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FOTOGRAFIA DIGITAL Autor Georgia Ramine Silva de Lira Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI FOTOGRAFIA DIGITAL 1 INTRODUÇÃO Atualmente, somos tomados pelo uso de imagens estáticas e em movimento em mídias digitais e redes sociais, além das mídias já conhecidas, como propagandas na internet, materiais impressos e outdoors de rua. O objeto que produzia imagens, a câmera fotográfica, originalmente complexo, caro e de uso para fotógrafos, tornou-se, com o passar dos anos, um objeto acessível, e ainda facilmente substituído por celulares. As tecnologias usadas para produção da fotografia digital permitem que um número cada vez maior de pessoas possa adquirir uma câmera, produzir fotos, editá-las, publicá-las na internet, imprimi-las, transferi-las para outros indivíduos e espaços e, ainda, armazená-las em vários dispositivos ao mesmo tempo. No entanto, compreender a técnica fotográfica facilitará o estudo e a produção de vídeos, edição, efeitos especiais, utilização de filtros, resolução e criação de peças para mídias digitais e impressas. Ter noções introdutórias de fotografia digital é importante para o estudo e prática de diversas atividades com imagens. Assim, o objetivo desta apostila é apresentar os fundamentos básicos da linguagem fotográfica, para que você possa produzir fotos com técnica e olhar reflexivo sobre imagens estáticas. 2 HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA E AS MUDANÇAS NO “OLHAR FOTOGRÁFICO” AO LONGO DO TEMPO Uma das primeiras invenções que possibilitaram a criação das câmeras fotográficas foi a câmera obscura, cuja invenção é atribuída a várias pessoas. Logo, a fotografia, em si, também não teve um único inventor, pois o processo fotográfico foi resultado de diversos estudos e experiências de diversas pessoas. Hockney (2001) afirma que os antigos chineses e Aristóteles já registravam informações sobre a câmera obscura, sendo estes os primeiros registros. A câmera obscura é um dispositivo ótico em forma de caixa, com um pequeno orifício em um dos lados. A luz adentra pelo orifício e forma uma imagem na face oposta, de cabeça para baixo, que representa, em duas dimensões, a paisagem externa ao local no qual a câmera obscura foi colocada. FIGURA 1 – CÂMERA OBSCURA ’ FONTE: https://bit.ly/2WASzH1. Acesso em: 23 set. 2021. Descrição da imagem: mulher mexendo em uma câmera escura, que se assemelha a uma caixa, que está em cima de uma mesa. Só conseguimos ver o que nos cerca por causa da presença da luz. A luz se reflete nos objetos, possibilitando que nossos olhos vejam as formas e as cores. A cor que o olho humano enxerga é, na verdade, uma reflexão colorida da luz branca que bate no objeto e retorna em forma de onda luminosa com a cor do objeto. Logo, podemos definir a fotografia como um processo de captura de uma imagem por meio da luz, sendo a forma de registrar a luz a grande descoberta para o universo fotográfico. Segundo Casasús (1979), a fotografia sempre é uma representação de algo e quando uma pessoa vê uma foto, ela sabe que não está diante de um objeto real. Assim, fotos são compreendidas por analogia, pois a pessoa faz, mentalmente, uma comparação entre formas, cores, texturas e sombras da imagem que está vendo (impressa ou digital) com a memória que possui do objeto real. Produzir uma analogia significa reproduzir algo da forma mais fidedigna possível e, ao longo da história, o ser humano sempre teve necessidade de representar e registrar o que via. O homem, desde a pré-história, vem se aprimorando em desenhar, pintar e representar o mundo por uma perspectiva cada vez mais próxima do mundo real. 2.1 A LINGUAGEM FOTOGRÁFICA E SEUS ELEMENTOS Em primeiro lugar, fotografar bem é saber ver os detalhes do que se tem ao redor. E antes de produzir a foto, é necessário pensar e imaginar como ela ficará. O segredo de uma boa composição visual está no uso certo de cores, perspectiva, movimento e profundidade de campo. A fotografia é uma imagem estática e bidimensional, que reproduz uma situação ou objeto tridimensional do mundo físico. Logo, se existe um controle de ângulo de visão, enquadramento e iluminação, automaticamente controlamos o uso de cores, a perspectiva, o movimento e a profundidade de campo. Segundo Dondis (1991), a linguagem fotográfica é formada pelos chamados “elementos visuais”. Eles estão presentes em pinturas, fotografias e vídeos, e podem ser resumidos da seguinte maneira: • Forma e contorno: a forma é o desenho do objeto ou cena; e o contorno, sua forma geométrica básica. Essa forma é obtida pela composição de linhas, que podem ser retas ou curvas. • Volume: o volume de um objeto é expresso por sua iluminação. É a luz que ressalta o formato do objeto tridimensionalmente, por meio de claros e escuros, criando a ideia de volume. Em fotos estáticas, a luz difusa serve para dar volume aos objetos, enquanto a luz direta e forte os “achata”, criando a impressão de que eles são bidimensionais. • Cor: as cores são produzidas a partir da reflexão da luz sobre o objeto ou cena. O que produzirá imagens mais ou menos coloridas será a regulagem da quantidade de luz. • Textura: objetos são feitos de texturas diferentes e é por meio delas que também identificamos e diferenciamos cenas e objetos. A aparência visual é dada pela maneira como o material reflete a luz. Materiais com superfície lisa refletem a luz em ângulos mais retos; materiais rugosos difundem os raios de luz em ângulos diferentes; e em objetos transparentes os raios de luz podem atravessar o material. Além dos elementos visuais, a diferença no resultado de uma imagem está ligada ao que é fotografado. Por exemplo, animais, rostos de pessoas e cenas cotidianas são temas e assuntos diferentes, sendo assim, precisam receber o chamado “tratamento diferenciado”, ou seja, luz, fundo, cores e montagem da composição diferentes. Existem algumas regras de composição muito utilizadas para a produção de imagens estáticas, cuja finalidade é facilitar o estudo de toda composição fotográfica. Lembre-se de que essas regras não são únicas e absolutas, mas existem para ajudar no processo de aprendizagem e na produção de fotos mais coerentes, bonitas e que atendam a determinados objetivos comerciais. Uma dessas regras é a regra dos terços. Ela é derivada da perspectiva euclidiana e das pinturas do período renascentista. Quando a utilizamos, dividimos a tela em nove partes iguais (três terços) e distribuímos os elementos dentro de cada parte desses terços. Segundo a regra, a linha do horizonte deverá estar contida no terço inferior ou no terço superior da imagem, e os elementos devem ser distribuídos com equilíbrio pelos terços da imagem. Veja na Figura 2 um exemplo simples desta regra: FIGURA 2 – REGRA DOS TERÇOS FONTE: https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2013/06/regra-dos-ter%C3%A7os.jpg. Acesso em: 23 set. 2021. Descrição da imagem: paisagem de farol com tela dividida em nove partes iguais. Observe que esse tipo de composição exibe uma imagem equilibrada entre os elementos da paisagem. Todas as áreas da imagem ficam ocupadas por algum elemento e não há uma área que apareça mais que a outra, não existe excesso de elementos, nem áreas não preenchidas. Outra regra é a Proporção Áurea, utilizada na produção de desenhos, pinturas e fotografias. Esta proporção aparece em diversas formas produzidas pela natureza, como a circunferência formada pelas pétalas das flores, as proporções do corpo humano, a medida relativa das falanges dos dedos em proporção ao tamanho total da mão, as medidas cranianas e faciais, entre diversos outros exemplos. FIGURA 3 – PROPORÇÃO ÁUREA FONTE: https://bit.ly/3a2dlSM. Acesso em: 23 set. 2021. Descrição da imagem: proporção áurea em preto e branco. Assim, vemos que a fotografia é mais do que uma mera representação do mundo real. Utilizando técnicas e regras de proporção, podemosdistorcer a realidade, pois a fotografia é um meio de expressão artística. E é por isso que, ao longo da história da fotografia, surgiram diferentes tipos de categoria de fotografia, como a comercial, a naturalista, a artística e outras, que são baseados muito mais no uso da técnica fotográfica do que em expressão emocional ou na busca de novos ângulos de perspectiva ou inovação da linguagem. 2.2 LUZ A luz e as cores são elementos que inspiram sensações e sentimentos. Nossos olhos reagem fisicamente à intensidade da luminosidade de uma cor, realizando pequenos e grandes ajustes. As principais características da luz são: qualidade, direção e cor. A qualidade da luz interfere nas sombras e contrastes de uma cena. Classificamos a luz numa escala de dura a suave. A luz dura é aquela que gera sombras contornadas e bem definidas. Possui raios de luz paralelos, e vem de fontes direcionais, que tem origem em uma fonte pequena. Ela provoca sombras profundas e zonas de altas luzes, além de apresentar alto contraste entre zonas claras e zonas escuras. Este contraste nos leva à sensação de peso e tensão na fotografia. A luz suave é aquela em que existe uma área de transição entre sombra e luz. É uma luz multidirecional que, na maioria das vezes, vem de uma fonte grande, como é o caso de um dia nublado. Ela envolve a cena ou objeto vindo de várias direções e não apresenta sombras profundas nem zonas de altas luzes, além de apresentar baixo contraste. A direção da luz tem a capacidade de gerar efeitos e sensações na foto. As direções mais comuns de luz são: frontal, superior, lateral e contraluz. Na Figura 4, fica clara a interferência da direção da luz na imagem. FIGURA 4 – DIFERENTES DIREÇÕES DA LUZ FONTE: https://i0.wp.com/fotodicasbrasil.com.br/wp-content/uploads/2015/11/DirecaodaLuz1.jpg. Acesso em: 23 set. 2021. Descrição da imagem: bola branca com luz refletindo em diferentes direções. Quando falamos de luz na fotografia, também associamos à cor, visto que um feixe de luz branca é composto por todas as cores. A luz branca é uma mistura proporcional das três cores primárias: verde, vermelho e azul. Quando, em um feixe de luz, temos uma dessas cores em maior quantidade que outras, a luz deixa de ser branca (neutra). Dividimos o espectro de cores em tons predominantemente azulados e esverdeados, chamados tons frios; e em tons predominantemente amarelados e avermelhados, chamamos de tons quentes. Na maioria das vezes, buscamos ter nas fotos as cores como enxergamos, ou seja, mais reais. E para criar uma padronização de cores, surgiu uma tabela em escala Kelvin (K) que determina qual temperatura (em K) corresponde a qual cor. FIGURA 5 – TABELA DE ESCLA KELVIN (K) FONTE: https://thepartner.com.br/wp-content/uploads/2019/10/cores-e-iluminacao.png. Acesos em: 23 set. 2021. Descrição da imagem: Tabela de escala Kelvin. Algumas câmeras têm a opção de colocar manualmente a temperatura específica em Kelvin, já outras não possuem e, neste caso, devemos saber a aproximação de temperatura para ajustar o balanço de branco (White Balance). 2.3 COMPOSIÇÃO Além da luz e suas variações, para a produção de fotografias com qualidade, é preciso levar em consideração outros fatores l igados à composição da cena. Veremos agora, de acordo com (TARNOCZY JÚNIOR, 2016; FREEMAN, 2012), alguns desses elementos que tornam uma imagem bem produzida e com técnica: • Simplificar (keep it simple): na produção de fotografias, principalmente em ambientes cheios de informação e externos, você deverá evitar fundos que possam distrair do objeto e cena central. Deste modo, utilizar o zoom para limpar as partes que não são interessantes para a cena e capturar apenas o que se procura é o ideal. Um exemplo disto é quando queremos tirar uma fotografia em uma festa com muitas pessoas dançando. Quando uma imagem está cheia de movimentos nos quais temos dificuldade em identificar o ponto de foco ou de atenção, poderemos aplicar um zoom em uma pessoa ou objeto para deixar claro o ponto em que devemos ter atenção. • Linhas e formas: círculos, triângulos e linhas curvas, quando aplicados à produção de fotografia, ajudam a simplificar cenas complexas. Linhas são a base de uma composição. Quando olhamos para uma imagem com os olhos levemente fechados, vemos as linhas mais fortes que definem o contorno dos objetos e cenas. As linhas também podem balancear uma imagem, ligando elementos entre si. Existem as linhas do horizonte, convergentes, diagonais e dominantes, e cada uma delas poderá ajudar na construção de uma imagem sob perspectiva diferente. • Ponto de vantagem (Vantage point): a maioria das fotos produzidas por não profissionais é feita ao nível dos olhos, em uma dimensão de 1,5 a 1,8 metros de altura. Quando feita uma fotografia a partir de um ponto de vantagem menor, se abaixando ou até mesmo se deitando no chão, podemos criar o efeito de grandeza e importância ao assunto. Já se elevarmos o ponto de vantagem, por cima de degraus, escada ou ponte, reduziremos a importância do tema na cena fotografada. • Equilíbrio (Balance): devemos olhar através da lente da câmera os temas dominantes da foto, como pessoas, flores, prédios, placas e carros e organizá-los de maneira que se complementem mutuamente. Isso de dará tanto na perspectiva de equilíbrio simétrico, em que os objetos de igual tamanho são posicionados em ambos os lados em relação ao centro da imagem, como de equilíbrio assimétrico, em que objetos de diferentes tamanhos são usados em ambos os lados em relação ao centro da imagem. Imagens assimétricas tendem a ser mais interessantes aos olhos, uma vez que tendemos a deslocar o olhar de um objeto para outro. • Enquadramento (Framing): o enquadramento nada mais é que voltarmos a atenção para o tema da imagem, enquadrando partes da cena com a utilização de barreiras naturais ou artificiais. Quando damos destaque ao assunto criamos uma sensação de profundidade à fotografia. Um exemplo é quando queremos enquadrar uma fotografia em uma cena com muitas plantas, fotografarmos através dos espaços entre ramos e folhas. • Ponto de vista: a forma como os elementos aparecem em uma fotografia depende fundamentalmente do ponto de vista de quem a produz. O lugar no qual a pessoa decide se colocar para produzir uma fotografia é uma decisão muito importante. Uma alteração, mesmo que pequena, do ponto de vista, poderá alterar drasticamente o equilíbrio e a estrutura da foto. Por isso, se deve andar para os dois lados, esquerdo e direito, aproximar-se e afastar-se da cena, colocar-se em um ponto superior ou inferior a ela, para se observar os efeitos da mudança de posicionamento na fotografia. • Perspectiva: a perspectiva indica a profundidade de uma fotografia. É a perspectiva que pode dar a impressão de que existe uma cena tridimensional. Os principais tipos de perspectivas usados na produção de fotografias estáticas são: a) perspectiva cônica: mais evidente, linhas paralelas que parecem convergir ou se encontrar ao longe; b) perspectiva aérea: deverá levar em conta que as cores e os tons clareiam e tendem para o azul, à medida em que se distanciam; c) formas justapostas: os assuntos a serem fotografados devem estar em distâncias divergentes; d) redução de escala: os objetos e cenas parecem menores à medida que se afastam; e) foco diferencial: os objetos e cenas focados e os desfocados devem estar a distâncias diferentes da câmera. • Planos: os planos definem o distanciamento da câmera em relação ao objeto ou cena fotografada, levando-se em conta a organização dos elementos dentro do enquadramento feito. Eles se dividem em três grupos: plano geral, plano médio e primeiro plano, e uma mesma fotografia poderá conter vários planos. No plano geral, o ambiente é o elemento primordial. No plano médio, o sujeito ou assunto fotografados estão ocupando boa parte do quadro, deixando espaço para outros elementos que deverão completar a informação.Já no primeiro plano é destacado o gesto, a emoção e a fisionomia de um indivíduo, podendo também ser um plano de detalhe, no qual a textura ganha força e poderá ser utilizada na produção de fotografias abstratas. Uma grande dica para colocar em prática esses recursos é pensar no abstrato, pois isso lhe renderá boas composições. Quando estiver fotografando, mais importante que lembrar de regras é prestar atenção nas formas, texturas e sombras, porque tudo isto poderá se tornar um elemento que reforça a beleza do objeto ou cena. As possibilidades são infinitas, já que qualquer componente visual poderá ser usado na fotografia de diferentes maneiras do que ele realmente é. 2.4 FOTOGRAFIA DIGITAL O que diferencia fotografias analógicas de digitais é que estas são compostas de quadrados chamados “elemento de imagem” ou simplesmente pixels. O computador dividirá a tela ou a página impressa em uma grade de pixels e usará os valores armazenados na fotografia para especificar o brilho e a cor de cada pixel nesta grade. Assim, a qualidade de uma imagem digital dependerá, principalmente, do número de pixels usados para a criação dessa imagem. Mais pixels aumentam os detalhes e tornam as bordas mais definidas e visíveis. Se uma imagem digital for ampliada, os pixels começarão a aparecer, em um efeito que chamamos de pixelização. Quanto mais pixels existem em uma imagem, mais a imagem poderá ser ampliada, sem que aconteça a pixelização. A grande diferença das analógicas é que as fotografias digitais, quando capturadas, já estão em um formato pronto para uso, distribuição e armazenamento. Essa é a consequência de as câmeras digitais terem se transformado em mais do que apenas câmeras, porque muitas já contam com programas de edição de foto para melhoramentos. É a simplificação dos antigos espaços de revelação e edição, que precisavam de tempo, paciência, luzes acesas e produtos químicos. 2.5 TIPOS DE CÂMERAS DIGITAIS Naturalmente, nem todas as câmeras digitais são iguais e apresentam as mesmas funcionalidades. O mais importante é entender para qual finalidade cada uma delas se adequa melhor. Vejamos algumas: • Câmeras de celular: embora a qualidade da imagem seja inferior que de uma câmera profissional, muitos celulares possuem resoluções que podem ser usadas para fins profissionais. Essas câmeras, nos últimos anos, se tornaram a preferência de muitos, por conta da produção de fotografias de boa qualidade e da acessibilidade de valores e uso. • Ultra-compactas: são câmeras pequenas e fáceis de portar. Elas são mais caras que as compactas, por serem menores e mais elaboradas. Possuem zoom de três até cinco vezes. O sensor consegue ser menor que de uma câmera compacta, o que poderá causar mais ruído. • Compactas: também conhecidas como “point and shoot” (aponte e dispare), são semelhantes às compactas de 35 mm. Você terá a possibilidade de ver como a foto vai sair antes mesmo dela ser tirada. • Bridge ou Super-zoom: são câmeras que ficam entre características das compactas e das profissionais. Elas se tornam uma opção para quem quer utilizar recursos mais avançados de fotografia sem a complexidade de uma câmera DSLR. Tem ajustes manuais de velocidade de obturador, abertura de diafragma, sensibilidade ISO, balanço de branco, fotografa em RAW, além de algumas terem sapata para flash e possuírem uma lente de zoom que poderá chegar até 20x. Tem valor elevado e é maior em termos de tamanho. • EVIL (Electronic Viewfinder, Interchangeable Lens): são câmeras compactas, com sensor maior (APS), com lentes profissionais e intercambiáveis, sem espelho e com funções avançadas. Não é possível ver a imagem refletida no espelho como nas SLR, mas por ter sensor maior e lentes melhores a qualidade fica na frente de uma câmera compacta. • Digital Single-Lens Reflex (DSLR): é a versão digital para as antigas câmeras de filme SLR, em que a luz passa apenas pela lente antes de chegar ao sensor. São câmeras que possuem sensores que passam dos 50 megapixels. A sigla DSLR poderá ser associada à possibilidade de mudança de lente da câmera, mas as câmeras que permitem essa troca de lentes apresentam “lentes intercambiáveis”. Câmeras DSLR são as que permitem, ao fotógrafo, ver o mesmo que as lentes estão “enxergando”. • Médio formato digital: são câmeras de custo muito elevado, com peças complementares caras. São usadas para fotografia de moda e publicidade. 2.6 CAPTAÇÃO DE IMAGEM É possível produzir cenas e objetos de diversas maneiras, transmitindo, assim, sentimentos e sensações diversas para quem observa a imagem. Para uma boa captura de imagens digitais, existem alguns aspectos importantes, que devemos levar em consideração. Vejamos alguns deles: • Posição da câmera: existem três principais formas de posicionar a câmera em relação ao objeto ou cena: enquadrando o objeto de frente, em primeiro plano e na altura dos olhos; fotografando de cima em relação à altura dos seus olhos; e fotografando de baixo para cima, engrandecendo o objeto, cena ou pessoa. • Ângulos: o ângulo poderá ser frontal, que captará a cena ou objeto de frente ou de costas para a câmera; poderá ser de perfil, que traz intimidade para foto; ou até em 360º, em que a pessoa conseguirá ter uma visão completa do ambiente. • Efeitos: existe também uma série de efeitos que darão uma aparência mais profissional nas fotografias e que despertarão sensações diferentes a quem as observar. Alguns exemplos de efeitos são: o efeito do Bokeh, que é bastante visível quando existem pequenas fontes de luz no fundo desfocado; o efeito Lens Flare, que são “anéis” coloridos e distorcidos ocasionados pelo ângulo de entrada da luz na lente, no nascer ou pôr do sol; e o efeito panning, que permitirá acompanhar um objeto em movimento. 2.7 CONCEITOS IMPORTANTES: BIT, BYTES, PROFUNDIDADE DE BIT, RESOLUÇÃO (PPI/DPI), COMPACTAÇÃO, TIPOS DE ARQUIVO E FORMATOS Quando estudamos fotografia digital, nos deparamos com diversos conceitos diferentes, muitas vezes, da fotografia analógica. Esses conceitos nos ajudam a entender, na prática, como produzir, transferir e armazenar fotografias estáticas e em movimento. Vejamos alguns deles: • Bit: é uma unidade binária, sendo representada apenas por dois valores (zero ou um), que servirá de base para o armazenamento e processamento de informações em um dispositivo eletrônico, como computador, câmera fotográfica digital e celular. • Byte: derivado do bit, ele é um conjunto de oito bits. Existem diversos múltiplos dos bytes, sendo eles: um kilobyte (KB), igual a 1.024 bytes; um megabyte (MB), igual a 1.024 KB; e um gigabyte, igual a 1.024 MB. • Profundidade de bit: a profundidade de bits é o que descreverá quantas cores (únicas) estão à disposição na paleta de cores de uma imagem, embora uma foto não precise utilizar todas as cores. Para uma imagem em tons de cinza, por exemplo, a profundidade de bits significará quantas gradações únicas de cinza estão disponíveis. Já o pixel colorido em uma imagem digital é feito por meio de combinações entre as três cores primárias: azul, vermelho e verde. Cada uma dessas cores primárias é denominada de “canal de cor” e poderá ter qualquer gama de valores de intensidades, sendo limitadas por sua profundidade de bits. Já a profundidade de bits para cada cor primária é denominada de bits por canal. • Pixel: um pixel é um ponto de uma imagem digital. No caso de uma imagem retangular, esta é formada por um conjunto de pixels dispostos em linhas e colunas (uma matriz). Cada pixel que compõe uma imagem tem a sua própria cor. • Megapixel: um megapixel corresponde a um milhão de pixels. Hoje, a maioria das câmeras digitais consegue produzir fotografias com resolução mínima entre dois e oito megapixels. • Resolução: a resolução de uma imagem tem como fundamento o número em pixels, de largura e altura, respectivamente. Estas medidas representam a nitidez das imagens digitais. A resolução deimagens poderá ser representada em DPI (“Dots Per Inch”, pontos por polegada) ou por PPI (“Pixels Per Inch” ou pixels por polegada). Dessa maneira, os pixels interferem diretamente na imagem, e veremos que uma imagem com maior resolução possui uma maior quantidade de detalhes, enquanto uma imagem com uma menor resolução terá menos detalhes, principalmente nas bordas, apresentando aspecto borrado. A medida DPI é usada para imagens impressas, enquanto PPI se aplica a imagens digitais. Quando a resolução de uma imagem é alterada, é modificada a quantidade de pixels que você verá em cada polegada. Uma imagem com 700 PPI tem 700 pixels em cada parte da imagem, logo, serão 700 pixels por polegada, que proporcionarão uma imagem com nitidez e riqueza de detalhes. Se essa mesma imagem tivesse 70 PPI, não teria a mesma qualidade que uma imagem em uma resolução superior. Já para a medida DPI quanto maior a resolução, mais nítida será a imagem impressa. A quantidade recomendada para se obter uma boa qualidade de impressão é de no mínimo 200 DPI, enquanto o ideal é a quantidade de 300 DPI. Compactação: é um processo de reescrever informações de uma forma mais eficiente para que elas ocupem menos espaço. Para os dispositivos digitais, a maioria dos arquivos é um acúmulo de informações descritas diversas vezes. Logo, o que o compactador de arquivos faz é eliminar essas repetições e, assim, conseguirá eliminar espaço. No lugar de listar as mesmas informações repetidas vezes, ele relacionará apenas uma e, em seguida, criará uma referência para a primeira, todas as vezes em que esta informação surgir no arquivo. Existem dois tipos de compressão de arquivos: a compactação sem perda, em que é possível recuperar todo o conteúdo original do arquivo após o processo de descompactação; e a compactação com perda, na qual partes dos arquivos são perdidas de maneira definitiva. Isso acontece com imagens, porque para diminuir o tamanho destas, os programas descartam informações consideradas irrelevantes. Por exemplo, imagine uma foto de um jardim grande cheio de árvores e tonalidades de verde. O que o programa fará é escolher a informação de cor do pixel verde que mais aparece na imagem e, em seguida, reescrever os demais para o mesmo valor. Desse modo, a maioria dos pixels terá a mesma referência de cor, o que diminuirá o tamanho da imagem. 3 TIPOS DE ARQUIVOS E FORMATOS Existem diferentes tipos de arquivos e formatos para identificação de imagens. Eles são muitos e cada um possui suas especificidades técnicas, podendo ser usados para finalidades distintas. Vejamos alguns: • JPEG ou JPG (Joint Pictures Expert Group): é o formato mais indicado para quem quer enviar imagens por meios digitais. Ele tem tamanho reduzido e isso facilitará a guarda e distribuição. Ele comprime os dados para se tornarem menores, mas isso gerará perda na qualidade da imagem. O JPEG é mais utilizado em casos em que o tamanho do arquivo importa mais que a qualidade, como é o caso de imagens que ficarão hospedadas em páginas web, blogs, e-mail etc. • PNG (Portable Network Graphics): poderá ser usado para animação, imagens com fundo transparente e para comprimir sem perdas. O PNG suporta milhões de cores e por isso é muito indicado para fotografias. Uma característica a mais no PNG é a transparência por 24 imagens de bit RGB. No entanto, para alguns trabalhos visuais poderá ser considerado mais lento para ler ou escrever. • GIF (Graphics Interchange Format): é um arquivo leve e muito utilizado para fotografias com movimento (não sendo vídeos). Utilizado para arquivos de tamanho reduzido, com poucas cores, pois ele tem um esquema com 256 cores (oito bits), é indicado para compressões sem perda, salvamento de arquivos com fundo transparente e uso em ícones, ilustrações p&b e pequenas animações. • Bitmap: suporta muitas cores e preserva detalhes, porém deixa os arquivos extremamente pesados, tornando o envio das imagens na internet muito lento, já que esses arquivos não são comprimidos. Imagens bitmap podem mudar de preto e branco (um bit por pixel) até 24 bits de cores (16,7 milhões de cores). • TIFF (Tagged Image File Format): geralmente é utilizado por profissionais como os designers gráficos, para edição e impressão, porque é considerado o formato de maior qualidade para o trabalho comercial. Os arquivos são grandes porque têm pouca ou nenhuma compressão e não perdem detalhes. Também é muito usado em digitalização (scanner e fax), pois oferecerá grande quantidade de cores e excelente qualidade de imagem. Permite o uso de camadas, que são versões diferenciadas da imagem existentes em um mesmo arquivo. Suporta fundo transparente, mas poderá não aparecer em alguns navegadores. • RAW: é um padrão de certas câmeras digitais, que podem também optar pelo uso dos padrões JPG ou PNG. Tem esse nome por não conter efeitos ou ajustes. Mostrará qualidade superior e maior profundidade de cores. Como os arquivos neste padrão são “crus”, o editor tem a possibilidade de utilizar a imagem da forma como foi capturada e aplicar seus próprios efeitos ou ajustes. • SVG (Scalable Vector Graphics): é um arquivo de imagens vetoriais. No lugar de ser baseado em pixels, ele usará linguagem XML, para representar um arquivo. Poderá ser usado para figuras animadas e paradas. As imagens podem ser ampliadas ou reduzidas que não apresentarão perdas de qualidade. São de extensão .svg ou. svgz e suportam efeitos de transparência. • WebP: é um formato de imagem que usa um tipo de compressão chamado lossy. Ele foi desenvolvido pela empresa Google para diminuir o tamanho do arquivo de uma imagem para agilizar o tempo de carregamento de página da web. Sua principal finalidade é substituir o JPEG como o formato principal de fotos na internet. 4 FOTOGRAFIA COM DISPOSITIVOS MÓVEIS Nos dias presentes, a produção de fotografia digital, por não profissionais, quase sempre se dá por meio de dispositivos móveis, seja tablet ou celular. Com os dispositivos móveis, o indivíduo estará quase sempre conectado, produzindo e compartilhando conteúdo. A possibilidade de ter uma ou mais câmeras na palma da mão faz com que o ato de fotografar seja inserido no cotidiano de maneira natural. Segunda Santaella (2008), as imagens feitas por dispositivos digitais podem ser chamadas de voláteis, porque com a facilidade no processo de captura dispensam cuidados em termos de técnicas, e ainda podem ser compartilhadas rapidamente, sem a necessidade de uma matriz física. Com a popularização dos celulares com câmeras e o uso massivo de redes sociais, os tratamentos de imagens se tornaram irrelevantes e ferramentas simples do próprio aplicativo ou celular possibilitam pequenas correções de luz, cor e exposição. Os primeiros aparelhos com câmera integrada a serem comercializados foram o Sharp modelo J-SH04 e o SCH-V200 da Samsung, em 2000; e o Nokia 7650, em 2002. Hoje, 21 anos depois, quase todos o smartphones disponíveis no mercado produzem imagens de qualidade razoável, que permitem captura, guarda e compartilhamento de imagens de modo rápido e sem a necessidade de câmeras digitais profissionais. No entanto, ainda é preciso informação e atenção na produção de imagens para redes sociais e mídias digitais, pois outros fatores passam a ter importância, como uso indevido de imagem, políticas de direitos autorais, segurança na web e qualidade, resolução e formatos de imagens. 5 QUALIDADE, RESOLUÇÃO E PUBLICAÇÃO EM MÍDIAS DIGITAIS As próprias mídias digitais e redes sociais, hoje, possuem mecanismos de otimização de imagens e conteúdo. No entanto, seguir algumas boas práticas é fundamental para que a qualidade e a resolução final da imagem postada não sofram alguma perda. Vejamos algumas dessas práticas: • É indicado utilizar o formato PNG, pois ele entregará melhor qualidade de imagem na exportação para as principais redes sociais, como Facebook, Instagram, Pinterest e LinkedIn. Quandoutilizar o formato PNG, exporte a imagem para o modo PNG-24; e nas opções de tamanho da imagem, nas quais tem qualidade, mude para mais nítido. • Se não precisar de imagens com alta qualidade, use o formato JPG em que as imagens poderão ser compactadas e colocadas em páginas web com facilidade. Só não se esqueça de que o JPG não permitirá imagens com transparência. • É importante respeitar as medidas sugeridas pelas redes sociais e mídias digitais. Há uma medida específica para cada tipo de post, que poderá ser consultada nas configurações da própria rede ou em sites e blogs especializados nos temas de design, publicidade e marketing digital. • Se precisar utilizar imagens de bancos de imagens, verifique que tipo de licença é permitida. Sempre indique, quando possível, quem foi o autor da imagem e o lugar em que ela foi tirada. • É aconselhável que a imagem não ultrapasse 1MB para os formatos PNG ou JPG, para que ela mantenha a qualidade. • Alguns aplicativos, como o Facebook, vêm por padrão com a função de qualidade de imagem reduzida. Então, se você tem necessidade de postar fotos com alta qualidade, acesse o aplicativo e mude essa configuração. • Há uma infinidade de aplicativos e sites que possibilitam a redução do tamanho de imagens para publicação em redes de forma segura: é só procurar aquele que você tem mais facilidade de usar. • Quando precisar enviar fotografias por aplicativos de mensagens, haverá alterações na qualidade. Das plataformas mais utilizadas, a que menos altera a qualidade de imagens é o Messenger, ao contrário do WhatsApp, que tem uma perda de qualidade considerável. Uma forma de resolver o problema é enviar o arquivo de imagem como documento, assim o arquivo não sofrerá alterações, seja ele imagem estática (foto) ou em movimento (vídeo). REFERÊNCIAS ARCARI, A. A fotografia: as formas, os objetos, o homem. Lisboa: Edições 70, 1983. AUMONT, J. A imagem. Campinas: Papirus, 1995. BENJAMIN, W. Sobre arte, técnica, linguagem e política. Lisboa: Relógio d’Água, 1994. CASASÚS, J. M. Teoria da imagem. Rio de janeiro: Salvat, 1979. DONDIS, D. A. A sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991. ELAM, K. Geometria do design: estudos sobre proporção e composição. São Paulo: Cosac Naify, 2010. FREEMAN, M. O olho do fotógrafo. Porto Alegre: Bookman, 2012. HOCKNEY, D. O conhecimento secreto. São Paulo: Cosac Naify, 2001. SANTAELLA, L. A estética política das mídias locativas. Nómadas. Bogotá, n. 28, p. 128-137, 2008. TARNOCZY JÚNIOR, E. Arte da composição. v. 2. [s.l.]: iPhoto, 2016.
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