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introdução e historia da perversão

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Introdução: 
O presente trabalho visa fazer um estudo da estrutura clinica na obra de Freud a partir do texto “Freud e a invenção da clinica estrutural” de Marco Antonio Coutinho Jorge, e desenvolver dentro das estruturas o tema fetichismo.
 Durante o curso de psicologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro(UERJ), tanto nas disciplinas de psicanálise quanto em outras disciplinas pouco se aborda o tema perversões, a neurose aparece no curso desde o inicio e a psicose é abordada nas ultimas disciplinas obrigatórias. Esta falta do tema no curso, talvez ocorra por que poucas pessoas procuram analise tendo como motivo a perversão( palavras do próprio Freud) e por isso a produção teórica seja menor em relação as outras estruturas. Desenvolver o presente trabalho para essa disciplina foi uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o assunto.
 Na obra de Freud, apesar dele ter desenvolvido os três mecanismos psíquicos neurose, psicose e perversão, não aparece o conceito de clinica estrutural, que foi introduzido na psicanálise a partir do trabalho de Jacques Lacan. Segundo Lacan, o inconsciente é estruturado como uma linguagem e o fator que determina a estrutura clinica é como a linguagem emerge no inicio no ser humano. 
A partir da obra de Freud, Lacan estabeleceu uma relação entre mecanismos de defesa e as estruturas da clinica: o recalque para a neurose, a foraclusão para psicose e a renegação para perversão.
A tripartição estrutural se revela na obra de Freud a partir do que é denominado “ciclo da fantasia”(1906-1911), onde ele estabelece uma diferença entre como a neurose, paranoia e perversão se relacionam com a realidade, a partir do estudo da fantasia. Na psicose é o delírio que prevalece; na perversão a busca pelo gozo é o motriz, tanto na fantasia quanto na realidade e na neurose o que impera é a fantasia e seus derivados, como por exemplo, o sonho.
Freud inicia seu trabalho, que resulta na psicanálise, a partir da histeria. Nesta época , ele desenvolve uma teoria que a divisão do conteúdo da consciência na histeria era um ato voluntario, uma defesa. O sujeito enfrentava uma situação, uma ideia ou sentimento que causava uma angustia tamanha que ele optava por esquecer, tornava a ideia fraca privando a de afeto, o que era uma tentativa de defesa do sujeito.
Já nas obsessões e na fobia, o mecanismo de defesa ocorre de forma diferente, o sujeito separa a ideia incompatível do afeto, e ela permanece na consciência sem nenhuma associação, o afeto criado pela ideia se conecta a outras ideias estabelecendo novas conexões. Então, o afeto não é abrandado como na histeria e as novas conexões se transformam em obsessões.
Em seguida, ele desenvolve uma teoria com mecanismo de defesa também para a psicose. No caso da psicose, a ideia incompatível é rechaçada juntamente com seu afeto, o que Freud denomina foraclusão, o sujeito se comporta como se a ideia nunca tivesse ocorrido. Segundo Lacan, o que foi foracluído do simbólico retorna no real como delírio. Quando o sujeito tenta rechaçar a ideia ligada a um fragmento da realidade, ele acaba se destacando da realidade.
 Com a introdução da segunda tópica, onde Freud aperfeiçoou o conceito de inconsciente e estabeleceu as instancia psíquicas (eu, isso e supereu),ele consegue elaborar as três estruturas de forma mais plena a partir da posição do eu como mediador de conflitos. Na neurose, existe um conflito entre o eu e o isso, o eu não admite certas revindicações do isso e entra em conflito com o isso a favor do supereu; já na psicose, o conflito se estabelece entre o eu e o mundo externo, o eu cede as investidas do isso e perde seu vinculo com o mundo externo.
Na neurose, o sintoma se constitui como resultante do conflito entre interdição e o desejo, sua manifestação é fonte de sofrimento e desejo. Na psicose, o sintoma se estabelece com a perda de vínculos com o mundo externo. 
Em 1924, Freud publica um artigo chamado “A perda de realidade na neurose e psicose”, onde ele acredita que tanto na psicose quanto na neurose existe uma perda da realidade sendo que na primeira sob a forma do delírio e na segunda sobre a forma de fantasia. Na neurose, o afrouxamento com a realidade ocorre no retorno do recalcado; no primeiro momento, na neurose o eu a serviço do supereu, faz o recalque da pulsão, mas num segundo momento, quando o recalque já está operando, há uma reação contra o recalque e o consequente fracasso deste, é neste momento que se constitui um afrouxamento com a realidade. Um exemplo do retorno do recalcado aparece no caso Elisabeth Von R., no enterro da Irma ela pensa”Agora, meu cunhado está livre e pode se casar comigo”, foi recalcado e teve uma paralisia histérica.
Em 1927, Freud escreve o artigo “Fetichismo”, onde ele fala sobre o mecanismo de renegação, responsável pela divisão do eu. A renegação aparece como um mecanismo onde a divisão do eu se instaura, e esse sem servir a um amo, faz com que duas tendências opostas(desejo e realidade) consigam conviver. Na perversão, ao mesmo tempo as reivindicações do isso e da realidade são consideradas, sem que uma anule ou interfira na outra.
Um pouco mais sobre as perversões
	A perversão apesar de ser um tema muito presente no universo cultural nas artes plasticas, na literatura (A filosofia na alcova, Lolita, A bibliotecária), nos clássicos do cinema( A bela da tarde, Viridiana, O porteiro da noite), no cinema contemporâneo( Ninfomaniaca, Miss Violence, O cheiro do ralo), não está muito presente na academia, a obra de Freud ainda é a maior contribuição para o tema. 
Para embasar o presente trabalho foram utilizados os textos “Leitura das Perversões” de George Lanteri-Laura e os textos “Fetichismo”, “ Três ensaios sobre a sexualidade” , “Estudo do texto Uma criança é espancad”,“sobre a gênese do fetichismo” de Sigmun Freud. 
	Durante o século XIX, a interação medica com as perversões ocorria basicamente a partir do judiciário, quando magistrado solicitava uma opinião médica em algum caso. Em relação a condutas sexuais, nesta época na Europa eram consideradas como crime o escândalo publico e o atentando ao pudor, onde a falta existia em relação à idade e ao consentimento. Quando a pericia médica era solicitada nos casos de aberrações sexuais, ela não tinham muito o que fazer e consideravam toda a multiplicidade de condutas sexuais aberrantes como alienação mental, não se concentrando nas singularidades sexuais. (lanteri-laura).
	 O verbo pervertete ,em francês, tem o sentido de revirar ou inverter, assumi o sentido de “virada importuna”, então, o termo perversão tem um sentido pejorativo de “uma reviravolta ruim”, perverter aparece com o sentido de modificar de forma pejorativa uma função biológica(lanteri-laura). Assim, perversão foi associada à sexualidade como algo que deturpa o seu sentido original que é a reprodução, o termo foi originalmente no campo da medicina por Magnan no texto:”anomalias,aberrações e perversões sexuais”.
	A partir do ideário positivista, as condutas sexuais perversas foram classificadas e diferenciadas em manuais como o texto de Krafft-Ebing, no seu texto existe um julgamento moral que separa as perversões em monstruosas ( zoofilia, pedofilia e gerontoflia), ridículas (masoquismo, sadismo, fetichismo e exibicionismo), a homossexualidade também considerada perversão (invertidos) mas eraa considerada com um solidariedade e compaixão (lanteri-laura).
Introdução:
 
 
 
O presente trabalho visa fazer
 
um estudo da estrutura clinica
 
na obra de Freud
 
a 
partir do texto “Freud e a invenção da clinica estrutural” de Marco Antonio Coutinho 
Jorge, e desenvolver dentro das estruturas o tema fetichismo.
 
 
Durante o curso de 
psicologia na Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro(UERJ), tanto nas disciplinas de psicanálise quanto
 
em outras disciplinas 
pouco 
se aborda o tema perversões, a neurose aparece no curso desde o inicio e a psicose é 
abordada nas ultimas disciplinas obri
gatóri
as. 
Esta falta do tema no curso, talvez ocorrapor que poucas pessoas procur
a
m
 
analise tendo como motivo a perversão
( palavras do 
próprio Freud)
 
e por isso a produção teórica 
seja menor em relação as outras estruturas. 
D
esenvolver o presente trabalh
o para essa disciplina foi uma
 
oportunidade de conhecer 
um pouco mais sobre o assunto.
 
 
Na ob
ra de Freud, apesar dele ter desenvolvido os três mecanismos psíquicos 
neurose, psicose e perversão, não aparece o conceito de clinica estrutural, que foi 
introduz
ido na psicanálise a partir do trabalho de Jacques Lacan. Segundo Lacan
,
 
o 
inconsciente é estruturado como 
uma linguagem
 
e o fator que determina a estrutura 
clinica
 
é como 
a linguagem emerge no inicio no
 
ser humano. 
 
A partir da obra de Freud, Lacan 
estabeleceu uma relação entre mecanismos de 
defesa e as estruturas
 
da clinica
: o recalque para a neurose, a foraclusão para psicose e a 
renegação para perversão.
 
A tripartição 
estrutural 
se revela 
 
na obra de Freud a partir do que é denominado 
“
ciclo da f
antasia
”(1906
-
1911)
, onde ele estabelece uma diferença entre como a 
neurose, paranoia e perversão
 
se relacionam com a realidade, a partir do estudo da 
fantasia. Na psicose é o delírio que prevalece; na perversão a busca pelo
 
gozo
 
é o 
motriz, tanto na fan
tasia quanto na realidade e na neurose o que impera
 
é a fantasia e 
seus derivad
os
,
 
como 
por exemplo, o
 
sonho.
 
Freud inicia seu trabalho, que resulta na
 
psicanálise
, a partir da histeria. Nesta 
época , ele desenvolve
 
uma
 
teoria que a divisão do conteúdo 
da consciência na histeria 
era 
um ato voluntario, uma defesa. O
 
sujeito enfrentava uma situação, uma ideia ou 
sentimento que causava uma angustia tamanha que ele optava por esquecer, tornava a 
i
deia fraca privando a de afeto, o que era uma tentativa de d
efesa do sujeito
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Já nas obsessões e na fobia,
 
o mecanismo de defesa oco
rre de forma diferente, o 
sujeito separa a ideia incompatível do afeto, e ela 
permanece
 
na consciência sem

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