm essa autorização. Assim, basta o carimbo da direção nas suas fichas de acompanhamento do estágio. Atente também para o fato que o gestor deve ser um professor já habilitado, ou seja, um professor licenciado, não pode ser de jeito nenhum um professor estagiário. Ø 2º Entrega da Carta de Encaminhamento de Estagiário Depois que você escolher a escola-campo, seu segundo passo será entregar a Carta de Encaminhamento de Estagiário a alguém da equipe gestora ou a coordenação pedagógica. Ela se encontra no Ambiente Virtual e no Guia 4. Basta que você a preencha informando os dados solicitados. O número do seguro e da seguradora você obterá com o tutor da disciplina. Essa carta ficará na escola campo. Ela informa que você é um (a) aluno (a) regularmente matriculado (a) na instituição, e que deverá fazer o Estágio Supervisionado na gestão e na coordenação pedagógica. Ø 3º Declaração de Aceite Após a escola ter lhe aceito, você deverá solicitar uma Declaração de aceite produzida num papel timbrado da escola de acordo com o modelo proposto no ambiente virtual e no Guia 4. Nela constam seus dados e também os dados da escola. Essa carta deve ser postada no ambiente virtual. Essa declaração dará origem ao Termo de Compromisso de Estágio-TCE que você encontrará no ambiente virtual de aprendizagem ou receberá no polo do seu tutor. O TCE - Termo de Compromisso de Estágio é um documento obrigatório que celebra as condições do estágio entre o estudante, a parte concedente do estágio (a escola em que você fará o estágio) e a instituição de ensino. O documento apresenta, entre outras questões, o local de lotação do estagiário, as atividades que serão desenvolvidas, a jornada do estágio, o plano de atividades e o número da apólice do seguro contratado pela parte concedente, ou seja, pela instituição de ensino. Você deverá após recebê- lo providenciar as assinaturas (a sua, a da escola em que você irá realizar o estágio, e do gestor da universidade) os carimbos e depositar uma das vias no ambiente virtual ou entregar no polo ao tutor presencial, conforme orientação do tutor. Uma segunda via ficará na escola e outra com você. Ø Carta de Agradecimento e orientação das atividades do estagiário Entregue ao gestor e/ou coordenador pedagógico da escola em que você fará o estágio, a Carta de Agradecimento por seu recebimento na escola e as Orientações das Atividades (material disponível no ambiente e no Guia 4) que você realizará durante o período do estágio curricular supervisionado. Esses documentos ficarão na escola campo de estágio. Combine com a equipe gestora seus dias, horários. PARA RESUMIR Prezado (a) estudante, para concluir este primeiro guia da disciplina de Estágio Supervisionado III, estágio em gestão escolar. Assim, algumas questões importantes que foram propostas ao longo do guia. Vamos revê-las! § O estágio deverá ser realizado no acompanhamento das atividades do gestor e do coordenador pedagógico; 11 § A escola escolhida como escola-campo poderá ser pública ou privada. Mas, as privadas devem ter portaria que autorize o seu funcionamento. Ressaltamos também que sempre que possível ele seja realizado numa escola pública, pois há elementos que caracterizam a gestão democrática que muitas vezes não serão encontradas na escola privada; § O estágio deve ser desenvolvido individualmente; § Todas as fichas que serão preenchidas ao longo do estágio precisam apresentar o carimbo e a assinatura da equipe gestora. No caso, das instituições privadas além desse carimbo, deverá constar o carimbo da portaria de autorização de funcionamento; § As fichas sem carimbo tornam o estágio inválido; § Todas as fichas encontram-se no ambiente virtual de aprendizagem e no Guia 4; § Atente para o fato de que haverá atividade relacionada ao Projeto Político Pedagógico da escola. Então, se certifique de que a escola tem esse documento; § O Termo de Compromisso do Estágio é um documento individual. ACESSE O AMBIENTE VIRTUAL Não se esqueça de acessar no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA e expor, se houver, no fórum permanente as suas dúvidas. Até a próxima unidade! PALAVRAS FINAIS Agora é só você escolher a escola e entregar a Carta de Apresentação. Após a autorização da escola você deverá preencher a carta de aceite, enviá-la no ambiente e aguardar o Termo de Compromisso do Estágio. Você também deverá entregar na escola a Carta de Agradecimento e a orientação das atividades do estagiário. Combine seus dias e horários. No próximo guia iremos orientar as próximas atividades. Sucesso! Boas práticas! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição da república federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 01 maio. 2017. ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) N. 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Disponível em:<portal.mec.gov.br>Acesso em 01 de Abril de 2017. ______. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Brasília, DF, 25 jun. 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em: 15 maio. 2017. 12 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 39 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004. FULLAN, Michael, HARGREAVES, Andy. Orientações para os Diretores. In: FULLAN, Michael, HARGREAVES, Andy. A Escola como Organização Aprendente: buscando uma educação de qualidade. 2. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. p. 104-119. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Editora Alternativa, 2004. LOMONICO, Circe Ferreira. A atribuição do coordenador pedagógico. 3ª. ed. São Paulo: Edicon, 2005. LÜCK, Heloísa. A gestão participativa na escola. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. ______. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009. PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. O coordenador pedagógico no confronto com o cotidiano da escola. In: Placco, Vera Maria, Laurinda Ramalho (org). O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. São Paulo: Edições Layola, 2010. p. 47-60. ROSA, Clovis. Gestão estratégica escolar. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. SOUZA, Vera Lucia Trevisan de. O coordenador pedagógico e a constituição do grupo de professores. In: Placco, Vera Maria, Laurinda Ramalho (org). O coordenador pedagógico e o espaçode mudança. São Paulo: Edições Layola, 2010. 27-34. SOUZA, Vera Lucia Trevisan de. O coordenador pedagógico e o atendimento à diversidade. In: Placco, Vera Maria, Laurinda Ramalho (org). O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. São Paulo: Edições Layola, 2010. 93-112. UNIDADE II Estágio Supervisionado III 1 ESTÁGIO SUPERVISIONADO III UNIDADE II PARA INÍCIO DE CONVERSA Oi, Tudo bem? Pronto (a) para continuar o Estágio Supervisionado III, caro (a) aluno (a)? Neste segundo guia, irei lhe orientar a organizar as observações das ações da coordenação pedagógica e da gestão também, propondo-lhe roteiros para o seu melhor desempenho. Como você já sabe o Estágio Supervisionado III é na Gestão Escolar e na Coordenação Pedagógica o que implica que você olhe para o cotidiano da escola de forma mais ampla. Desta maneira, o que lhe propomos, nesse primeiro momento, é a observação do cotidiano escolar e a análise de documentos que correspondem às atividades abaixo descritas: Observação do cotidiano das ações do gestor e do coordenador pedagógico 30horas A observação da escola refere- se aos momentos em que você o estagiário se familiariza com a organização do trabalho do gestor e do coordenador pedagógico. Atenta para como esses atores estabelecem vínculos com a comunidade interna e externa e faz registros dessas impressões. Atividades extraclasse 20 horas Esse item se refere às atividades que darão suporte para a composição dos seus relatórios. Assim, será considerada atividades extraclasse: a leitura e análise do Projeto Político Pedagógico da escola, a leitura de textos para análise do cotidiano do gestor e/ou coordenador, entre outras atividades que serão propostas. Tabela 1 Fonte: Elaborada pelo (a) professor (a) 2 Assim, neste guia iremos lhe orientar sobre as atividades de observação da escola (30 horas) e as atividades extraclasse (20 horas). Lembre-se, querido (a) estudante, que o registro de todas essas ações irá compor o seu relatório parcial do Estágio Supervisionado III. Seguramente, você já encontrou uma escola e providenciou a documentação inicial: a entrega da carta de apresentação na escola, o preenchimento da carta de aceite no ambiente virtual e a entrega do Termo de Compromisso do Estágio na escola e a devolução de uma via para a instituição de ensino. Também deve ter entregado na escola-campo a Carta de Agradecimento e orientação das atividades que você irá desenvolver. Então, vamos começar? GUARDE ESSA IDEIA! Atente para o fato de que na sua Ficha de Frequência Individual de Estágio Supervisionado você irá registrar as atividades de observação na escola e solicitará a assinatura da equipe gestora. Essas atividades deverão totalizar 30 horas. Nas atividades referentes à atividade extraclasse você fará o registro de 10 horas para a análise do Projeto Político Pedagógico, 5 para o Planejamento Anual da escola e 5 para o Plano de Ensino na sua Ficha de Frequência Individual de Estágio Supervisionado, mas não necessitará da assinatura de ninguém da escola, uma vez que serão atividades realizadas por você fora do ambiente escolar. Data Hora de Entrada Hora de Saída Assinatura do (a) Aluno (a) Assinatura do (a) Professor Supervisor Data da observação : : Sua assinatura Assinatura de algum integrante da equipe gestora da escola Ficha 1 – modelo Fonte: Elaborada pelo (a) professor (a) PALAVRAS DO PROFESSOR A partir das orientações dadas neste guia, você irá organizar o seu relatório parcial da disciplina que irá corresponder a sua primeira nota na disciplina. Para cada item apresentado abaixo há neste guia um roteiro detalhando o que primordialmente precisa ser observado e registrado. Dessa forma, o seu relatório parcial será composto por: 1- INTRODUÇÃO - apresente na sua introdução a contextualização da escola. Para tal utilize os dados da observação que será proposto no item de caracterização da escola neste guia. Considere a organização de pelo menos uma lauda para apresentar essas questões. 3 2- A OBSERVAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DA EQUIPE GESTORA – para a composição desse item você dispõe de 30 horas. Assim, são propostos dois eixos para serem analisados: observação da rotina e observação da atuação dos Órgãos Colegiados. 3- A ANÁLISE DOCUMENTAL COMO POSSIBILIDADE DE REFLEXÃO DA IDENTIDADE DA ESCOLA CAMPO – apresente os dados produzidos a partir da análise do Projeto Político Pedagógico, do Planejamento anual da escola e do Planejamento de Ensino. O roteiro para a composição desse item também está neste guia. 4- CONCLUSÃO - redija um texto que apresente as suas considerações sobre a relevância da observação no contexto da gestão escolar e da coordenação pedagógica para a sua formação. Relate como essa experiência marcou a sua formação e que aprendizagens você construiu ao realizar o Estágio Supervisionado III. 5 – REFERÊNCIAS - apresente as referências consultadas para a produção do relatório parcial. 6 – ANEXO – escaneie e junte ao relatório a ficha de frequência individual. Será necessário ainda acrescentar ao relatório os elementos pré-textuais. Mas, no Ambiente Virtual de Aprendizagem iremos disponibilizar para você um template do relatório parcial. Entendido? Vamos prosseguir... ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA Diante do exposto, este Guia II do Estágio Supervisionado III pretende lhe conduzir para que você prezado (a) estudante, desenvolva as atividades de observação de forma tranquila e segura, como um verdadeiro professor (a) reflexivo. Assim, este guia está organizado em duas seções: 1 - A OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE E O REGISTRO COMO INSTRUMENTOS DO TRABALHO DO DISCENTE – norteamos a sua observação da prática da equipe gestora e da coordenação pedagógica, apresentando também proposições de roteiros de aspectos que devem ser observados. 2 - A ANÁLISE DOCUMENTAL COMO POSSIBILIDADE DE REFLEXÂO DA IDENTIDADE DA ESCOLA CAMPO – explicitamos o conceito de análise documental e lhe propomos roteiros para a análise de documentos da escola e também do livro didático utilizado na turma observada. A OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE E O REGISTRO COMO INSTRUMENTOS DO TRABALHO DO DISCENTE Agora iremos orientar a sua observação participante. A sua presença na escola para observar a prática da equipe gestora, da coordenação, dos funcionários, professores, estudantes pode ser denominada como observação participante, porque você passa a se integrar a realidade da escola para melhor compreendê- la. 4 DICA No livro “Sociedade de esquina: a estrutura social de uma área urbana pobre e degradada” de William Foote Whyte, com Tradução de Maria Lucia de Oliveira (2005) são apontados dez postos-chaves para o desenvolvimento de uma observação participante. Vamos destacá-los para que você desenvolva melhor a sua atuação como observador participante: 1) A observação participante necessita de tempo para que se possa entender as modificações nos comportamentos, ou seja, você não pode ao ver uma atitude ou ação de um dos agentes da escola e, imediatamente, fazer um juízo de valor. É preciso continuar observando o fenômeno para chegar a alguma conclusão. 2) O pesquisador/observador não sabe previamente o que se passa no cotidiano do espaço em que fará as observações. Além de você não ser esperado pelo grupo escolar, muitas vezes desconhece as relações que marcam a organização do grupo, por isso você se engana ao pensar que tem controle da observação. 3) A observação participante implica engajamento entre o pesquisador (você) e pesquisado (todos os agentes da escola). Logo, para obter bons resultados você precisa estar envolvido com o grupo, mas não pode ser confundido como do grupo. Então, colabore sempre que solicitado. 4) O papel do pesquisador, ou seja, de pessoa de fora do grupo, precisa sempre ser afirmado e reafirmado. Assim, evite se envolver em questões que constituem as relações internas da escola. Evite dar opiniões nas situações apresentadas. Ajasó quando solicitado. 5) Para que a observação participante se efetive você irá precisar de um apoio, uma pessoa que lhe aproxime do grupo, que irá lhe mostrar a dinâmica da escola, com quem você irá tirar dúvidas, conversar ao longo do processo. Assim, estabeleça esse vínculo, com quem lhe parecer acessível (gestor, adjunto, coordenador, técnico educacional). 6) Lembre-se que você, enquanto estagiário/pesquisador/observador estará sempre sendo observado, por isso, cuide da sua imagem junto ao grupo. 7) A observação participante exige o uso de todos os sentidos. Então, saiba ouvir, ver, tocar, falar. Atente para o momento ideal de perguntar, de calar, de ajudar, de sair de cena. É preciso compreender que é necessária muita delicadeza para ocupar o lugar de pesquisador participante. Não seja de forma alguma indiscreto, invasivo, indelicado. 8) Organize a sua rotina antes de iniciar a observação participante. Combine com o professor seus dias e horários. Procure sempre chegar no horário combinado, anote todos os aspectos observados em um caderno de campo. Sempre que possível faça registro de imagens. Lembre-se de não mostrar os rostos dos estudantes. 9) Aprenda com seus erros, fragilidades. Errar faz parte do processo de aprendizagem. Quando perceber que causou algum mal-estar, recue, peça desculpas, reflita. Mas, não desista. 10) Lembre-se que a sua presença na escola tem o intuito também de formar laços de amizade e profissionais. Por isso, seja amigável, prestativo, simpático, solícito. Após as orientações de aspectos que podem ajudá-lo (a) na sua observação, vamos lhe apresentar 5 os roteiros para desenvolver as observações. Uma questão importante é que estes roteiros não são limitadores e sim, norteadores. A cada situação apresentada, cite exemplos de situações observadas Por isto, é importante observar bem para praticar, não é verdade? PRATICANDO Cada observação deverá ser registrada num caderno de anotações para posterior composição do relatório parcial! CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA Suas primeiras atividades na escola serão para cumprir a etapa de observação da escola – 30 horas. Para tal, se faz necessário o registro da carga horária na Ficha de Frequência Individual de Estágio Supervisionado porque você irá observar a rotina, a forma de funcionamento da escola, o público e a comunidade, bem como irá atentar para a presença e forma de funcionamento dos órgãos colegiados (Conselho Escolar, Conselho de Classe, Grêmio Estudantil e a Unidade Executora). Assim, você precisa se apropriar das seguintes informações e escrever no seu relatório parcial na parte destinada a observação da escola (na introdução) sobre: * Histórico da Unidade Escolar – descreva qual a história da escola e como ela vem se organizando desde a sua inauguração. * Caracterização da comunidade em que a escola está inserida (relate aspectos relacionados ao nível social da comunidade em que a escola está inserida, aspectos culturais, particularidades do bairro ou da região, características das características da população que frequenta e reside nos arredores da escola). * Estrutura administrativa – detalhe os cargos e funções existentes na Instituição escolar e a forma de atuação de cada agente. Faça uma lista também dos professores da escola com suas respectivas titulações. Detalhe se o professor é efetivo, contratado ou estagiário também. * Descreva o ambiente físico – número de salas, estrutura física, laboratórios, biblioteca, quadra, pátio, área para o recreio, outros espaços. * Participação da comunidade na escola – relate as formas de participação da comunidade na escola (reuniões, órgãos colegiados). * Recursos tecnológicos – mapeie os recursos tecnológicos disponíveis na escola (data-show, lousa digital, computador, tablete, internet, entre outros) e as redes sociais (facebook, whatsap, blog, e-mail) utilizadas pela gestão e coordenação da escola para o processo de ensino-aprendizagem ou comunicação com a comunidade. GUARDE ESSA IDEIA! Organize um texto com essas informações para compor a introdução do seu relatório parcial. Ela deverá ter no mínimo uma lauda. Faça também o registro desses aspectos através de imagens. Lembre-se que os rostos dos estudantes não podem aparecer. 6 Observação da rotina Em relação a observação da rotina, inicie a organização desse item acompanhando o dia a dia dos membros da equipe gestora. Descreva seus horários e rotina de trabalho. Fale sobre as atividades que fica sob a responsabilidade de cada membro da equipe gestora incluindo o coordenador pedagógico. VEJA O VÍDEO! Se você ainda tem dúvidas sobre aspectos que caracterizam a gestão democrática e participativa. Assista ao vídeo “Gestão em Foco: Gestão Democrática”, com duração de dois minutos e cinquenta e um segundos, clique aqui. Retornando ao guia... Nas suas horas de observação desse cotidiano, busque a partir do roteiro dado abaixo descrever situações que envolvam a equipe gestora, a coordenação, os professores, os estudantes, os funcionários e/ou os pais, e preencha o quadro a partir de situações concretas presenciadas por você no cotidiano da escola. Nas situações apresentadas não cite o nome verdadeiro dos envolvidos, apenas as funções (pai, professor 1, professor de matemática, aluno do sétimo ano, etc). Elenque pelo menos seis ações observadas: Situações Exemplos no cotidiano observado Pessoas envolvidas Suas reflexões Práticas de autoritarismo Práticas que o excesso de liberdade não reconhece a autoridade Práticas que cerceiam a liberdade influenciando no desenvolvimento do estudante Práticas que demonstram a responsabilidade dos estudantes https://www.youtube.com/watch?v=hFS0HEagFP4&t=36s 7 Práticas onde o uso da autoridade promove a justiça Práticas docentes que evidenciam a sua competência Práticas docentes que promovem a autonomia do estudante Práticas que evidenciem que é possível aprender se divertindo, mas que não se resume ao entretenimento. Práticas que exemplifiquem que os estudantes, pais, professores sabem fazer bom sua da palavra Práticas que exemplifiquem que os estudantes, pais, professores não sabem fazer bom sua da palavra Práticas que representem situações de discriminação ou preconceito Práticas que demonstrem a valorização da diversidade e da diferença 8 Quadro 1 - modelo Fonte: Elaborado pelo (a) professor (a) Lembre-se: organize estes dados por item ou mesmo na tabela, e apresente no item observação da rotina. Observação da atuação dos Órgãos Colegiados VEJA O VÍDEO! Quer entender melhor sobre o papel dos órgãos colegiados? Assista ao vídeo FAZENDO ESCOLA - O PAPEL DOS COLEGIADOS NA GESTÃO ESCOLAR, com duração de cinquenta e cinco minutos e nove segundos, clique aqui. A Gestão Democrática e Participativa na escola é fomentada pela criação e vivência entre os diversos segmentos que a compõem. Nesse sentido, destacamos e solicitamos que você observe alguns desses espaços e como funciona a sua dinâmica no cotidiano da escola. Não se esqueça de fazer os devidos registros em seu caderno para posterior registro no relatório parcial. Querido (a) estudante, neste momento, proponho que você observe e converse com os componentes dos órgãos colegiados e também entreviste um membro da equipe gestora. Os órgãos colegiados são essenciais para a efetivação da gestão democrática, pois eles asseguram na prática a participação de todos os segmentos na escola, visando a descentralização do poder. Entre eles, destacamos o Grêmio Estudantil, o Conselho Estudantil e o Conselho Escolar. Para que você aprofunde seus conhecimentos sobre essas instâncias participativas, lhe propomos alguns vídeos que lhe ajudarão a compreender o papel de cada um na construção de uma educação de qualidade e de uma gestão democrática e participativa. Ø GRÊMIO ESTUDANTIL O Grêmio Estudantil é um dos órgãos colegiado que tem um significativo papel na formação e no desenvolvimento educacional,cultural e esportivo dos jovens, permitindo-lhe vez e voz no cotidiano da escola. VEJA O VÍDEO! Assim, proponho que você ao vídeo Gestão em Foco - Grêmio Escolar para entender melhor o papel do Grêmio Estudantil, com duração de dois minutos e trinta e dois segundos, clique aqui. Após esse momento de assistir ao vídeo, converse com os estudantes para saber se: § A escola observada tem Grêmio Estudantil? § Quando foi fundado? § Como se chama? Em seguida, descreva a composição. Em caso positivo, solicite aos estudantes gremistas que apresentem a você as suas pautas de reivindicações, formas de atuação, principais conquistas e desafios. Agora, se a escola que você está observando não tem Grêmio, faça o seguinte: organize um material sobre a importância do Grêmio Estudantil e coloque no seu relatório, entregue a coordenação da escola e aos https://www.youtube.com/watch?v=bvtHqI82Zb4 https://www.youtube.com/watch?v=FVm-0q-frss 9 representantes de sala. Se possível, promova uma reunião com esses estudantes para falar sobre essa questão. Registre tudo no seu relatório parcial. Ø CONSELHO DE CLASSE Um dos momentos imprescindíveis do ano letivo é o Conselho de Classe. É nesse momento que são analisados os processos de ensino e aprendizagem. VEJA O VÍDEO! Nesse vídeo proposto, os professores ressaltam aspectos referentes ao currículo, a metodologia adotada e o sistema de avaliação. Dessa forma, possibilita aos professores reavaliar a prática didática, bem como um momento de redimensionamento do projeto político-pedagógico da escola. O vídeo tem duração de quatro minutos e dois segundos, clique aqui. Prezado (a) aluno (a), após o acesso ao vídeo converse com alguns professores e/ou a coordenação pedagógica sobre: § Como é o Conselho de Classe da escola observada? § O que eles discutem nos Conselhos de Classe? § A discussão é centrada em notas e disciplinas dos alunos? § Há a autoavaliação dos professores nesses momentos? § Há discussão sobre as metodologias utilizadas pelos mesmos? § Os estudantes participam do Conselho de Classe? Por quê? § A partir do último Conselho de Classe o que foi apontado como necessidade de mudança? Esse também é um item que irá compor o seu relatório parcial. Por isso, registre tudo! Ø CONSELHO ESCOLAR Quer aprofundar os seus conhecimentos sobre o papel do Conselho Escolar, querido (a) estudante? VEJA O VÍDEO! Assista ao vídeo Gestão em Foco - Conselho Escolar. Ele foi produzido pela secretaria de Educação do Paraná, com duração de três minutos e cinquenta e sete segundos. Ele é curtinho, mas muito esclarecedor: Clique aqui. Após o vídeo, ouça um dos membros do Conselho Escolar sobre como tem sido a atuação do Conselho Escolar. https://www.youtube.com/watch?v=gK66MSAM29M https://www.youtube.com/watch?v=gQM4NrMeBS4 10 Analise as seguintes questões: § A escola tem Conselho Escolar? § Ele se reúne com qual periodicidade? § Os representantes são de que segmento? § Quais as principais atribuições? Depois, registre as principais questões apresentadas por ele. Em seguida, organize os dados coletados e faça uma lista de sugestões que podem melhorar o funcionamento do Conselho Escolar. Espero que você tenha compreendido o passo a passo! Continuando... Ø ENTREVISTA COM MEMBRO DA EQUIPE GESTORA Para finalizar a sua observação, escolha um dos integrantes da equipe gestora (gestor, adjunto, técnico, coordenador ou função similar) e faça as seguintes perguntas: § Qual/quais a(s) lei/leis que a equipe da gestão da sua escola mais acessa? Por quê? § Como a escola trabalha com a questão da Educação Inclusiva? § Há momentos de formação? Qual a importância desses momentos para a sua formação? § Que ações são propostas para a melhoria da aprendizagem dos estudantes da escola com baixo rendimento e/ou dificuldades de aprendizagem? § Como a questão da diversidade é trabalhada na escola? Há projetos e/ou ações? § Como você lida com a pluralidade de ideias, bem como de concepções pedagógicas apresentadas pelos docentes? § Que ações são propostas para garantir uma gestão democrática? Lembre-se que essa é uma entrevista e não um questionário. Então, se organize no sentido de agendar com o entrevistado um horário, de gravar o áudio da conversa e depois fazer a transcrição da mesma. Registre tudo e coloque no seu relatório. A ANÁLISE DOCUMENTAL COMO POSSIBILIDADE DE REFLEXÃO DA IDENTIDADE DA ESCOLA CAMPO Você dará continuidade à construção do relatório parcial analisando alguns documentos norteadores da dinâmica da escola. A análise documental tem como objeto de estudo os documentos. Dessa forma, iremos lhe propor uma série de documentos que fazem parte da escola para que você realize a leitura, bem como registre as suas impressões. É importante compreender também que o documento não se restringe a textos escritos e/ou impressos, também se referem a filmes, vídeos, slides, as imagens, fotografias. Atente para o roteiro dado! 11 Ø Projeto Político Pedagógico É um documento que registra os objetivos que a escola deseja alcançar, as metas a serem cumpridas, bem como, as aspirações. Esses desejos e os meios para efetivá-los é o que dá concretude ao que denominamos de Projeto Político-Pedagógico. Dessa maneira, acesse o referido documento para conhecer a missão da escola, aspectos referentes à clientela, a relação da escola com a família, os recursos disponíveis, as diretrizes pedagógicas e o plano de ação. • A partir dessa leitura, elabore uma análise crítica do mesmo, a partir dos seguintes pressupostos: • Como foi organizado o processo de construção? • Quais foram os segmentos que participaram? • Como ele está organizado (detalhe as seções do documento)? • Quais as concepções de educação e de sujeito norteiam o documento? • Tem objetivos? Quais são? • Esses objetivos estão em andamento? • Esses objetivos estão sendo avaliados? • Com que periodicidade? • Que resultados já foram alcançados? A partir do levantamento e registro desses dados, apresente de três a cinco ações que poderiam contribuir para a implementação do PPP. Se a escola ainda não tem Projeto Político Pedagógico, pesquise sobre a importância desse documento, bem como, modelos e estratégias para a sua composição e divulgue com os representantes de todos os segmentos da escola (equipe dirigente, professores, estudantes, famílias, funcionários). Coloque também esse conjunto de dados no seu relatório parcial. Ø Planejamento anual da escola Solicite também o planejamento escolar, ou seja, o planejamento anual da escola. Ele está proposto como uma ação que visa à elaboração de estratégias para um ano letivo. Nele são propostos o que, para que, como, com que, e quando vivenciar na escola. Ele envolve o trabalho que antecede o início das aulas, assim como, o durante e o depois, dando dinamicidade ao exercício de formação da prática docente reflexiva. Em geral, este documento é organizado durante a Semana Pedagógica e tem a intenção de reunir diferentes atores, como gestores, coordenadores e corpo docente para a organização do planejamento dos 200 dias letivos. Ao ter acesso a esse documento, analise como as ações do ano letivo estão propostas. Há articulação entre as propostas da escola e a realidade? 12 Existem proposições interdisciplinares? Há projetos? Quais? Se houver algum projeto descreva sobre o que ele versa, as disciplinas envolvidas, ações propostas, objetivos e produto final. Que elementos desse planejamento lhe chamou mais atenção? Registre para a composição do seu relatório parcial. Ø Planejamento de Ensino O planejamento de ensino é uma ação concreta que materializa as ações e situações de aprendizagens propostas pelos professores. Ele articula a interação entre educadores e educandos. Nesse sentido, é um processo de decisões que objetivam refletir sobre as atividades do professor e do estudante no processo de ensino-aprendizagem. O planejamento de ensino deve considerarque: § Os objetivos específicos propostos devem ser organizados em consonância com os objetivos educacionais propostos; § Os conhecimentos a serem trabalhados com os estudantes também devem atentar aos objetivos selecionados; § Os procedimentos e recursos utilizados no processo de ensino-aprendizagem devem estimular, orientar e favorecer este processo; § O processo avaliativo, deve ser utilizado com função diagnóstica e para reorganizar o planejamento de ensino. O resultado desse planejamento é o plano de ensino! Assim, solicite o plano de ensino do professor de alguma turma ou professor e registre: § Se ele organiza sua proposta de trabalho para o ano letivo, semestre ou bimestre; § Quais os principais objetivos educacionais, os conteúdos, as estratégias e recursos de ensino- aprendizagem; § As formas de avaliação utilizadas pelo professor. Por fim, faça um texto sobre essa questão também. PALAVRAS DO PROFESSOR Reúna as suas inferências, busque referenciais teóricos que sustentem as suas reflexões (cada item também deve ter uma parte teórica que irá dar fundamento a questão) e a partir do roteiro dado produza um texto de no mínimo uma lauda para cada uma das análises dos três planejamentos propostos: § Projeto Político-Pedagógico § O planejamento anual § O planejamento de ensino. 13 Ele irá compor o item “A análise documental como possibilidade de reflexão da identidade da escola campo” no seu relatório parcial. PARA RESUMIR Estamos encerrando o segundo guia da nossa disciplina Estágio Supervisionado III – Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica. Vamos revisar alguns aspectos importantes que estudamos nessa unidade: • A carga horária da observação da escola é de 30h/a. Ela é composta por atividades de observação da rotina da escola e precisa ser registrada na ficha de Frequência Individual de Estágio Supervisionado; • A carga horária da observação extraclasse é de 20h/a. Ela corresponde a sua observação dos documentos propostos numa escola pública ou privada. Essa carga horária também será registrada na ficha, mas não será necessária assinatura da equipe gestora. Registre 10 horas para a análise do Projeto Político Pedagógico, 5 horas para o Planejamento Anual da escola e 5 horas para o Plano de Ensino na sua Ficha de Frequência Individual de Estágio Supervisionado; • Cada estudante pode cumprir a carga horária de observação de acordo com a sua disponibilidade e o calendário proposto pela equipe gestora. • A cada observação, os estudantes deverão preencher a ficha de frequência individual de estágio supervisionado e solicitar a assinatura de algum membro da equipe gestora. A ficha de acompanhamento está no ambiente e também no Guia 4. • No final da carga horária das observações da rotina da equipe gestora, vocês deverão solicitar o carimbo e a assinatura de algum integrante da mesma nas fichas de frequência individual de estágio supervisionado e postá-las juntamente com o relatório parcial no ambiente. • Registre em seu caderno (um caderno específico para os registros) as informações observadas na rotina da equipe gestora a partir do roteiro dado, mas sem se limitar a ele. • Acesse o template do relatório parcial no momento de produzi-lo. • Acrescente ao relatório parcial, os elementos pré-textuais solicitados propostos no template, a conclusão da observação, as referências e a ficha de frequência individual de estágio supervisionado. • Todos os textos produzidos deverão compor um arquivo único de acordo com o template proposto no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Sucesso! Boas reflexões! 14 PALAVRAS FINAIS Prezado (a) aluno (a), chegamos ao término da nossa segunda unidade. Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e imprima a Ficha de Frequência Individual de Estágio Supervisionado e o template do relatório parcial. Tenha como elemento norteador dessa etapa os roteiros dados. Sucesso e boas práticas! Mãos à obra! UNIDADE III Estágio Supervisionado III 1 ESTÁGIO SUPERVISIONADO III UNIDADE III PARA INÍCIO DE CONVERSA Tudo bem prezado (a) estudante? Vamos dar início ao nosso guia da Unidade 3, desta vez começando com uma sequência de questionamentos. Tendo como ponto de partida o diagnóstico feito a partir das suas observações, como você avalia a organização da gestão na escola? O princípio da gestão democrática tem sido vivenciado? Os órgãos colegiados têm atuação na escola? O que você aprendeu de novo observando o cotidiano da equipe gestora e da coordenação pedagógica? De que forma, você, com seus conhecimentos pedagógicos pode contribuir para o desenvolvimento das atividades do gestor e do coordenador? Pois bem, essas reflexões iniciais são pertinentes, pois a partir das suas observações você irá organizar a sua proposta de intervenção. Coragem, muita organização e planejamento! O importante nesse momento é pesquisar e conhecer experiências exitosas, visto que estas podem servir como fontes inspiradoras. Dessa forma, neste guia nós iremos lhe orientar na organização das atividades de participação. Participação em atividades 10 horas A participação nas atividades que fazem parte do cotidiano do gestor ou coordenador pedagógico, tais como: reunião com os professores, funcionários responsáveis ou com os órgãos colegiados, atendimento aos responsáveis e/ ou comunidade. O cumprimento dessa carga horária será registrado na ficha de frequência individual de estágio supervisionado. Tabela 1 Fonte: elaborada pelo (a) professor (a) 2 ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA Nesse cenário, este guia está organizado em: 1. O QUE É CIDADANIA? - neste item discutimos a questão da origem da ideia de cidadania e como ela se configura na atualidade. Ressaltamos também que nem todos podem ser considerados cidadãos, tendo em vista que vivem em condições desumanas. 2. FALAR DE CIDADANIA É FALAR DE DIREITOS HUMANOS – ampliamos o debate sobre cidadania, situando-o na discussão dentro dos Direitos Humanos. Assim, vamos elucidando sobre o que representam os Direitos Humanos e como eles que foram inicialmente pensados de forma universal, reconhecem na contemporaneidade a questão das particularidades. 3. O ENVOLVIMENTO ESCOLAR DA COMUNIDADE – salientamos os benefícios e as estratégias para a parceria entre família e a escola. 4. CONCLUSÃO – ressaltamos alguns elementos significativos que foram apresentados ao longo da unidade. Vamos começar! EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA A organização da escola a partir da gestão democrática favorece o clima de participação, autonomia, criatividade e aprendizagem. Mas, embora vivamos num país democrático, reconhecemos que há muito que se fazer para alcançar a democracia plenamente, pois ainda vivemos na sombra de uma história de comandos autoritários que incide na nossa forma de ser gestor e também professor. Logo, criar na escola espaços de diálogo, de participação, de condições para que todos se sintam acolhidos não é uma questão tão simples como parece. Entretanto, prezado (a) estudante, torna-se urgente nos posicionarmos diante do mundo assumindo qual o projeto de sociedade que defendemos, a partir da defesa de que a educação se constitui como prática na qual os envolvidos buscam a apreensão da realidade pela consciência crítica, visando à transformação social, assumindo-a como possibilidade e não como determinação. Guiado por esta premissa, reafirmamos que há um caminho a trilhar na busca de uma gestão democrática como ferramenta para auxiliar no exercício possível de participação, onde todos os sujeitos constituintes da escola estabeleçam com êxito a sua cidadania, relacionando-se melhor com as instâncias de poder da escola, expressando suas ideias e anseios. É muito comum ouvirmos falar em cidadania, não é verdade? Nas ruas, escolas, discursos políticos, reportagens, muito tem se comentado sobre “educação para a cidadania”, “construção da cidadania”, “exercício da cidadania”. O termo vem sendo tão utilizado queestá perdendo a sua força, bem como, o seu significado. Nesse contexto, é muito importante salientar que a “educação para a cidadania” se agrega ao movimento pela garantia dos direitos humanos em todo o mundo, sendo um movimento plural, diversificado, divergente; entretanto, um movimento real que tem uma forma de se expressar, uma articulação que supera as fronteiras nacionais. A educação para a cidadania, um dos eixos fundamentais para a garantia dos direitos, na educação formal, informal e popular, da mesma forma que nos meios de comunicação, não se relaciona apenas com 3 a aprendizagem de um conteúdo ou disciplina, mas se associa intimamente com a criação de uma cultura ético-política que exige suas próprias metodologias. VOCÊ SABIA? A pesquisadora Maria de Lourdes Manzini Covre (1995) esclarece que a origem do conceito de cidadania advém da forma democrática de vida na Grécia Clássica. Naquele contexto, a cidadania se organizava a partir de um contexto restrito, sendo válido apenas para os cidadãos do sexo masculino, considerados livres, e não válidos para as mulheres, escravos e crianças. Porém, embora esse conceito fosse restrito, ele incorporava a ideia de igualdade entre todas as pessoas que participavam da esfera pública. Por esse motivo, a concepção de cidadania está atrelada ao argumento do exercício dos direitos e dos deveres referentes à vida compartilhada na cidade. Assim, o conceito de cidadania surgiu com a intenção de garantir direitos iguais a todos os homens. VEJA O VÍDEO! Para entender melhor a questão apresentada assista ao vídeo: O que é cidadania? Ele tem a duração de quatro minutos e cinquenta e quatro minutos.Clique aqui. Na atualidade, de acordo com Maria do Socorro Ferreira Osterne (2008), que discute a questão da cidadania feminina, a questão da cidadania na contemporaneidade deve levar em conta principalmente a questão da diferença. Assim destaca seis elementos importantes para pensar a questão da cidadania (OSTERNE, 2008, p.93): 1. O primeiro deles é a redefinição da ideia de direitos que na contemporaneidade passa a ser pensado como o direito de ter direitos. 2. A nova cidadania não se alia mais a uma ação das classes dominantes para a inserção das classes excluídas. A nova cidadania pressupõe a organização de sujeitos sociais ativos que estabelecem quais são os seus direitos e luta pelo reconhecimento dos mesmos. 3. A cidadania se organiza como uma proposta de sociabilidade na qual se pressupõe uma organização mais igualitária das relações sociais que ultrapassa o sistema político no seu sentido restrito. 4. A nova cidadania ultrapassa a relação do Estado e o sujeito e incluir a relação com a sociedade civil. Nesse sentido, a autora destaca que nessa ação reside a radicalidade da cidadania como estratégia política, pois implica uma mudança intelectual e moral. 5. A nova cidadania transcende o pertencimento político e inclui a ideia do direito de participar da definição do sistema. 6. Por fim, a autora destaca que essa nova cidadania pode construir um referencial complexo e aberto que pode contribuir para a questão da diversidade e de questões emergentes nas sociedades latino- americanas, tais como: da igualdade à diferença, da saúde aos meios de comunicação de massa, do racismo ao aborto, do meio ambiente à moradia. No Brasil, a nossa Constituição estabelece um referencial de leis e normas que estabelece nossos direitos e deveres. De maneira geral, os documentos nacionais e internacionais reconhecem os nossos direitos ??? https://www.youtube.com/watch?v=Ar9HMYZIlDk 4 civis, que se referem à liberdade individual, a liberdade de expressão, manifestação, pensamento e fé, liberdade de ir e vir, defesa, propriedade, contrair contratos válidos e o direito à justiça; os direitos políticos, que dizem respeito à atuação do cidadão na vida pública de determinado país; e os direitos sociais que visam a garantia a todos (as) do exercício, bem como, usufruto dos direitos fundamentais em condições de igualdade. Assim, os direitos sociais almejam que todos (as) tenham uma vida digna por meio da proteção e garantias dadas pelo estado de direito. São considerados direitos sociais aqueles que têm por objetivo garantir aos sujeitos as condições materiais para que possam gozar plenamente os seus direitos. Nesse contexto, exigem a ação com o intuito de diminuir ou sanar as desigualdades sociais. Entretanto, OSTERNE (2008) também ressalta, como nós já bem sabemos, que a cidadania não é vivida igualmente por todos (as), destacando que algumas pessoas têm acesso a quase todos os bens e também direitos, enquanto outros tem poucos em virtude da condição social, da negação dos direitos de expressão, saúde, moradia, educação, entre outros. Nesse sentido, não podem nem ser consideradas cidadãs, em virtude da negação do Estado das oportunidades para que possam viver em sociedade. Assim, na nossa sociedade temos os cidadãos e os subcidadãos, sendo que esses subcidadãos vivem na subnutrição, em subempregos, em submoradias, em escolas que ofertam uma subeducação, em espaços em subdesenvolvimento, sem esgoto, água e/ou energia, ou seja, numa situação de extrema exclusão. Essa é uma situação que exige mudanças. PARA REFLETIR Na escola, todos (as) são considerados cidadãos? E os (as) estudantes com diferentes raças, credos, gêneros, orientação sexual, deficiência, transtornos e altas habilidade de diferentes idades tem assegurado na escola, lócus do seu estágio a cidadania? Reflita! PRATICANDO Escolha um desses aspectos apontados acima (relações étnico-raciais, gênero, orientação sexual, educação inclusiva, diferenças geracionais) e apresente o planejamento que pode ser de uma palestra, oficina, organização de um mural ou painel, roda de leitura para a coordenação pedagógica ou a equipe gestora. Após a aprovação do seu planejamento vivencie a atividade com uma turma ou várias, pode ser também com os professores, pais ou funcionários, que corresponda a 05 horas. Registre essa vivência com fotos, bem como proponha no final alguma estratégia de avaliação dos participantes para que eles expressem suas impressões sobre a atividade proposta. Essa atividade irá compor o item do “Relato das atividades de participação”, do seu relatório final. O template do relatório final está disponível no ambiente. No seu relatório final você irá socializar o planejamento e as fotos da ação. O planejamento deve ser composto por: • Tema • Objetivo: 5 • Estratégia de acolhimento • Desenvolvimento (descreva cada etapa que será proposta. Lembre-se que toda atividade tem começo, meio e fim) • Estratégia de avaliação ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA FALAR DE CIDADANIA É FALAR DE DIREITOS HUMANOS Nós sabemos que todas as sociedades precisam encarar a proposição ético-política de que cidadão eles querem formar. Nesse sentido, o Estado é conclamado a pensar formas de intervenções que culminem no desenvolvimento das estratégias necessárias para o pleno desenvolvimento humano. Nesse contexto, os direitos humanos de forma quase que unânime representam um elo de intersecção entre as diferentes doutrinas filosóficas, religiosas e culturais. Assim, esse novo ethos mundial, consolida-se como um importante referencial, mesmo que ainda insuficiente, para que cada indivíduo, para que cada ser humano tenha a possibilidade de vivenciar inteiramente suas potencialidades humanas, dentro das possibilidades históricas do nosso mundo na atualidade. VEJA O VÍDEO! Quer conhecer a história dos Direitos Humanos? Veja o vídeo “A História dos Direitos Humanos”. Ele é bem curtinho e vai lhe ajudar na compreensão da discussão, com duração de três minutos e cinquenta e oito segundos. Clique aqui. PARA REFLETIR Mas, o que são mesmo os Direitos Humanos? De acordo com o pesquisador Norberto Bobbio (2004) os direitos humanos são elementos que se almejam, desejam realizar, e como tal, merecem ser buscados, perseguidos, mesmo que nem todos, emtodos os lugares o reconheçam. Caro (a) aluno (a), saiba que é importante destacar que os direitos humanos são um produto da história e um construto da Modernidade, visto que foi na Modernidade que surgiu a necessidade da proclamação dos direitos. Observando o viés histórico confunde-se a existência do direito e dos direitos humanos. O direito surgiu desde que algumas sociedades começaram a ter um Estado, enquanto os direitos humanos são resultantes da Modernidade e da cultura ocidental, logo, nascem num determinado período e lugar: na Europa nos séculos XVI e XVII, dentro de um contexto histórico os quais orientam o sentido que eles começam a ter a partir daquele momento. A partir dessa afirmação não se pode pensar que anterior a esse período nós vivíamos num mundo sem leis, existia uma ordem jurídica que orientava as normas sociais. https://www.youtube.com/watch?v=quQQrPC7WME 6 Nesse sentido, os direitos do homem precisam ser analisados a partir da sua articulação com a história social. De acordo com o pesquisador italiano Norberto Bobbio (2004) os direitos humanos são históricos porque são oriundos de certas circunstâncias, evidenciando as lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, que vão surgindo paulatinamente. Isso representa que os direitos humanos vão se modificando ao longo do tempo de acordo com as necessidades históricas, tendo como protagonistas as classes sociais, as corporações, conflitos econômicos, culturais, políticos, sociais, religiosos. Deste labiríntico processo de origem histórico, social e conceitual, se origina uma variedade de textos que visibilizam os tratados que são tantos resultantes das discussões entre filósofos, juristas e historiadores que acompanharam o desenrolar histórico desses processos, quanto tratados de representação ético- político com as declarações. Esses textos de acordo com Giuseppe Tosi (2012), outro pesquisador italiano, mas que mora no Brasil, esses textos, como todos os outros exigem uma interpretação que considere a universalidade ou particularidade dos direitos humanos, o conflito entre direitos, o problema da fundamentação jusnaturalista ou juspositivista, a relação entre moral e direito, as gerações de direitos versus a indissociabilidade dos mesmos, os sujeitos de direitos, a eficácia prática dos direitos humanos, etc. Esses questionamentos ainda segundo Tosi (2012) originam uma linguagem peculiar para aqueles que norteiam suas vivências a partir dos direitos humanos. Dessa forma, falar em direitos humanos representa assumir uma linguagem comum, que considera um mesmo agrupamento de conceitos, temáticas resultantes de uma tradição histórica e de um debate interpretativa da história. Assim, a linguagem assumida por aqueles que defendem os direitos humanos cria o mundo dos direitos humanos, enquanto um ideal balizador e ideal a ser perseguido. VOCÊ SABIA? Querido (a) estudante, você sabia que a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Declaração Universal dos Direitos Humanos são documentos distintos? A Declaração dos Direitos do Homem é um documento resultante da Revolução Francesa. Ele foi produzido em 1789 e define os direitos individuais e coletivos dos homens como universais. VISITE AS PÁGINAS Para consultar Declaração dos Direitos do Homem, acesse o link. Já a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento que marca a história da humanidade. Ela foi elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo e foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948. Para consultar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, acesse o link. Em dezembro do ano de 1948, no contexto pós-guerra, foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, por meio da Assembleia Geral das Nações Unidas, servindo de base para todos os documentos internacionais que referenciam os direitos humanos, e estes sob o ponto de vista universal, podem ser ??? http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf 7 considerados como direitos fundamentais do indivíduo pelo simples fato de ter a condição humana. Prezado (a) aluno (a), a dimensão da universalidade dos direitos humanos se ampliam para todos aqueles que utilizam essa linguagem, que fazem parte desta assim, desta comunidade de fala. Entretanto, a sua perspectiva ocidental é questionada por muitos pesquisadores. Tosi (2012) afirma que os direitos humanos podem ser apropriados por contextos culturais diferentes dos ocidentais. Para tal, ele utiliza o argumento da militante e estudiosa em direitos humanos Alice Ehr-Soon Tay (2006) natural de Cingapura, que afirma que algumas vezes o conceito de “valores asiáticos” é acionado para justificar as práticas de desrespeito aos direitos humanos explicitando que as ideias e conceitos não podem deixar de ser considerados universais porque surgiram numa determinada parte do mundo. Assim, os direitos humanos reconhecidos como direito de todos (as) vão se expandindo a partir da adesão de todas as pessoas e grupos que os reconhece, adaptando-os as diferentes realidades culturais e sociais. Nesse sentido, os que defendem a universalidade ressaltam que ela não pressupõe uniformidade, mas igualdade no contexto do respeito às diferenças. De acordo com o pesquisador português Boaventura de Souza Santos (2009), o conceito de Direitos Humanos reside num conjunto de pressupostos, todos claramente ocidentais e facilmente distinguíveis de outras concepções de dignidade humana em outras culturas. Ainda de acordo com o autor, os Direitos Humanos, no período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, apontam para a conclusão de que as políticas de Direitos Humanos estiveram quase sempre a serviço dos interesses econômicos e geopolíticos dos Estados capitalistas hegemônicos. Assim, sob esse discurso generoso e sedutor sobre os Direitos Humanos universal, coexistiram muitas atrocidades as quais foram avaliadas de acordo com revoltante duplicidade de critérios. Para Boaventura de Souza Santos (2009) os Direitos Humanos não devem ser concebidos como universais e para atuarem de forma cosmopolita, ou seja, considerando todo o cidadão do mundo, eles precisam ser reconceitualizado como multiculturais. Nesse contexto, a legitimação dos ideais universalistas precisa reconhecer a existência de relações implícitas de poder que condicionam alguns grupos como diferentes, minimizando a efetivação da sua cidadania. A história da humanidade é uma história marcada pela intolerância à diferença; o reconhecimento do direito à diferença representa a perspectiva de produzir novas subjetividades. LEITURA COMPLEMENTAR Para saber mais sobre a defesa de Boaventura de Souza Santos, sobre os direitos humanos na perspectiva multicultural leia o texto dele “Direitos humanos, o desafio da interculturalidade” na Revista Direitos Humanos, n. 2, p. 10-18, 2009. O texto está disponível neste link. Atualmente, refletir sobre a questão dos direitos humanos implica reafirmar o outro, na sua singularidade, na sua diferença, em termos de complementaridade e reciprocidade. É uma possibilidade de evidenciar a percepção, fomentar condições de tornar possível a voz de quem sempre foi silenciado, é construir o diálogo com aquele (a) que é diferente e a partir dessa possibilidade configurar novos modos de ser e conviver. De acordo com Relatório do Desenvolvimento Humano 2004, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), intitulado “Liberdade cultural num mundo diversificado”, é preciso ampliar 8 as discussões no contexto dos Direitos Humanos e inserir questões ligadas à questão da igualdade e da diferença. O relatório destaca que em todas as partes do mundo, as pessoas
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