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Sífilis na Gestação: Riscos e Tratamentos

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46. SÍFILIS NA GESTAÇÃO: OS RISCOS DO NÃO TRATAMENTO OU DO TRATAMENTO 
INADEQUADO. 
 
Nilciana de Oliveira Pantoja¹; Rafael Poloni² 
 
1 Estudante do Curso de Farmácia da Faculdade Estácio do Amazonas, Manaus, Amazonas; 
nilceop@hotmail.com; 
2 Professor da Faculdade Estácio do Amazonas, Farmacêutico do Distrito de Saúde Leste (SEMSA): 
Manaus, Amazonas; rafaelpolonifarma@gmail.com. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A sífilis há séculos desafia a humanidade e no início do século XX gerou pânico e assolou grande parte da 
população, muito especialmente na Europa (BOTELHO, 2012). 
Algumas tentativas foram elaboradas para explicar a origem da doença. Na primeira tentativa, que ficou 
conhecida como a colombiana, a sífilis seria endêmica no Novo mundo e teria sido introduzida na Europa 
pelos marinheiros espanhóis que haviam participado da descoberta da América. Depois, passou-se a 
acreditar que a sífilis era proveniente de mutações e adaptações sofridas por espécies de treponemas 
endêmicos do continente africano (AVELLEIRA, 2006). 
Em tempos mais atuais a Organização Mundial da Saúde (OMS), revelando estimativa de ocorrência, mostrou 
que em 2010 constatou-se 11 milhões de casos novos de sífilis por ano no mundo, sendo 2,4 milhões para 
a América Latina e Caribe (BRASIL, 2015). 
Causada pela bactéria Treponema pallidum, sua transmissão acontece principalmente pelo contato sexual, 
pode ser passada de mãe para o filho durante a gravidez, no momento do parto ou durante a amamentação, 
ocorrendo também por meio das transfusões de sangue contaminado ou contato direto com as feridas. E 
uma doença infecciosa crônica que acomete praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo humano. 
Assim, é considerada uma Doença Sexualmente Transmissível (DST). Embora na atualidade tenha 
tratamento eficaz e de baixo custo, ainda é considerada como um problema de saúde pública (TABISZ, 
2012). 
A doença evolui de forma lenta e pode ser classificada em fases: sífilis primária, sífilis secundária e sífilis 
terciária. Resumidamente pode-se dizer que a Sífilis primária aparece após um período de incubação inicial 
de 10 a 90 dias e é caracterizada por uma ferida indolor, principalmente nos órgãos genitais; a secundária 
refere-se à fase clínica da doença disseminada, que surge de dois a seis meses após a sintomatologia da sífilis 
primária, com erupção por todo o corpo e mucosa; a terciária corresponde ao período latente da doença. Pode 
ser acompanhada pelo desenvolvimento de gomas, lesões semelhantes a tumores que causam desfiguração 
em várias partes do corpo como pele, ossos e fígado (OLIVEIRA, 2011). 
A Sífilis na gestação tem sido considerada como um grave problema de saúde pública, por apresentar alto 
índice de morbimortalidade intrauterina. De acordo com as informações da Organização Mundial da Saúde, 
estima- se que 10% a 15% das gestantes provenientes de países subdesenvolvidos apresentam sífilis durante 
a gravidez. No Brasil em torno de 3% das mulheres grávidas apresentam a doença, ocorrendo transmissão 
vertical em 50% a 80%, com óbito perinatal em 40% das gestantes (CAVALCANTE, 2012). 
No Brasil, o Ministério da Saúde conta com o Programa de DST, que contempla objetivos e diretrizes e 
definição de prioridade, tendo como marcos os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e informações 
sobre o quadro atual da epidemia no país, de Doenças Sexualmente Transmissíveis, como HIV e Sífilis. 
Além de situar as tendências atuais e os desafios postos em termos de políticas públicas e mobilização 
social, o Programa Nacional de DST orienta ações, no âmbito da promoção à saúde, sobre a proteção dos 
direitos fundamentais das pessoas infectadas por HIV/Sífilis; o uso indevido de drogas; o diagnóstico e 
tratamento (BRASIL, 2010). 
A Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal prevê a realização de exames para sífilis, mas verifica- 
se ora a inobservância da realização da rotina preconizada, ora um tratamento inadequado, incluindo-se o 
não tratamento do parceiro. Com a realização do diagnóstico da sífilis e o tratamento adequado da gestante 
e do parceiro durante o pré-natal, é possível eliminar a sífilis congênita como problema de saúde pública, 
ou seja, reduzir a até um caso por mil nascidos vivos. De acordo com o protocolo vigente no Manual de 
pré-natal e puerpério (2006), a investigação da sífilis e a testagem para HIV são recomendados na avaliação 
pré-concepcional sempre que possível (BRASIL, 2003). 
Estas questões são temas que se pretendem analisar no presente estudo, que tem como objetivo geral avaliar 
as consequências da sífilis na gestação, destacando os métodos para diagnósticos e os medicamentos mais 
utilizados no combate da infecção materna. 
Embora a sífilis na gestante seja considerado, desde 2005, um agravo de notificação compulsória, estima-
se que apenas 25% dos casos são notificados e isso revela deficiência na qualidade dos serviços de 
assistência pré-natal e ao parto no país. Todavia, o não tratamento ou o tratamento inadequado pode causar 
mailto:rafaelpolonifarma@gmail.com
sérios problemas de saúde para a mãe e o concepto. Entre as consequências graves estão o abortamento, 
natimortalidade, nascimento prematuro e recém-nascido com sinais clínicos de sífilis. 
Por conta disso, em conformidade com a Resolução SS nº 41 de 24 de maço de 2005, deve ser oferecido teste 
treponêmico (VDRL) na primeira consulta pré-natal para todas as gestantes, idealmente no primeiro 
trimestre de gestação e no início do terceiro trimestre (BRASIL, 2008). 
 
METODOLOGIA 
 
O presente trabalho é um estudo descritivo, que avaliou as consequências da sífilis na gestação, os métodos 
para diagnóstico e os medicamentos mais utilizados, e bibliográfico, caracterizado como aquele estudo que 
abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, 
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, dissertações, internet e assim por diante. 
A amostra deste estudo foi composta por artigos publicados nas bases de dados da Scielo (Scientific 
Electronic Library Online), Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde), PubMed , BDENF 
(Base de dados de enfermagem) e na Biblioteca Virtual de Saúde Pública, no período compreendido entre 
2000 a 2013, na língua portuguesa e inglesa, utilizando-se os termos “Sífilis”, “Sífilis na gestação”, 
“Consequências sífilis gravidez”, “Tratamento inadequado sífilis”, “Tratamento sífilis em gestante” e “não 
tratamento sífilis”. 
No levantamento das fontes bibliográficas, utilizou-se alguns procedimentos para busca, seleção e análise 
dos textos. Primeiramente fez-se a busca dos artigos nas bases de dados anteriormente citadas, de forma 
aleatória. Em seguida realizou-se a seleção e a análise dos textos, separando-os por títulos. Na sequência, 
os artigos foram organizados e identificados por ano de publicação, idioma, fonte de dados, tipo de estudo, 
objetivo da pesquisa e credenciais dos autores. 
 
REFERÊNCIAS 
AVELLEIRA, JCR; Bottino, G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Anais Brasileiros de 
Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 81, n. 2, março/abril, 2006 [acesso em 29.07.2015] Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext. 
BOTELHO, JB. Sífilis: sexo e pecado. Publicado em março de 2012 [acesso em 02.08.2015] Disponível 
em: http://www.historiadamedicina.med.br. 
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Programa Nacional de DST e Aids. Projeto Nascer / 
Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2003. [acesso em 06;09.2015]. Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/projeto_nascer.pdf. 
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites 
Virais. SÍFILIS Estratégias para Diagnóstico no Brasil. Brasília, 2010 [acesso em 29.07.2015] Disponível 
em: www.aids.gov.br/sites/default/.../manual.CAVALCANTE, AES; Silva, MAM; Rodrigues, ARM; Mourão Netto, JJ et al. Diagnóstico e Tratamento 
da Sífilis: uma Investigação com Mulheres Assistidas na Atenção Básica em Sobral, Ceará. DST - J bras 
Doenças Sex Transm, v. 24, n.4, p. 239-245, 2012 [acesso em 30.07.2015]. 
OLIVEIRA, LPN. Sífilis adquirida e congênita. Monografia. Universidade Castelo Branco. Salvador-BA, 
2011. [acesso em 06.09.2015] Disponível em: biblioteca atualiza.com.pdf. 
SERVIÇO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, Sífilis congênita e sífilis na gestação.Revista 
Saúde Pública, v. 42, n. 4, p. 768-772, 2008. [acesso em 08.09.2015]. Disponível em: 
http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v42n4/itss.pdf TABISZ, L.; Bobato, CT; Carvalho, MFU; Reda, 
MTS; Pundek, MRZ. Sífilis, uma doença reemergente. Rev. Med. Res., Curitiba, v. 14, n.3,
 p. 165-172, julho/setembor, 2012 [acesso em 30.07.2015]. Disponível em: 
http://www.crmpr.org.br/publicacoes. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
http://www.historiadamedicina.med.br/
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/projeto_nascer.pdf
http://www.aids.gov.br/sites/default/.../manual
http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v42n4/itss.pdf
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